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CURSO DE

PERITO RURAL
CURSO de perito rural
realização
Escola de Negócios e Seguros

SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA


Diretoria de Ensino Técnico

projeto gráfico e diagramação


Pictorama Design

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele,


sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros

E73c Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico.


Curso perito de seguro rural / Supervisão e coordenação metodológica da
Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Bruno Kelly. -- Rio de
Janeiro : ENS, 2021.
108 p. ; 28 cm

1. Seguro rural. I. Kelly, Bruno. II. Título.

0021-2543 CDU 368.5(072)


su
máSUMÁRIO

rio
1. CONCEITOS BÁSICOS DE SEGUROS RURAIS 6
1.1. INTRODUÇÃO E HISTÓRICO 6
1.1.1. Introdução e história do Seguro Rural 6

1.2. CONCEITOS BÁSICOS DE SEGUROS 10


1.2.1. O que é seguro e sua finalidade? 10
1.2.2. Características do seguro 12

1.3. COMO FUNCIONA A OPERAÇÃO DE SEGURO 13


1.3.1. Definições de seguro 13
1.3.2. Elementos essenciais do seguro 14
1.3.3. Sinistros 17
1.3.4. Estrutura do mercado segurador 19

1.4. CONCEITOS BÁSICOS DE SEGUROS RURAIS 21


1.4.1. Introdução e importância do Seguro Rural 21
1.4.2. O que é o Seguro Rural? 22
1.4.3. Estrutura do Seguro Rural 24
1.4.4. Modalidades do Seguro Rural 25

1.5. POLÍTICA AGRÍCOLA 41


1.5.1. O que é política agrícola? 41
1.5.1.2. Programa de Subvenção
ao Prêmio do Seguro Rural 46
1.5.1.3. Zoneamento Agrícola
de Risco Climático – ZARC 49
1.5.1.4. Acesso a dados 56
1.6. Cadastro Nacional dos Encarregados dos Serviços de
Comprovação de Perdas (CNEC) 5 8
su
máSUMÁRIO

rio
2. VISTORIAS DE SEGURO AGRÍCOLA 60
2.1. INTRODUÇÃO 60
2.1.1. Tipos de vistoria 60
2.1.2. Fluxo Operacional das Vistorias 69

2.2. DEMANDA DO SERVIÇO 70


2.2.1. Como funciona? 70
2.2.2. Como atender uma demanda de serviço? 70

2.3. AVALIAÇÃO DE APÓLICES 74


2.3.1. Como funciona o fluxo
de avaliação de apólices? 74
2.3.2. Componentes da apólice 76
2.3.3. Pontos de atenção
para avaliação de croqui 79
2.3.4. Documentos complementares 80

2.4. CONDUTA PARA AGENDAMENTOS 81


2.4.1. Requisitos para uma boa conduta 81
2.4.2. Coleta de Informação 83

2.5. PLANEJAMENTO DE VISTORIA 84


2.5.1. A importância do planejamento 84
2.5.2. Instrumentos de amostragem 86
2.5.3. Utilização do EPI
(Equipamentos de Proteção Individual) 88
2.5.4. Utilização de GPS (Global Position System) 89
su
máSUMÁRIO

rio
2.6. PROCEDIMENTO PARA
ACOMPANHAMENTO DE SINISTRO 91
2.6.1. Introdução 91
2.6.2. Adversidades na realização da perícia 91
2.6.3. Avaliação de sinistro em grãos 94

2.7. CONDUTA ÉTICA 125


2.7.1. Orientações de ética profissional
e ações protetivas 125

GLOSSÁRIO 131

REFERÊNCIAS
1 34
1
MÓDULO

CONCEITOS
BÁSICOS
DE SEGUROS
RURAIS

1.1. introdução e histórico


1.1.1. Introdução e história do Seguro Rural
Introdução

O agronegócio é o único setor da economia brasileira que continua


crescendo ao longo dos anos. Esse importante feito é consequência
do aumento na área plantada com as principais culturas e, principal-
mente, dos investimentos em máquinas, equipamentos e tecnolo-
gias e, desse modo, do aumento da produtividade no campo.

Mesmo com esse papel tão importante no cenário econômico nacio-


nal, tem fator de risco alto comparado a outras atividades econômi-
cas: o caráter biológico da produção, a dependência das condições
climáticas e a alta variação dos preços são alguns desses fatores.
Inclusive em anos de safras recordes, eventos climáticos de abran-
gência regional afetam os produtores, podendo causar expressivas
perdas em suas plantações e em seu lucro.

O produtor rural que não possui nenhum tipo de seguro, não tem
garantias de reparação de danos. Nesse caso, o produtor diminui os
investimentos para não ficar tão vulnerável financeiramente.

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Por isso, para a proteção apropriada dessas atividades, é de funda-


mental importância que os produtores rurais conheçam e avaliem
os seguros disponíveis no mercado, as coberturas oferecidas, os mé-
todos de apuração dos prejuízos e da indenização na eventualidade
de prejudiciais episódios climáticos, os riscos excluídos e os procedi-
mentos que devem ser adotados quando ocorrer um sinistro.

O Seguro Rural é a principal garantia para se manter o investimento


na produção e a competitividade no agronegócio mesmo que haja
perda patrimonial ou que a safra não seja a esperada, promovendo,
assim, a administração racional de custos e recursos produtivos.

Histórico

Considerando que o Brasil tem posição destacada como produtor de


alimentos no mundo, é de se imaginar que os Seguros Rurais tenham
grande destaque no share de seguros brasileiro. Infelizmente isso não
é verdade. A participação desse segmento no total de seguros comer-
cializados em nosso país ainda é tímida e situa-se próximo dos 3%. A
boa notícia é que esse percentual vem aumentando ano após ano, o
que leva a crer que as perspectivas para o segmento sejam bastante
animadoras, em que pese o longo caminho ainda a percorrer.

A história dos seguros ditos rurais começou no Brasil com a criação


da Companhia Nacional de Seguro Agrícola, em 1954, e, posterior-
mente, com a regulamentação do Seguro Rural, por meio do Decre-
to-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966.

Em 1954, acompanhando todos os trabalhos desenvolvidos pelo Go-


1954 verno de São Paulo, que, àquela altura, já ensaiava operações com
cana-de-açúcar e café, o Governo Federal elaborou instrumentos le-
gais, possibilitando a criação da Companhia Nacional de Seguro Agrí-
cola (CNSA), visando fomentar o desenvolvimento do Seguro Agrícola
no país. A CNSA era uma empresa de economia mista, cujas ações
pertenciam ao Banco do Brasil (sócio principal, com cerca de 45%
de participação), seguradoras privadas (20%) e autarquias federais
(35%). A CNSA nunca chegou a executar projeto algum e foi fechada
poucos anos depois (1966).

Com o fim da CNSA, o Decreto-Lei nº 73 daquele ano, que regulamen-


tou toda a operação de seguros o Brasil, instituiu o Fundo de Esta-
bilidade do Seguro Rural (FESR). O objetivo do FESR era dar suporte
financeiro ao sistema brasileiro de Seguro Agrícola sempre que hou-
vesse perdas catastróficas. Esse fundo seria custeado pelas próprias

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

seguradoras com base nos resultados superavitários nos Ramos Agrí-


cola, Florestal e de Penhor Rural que essas companhias viessem a
apresentar. Adicionalmente, caso fosse necessário, a legislação pre-
via ainda o aporte de uma complementação com recursos da União.

De acordo com essa sistemática, as seguradoras que operam com


Seguro Rural devem, obrigatoriamente, contribuir para o Fundo de
Estabilidade do Seguro Rural (FESR), em função do resultado positivo
em cada exercício nas modalidades garantidas pelo Fundo, segundo
os seguintes percentuais:

I) Seguros Agrícola, Pecuário, Aquícola e de Florestas – 30%.

II) Seguro de Penhor Rural – 50%.

Em caso de catástrofe abrangente, o FESR cobre o prejuízo causado pelo


elevado número de indenizações concentradas que devem ser pagas.

No início das operações, o gestor do FESR era o IRB-Brasil Re. Por for-
ça de todas as mudanças que ocorreram no mercado de Resseguros,
o IRB deixou essa função a cargo da Agência Brasileira Gestora de
Fundos Garantidores e Garantias (desde novembro/2015).

Em 1969, foi criada a Companhia de Seguros do Estado de São Paulo


1969 (Cosesp), uma seguradora do governo estadual que herdou toda a
experiência da Secretaria de Agricultura do estado e cuja formatação
foi incentivada por uma forte regulamentação do setor. É a segura-
dora com a mais longa história de Seguro Agrícola no país, com uma
experiência única no ramo, e caracterizada por ser uma empresa de
economia mista.

No início, as operações da Cosesp eram amparadas pelo governo


paulista. Atualmente, tal respaldo é buscado com o FESR e o mer-
cado ressegurador. A longevidade dessa companhia deve-se, em
grande parte, a fatores como a limitação geográfica de sua atuação
e a inexistência de coberturas amplas em regiões onde as lavouras
apresentassem riscos que a empresa não tivesse condições de ava-
liar com segurança.

Com base nessa política de atuação, que perdurou por 27 anos, a


seguradora decidiu expandir-se, passando a abranger um maior
número de culturas, riscos e regiões. Em termos gerais, a experiên-
cia da Cosesp apresenta como características principais: forte base
agronômica, alto custo operacional e alta sinistralidade.

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

A seguradora já não vinha operando de forma significativa desde


2004, quando sofreu grandes prejuízos pela sinistralidade. Recente-
mente, o governo do estado de São Paulo conseguiu autorização da
Assembleia Legislativa do Estado para a venda da seguradora.

No que se refere ao setor público, em 1973, foi criado o Programa de


1973 Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que tinha por objetivo
eximir o produtor das obrigações financeiras do crédito rural, caso
houvesse quebra de produção em decorrência de eventos naturais.
Assim, o Proagro não segurava toda a produção, mas apenas o valor
correspondente ao crédito de custeio contratado por intermédio do
agente financeiro, o que o tornava uma espécie de “Seguro de Crédi-
to”, protegendo mais os agentes financeiros do que os produtores,
e por se tratar de um programa de Governo, não estava sujeito as
demais regras do Seguro Rural.

Historicamente, o Proagro foi alvo de denúncias de fraude, além de


ser financeiramente inviável, uma vez que o volume total de prêmios
arrecadado, na grande maioria dos anos, era insuficiente para cobrir
os custos das indenizações, havendo necessidade de aporte financeiro.

A dificuldade de fiscalização e aos constantes entraves burocráticos,


um grande número de indenizações não foi honrado, o que levou o
programa ao descrédito.

Em 1991, o Proagro foi reformulado, entrando em uma nova fase. A


1991 partir de 1995, os preços cobrados aos agricultores e as coberturas
do programa passaram a ser calculados com base no zoneamento
agrícola. Isso permitiu a regionalização das datas de plantio e a con-
sequente redução e diferenciação, por cultura, do valor do prêmio.

Adicionalmente, os sinistros causados pela seca (apontada como


principal risco da agricultura brasileira) foram retirados dos eventos
cobertos pelo Proagro, o que, se por um lado contribuiu para a re-
dução do preço da cobertura ao agricultor, por outro lado, levou à
diminuição do interesse pela adesão ao programa.

Mais recentemente, o Banco Central do Brasil, gestor do Proagro, pu-


blicou a Resolução nº 3.234, criando o subprograma Proagro Mais. A
intenção era respaldar os produtores participantes do Programa Na-
cional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Esse novo
programa trouxe como principais novidades a indenização de 100%
do custeio da lavoura garantida, acrescida de uma reposição de par-
te da receita liquida esperada.

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Mesmo com essas mudanças, não se deve cometer o erro de deno-


minar “segurados” os participantes do Proagro, tampouco considerar
o programa uma iniciativa de seguros. Trata-se de programa do go-
verno, sem participação de qualquer seguradora em sua operação.

Em 2002, o Congresso Federal apresentou uma minuta de projeto,


2002 dispondo sobre a subvenção econômica ao Prêmio do Seguro Rural
(PSR), que, finalmente, foi convertido na Lei nº 10.823, de 19 de de-
zembro de 2003. O programa é um importante instrumento de polí-
tica agrícola, uma vez que reduz o prêmio do Seguro Rural que seria
devido pelo produtor por transferir o risco à seguradora.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apre-


senta, anualmente, o orçamento para o programa, de modo que as
seguradoras habilitadas no PSR poderão oferecer seguros rurais
com a subvenção que facilita a contratação pelo segurado produtor
rural, por causa da redução do preço final do seguro.

As negociações anuais pelo montante a ser destinado no orçamento


para o PSR envolvem não apenas o aumento da subvenção (defendi-
do pelas seguradoras), mas também pressões exercidas pelo gover-
no e entidades representativas dos agricultores no sentido de que
os produtos do Seguro Rural sejam constantemente aprimorados e
mais bem adequados às necessidades dos produtores rurais.

No final de 2010, o presidente da República aprovou e sancionou, o


2010 Fundo de Catástrofe, o qual substituirá o Fundo de Estabilidade do
Seguro Rural (FESR) com benefícios para o mercado e os agricultores.
Por meio desse novo fundo, a responsabilidade pela cobertura de
riscos catastróficos passará a ser, subsidiariamente, da União, sendo
permitido ao novo fundo contratar para si proteção no mercado in-
ternacional de resseguros.

1.2. CONCEITOS BÁSICOS DE SEGUROS


1.2.1. O que é seguro e sua finalidade?
O seguro foi criado em função da necessidade de proteção contra o
perigo, da incerteza do futuro e da imprevisibilidade dos acontecimen-
tos. Progressivamente, foi aperfeiçoado, constituindo-se atualmente
em um mecanismo de atuação, também, no campo macroeconômico,

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

uma vez que promove a acumulação de recursos por meio da forma-


ção das reservas financeiras inerentes à atividade, além de contribuir
para formar poupança interna e gerar investimentos no país.

A finalidade do seguro está, portanto, vinculada à proteção dos indi-


víduos, da família e da própria sociedade, podendo, assim, ser dita de
natureza particular, mas que atinge, consequentemente, objetivo de
ordem social, ao preservar condições de sustento individual ou familiar.

Exemplo: quando um indivíduo morre, pode ser que sua família fi-
que econômica e financeiramente desamparada, o que vem a ser
um problema de ordem social. O mesmo acontece em caso de in-
validez, com a perda da capacidade laborativa do responsável pelo
sustento da família.

O objetivo do seguro é garantir a reposição de um bem ou minimi-


zar uma perda por meio do pagamento de uma quantia estipulada
no contrato (apólice).

O seguro desempenha, portanto, funções importantes para a socie-


dade como um todo, não apenas no aspecto social propriamente
dito, quanto pelo viés econômico, como demonstraremos a seguir:

Função econômica

Restabelecer o equilíbrio econômico e social


O seguro desempenha, na sociedade, uma função repara-
dora. Repõe patrimônios e/ou perdas financeiras das mais
variadas atividades, sujeitas aos mais diversos riscos.

A finalidade do seguro está, portanto, vinculada à proteção


dos indivíduos, da família e da própria sociedade, poden-
do, assim, ser dita de natureza particular, mas que atinge,
consequentemente, a um dos objetivos de ordem social ao
preservar condições de sustento individual ou familiar.

Promove acumulação de recursos


Isso ocorre por meio do investimento que faz de suas re-
servas financeiras. O seguro também contribui para formar
poupança interna e para gerar investimentos no país.

Função social

> Transformar os investimentos em serviços (escolas, hospi-


tais, estradas etc.).

> Gerar mais empregos.

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Oferecer oportunidade de se usufruir de benefícios e de


bens de crédito (são garantidas operações de compras,
casa, automóveis, eletrodomésticos etc.)

> Favorecer as classes economicamente mais fracas (aposenta-


doria, pensão, assistência médica, acidentes pessoais e vida).

1.2.2. Características do seguro


As características básicas do seguro são: previdência, incerteza
e mutualismo.

1.2.2.1. Previdência
O seguro oferece proteção às pessoas com relação a perdas e da-
nos que venham a sofrer no futuro, atingindo a elas próprias ou às
suas propriedades ou bens. Assim, verificamos que uma pessoa que
se preocupa em resguardar a si ou a seus bens contra os prováveis
riscos a que estão expostos no seu dia a dia, adotando medidas de
prevenção e/ou contratando seguro, está sendo previdente.

1.2.2.2. Incerteza
Na contratação do seguro, sempre há o elemento de incerteza, seja
quanto à ocorrência (se vai acontecer), seja quanto à época (quando
vai acontecer). Nos seguros de vida, a incerteza refere-se somente
à época. Racionalmente sem incerteza não há seguro, uma vez que
não faz sentido se fazer um seguro de evento de ocorrência certa. Se
fosse dessa forma as seguradoras seriam apenas “sócias” nos prejuí-
zos dos seus clientes.

1.2.2.3. Mutualismo
Na atividade de seguros, entende-se por mutualismo a reunião de
um grupo de pessoas, com interesses seguráveis comuns, que con-
correm para a formação de uma massa econômica, com a finalidade
de suprir, em determinado momento, necessidades eventuais de al-
gumas daquelas pessoas do grupo ou de parte do grupo.

Assim, o impacto financeiro de um evento, que poderia ser fatal ou


catastrófico para um indivíduo ou empresa, é distribuído entre os
integrantes de um grupo maior por custo relativamente baixo.

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

É uma característica que se apresenta de diversas formas em nosso


cotidiano, como quando um grupo de estudantes se cotiza para rea-
lizar uma festa de formatura ao término de seu curso ou quando os
condôminos incluem em suas cotas condominiais mensais um valor
destinado à formação de um fundo de reserva para fazer face às
despesas eventuais não orçadas de seu condomínio.

1.3. COMO FUNCIONA A OPERAÇÃO DE SEGURO


1.3.1. Definições de seguro
Entre as várias definições de seguro, destacamos as seguintes:

O artigo 757 do Código Civil estabelece que seguro é: um acordo em


que a seguradora se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a
garantir interesse legítimo do segurado, relativo à pessoa ou ao bem,
contra riscos predeterminados.

Seguro é um mecanismo de transferência de risco de uma pessoa ou


empresa para uma seguradora que assumirá esse risco. Ao transferir o
risco, uma pessoa ou empresa pagará determinado valor à seguradora.
Caso esse risco aconteça, a seguradora reembolsará as perdas sofridas.

FIGURA 1 | TRANSFERÊNCIA DE RISCO

CONTRATO

SEGURADO SEGURADORA SEGURADO

SINISTRO

Fonte: ENS, 2020.

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Seguro é um contrato entre duas partes, o segurador (pessoa jurí-


dica) e um segurado (uma empresa ou pessoa física), onde está pre-
vista a possibilidade de determinado acontecimento, o risco, pelo
qual se paga uma quantia, o prêmio, para que, quando ocorra esse
acontecimento (sinistro), haja a reparação dos danos, que é a inde-
nização ao segurado ou a terceiros (os beneficiários).

Nessa definição, foram destacados elementos essenciais na contra-


tação do seguro. Vamos conhecer cada um deles?

1.3.2. Elementos essenciais do seguro


Na estrutura da operação do seguro, são identificados cinco elemen-
tos básicos e essenciais previstos no contrato de seguro: o risco, o
segurado, o segurador, o prêmio e a indenização.

1.3.2.1. Risco
Risco Evento incerto ou de data incerta que independe da vontade
das partes contratantes e contra o qual é feito o seguro. Sem risco,
não faz sentido pensarmos em contratar um seguro. Sob o ponto
de vista legal, o risco constitui o objeto do seguro, pois o segurado
transfere à seguradora, através do seguro, o risco, e não o bem.

Risco é a expectativa de sinistro (efetivação do risco). Quando o ob-


jeto do seguro ocorre, dizemos que aconteceu um sinistro.

Nas operações de seguro, risco é a possibilidade de ocorrência de


um evento aleatório que cause danos de ordem material, pessoal ou
mesmo de responsabilidades. Esse risco é assumido pela segurado-
ra, que se obriga a indenizar a importância segurada na ocorrência do
risco coberto, mediante o pagamento do prêmio do seguro realizado.

1.3.2.2. Segurado
É a pessoa física ou jurídica que tem um interesse legítimo relativo a
pessoa ou bem e que transfere à seguradora, mediante o pagamento
do prêmio, o risco de determinado evento atingir o bem ou a pessoa de
seu interesse. Segurado é a pessoa em nome de quem se faz o seguro.

1.3.2.3. Segurador ou seguradora


É a pessoa jurídica que assume a responsabilidade por riscos contra-
tados e paga indenização ao segurado, ou ao(s) seu(s) beneficiário(s),
no caso de ocorrência de sinistro coberto pela apólice. São empresas

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

legalmente constituídas para assumir e gerir coletividades de riscos,


obedecidos os critérios técnicos e administrativos específicos. No Bra-
sil, são legalmente constituídas sob a forma de sociedades anônimas,
devidamente autorizadas pelo Ministério da Economia, nos termos
da legislação específica. Somente empresas ou sociedades organiza-
das por ações podem ser seguradoras.

As principais obrigações da seguradora são gerenciar corretamente


os riscos que lhe são confiados e pagar o prejuízo resultante de ris-
co coberto assumido na ocorrência de sinistro, ou seja, indenizar o
beneficiário de acordo com as condições estabelecidas no contrato.

1.3.2.4. Prêmio
É a quantia paga pelo segurado (ou estipulante, quando houver) à se-
guradora, prevista no contrato de seguro, em troca da transferência
do risco a que ele está exposto. É o mesmo que o custo ou o preço
do seguro. O prêmio é um dos elementos essenciais do contrato de
seguro, e a falta de seu pagamento nas condições legais e contratual-
mente estabelecidas implica a dispensa da obrigação de indenizar
por parte da seguradora, na forma do artigo 763 do Código Civil.

1.3.2.5. Indenização
É o pagamento devido pela seguradora ao segurado ou ao(s) beneficiá-
rio(s) do seguro, no caso de risco coberto na ocorrência do sinistro. É
considerada um dos elementos do seguro por ser a contraprestação da
seguradora ao segurado caso ocorra um sinistro coberto. Assim sendo,
se por um lado o segurado tem por obrigação pagar um prêmio à segu-
radora quando contrata um seguro, por outro lado, a seguradora tem
por obrigação efetuar o pagamento de uma indenização ao segurado
quando ocorre um risco coberto pelo contrato de seguro (sinistro).

Há um outro elemento muito importante que é o valor segurado, de-


nominado Limite Máximo de Indenização (LMI) ou Limite Máximo
de Garantia (LMG).

1.3.2.6. Limite Máximo de Indenização


Limite Máximo de Indenização (LMI) ou Limite Máximo de Garantia
(LMG) é valor atribuído ao contrato do seguro e que representa o li-
mite máximo de responsabilidades da seguradora para as coberturas
contratadas, a serem pagas ou reembolsadas em caso de sinistro.

15
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

O artigo 781 do Código Civil determina que o valor da indenização não


pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento do sinistro.

Nos casos de seguros vida, o termo aplicado é “capital segurado”. Ele


é o valor que será recebido pelo beneficiário em caso de ocorrência
do evento segurado.

Por fim, é importante entendermos o conceito de cobertura.

Cobertura

Cobertura é a garantia contra determinados riscos previstos na apó-


lice, ou seja, é o que estará coberto pelo seguro.

Em qualquer ramo de seguro, é prevista uma cobertura – entendida


como básica para indenizar ou reembolsar o segurado dos prejuízos
consequentes de ocorrência de um dos riscos estipulados no con-
trato de seguro.

Exemplos: pagar uma soma segurada, uma renda, uma indenização,


uma diferença de rendimento, uma reparação ou um reembolso, in-
solvência de clientes, avaria ou danos.

Efetivação do seguro

Para a efetivação do seguro, é indispensável a formulação de um


contrato. Os instrumentos essenciais do contrato de seguros são a
proposta e a apólice.

Proposta

É o documento instruído pelo proponente do seguro, ou seu repre-


sentante legal, e é utilizado pela seguradora para estudo e definição
das condições do contrato de seguro. Trata-se de um formulário im-
presso, contendo um questionário detalhado a ser preenchido pelo
segurado ou seu representante de direitos.

Por meio da análise dos elementos da proposta, a seguradora men-


sura o risco e avalia se poderá assumi-lo ou não. Sua finalidade é,
portanto, satisfazer uma necessidade técnica.

A proposta é o instrumento formal da manifestação de vontade de


quem quer efetivar um contrato de seguro.

É importante frisar que a análise e a aceitação do risco, feitas pela


seguradora, tomam por base os dados da proposta; por isso, são
de fundamental importância os dados ali contidos, considerando os
princípios da boa-fé e a veracidade das declarações que caracteri-
zam o contrato de seguro.

16
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Apólice

É o documento emitido pela seguradora e se traduz no contrato de


seguro propriamente dito.

Contrato do seguro

Então podemos dizer que o contrato de seguro é o instrumento


pelo qual ambas as partes assumem uma obrigação (bilateral) e
cada um tem certo gasto (oneroso).

O segurado só se beneficia caso ocorra no futuro algum acontecimen-


to incerto e que não dependa da vontade do segurado (aleatório).

Além disso, só terá valor se for redigido segundo o Código Civil Bra-
sileiro (solene). Vale ressaltar que a credibilidade entre as partes é
fator fundamental (boa-fé).

1.3.3. Sinistros
Ninguém espera usar o seguro, mas, infelizmente, o risco previsto no
contrato pode acontecer, ou seja, a efetivação do risco. Quando isso
ocorre, chamamos de sinistro.

Sinistro é a ocorrência de dano ou prejuízo ao objeto segurado,


previsto no contrato de seguro.

Vamos entender agora como ocorrem as etapas do processo


de sinistro

APURAÇÃO REGULAÇÃO LIQUIDAÇÃO


DE DANOS

1.3.3.1. Apuração de danos


É o levantamento da causa, natureza e extensão do sinistro. Exemplo:

Conforme a natureza da ocorrência, a apuração dos danos pode ser


feita por:

17
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Vistorias: É uma das formas mais utilizadas. Nela, os prejuízos


são confirmados por meio de exame do objeto sinistrado.

> Registros policiais

> Outras formas.

1.3.3.2. Regulação
O objetivo da regulação é verificar se o sinistro está ou não coberto e
definir, em caso de indenização, qual o valor e quem será o beneficiário.

Nessa etapa, conforme o caso, a seguradora faz uma análise e verifica:

Se há coerência entre as informações prestadas nos documentos do


seguro e aquelas apuradas durante a regulação:

> Se a natureza do sinistro tem cobertura do seguro.

> Se há ressarcimento contra terceiros responsáveis pelo sinistro.

> Com isso é realizado um levantamento dos prejuízos indenizáveis.

Dessa forma, essa etapa permite à seguradora analisar o relatório ou


certificado de vistoria, solicitando informações e/ou documentos com-
plementares ao segurado ou ao vistoriador, caso necessário, para que
decida quanto à liquidação de sinistro.

