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ESTATUTOS DA ORDEM DOS ADVOGADOS DE ANGOLA

Texto integral
incluindo as alterações introduzidas pelo Decreto nº 56/05, de 13 de Maio

TÍTULO I
DA ORDEM DOS ADVOGADOS
CAPITULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

ARTIGO 1º
(Denominação, natureza e sede)
1. A Ordem dos Advogados é a instituição representativa dos licenciados em Direito que,
em conformidade com os preceitos do presente Estatuto e demais disposições legais
aplicáveis, exercem a advocacia.
2. A Ordem é independente dos Órgãos do Estado, sendo livre e autónoma nas suas regras
e funcionamento.
3. A Ordem tem personalidade jurídica e goza de autonomia administrativa, financeira e
patrimonial.
4. A Ordem tem a sua sede em Luanda.

ARTIGO 2º
(Âmbito)
1. A Ordem é de âmbito nacional e está internamente estruturada em conselhos
provinciais e delegações.
2. Sempre que o número de advogados de algumas províncias não permita a constituição
de conselhos provinciais, o Conselho Nacional pode, por deliberação, criar conselhos
interprovinciais, de carácter provisório, que abranjam duas ou mais províncias, aos quais
serão aplicáveis, com as devidas adaptações, os artigos 37º e 38º dos presentes estatutos,
e cujas regras específicas de funcionamento serão fixadas na deliberação do Conselho
Nacional que os cria.

ARTIGO 3º
(Atribuições)
Constituem atribuições da Ordem:
a) Colaborar na administração da Justiça, pugnar pela defesa do Estado democrático de
direito e defender os direitos, liberdades e garantias individuais dos cidadãos;
b) Atribuir o titulo profissional de advogado e de advogado estagiário e regulamentar o
exercício da respectiva profissão;
c) Zelar pela função social, dignidade e prestigio da profissão de advogado e promover o
respeito pelos respectivos princípios deontológicos;
d) Defender os interesses, direitos, prerrogativas e imunidades dos seus membros;
e) Reforçar a solidariedade entre os seus membros;
f) Exercer jurisdição disciplinar exclusiva sobre os advogados e advogados estagiários;
g) Promover o acesso ao conhecimento e aplicação do direito e contribuir para o
desenvolvimento da cultura jurídica;
h) Contribuir para o aperfeiçoamento da elaboração do direito, devendo ser ouvida sobre
os projectos de diplomas legislativos que interessem ao exercício da advocacia e à
aplicação da justiça e ao patrocínio judiciário em geral;
i) Contribuir para o estreitamento das relações com organismos congéneres estrangeiros;
j) Exercer as demais funções que resultem das disposições deste Estatuto ou de outros
preceitos legais.

ARTIGO 4º
(Representação da Ordem)
1. A Ordem é representada em juízo e fora dele pelo Bastonário.
2. Para defesa dos seus membros em todos os assuntos relativos ao exercício da profissão
ou desempenho de cargos nos órgãos da Ordem quer se trate de responsabilidades que
lhes sejam exigidas, quer de ofensas contra eles praticadas, pode a Ordem exercer os
direitos de assistente ou conceder patrocínio em processos de qualquer natureza.
3. A Ordem, quando intervenha como assistente em processo penal, pode ser representada
por advogado diferente do constituído pelos restantes assistentes, havendo-os.

ARTIGO 5º
(Recursos)
1. Sem prejuízo do disposto no número 2 do artigo 77º dos presentes Estatutos, os actos
praticados pela Ordem no exercício das suas atribuições admitem os recursos hierárquicos
previstos no presente Estatuto.
2. O prazo de interposição do recurso é de oito dias, quando outro especial não seja
assinado.
3. Dos actos definitivos e executórios dos órgãos da Ordem cabe recurso contencioso nos
termos gerais de direito.

ARTIGO 6º
(Correspondência e requisição oficial de documentos)
1. No exercício das suas atribuições, podem os órgãos da Ordem corresponder-se com
quaisquer entidades públicas e tribunais e, bem assim, requisitar, sem pagamento de
despesas, cópias, certidões, informações e esclarecimentos, incluindo a remessa de
processo em confiança, nos mesmos termos em que os organismos oficiais devem
satisfazer as requisições dos tribunais judiciais.
2. Os particulares têm o dever de colaborar com a Ordem no exercício das suas
atribuições.

