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DISCIPLINA: DIREITO DA EMPRESA

PROFESSOR: MATIAS JOAQUIM COELHO NETO


ALUNO: EVERSON PEREIRA DUARTE
MATRÍCULA: 513867
TURNO: NOTURNO
EMAIL: everson_duarte@hotmail.com
Telefone: (61) 99694-1972

CONSIDERAÇÕES SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO

1. INTRODUÇÃO
Os Títulos de Crédito estão previstos no Código Civil Brasileiro, instituído
pela Lei 10.406. Segundo o artigo 887, título de crédito é o “documento necessário
ao exercício do direito literal nele contido, somente produz efeito quando preencha
os requisitos da lei”.

Não obstante o legislador tenha acrescido no final do artigo que o título


apenas produz efeito quando preencha os requisitos da lei, com efeito, ele deixa
clara a sua preocupação, segundo a qual os títulos de crédito devem preencher
garantias mínimas e essenciais, assim tornando verdadeiramente eficaz a
circulação.

2. PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO


Princípios específicos e próprios regem o instituto dos títulos de créditos, tais
como:

Princípio da Literalidade: este é um dos principais princípios, o qual aponta


que só tem eficácia aquilo que está expresso nele. Desse modo, qualquer ação ou
instrumento fora do próprio título de crédito, sua eficácia será nula;

Princípio da Cartularidade: este princípio estabelece que é sempre


obrigatória a apresentação do título original, viável e fundamental, não sendo
admitida a execução de uma dívida por meio da apresentação de cópia;

Princípio da Autonomia: não existe vinculação da causa do título em relação


a seus coobrigados. Independente das obrigações assumidas por outros, cada
pessoa que se comprometer no título assume uma obrigação diversa.

Princípio da Documentalidade: o título de crédito tem que revestir-se de


características formais, não há validade em declaração oral, gravada ou não.
Princípio da Executividade: o título de crédito tem força idêntica a uma
sentença judicial transitada em julgado, não havendo necessidade de processo
judicial de execução por parte de seu titular.

Princípio do Formalismo: o documento deverá conter todos os dados


previstos em lei, sob pena de perder seu valor.

Princípio da Solidariedade: cada um dos coobrigados (sacador, aceitante,


emitente, endossante ou avalista) pode ser chamado a responder pela totalidade da
dívida, acarretando, assim, a solidariedade entre eles. Cada pessoa que emite sua
assinatura num título fica responsável por seu pagamento tanto quanto o devedor
principal.

Princípio da Circulação: tem como finalidade facilitar as operações de crédito


e a transmissão dos direitos. A transmissão dá-se pela tradição ou pelo endosso, a
terceiro de boa-fé.

3. CIRCULAÇÃO DOS TÍTULOS E CRÉDITO


Quanto à circulação, os títulos de créditos pode se apresentar em duas
situações, são elas: título ao portador e títulos nominativos.

Os Títulos ao Portador são aqueles nos quais o nome do beneficiário não


consta expresso. Isso caracteriza maior facilidade de circulação ao título, pois sua
execução se processa pela sua simples tradição á outro.

Os Títulos Nominativos são aqueles que possuem o nome do beneficiário e


circula a ordem ou não à ordem. Os títulos nominativos a ordem são endossáveis e
circuláveis quando o emitente silenciar quanto à circulabilidade do título. Nessa
hipótese, o título poderá ser transferido a terceiros, sendo necessário, em alguns
casos, constar o endosso no livro de registro em que consta o título. Ou poderá ser
não a ordem, não endossável e não circulável quando o emitente fizer constar uma
destas expressões, o que impede o beneficiário de transferir o título a favor de
terceiros.

4. DO ENDOSSO
O Endosso é a transferência legal de um título de crédito de uma pessoal
para outra. A partir dessa tradição o novo proprietário do título passa a ter os direitos
contidos naquele título, este é o caso de endosso translativo.

Há a possibilidade também de se transferir apenas os poderes cambiais do


título, sem transferir a propriedade, este é o endosso mandato. Nesse caso, aquela
pessoa indicada como credor de um determinado valor representado por um título
de crédito transfere esse crédito à outra pessoa. É feito pela assinatura do credor no
anverso (frente) ou no verso ou dorso (atrás) do título. Em regra, não existem limites
para o endosso nos títulos de crédito, exceto para o cheque, que só pode ser
endossado uma única vez.

Aquele que endossa é chamado de endossante e aquele que recebe é o


endossatário.
O endosso pode ser:

Em branco: quando não identifica o endossatário, e pode circular por


tradição;

Em preto: quando se identifica o endossatário, de qualquer forma (nome,


RG, CPF);

Endosso próprio: transfere a propriedade do título de crédito e o direito


contido nele.

Endosso impróprio: transfere somente a posse do título, mas não o crédito.


É dividido em duas espécies:

Endosso mandato: o endossatário é mandatário do endossante. Deve estar


identificado como título impróprio, com a respectiva ordem de pagamento por
procuração.

Endosso caução: neste caso, o título de crédito é dado em garantia. Deve


estar também identificado como título impróprio, com a respectiva ordem de
pagamento em garantia.

5. DO AVAL
O aval é uma garantia dada a um determinado título de crédito, feita com a
assinatura no verso do título. Em consequência, o avalista torna-se tão responsável
pelo pagamento quanto o devedor principal. Entretanto, não se admite protesto do
avalista.

