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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE DIREITO
GRADUAÇÃO EM DIREITO
LYRA FILHO, Roberto. Pesquisa em que Direito? Brasília: Edições Nair LTDA, 1984.
Nessa proposta, Roberto Lyra Filho pressupõe que não basta o pesquisador utilizar-se
dos conceitos e das hipóteses de trabalho apenas para justificar ou substituir uma visão
predefinida do fenômeno pesquisado, e sim que deve haver uma colaboração da sociologia e
da filosofia nos estudos da todo e da parte que o compõe, numa dialética constante a fim de
“encontrar a essência deste na própria cadeia das transformações, no próprio vir-a-ser
jurídico, expresso em fenômenos e dentro do mundo histórico e social” (p.07).
Nesse mesmo diapasão, a Nova Escola Jurídica Brasileira, designada por Lyra Filho
de NAIR, constitui-se de um grupo de produtores intelectuais independentes das amarras de
ideologias, ou dogmas aprisionadores e preconceituosos, no qual utiliza-se da abordagem
filosófica, sociológica e jurídica para a pesquisa em Direito em constante evolução, portanto,
nunca se finaliza o debate, mantendo a dialética epistemiológica e ontológica das questões.
Logicamente a NAIR assimila influências libertadoras e revolucionárias, apresentadas nos
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pensamentos de Engels, Marx e Rosa de Luxemburgo, sem vestir as vestes de suas correntes
doutrinárias.
A NAIR nega a forma com se realiza o Direito Positivista atual e preconizado ainda no
ensino jurídico tradicional, que apresenta inversões, contradições, autoritarismo e
coercitividade ainda preconizado nas Faculdades. O normativismo estatal é autoritário a partir
do momento que não houve uma revolução que o investiu de poder normatizador e
sancionador. Também é contraditório no momento em que algumas normas compões o
Direito afirmando que a norma estatal não é o Direito verdadeiro, como no exemplo, citado
pelo conferencista, do Estatuto da OAB que fundamenta o direito de advogar no
reconhecimento da “injustiça da lei” (p.13).
A NAIR não é apenas crítica, ela também é propositiva e renovadora, onde não apenas
se enquadra no positivismo e nem no jusnaturalismo, por meio de cinco proposições: a de que
o Direito é libertador, pois dá livre condição de desenvolvimento do conjunto; que essa
liberdade consciente reflete a dialética dos grupos antagônicos e produz a verdadeira Justiça;
que a legitimidade das normas estão amparados no vetor histórico das sociedades realmente
livres, isso se chama direitos humanos; que o processo de liberdade não pode ser totalmente
controlado por um calhamaço de normas aprisionadoras e limitadoras do Direito e nem pode
estar sob a égide de tutores que determinam e delimitam essa liberdade dentro de uma área
que lhes interessam; e que a positivação oriunda da dialética jurídica proposta não ficará
trancada numa ordem social e seu direito positivo.
O Direito real e concreto é aquele advindo dos anseios de um povo que o substancia
em norma, e não o contrário, fazendo com o Estado seja influenciado pela liberdade
conscientizada daquele povo. Este Direito é libertador e tem pluralidade jurídica.
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De tal sorte, o progresso nunca pode ser efetuado dentro da ordem instituída,
mas segundo o processo que a condena à perecebilidade social, tanto quanto
o processo da vida humana também nos condena à perecibilidade biológica –
e até com a mesma ressalva à Lavoisier, de que nada se perde, nem se cria,
senão que tudo se transforma. (p. 26).
O Estado não pode ser o único dono do Direito, afinal a busca da felicidade pessoal
não depende dele, por isso as concepções socialistas de pensadores como Marx e Engels,
podem recuperar a dignidade do Direito e da política.