Prejuízos indenizáveis

São aqueles passíveis de indenização que estão previstos no contra-


to de seguros.

Dependendo da modalidade de seguro contratada, são indenizáveis,


além de danos materiais, as despesas decorrentes de providências
para o combate à propagação dos riscos cobertos, para o salvamento
e proteção dos bens descritos na apólice e para o desentulho do local.

Ressarcimento

O ressarcimento é a busca do reembolso de uma indenização paga


pela seguradora ao segurado em consequência de um evento da-
noso provocado por terceiros. É o exercício de direitos nos quais a
seguradora se sub-roga, quando paga uma indenização ao seu se-
gurado por sinistro causado por terceiros. Após pagar o segurado, a
seguradora irá cobrar do terceiro.

18
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

1.3.3.3. Liquidação
A liquidação é a etapa final do processo de sinistro.

Apurados os danos e concluído o processo de regulação, cabe, então:

> Efetuar o pagamento da indenização ou encerrar o proces-


so sem indenização;

> Negociar eventuais salvados;

> Tentar o ressarcimento contra os causadores do sinistro.

Indenização

Valor devido em consequência de um sinistro coberto.

Salvados

É tudo que restar dos bens sinistrados e que tenha valor econômico
para qualquer das partes contratantes. Consideram-se salvados tan-
to os bens em perfeito estado quanto os parcialmente destruídos ou
danificados.

Para finalizar, você sabe o que é e para que serve a franquia?

Franquia

É o valor previsto na apólice com o qual o segurado participará em


caso de sinistro.

Ela serve para eliminar os pequenos sinistros que costumam gerar


custos administrativos para a seguradora e elevam resultados esta-
tísticos envolvidos nos cálculos dos prêmios.

1.3.4. Estrutura do mercado segurador


O mercado de seguros é regulado em todo o processo produtivo do
seguro. Desde a criação de um produto (serviço), a aprovação do
produto junto ao órgão regulador, sua comercialização, o funciona-
mento de quem desenvolve o produto, a atuação de quem comercia-
liza o produto, o relacionamento com o cliente desde a compra até
a utilização dos serviços. O processo produtivo do seguro abrange
clientes, seguradoras, fornecedores e parceiros de negócios (corre-
tores de seguros). Todos os elos dessa cadeia de suprimentos são
regulados por órgãos estabelecidos pelo Governo.

19
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Entenda a cadeia de suprimentos

FIGURA 2 | CADEIA DE SUPRIMENTOS

RISCO SEGUROS CORRETORES SEGURADO

Automóveis

Vida

Incêndio

Danos

Responsabilidades

ÓRGÃOS REGULADORES MATÉRIA PRIMA PRODUTOS FABRICANTES DISTRIBUIDOR CONSUMIDOR


SEGURADOR

Fonte: ENS, 2020.

Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP)

Embora seguros, previdência complementar e capitalização sejam ati-


vidades exercidas por empresas privadas, são normatizadas, regula-
das e fiscalizadas pelo Governo. A atividade seguradora é regulada não
apenas no Brasil, mas nos demais mercados desenvolvidos em outros
países. A necessidade de regulação surgiu em razão do crescimento
desse mercado no mundo. Cada país tem sua regulação própria. No
Brasil, foi criado o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP).

Estrutura do SNSP

Embora seguros, previdência complementar e capitalização sejam ati-


vidades exercidas por empresas privadas, são normatizadas, regula-
das e fiscalizadas pelo Governo. A atividade seguradora é regulada não
apenas no Brasil, mas nos demais mercados desenvolvidos em outros
países. A necessidade de regulação surgiu em razão do crescimento
desse mercado no mundo. Cada país tem sua regulação própria. No
Brasil, foi criado o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP).

FIGURA 3 | SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS

CNSP SUSEP
CONSELHO NACIONAL SUPERINTENDÊNCIA
DE SEGUROS PRIVADOS DE SEGUROS PRIVADOS

Empresas de Resseguro

Fonte: ENS, 2020.

20
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Os órgãos do SNSP estão subordinados ao Ministério da Economia, que


cuida basicamente da formulação e da execução da política econômica.
Suas áreas de competências incluem a moeda, o crédito, as instituições fi-
nanceiras, a poupança popular, os seguros privados e a Previdência Com-
plementar Aberta, excluindo-se a Saúde Suplementar e a Capitalização.

No Seguro Rural, as operações de seguros envolvem as seguradoras


e empresas de resseguro.

Entenda uma operação de resseguros

Resseguros

É a operação pela qual o segurador, com o objetivo de adequar a


responsabilidade assumida na aceitação de um risco, transfere parte
dele e do prêmio recebido para um ressegurador. Resseguro, por-
tanto, é seguro da seguradora para cobrir riscos que ela assumiu pe-
rante os segurados e que não pode ou não deseja garantir sozinha.

1.4. CONCEITOS BÁSICOS DE SEGUROS RURAIS


1.4.1. Introdução e importância
do Seguro Rural
Em todo o mundo, o Seguro Rural é um dos mais importantes instru-
mentos de política agrícola, por permitir ao produtor proteger-se contra
perdas decorrentes, principalmente, de fenômenos climáticos adver-
sos, sendo indispensável a estabilidade da renda dos produtores, a ge-
ração de empregos no campo e o desenvolvimento tecnológico rural.

E uma atividade abrangente que cobre não só a agricultura, mas


também a atividade pecuária, o patrimônio do produtor rural, seus
produtos, o crédito para comercialização desses produtos, além do
seguro de vida dos produtores.

É imprescindível que os produtores rurais tomem conhecimento so-


bre os seguros disponíveis no mercado. E para que suas atividades
funcionarem de forma correta e protegida, é preciso estar atento aos
seguintes itens:

21
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> coberturas oferecidas;

> critérios de averiguação dos prejuízos e da indenização em


caso de eventos climáticos adversos;

> riscos excluídos e os procedimentos que devem ser adota-


dos no momento da ocorrência de um sinistro.

A função de qualquer seguro é transferir as consequências da ocor-


rência de determinado risco do segurado para a seguradora. O
principal benefício de um Seguro Rural eficiente para o produtor é
a garantia para continuar investindo na produção e se manter com-
petitivo no agronegócio, mesmo sob condições de perda patrimonial
ou frustração de safra.

1.4.2. O que é o Seguro Rural?


Um dos mais importantes instrumentos de política agrícola e fun-
damental para modernização tecnológica da agricultura – protege o
produtor contra perdas causadas por fenômenos adversos da natu-
reza até o limite máximo de indenização contratado. 

Além da atividade agrícola, o Seguro Rural abrange também a atividade


pecuária, florestal, o patrimônio do produtor rural, seus produtos, o cré-
dito para comercializar a produção e o risco de morte dos produtores.

A ideia é que essa família de produtos atenda, na plenitude, todas


as necessidades produtivas dos agricultores e produtores pecuários.

Ao contratá-lo, o produtor tem a possibilidade de recuperar o capital


investido na sua lavoura ou empreendimento caso haja a perda da
produção por conta de uma chuva mais forte ou de uma seca mais
prolongada. O prejuízo pode ser evitado ou, no mínimo, reduzido.

1.4.2.1. Entenda a diferença entre


Seguros Rurais e Seguros Agrícolas
Na atividade agropecuária, é comum o uso equivocado da termino-
logia relacionada com o seguro. É muito comum que se confunda o
Seguro Rural com o Seguro Agrícola, muitas vezes esses termos são
utilizados como se fossem sinônimos.

De acordo com a classificação da Superintendência de Seguros Priva-


dos (Susep), a diferença básica entre Seguro Rural e Seguro Agrícola
é a seguinte:

22
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Rural
conjunto amplo de seguros dirigidos à agricultura e à pecuária; e

Agrícola
subdivisão do ramo de Seguro Rural, direcionado a culturas
permanentes e temporárias.

Na verdade, pode-se notar que o Seguro Agrícola é apenas um


sub-ramo que compõe a carteira mais abrangente dos Seguros ­Rurais.
Para fazermos uma comparação de mais simples entendimento, é
como o Seguro de Vida e os Seguros de Pessoas. Os Seguros de Vida,
são apenas um tipo de seguro que compõe a carteira, bem mais abran-
gente dos Seguros de Pessoas.

1.4.2.2. Entenda a diferença entre Seguros Rurais Privados


e Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro)
Outra diferença que vale o esclarecimento é sobre Seguros Rurais
privados com programas do Governo. Não raro, agricultores os con-
fundem com programas de governo, principalmente o Proagro.

O conceito de Seguro Rural Privado, tal qual é utilizado hoje em dia,


considera-se tratar do seguro operacionalizado por seguradoras
(empresas privadas), nas áreas de Seguro Agrícola, Seguro de Penhor
Rural, Seguro Pecuário, Seguro de Florestas e outras modalidades
previstas, mas pouco exploradas.

A atividade do Proagro, que por muitos é considerada Seguro Rural


Governamental (Agrícola), não deve ser entendida como Seguro Rural
do ponto de vista legal.

Por exemplo, o Proagro funciona como um seguro agrícola de custeio,


mas suas operações não passam por seguradoras, não tem apólice e
não está sob a fiscalização e regulamentação da Superintendência de
Seguros Privados (Susep).

Na prática, o Proagro é destinado aos produtores que contratam finan-


ciamento do crédito agrícola para custeio e procuram se precaver de
eventual inadimplência, caso tenham perda de renda devido a prejuízos
causados por fenômenos climáticos, pragas e doenças em suas lavouras,
rebanhos e bens.

Os produtores rurais que contratam o Proagro pagam um valor, denomi-


nado adicional, para acessarem o programa, garantindo-lhes a indeniza-
ção em casos de sinistro coberto. O Governo Federal atua como se fosse
uma seguradora, isto é, ele arca com as indenizações em caso de sinistro.

23
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

1.4.3. Estrutura do Seguro Rural


Fundamentalmente, o seguro rural funciona da seguinte forma:

Seguradoras
Beneficiárias da subvenção de governo, firmam contratos
com os produtores rurais, assumindo uma parte do risco e
repassando a outra parte para os resseguradores, seja por
contrato ou negociações facultativas.

Dada a existência do componente “catastrófico” no seguro


agrícola, pela natureza da atividade agropecuária, as segu-
radoras sempre repassaram boa parte dos riscos assumidos
às empresas resseguradoras.

Resseguradoras
Assumem parte do risco das seguradoras, atuando como o
“seguro do seguro”. Têm papel fundamental no desenvolvi-
mento do seguro agrícola no Brasil, pois garantem a capaci-
dade financeira para atuação no país, além de transferirem
know-how de suas operações para o mercado interno. 

Com base em seu amplo conhecimento do negócio e de expe-


riências passadas, inclusive em outros países, as companhias
resseguradoras têm um papel muito importante na gestão do
risco e no desenvolvimento de novos produtos e coberturas
para o setor, visando contribuir para que os seguros oferta-
dos aos produtores rurais sejam cada vez mais aderentes às
necessidades do setor e sustentáveis ao longo do tempo.

Na prática, as resseguradoras acabam se tornando “sócias”


das seguradoras nos negócios.

Governo Federal
Oferece o Programa de Subvenção do Prêmio do Seguro
Rural (PSR), que paga parte do preço do seguro contratado
pelos produtores nas seguradoras. A subvenção oficial va-
ria entre 20% e 40% do prêmio, conforme a modalidade do
seguro e a cultura agrícola. É importante ressaltar que não
se tem verificado no mundo qualquer ação de sucesso nos
seguros rurais sem a participação dos governos federais
em seus países de origem.

24
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

1.4.4. Modalidades do Seguro Rural


O seguro rural tem produtos específicos para todas as etapas do
processo produtivo, que vão desde o plantio, passando pelo armaze-
namento de insumos e mercadorias até o beneficiamento e proces-
samento dos produtos.

A legislação prevê as seguintes modalidades de Seguros Rurais privados:

1.4.4.1. Seguro Agrícola


Os Seguros Agrícolas têm como objetivo garantir indenização aos
prejuízos causados por eventos climáticos, perdas de receita e incên-
dios ocorridos na lavoura, decorrentes dos riscos cobertos pela apó-
lice. O valor da cobertura depende do objeto do seguro, que definirá
o Limite Máximo de Indenização (LMI) das coberturas contratadas.

Esse seguro cobre as explorações agrícolas contra perdas decorrentes


de fenômenos meteorológicos. Ele cobre basicamente a vida da plan-
ta, desde a sua emergência ou floração, até a colheita, contra um ou

25
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

vários riscos de origem climática, como incêndio e raio, tromba-d’água,


ventos fortes, granizo, geada, chuvas excessivas, seca e variação ex-
cessiva de temperatura, dependendo da forma de comercialização.

É importante destacar que tais coberturas excluem riscos decorren-


tes de doenças e pragas. 

Em caráter excepcional, essas situações poderão ser inseridas na co-


bertura, sempre mediante o pagamento de prêmio adicional.

Nos seguros agrícolas é importante observar as seguintes variáveis:

I. Produtividade Esperada
Trata-se da referência de potencial produtivo da lavoura se-
gurada. Deverá corresponder tanto quanto possível à média
histórica de produtividade da área a ser segurada. O merca-
do segurador geralmente define este parâmetro com base
em série histórica do IBGE, banco de dados de cooperativas
e instituições financeiras e até do próprio produtor rural.

II. Nível de Cobertura


Refere-se a um percentual de proteção garantido pela apó-
lice aplicável à produtividade esperada ou faturamento es-
perado. Varia entre 65% e 80% conforme a seguradora e o
produto agrícola. Quanto maior o nível de cobertura, maior
a proteção oferecida pela apólice.

III. Riscos Excluídos


Variam de um seguro para outro, mas normalmente são
excluídas, por exemplo, as perdas causadas por pragas e
doenças, plantio fora do período indicado pelo Zoneamen-
to Agrícola de Risco Climático (ZARC) para uma determina-
da cultura, falhas de manejo.

IV. Coberturas Adicionais


Alguns seguros oferecem a possibilidade de contratação de
coberturas adicionais à cobertura básica, tais como cobertu-
ra de replantio.

Existem alguns tipos básicos de seguros agrícolas com diferentes


critérios para a formação do limite máximo de indenização (LMI). A
seguir apresentamos informações sobre os principais seguros ofere-
cidos no mercado.

26
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Tipos de objeto do seguro:

Seguros de Custos (ou de Custeio)


A base de indenização (LMI) neste tipo são as despesas de
custeio da safra, desde o preparo do solo até a colheita. Esse
seguro permite que, sobrevindo o sinistro, o agricultor tenha
recursos para o replantio ou, pelo menos, possa manter-se
na atividade nas futuras safras.

A produtividade segurada é definida pela multiplicação da


produtividade esperada pelo nível de cobertura contratado.

É devida a indenização quando a produtividade obtida com a


cultura é inferior à produtividade garantida na apólice, compro-
metendo a capacidade financeira de pagamento do crédito.

Exemplo:

Área Segurada: 100 hectares

Produtividade Esperada: 50 sacas por hectare

Nível de Cobertura (NC) Contratado: 70%

Valor de Custeio: R$ 3.000,00 por hectare

Cálculos:

Produtividade Segurada (PS): 50 sc/ha x NC 70% = 35 sc/ha

Importância Segurada: R$ 3.000,00 x 100 ha = R$ 300.000,00

Produtividade Obtida (PO): 20 sc/ha

35 sc/ha (PS) - 20 sc/ha (PO)

Perda: 15 sc/ha (42,86%)

0,4286 x R$ 300.000,00

Indenização: R$ 128.571,43

Seguro de Produção (Produtividade e Preço)


A base de indenização nos Seguros de Produção é a perda
de produção do agricultor, sob o aspecto quantitativo. A
perda de produção é a diferença entre a produtividade se-
gurada (toneladas ou sacas por hectare), na contratação da
apólice, e a produtividade verificada por ocasião da colheita.
A produtividade segurada é definida pela multiplicação da
produtividade esperada pelo nível de cobertura contratado.

27
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

O LMI é calculado com base na produtividade garantida da


área segurada multiplicada por um valor definido no mo-
mento da contratação, que será o mesmo valor utilizado
em caso de indenização.

Exemplo:

Área Segurada: 100 hectares

Produtividade Esperada: 50 sacas por hectare

Nível de Cobertura (NC) Contratado: 70%

Preço da Saca: R$ 100,00

Cálculos:

Produtividade Segurada (PS): 50 sc/ha x NC 70% = 35 sc/ha

Importância Segurada: 35 sc/ha x R$ 100,00 x 100 ha = R$ 350.000,00

Produtividade Obtida (PO): 20 sc/ha

35 sc/ha (PS) - 20 sc/ha (PO)

Perda: 15 sc/ha

15 sc/ha x 100 ha x R$ 100,00

Indenização: R$ 150.000,00

Seguro de Faturamento ou Receita


O LMI é calculado com base no faturamento a ser obtido
com a produção, considerando a produtividade esperada e
o preço do produto no mercado futuro. Sobre esse fatura-
mento esperado é aplicado um nível de cobertura definido
na contratação do seguro, resultando no faturamento ga-
rantido pela apólice, que é o LMI.

É fácil perceber que a receita esperada depende da produ-


tividade física da lavoura (toneladas ou sacas por hectare) e
do preço do produto, que ambos têm um forte componen-
te aleatório. A receita esperada é, portanto, o produto de
um preço futuro do bem que vier a ser colhido.

28
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

O ressarcimento tem base no valor das perdas que podem


decorrer, tanto do risco físico da produção quanto do risco
de mercado. Esse tipo de cobertura visa proteger o produ-
tor dos preços baixos no momento da venda. Trata-se de
um produto de cobertura bastante abrangente.

A indenização a ser paga pela seguradora é a diferença en-


tre o faturamento garantido e o faturamento obtido.

Exemplo:

Área Segurada: 100 hectares

Produtividade Esperada: 50 sacas por hectare

Nível de Cobertura (NC) Contratado: 70%

Preço da Saca no Mercado Futuro: R$ 100,00

Faturamento Esperado (FE): 50 sc/ha x R$ 100,00 x 100 ha =


R$ 500.000,00

Faturamento Segurado (FS): R$ 500.000,00 x NC 70% =


R$ 350.000,00

Produtividade Obtida (PO): 20 sc/ha

Preço na Colheita: R$ 85,00 saca

Faturamento Obtido (FO): 20 sc/ha x R$ 85,00 x 100 ha =


R$ 170.000,00

R$ 350.000,00 (FS) - R$ 170.000,00 (FO)

Indenização: R$ 180.000,00

Seguro de índices Climáticos (Paramétrico)


O seguro paramétrico é direcionado principalmente aos
produtores que procuram preços mais acessíveis de segu-
ro por possuírem áreas muito extensas ou muito peque-
nas. O produto, de forma geral, não possui vistorias in loco
e o gatilho de indenização é o comportamento do índice de
um determinado evento climático como chuva, temperatu-
ra ou vento. Esses fatores permitem que o pagamento da
indenização na ocorrência do sinistro seja mais rápido.

Os dados utilizados como parâmetro são obtidos por meio


de estações meteorológicas, satélites e demais fontes re-
motas confiáveis e transparentes para avaliação. O resul-

29
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

tado é comparado com o valor preestabelecido na apólice,


em que, dependendo do gatilho, variações positivas ou ne-
gativas podem ser passíveis de indenização.

O paramétrico visa principalmente cobrir as perdas por


persistência de índices em determinado nível. Por exemplo,
para um produto contratado para proteção contra a seca, o
sinistro será o período em que o índice pluviométrico se
mantiver abaixo do acordado. Quanto maior for o número
de dias consecutivos de seca, maior será a indenização a
ser paga ao produtor, que é limitada pelo valor máximo in-
denizável contratado na apólice.
Início da Limite Máximo
indenização Indenizável (LMI)
dia 20 dia 21 dia 22 dia 23 ... Dia Limite

PERSISTÊNCIA DO ÍNDICE

2 sc/ha 6 sc/ha 10 sc/ha 15 sc/ha X sc/ha 22 sc/ha

Seguro de Faixa de Produtividade


O produto de faixa de produtividade foi criado para aten-
der às necessidades de produtores que possuem históricos
de produtividade detalhados e conseguem mensurar sua
exposição ao risco.

O público-alvo desse produto são os produtores com gran-


des áreas que possuem ciência de que, mesmo em condições
extremamente adversas, dificilmente terão produtividade
média inferior a determinada quantidade, em função da ex-
tensão da área cultivada e do nível tecnológico a
­ dotado.

Dessa forma, o proponente tem a possibilidade de realizar


o seguro, considerando as produtividades seguradas mí-
nima e máxima para a propriedade. Em tais condições, o
segurado recebe indenização apenas quando a produtivi-
dade obtida estiver dentro dos níveis contratados.

30
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

PRODUTIVIDADE
Se a produtividade for
Sem acima de 25 sc/ha, o produtor
30 sc/ha
indenização não recebe indenização
25 sc/ha
10 sacas por hectare segurado

20 sc/ha
Com
Se a produtividade ocorrer
indenização entre 15 e 25 sc/ha, o produtor
15 sc/ha recebe a indenização

10 sc/ha Se a produtividade for


Sem
abaixo de 15 sc/ha, o produtor
5 sc/ha indenização não recebe indenização

0 sc/ha

O objetivo desse tipo de produto é oferecer ao agricultor a


cobertura por preços mais acessíveis, buscando adequá-la
às suas necessidades de controle de risco.

Os Seguros Agrícolas podem ser contratados sob diferentes formas


de cobertura. São elas:

> Seguro Riscos Nomeados

> Seguro Multirrisco

1.4.4.1.1. Seguro de Riscos Nomeados


Uma das linhas de Seguro Agrícola mais antigas é o Seguro de Riscos
Nomeados, que pode cobrir diversos riscos desde que sejam nomea-
dos previamente pelo segurado no ato da contratação.

Esse seguro permite ao produtor contratar apenas as coberturas de


seu interesse, e não um “pacote” fechado.

Por exemplo, em áreas de baixa temperatura, o produtor rural pode


optar por contratar apenas a cobertura de geada. Em culturas de
frutas e hortaliças, o principal objetivo é cobrir as perdas qualitati-
vas, além da produtividade. Em culturas de grãos e cana-de-açúcar,
a indenização costuma se basear na proporção da área atingida em
relação à área total segurada.

Os riscos cobertos mais comuns são granizo e/ou geada e/ou in-
cêndio. Nesse modelo, usualmente é possível a contratação de um
“adicional”, no qual o produtor define riscos adicionais a serem
acrescentados à sua apólice.

31
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

No Seguro de Riscos Nomeados, com cobertura única de Granizo,


por exemplo, temos apenas um evento coberto.

1.4.4.1.2. Seguro Multirriscos


Cobre diversos riscos climáticos em uma única cobertura. Na cober-
tura básica, normalmente, estão inclusos os riscos para causas não
evitáveis de perda de produção, em especial os casos de clima adver-
so (seca, chuvas excessivas, geadas, incêndio, raio, tromba-d’água,
ventos fortes e ventos frios e variação de temperatura).

Nos seguros de faturamento/receita, a variação de preço da safra se agre-


ga aos outros já citados, e passa a ser também um dos riscos cobertos.

Em uma analogia com os seguros patrimoniais, podemos afirmar


que se assemelha à apólice do tipo all risks (todos os riscos). A cober-
tura abrangente do Seguro Multirrisco se reflete no preço, sendo su-
perior ao dos seguros de riscos nomeados, em razão do aumento do
risco assumido pela seguradora.

No Seguro Multirrisco, temos vários eventos cobertos, especialmente


o risco de clima adverso, o que pode garantir custeio e produtividade.

As principais aplicações de cada um dos tipos de seguro apresenta-


dos estão listadas no quadro a seguir.

TABELA 1 | APLICAÇÕES DOS TIPOS DE COBERTURAS

CULTURAS TIPO DE SEGURO

• Multirisco (seca, chuva excessiva, granizo, geada,


vendaval, variação brusca de temperatura).
• Granizo.
Grãos • Geada.

• Granizo.
• Geada.
Frutas/Hortaliças

Fonte: ENS, 2020.

32
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Especificidades por tipo de cultura

Quando se trata de grãos como soja, milho e trigo, o seguro


agrícola apresenta uma grande diversificação de produtos,
dada a facilidade de se encontrar dados e, principalmente,
por suas características de commodities. São comercializa-
dos em estado bruto ou pequena industrialização em gran-
de escala, com qualidade uniforme, podendo ser estocados
sem perdas significativas durante longos períodos. Na linha
destas commodites agrícolas, existem os produtos tradicio-
nais de produtividade e preço, produtividade e custeio, e
receita e faturamento.

Assim como as culturas apresentam suas especificidades, o


seguro também acompanha metodologicamente tais varia-
ções, nas quais as formas de se quantificar o risco variam de
acordo com as particularidades de cada tipo de produção.
Algumas frutas, por exemplo, possuem como fator principal
de risco a perda de qualidade comercial; o café, por possuir
produção bianual; produtos florestais, com riscos que esta-
rão presentes em longos períodos a campo; e, ainda, produ-
tos aquícolas e pecuários, cujos risco principal é a morte dos
animais de produção.

Especificidades do seguro para grãos:


Considerando que a soja é o principal item do agronegócio
brasileiro, não é difícil imaginar que os produtos de grãos
são os seguros mais procurados pelos agricultores. Para
a avaliação da produção, considera-se a produtividade de
grãos da cultura como gatilho de indenização.

Para o acesso ao Programa de Subvenção ao Prêmio do


Seguro Rural (PSR), as culturas são divididas entre culturas
de verão e culturas de inverno, e o percentual do benefício
do PSR varia para cada atividade, de acordo com o tipo de
cobertura e produto contratado.

Especificidades do seguro para café:


O café, por se tratar de cultura perene, de produções bienais,
intercalando grandes e pequenas safras a cada ano, não per-
mite uma estimativa fixa para todos os anos de produção.

33
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

O seguro para o cafezal objetiva a proteção dos pés de café


da lavoura. A avaliação dos danos para fins de indenização
ocorre conforme a poda a ser realizada para sua recupera-
ção. Já o seguro de produtividade tem por objetivo proteger
a produtividade esperada (ou pelo menos parte dela).

Especificidades do seguro para frutas:


O objeto de seguro para frutas varia quanto à avaliação da
qualidade do produto, que vai desde o fruto perfeito (mer-
cadoria disponibilizada pelos mercados e quitandas), até o
processamento pelas indústrias (sucos etc.). A indenização
também varia conforme a perda na qualidade dos frutos
segurados verificados conforme a sua comercialização final.

Cada fruta possui ainda uma metodologia própria de afe-


rição. No caso da uva, por exemplo, existe a diferenciação
de variedades: a de mesa, em que se preza pela aparência
para o consumo in natura, e a de vinho, em que se preza
pela qualidade de composição; ambas suscitam o anseio
do produtor pela boa produtividade.