CAPITULO II
ÓRGÃOS DA ORDEM DOS ADVOGADOS
SECÇÁO I
Disposições Gerais
ARTIGO 7º
(Órgãos)
1. A Ordem prossegue as atribuições que lhe são conferidas nestes Estatutos e demais
legislação através dos seus órgãos.
2. Sem prejuízo do disposto no nº 2 do artigo 2º, são órgãos da Ordem:
a) A Assembleia Geral;
b) O Bastonário;
c) O Conselho Nacional;
d) As Assembleias Provinciais;
e) Os Conselhos Provinciais;
f) Os Delegados.
g) A Comissão de Ética e Disciplina
h) O Centro de Estudos e Formação

ARTIGO 8º
(Carácter electivo e temporário dos cargos sociais)

1. Sem prejuízo do estabelecido no artigo 39º, os titulares dos órgãos da Ordem são eleitos
por um período de três anos civis.
2. Não é admitida a reeleição do Bastonário para um terceiro mandato consecutivo.
ARTIGO 9º
(Elegibilidade)
1. Só podem ser eleitos ou designados para os órgãos da Ordem os Advogados com
inscrição em vigor e sem qualquer punição de carácter disciplinar superior à de
advertência.
2. Só podem ser eleitos para o cargo de Bastonário os advogados com pelo menos oito
anos de exercício da profissão.
3. Para efeitos do disposto no número 1 deste artigo, considera-se que têm a sua inscrição
em vigor os advogados que não se encontrem numa situação de incompatibilidade ou
impedimento e tenham as suas quotas em dia.
ARTIGO 10º
(Apresentação de candidaturas)
1. A eleição para os órgãos da Ordem dos Advogados depende da apresentação de
propostas de candidaturas, que devem ser efectuadas perante o Bastonário em exercício
até 31 de Outubro do ano imediatamente anterior ao do inicio do triénio subsequente.
2. As propostas são subscritas por um mínimo de quinze advogados com inscrição em
vigor, quanto às candidaturas para Bastonário e para o Conselho Nacional, por um
mínimo de dez advogados, quanto às candidaturas para o Conselho Provincial de Luanda,
e por um mínimo de dois advogados, quanto às candidaturas para os restantes Conselhos
Provinciais.
3. As propostas de candidaturas para Bastonário e para o Conselho Nacional deverão ser
apresentadas em conjunto, acompanhadas das linhas gerais do respectivo programa.
4. As propostas de candidatura para os Conselhos Provinciais devem indicar o candidato
a presidente do respectivo Órgão.
5. As propostas de candidatura devem conter a declaração de aceitação de todos os
candidatos.
6. Quando não seja apresentada qualquer candidatura, o Bastonário declara sem efeito a
convocatória da assembleia ou o respectivo ponto de ordem do dia e, concomitantemente,
designa data para nova convocação da respectiva assembleia entre 90 e 120 dias após o
dia anteriormente indicado para a eleição. A apresentação de candidaturas terá lugar até
trinta dias antes da data designada para a reunião.
7. Na hipótese prevista no número anterior, os membros até então em exercício continuam
em funções até à tomada de posse dos novos membros eleitos.
8. Se não for apresentada qualquer lista, o órgão cessante deverá apresentar uma, com
dispensa do estabelecido nos n.º 2 e 5 do presente artigo, no prazo de 8 dias após o termo
do prazo para a apresentação das listas nos termos gerais.
ARTIGO 11º
(Data das eleições)
1. A eleição para os diversos órgãos da Ordem dos Advogados realizar-se-á até 30 de
Abril, na data que for designada pelo Bastonário.
2. As eleições para Bastonário, Conselho Nacional e Conselho Provincial de Luanda têm
sempre lugar na mesma data.
3. A tomada de posse dos órgãos sociais eleitos tem lugar até um mês após a respectiva
eleição
ARTIGO 12º
(Voto)
1. Apenas têm direito a voto os advogados com inscrição em vigor.
2. O voto é secreto e obrigatório, podendo ser exercido pessoalmente ou por
correspondência, dirigida, conforme for o caso, ao Bastonário ou ao Presidente do
Conselho Provincial.
3. No caso do voto por correspondência, o boletim é encerrado em subscrito acompanhado
de carta assinada pelo votante.
4. O advogado que deixar de votar sem motivo justificado pagará multa de montante igual
a três vezes o valor da quotização mensal, que reverterá a favor da Ordem.
5. A justificação da falta deverá ser apresentada pelo interessado, sem dependência de
qualquer notificação, no prazo de 15 dias, a partir da data de eleição, em carta dirigida ao
Conselho Provincial respectivo ou ao Conselho Nacional, no caso de aquele não existir.