O Avalista é quem presta aval, e o beneficiado do aval é o avalizado.

O aval poderá se apresentar:

Em branco: não identifica expressamente o avalizado. Presume-se ser o


sacador (presunção relativa), pois tem casos em que o sacador é credor;

Em preto: identifica o avalizado.

Aval parcial: art. 897, § único, Código Civil (CC). “é vedado aval parcial”.
Pelo CC é vedado o aval parcial. Porém, na Lei Uniforme é permitido o aval
especial, em seu artigo 30 (DECRETO Nº 57.663, DE 24 DE JANEIRO DE 1966).

Aval simultâneo: mais de um avalista garante a obrigação de um único


avalizado. Em termos de direito de regresso, no simultâneo, somente é possível
acionar o devedor principal pela totalidade. Os codevedores podem ser acionados
na proporção de suas cotas-parte.

Aval sucessivo: quando um avalista garante o cumprimento da obrigação de


avalista anterior. Em termos de regresso, quando um avalista sucessivo cumpre a
obrigação, pode cobrar em regresso a totalidade do devedor principal ou a totalidade
dos demais.

O aval difere da fiança pelo fato desta última se caracterizar em contratos


cíveis e não sob títulos de crédito, como a primeira. Principais diferenças entre aval
e fiança:

Fiança é um contrato acessório pelo qual a pessoa garante ao credor


satisfazer a obrigação assumida pelo devedor caso este não a cumpra, ao passo
que a obrigação do avalista é autônoma, independente da obrigação do avalizado. A
fiança produz mais efeitos que o aval, uma vez que a posição do fiador adquire
características de principal.

Por fim, cumpre ressaltar que a lei concede ao fiador o benefício de ordem,
benefício este inexistente para o avalista.

6. TIPOS DE TÍTULOS DE CRÉDITO


São vários os exemplos de títulos de crédito, podemos citar: Letra de
Câmbio, Nota Promissória, Cheque, Duplicata (Mercantil e de Serviço), Debênture
(Simples e Conversível), Conhecimento de Depósito e Warrant, Letra Hipotecária,
Nota de Crédito Rural, Duplicata Rural, Letra Imobiliária, Certificado de Depósito
Bancário, Cédula Hipotecária, Títulos de Capitalização e Títulos Públicos (LTN ,
ORTN, etc.)

Cabe analisar alguns dos principais títulos de crédito.

6.1. CHEQUE
É uma ordem de pagamento à vista, dada à um banco ou instituição
financeira, sacada em favor do próprio emitente ou de terceiro. É considerado um
título impróprio, pois, apesar de ser um título de crédito não apresenta
características destes. Neste sentido, cabe ressaltar que nessa relação apresentam-
se três figuras: o sacador (emitente), o sacado (banco) e o beneficiário (tomador).

6.2. NOTA PROMISSÓRIA


É uma promessa de pagamento direta do devedor ao credor. Esse título de
crédito “constitui compromisso escrito e solene, pelo qual alguém se obriga a pagar
a outrem certa soma em dinheiro” (REQUIÃO, p. 465).
No mais, a nota promissória é título literal e abstrato.

Apesar de ser diferente da letra de câmbio, fundamentalmente, por ser uma


promessa de pagamento, enquanto a letra de câmbio é ordem de pagamento,
aplicam-se à nota promissória os dispositivos relativos à letra de câmbio, com
exceção daqueles que se referem ao aceite e a duplicidade.

Sendo promessa de pagamento a nota promissória envolve apenas dois


personagens cambiários: o emitente ou promitente que é a pessoa que emite a nota
promissória, na qualidade de devedor do título, e o beneficiário que é a pessoa que
se beneficia da nota promissória, na qualidade de credor do título.
Se não constar data de vencimento, será pagamento à vista. Será pagável
no domicilio do emitente a nota que não indicar o lugar do pagamento. Não se
admite nota promissória ao portador.

6.3. LETRA DE CÂMBIO


É uma ordem de pagamento em que um indivíduo ordena que um segundo
realize o pagamento determinado por um valor para terceiro à vista ou a prazo, por
meio do ato chamado de saque. O sacador dirige-se ao sacado com o objetivo de
que este pague a importância nela consignada a um terceiro chamado tomador.

É talvez o título de crédito mais antigo existente e nele se configura três


figuras: o sacador (emitente), o sacado (pessoa a quem a ordem de pagamento é
dirigida) e o tomador (beneficiário).

7. CONCLUSÃO
Estudamos de maneira resumida os títulos de crédito, no qual podemos
ressaltar ser de grande importância dado sua utilidade corriqueira e constante nas
áreas comerciais, econômica e jurídica brasileira. Sua principal finalidade é
promover a circulação rápida, com segurança jurídica e eficaz de capitais.

Diante do exposto, resume-se que o título de crédito é um documento formal


e legal que representa valor devido, no qual acarreta em cumprimento de obrigação
na proporção da qualificação do elemento integrante da relação cambial.

8. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Amador Paes de. Teoria e prática dos títulos de crédito. São
Paulo: Saraiva, 1989.

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 13ª. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002.

FIUZA, Ricardo. Novo Código Civil Comentado, 1a. ed. São Paulo: Saraiva,
2002.

Lei 10406/20 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm -


acesso em 15-02-2022.

https://www.zambiazi.com.br/article/da-circulacao-dos-titulos-de-credito-
diferenca-entre-endosso-e-cessao-civil. Acesso em 15.02.2022

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