No que tange as maçãs, a produção tem como premissa atin-


gir a melhor aparência de mesa possível, com tons verme-
lhos, tamanho grande, boa textura, ausência de ferimentos e
demais qualidades que aumentam a satisfação do consumi-
dor. Contudo, tanto nas culturas citadas como em todas as
outras, elas estão expostas ao clima e a diversos fatores que
as depreciam no decorrer de seu desenvolvimento.

Especificidades do seguro para olerícolas:


A exemplo do que ocorre com as frutas, as olerícolas tam-
bém variam conforme o tipo de vegetal. Dessa forma, as
coberturas de hortaliças são mais suscetíveis às intem-
péries climáticos, tais como: granizo, geada, excesso de
chuvas, temperaturas baixas, ventos fortes e estiagem. A
grande diversidade de eventos danosos ocorre, pois não há
padrão para fisiologia desses vegetais. Existem culturas e
cultivares com características diferentes de sensibilidade e
rusticidade aos fatores climáticos.

34
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

1.4.4.1.5. Período de Cobertura


Compreende do plantio à colheita, desde que contratada a cobertu-
ra integral (replantio e produção). Caso a cobertura de Replantio não
tenha sido contratada, o seguro terá eficácia a partir da emergência
da planta ou ainda quando a lavoura tiver as condições mínimas es-
tabelecidas pela seguradora.

1.4.4.1.6 Processo de Formação de Prêmio


O custo do seguro, ou prêmio de seguro, será calculado com base no
valor segurado. A taxa de risco corresponde a um percentual sobre esse
valor e varia de acordo com os seguintes fatores inter-relacionados:

> Tipo de cultura.

> Região geográfica.

> Nível de cobertura desejado pelo agricultor.

> Coberturas contratadas.

1.4.4.1.7. Vigência do Seguro


Início: o seguro tem início a partir da data da transmissão da pro-
posta para a seguradora, desde que respeitando o zoneamento agrí-
cola e composta pelos devidos anexos, como croqui e as respectivas
assinaturas nos termos das subvenções, quando houver.

Término: o seguro se encerra com o término da colheita. É impor-


tante destacar os prazos máximos de vigência, que dependerão da
cultura a ser segurada, podendo ser classificadas como culturas pe-
renes ou culturas temporárias.

1.4.4.1.8. Período de carência


Poderá ser estabelecido, a critério da seguradora, um período de ca-
rência como forma de evitar a ocorrência da antisseleção de risco, ou
seja, contratação do seguro quando haja previsão de ocorrência de
eventos cobertos.

Exemplo: previsão de geada em dois dias depois de divulgado pelo


Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Nessa hipótese, por-
tanto, não serão considerados indenizáveis sinistros ocorridos du-
rante o período de carência.

35
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

É fundamental informar ao produtor rural corretamente sobre o pe-


ríodo de carência, incentivando-o a contratar o seguro antecipada-
mente, antes mesmo do plantio.

1.4.4.1.9. Exigências para aceitação de risco


As seguradoras, normalmente, aceitam apenas as propostas que se
enquadrem dentro de premissas especificadas, como as elencadas
a seguir.

Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC)


A lavoura deverá ser plantada dentro do período especifi-
cado pelo zoneamento agroclimático elaborado pelo Mapa
para cada região, cultivo e ano agrícola.

Área total plantada


No Brasil, é comum a exigência de que seja segurada a área
total plantada da cultura referente à propriedade rural es-
pecificada na proposta de seguro. Em caso de sinistro, se
verificado que esse requisito não foi cumprido, irá se apli-
car o rateio na indenização, pagando-se proporcionalmente
a área contratada. Porém é possível, mediante negociação
prévia com a seguradora, a contratação do seguro apenas
de parte da área plantada.

Vistoria prévia
Obrigatória para culturas implantadas. O objetivo da vis-
toria prévia é diagnosticar eventuais prejuízos ocorridos
anteriormente à contratação, bem como comprovação de
informações dispostas na proposta de seguro, irregulari-
dades que possam ocorrer no trato da lavoura e demais
informações técnicas relevantes ao contrato.

Exemplo Numérico - Cultura de Soja:

Área: 100 hectares


Produção Média: 50 sacas por hectare
Nível de Cobertura: 70%
Produção Garantida: 100 x 50 x 70% = 3.500 sacas
Valor da Saca: R$ 100,00 por saca
Importância Segurada: 3.500 sacas x R$ 100,00 = R$ 350.000,00
Sinistro: Seca

36
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Franquia: Não há
Produção Obtida: 4.042 sacas (ou 26,9 sacas por hectare)
Perda: 368 sacas
Indenização: R$ 9.200,00

1.4.4.2. Seguro Pecuário


Esse seguro garante indenização por morte de animais (bovinos,
equinos, ovinos, caprinos, suínos) em consequência de acidentes e
doenças. Também tem o objetivo de garantir o pagamento de inde-
nização em caso de morte de animal destinado, exclusivamente, ao
consumo, produção, cria, recria, engorda ou trabalho por tração.

Os animais destinados à reprodução por monta natural, coleta de sê-


men ou transferência de embriões, exclusivamente com a finalidade de
incremento e/ou melhoria de plantéis próprios de animais de produção,
estão, igualmente, enquadrados na modalidade de Seguro Pecuário.

Especificamente no caso dos bovinos, ainda podem ser contratadas


coberturas adicionais que garantem indenização para perdas de
pastagem quando a área é inviabilizada para a nutrição animal em
decorrência de seca ou incêndios.

O produto de faturamento também é ofertado para o seguro de gado


e utiliza o mercado de referência definido no ato da apólice para a
sua contratação, protegendo o produtor de variações de preço no
momento da venda.

É importante ressaltar que, em que pese o mercado de bovinos ter


maior destaque na comercialização de seguros, podem ser segura-
dos também produtos de avicultura, suinocultura, caprinocultura e
outras atividades.

1.4.4.3. Seguro de Vida do Produtor Rural


Esse seguro é destinado ao produtor rural que seja devedor de cré-
dito rural com uma instituição financeira e terá sua vigência limitada
ao período do financiamento, sendo que o beneficiário será o agente
financiador. Serve para amortizar ou liquidar as operações de cré-
dito rural desse produtor rural, contratadas por intermédio de um
agente financiador, em caso de morte do segurado.

37
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

1.4.4.4. Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários


Esse seguro garante todo o patrimônio nos limites da propriedade,
cobrindo construções, instalações ou equipamentos fixos, produtos
agropecuários depois de removidos do campo de colheita ou estoca-
dos, produtos pecuários, veículos rurais mistos ou de carga, máqui-
nas agrícolas e seus implementos contra os riscos de incêndio, raio
ou explosão, ventos fortes, impacto de veículo de qualquer espécie,
desmoronamento, roubo ou furto, que não tenham sido oferecidas
em garantia de operações de crédito rural.

Via de regra, é obrigatória a contratação da cobertura básica de Da-


nos Físicos ao Bem (DFB) e necessária vistoria prévia para a aceitação
dos riscos, quando não forem novos ou zeros ou ainda a critério de
cada seguradora.

O produto, além da cobertura básica, oferece também coberturas


acessórias como: danos elétricos, operações em proximidade d’água,
responsabilidade civil, perda ou pagamento de aluguel, entre outras
coberturas, dependendo da conveniência da seguradora.

1.4.4.5. Seguro de Penhor Rural


Esse seguro destina-se aos bens dados em garantia nas operações de
crédito rural, estendendo sua proteção às benfeitorias, às máquinas,
aos veículos e aos implementos utilizados na atividade rural, bem como
aos produtos agropecuários já colhidos. O seguro torna-se obrigatório
quando os equipamentos são dados como garantia em algumas linhas
de financiamento de crédito rural. Nessa modalidade de seguro existe
também a possibilidade de se formalizarem apólices plurianuais.

1.4.4.6. Seguro de Florestas


Esse seguro garante cobertura aos custos de reposição de florestas
em formação ou de seu valor comercial, quando se tratar de flores-
tas já formadas ou naturais, contra as perdas decorrentes de incên-
dio, eventos biológicos e meteorológicos.

A finalidade da floresta também impacta na contratação do seguro.


Atividades de reflorestamento, indústria de papel e celulose, serraria
ou produção de carvão são seguráveis desde que tenham finalidade
comercial, e, nesse caso, o seguro avalia cada plantio de acordo com
as especificidades da espécie e o tempo que a cultura ocupará na
área de cultivo.

38
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

O Seguro Florestal pode ser contratado por pessoa, física ou jurídica,


proprietário de terras de reflorestamento. Tem o objetivo de prote-
ger plantações de eucalipto, pinus, seringueira ou outras espécies
com finalidades comerciais.

Importante salientar que o Seguro Florestal se justifica, uma vez que,


além do investimento financeiro que o produtor faz na propriedade,
são investidos anos de cultivo até que a floresta esteja maturada e
pronta para cumprir seu papel comercial.

Coberturas:

> Incêndio e raio, considerada cobertura básica.

Coberturas adicionais:

> Ventos fortes.

> Geada.

> Granizo.

> Seca.

> Entre outras, a depender da seguradora.

Para a definição do valor de cobertura (LMI), existem duas metodo-


logias de cálculo:

> Florestas em formação.

> Florestas já formadas.

No primeiro caso, as coberturas podem se estender do custo de im-


plantação, acrescido de custeio anual para a sua manutenção, visan-
do a reposição de florestas em formação. No caso de florestas já
formadas (ou naturais), o valor de cobertura deve ser determinado
pelo próprio valor comercial da floresta.

1.4.4.7. Seguro Aquícola


Esse seguro garante indenização por morte de animais aquáticos
(peixes, crustáceos) em consequência de acidentes e doenças.

O termo aquicultura pode ser definido como a produção de organis-


mos aquáticos vivos em cativeiro. A aquicultura comercial é uma das
classes de negócio agrícola mais recentes e se divide em três grandes
atividades: a carcinicultura, a maricultura e a piscicultura.

39
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Novas técnicas e tecnologias estão permitindo que esse setor se desen-


volva por todo o mundo, desde em mar aberto até em lagos ou fazen-
das agrícolas distantes de rios, cuja produção fica altamente exposta.

Os riscos cobertos, normalmente, incluem tempestades, mares, ava-


lanches, deslizamentos, inundação, danos por excesso de chuva, al-
gas, poluição, pestes, roubo, colisão, doenças e outros riscos naturais,
variando conforme o sistema de cultivo utilizado: offshore e onshore.

O sistema offshore garante sinistros relacionados a mudanças físicas


e químicas da água, como poluição, floração de plâncton, mudança
brusca de temperatura e oxigenação da água.

Já o sistema onshore prevê cobertura obrigatória apenas para poluição.

Para os dois sistemas, vale ressaltar, o produtor ainda pode contratar


coberturas adicionais conforme os riscos existentes no seu segmen-
to a sua área de produção, como: raios, doenças, furtos, inundações,
seca, geada entre outros sinistros.

Existem coberturas all risks ou riscos nomeados, dependendo da si-


tuação e das exigências do ressegurador.

1.4.4.8. Seguro de Cédula do Produto Rural (CPR)


A Cédula do Produto Rural (CPR) é um título emitido pelo produtor
rural que vende a termo sua produção agropecuária. O produtor re-
cebe o valor da venda no ato da formalização do negócio e se com-
promete a entregar o produto vendido na quantidade, qualidade,
local e data estipulados no título. Isso garante ao último credor titu-
lar da CPR, desde que não seja o emitente ou seu avalista (segurado),
o fiel cumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo pro-
dutor (tomador) na cédula.

40
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Entre os tipos de CPR atualmente disponíveis no mercado, pode-


mos citar:

Cédula do Produto Rural Física Cédula do Produto Financeira Cédula do Produto


O emitente da Cédula do Produ- O emitente da Cédula do Produ- para Exportação
to Rural tem o compromisso, em to Rural tem o compromisso, em O emitente da Cédula do Produ-
relação ao credor, de entregar o relação ao credor, de liquidar o to Rural tem o compromisso, em
produto objeto do título no ven- título no vencimento pelo valor relação ao credor (importador
cimento, de acordo com as con- de resgate estipulado na res- não residente no país), de entre-
dições previstas na cédula. pectiva cédula. Ha, ainda, outros gar o produto objeto do título no
dois tipos: Financeira Indexada vencimento, de acordo com os
– Futuro BM&F e Financeira In- requisitos previstos na cédula.
dexada – Indicador Esalq.a.

O instrumento da CPR continua sendo praticado por instituições finan-


ceiras. Porém asseguradoras não têm mais aceitado esse tipo de risco.

1.4.4.9. Seguro de Animais de Elite


É aquele que tem por objetivo garantir o pagamento de indenização
em caso de morte de animais de elite – aqueles destinados à parti-
cipação em torneios, provas esportivas e exposições, bem como o
animal destinado exclusivamente à coleta de sêmen e transferência
de embriões para fins comerciais.

1.5. Política Agrícola


1.5.1. O que é política agrícola?
O termo “política agrícola” se refere a um conjunto de práticas que
visam amparar e direcionar o setor referente a economia rural e as
atividades agropecuárias. Mais especificamente, quando se fala em
políticas agrícolas está se fazendo menção às políticas estatais que
promovem pesquisas no âmbito da agricultura e pecuária, facilidade
no acesso a instrumentos agrícolas, garantia de preços mínimos jus-
tos para os produtos destinado a esse tipo de produção, assistência de

41
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

crédito e implantação de medidas que buscam uma harmonia entre


o segmento agropecuário e o setor da indústria nacional. De maneira
geral, a política agrícola pode ser entendida como ações governamen-
tais que por meio do estabelecimento, modificação ou eliminação de
leis promovam o estímulo ou desestímulo à produção rural.

A Política Agrícola é operacionalizada pelo Ministério da Agricultu-


ra, Pecuária e Abastecimento, que tem como missão estimular o
aumento da produção agropecuária e o desenvolvimento do agro-
negócio, com o objetivo de atender ao consumo interno e formar
excedentes para exportação. Isso tem como consequência a geração
de emprego e renda, a promoção da segurança alimentar, a inclusão
social e a redução das desigualdades sociais.

Para cumprir sua missão, o Mapa formula e executa políticas para o


desenvolvimento do agronegócio, integrando aspectos mercadoló-
gicos, tecnológicos, científicos, organizacionais e ambientais para o
atendimento aos consumidores brasileiros e ao mercado internacio-
nal. A atuação do ministério baseia-se na busca de sanidade animal
e vegetal, na organização da cadeia produtiva do agronegócio, na
modernização da política agrícola, no incentivo às exportações, no
uso sustentável dos recursos naturais e no bem-estar social.

A infraestrutura básica do Mapa é formada pelas áreas de política


agrícola (produção, comercialização, abastecimento, armazenagem
e indicadores de preços mínimos):

> Produção e fomento agropecuário.

> Mercado, comercialização e abastecimento agropecuário.

> Informação agrícola, defesa sanitária (animal e vegetal).

> Fiscalização dos insumos agropecuários.

> Classificação e inspeção de produtos de origem


animal e vegetal.

> Eletrificação rural.

> Assistência técnica e extensão rural.

> Pesquisa tecnológica, agrometeorologia, cooperativismo e


associativismo rural.

42
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Proagro

O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) é um


mecanismo de política agrícola destinado aos pequenos e médios
produtores. A sua função é cobrir os prejuízos causados por fenôme-
nos naturais, pragas e doenças que atinjam rebanhos e plantações.

O Proagro funciona como um seguro para garantir que os agricul-


tores e os pecuaristas estejam protegidos contra problemas que
podem surgir durante o cultivo ou a criação dos animais. Em geral,
esses produtores não têm recursos para arcar com o investimento,
o que dificulta a sua continuação na atividade.

O Proagro atua nas operações de crédito rural somente na modalidade


de custeio, com a garantia de que as obrigações financeiras sejam assu-
midas pelo programa em caso dos de prejuízos citados anteriormente.

Proagro Mais

O Proagro Mais é um desmembramento do programa principal vol-


tado para a agricultura familiar. Ele atende os participantes do Pro-
grama Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF),
que são agricultores, pescadores, aquicultores e silvicultores.

Como a agricultura familiar e os pequenos e médios produtores têm


grande relevância nesse processo, o Proagro assegura os riscos ine-
rentes a essa profissão.

Qual é a relação do Proagro com o zoneamento agrícola?

Para ter acesso à cobertura do Proagro, todas as propriedades rurais de-


vem estar em dia com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).
Na hora de efetuar o plantio, o agricultor precisa confirmar se o municí-
pio está liberado para aquela cultura, assim como o solo e as sementes.

No caso do Proagro, esses estudos são importantes pelo risco que


as condições climáticas geram no resultado das safras. Como o pro-
grama é voltado para ser um seguro contra ocorrências na lavoura,
estar dentro das regras garante que o produtor não foi negligente e
seguiu os passos corretos para receber a indenização.

No Proagro Mais, que é voltado para os produtores enquadrados


no PRONAF, também há a proibição de plantar as culturas fora do
período de recomendação, o que ocasiona a perda do direito à in-
denização. Apesar de não ser obrigatório, as instituições financeiras
também pedem o respeito ao ZARC para conceder o crédito rural.

43
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

1.5.1.1. Crédito Rural


O Crédito Rural é um dos dos instrumentos de política agrícola brasi-
leira el se divide em 4 modalidades: crédito de custeio, crédito de in-
vestimento, crédito de comercialização e crédito de industrialização.

Cada uma dessas modalidades visa financiar uma etapa diferente dos
processos produtivos, sendo assim, a primeira é direcionada à com-
pra de insumos e à fase da colheita, a segunda, à aquisição de bens e
serviços duráveis, e a última é relacionada a mecanismos que garan-
tam o armazenamento da colheita em tempos de queda de preço.

O chamado Plano Safra nada mais é que uma medida de investimento


e crédito criada em 2003, pelo Governo Federal, visando suprir essa de-
manda da atividade agrícola. Esse plano se renova anualmente e tem
vigência de junho a julho, período escolhido para ser simultâneo a calen-
dário da safra brasileira. Para além de crédito, o Plano reúne uma série
de medidas públicas e serviços da política agrícola brasileira, se apresen-
tando como uma cartilha central para essas as atividades produtivas.

Historicamente o crédito rural tem sido o instrumento central da política


agrícola para promover a produtividade e o aumento de renda agrope-
cuária no Brasil. O Sistema Nacional de Crédito Rural- SNCR foi estabe-
lecido em 1965 com o propósito de fornecer crédito a produtores rurais
a juros baixos visando ajudá-los a financiar produção e maquinários
agrícolas, bem como custos de operação e comercialização de produtos
agropecuários. Os objetivos principais da política de crédito rural são:

a) Acesso ao crédito com taxas de juros abaixo das taxas de


mercado;

b) Exigência legal de que os bancos dediquem uma parte de


seus depósitos à vista a linhas de crédito rural;

c) Incentivo a pequenos produtores e agricultores familiares


por meio de linhas de crédito direcionadas.

Essas medidas visam reduzir a resistência das instituições financeiras


em emprestar capital ao setor rural e criar incentivos para que peque-
nos produtores comecem a tomar crédito.

Também são objetivos do crédito rural:

44
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

a) Estimular os investimentos rurais para produção, extrativismo


não predatório, armazenamento, beneficiamento e industria-
lização dos produtos agropecuários, quando efetuado pelo
produtor na sua propriedade rural, por suas cooperativas ou
por pessoa física ou jurídica equiparada aos produtores;

b) Favorecer o oportuno e adequado custeio da produção e a


comercialização de produtos agropecuários;

c) Fortalecer o setor rural;

d) Incentivar a introdução de métodos racionais no sistema de


produção, visando ao aumento da produtividade, à melho-
ria do padrão de vida das populações rurais e à adequada
defesa do solo e proteção do meio ambiente;

e) Propiciar, através de crédito fundiário, a aquisição e regu-


larização de terras pelos pequenos produtores, posseiros e
arrendatários e trabalhadores rurais;

f) Desenvolver atividades florestais e pesqueiras;

g) Quando destinado a agricultor familiar ou empreendedor


familiar rural, nos termos da Lei nº 11.326, de 24/7/2006,
estimular a geração de renda e o melhor uso da mão de
obra familiar, por meio do financiamento de atividades e
serviços rurais agropecuários e não agropecuários, desde
que desenvolvidos em estabelecimento rural ou áreas co-
munitárias próximas, inclusive o turismo rural, a produção
de artesanato e assemelhados.

Quando analisado o destino dos recursos das operações de crédito


rural junto às instituições financeiras, podemos afirmar que essas
operações estão concentradas em quatro finalidades:

Crédito de Custeio
Representa a maioria das operações do Sistema Nacional
de Crédito Rural (SNCR). Nesta linha de crédito o valor finan-
ciado não se refere ao custo total de produção, pois garante
apenas os gastos efetivos do produtor para o ciclo daque-
la atividade que esteja sendo financiada. A liberação dessa
verba só é realizada quando são apresentados documen-
tos que evidenciem a viabilidade de execução do projeto,
tais como: orçamentos, planos ou projetos com as devidas
orientações técnicas para o empreendimento financiado.

45
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Crédito de Investimento
O crédito para investimento engloba os recursos utilizados
para a aquisição de bens relacionados com a atividade agrope-
cuária. Nessa linha podem ser financiados investimentos fixos
(aquisição de máquinas, construção/reforma de benfeitorias,
obras de irrigação, formação de lavoura permanente, recupe-
ração de pastagem, correção/recuperação de solo, entre ou-
tros), investimento semifixos (aquisição de animais, tratores,
colheitadeiras, implementos etc.), veículos (caminhões, moto-
cicletas rurais, camionetes de carga) e cana-de-açúcar (funda-
ção, ampliação e renovação de lavouras).

Crédito de Comercialização
Esta linha de crédito viabiliza ao produtor rural acessar re-
cursos necessários à comercialização de seus produtos no
mercado. A linha busca apoiar os agricultores para evitar
que estes sejam obrigados a vender sua produção a preços
baixos para poder cumprir com seus compromissos.

Crédito de Industrialização
Esta linha é destinada à industrialização que pode atender tanto
a cooperativas como também ao produtor em sua propriedade.

1.5.1.2. Programa de Subvenção


ao Prêmio do Seguro Rural
O Seguro agrícola possui peculiaridades diferentes de outros tipos
de seguros, que podem afetar a sua comercialização e precificação,
tornando o seu custo mais elevado que outros seguros. Uma destas
­peculiaridades, é o risco de catástrofe climática. Esse tipo de risco, caso
ocorra, poderá ocasionar perdas em propriedades de uma mesma re-
gião, causando prejuízo financeiro para vários produtores.

Visando tornar o seguro mais acessível para os produtores garantin-


do assim a proteção para suas lavouras, o Governo Federal criou o
­Programa de Subvenção ao Prêmio Rural (PSR).

O programa é um importante instrumento de política agrícola, uma vez


que reduz o prêmio do seguro rural que seria devido pelo produtor por
transferir o risco à seguradora.

46
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Subvenção
Valor concedido pelo Governo Federal para o produtor, por
meio de uma seguradora, para a contratação de uma apóli-
ce de seguro. É calculada como um percentual sobre o valor
do prêmio.

A subvenção é destinada ao produtor rural, mas a solicitação da sub-


venção é feita por meio da própria seguradora, que submete as apó-
lices contratadas à apreciação do Departamento de Gestão de Riscos
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (DEGER/Mapa),
por ordem de contratação das apólices.

O DEGER/Mapa avalia a situação cadastral do produtor e, não havendo


restrição e disponibilidade de recursos, concede o benefício, liquidan-
do parte do prêmio.

Também é fundamental que todas as informações da apólice sejam


fiéis à realidade da área que está sendo segurada, inclusive quanto ao
fornecimento dos pontos georreferenciados da lavoura.

Havendo auditoria por parte do MAPA e constatada inexatidão das in-


formações, poderá ser negado o subsídio e o produtor ficará impedido
de acessar o PSR nos próximos anos. A seguradora também poderá
optar pelo cancelamento da apólice.

Quem pode participar do PSR

Qualquer produtor rural, pessoa física ou jurídica, que cultive ou pro-


duza espécies contempladas pelo programa e que esteja adimplente
com a União, e não pode ter contratado PROAGRO ou PROAGRO MAIS
para a mesma área/lavoura.

Como participar do PSR

1º) O produtor deve formalizar uma proposta de seguro em uma


das seguradoras habilitadas no programa (http://www.agri-
cultura.gov.br/assuntos/riscos-seguro/seguro-rural/se-
guro-rural).

2º) A seguradora enviará a proposta ao Ministério da Agricultura,


via sistema eletrônico, no momento autorizado, de modo a
solicitar a subvenção federal.

3º) A subvenção solicitada pode ser aprovada ou reprovada, a


depender de alguns critérios, como o limite financeiro dis-
ponível para o produtor, limite financeiro disponível para a
cultura e regularidade do produtor no CADIN.

47
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

4º) Caso a subvenção solicitada seja aprovada, o valor correspon-


dente deve ser abatido do prêmio a ser pago pelo produtor
à seguradora, cabendo ao Ministério da Agricultura efetuar o
pagamento da subvenção diretamente à seguradora, obser-
vado o prazo estabelecido contratualmente entre as partes.

5º) No caso de aprovação ou reprovação da subvenção solicita-


da, a seguradora tem o dever de informar tempestivamente
ao produtor o resultado da solicitação.

As diretrizes e prioridades do Programa são definidas pelo Comitê


­Gestor Interministerial do Seguro Rural (CGSR) e seus normativos são
publicados por meio de Resoluções no Diário Oficial da União. O CGSR é
composto pelo MAPA, responsável por sua coordenação, pelo Ministério
da Economia (ME) e pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

FIGURA 4 | PROGRAMA DE SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DO SEGURO RURAL

Fonte: ENS, 2020.

48
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

A importância do programa do PSR pode ser observada por meio da


evolução anual dos resultados conforme a seguinte tabela:

IMPORTÂNCIA
ANO PRODUTORES APÓLICES ÁREA SEGURADA SEGURADA SUBVENÇÃO

2006 16.460 21.783 1.761.653 2.870.174.189 31.161.633

2007 23.350 31.740 2.271.536 2.715.475.197 60.946.215

2008 43.431 59.705 4.697.796 7.117.398.081 156.272.540

2009 49.785 72.644 6.583.345 9.528.240.687 258.880.017

2010 38.047 52.543 4.760.528 6.526.976.056 197.170.559

2011 39.945 57.038 4.469.851 7.220.707.440 249.195.322

2012 43.453 63.063 5.195.160 8.724.747.252 317.952.271

2013 65.491 101.678 9.823.541 16.808.681.932 556.418.202

2014 73.514 117.597 9.883.546 18.502.249.751 689.109.350

2015 27.662 39.892 2.646.521 5.424.627.724 276.932.173

2016 47.477 74.334 5.446.527 12.839.004.426 385.857.960

2017 44.784 66.436 4.757.446 12.011.186.762 363.256.584

2018 42.272 63.085 4.627.251 12.478.674.302 366.622.439

2019 57.502 93.108 6.711.922 19.583.070.775 427.875.189

2020 105.730 193.470 13.673.292 45.792.100.154 880.998.687

1.5.1.3. Zoneamento Agrícola


de Risco Climático – ZARC
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é um valioso ins-
trumento de apoio à Política Agrícola do Governo Federal, sendo de-
mandado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) e realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa).