ARTIGO 13º
(Obrigatoriedade de exercício de funções)
1. Constitui dever do advogado o exercício, nos órgãos da Ordem, das funções para que
tenha sido eleito ou designado, constituindo falta disciplinar a recusa de tomada de posse,
salvo no caso de escusa fundamentada, aceite pelo Conselho Provincial respectivo ou pelo
Conselho Nacional, no caso de aquele não existir.
2. A recusa injustificada de exercício das funções por quem tenha sido eleito ou designado
é punível com suspensão do exercício da profissão por um período de 18 meses.

ARTIGO 14º
(Renúncia ao cargo e suspensão temporária do exercício de funções)
Quando sobrevenha motivo relevante, pode o advogado titular de cargo em órgãos da
Ordem dos Advogados solicitar ao conselho Nacional a aceitação da sua renúncia ou a
suspensão temporária do exercício de funções.

ARTIGO 15º
(Perda de cargos)
1. O advogado eleito ou designado para o exercício de funções em órgãos da Ordem deve
desempenhá-las com assiduidade e diligência.
2. Perde o cargo o advogado que, sem motivo justificado, não exerça as respectivas
funções com assiduidade e diligência ou dificulte o funcionamento do órgão a que
pertença.
3. A perda do cargo nos termos deste artigo será determinada pelo próprio Órgão,
mediante deliberação tomada por três quartos dos votos dos respectivos membros.
4. A perda do cargo de Delegado depende de deliberação do Conselho Nacional, tomada
por três quartos dos votos dos respectivos membros.
ARTIGO 16º
(Efeitos das penas disciplinares)
1. O mandato para o exercício de qualquer cargo electivo na Ordem caduca quando o
respectivo titular seja punido disciplinarmente com pena superior à de advertência e por
efeito do trânsito em julgado da respectiva decisão.
2. Em caso de suspensão preventiva ou de decisão disciplinar de que seja interposto
recurso, o titular punido fica suspenso do exercício de funções até decisão com trânsito
em julgado.

ARTIGO 17º
(Substituição do Bastonário)
1. No caso de escusa, renúncia, perda ou caducidade do mandato por motivo disciplinar
ou por morte e, ainda, nos casos de impedimento permanente do Bastonário, o Vice-
Presidente do Conselho Nacional convoca, para os 15 dias posteriores à verificação do
facto, uma reunião do Conselho Nacional, o qual elege, de entre os seus membros, um
novo Bastonário.
2. Até à posse do novo Bastonário e em todos os casos de impedimento temporário, exerce
as respectivas funções o membro designado para o efeito pelo Conselho Nacional.

ARTIGO 18º
(Substituição dos Presidentes)
1. No caso de escusa, renúncia, perda ou cessação do mandato, por motivo disciplinar ou
por morte e ainda nos casos de impedimento permanente dos Presidentes dos órgãos
colegiais da Ordem, o respectivo órgão elege, na primeira sessão ordinária subsequente
ao facto, de entre os seus membros, um novo presidente e, de entre os advogados elegíveis
inscritos nos competentes quadros da Ordem, designa um novo membro do referido
órgão.
2. Até à posse do novo Presidente eleito e em todos os casos de impedimento temporário,
exerce as funções de presidente o vice-presidente e, na sua falta, o membro mais antigo
no exercício da profissão.

ARTIGO 19º
(Substituição dos restantes membros)
No caso de recusa, renúncia, perda ou cessação do mandato por motivo disciplinar ou por
morte e ainda nos casos de impedimento permanente dos membros dos órgãos colegiais
da Ordem, á excepção dos Presidentes, são os substitutos designados pelos restantes
membros em exercício do respectivo órgão de entre os advogados elegíveis inscritos nos
respectivos quadros.