O projeto inicial objetivava o desenvolvimento de estudos de regiona-


lização dos sinistros climáticos no Brasil, visando minimizar as perdas
na produção agrícola e disponibilizando ao produtor rural técnicas que
permitiriam fugir de riscos climáticos oriundos do regime de chuva.

Atualmente, sua finalidade é mais ampla e, com base em dados


técnico-científicos, oferece orientações de períodos de plantio por
município, por cultura e tipos de solo, de modo a evitar adversida-

49
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

des climáticas responsáveis por perdas na agricultura. Assim, a mi-


nimização dessas perdas, em razão da ocorrência de geadas, seca
e outros eventos climáticos adversos, elimina reflexos negativos no
abastecimento e nos preços dos produtos.

Essas informações são divulgadas e disponibilizadas a associações


de produtores, entidades de assistência técnica e extensão rural,
agentes financeiros, cooperativas, secretarias de agricultura e enti-
dades públicas/privadas ligadas ao setor, inclusive seguradoras.

Com isso, as seguradoras tornaram-se mais conservadoras no mo-


mento da taxação do seguro: quando o produtor rural não segue as
orientações do zoneamento, é possível que sua proposta de seguro
não seja aceita.

Um dos maiores desafios do Seguro Agrícola no Brasil é reunir


informação e tecnologia organizadas, passo a passo, em protóti-
pos que facilitem o entendimento dos sistemas de produção pelos
agentes seguradores.

O Mapa, com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-


cuária (Embrapa) e de várias outras organizações, desenvolveu um
modelo de zoneamento agrícola que tem sido extremamente impor-
tante na redução de riscos e perdas.

Esse modelo define zonas homogêneas quanto à precipitação plu-


viométrica, a capacidade de retenção de umidade dos solos e aos
ciclos dos cultivares. Essas zonas podem ainda ser homogêneas se
subdivididas em função de outras características do solo.

Dentre as ferramentas necessárias à implementação de um progra-


ma de Seguro Agrícola sustentável, o zoneamento agrícola é um dos
pilares fundamentais, tanto no sentido de reduzir as perdas causa-
das por eventos climáticos quanto no de melhorar o controle das
operações e aumentar a produtividade, direcionando as safras às
regiões mais apropriadas para cada cultivo.

Para ter acesso aos benefícios do Proagro, Proagro Mais e à subven-


ção federal ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), o produtor de culturas
temporárias é obrigado a seguir as recomendações do Zarc. Além
disso, alguns agentes financeiros condicionam a concessão do crédi-
to rural à observância dos indicativos do Zarc.

50
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

As recomendações do Zarc incluem:

a) Janela de plantio das culturas por nível de risco, tipo de


solo e ciclo de cultivares, por município;

b) Relação das cultivares indicadas.

A indicação do período de plantio no ZARC está diretamente relacio-


nada ao nível de risco ao qual a lavoura foi exposta historicamen-
te. São utilizadas bases de dados históricas de diversas estações
­climatológicas espalhadas pelo território nacional e feitas s­ imulações
que permitem identificar o nível de risco por meio da aplicação de
modelagem específica que avalia os seguintes eventos adversos
(­fatores de risco): deficiência hídrica, excesso de chuva, temperaturas
muito baixas (inclusive geada), temperaturas muito elevadas.

1.5.1.3.1.Metodologia
a) Risco de deficiência hídrica
Falta de água é uma das condições adversas que causa
maiores perdas às safras; é medida pelo Índice de Satisfa-
ção das Necessidades de Água das culturas (Isna). Se esse
índice cair abaixo de um nível crítico (gira entre 0,40 e 0,60
dependendo da sensibilidade da cultura avaliada), prova-
velmente a safra sofrerá severas perdas de produção. Não
é, portanto, difícil perceber que o Isna é o principal parâme-
tro preestabelecido na metodologia.

b) Risco de geada ou temperaturas baixas


Para a quantificação do risco de geada para a maioria das
culturas adota-se o valor de 2º C no abrigo meteorológico
como condição suficiente para a ocorrência de geada, ou
seja, quando ocorre congelamento e morte dos tecidos
vegetais. A intensidade dos danos na cultura será maior
quanto mais baixa for a temperatura e maior o tempo de
exposição ao período de congelamento. Porém é importan-
te ressaltar que o nível de sensibilidade da cultura a tempe-
raturas baixas varia conforme a espécie.

51
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

c) Risco de excesso de chuva


Em algumas regiões do Brasil, o regime de chuvas quando mui-
to intenso e/ou prolongado, pode provocar, em certas épocas
do ano, uma frequência elevada (>20%) de safras com perdas
significativas. Isso ocorre, principalmente, quando esses even-
tos coincidem com a fase final de maturação do grão e, espe-
cialmente, quando coincide com os momentos próximos ou
durante a colheita. As perdas podem ser diretas ou indiretas.
São diretas quando a chuva muito intensa provoca quebra ou
queda de folhas, frutos ou grãos e indiretas quando favorecem a
ocorrência de doenças e/ou apodrecimento de frutos ou grãos,
reduzindo a quantidade e/ou a qualidade do produto agrícola.

d) Risco de temperaturas elevadas


Nas regiões produtoras do país, a ocorrência de temperaturas
muito elevadas está, na maioria das vezes, associada a períodos
de estiagem durante a estação quente e chuvosa. Dessa forma,
este tipo de risco está indiretamente representado pelo risco de
deficiência hídrica, bem caracterizado pela modelagem da cultu-
ra e do balanço hídrico. Por isso, na prática, a inclusão desse fa-
tor de risco praticamente não afeta os níveis de riscos (20%, 30%
e 40%) já estimados para deficiência hídrica. Algumas culturas,
no entanto, apresentam mais sensibilidade a temperaturas ele-
vadas durante o florescimento. Assim, durante o florescimento,
a ocorrência de temperaturas muito elevadas pode resultar no
abortamento floral e perdas relevantes de produtividade.

1.5.1.3.2. O ambiente de produção e suas interações


O ambiente pode interferir nos riscos?

Sim. Algumas condições ou características do ambiente de produção


podem agravar o risco de perdas por eventos meteorológicos adversos.

Algumas vezes, essas situações podem ser desencadeadas por:

> decisões de manejo equivocadas;

> escolha de tecnologia ou sistema de produção inadequado


para o ambiente;

> baixo nível de qualidade na condução do manejo;

> ausência de um sistema de produção ou tecnologia disponí-


vel para o cultivo de uma determinada cultura num determi-
nado local.

52
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

É muito importante que isso seja bem entendido tanto pelos produtores,
para que eles possam verificar o manejo a fim de reduzir os riscos,
quanto pelos profissionais que atuam na gestão de risco e, principal-
mente, por peritos que avaliam sinistros e suas causas.

As pragas e doenças também podem agravar as perdas?

Sim. O manejo inadequado e o controle insuficiente de pragas e


doenças podem provocar graves perdas à cultura.

Muitas culturas têm seus ambientes de produção naturalmente coin-


cidindo com condições meteorológicas favoráveis a doenças o que,
por si só, já exigiria como um excelente nível técnico e rigor no ma-
nejo da doença.

Chuvas eventuais podem favorecer uma doença ao mesmo tem-


po que impedem a aplicação de defensivos químicos no momento
adequado. Como o resultado da doença resulta do acumulado das
condições e da multiplicação do patógeno ao longo do ciclo, é muito
difícil discernir se a causa foi um único evento ou período de chuva
excessiva que acarretou a perda ou um acúmulo de pequenos erros
ou negligência ao longo do ciclo.

Com isso, pode haver perda de quantidade da produtividade bem


como de qualidade do produto produzido. Alguns produtos agrícolas
têm seu valor de mercado severamente afetado em função da quali-
dade, por exemplo, o trigo, a maçã, a pera e a uva.

Veja alguns exemplos de decisões equivocadas de manejo:

a) Falta de rotação de culturas, que pode elevar a pressão


do inóculo inicial já desde o começo da cultura.

b) Uso de cultivares suscetíveis à doença em detrimento de


cultivares tolerantes ou resistentes.

c) Aplicação de defensivos não registrados, ineficientes, ou


com falhas de aplicação ou, ainda, em momentos inade-
quados (muito precocemente ou tardiamente).

d) Nutrição mineral insuficiente ou desbalanceada podem


afetar a suscetibilidade da cultura.

Para o perito, pode ser difícil identificar tais casos, principalmente


quando se materializam em uma produção de baixa qualidade ou
quantidade somente no final do ciclo.

53
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Por que o manejo de solo é importante?

O manejo do solo influencia muito na fertilidade química e física, que


é determinante para a profundidade e o tamanho do sistema radi-
cular no solo.

A prática é fundamental para a quantificação do risco hídrico da


cultura, já que cultivos com sistema radicular bem desenvolvido e
profundo têm acesso a maiores conteúdos de água armazenada no
solo, permitindo que a planta resista melhor e com menores perdas
de produtividade em períodos de deficiência hídrica.

Dois produtores vizinhos, com a mesma cultura e o mesmo solo, po-


dem ter riscos de perda por deficiência hídrica significativamente dife-
rentes em função do histórico do manejo de solo que cada um pratica.

Por que a escolha do cultivar também é importante?

Normalmente, a maioria dos produtores compram sementes ou mu-


das de cultivares cujos indicadores de produtividade são mais eleva-
dos. No entanto, esses números são normalmente obtidos em áreas
bem manejadas e em excelentes condições para a produção.

As cultivares de alta produtividade podem ser severamente prejudi-


cados em ambientes de produção subótimos enquanto as cultivares
mais rústicos, com características de resiliência a condições menos
favoráveis, podem apresentar resultados melhores em condições de
produção não ótimas.

Logo, a escolha do cultivar também pode contribuir para a suscetibi-


lidade da cultura a doenças.

As datas de plantio também podem impactar nos riscos?

Sim. A prática da safra e safrinha em regiões com janelas de plantio


relativamente curtas costuma agravar o risco da cultura. Muitas ve-
zes, a fim de viabilizar o plantio do milho safrinha, alguns produtores
acabam antecipando demasiadamente o plantio da soja, o que pode
aumentar o risco da cultura além de reduzir o potencial de produção
dela. Ainda assim, a semeadura do milho acaba se viabilizando no fim
da janela de plantio e já com níveis de risco na faixa dos 30 ou 40%.

Qualquer atraso eventual no plantio da primeira ou da segunda sa-


fra, como ocorre em alguns anos devido ao atraso das chuvas, pode
levar a um plantio da safrinha já fora da janela de riscos aceitáveis.

54
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Como mitigar o risco de perda de safra?

Como acabamos de ver, em função dessas interações com outros


problemas causadores de perdas, e da dificuldade para se mode-
lar o risco associado a essas interações, alguns critérios auxiliares
são acrescentados ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc)
para evitar a indicação de janelas de plantio em épocas ou locais com
grandes chances de perdas.

Estimar com precisão o risco de ocorrência de doenças é muito com-


plicado, seja pela interação complexa na modelagem, seja pela ca-
rência de dados suficientes para alimentar esses modelos. Por isso
seria muito demorado e custoso incorporar explicitamente esse tipo
de risco ao Zarc.

Porém, diversas culturas têm seu cultivo severamente prejudicado


ou impossibilitado em regiões com determinadas condições de chu-
va ou umidade e temperatura, que propiciam o aparecimento de
doenças, além de prejudicar a colheita e a qualidade do produto.
Certas doenças ou pragas que passariam despercebidas em condi-
ções desfavoráveis, podem se tornar altamente destrutivas quando
em condições muito favoráveis.

Quando não existem medidas curativas eficazes para o controle de


uma praga ou doença, seja pela ausência de defensivos registrados,
ou pela inexistência de cultivares resistentes, a adoção de medidas
preventivas deve constituir a principal estratégia de controle.

Buscar condições favoráveis

Dessa forma, uma medida preventiva é a estratégia de escape das


condições que favorecem a doença. Esta tem como princípio buscar
condições favoráveis ou parcialmente favoráveis à planta e desfavo-
ráveis ao patógeno, por meio do zoneamento de áreas ou de épocas
pouco vantajosas ao estabelecimento da doença.

Proagro ou o Seguro

Nesse contexto, considerando-se os objetivos do Zarc de prover in-


dicações para aumentar as chances de sucesso do empreendimento
agrícola, e admitindo-se que a doença pode inviabilizar a produção
da cultura em áreas de expansão provocando perdas de safra e one-
rando o produtor, o Proagro ou o Seguro, foi introduzido no Zarc
de algumas culturas como um critério auxiliar adicional, sendo uma
estratégia de escape das condições que favorecem a doença.

55
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Isso tem sido adotado para evitar certas datas de plantio que resul-
tam em difícil controle de doenças como brusone e da giberela em
trigo, cevada ou aveia, e do mofo cinzento na mamona. Os critérios
adotados variam conforme a doença e a cultura, e são descritos na
nota técnica da portaria de cada zoneamento, mas normalmente es-
tão associados a condições específicas de chuva, temperatura ou à
disponibilidade hídrica em fases específicas do ciclo.

Os resultados do Zarc também são compatibilizados com o vazio sanitá-


rio estabelecido para algumas culturas, como a da soja e a do algodão.

1.5.1.4. Acesso a dados


Toda a operação de Seguro Rural é controlada pelos órgãos respon-
sáveis, a saber: a Susep, no que se refere ao aspecto técnico dos segu-
ros, e o Mapa, no que se refere ao aspecto financeiro do PSR.

A Susep, por ser o órgão regulador, tem como um de seus objetivos


permitir a criação de um banco de dados de todas as operações rea-
lizadas nesse mercado. Complementarmente aos dados da Susep,
também é possível consultar as informações do PSR.

A seguir indicaremos as principais fontes de informação disponíveis


do mercado:

Atlas do Seguro Rural


Nesta ferramenta de consulta on-line é possível acessar os da-
dos consolidados das apólices subvencionadas desde o ano
de 2006. O Atlas do Seguro Rural tem atualização diária, sen-
do possível a realização de diferentes filtros e recortes para
estudos e coleta de informações do interesse do usuário.
http://indicadores.agricultura.gov.br/atlasdoseguro/index.htm.

Sistema de Subvenção Econômica


ao Prêmio do Seguro Rural (Sisser)
Para a realização de pesquisas mais aprofundadas, reco-
menda-se a utilização da base de dados completa do PSR.
http://dados.gov.br/dataset/sisser3

Dadas as características de operação do Seguro Rural, as informa-


ções relativas ao clima permitem uma melhor compreensão do que
está ocorrendo em campo e torna-se, portanto, fundamental: seja
por meio de bancos de dados diretos, pela leitura de jornais ou con-
sulta a mídias diversas. A seguir, elencamos alguns sistemas de aler-
tas meteorológicos:

56
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)


O instituto é responsável por prover informações meteorológi-
cas à sociedade brasileira, por meio de monitoramento, análi-
se e previsão de tempo e clima. O Inmet está encarregado do
Sistema de Suporte à Decisão na Agropecuária (Sisdagro), que
tem o objetivo de auxiliar no planejamento e manejo agro-
pecuário. O sistema oferece monitoramento das condições
agrometeorológicas vigentes até a data da consulta e dispo-
nibiliza uma previsão das condições para os próximos cinco
dias, entregando ao agricultor o balanço hídrico e a perda de
produtividade por deficiência hídrica dos principais cultivos
ao agronegócio brasileiro. Outra inciativa do instituto é a pu-
blicação de Boletins Agroclimatológicos mensais, que apre-
sentam um compilado de informações para o respectivo mês
acompanhado de um prognóstico para os meses seguintes.

Inmet: https://portal.inmet.gov.br/?r=home2/index
Sisdagro: http://sisdagro.inmet.gov.br/sisdagro/app/index
Boletins Agrometeorológicos:
https://portal.inmet.gov.br/boletinsagro

A produtividade esperada como apresentado anteriormente pode


ter diversas origens, mas na falta de informações que apresentem
mais especificidades e similitudes às condições do produtor, são uti-
lizadas as informações do IBGE.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


Os dados agrícolas do IBGE ficam disponíveis por meio do Le-
vantamento Sistemático de Produção Agropecuária que
representa o compilado da Produção Agrícola Municipal. O
acesso a esses dados se dá por meio do próprio site infor-
mado a seguir, ou também por meio da plataforma Sidra,
que disponibiliza informações mais específicas para a reali-
zação de recortes para usos diversos.

LSPA: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricul-
tura-e-pecuaria/9201-levantamento-sistematico-da-producao-a-
gricola.html?=&t=o-que-e
Sidra: https://sidra.ibge.gov.br/home/lspa/brasil

Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc)


O Zoneamento apresenta o Painel de Indicação de Riscos
para consulta de forma interativa, onde basta selecionar as
variáveis para identificar o período ideal para implantação
da cultura. Complementar ao sistema, existe o Siszarc, que

57
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

apresenta os relatórios de quais cultivares são adequados


para determinada região. Encerrando a lista dos disposi-
tivos desenvolvidos para orientação, temos o aplicativo
Zarc-Plantio certo, que permite que essas consultas sejam
realizadas por meio do smartphone, facilitando o trabalho
em campo. O aplicativo está disponível para Android e IOS.

Painel de indicação de risco: http://indicadores.agricultura.


gov.br/zarc/index.htm
Siszarc: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/siszarc/gerarRe-
latorioRelacaoCultivares!abrirFormConsulta.action

App Plantio Certo

Android: https://play.google.com/store/apps/details?id=embra-
pa.br.zonamento&hl=pt_BR
IOS: https://apps.apple.com/br/app/plantio-certo/id1518252333

1.6. Cadastro Nacional dos Encarregados dos


Serviços de Comprovação de Perdas (CNEC)
CNEC trata-se de um sistema online, alimentado por
­informações fornecidas pelos agentes financeiros e pelas
companhias seguradoras, aos quais caberá fornecer men-
salmente ao sistema a relação de entidades e profissionais
do seu banco de prestadores de serviços agronômicos que
atendam às condições para o cadastramento. O serviço
tem a finalidade de estruturar a rede de encarregados dos
serviços de comprovação de perdas e aprimorar os proce-
dimentos técnicos de comprovação de perdas.

O CNEC, foi instituído em 2018, pela Portaria nº 633, com


os seguintes objetivos: apoiar o desenvolvimento de ações
promovidas para capacitação dos encarregados de com-
provação de perdas; difusão de informações; aprimorar os
procedimentos técnicos de comprovação de perdas e auxi-
liar na fiscalização desses profissionais.

Foi inicialmente criado para auxiliar no Programa de G


­ arantia
da Atividade Agropecuária (Proagro), devendo as instituições
financeiras usarem apenas os encarregados cadastrados
no sistema. Atualmente, também dá suporte ao Programa
de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), devendo as
­seguradoras habilitadas encaminharem suas equipes de pe-
ritos ao cadastro.

58
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

O sistema é alimentado com dados disponibilizados e encami-


nhados pelos agentes financeiros. Estes devem encaminhar
mensalmente, a relação de profissionais e empresas de pe-
rícia, com prazo de até o dia 20 de cada mês. Esse material é
publicado ao final do mês, servindo para consulta dos ­peritos
e entidades que estão disponíveis para prestar serviço.

59
2
MÓDULO

VISTORIAS
DE SEGURO
AGRÍCOLA

2.1. introdução

2.1.1. Tipos de vistoria


Os seguros agrícolas têm características que não são observadas nos
demais seguros. Normalmente, apresentam vigência inferior a um
ano, pois ficam restritos ao tempo de desenvolvimento da planta e à
posterior colheita.

A vida da apólice, basicamente, constitui-se no seu período de vigência,


o qual se inicia logo após a contratação do seguro e finaliza com o tér-
mino do risco (Ex: colheita) ou final da vigência. Durante esse período
podem ocorrer alguns tipos distintos de vistoria, que variam conforme
o objetivo da seguradora, fase de desenvolvimento da lavoura ou ne-
cessidade de atendimento ao segurado.

Em linhas gerais, na operação diária de uma seguradora, existem seis


tipos de vistorias mais comuns entre aquelas, usualmente praticadas,
podendo existir variações e especificidades entre elas, conforme as re-
gras de negócios.

60
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Quando essas vistorias são realizadas no âmbito do PSR, existe uma


regulamentação específica para essa situação – a Resolução nº 73,
de 22 de junho de 2020, a qual divide as vistorias em dois grupos:
I) vistorias prévias e de monitoramento e II) vistorias de sinistros.

FIGURA 5 | TIPOS DE VISTORIA

CONTRATAÇÃO SINISTRO

VIGÊNCIA DA APÓLICE

PRELIMINAR
FINAL
AGRAVAMENTO
REVISTORIA

Fonte: ENS, 2021.

Vistorias prévias e de monitoramentos

As vistorias prévias e de monitoramento são sempre realizadas


antes da ocorrência de um sinistro. São comumente chamadas de
“inspeção” e, apesar de apresentarem procedimentos semelhantes,
apresentam objetivos bem distintos.

Vistoria prévia
Como o próprio nome já confirma, esse tipo de vistoria é
realizado em momento anterior à efetivação da contrata-
ção da apólice e objetiva verificar as condições da lavoura a
ser segurada, de forma que a seguradora possa ter certeza
se aquelas informações passadas na proposta de seguro
são verdadeiras, amparando, assim, a decisão da compa-
nhia pela aceitação (ou não) do risco.

61
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Vistoria de monitoramento
Ocorre após a contratação da apólice, portanto, com o risco já
aceito pela seguradora. Diferentemente das vistorias prévias,
o principal objetivo da vistoria de monitoramento é verificar
se as condições da lavoura segurada estão em conformidade
(do risco) com as regras vigentes no seguro contratado.

Caso isso não aconteça, a seguradora pode emitir um en-


dosso ajustando o prêmio cobrado ao risco verificado, ou
até mesmo cancelar o seguro em situações mais extremas.

Importante dizer ainda que tanto as vistorias prévias quanto as de


monitoramento são normalmente realizadas de forma amostral. E
obedecem a critérios técnicos ou situações de interesses momentâ-
neos definidos pela própria companhia.

Os pontos de maior importância a serem observados nas vistorias


prévias e de monitoramento são:

Localização: com auxílio do GPS e/ou aplicativo


deve-se conferir se as coordenadas geográficas
da proposta segurada correspondem ao local do risco.

Tamanho da área
Com o auxílio do GPS e/ou aplicativo deve-se percorrer todo
o perímetro da área a fim de medir o tamanho real da ex-
tensão do risco e comparar com a da proposta de seguro.

Tipo de solo
Confirmar se o tipo de solo é igual ao constante na propos-
ta e, caso necessário, realizar amostragem conforme reco-
mendações da Embrapa.

Data de Plantio
Confirmar se a data de plantio foi feita dentro do Zarc, se é
a mesma informada na proposta e se está condizente com
o estádio fenológico da cultura.

Se os tratos culturais estão de acordo


com as instruções técnicas
Verificar se a cultura está sendo conduzida conforme as re-
comendações técnicas, examinando o manejo, stand ideal,
adubação e aplicação de defensivos.

62
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Preexistência de algum risco


Verificar se a lavoura apresenta danos e perdas com qual-
quer evento coberto ou não pelo seguro.

Caso haja divergências nos pontos citados, sempre deverão ser evi-
denciadas com fotos e incluídas nos laudos de vistoria para que se-
jam tomadas as medidas cabíveis posteriormente.

Os demais tipos de vistorias têm relação com os sinistros avisados.

Vistorias de Sinistro

De forma geral, as vistorias de sinistro acumulam e repetem todos os


levantamentos iniciais verificados nas vistorias prévia e de monitora-
mento, tais quais: confirmação da área segurada, avaliação das con-
dições da lavoura e manejos realizados, dentre outros. Porém, uma
vez que já tenha ocorrido um sinistro, elas adicionam procedimentos
relacionados a constatação e qualificação dos danos.

As vistorias de sinistro, como o próprio nome sugere, ocorrem logo


após o comunicado de um sinistro pelo segurado à seguradora.

Prazos

Existem regulamentos do MAPA que definem prazos a serem cum-


pridos pelos segurados e seguradoras após a ocorrência do sinistro.
Podem existir variações de acordo com o produto, então é importan-
te estar atento às condições da apólice em análise.

Segurados
Os produtores/ segurados, possuem prazos a serem cumpri-
dos para permitir a correta aferição das perdas pelos peritos,
que são de:

» No máximo 5 dias para coberturas de seca e chuva exces-


siva, contados a partir do término da estiagem ou chuva.

» No máximo 8 dias para coberturas de chuva excessiva na


colheita, geada, granizo, incêndio/raio, inundação, varia-
ção excessiva de temperatura, ventos frios e ventos fortes.

» No máximo 15 dias antes da colheita, para o agendamen-


to da vistoria final.

63
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Seguradoras
A seguradora, por sua vez, tem a obrigação de após rece-
ber o aviso do sinistro, realizar a vistoria preliminar em até
20 dias corridos, e agendar com o segurado a vistoria final
com um prazo máximo de 15 dias antes da data informada
de realização da colheita.

Tipos de vistorias de sinistro

Os atendimentos a campo podem ocorrer em diversos momentos


do desenvolvimento da cultura e apresentarem finalidades distintas
entre si. Dependendo do momento de acionamento e fase de de-
senvolvimento da lavoura, as vistorias de sinistros dividem-se, basi-
camente, em quatro tipos de vistoria: preliminar, final, agravamento
e revistoria.

Vistoria preliminar
Trata-se de uma vistoria realizada logo após a comunicação
do sinistro à seguradora cujo objetivo é constatar a ocor-
rência do evento reclamado, sua consequência, bem como
a intensidade dos danos causados à cultura.

Ela é realizada quando a lavoura ainda não possui condição


de ter sua produtividade mensurada, ou seja, quando sua
capacidade produtiva ainda não está totalmente definida
ou a maturação fisiológica da cultura ainda está distante.

O intuito de sua realização é abastecer a seguradora de-


mandante com informações e estimativa de prejuízos que
serão utilizadas para a atualização de suas reservas técni-
cas e o subsídio da vistoria final.

Nas vistorias preliminares, temos a oportunidade de me-


lhor avaliar as conformidades de manejo da lavoura, época
de plantio e fase de desenvolvimento no qual a cultura foi
afetada pelo sinistro, as quais normalmente são mais difí-
ceis de constatar no momento da colheita.

Vistoria preliminar de replantio


A vistoria preliminar de replantio ocorrerá logo após o re-
cebimento da demanda realizada pela seguradora, quando
a cultura segurada for atingida em seus períodos iniciais
de desenvolvimento por um dos eventos cobertos (em ge-
ral tromba d’água, chuva excessiva e granizo) e verificado
à campo a necessidade de replantio para que o potencial
produtivo seja restabelecido.

64
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Importante atentar-se às particularidades de cada segura-


dora, principalmente no que se refere ao estado fenológico
da cultura quando da ocorrência do evento e o percentual
da área afetada.

Neste sentido, relacionamos os principais pontos a serem


registrados no laudo de vistoria nesta ocasião:

» Constatar se o evento reclamado realmente ocorreu;

» Identificar o estádio fenológico ou altura das plantas na


data da ocorrência do evento;

» Medir, preliminarmente, a área sinistrada identificando-a


em croqui anexo ao laudo;

» Informar a densidade populacional antes e depois da


ocorrência do evento comunicado;

» Informar um parecer sobre a necessidade, ou não, do


replantio para a seguradora;

» Confirmar a possibilidade de realização do replantio


dentro do Zoneamento Agrícola da cultura.

Vistoria preliminar de produção (cobertura básica)


O momento em que deve ser realizada e sua relevância
para as companhias seguradoras já foram abordados em
tópicos anteriores, porém, destacamos aqui os principais
aspectos a serem observados pelos profissionais de campo
nessa ocasião:

» O evento comunicado e a data ou período da ocorrência;

» A área segurada, plantada e sinistrada;

» As variedades, cultivares, ou híbridos utilizados;

» O tipo de semente utilizada (certificada, fiscalizada ou pró-


pria);

» A data de plantio de cada gleba, ou talhão da área se-


gurada/sinistrada;

» O tipo de solo predominante em cada gleba, ou talhão;

65
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

» O estádio fenológico da lavoura na data, ou período de


ocorrência do evento comunicado;

» Conformidade de manejo e condução da lavoura;

» A intensidade dos danos em cada gleba ou talhão;

» A previsão de colheita de cada talhão, ou gleba;

» Se a área é proveniente de pastagem ou reflorestamento;

» Se a lavoura é intercalar ou consorciada com outra cultura;

» Os riscos não cobertos existentes e o percentual de


perda provocado por eles;

» Incluir em laudo as observações técnicas sobre o sinis-


tro comunicado e condições gerais da lavoura segurada.

Além destas informações o perito deverá elaborar um cro-


qui georreferenciado da área vistoriada e um relatório foto-
gráfico ilustrativo e comprovatório da vistoria.

Vistoria final
Seu objetivo é determinar a produtividade final da lavoura e
mensurar de forma definitiva os danos causados pelo sinis-
tro, portanto, a vistoria final é realizada após a maturação
fisiológica da cultura: geralmente no momento da colheita.
Também pode ser realizada na fase inicial, de implantação
da cultura, em sinistros relacionados às coberturas de re-
plantio, dependendo das características da apólice e inten-
sidade dos danos sofridos.

Normalmente, ela ocorre após a realização da vistoria pre-


liminar, mas pode ser realizada no primeiro atendimento,
nos casos em que o sinistro já fora comunicado no momen-
to da colheita, em condições ideais de amostragem.

Vistoria final de replantio (cobertura de replantio)


Deve ser realizada após a confirmação do replantio e da
emergência das plantas pelo segurado ou preposto. Nela,
o perito deverá:

66
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

» Confirmar ou não a realização do replantio;

» Informar a data em que a nova semeadura foi realizada;

» Identificar o estádio fenológico das plantas;

» Medir a área efetivamente replantada identificando-a


em croqui anexo ao laudo;

» Informar a densidade populacional da área replantada.

Vistoria final de produção (cobertura básica)


Nessa oportunidade o perito deverá atentar-se a:

» Se os dados coletados conferem com os exibidos no


laudo preliminar, se este foi realizado;

» Identificar as glebas ou talhões avaliados;

» Mensurar a área colhida durante a amostragem;

» Anotar atentamente o valor da produção bruta da amostra;

» Ponderar os descontos das impurezas e umidade da


amostra;

» Obter o valor da produção líquida da amostra;

» Calcular a produtividade da amostra;

» Verificar a ocorrência de perdas na colheita durante a


etapa de coleta das amostras;

» Mensurar e reportar em laudo as áreas eventualmente


colhidas antes da vistoria;

» Definir a metodologia utilizada na avaliação da produti-


vidade de acordo com os recursos disponíveis;

» Verificar o bom funcionamento dos equipamentos que


serão utilizados no procedimento de amostragem;

» Incluir em laudo as observações técnicas sobre o sinis-


tro comunicado.

Além destas informações o perito deverá elaborar um ­croqui


georreferenciado da área vistoriada e um relatório fotográfico
ilustrativo e comprobatório da vistoria.

67
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Vistoria preliminar/Final
Trata-se de uma variação da vistoria preliminar. Esse tipo
de vistoria é realizado quando há uma parte da lavoura em
pré-colheita, quando é possível quantificar sua produtivi-
dade, e outra ainda em condições insatisfatórias para se
realizar a amostragem.

Normalmente é realizada em áreas maiores ou com escalo-


namento de plantio, o que resulta em talhões com diferen-
tes estágios de maturação.

Essa nomenclatura pode variar entre as seguradoras e ser


tratada repetidamente como vistoria preliminar até que a
última parte da área segurada total seja amostrada, reali-
zando a Vistoria Final.

Vistoria de agravamento
Trata-se de uma vistoria realizada para a reavaliação do risco
devido ao agravamento dos danos em função do evento co-
municado e/ou da ocorrência de um novo evento.

Assim como a vistoria preliminar, ela é realizada antes da


vistoria final, quando a lavoura ainda não possui condições
de ter sua produtividade mensurada, ou seja, quando sua
capacidade produtiva ainda não está totalmente definida
ou a maturação fisiológica da cultura está distante.

Revistoria
Trata-se de uma nova vistoria para o mesmo local de risco que
tenciona atender uma solicitação procedente do segurado ou
da própria seguradora.

Seu objetivo é de dirimir eventuais dúvidas ou discordâncias


provenientes da vistoria anterior ou para constatar ou confir­
mar algum procedimento ou operação, como o replantio.

Importante ressaltar que ela deverá ser realizada somente


após a aprovação e demanda por parte da seguradora.

Ela também pode ser solicitada pela própria seguradora


para verificar alguma dúvida que não foi sanada na visto-
ria anterior ou para averiguar alguma operação da lavoura
como, por exemplo, a confirmação de replantio.

68
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.1.2. Fluxo Operacional das Vistorias


Existe um fluxo operacional que é comum à realização de qualquer
uma das vistorias apresentadas anteriormente, o qual pode ser cha-
mado de jornada de vistoria. Essa jornada se inicia quando do aciona-
mento do perito pela seguradora, e se encerra na realização da vistoria
e consequente remuneração pelo serviço prestado. Ela pode até sofrer
pequenas variações de um ou outro detalhe entre seguradoras, mas é
importante que o cumprimento de cada uma dessas etapas tenha por
base sólida a conduta ética como forma de garantir a qualidade dos
serviços prestados, e a própria sustentabilidade do negócio.

FIGURA 6 | JORNADA DE VISTORIA

Fonte: ENS, 2021.

69
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.2. DEMANDA DO SERVIÇO

2.2.1. Como funciona?


As principais contratantes desse serviço são as companhias de segu-
ro. Ao modo pelo qual uma seguradora aciona o perito (ou sua em-
presa) para que realizem os trabalhos de vistoria, sejam elas prévias,
monitoramento ou sinistros, chamamos de demanda do serviço.

Antes de o serviço ser efetivamente demandado, é comum que as


seguradoras façam cadastros prévios de seus prestadores de ser-
viços. Esse cadastro, normalmente, é formalizado por meio de um
contrato de prestação de serviços. Feito isso, a solicitação do serviço
pode ser solicitada por e-mail, ferramentas de gestão de vistorias ou
até mesmo aplicativos instalados em celulares e tablets, de acordo
com a forma de atuação de cada seguradora.

No que se refere ao perito, é de fundamental importância que co-


nheça os procedimentos de recebimento, aceite a devolução das
demandas formuladas pelas seguradoras, bem como os canais de
comunicação com elas, de forma a conseguir reportar qualquer fato
relevante à realização dos trabalhos.

O respeito aos prazos, o fornecimento de informações sobre agen-


damento e um bom planejamento para a execução dos trabalhos
são algumas das características buscadas pelas companhias de se-
guros para a seleção do profissional a ser demandado.

2.2.2. Como atender uma demanda de serviço?


Agora que já entendemos o que vem a ser a demanda de serviço, é im-
portante sabermos a melhor forma de atendê-la. Considerando que o
contratante do serviço será a seguradora, o profissional deve ter em
mente que alguns pontos são importantes no atendimento dessas ex-
pectativas. O perito deve estar atento a quatro pontos importantes:

LOGÍSTICA RECUSAS

70
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

A seguir, falaremos mais detalhadamente de cada um desses pontos:

2.2.2.1. Capacidade de atendimento


A capacidade de atendimento é uma etapa muito importante no
processo de vistorias e deve ser muito bem dimensionada devido à
complexidade. Embora a remuneração do perito está diretamente
atrelada ao volume de trabalho, aceitar várias demandas de serviço
ao mesmo tempo poderá acarretar em vários problemas que com-
prometerá a qualidade dos serviços prestados impactando também
no processo das seguradoras.

É necessário levar em consideração que por vezes uma única de-


manda pode acarretar na realização de várias visitas ao mesmo se-
gurado. Isso ocorre com frequência nos atendimentos de sinistros
quando normalmente há uma vistoria preliminar (nesse caso, o co-
municado é realizado num período distante da colheita e o perito se
desloca até a área a fim de constatar o evento e suas consequências)
e uma vistoria final, às vésperas da colheita (que tem por objetivo
quantificar a produtividade obtida naquela área).

Quando há um escalonamento de plantio ou a área segurada é por


demais extensa, certamente haverá necessidade também da reali-
zação de vistorias intermediárias ou parciais, visto que porções do
plantio podem já ter atingido o ponto de colheita ao passo que ou-
tras ainda não.

Contribui para o aumento da complexidade já mencionada, o fato


da maior parte das colheitas de uma região estar concentrada num
curto período de tempo.

Este evento pode inviabilizar a execução das vistorias finais de um


profissional que realizou o aceite de várias demandas, no decorrer
da safra, sem o uso de critérios de seleção.

Outro fator importante é que ao trabalhar acima da sua capacidade


de atendimento, o perito estará sujeito a desgastes físicos e mentais,
gerando consequências para si próprio e para as seguradoras:

71
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Consequências para o Perito:

> Acarretar erros de procedimento;

> Falhas no preenchimento de laudos;

> Perda da atenção a fatores que causam impacto direto no resul-


tado do trabalho; Perda na qualidade de entrega do trabalho;

> Ocasionar acidentes ao tentar otimizar o tempo de desloca-


mento entre um atendimento e outro.

Consequências para seguradoras:

Sob a ótica das seguradoras, um prestador sobrecarregado pode


ocasionar perdas financeiras pelo mal atendimento e prejudicar a di-
nâmica de demandas, já que em safras catastróficas fica praticamen-
te inviável, às vésperas da realização da vistoria, o remanejamento
da mesma, devolvida por um perito por falta de agenda.

É importante mencionar que o dimensionamento da capacidade de


atuação deve ser realizado pelo próprio perito, uma vez que este
pode prestar serviços para mais de uma seguradora.

Portanto é fundamental estabelecer previamente critérios de seleção


antes de aceitar uma demanda e avaliar constantemente a capaci-
dade de realização de vistorias (ex.: vistoria/dia, vistoria/semana ou
horas/vistoria), a qual pode variar em função da logística, complexidade
do sinistro, tamanho da área segurada e diversos outros fatores.

2.2.2.2. Logística
Considerando que os seguros rurais apresentam a característica de
que os locais de inspeção não são perto um dos outros, a questão da
logística a ser pensada pelo perito é de suma importância para que
ele consiga cumprir todas as suas demandas.

Nesse sentido, um bom planejamento logístico pode fazer toda a


diferença para otimizar os atendimentos do profissional de campo,
além de maximizar seu faturamento ao final da safra.

Quando falamos em logística, não estamos nos referindo apenas


aos deslocamentos, mas ao processo desde o seu início, iniciado no
contato com o segurado, em que serão coletadas informações sobre
a localização dos riscos, estabelecendo pontos de encontro, combi-

72
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

nando o horário em que o produtor estará na propriedade, confir-


mando se a colheitadeira já estará na área segurada, se ambas estão
em condições para se realizar a amostragem e assim por diante.

Com base nessas informações e com o auxílio de mapas ou aplicati-


vos de roteirização, o profissional pode programar as vistorias que
realizará naquele dia de modo a minimizar os custos e, consequen-
temente, potencializar o aceite de novas demandas.

Qualquer desvio que possa inviabilizar o atendimento de uma visto-


ria deve ser imediatamente notificado à seguradora para possibilitar
uma rápida tomada de decisão, evitando, assim, qualquer transtor-
no no atendimento ao segurado.

2.2.2.3. Remuneração e prestação de contas


O perito deve estar sempre atento e ciente acerca dos critérios de
remuneração estabelecidos nos contratos firmados com cada segura-
dora. Obviamente que nenhuma companhia é igual, e seus processos
também sofrem variação entre si. Da mesma forma acontece com
a remuneração, não apenas no que diz respeito aos valores a serem
­pagos, mas também aos critérios de reembolsos, e quais despesas rea-
lizadas terão esse benefício. Isso pode mudar para cada tipo de serviço.

Recomenda-se que as prestações de contas sejam realizadas o mais


rápido possível, na medida em que faz a devolutiva de seus trabalhos
às seguradoras para evitar acúmulos ou atrasos. Estes últimos podem
incorrer na sua descapitalização e na impossibilidade de realizar novos
atendimentos, já que as despesas inerentes à atividade como: combus-
tível, manutenção do veículo, alimentação e hospedagem, por exemplo,
tendem a ser elevadas.

A característica sazonal dessa atividade exige também que o profis-


sional de campo tenha um planejamento financeiro muito eficiente,
o que aumenta a importância de uma gestão ativa das demandas a
serem executadas e da remuneração proveniente da atividade. É de
grande importância que o perito guarde todos os comprovantes de
despesas e se mantenha organizado com seus custos pessoais.

73
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.2.2.4. Recusas
O perito antes de aceitar uma demanda de serviço, deve avaliar se há
conflito de interesse no relacionamento com o produtor.

Quando existe qualquer tipo de vínculo entre o perito e o segurado,


tais como: algum grau de parentesco, amizade ou relação comercial, é
obrigação do perito recusar a demanda para a realização da vistoria.

Estes vínculos que podem existir entre perito e segurado ameaçam


interferir, muitas vezes de forma inconsciente ou consciente, na relação
de ambas as partes durante a vistoria.

Imaginemos, por exemplo, um consultor técnico com seu cliente,


a relação de amizade entre os dois, num primeiro momento, pode
até parecer um facilitador para o profissional que pretende conduzir
uma vistoria de forma tranquila. Porém, tal fato pode ser interpre-
tado de modo equivocado pelo segurado, que em um momento de
fragilidade, como é o de um sinistro, pode vir a pedir que o amigo
lhe ajude, colocando em risco o bom relacionamento entre os dois.

Há, por parte das seguradoras, a forte recomendação de recusas


nos casos citados acima, posto que uma vistoria nestas condições
pode comprometer a aferição correta de uma lavoura. Desse modo,
não deve existir temores, da parte dos peritos, quanto a possíveis
retaliações ou preterimento do envio de novas demandas a outro
profissional, uma vez que os casos de recusa, por estas razões, são
completamente aceitos e elogiáveis eticamente.

Além dos motivos mencionados acima, são passíveis de recusa aqueles


casos que extrapolarem a capacidade de atendimento da empresa ou
do perito, vistorias de sinistro cujo prestador já havia realizado vistoria
prévia do risco, produtores com histórico de conflito com o profissional
demandado pela seguradora, entre outros.

2.3. AVALIAÇÃO DE APÓLICES

2.3.1. Como funciona o fluxo


de avaliação de apólices?
Uma vistoria não se inicia na visita in loco ao local segurado! Começa
bem antes disso, desde o momento em que a seguradora passa ao
perito todas as informações necessárias à sua realização.

74
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Uma análise bem feita dessas informações, garante um planejamento


técnico e logístico para a realização das vistorias, otimizando o traba-
lho e criando as melhores condições para a realização de um serviço
de qualidade.

É importante que o perito conheça o significado de cada termo e


qual a utilidade de cada campo dos questionários e do sistema da se-
guradora, além do conhecimento das condições gerais. As Condições
Gerais ficam disponíveis no site da Susep e podem ser encaminha-
das pelas seguradoras ou obtidas em seus respectivos sites.

Por uma questão de segurança interna, a maior parte das segura-


doras não dá acesso à apólice completa aos peritos. Cabe ressaltar,
porém, que as informações básicas referentes ao processo para a
realização das vistorias são sempre disponibilizadas.

Além das informações básicas (seja da contratação, seja do sinistro),


é de fundamental importância que as seguradoras disponibilizem
também o croqui da área segurada. Sem esses dados, não é possível
a realização do serviço com a qualidade necessária, havendo o risco
de vistoriar uma área diferente da segurada. Caso o perito não os
receba, é importante entrar em contato com a seguradora antes do
agendamento e realização da vistoria.

Essas informações devem também acompanhar o perito a campo, du-


rante todo o seu trabalho, para que nenhuma informação seja perdida.

TABELA 2 | EXEMPLO DE INFORMAÇÕES ENCAMINHADAS


NA DEMANDA DA VISTORIA DE SINISTRO

INFORMAÇÕES DA APÓLICE
Apólice 2108202000
Número do sinistro 2108
Segurado João da Silva
Telefone para contato (11) 3333-3333
Responsável por acompanhar a vistoria Roberto da Cunha
INFORMAÇÕES DA PROPRIEDADE
Nome da Propriedade Pedra Branca
Cidade Barbosa Ferraz
Estado PR
INFORMAÇÕES DO SINISTRO
Cultura segurada Soja
Data da ocorrência do sinistro 21/01/2020

75
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Data do comunicado do sinistro 28/01/2020


Evento comunicado Chuva Excessiva
Cobertura Básica

ITENS SINISTRADOS
ITEM 1
Nome da propriedade Pedra Branca
Área segurada 35 ha
ITEM 2
Nome da propriedade Pedra Branca
Área segurada 53 ha

Fonte: Mapa, 2020.

2.3.2. Componentes da apólice


A compreensão das informações que estão contidas em uma apólice e
como utilizar cada uma delas é de extrema importância para o perito.
O entendimento de todos os dados serve à boa comunicação entre
seguradora e segurado, além de ser instrução elementar para a ade-
quada realização do seu trabalho.

Dito isso, apresentaremos a seguir os principais termos e suas defi-


nições, que são normalmente encontrados nas apólices de seguros:

Apólice
Documento emitido pela seguradora para formalizar a
aceitação do risco e estabelecer os limites, as coberturas
contratadas, os direitos e as obrigações das partes, além
do previsto nas condições gerais, especiais e particulares,
quando for o caso, do contrato de seguro.

Área segurada
Extensão de terras cultivadas com a cultura agrícola infor-
mada na apólice. A área segurada de cada uma das proprie-
dades da apólice deverá estar claramente demarcada em
croqui e com informação dos pontos georreferenciados.

Área sinistrada
Parcela de terra contida na área segurada que tenha sofrido
danos causados por um ou mais eventos cobertos pelo seguro.

76
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Aviso de sinistro
Comunicação formal realizada pelo segurado ou beneficiá-
rio, por escrito, para dar imediato conhecimento à segura-
dora da ocorrência de evento passível de cobertura.

Carência
É um espaço de tempo, determinado na apólice, no qual
o segurado não tem direito a ser ressarcido se ocorrido o
sinistro.

Cobertura adicional
Aquela que a seguradora admite, mediante inclusão na
apólice e pagamento de prêmio complementar.

Cobertura básica
Cobertura principal de um plano de seguro, sem a qual não
é possível emitir uma apólice. A ela são agregadas as cober-
turas adicionais, se ou quando for o caso.

Condições gerais
Conjunto das cláusulas comuns a todas as modalidades e/
ou coberturas de um plano de seguro, que estabelecem as
obrigações e os direitos das partes contratantes.

Corretor de seguros
É a pessoa física e/ou jurídica devidamente habilitada a in-
termediar o contrato de seguro entre segurado e segurado-
ra. O corretor de seguros responde civilmente perante as
partes pelos prejuízos que causar no exercício da profissão.

Croqui da área da propriedade


Esboço da área da propriedade com delimitação do perí-
metro da área segurada, por meio da demarcação de pon-
tos georreferenciados.

Cultura segurada
Cultura agrícola implantada e tecnicamente conduzida na
propriedade do segurado ou sob sua responsabilidade, in-
dicada na proposta e expressa na apólice.

Endosso
Documento que é parte integrante e inseparável do contrato
de seguro. A seguradora emite o endosso após aceitação de
alteração na apólice, acordada entre as partes, ou determinada
em razão de disposições constantes nas condições contratuais.

77
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Preposto
Representante do segurado.

Produtividade esperada
Trata-se da referência de potencial produtivo da lavoura
segurada. Deverá corresponder tanto quanto possível à
média histórica de produtividade da área a ser segurada.
O mercado segurador define este parâmetro por meio de
análise técnica, considerando dados históricos da sua car-
teira, referenciais de produtividade média, como o IBGE e
os bancos de dados de cooperativas e instituições financei-
ras, informações de empresas de assistência técnica rural,
além dos dados consultados no histórico das atividades do
produtor rural. Tem sido cada vez mais frequente a utiliza-
ção de uma base de dados mais representativa da realidade
local dos produtores, tornando os seguros mais adequados
às necessidades dos contratantes.

Produtividade garantida
Produtividade da cultura agrícola indicada na proposta e
expressa na apólice, sendo igual à multiplicação da produ-
tividade esperada pelo nível de cobertura escolhido pelo
segurado.

Produtividade obtida
Trata-se da produtividade média da área segurada, após a
ocorrência de um sinistro, aferida pelo perito credenciado
pela seguradora para avaliar os prejuízos. Será utilizada
como parâmetro para definir o direito à indenização.

Riscos não cobertos


São riscos que se encontram relacionados dentre os ris-
cos não seguráveis pelas condições e cláusulas da apólice;
aqueles que a seguradora não admite cobrir ou que a lei
proíbe que possam ser objeto do seguro. Têm dupla natu-
reza, podendo ser terminantemente excluídos ou podendo
ser incluídos na cobertura do seguro, em casos especiais,
mediante a cobrança de prêmio complementar.

78
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Segurado
Pessoa física ou jurídica em nome de quem se faz o segu-
ro e que tem interesse econômico exposto ao risco; aquele
que se compromete a pagar o prêmio à seguradora.

Vigência
Período de validade da cobertura da apólice e dos endos-
sos a ela referentes.

2.3.3. Pontos de atenção


para avaliação de croqui
Ao receber o aviso de sinistro, além das informações básicas para a
realização da vistoria, a seguradora também deverá encaminhar ao
perito o croqui da área segurada, pois é por meio dele que o perito
poderá identificar a área segurada e sinistrada, daí sua importância
para a seguradora quando dos sinistros. Identificar se a área esta-
va coberta é parte fundamental para que a seguradora não efetue
indenizações indevidas. Caso o perito não o receba junto com as in-
formações da vistoria, ele deve entrar em contato com a seguradora
solicitando o documento antes do agendamento da vistoria com o
segurado, e não deve realizar a vistoria sem esse documento sob
pena de ter seu trabalho prejudicado.

O perito deverá verificar as informações da apólice e do croqui en-


viado, sendo recomendado que seja feito um estudo dessas infor-
mações antes do agendamento da vistoria com o segurado, como:
verificar se a área informada em croqui corresponde ao município
informado no comunicado, buscar por informações climáticas na
região em sites meteorológicos entre outros procedimentos que au-
xiliem na coleta de evidências e na interpretação das condições de
campo no momento da vistoria.

Caso constate que as áreas plantada e segurada sejam divergentes,


seja no que se refere ao tamanho, coordenadas ou tipo de cultura, o
perito deverá fazer o desenho de um novo croqui e identificar a área
e as divergências constatadas em campo.

Nos casos de vistorias de sinistros para a cobertura de replantio, é


importante que o perito identifique no croqui qual a área afetada e
que deverá ser replantada em laudo preliminar, bem como a área
efetivamente replantada ou não replantada em laudo final.

79
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

A tecnologia de hoje facilita muito o trabalho do perito nesse sen-


tido. Atualmente, o croqui pode ser desenhado manualmente em
sites, aplicativos e ferramentas GEO diversas (ex.: Google Earth). Ele
também pode ser importado do arquivo GPS utilizado na vistoria ou
desenhado à mão pelo próprio profissional nos casos em que ferra-
mentas mais dinâmicas não estejam disponíveis.

Vale ressaltar que, para casos de inconsistência nos croquis, o proce-


dimento a ser adotado pode não ser único para as seguradoras. A fim
de que não ocorram falhas durante a vistoria, o perito deverá saber
qual o procedimento adotado pelo demandante nestas situações.

A seguir, veja um exemplo de croqui utilizado na prática:

FIGURA 7 | EXEMPLO DE CROQUI

Croqui enviado pela seguradora ao Croqui desenhado pelo perito


perito com a identificação da área de acordo com a área plantada.
segurada destacada em amarelo. Identificada em vistoria, a área
plantada está indicada em verde.

Fonte: Mapa, 2020.

2.3.4. Documentos complementares


Algumas vistorias podem ocorrer antes da realização da ocorrência
de sinistros, como é o caso das vistorias prévias e de monitoramen-
to. Essas vistorias trazem informações importantes para a segura-
dora, tais como: data de plantio, variedade plantada, área plantada/
segurada, tipo de solo, entre outras.

Também podem ocorrer vistorias na área segurada referentes a


coberturas diferentes, como é o caso da vistoria para a cobertura
de replantio.

Para a realização das vistorias de sinistros, é importante que a se-


guradora disponibilize para o perito o acesso a esses documentos
e que essa documentação também seja analisada antes do agenda-

80
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

mento e realização da vistoria. Só assim será possível avaliar toda a


área segurada da melhor maneira possível, além de ter o conheci-
mento e histórico dela.

É importante que o perito sempre se atente aos fatores de: área


segurada e área plantada, variedade(s) plantada(s), data do plantio
informada pelo segurado, estágio da cultura na data da vistoria, veri-
ficar se ela condiz com a data de plantio informada, estágio da cultu-
ra na data do evento, croqui, entre outros.