ARTIGO 20º
(Impedimento temporário)
1. No caso de impedimento temporário de algum membro de órgãos colegiais, o Órgão a
que pertence o impedido decide sobre a verificação do impedimento e sobre a sua
substituição.
2. A substituição do Bastonário e dos presidentes dos órgãos colegiais processa-se pela
forma estabelecida, respectivamente, no n.º 2 do artigo 17º e no n.º 2 do artigo 18º; a
substituição dos restantes membros com cargo especifico é determinada pelos respectivos
órgãos quando necessária.
ARTIGO 21º
(Mandato dos substitutos)
1. Nos casos previstos nos artigos 17º, 18º e 19º, os membros eleitos ou designados em
substituição exercem funções até ao termo do mandato do respectivo antecessor.
2. Nos casos de impedimento temporário, os substitutos exercem funções pelo tempo do
impedimento.

ARTIGO 22º
(Honras e tratamentos)

1. Nas cerimónias oficiais, o Bastonário da Ordem tem honras e tratamento idênticos aos
devidos ao Procurador Geral da República, sendo colocado imediatamente á sua
esquerda.
2. Para os mesmos efeitos do número anterior, os membros do Conselho Nacional são
equiparados aos juizes conselheiros; os membros dos Conselhos Provinciais, os
delegados e os restantes advogados, aos juizes de direito.
3. O advogado que exerça ou haja exercido cargos nos órgãos da Ordem tem direito a
usar a insígnia correspondente, nos termos do respectivo regulamento.
4. O advogado que desempenhe ou tenha desempenhado funções nos conselhos da
Ordem, enquanto se encontre em serviço do cargo, fica isento de prestar quaisquer
serviços de nomeação oficiosa.
5. Em caso de justificada necessidade, o respectivo Conselho pode fazer cessar a isenção
prevista no número anterior.

ARTIGO 23º
(Títulos honoríficos)
O advogado que tenha exercido cargos nos órgãos da Ordem dos Advogados conserva,
honorariamente, a designação correspondente ao cargo mais alto que haja ocupado.

SECÇÃO II
Da Assembleia Geral da Ordem

ARTIGO 24º
(Composição e competência)
1. A Assembleia Geral da Ordem é constituída por todos os advogados com a inscrição
em vigor.
2. Á Assembleia cabe deliberar sobre todos os assuntos que não estejam compreendidos
nas competências especificas dos restantes órgãos da Ordem dos Advogados.

ARTIGO 25º
(Reuniões da Assembleia Geral)
1. A Assembleia Geral reúne ordinariamente para a eleição do Bastonário e do Conselho
Nacional, para a discussão e aprovação do orçamento do Conselho Nacional e para
discussão e votação do relatório e contas deste conselho.
2. A Assembleia Geral reúne extraordinariamente quando os interesses superiores da
Ordem dos Advogados o aconselhem e o Bastonário a convoque.
3. O Bastonário deve convocar a Assembleia Geral Extraordinária se lhe for solicitado
pelo Conselho Nacional ou pela quinta parte dos advogados com a inscrição em vigor,
desde que seja legal o objecto da convocação e conexo com os interesses da profissão.

ARTIGO 26º
(Reuniões da Assembleia Geral)
1. A Assembleia Geral Ordinária para a eleição do Bastonário e do Conselho Nacional,
reúne nos termos previstos no artigo 10º.
2. A Assembleia Geral destinada á discussão do orçamento do Conselho Nacional reúne
no mês de Dezembro do ano anterior ao do exercício a que disser respeito.
3. A Assembleia Geral destinada à discussão e votação do relatório e contas do Conselho
Nacional realiza-se no mês de Fevereiro do ano imediatamente a seguir ao do exercício
ao do exercício respectivo.

ARTIGO 27º
(Convocatória)
1. As Assembleias Gerais serão convocadas pelo Bastonário por meio de anúncios, dos
quais conste a ordem dos trabalhos, publicados num jornal diário de grande circulação e
difundidos através da Rádio Nacional com, pelo menos, 20 dias de antecedência em
relação à data designada para reunião da assembleia, a qual, se possível, se realiza na sede
da Ordem dos Advogados.
2. Até 15 dias antes da data designada para a realização das assembleias a que se referem
os nºs 2 e 3 do artigo 26º, são enviados para as sedes dos Conselhos Provinciais ou
delegados, ou escritórios de todos os advogados com inscrição em vigor, exemplares do
orçamento e do relatório e contas.
3. Para efeito de validade das deliberações da assembleia só são consideradas essenciais
as formalidades da convocatória referidas no nº 1 deste artigo.