Qualquer divergência encontrada nos documentos encaminhados,


ou na vistoria realizada, é importante que seja relatada no laudo da
vistoria e que o perito entre em contato com a seguradora o quanto
antes para relatar as informações divergentes.

Previamente, ou durante a realização da vistoria, caso tenha dúvidas


que interfiram na conclusão da análise técnica, o perito poderá soli-
citar documentos que considere necessários para sua conclusão, por
exemplo, notas fiscais de sementes e insumos.

É importante que esteja descrito em laudo a solicitação desses docu-


mentos para que a seguradora possa, com o perito, acompanhar o
recebimento e analisar os documentos solicitados.

2.4. CONDUTA PARA AGENDAMENTOS

2.4.1. Requisitos para uma boa conduta


Deve-se ter em mente que o perito é o “rosto” da seguradora no
contato com o segurado, seja em uma vistoria de acompanhamento,
seja em uma de sinistro. O agendamento da vistoria é o primeiro
contato da empresa prestadora de serviço com o segurado. Essa pri-
meira impressão deve ser positiva, portanto, é desejável que o perito
cumpra alguns requisitos:

Pontualidade
O profissional deve estar atento ao prazo definido pela se-
guradora para realizar o agendamento.

Educação e cordialidade
Vale lembrar que estamos tratando de uma prestação de
serviços e que, se o tratamento dado pelo representante da
companhia não agradar, é bem possível que surjam recla-

81
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

mações que podem levar à perda do cliente pela segurado-


ra ou solicitações recorrentes de segurados ou corretores
para que o profissional de campo não atue mais em deter-
minados casos.

Agendamento
Procure informar ao segurado, ou a seu representante,
as opções de datas razoáveis para a realização do atendi-
mento. Caso não haja compatibilidade de agendas, o pro-
fissional de campo deverá informar o fato à seguradora
demandante o mais rápido possível. Esta irá avaliar a pos-
sibilidade de encaminhar um outro profissional para reali-
zá-lo. O perito nunca deve insistir em realizar a vistoria em
uma data desfavorável ao produtor pelo simples fato de
não querer perder o trabalho.

Passar segurança
Demonstrar segurança e conhecimento sobre o risco pode
se tornar um facilitador do diálogo e da execução dos tra-
balhos, por isso é muito importante que o profissional ana-
lise cuidadosamente a documentação encaminhada pela
seguradora antes de realizar o agendamento.

Profissionalismo
Ao entrar em contato com o segurado, apresente-se de for-
ma educada informando o nome da seguradora e da em-
presa que será responsável pela prestação do serviço. Seja
claro e conciso, explicando de forma técnica como será o
andamento dos trabalhos e esclareça quaisquer dúvidas
que surjam na conversa.

Empatia
O diálogo que traz confiança neste momento é essencial,
pois, de forma geral, há pouco tempo o produtor teve uma
frustração de safra e busca o apoio do serviço contratado
para que o atenda no momento do sinistro.

82
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.4.2. Coleta de Informação


Coleta de informação

Durante o agendamento, o perito tem oportunidade de colher infor-


mações preliminares importantes para o bom andamento da inspe-
ção, tais como:

> Histórico de ocupação da área;

> Data de realização do plantio;

> Material utilizado;

> Período de ocorrência de um evento e os manejos empre-


gados na unidade segurada (desde que ratificados por oca-
sião da vistoria e que constem em laudo), entre outros.

Esses dados podem ser fundamentais para a decisão da companhia


de aceitar determinado risco ou conferir cobertura a um evento que
está sendo reclamado.

Obviamente que nenhum sinistro será regulado pelo telefone ou


que algum risco será aceito por meio do uso de um aplicativo de
mensagens, mas essas oportunidades são propícias para que o peri-
to já programe como se dará a execução dos trabalhos com base nas
informações colhidas.

A comunicação clara e cortês é fundamental para qualquer tipo de


interação. Isso ocorre, pois as pessoas são diferentes entre si na per-
cepção das mensagens passadas. A forma de receber e compreender
o que é dito não é igual para todos, e é com base nessas diferenças
que os conflitos se estabelecem.

Recomendações ao segurado

Após algumas perguntas simples, o perito tem condições de mapear


alguns cenários e orientar o segurado sobre como proceder em de-
terminados casos.

Podemos citar como exemplo uma situação em que o produtor não


possa, por algum motivo, acompanhar a vistoria, mas deseje indicar
uma outra pessoa (que não esteja nomeada na apólice ou proposta
de seguro) para isso. Nesse caso, o perito pode orientar o produ-
tor a providenciar uma procuração que dê poderes ao indicado para
acompanhar a vistoria e assinar o laudo.

83
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Outra situação seria no agendamento de uma vistoria final de si-


nistro, em que o profissional de campo precisa saber quais são os
recursos disponíveis para a realização dos trabalhos para, dessa for-
ma, definir a metodologia a ser empregada.

Deve-se também orientar o interlocutor sobre a necessidade de pre-


servação da área para a realização da vistoria, não podendo o segu-
rado replantar, erradicar ou colher a área antes da conclusão dos
trabalhos ou liberação da seguradora, sob pena de perder o direito
sobre uma eventual indenização.

Por fim, o profissional de campo deve se ater às orientações perti-


nentes à execução de seu trabalho, sendo proibida qualquer indica-
ção de manejo, recomendação ou assistência técnica ao produtor.

2.5. PLANEJAMENTO DE VISTORIA

2.5.1. A importância do planejamento


A inspeção se inicia muito antes da visita propriamente dita. É impor-
tante que o perito faça um planejamento eficaz acerca da dinâmica
de execução do trabalho, sob pena de que possa haver perda de
tempo, esforços e, pior, que o resultado do laudo não esteja em con-
formidade com a exigência da seguradora demandante.

Aliás, o perfeito conhecimento da forma de trabalho da seguradora


é de suma importância para que a entrega ocorra da maneira dese-
jada. Algumas companhias atuam em um modelo manual, em que é
exigido o preenchimento do laudo físico. Nesse caso, o profissional
deve dispor de notebook e impressora ou um formulário impresso
para que ele possa fazer o registro dessas informações.

Outras seguradoras fazem uso de tecnologia e disponibilizam um


modelo digital para preenchimento via smartphone ou tablet, nessa
situação, faz-se necessário o uso de equipamentos em pleno funcio-
namento e com autonomia de bateria para executar os procedimen-
tos do início ao fim.

Falando especificamente da execução dos trabalhos, já vimos que


um bom planejamento logístico pode otimizar o tempo do profissio-
nal e ampliar sua capacidade de atendimento, porém, intercorrên-
cias são passíveis e comuns no meio rural e um bom perito precisa
de habilidade e preparo técnico para conseguir superá-las.

84
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Podemos citar, como exemplo, a definição das metodologias a se-


rem aplicadas, as quais serão detalhadas em um módulo específi-
co desse conteúdo. Elas dependem diretamente das ferramentas e
meios que serão disponibilizados pelo segurado para a realização
dos trabalhos, e é possível antever essa situação realizando um con-
tato prévio com o produtor a fim de averiguar esses pontos antes do
deslocamento do profissional ao local do risco.

Outro ponto relevante, o qual já falamos anteriormente é o conheci-


mento prévio das condições do risco e das características do evento
reclamado, caso a vistoria demandada seja de sinistro. Isso poupa
tempo e agiliza o trabalho.

Uma forma de atuar nesses casos é, ao receber a demanda, buscar


plotar a área de interesse em uma ferramenta específica, como o
Google Earth. Assim pode-se analisar previamente as características
do local por meio de ferramentas acessórias e gratuitas, por exemplo,
o SATVEG, que permite o conhecimento do histórico de uso da terra.

Outros dados relevantes podem ser acessados em sites que regis-


tram o histórico de informações obtidas em estações meteorológi-
cas próximas ao risco, como o Inmet, ou mesmo consultando portais
de notícias locais. Esses portais costumam divulgar notícias de que-
das bruscas de temperaturas, o que forneceria um melhor embasa-
mento na confirmação da data de ocorrência de uma geada.

O levantamento de informações, antes da realização dos trabalhos de


campo, proporciona eficiência ao profissional, que já consegue esta-
belecer de forma antecipada a melhor forma de conduzir os trabalhos.

O profissional que age dessa forma consegue estar ciente da situação,


antes mesmo da realização da inspeção, e evitar surpresas. Como exem-
plos desse tipo de informação, acessadas preliminarmente, citamos:

> A cultura segurada teve seu plantio em área de primeiro ou


segundo ano pós-pastagem ou mata nativa? Essa informa-
ção é importante pois essa situação é motivo de negativa
de cobertura para a maior parte das seguradoras.

> O plantio foi realizado na época indicada pelo produtor


(cruzamento de imagens de NDVI com as informações ob-
tidas na entrevista com o produtor ou recebidas através da
demanda) e foi feito dentro do período estipulado pelo Zo-
neamento Agrícola (Zarc)?

85
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> A área em estudo tem histórico de alagamento frequente? Essa


situação pode oferecer riscos não aceitos pelas companhias e
podem ser confirmados através de imagens de satélite.

> O evento reclamado de fato ocorreu? Por exemplo, em um


comunicado isolado de sinistro de seca, pode-se acessar
um site específico que contenha informações do município
do risco para confirmar se, entre as informações ofereci-
das, ocorreram precipitações no período mencionado.

É necessário que o perito, além do conhecimento técnico, deve ter


acesso (e saber usar) os instrumentos primordiais para o bom de-
sempenho do seu trabalho, garantindo uma avaliação justa e fiel à
realidade do risco.

2.5.2. Instrumentos de amostragem


O perito deve possuir alguns equipamentos básicos como forma de
facilitar a realização dos trabalhos de campo. A seguir, elencamos
alguns deles:

Câmera fotográfica
O relatório fotográfico que compõe o laudo de vistoria é
parte importante do processo, daí a necessidade de uma
câmera fotográfica, com boa resolução e que permita o re-
gistro de informações como data, hora e coordenadas de
latitude e longitude, a fim de atrelar aquela imagem ao ris-
co que está sendo avaliado.

Aparelho de GPS
Utilizado na identificação do local de risco, bem como para
situar os pontos de coleta de amostras no procedimento
manual. No processo de amostragem mecanizada, o GPS
permite o registro do caminhamento da colheitadeira,
além da distância percorrida no cálculo de produtividade.
Sua configuração (datum) deve seguir a especificação da
empresa demandante. Por se tratar de um equipamento
eletrônico, é importante dispor de baterias e pilhas extras.

Notebook e impressora
Possibilitam o preenchimento do laudo dentro de progra-
mas específicos que facilitam a elaboração dos cálculos en-
volvidos no processo de avaliação das perdas. Concluído o
trabalho, o documento pode ser impresso por meio de um

86
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

equipamento ligado a um alimentador 12V do automóvel


para, posteriormente, ser submetido à assinatura do pro-
dutor ou representante legal.

Tablet ou smartphone
Cada vez mais utilizados pelos profissionais de campo,
tornaram-se itens obrigatórios para aqueles peritos que
atendem seguradoras com processos já digitalizados. Além
disso, com o uso de aplicativos específicos, esses equipa-
mentos apresentam a capacidade de substituir todos os
dispositivos mencionados até agora. Sendo um recurso
indispensável em certas demandas, faz-se necessária uma
autonomia de carga para a realização dos trabalhos. Reco-
menda-se fortemente que o profissional disponha, assim,
de acessórios extras de carga, como powerbanks, ou até
mesmo um smartphone reserva para eventuais faltas de
bateria ou problemas técnicos com o aparelho.

Materiais para realização de amostragem manual


Trata-se de um plano B no caso de quebra de maquinário
(colheitadeira, caminhão, transbordo) ou outros contratem-
pos que inviabilizem a realização da amostragem mecani-
zada. Por isso, é fundamental que o profissional sempre
carregue consigo essas ferramentas, pois nunca se sabe
quando precisará fazer uso delas. Destacamos:

Trena
Além do uso como ferramenta para viabilizar a
contagem do estande de plantas, serve para de-
limitar e mensurar a área de coleta das amostras.

Sacos para depósito das plantas ou estruturas


produtivas
Útil para a separação de diferentes amostras. Fa-
cilita também o processo de debulha do material,
no caso da soja, por exemplo.

Porrete ou debulhador
Para separar os grãos das demais estruturas das
plantas.

Peneira
Permite a limpeza da amostra, ou seja, a retirada do
excesso de impurezas do material que será pesado.

87
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Balança de precisão
Para pesar a amostra.

Calculadora
Para auxiliar nos cálculos.

Formulários impressos de laudos


(monitoramento, prévia e sinistro) e canetas
Para ocasiões quando o uso de notebooks, tablets
ou celulares está indisponível.

2.5.3. Utilização do EPI


(Equipamentos de Proteção Individual)
Os Equipamentos Individuais de Proteção (EPIs) são fundamentais
em qualquer atividade. Nos trabalhos de campo, não é diferente.
Aliás, não apenas os EPIs, mas a adoção de cuidados durante as ins-
peções é fortemente recomendada, como:

> Nunca realizar os trabalhos de campo durante o manuseio


de químicos na área, tais como a aplicação de inseticidas,
fungicidas e herbicidas. Caso a vistoria ocorra logo após a
aplicação, recomenda-se o uso de botas impermeáveis, lu-
vas e até mesmo máscaras para evitar a intoxicação;

> Não manusear máquinas ou conferir a regulagem desses


equipamentos durante o seu funcionamento;

> Não embarcar (e desembarcar) na colheitadeira quando ela


estiver em movimento durante a amostragem;

> Manter uma distância segura nas operações de carrega-


mento e descarregamento das amostras;

> Fazer uso de filtros solares, além de vestir camisas de man-


gas longas, bonés ou outros tipos de chapéus para pro-
teger, não apenas a cabeça, mas, na medida do possível,
também, orelhas e pescoço, que são regiões usualmente
mais expostas aos raios solares;

> Usar caneleiras ou perneiras, indispensáveis nas avaliações


de áreas com histórico de ocorrência de cobras ou outros
animais peçonhentos.

88
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.5.4. Utilização de GPS (Global Position System)


O aparelho de GPS é indispensável para a realização dos trabalhos
de campo, uma vez que elimina grande parte do risco de fraude
que as seguradoras estavam expostas, de conceder cobertura a
uma área e ser induzida a avaliação de outra, onde as perdas são
mais acentuadas.

O GPS, aliado ao recebimento prévio do croqui, permite uma per-


feita identificação da área, além de permitir a verificação se o ca-
minhamento da colheitadeira foi realizado de forma representativa,
reduzindo dúvidas e evitando questionamentos posteriores quanto
à qualidade dos trabalhos.

Em que pese a maior parte dos profissionais estarem bastante fa-


miliarizados com o funcionamento do GPS, vale elencar a seguir al-
gumas dicas úteis para a utilização desse recurso, e que ajudam a
evitar o retrabalho:

2.5.4.1. Mensuração de área


> Selecione o cálculo da área > iniciar;

> Caminhe em torno do perímetro da área que pretende calcular;

> Selecione Calcular quando terminar.

2.5.4.2. Trajeto/caminhamento da amostragem


> O procedimento é o mesmo colocado anteriormente;

> Quando do encerramento do trajeto, o perito deve selecio-


nar a função “Calcular” e alterar a unidade de medida para
“metros”, pois é esse valor que deve ser utilizado para fins
de cálculo da produtividade em laudo;

> Para que o profissional consiga plotar o trajeto em outra


plataforma, ele deve selecionar a opção “Guardar Trajeto”,
nomear o arquivo e concluir o procedimento.

89
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.5.4.3. Abrindo um arquivo GPX no programa Trackmaker


> Após instalar o programa Trackmaker no computador, o
profissional deve conectar seu aparelho de GPS a este equi-
pamento e localizar o arquivo GPX de seu interesse;

> Utilizar a opção “Abrir com” e selecionar o programa Trackmaker,


o qual exibirá o contorno do caminhamento;

> Selecione o trajeto e clique na opção para exportá-lo para


o Google Earth;

> Aberto esse aplicativo, defina os limites da área segurada


de forma a evidenciar o local do risco e o trajeto da máqui-
na na mesma imagem.

2.5.4.4. Registro de imagem georreferenciada


Os registros fotográficos são, sem dúvidas, um dos componentes
mais importantes de uma perícia, pois são recursos que evidenciam
de forma inequívoca como se deram os trabalhos, as condições reais
das lavouras avaliadas, bem como, as causas e extensões dos even-
tos reclamados, em situações de sinistro, por exemplo.

As imagens ainda constituem peça fundamental para embasar con-


testações futuras, até mesmo no âmbito judicial, visto que o objeto
do litígio muitas vezes já foi colhido ou eliminado, descaracterizando
o cenário constatado na época.

As fotos devem ser tiradas em boas condições de luminosidade, que


sejam evitados registros nas bordaduras e, sempre que possível, que
a imagem contemple algum ponto perene característico que eviden-
cie o risco, por exemplo, alguma benfeitoria, mata ou estrutura que
não seja facilmente removida ou descaracterizada;

Diante de situações onde há impacto de riscos não cobertos (inob-


servância técnica) ou fatores excludentes de cobertura, deve-se pro-
duzir um material ainda mais rico, com imagens de vários pontos
da área, a fim de corroborar com as informações que constarão no
laudo de danos.

Importante salientar que, de nada adianta os registros, se não restar


claro que estes foram produzidos no local segurado, em data e hora
combinados para a realização dos trabalhos, motivo pelo qual indi-
camos o uso de câmeras fotográficas que permitam estampar as in-

90
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

formações georreferenciadas nas fotografias, ou mesmo, aplicativos


específicos instalados em celulares que propiciem a mesma função.
É o caso do Timestamp Camera®, aplicativo gratuito disponível para
sistemas Android e iOS.

2.6. PROCEDIMENTO PARA


ACOMPANHAMENTO DE SINISTRO

2.6.1. Introdução
O produto seguro talvez seja um dos ativos mais intangíveis que se
tem notícia. A rigor, o que o cliente adquire é uma promessa de que
a seguradora vai indenizá-lo caso haja um sinistro. É no sinistro que
o seguro se materializa na forma da indenização.

Uma das atividades mais importantes executada pelas seguradoras


é o atendimento de um sinistro, pois é o momento da entrega do
serviço ofertado pela companhia.

Para que o segurado não procure outra empresa seguradora para a pró-
xima colheita ou mesmo para que se evite a solicitação de outro perito
para avaliar a área, é essencial que o atendimento seja bom e eficiente.

2.6.2. Adversidades na realização da perícia


O sinistro é um momento que causa frustração e apreensão ao se-
gurado, afinal, ele impacta diretamente o aspecto financeiro do agri-
cultor e, por consequência, traz também implicações emocionais ao
segurado. É importante que o perito tenha isso em mente quando
da realização desse tipo de vistoria, por outro lado, deve estar atento
para que produtores oportunistas não busquem se beneficiar desse
momento de estresse para alcançarem indenizações superiores ao
que efetivamente deveria ser pago, em clara intenção de tirar vanta-
gem da apólice de seguros contratada.

A seguir, traremos algumas situações para as quais o perito deve


estar atento, de forma a evitar conflitos e coibir algumas práticas
fraudulentas que são nocivas não apenas aos seguros rurais, mas a
todos os tipos de seguro:

91
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.6.2.1. Se o segurado ou seu representante


não puder acompanhar a vistoria
Nunca realize qualquer vistoria sem a presença do segurado ou de
seu representante. Ainda que a avaliação do perito esteja perfeita-
mente adequada e reflita a realidade dos fatos, sem a presença e
assinatura de uma pessoa competente para tal, o laudo poderá ser
impugnado em juízo, portanto, caso o segurado ou seu representan-
te não possam acompanhar a vistoria, o mais prudente é cancelar e
reagendar o atendimento

2.6.2.2. Se o croqui recebido não conferir


com a área indicada pelo segurado
Avalie com a seguradora qual a melhor decisão a ser tomada, será
avaliado apenas a área coberta pela apólice? Vai avaliar a área toda?
Melhor não fazer a vistoria? O tratamento irá variar caso a caso, pois
vale lembrar que pode ser um momento delicado para o segurado
que esta aguardando a vistoria para realizar a colheita. Atente-se
sempre ao protocolo da seguradora na qual você esta operando.

2.6.2.3. Não aceitação da metodologia


de avaliação dos danos da seguradora
Nesse caso o perito deve tentar explicar, o mais detalhadamente
possível, a metodologia ao cliente e recomeçar a amostragem. Se
por acaso a resistência do segurado persistir de forma que quali-
dade do trabalho venha a ser afetada, deve-se cancelar a vistoria e
comunicar imediatamente o fato à seguradora.

2.6.2.4. Tentativa de fraude com adulteração


da colhedora ou qualquer outro equipamento
Propor a correção mostrando as falhas do maquinário utilizado na
amostragem. Caso o impasse persista, cancele a vistoria ou mensure
a perda na colheita e descreva no laudo.

2.6.2.5. Oferta de propina ou vantagem econômica


Tente discretamente desencorajar eventuais ofertas de propina caso
suspeite que isso poderá ocorrer. Se não conseguir contornar a si-
tuação, cancele a vistoria e avise a seguradora.

92
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.6.2.6. Assédio moral ou tentativa de agressão


Na eventualidade de assédio moral ou tentativa de agressão, cancele
a vistoria e comunique o fato à seguradora. Em casos mais graves,
deve ser registrado um boletim de ocorrência o mais breve possível.

2.6.2.7. Discordância do resultado da avaliação


e recusa na assinatura do laudo
Reexplique os cálculos e as conclusões técnicas da vistoria. Persistin-
do a discordância oriente-o a manifestá-la no próprio laudo.

2.6.2.8. Durante a coleta das amostras, o operador direcionar


a colhedora para as partes mais fracas da lavoura
Não permitir esse tipo de interferência durante a coleta das amos-
tras, corrigindo eventuais desvios de percurso. Isso pode ser mini-
mizado com o estabelecimento do percurso através do croqui antes
mesmo do início dos trabalhos.

2.6.2.9. Amostragem em áreas não aleatórias


O segurado pode induzir o perito a colher em áreas mais prejudica-
das apenas para forçar a média da produção para baixo. A amos-
tragem deve ser representativa da área total sob pena de perder a
eficácia em sua avaliação.

2.6.2.10. Adulteração da colhedora jogando fora parte


do produto colhido durante a amostragem
Conferir as perdas na coleta das amostras durante todo processo
da amostragem.

2.6.2.11. Não descarregar todo produto colhido da


colhedora para o caminhão durante a amostragem
Conferir sempre o tanque graneleiro da máquina após descarregar
o produto.

93
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.6.2.12. Descartar parte do produto colhido


no transporte até o armazém
Acompanhar todo percurso atrás do caminhão, desde a lavoura até
o armazém ou cooperativa.

2.6.2.13. Posicionar incorretamente o caminhão na balança


do armazém para “aliviar” o peso total de entrada
Conferir o posicionamento das rodas do caminhão na balança antes
da pesagem.

2.6.2.14. Aumentar o percentual de impurezas,


incluindo os grãos colhidos da cultura avaliada
Acompanhar a classificação e conferir o que foi considerado impureza.

2.6.2.15. Não descarregar no armazém todo


produto da amostra contido no caminhão
Acompanhar e conferir, se todo produto da amostra foi descarrega-
do no armazém.

2.6.2.16. Inserir peso no caminhão após a descarga


do produto e antes da nova pesagem
Após o descarregamento do produto, acompanhar o retorno do ca-
minhão à balança.

2.6.3. Avaliação de sinistro em grãos


As metodologias de avaliação de produtividade objetivam quantificar
a produtividade nas áreas seguradas após a ocorrência do s­ inistro,
obtendo assim a extensão dos danos causado pelo sinistro.

Devido à inviabilidade operacional de acompanhamento total do pro-


cesso de colheita e mensuração da produção na área segurada, os
procedimentos de avaliação de produtividade baseiam-se em amos-
tragens representativas coletadas na extensão da área de interesse.

Usualmente esse processo de amostragem é constituído por 3 eta-


pas para que o resultado obtido, reflita da forma mais fiel a realidade
das perdas. São elas:

94
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> a distribuição;

> a coleta; e

> a mensuração do peso (pesagem) das amostras.

A distribuição das amostras deve variar tendo em vista a quão hete-


rogênea seja a distribuição espacial da lavoura. A técnica utilizada
para essa coleta pode ser manual ou mecanizada, como ­veremos
adiante. Já a pesagem das amostras depende das condições ope-
racionais disponíveis em campo.

2.6.3.1. Avaliação por amostragem mecanizada


Trata-se da metodologia mais empregada e a mais bem aceita pelos
produtores, pois representa um procedimento de colheita muito pró-
ximo à forma que os próprios agricultores estimam seu rendimento.

Baseia-se na coleta de amostras em locais e quantidades represen-


tativos do risco com o uso de uma colheitadeira, para que, poste-
riormente, o produto seja pesado, classificado, e o percentual de
umidade do grão possa ser mensurado.

Conhecendo a produção colhida, após aplicados os devidos descon-


tos de umidade e impureza (verificar procedimentos das segurado-
ras), em uma operação matemática, esse valor é dividido pela área
total colhida (largura da plataforma da máquina multiplicada pela
distância percorrida), chegando-se ao valor da produtividade obtida.

Para que a execução da amostragem mecanizada reflita com exatidão


a realidade dos prejuízos, reduzindo, assim, a possibilidade de fraude,
é importante que o perito tenha em mente as seguintes premissas:

> Confirmar se a área apresentada para inspeção é, de fato,


a mesma área que consta na apólice e croqui enviado pela
seguradora;

> Avaliar a quantidade de amostras que deverá ser pesada


e classificada, certificando-se de que estas representam
efetivamente o que se deseja observar. Atentar-se aos
procedimentos específicos de cada seguradora (ex.: há
­seguradoras que fazem avaliação por item ou talhão);

> Certificar-se de que o maquinário a ser utilizado na colheita


está em boas condições e devidamente regulado;

95
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Realizar sempre a medição da plataforma (auxílio de uma


trena);

> Mensurar a área percorrida (usar um GPS como auxílio);

> O perito deverá percorrer toda a extensão da área segura-


da, estratificando-a em glebas homogêneas pelo nível de
dano, potencial produtivo, data de plantio, diferentes culti-
vares, tipo de solo, dentre outros;

> Uma vez estratificada a área, realizar a amostragem da


maneira mais homogênia possivel, não permitindo que o
segurado determine o caminho a ser percorrido, e nem
colhendo somente na área com melhor produtividade;

> Ao efetuar a coleta das amostras, o perito deve desprezar a


bordadura de 20 metros para áreas até 50 ha e de 30 me-
tros para áreas acima de 50 ha. Nos terraços, desprezar uma
bordadura de 10 metros para qualquer tamanho de área;

FIGURA 8

Fonte: Mapa, 2020

> Conferir as condições da máquina colhedora antes e du-


rante a execução da amostragem, avaliando se há perdas
excessivas na colheita. Em caso positivo, o perito deverá
mensurar 1 m² na área onde foi feita a colheita, coletar to-
dos os grãos, pesá-los e transformar o resultado para sacas
por hectares (sc/ha), acrescendo à produtividade obtida;

96
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Acompanhar toda a operação de coleta das amostras junto


ao operador da colheitadeira, colhendo amostras em toda
a área segurada em quantidades diretamente proporcio-
nais aos tamanhos das glebas. Medir esse caminho percor-
rido com o auxílio do GPS, o que, multiplicado pela largura
da plataforma, resultará no tamanho da área amostrada;

> Caso a área já esteja colhida (no todo ou em parte) no momen-


to da vistoria final, o perito deve medir o tamanho da área já
colhida com o auxílio do GPS e anotar no laudo de vistoria;

> Verificar se a caçamba da colheitadeira está vazia antes de


iniciar o processo, como forma de evitar fraudes;

> Acompanhar a descarga do produto colhido para pesagem


e se a caçamba foi descarregada por completo.