ARTIGO 28º
(Do voto)
O voto nas Assembleias Gerais Extraordinárias, salvo se para fins electivos, e nas
ordinárias, de que trata o nº 2 do artigo 26º, é facultativo e não pode ser exercido por
correspondência, sendo, no entanto, admissível o voto por procuração a favor de outro
advogado com a inscrição em vigor.

ARTIGO 29º
(Executoriedade das deliberações)
Não serão executórias as deliberações das assembleias gerais quando as despesas a que
derem lugar não tiverem cabimento em orçamento ou crédito extraordinário devidamente
aprovado.
SECÇÃO III
Do Bastonário
ARTIGO 30º
(Presidente da Ordem dos Advogados)
O Bastonário é o presidente da Ordem dos Advogados e, por inerência, Presidente
da Assembleia Geral e do Conselho Nacional.
ARTIGO 31º
(Competência)

1. Compete ao Bastonário:
a) Representar a Ordem dos Advogados em juízo e fora dele, designadamente perante os
órgãos de soberania;
b) Representar os institutos integrados na Ordem dos Advogados;
c) Dirigir os serviços da Ordem dos Advogados de âmbito nacional;
d) Velar pelo cumprimento da legislação respeitante à Ordem dos Advogados e
respectivos regulamentos e zelar pela realização das atribuições que lhe são conferidas;
e) Fazer executar as deliberações da Assembleia Geral e do Conselho Nacional;
f) Promover a cobrança das receitas da Ordem dos Advogados, autorizar as despesas
orçamentais e promover a abertura de créditos extraordinários, quando necessários;
g) Apresentar anualmente ao Conselho Nacional o Projecto de Orçamento para o ano civil
seguinte, as contas do ano civil anterior e o relatório sobre as actividades anuais;
h) Promover, por iniciativa própria ou a solicitação dos conselhos da Ordem dos
Advogados, os actos necessários ao patrocínio dos advogados, ou para que a Ordem se
constitua assistente, nos termos previstos no nº2 do artigo 4º;
i) Cometer a qualquer órgão executivo da Ordem dos Advogados a elaboração de
pareceres sobre quaisquer matérias que interessem às atribuições da Ordem;
j) Promover a edição da revista da Ordem dos Advogados e de outras publicações;
k) Assistir, querendo, às reuniões de todos os órgãos colegiais da Ordem dos Advogados,
só tendo, porém, direito a voto nas reuniões da Assembleia Geral e do Conselho Nacional;
l) Usar o voto de qualidade em caso de empate, em todos os órgãos colegiais a que presida
com direito a voto;
m) Interpor recurso para o Conselho Nacional das deliberações de todos os órgãos da
Ordem dos Advogados que julgue contrárias ás leis e regulamentos ou aos interesses da
Ordem dos Advogados ou dos seus membros;
n) Exercer as atribuições do Conselho Nacional nos casos em que, por motivo de
urgência, não seja possível reunir o Conselho,
o) Exercer as demais atribuições que as leis e regulamentos lhe confiram.

2. O Bastonário pode delegar em qualquer membro do Conselho Nacional alguma ou


algumas das suas atribuições.
3. O Bastonário pode, também, com o acordo do Conselho Nacional e do interessado,
delegar a representação da Ordem dos Advogados, ou atribuir funções especificamente
determinadas a qualquer advogado.
SECÇÃO IV
Do Conselho Nacional

ARTIGO 32º
(Composição)
1. O Conselho Nacional é composto pelo Bastonário que o preside e por oito vogais
eleitos directamente pela Assembleia Geral.
2. Na 1º sessão de cada triénio o Conselho Nacional elege, de entre os seus membros, um
vice-presidente, um secretário e um tesoureiro.
3. O Bastonário pode, quando julgar aconselhável, convocar para as reuniões do Conselho
Nacional os presidentes dos Conselhos Provinciais, os quais terão direito a voto, e os
delegados.
4. No exercício da sua função jurisdicional disciplinar, o Conselho Nacional reúne por
secções, em pleno e, em conjunto com os Presidentes dos Conselhos Provinciais, em
Conselho Disciplinar Especial.