2.6.3.2. Pesagem e classificação de amostras mecanizadas


A forma de quantificar o peso das amostras coletadas de forma
mecanizada pode variar conforme a disponibilidade de recurso no
campo. A distância até as unidades de secagem e armazenamento
(cooperativas, entrepostos e afins), a disponibilidade de caminhão
para transportar as amostras para pesagem, as filas de espera nas
balanças, dentre outros, são os principais fatores de decisão para a
escolha do método a ser aplicado.

Conforme abordado em tópicos anteriores, todas essas ações de-


vem ser planejadas desde o momento do agendamento da vistoria
com o segurado, ou seu representante, a fim de evitar transtornos e
garantir o sucesso da vistoria.

2.6.3.2.1 – Mensuração em cooperativas e entrepostos


Quando da condução das amostras até a cooperativa para pesagem e
classificação dos grãos, o perito deve atentar-se para algumas situações:

> Verificar se o caminhão está totalmente “selado” antes de


sair da propriedade, evitando e tapando qualquer abertura
que possa ocasionar a perda da amostra durante o percurso;

> Acompanhar o caminhão durante todo o percurso até a


chegada ao local da pesagem e classificação;

97
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Ao chegar no local de pesagem, antes de o caminhão subir


na balança verificar se ela foi tarada (zerada);

> Verificar se o caminhão está corretamente posicionado na


balança antes de conferir o peso da balança;

> Anotar o peso do caminhão com a carga de amostras e


após a descarga completa, que deve ser acompanhada
pelo perito;

> Antes da pesagem, certificar-se de que não foi adicionada


qualquer carga ou objeto que possa alterar o peso do cami-
nhão após a descarga da amostragem;

> Quando for realizada a pesagem na cooperativa ou entre-


posto, conferir se a tara do caminhão foi realizada com o
caminhão totalmente descarregado, e anotar o peso do ca-
minhão vazio (sem a amostra);

> Acompanhar a classificação da amostragem (umidade e


impurezas);

> Pegar uma cópia ou foto do ticket de romaneio da amostra-


gem para anexar no processo.

2.6.3.2.2 - Uso de big bag


Caso o produtor não tenha um caminhão para o transporte até o
local de pesagem, ou ainda, caso ele se recuse a realizar o frete de
pouca carga até a cooperativa, nessas situações a pesagem poderá
ser realizada no próprio local de risco com a utilização de Big Bags.

Para que essa situação se torne viável, é imprescindível que o perito


tenha em sua disponibilidade uma balança suspensa para big bag.
Também, obviamente, deve ser disponibilizado o equipamento para
içar as bags de amostra.

Para a classificação e medição da umidade da amostra, o perito pode


dispor de equipamentos portáteis, específicos para esse uso ou cole-
tar amostras homogênias da massa colhida e levar, nos arredores da
propriedade, até uma unidade de secagem e armazenamento para
realizar a análise.

Vale ressaltar que o tamanho da amostra nunca deve ser conside-


rado pelo número de big bag pesado e sim pela representatividade
Fonte: Mapa, 2020 da área, como já comentado anteriormente. Muitos peritos, devido a

98
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

“pressa”, acabam colhendo amostras suficientes apenas para o enchi-


mento completo dos bags e deixam de lado a representatividade das
amostras. Esse fato pode acarretar medidas de produtividade distor-
cidas, causando prejuízos a uma das partes: segurado ou seguradora.

2.6.3.2.3. - Caçambagem (capacidade do graneleiro)


Além das metodologias citadas anteriormente, existe ainda mais
uma alternativa: a caçambagem.

A caçambagem é uma técnica indireta para obtenção do peso da


amostra. Funciona de forma bastante simples: o perito, sabendo de
antemão a capacidade do tanque graneleiro da colheitadeira utiliza-
da na amostragem, realiza a medição da densidade dos grãos colhi-
dos e converte o volume do graneleiro para o peso da massa colhida.
De posse dessa informação, colhe o suficiente para que o graneleiro
fique completamente cheio e haja coerência do volume da amostra
com o valor divulgado pela fabricante do equipamento. Para classi-
ficação e medição da umidade da amostra, o perito pode dispor de
equipamentos portáteis, específicos para esse uso ou coletar amos-
tras homogêneas da massa colhida e levar até uma unidade de seca-
gem e armazenamento, próxima, para realizar a análise.

A exemplo das metodologias anteriores, o perito deve estar atento


algumas questões, antes de iniciar o processo:

> Buscar saber com o segurado, qual o modelo do maquiná-


rio que será utilizado na amostragem e, ainda, se ele pos-
sui o manual da colhedora. Caso o segurado não tenha o
manual, o perito deve utilizar a planilha com a capacidade
dos graneleiros;

> Verificar se o tanque graneleiro está vazio antes de come-


çar a amostragem, sempre registrando tudo com fotos;

> Colher e medir a distância percorrida nas faixas até o enchi-


mento do graneleiro;

> Para o completo enchimento do tanque graneleiro, “arru-


mar” os grãos para que fiquem bem distribuídos no limite
superior; referência para a capacidade do graneleiro;

> Medir a largura da plataforma;

99
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Calcular o tamanho da área amostrada (fórmula a ser usada


é Área amostrada = Dist. percorrida × Larg. da plataforma);

> Coletar 3 subamostras de 1 litro do graneleiro da colhedora


sem “limpar” essas amostras;

> Pesar e calcular a média do peso de um volume de 1 litro


das subamostras.

Fonte: Mapa, 2020

Metodologia

Passo 1: Tarar a balança;

Passo 2: Preencher o copo medidor até o volume indicado


de 1 litro;

Passo 3: Registrar o peso;

Passo 4: Repetir o processo três vezes e calcular a média.

Resultado

1ª subamostra 1 litro: 0,653 Kg

2ª subamostra 1 litro: 0,700 Kg

3ª subamostra 1 litro: 0,600 Kg

Média do peso 1 litro = (0,653+0,700+0,600)/3= 0,651 Kg

Verificar no manual da colhedora ou na tabela a seguir a ca-


pacidade em litros do graneleiro utilizado para a realização
da amostragem.

100
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Exemplo:

> Colhedora utilizada: John Deere S550

> Capacidade 8.800,00 litros, conforme tabela

SOJA/TRIGO MILHO
MODELO VOLUME (L)
KG SACAS KG SACAS

John Deere s 550 8800 6700 110 6400 105

Calcular o peso bruto com base na capacidade em litros do graneleiro

Peso Bruto = Volume do Graneleiro (Litro) × Média do peso (Kg/Litro)

Onde:

> Volume do graneleiro: sempre em Litros

> Média do peso: kg/litro

Exemplo:

> Média do peso = 0,651 Kg / Litro

> Capacidade do Graneleiro = 8.800 Litros

Peso Bruto = (8.800 Litros x 0,651 Kg/Litro) = 5.728,80 Kg

Sempre que presente, o manual do maquinário utilizado


deve ser consultado para coletar a informação sobre a ca-
pacidade do tanque graneleiro, e quando ausente, a segu-
radora pode oferecer como apoio uma tabela de valores
padronizados por modelo de maquinário.

2.6.3.3. Amostragem manual


É importante que o perito conheça essa metodologia, pois mostra-se
extremamente útil em casos em que não haja recursos para a reali-
zação de uma avaliação mecanizada.

É uma avaliação útil, mas só deve ser utilizada nas situações em que
realmente não haja possibilidade de se realizar qualquer uma das
metodologias mecanizadas, já citadas anteriormente, uma vez que
a amostragem manual obriga à coleta de várias amostras em diver-
sos pontos da área, o que pode se tornar inviável manualmente em
áreas grandes ou muito heterogêneas.

101
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

A amostragem manual consiste na coleta de plantas ou estruturas pro-


dutivas (espigas, espiguetas, panículas e afins) em metros lineares, que,
após a debulha e pesagem, poderão ser extrapolados de kg/metros
lineares para kg/ha, calculado o espaçamento entre linhas da cultura.

Para a classificação e medição da umidade da amostra, o perito pode


dispor de equipamentos portáteis, específicos para esse uso ou cole-
tar amostras homogêneas da massa colhida e levar até uma unidade
próxima de secagem e armazenamento, para realizar a análise.

2.6.3.3.1. Os procedimentos para esse tipo


de amostragem são os seguintes:
> Estratifique a área em glebas homogêneas, de acordo com
o nível de dano e potencial produtivo. A quantidade de
amostras deve seguir, minimamente, o seguinte padrão:

FIGURA 8 | PADRÃO DE AMOSTRAGEM

ÁREA (Ha) QUANTIDADE DE AMOSTRAS DISTRIBUIÇÃO DAS AMOSTRAS

X X
01 a 50 ha Mínimo de 04 X X

X X
50,01 a 100 ha Mínimo de 05 X
X X
X X X
100,01 a 150ha Mínimo de 06
X X X
X X X
> que 150,01 ha Mínimo de 07 X
X X X

Fonte: Mapa, 2020.

> Faça amostragens em todas as glebas em número propor-


cional aos tamanhos amostrais, nunca bordaduras, sobre
­terraços ou qualquer outro local não representativo da lavoura
avaliada, próximos a edificações e carreadores;

Até 50 hectares: Desprezados, no mínimo, 20 metros de


bordadura;

Acima de 50 hectares: Desprezados, no mínimo 30 metros,


de bordadura;

102
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Anote o número de amostras retiradas por gleba, obtendo


a metragem avaliada (metros lineares);

> Cada uma das amostras deve estar georeferenciada e sua


posição marcada no croqui do perito;

> Finalizada a coleta das amostras, faça a debulha e pesagem


dos grãos.

> Do peso obtido, desconte o percentual de umidade dos grãos;

> Anote os resultados obtidos de cada gleba avaliada;

> Identifique o espaçamento das linhas de plantio da cultura;

> Calcule o número de metros lineares por hectare da cultu-


ra. Para isto, devemos dividir 10.000 m² pelo espaçamento
da cultura (em metros), obtendo-se o número de metros
lineares por hectare da cultura. A fórmula é a seguinte:

> Para conhecer a produtividade da área amostrada, utilizar


a “regra de três” em que são conhecidos o número de me-
tros lineares da amostra e o peso dos grãos da amostra, fi-
cando a incógnita do peso dos grãos do número de metros
lineares por hectare, conforme a fórmula:

> Daí é só calcular a produtividade da área total pela média


ponderada das glebas, aplicando os fatores de ponderação
pelos tamanhos amostrais e transcrever o resultado obtido
para o laudo final de vistoria de danos.

2.6.3.3.2. Metodologias utilizadas por cultura


Cada tipo de cultura requer uma metodologia própria, dadas as diferen-
ças óbvias entre o desenvolvimento de cada planta. Abaixo elencamos
as principais culturas e suas respectivas características de metodologia:

103
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Soja
> Meça 1 metro na entrelinha e colete as plantas nos dois lados, ou meça 2 metros na linha
e colete as plantas em linha, cortando-as rente ao solo, colocando-as em um saco;

> Não misture no mesmo saco plantas de glebas diferentes;


> Debulhe, peneire, retire todas as impurezas, deixando somente os grãos para então
efetuar a pesagem;

> Quantifique o teor de umidade dos grãos;


> Pese as amostras.

Milho
> Meça 5 metros na entrelinha, colete as espigas ou capítulos das plantas nos dois la-
dos, ou meça 10 metros na linha e colete espigas ou capítulos das plantas na linha;

> Coloque as espigas ou capítulos em um saco;


> Ao terminar de coletar as amostras na área ou gleba sinistrada, enfileire as espigas
ou capítulos lado a lado, ordenando por diferença de tamanho;

> Deste modo, colete as espigas ou capítulos que estão no meio da fileira e que re-
presentem o tamanho da amostra. (Por exemplo, de um total de 40 espigas enfilei-
radas, coletar as 15 espigas centrais);

> Faça a debulha e pesar a quantidade de grãos por espiga ou capítulo, de modo a
obter uma média de peso de grão por espiga ou por capítulo;

> Quantifique o teor de umidade dos grãos;


> Distribua essa média pela quantidade de espigas ou capítulos amostrados.

Trigo e cevada
> Ao coletar a amostra, meça 2 metros na entrelinha, colete as plantas nos dois la-
dos, ou meça 2 metros na linha e colete as plantas na linha, cortando-as rente ao
solo e colocando-as em um saco;

> Debulhe as espigas, retire as impurezas e inicie a pesagem;


> Quantifique o teor de umidade nos grãos;

104
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Algodão
> Meça 5 metros lineares (medida variável);
> Colha todos os capulhos viáveis
> Repita essa operação nas demais amostras;
> Faça a pesagem das amostras
> Calcule a produtividade da área.

2.6.3.3.3. Exemplo prático de amostragem manual


Dados:

Área total: 74,70 hectares

Evento: seca

Cultura: soja

Espaçamento entre linhas: 0,40m

População: 40 plantas/m²

Dividir a área em glebas homogêneas pelo nível de dano e potencial


produtivo.
Área total Área dividida em gleba

Será demonstrado como exemplo uma das áreas, A:

105
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Gleba A – 35% da área total:

> 8 amostras de 1 metro linear, coletando-se plantas dos dois


lados (2 metros lineares);

> Peso Inicial da Amostra (Pia) = 0,800 kg – já peneirada

> % Umidade Inicial: 23%

1º Peso a ser descontado devido às impurezas (Pdi)

Neste caso o peso das impurezas (Pi) é igual à zero, pois, a


amostra foi peneirada. Assim o peso descontado as impu-
rezas (Pdi) é igual ao peso inicial da amostra (Pia)=0, 800 kg;

2º Peso a ser descontado relativo à umidade (Pu)

3º Calculando o Peso Final da Amostra (Pfa)

𝑃𝑓𝑎 = 𝑃𝑖𝑎 − (𝑃𝑢 + 𝑃𝑖)

𝑃𝑓𝑎 = 0,800 − (0,0837 + 0,0)

𝑃𝑓𝑎 = 0,7163 𝑘𝑔

4º Calculando Produtividade Obtida

Tamanho da amostra:

8 (𝑛º 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠)𝑥 2 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 = 16 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠

Transformando Hectare em metros lineares

Metros lineares em 1 hectare para espaçamento 0,40 m


entre linhas: 10.000 𝑚2 𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 = 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠

106
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Regra de três:

16 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 − 0,7163 𝑘𝑔

25.000 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 − 𝑥 𝑘𝑔

𝑥 = 1.119,2187 𝑘𝑔 𝑒𝑚 25.000 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠

Se, 25.000 metros lineares correspondem à 1 hectare,

Portanto:

5º Convertendo para sc/ha

Produtividade obtida da Gleba A = 18,65 sc/ha

Gleba B – 50% da área total:

> 14 amostras de 1 metro linear, coletando-se plantas dos


dois lados (2 metros lineares);

> Peso Inicial da Amostra (Pia) – 3,250 kg = já peneirada

> Umidade: 26%

1º Peso a ser descontado devido às impurezas (Pdi)

Neste caso o peso das impurezas (Pi) é igual a zero, pois, a amostra
foi peneirada. Assim o peso descontado as impurezas (Pdi) é igual ao
peso inicial da amostra (Pia) = 3,250 kg;

107
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2º Peso a ser descontado relativo à umidade (Pu)

3º Calculando o Peso Final da Amostra (Pfa)

𝑃𝑓𝑎 = 𝑃𝑖𝑎 − (𝑃𝑢 + 𝑃𝑖)

𝑃𝑓𝑎 = 3,250 − (0,4535 + 0,0)

𝑃𝑓𝑎 = 2,7965 𝑘𝑔

4º Calculando Produtividade Obtida:

Tamanho da amostragem

14 (𝑛º 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠) 𝑥 2 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 = 28 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠


𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠

Transformando hectare em metros lineares

Metros lineares em 1 (um) hectare:

Regra de três:

28 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 − 2,7965 𝑘𝑔

25.000 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 − 𝑥 𝑘𝑔

108
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

𝑥 = 2.496,875 𝑘𝑔 𝑒𝑚 25.000 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠

𝑥 = 2.496,875 𝑘𝑔/ℎ𝑎

5º Convertendo para sc/há

Produtividade obtida da Gleba B= 41,61 sc/há

Gleba C – 15% da área total:

> 5 amostras de 1 metro linear, coletando-se plantas dos dois


lados (2 metros lineares);

> Peso Inicial da Amostra – 0,750kg

> Umidade: 18%

1º Peso a ser descontado devido as impurezas (Pdi)

Neste caso o peso das impurezas (Pi) é igual a zero, pois, a


amostra foi peneirada. Assim o peso descontado as impu-
rezas (Pdi) é igual ao peso inicial da amostra (Pia) = 0,750 kg;

2º Peso a ser descontado relativo à umidade (Pu)

3º Calculando o Peso Final da Amostra (Pfa)

𝑃𝑓𝑎 = 𝑃𝑖𝑎 − (𝑃𝑢 + 𝑃𝑖)

𝑃𝑓𝑎 = 0,750 − (0,0348 + 0,0)

𝑃𝑓𝑎 = 0,7152 𝑘𝑔

109
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

4º Calculando Produtividade Obtida∶

Tamanho da amostragem

5 (𝑛º 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠) × 2 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 = 10 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠


𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠

Transformando hectare em metros lineares

Metros lineares em 1 (um) hectare:

Regra de três:

10 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 − 0,7152 𝑘𝑔

25.000 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑒𝑠 − 𝑥 𝑘𝑔

𝑥=1.788,0 𝑘𝑔 𝑒𝑚 25.000 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟e𝑠

Se, 25.000 metros lineares correspondem à 1 hectare, então:

𝑥=1.788,0 𝑘𝑔/ℎ𝑎

5º Convertendo para sc/ha

Produtividade obtida da GLEBA C= 29,8 sc/há

TOTAL = GLEBA A + GLEBA B + GLEBA C

Após calcular a produtividade obtida por gleba, o perito deve-


rá utilizar a média ponderada para encontrar a produtividade
obtida da área total segurada.

110
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Gleba A (35% da área total) – Produtividade Obtida: 18,65 sc/ha

> Gleba B (50% da área total) – Produtividade Obtida: 41,61 sc/ha

> Gleba C (15% da área total) – Produtividade Obtida: 29,8 sc/ha

Área total = 74,70 hectares

Média Ponderada

» Gleba A → 35% da área total

» Gleba B → 50% da área total

» Gleba C → 15% da área total

» Gleba A → 0,35 × 74,70 ha = 26,145 ha

» Gleba B → 0,50 × 74,70 = 37,350 ha

» Gleba C → 0,15 × 74,70 ha = 11,205 ha

» Gleba A → 26,145 ha × 18,65 sc/ha = 487,60 sacas (sc)

» Gleba B → 37,350 ha × 41,61 sc/ha = 1.554,13 sacas (sc)

» Gleba C → 11,205 ha × 29,8 sc/ha = 333,90 sacas (sc)

Gleba A(sc) + Gleba B(sc) + Gleba C(sc)


= Produtividade obtida área total (sc/ℎ𝑎)
Área Total(ℎ𝑎)

487,60(sc) + 1.554,13(sc) + 333,90(sc)


= 31,80 (sc/ℎ𝑎)
74,70(ℎ𝑎)

Produtividade obtida da área total = 31,80 sc/ha

2.6.3.4. Análise de riscos não cobertos


O fato gerador de indenização nos seguros agrícolas é a redução
de produtividade sempre que essa situação for decorrente de um
risco coberto. Havendo perdas de produtividade em função da
ocorrência de eventos não cobertos, o perito deverá quantificar seu

IESS | CURSO DE PERITO RURAL 111


CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

impacto na produtividade da lavoura e relacionar o percentual em


laudo. Que fique claro, porém, que o profissional de campo não
deve realizar qualquer cálculo de redução, apenas indicar no laudo,
uma vez que a aplicação desse percentual pode variar de acordo
com a forma de trabalho de cada companhia.

2.6.3.4.1. Prejuízos causados por pragas,


doenças e ervas daninhas
Através da verificação da população de plantas daninhas, pragas ou
fitopatógenos, o perito deverá verificar o impacto causado à produ-
tividade por esses agentes em função da tolerância das plantas aos
danos causados. Por exemplo, se determinado tipo de praga estiver
reduzindo o potencial produtivo de uma lavoura de soja em 20% da
produtividade, então o fator de inobservância técnica a ser informado
para a seguradora será de 20%.

Importante ressaltar que cada companhia seguradora é responsável


pela definição da forma em que o percentual será aplicado dentro
do cálculo do prejuízo indenizável, não cabendo ao perito realizar
qualquer tipo de cálculo neste sentido.

2.6.3.4.2. Prejuízos causados


por manejo inadequado do solo
O perito deverá verificar se as condições de solo são condizentes
com as recomendações de órgãos oficiais de pesquisa quanto à
correção do pH, nivelamento, adubação e estrutura.

2.6.3.4.3. Prejuízos pontuais de origem diversa


A dispersão dos danos na área cultivada poderá ser variável ao lon-
go de sua extensão, com variações bruscas ou gradativas. Havendo
desuniformidade no desenvolvimento das plantas, o perito deverá
verificar as possíveis causas.

2.6.3.4.4. Dano localizado em sulcos


> Dano mecânico;

> Excesso ou deficiência de defensivos;

> Características de plantio;

112
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Pragas e/ou doenças de raízes disseminadas através de


maquinário de semeadura ou água de irrigação;

> Contato do fertilizante com a semente.

2.6.3.4.5. Dano localizado em plantas individuais dispersas


> Dano por maquinário ou animais;

> Má formação física atribuída a características genéricas;

> Patógenos na semente e origem da semente utilizada;

> Zonas limite na aplicação de defensivos e fertilizantes.

2.6.3.4.6. Danos relacionados com diferenças nos solos


> Deficiência nutricional;

> Deficiência ou excesso de umidade;

> Fungos;

> Nematóides;

> Compactação de solos.

2.6.3.4.7. Danos em plantas não


relacionados com diferenças nos solos
> Disseminação de nematóides e fungos no solo;

> Patógenos inoculados por insetos;

> Riscos não uniformes.

2.6.3.4.8. Verificar na borda dos campos afetados


> Deriva de produtos químicos de campos vizinhos ou canais;

> Inundação;

> Desnivelamentos;

> Caminho de animais;

> Compactação por maquinário.

113
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.6.3.4.9. Falhas no estande de semeadura


Será considerada inobservância técnica a existência de falhas no es-
tande de plantas que não tenham sido causadas por um risco coberto
durante a vigência e cobertura do seguro. As causas mais comuns de
falhas no estande de plantas, consideradas inobservâncias técnicas são:

> Regulagem inadequada dos equipamentos de semeadura;

> Preparação de solo deficiente e de má qualidade;

> Programação inadequada das datas de preparação do solo


e de semeadura;

> Profundidade inadequada de semeadura;

> Nivelamento e drenagem inadequada;

> Presença de defensivos residuais no solo, incluindo herbicidas;

> Ataque de pássaros, pragas e doenças;

> Danos por movimentação de águas;

> Falta de umidade no solo;

> Dano por fitotoxicidade de herbicidas residuais;

> Excesso de herbicida na semeadura;

> Falta de cobertura de sulcos no plantio, deixando as se-


mentes expostas;

> Sementes velhas.

Para a determinação do percentual de redução, faz-se necessária a


mensuração do estande em vários pontos da área segurada, obten-
do-se o número médio de plantas por metro linear. Conhecendo-se
o espaçamento entre linhas adotado, calcula-se a população de plan-
tas presentes em 1 hectare. Consultando-se a especificação técnica
do material utilizado, chegamos à população de plantas final reco-
mendada para a região à época do plantio e, caso haja defasagem,
esse valor deve constar no laudo em números percentuais.

114
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Exemplo:

» Cultura: Milho Segunda Safra

» Cultivar: Feroz Viptera

» Região de Plantio: Oeste do PR

» Data de plantio: 01/02/2020

» População de plantas recomendada: 50 a 55 mil plantas


por hectare

» Estande médio observado: 1,8 plantas por metro linear

» Espaçamento entre plantas: 0,5 metros

» População de plantas observada (10.000 m² / 0,5 m) x 1,8


plantas / metro linear = 36 mil plantas por hectare

» Redução por falha de estande: (50.000 – 36.000) / 50.000


= 28%

2.6.3.5. Conversão de produção por umidade dos grãos


A medição da umidade deve ser feita pelo perito por meio de equi-
pamento específico. Aqui buscaremos esclarecer e demonstrar a
fórmula de cálculo de descontos, estabelecendo os níveis de tolerân-
cia ou referência para amostragens manuais (utilizou-se como refe-
rência a IN nº29 de 9/6/2011 do Mapa). Se ao final desse processo
o perito ainda tiver dúvida, pode levar a amostra para medição da
umidade na unidade de recebimento mais próxima.

Para cálculo da umidade, deve-se, inicialmente, descontar as matérias


estranhas e impurezas e, em seguida, o excesso de umidade. O des-
conto de umidade deve ocorrer em relação à referência estabelecida e
não sobre o peso original incluindo as matérias estranhas e impurezas.

Matérias Estranhas e Impurezas: Todo material que vazar através


de peneiras ou que nelas fiquem retidos, mas que não sejam soja, in-
clusive as vagens não debulhadas e a casca do grão de soja (película),
não é considerado impureza. Dessa maneira, o perito ao proceder à
amostragem manual deverá peneirar e retirar matérias estranhas e
impurezas da amostra coletada.

115
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Quando há informações do teor de impurezas, deve-se proceder da


seguinte forma:

Pi = Pia × % impurezas

Pdi = Pia − Pi

Onde:

Pia = Peso inicial da amostra;

Pi = Peso de impurezas;

Pdi = Peso da amostra descontado as impurezas.

Em seguida, é necessária a quantificação do teor de umidade dos


grãos. Caso o perito não disponha de um medidor de teor de umidade,
é providencial a quantificação em armazéns ou cooperativas próximas.

Para o cálculo do peso a ser descontado relativo à umidade, deve ser


aplicada a seguinte fórmula:

Onde:

Pu = Peso relativo à umidade dos grãos;

% Umidade de Tolerância = % Umidade de Tolerâncias para Grãos

% Umidade Inicial = Teor de umidade dos grãos amostrados

Enfim, com os valores de Pi (peso de impurezas) e Pu (peso relativo


à umidade dos grãos) conhecidos, calcular o Peso final da amostra
(Pfa) da seguinte maneira:

TEOR MÁXIMO DE UMIDADE


PRODUTO
RECOMENDADO PARA ARMAZENAGEM

Milho 13%

Soja 13%

Trigo 13%

Arroz 13%

116
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

TEOR MÁXIMO DE UMIDADE


PRODUTO
RECOMENDADO PARA ARMAZENAGEM

Amendoim 8%

Milheto 13%

Café 12%

Cevada 13%

Centeio 13%

Aveia 13%

Feijão 13%

Sorgo 13%

Canola 9%

Girassol 9%

Exemplo: Uma amostra de soja com peso igual 5 kg (debulhada e


peneirada) com Umidade Inicial igual a 23,3%.

Como a amostra foi peneirada, as impurezas não serão contabilizadas.

Sabendo que o peso inicial da amostra (Pia) é 5 kg, logo o peso de


impurezas (Pi) será igual a 0 (zero), pois:

𝑃𝑖 = 𝑃𝑖𝑎 × % 𝑖𝑚𝑝𝑢𝑟𝑒𝑧𝑎𝑠

𝑃𝑖 = 5 × 0

𝑃𝑖 = 0 (𝑧𝑒𝑟𝑜)

Portanto o peso da amostra descontado as impurezas (Pdi), é 5 kg:

𝑃𝑑𝑖 = 𝑃𝑖𝑎 − 𝑃𝑖

𝑃𝑑𝑖 = 5 − 0

𝑃𝑑𝑖 = 5 𝑘𝑔

Agora poderemos calcular o peso a ser descontado relativo à


umidade (Pdu), com %Umidade Inicial = 23,3% e %Umidade de
Tolerância = 14%, temos:

117
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Portanto, o peso a ser descontado relativo à umidade é 0,54 kg.

Portanto, o Peso Final (Pfa) será:

𝑃𝑓𝑎 = 𝑃𝑖𝑎 − (𝑃𝑢 + 𝑃𝑖)

𝑃𝑓𝑎 = 5 − (0,54 + 0)

𝑃𝑓𝑎 = 4,46 𝑘𝑔

2.6.3.6. Avaliação de sinistro em frutas e hortaliças


Quando falamos de hortaliças e frutas, o processo é basicamente o
mesmo de grãos, repetindo todos os levantamentos iniciais verifi-
cados nas vistorias prévia e vistorias de monitoramento, tais como:
confirmação da área segurada, avaliação das condições da lavoura
e manejos realizados, dentre outros. Porém, uma vez que já tenha
ocorrido um sinistro, elas adicionam procedimentos relacionados à
constatação e qualificação dos danos.

2.6.3.7. Metodologias de avaliação de danos


Os procedimentos de apuração dos prejuízos baseiam-se em amos-
tragens representativas na extensão da área de interesse e classifica-
ção dessas amostras de acordo com os parâmetros preestabelecidos
para cada cultura.

A amostragem é constituída por três etapas para obtenção do resultado


mais preciso possível: distribuição, coleta e classificação das amostras.

A metodologia de amostragem será determinada com base na colheita


dos frutos para que sejam classificados. A verificação sempre é realizada
às vésperas da colheita, permitindo o segurado reaproveitar os frutos
colhidos para essa determinação. Consiste na coleta de um número pre-
definido de frutos de uma mesma planta ou de um conjunto de plantas,
que serão categorizados de acordo com as tabelas de classificação de
cada cultura, para que seja determinado o percentual de prejuízo.

Quantidade e distribuição das amostras

> Estratifique a área em glebas homogêneas, de acordo com


o nível de dano;

> A quantidade de amostras deve seguir, minimamente, o se-


guinte padrão:

118
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

QUANTIDADE DISTRIBUIÇÃO
ÁREA (ha)
DE AMOSTRA DE AMOSTRAS

Até 1 ha Mínimo de 03 X
X
X

1 a 2 ha Mínimo de 04 X X

X X

2 a 5 ha Mínimo de 05 X X
X
X X

5 a 10 ha Mínimo de 07 X X X
X
X X X

> que 10 ha Mínimo de 11 X X X


X X
X X X
X X
X

Distribua os pontos de amostragem em todas as glebas em número


proporcional aos tamanhos amostrais. Nunca selecione plantas da
bordadura, próximas à falha de plantas, terraços ou qualquer outro
local não representativo da lavoura avaliada, próximos a edificações
e carreadores;

> Considera-se bordadura a primeira linha de plantas que cir-


cunda a gleba;

> Georreferencie cada amostra e a marque sua posição no


croqui.

Coleta das amostras

A forma de coleta das amostras será determinada pelo tipo de cultura


que está sendo avaliada.

Apenas para culturas perenes em que o bem segurado é o fruto, a


amostra deve ser colhida seguindo os passos abaixo descritos; para
as demais situações após a determinação dos pontos de amostra-
gem, passamos diretamente para a classificação das amostras na
própria planta.

119
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Para Culturas Perenes

Na planta escolhida colha a quantidade de frutos predeterminada


para a cultura em todos os quadrantes da planta, atentando-se para
a distribuição horizontal e vertical dos frutos garantindo que todas
as posições sejam amostradas:

> Na planta escolhida colha a quantidade de frutos predeter-


minada para a cultura em todos os quadrantes da planta,
atentando-se para a distribuição horizontal e vertical dos
frutos garantindo que todas as posições sejam amostradas:

Os frutos devem ser colhidos preferencialmente da mesma planta,


porém se o número de frutos por planta for inferior ao necessário
poderão ser acrescentadas uma ou mais plantas da mesma linha
para compor a amostra;

> As amostras devem ser acondicionadas em caixas ou sacolas


e identificadas para posterior classificação;

> Não acondicionar mais de uma amostra no mesmo recipiente;

Para culturas de ciclo curto (hortaliças de folhas, cabeça, tubér-


culos, bulbos e raízes) cultivadas em canteiros

No canteiro escolhido delimite uma sequência de plantas (predefi-


nida para cada cultura) atentando-se para a distribuição da linha de
amostras para que não sejam consideradas as linhas da borda do
canteiro;

> A classificação será feita na própria linha de amostragem,


sem que haja colheita da cultura.

120
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Para culturas com colheita intermitente ou que necessitem de


poda e/ou raleio

> Na fila escolhida delimite uma sequência de plantas (predefi-


nida para cada cultura) atentando-se para que o ponto inicial
da amostra não coincida com áreas com falhas de plantas;

> A classificação será feita na própria linha de amostragem,


sem que haja colheita da cultura, avaliando-se todos os fru-
tos existentes nas plantas que compõem a amostra;

> Para os casos de filas duplas deverão ser considerados os


frutos existentes em ambas, para que a classificação repre-
sente toda a distribuição espacial dos frutos.

Classificação de amostras

As culturas deverão ser classificadas de acordo com a quantidade de


defeitos causados pela ocorrência do sinistro, de modo a ­enquadrá-las
em uma das categorias estabelecidas.

Para culturas que tenham o percentual de prejuízo determinado


também pelo comprometimento da produção em função da perda
de área foliar, esta também deverá ser classificada.

Ao contrário das avaliações de produtividade, nas avaliações de pro-


dução e qualidade, as perdas por riscos não cobertos serão quanti-
ficadas com perdas anteriores ao evento e devem compor o cálculo
do percentual de prejuízo, sendo registradas no laudo de regulação
de danos.

Pela média de enquadramento em cada categoria determina-se o


percentual de prejuízo de cada gleba sinistrada.

Exemplo de amostragem

Feita a classificação, seja qual for a metodologia aplicada, teremos o


percentual de prejuízo causado pelo evento e a partir desse nível de
dano calcula-se o valor a ser indenizado.

Dados:

Área total: 7 hectares

Evento: granizo

121
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

GLEBA IMPORTÂNCIA SEGURADA ((IS) FRANQUIA ÁREA (ha) Nº DE AMOSTRAS

1 R$ 15.000,00 10% da IS 1,5 4

2 R$ 20.000,00 10% da IS 2,5 5

3 R$ 25.000,00 10% da IS 3 5

Dividindo a área em glebas homogêneas pelo nível de dano e poten-


cial produtivo, teremos aproximadamente o croqui a seguir:

Fonte: Mapa, 2020

Após a classificação dos cachos, há os seguintes percentuais de per-


da por gleba:

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Fonte: Mapa, 2020

Para chegar ao valor de percentual de danos, o amostrador deverá


primeiramente realizar toda a coleta e classificação dos frutos. No
exemplo, temos uma avaliação feita em uvas da variedade Niagara,
em que nas 3 glebas da propriedade com 1,5, 2,5 e 3 hectares, foram
necessárias 4, 5 e 5 pontos de amostragem respectivamente.

Na amostragem realizada em cada ponto das glebas, identifica-se


qual o percentual de danos encontrado em cada cacho de uvas cole-
tado, para então alocar cada um deles a determinado nível de perda.

Após avaliar todas as glebas, multiplica-se o somatório de frutos en-


contrados pelo seu nível de perda a fim de ponderar seu nível de
perda total, como é visto nos cálculos a seguir:

123
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

TOTAL CACHOS % PERDAS % DANOS


1 x 0 = 0

8 x 2 = 40

22 x 10 = 220

14 x 20 = 280

57 x 30 = 1710

54 x 40 = 2160

45 x 50 = 2250

28 x 60 = 1680

10 x 70 = 700

2 x 80 = 160

0 x 90 = 0

0 x 100 = 0
241 9200

Em seguida, divide-se o somatório de danos pelo total geral de ca-


chos analisados para encontrar o percentual de danos totais na gle-
ba em questão, logo:

Finalmente, deve ser repetido o procedimento para as demais glebas


a serem amostradas.

Fonte: Mapa, 2020.

2.6.3.7. Relatório fotográfico


As fotografias da propriedade e da lavoura têm como objetivo emba-
sar e caracterizar a extensão e a severidade dos danos ocorridos na
cultura, de forma que a seguradora tenha a compreensão mais efeti-
va das perdas. Para isso é necessário que as fotografias apresentem
uma boa resolução e foco. As imagens deverão abordar:

> Aspectos gerais da área;

> Relevo do terreno;

> Tipo de solo;

124
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

> Estágio do desenvolvimento da cultura;

> Espaçamento entre plantas e entre linhas;

> Danos sofridos pela cultura nos locais amostrados;

> Foto do GPS evidenciando as coordenadas no meio da


propriedade;

> Todos os passos da regulação:

» Medições;

» Encaminhamento;

» Colheita;

» Pesagem;

» Classificação.

As fotografias devem ainda evidenciar danos que possam causar


perdas de produtividade, tais como:

> Doenças;

> Ervas daninhas;

> Pragas;

> Falhas por nematoides;

> Alagamentos pontuais;

> Manchas de solo.

2.7. CONDUTA ÉTICA

2.7.1. Orientações de ética profissional


e ações protetivas
A vida que levamos em sociedade demanda comportamentos éti-
cos associados à conduta de cada indivíduo. Em nossos trabalhos, a
situação não é diferente, aliás, a questão ética torna-se ainda mais

125
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

relevante, pois dela depende o sucesso em nossas carreiras. A ética


profissional traz produtividade e integração dos colaboradores além
de agregar credibilidade, confiança e respeito.

Nas operações de seguros em geral a ética assume papel fundamen-


tal. Nos seguros agrícolas, ainda mais. A falta dela eleva a sinistrali-
dade e, por consequência, os preços das apólices. Pensando dessa
forma, percebemos que o perito é o principal interveniente desse
processo, responsável por mitigar impasses que prejudicam a sus-
tentabilidade financeira da seguradora.

As posturas antiéticas são extremamente danosas aos seguros. Si-


tuações como: atitudes ofensivas, difamação, exploração de qual-
quer natureza, repressão, intimidação, assédio sexual, assédio
moral, aceite de suborno e demais desvios de conduta, devem ser
evitados sob pena do profissional comprometer sua própria carreira.

2.7.1.1. Orientações de ética profissional


Vamos ver como o perito pode ser ético?

Possui vínculo?
O perito ético tem como obrigação avaliar, previamente ao
aceite da vistoria, se existe qualquer tipo de relacionamen-
to com o segurado, seja pessoal (grau de parentesco, ami-
zade e afins) ou profissional (relacionamento comercial, de
trabalho etc.). Caso exista qualquer um desses vínculos, o
profissional deve comunicar a seguradora e recusar a de-
manda do serviço.

Fornece informações indevidas?


Outra questão que acontece com alguma frequência são
os segurados buscarem com o perito informações sobre as
estimativas de cobertura ou indenização do sinistro. O pro-
fissional não deve em qualquer hipótese tecer comentários
a esse respeito, uma vez que a competência do técnico vis-
toriador se encerra com a mensuração dos fatos ocorridos
a campo. Caso o segurado questione o perito, este deverá
ser orientado para que entre em contato com seu corretor
ou seguradora para esclarecimentos.

Durante a vistoria, o técnico deverá sempre restringir as suas


ações ao que foi demandado, evitando possíveis distrações e
conversas paralelas que acabem roubando a atenção do visto-
riador, deixando margens para possíveis ações fraudulentas.

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CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

É imparcial?
O encarregado deve registrar com imparcialidade e preci-
são técnica os fatos apurados a campo, conforme o tipo de
vistoria realizada.

Age com respeito, gentileza e racionalidade?


A postura diante do segurado deverá ser sempre gentil e
respeitosa durante o procedimento, mantendo a racionali-
dade para apuração dos fatos e coleta da informação.

É discreto?
O acesso a informações do histórico da lavoura é essencial
para compreender da melhor forma a situação presente. Al-
gumas fontes para esses tipos de dados podem ser tanto o
segurado como a seguradora, por esse motivo, as habilida-
des de relacionamento interpessoal podem ser um grande
apoio. Deve ser mantida uma conduta discreta, reservada,
evitando exposições pessoais desnecessárias, sempre pre-
servando o sigilo dos dados do processo de sinistro.

Como são seus laudos?


Os laudos são documentos que compõem o processo de
sinistro e passam por vários intervenientes, podendo ser
usados legalmente em casos de citação judicial e, por essa
razão, devem ter uma linguagem clara e objetiva. O perito
deve se precaver quanto a dizeres que possam ter mais de
uma interpretação, como autorização para procedimentos,
ou que indiquem expectativas de decisão da seguradora.

O QUE FAZER EM CASOS DE IRREGULARIDADES?


A denúncia de suspeitas de irregularidades ajuda a identificar possíveis profissionais e clien-
tes que apresentem desvios de conduta. No caso de suspeita ou constatação dessas ocor-
rências, deve-se buscar uma forma de coleta de provas, na medida do possível, para então
verificar com a entidade quais providências devem ser tomadas.

Não esqueça! É preciso ter consciência sobre o significado de seu trabalho e


as implicações de cada decisão tomada e ação executada.

127
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

2.7.1.2. Ações protetivas


Existem algumas ações que podem proteger o perito em sua atua-
ção profissional:

Evite conflitos e excessos


O perito deve buscar se resguardar no sentido de não en-
trar em choque com o segurado, uma vez que depende
dele no fornecimento de informações cruciais para a avalia-
ção dos riscos e prejuízos. Por outro lado, uma postura exa-
gerada do tipo “amiguinho do segurado” pode levar a um
excesso de intimidade que eventualmente pode descam-
bar para situações nada éticas como: casos de propinas,
atitudes agressivas, assédio moral e/ou físico, por parte do
segurado.

Seja paciente e bom orientador


Uma postura adequada, mantendo a paciência e a boa
orientação, possibilita que grande parte das situações ad-
versas possam ser administradas sem mais complicações.

As dúvidas do segurado quanto à metodologia aplicada no


processo de vistoria devem sempre ser respondidas. Caso o
segurado não aceite a metodologia que será empregada, ten-
te apresentar uma nova proposta que mantenha a represen-
tatividade amostral, evitando controvérsias com o segurado.

Esteja atento aos processos durante a colheita


Durante a operação de colheita, certifique-se de que o pro-
cesso está sendo executado na velocidade correta para que
não haja perdas. Da mesma forma, para averiguar o desem-
penho do processo, solicite ao piloto do maquinário, que
em determinados períodos seja realizado paradas, para que
o perito possa estimar a perda no momento da colheita.

Sempre mantenha em vista as amostras levantadas durante


o processo, como os caminhões carregados com a colhei-
ta, evitando tentativas de alteração na massa da carga. Ao
transportar a carga, averigue se o nível de perda está dentro
do aceitável, e mantenha a atenção na rota escolhida pelo
motorista, que pode alongar o percurso ou usar as vias de
pior qualidade, elevando assim a perda nesse momento.

128
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

O QUE FAZER QUANDO PERCEBER TENTATIVAS DE INTERVENÇÃO?


O perito deve manter sempre a atenção, caso perceba alguma tentativa de intervenção nos
resultados de seu trabalho, ele deve buscar refazer a vistoria, relatando tudo no laudo poste-
riormente, pois quanto maior o nível de detalhamento dos processos e informações levanta-
das a campo, melhor será a qualidade de seu trabalho apresentado à seguradora.

2.7.1.3. Risco moral e casos de fraude


Durante o processo de verificação do sinistro podem ocorrer tentati-
vas de fraude por parte do segurado ou do profissional que realiza o
atendimento. A tentativa de fraude mais recorrente é oferta de pro-
pina, agrados ou favorecimentos, com a intenção de gerar desvios
ou vantagens durante a realização da perícia, como por exemplo,
variações na coleta de amostra, estimativas de produção e afins. Ou-
tros exemplos de tentativa de fraude são:

Confusão do profissional
Apresentação de área diferente da contratada no seguro,
apresentação de informações inverídicas (histórico da pro-
priedade, data de plantio, adequação ao Zoneamento Agrí-
cola de Risco Climático etc.).

Colheita
Adulteração da colhedora (aumento da coleta de impureza,
despejo de grãos a campo, altura da plataforma, velocida-
de acima ou abaixo do recomendado e demais regulagens
incorretas), interferências na amostragem (direcionamento
a regiões conhecidamente de menor produtividade – solos
compactados, relevos diferenciados e afins) e transferência
incompleta do produto colhido para o transportador.

Transporte
Uso de velocidades e isolamento da carga inadequados,
de maneira a ocasionar a perda de grãos no trajeto até a
balança, adulterações no veículo de transporte para des-
pejo do produto ou seguir rotas diferentes do planejado
com o vistoriador.

129
CURSO DE PERITO RURAL MÓDULO 1

Pesagem
Adição de peso na balança e influências na tara, posicio-
namento incorreto para pesagem (pneus desalinhados ou
fora da balança), descarregamento incompleto do produto,
distorções na coleta e na aferição da amostra para impure-
za e umidade.

Atenção É de responsabilidade do profissional, garantir o sigilo e cuidado sobre


os dados de seus clientes. Essas informações devem ser encomendadas apenas ao
destino que lhes foi proposto pela seguradora. O descumprimento das obrigações
pode implicar em penalizações como multas, sanções e descredenciamentos.

Diante do exposto, pode-se notar que o encarregado técnico atua em um espaço am-
plo para tentativas de fraude em vários momentos da vistoria, justificando a neces-
sidade de uma atenção constante a todos os fatores que possam causar infidelidade
de resultado, pois este refletirá diretamente na conclusão do trabalho prestado.

130
glos

GLOSSÁRIO
Apólice: contrato do seguro. O documento que contém informações do segurado, do
bem coberto, as coberturas, o preço e a duração do seguro, ou seja, tudo o que foi de-
finido no momento da assinatura da proposta.

rio
Aquicultura: produção e/ou criação de seres aquáticos vivos, em cativeiro.

CADIN: Cadastro Informativo dos Créditos Não Quitados do setor público federal.

Cobertura: garantia de proteção contra determinado evento coberto, descrito na apó-


lice de seguro.

Corretor: pessoa física ou jurídica, devidamente habilitada e registrada na Superin-


tendência de Seguros Privados – Susep – para intermediar e promover a realização de
contratos de seguro entre segurados e seguradoras. Cabe ao corretor habilitado de
seguros intermediar o seguro pretendido, bem como orientar e esclarecer o segurado
sobre os direitos, obrigações, limites e penalidades previstas nas condições gerais. A
indicação do corretor habilitado de seguros é de responsabilidade do segurado.

Cultura: processo ou efeito de cultivar a terra. Cultura agrícola refere-se ao tipo de


produto cultivado em determinada área.

Franquia: valor que o segurado paga em caso de sinistro de perda parcial. A segura-
dora só paga os valores que excederem a franquia.

Franquia dedutível: valor ou percentual do Limite Máximo de Indenização (LMI) de


cada unidade segurada definido na contratação da apólice. É utilizado no cálculo da
indenização na ocorrência de um ou mais sinistros indenizáveis e representa a partici-
pação do segurado nos sinistros.

Indenização: pagamento que o segurador faz ao segurado no caso de ocorrer um


sinistro com prejuízos cobertos pela apólice.

Índice pluviométrico: resultado do somatório da quantidade de chuva em determina-


do local durante um dado período de tempo.

Insumos: bens que se utilizam na produção de outro bem. No caso de insumo agrícola,
seriam sementes e adubo, por exemplo.

Importância Segurada (IS) ou Limite Máximo de Indenização (LMI): valor máximo


a ser pago pela seguradora, definido de acordo com os critérios do seguro contratado
pelo produtor rural.

IESS | CURSO DE PERITO RURAL 131


glos

Laudos técnicos: documentos com informações que deverão ser seguidas na con-
dução da cultura segurada, de acordo com as recomendações dos órgãos oficiais de
pesquisa agropecuária e da seguradora.

Limite Máximo de Garantia (LMG): valor máximo de responsabilidade da segurado-


ra, conforme fixado na apólice, para reparação dos prejuízos efetivos decorrentes de
um evento ou série de eventos, de uma ou mais coberturas contratadas, sendo menor

rio
ou igual à somatória dos LMIs estabelecidos para cada cobertura.

Liquidação de sinistros: pagamento da indenização que é devida ao segurado após a


apuração dos prejuízos e a verificação das coberturas por meio da regulação do sinistro.

Lucros cessantes: perdas financeiras decorrentes de acidentes aos quais estão sujei-
tos os bens do segurado e que, por isso, podem causar perturbações no seu giro ou
movimento de negócios.

Mutualismo: princípio fundamental que constitui a base de toda operação de seguro.


Consiste em ter várias pessoas associadas para, em comum, suportarem o prejuízo que
a qualquer delas possa advir, em consequência do risco por todas corrido.

Nível de cobertura: percentual de proteção garantido pela apólice aplicável à produ-


tividade esperada ou faturamento esperado. Varia, normalmente, entre 65% e 80%,
conforme a seguradora e o produto agrícola. Quanto maior o nível de cobertura, maior
a proteção oferecida pela apólice.

Perda: pode ser parcial e total. Perda parcial se refere a quando o produtor teve per-
das de produção, mas que não compromete a continuidade da exploração técnica da
cultura segurada. Já a perda total torna inviável a continuidade da produção. Conside-
ra-se perda total quando a produção prevista da cultura segurada for nula ou ocorrer a
mortalidade de 100% das plantas da unidade segurada.

Prêmio: valor pago pelo produtor para a seguradora na contratação da apólice de se-
guro. O valor do seguro cobrado pela seguradora está associado ao risco coberto, que
depende de diversos fatores, como práticas culturais ou sistemas de produção utiliza-
dos, localização e as condições edafoclimáticas da região.

Produtividade esperada: referência de potencial produtivo da lavoura segurada. De-


verá corresponder tanto quanto possível à média histórica de produtividade da área a
ser segurada. O mercado segurador geralmente define esse parâmetro com base em
série histórica do IBGE, banco de dados de cooperativas e instituições financeiras, e até
do próprio produtor rural. Tem sido cada vez mais frequente a utilização de base de
informações mais representativas da realidade local dos produtores rurais, tornando
os seguros mais adequados às suas necessidades.

IESS | CURSO DE PERITO RURAL 132


glos

Produtividade obtida: produtividade média da área segurada, após a ocorrência de
um sinistro, aferida pela seguradora para avaliar os prejuízos. Será utilizada como pa-
râmetro para definir o direito à indenização.

Produtividade segurada: resultado da aplicação do Nível de Cobertura sobre a Pro-


dutividade Esperada. Representa a proteção efetiva do seguro. Quando a Produtivida-
de Obtida na área protegida for menor que a Produtividade Segurada, gera-se o direito

rio
de indenização ao produtor.

Regulação de sinistro: fase de apuração de um sinistro, que consiste na elaboração


do laudo de sinistro e definição dos danos causados por evento coberto e não coberto.
Serve para estabelecer as causas do sinistro, verificar o enquadramento do seguro e
determinar os danos da cultura segurada.

Replantio: prática agrícola de preparo da área segurada, destinada à reposição das


sementes ou mudas danificadas ou destruídas. Deverá ser o mesmo cultivo anterior,
seguindo as mesmas características de produção. O segurado deverá seguir as reco-
mendações dos órgãos oficiais de pesquisa agropecuária e extensão rural, de acordo
com as datas recomendadas pelas portarias do zoneamento agrícola de risco climático
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a região e tipo de
solo.

Subvenção: percentual ou parte do prêmio do seguro rural assumido pelo Mapa e/


ou secretarias de agricultura estaduais e/ou municipais, de acordo com os respectivos
normativos. Varia para cada cultura e região.

Taxa: percentual da importância segurada que se tornará o valor do prêmio do seguro.

IESS | CURSO DE PERITO RURAL 133


re
fe
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Requisitos Básicos para
Capacitação de Peritos Rurais. Brasília, DF: Mapa, 2020. v. 1.

rên
ESCOLA DE NEGOCIOS E SEGUROS. Diretoria de Ensino Técnico. Seguro rural. Assesso-
ria técnica de Fabio Roberto Dias - 2020/2019. 4 ed. Rio de Janeiro: Funenseg e de Bruno
Kelly 2018. 135 p.

SUSEP. Glossário. Disponível em: <http://www.susep.gov.br/menu/informacoes-


-ao-publico/glossario>. Acesso em: 24 de setembro de 2020.

cias
ENS. Tudo sobre seguros. Site. Disponível em: <https://www.tudosobreseguros.org.br/>.
Acesso em: 09 de fevereiro de 2020.

134
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