ARTIGO 33º
(Competência)

1. Compete ao Conselho Nacional:


a) Definir a posição da Ordem dos Advogados perante os órgãos de soberania e da
Administração Pública no que se relacione com a defesa do Estado democrático de
direito, dos direitos e garantias individuais e com a administração da justiça;
b) Emitir parecer sobre os projectos de diplomas legislativos que interessem ao exercício
da advocacia, ao patrocínio judiciário em geral e à realização da justiça e propor as
alterações legislativas que se entendam convenientes;
c) Deliberar sobre todos os assuntos que respeitem ao exercício da profissão, aos
interesses dos advogados e à gestão da Ordem dos Advogados que não estejam
especialmente cometidos a
outros órgãos da Ordem, sem prejuízo do disposto no artigo 24º, nº 2;
d) Proceder à inscrição dos advogados e advogados estagiários e manter actualizados os
respectivos quadros gerais, bem como o dos advogados honorários;
e) Elaborar e aprovar o regulamento de inscrição de advogados estagiários, o regulamento
de estágio e o regulamento dos laudos, o regulamento do Conselho Nacional, o
regulamento disciplinar e o regulamento do trajo e insígnia profissional;
f) Elaborar e aprovar outros regulamentos, designadamente os dos diversos institutos e
serviços da Ordem dos Advogados, os relativos às atribuições e competências do seu
pessoal e os relativos á contratação e despedimento de todo o pessoal da Ordem;
g) Formular recomendações de modo a procurar uniformizar, quanto possível, a actuação
dos diversos conselhos provinciais;
h) Discutir e aprovar os pareceres dos seus membros e os solicitados pelo Bastonário a
outros advogados;
i) Fixar o valor das quotas a pagar pelos advogados e os emolumentos devidos pela
emissão de documentos ou prática de actos no âmbito de serviços da Ordem dos
Advogados, designadamente pela inscrição dos advogados estagiários e dos advogados;
j) Nomear os advogados que, em representação da Ordem dos Advogados, devam integrar
comissões eventuais ou permanentes;
k) Nomear comissões para a execução de tarefas ou estudos sobre assuntos de interesse
da Ordem dos Advogados;
l) Submeter à aprovação da Assembleia Geral o orçamento para o ano civil seguinte, as
contas do ano civil anterior e o relatório sobre as actividades anuais que forem
apresentadas pelo Bastonário;
m) Abrir créditos extraordinários quando seja manifestamente necessário;
n) Cobrar as receitas gerais da Ordem dos Advogados quando a cobrança não pertença
aos órgãos provinciais e as dos institutos pertencentes à Ordem dos Advogados e autorizar
despesas, tanto por conta do orçamento geral da ordem como de créditos extraordinários;
o) Arrecadar e distribuir receitas, satisfazer as despesas, aceitar doações e legados feitos
à Ordem dos Advogados e administrá-los, se não forem destinados a serviços e
instituições dirigidos por qualquer órgão provincial, alienar ou obrigar e contrair
empréstimos;
p) Prestar patrocínio aos advogados que hajam sido ofendidos no exercício da sua
profissão ou por causa dela, quando para isso seja solicitada pelo respectivo órgão
provincial e, sem dependência de tal solicitação, em caso de urgência, ou se os advogados
ofendidos pertencerem ao Conselho Nacional;
q) Diligenciar resolver amigavelmente as desinteligências entre advogados, quando para
isto seja solicitado pelo Conselho Provincial ou Delegado competente e, sem dependência
de tal solicitação, em caso de urgência ou se as desinteligências respeitarem a advogados
compreendidos na última parte da alínea precedente;
r) Fixar os subsídios de deslocação dos membros dos conselhos;
s) Dar laudos sobre honorários, quando solicitado pelos tribunais, pelos outros conselhos
ou, em relação às respectivas contas, por qualquer advogado ou seu representante, ou
qualquer consulente ou constituinte;
t) Deliberar sobre a instauração ou defesa em quaisquer procedimentos judiciais relativos
à Ordem dos Advogados e sobre a confissão, desistência ou transacção dos mesmos;
u) Desempenhar as funções disciplinares referidas no capítulo VI;
v) Resolver os conflitos de competências entre os diferentes órgãos da ordem;
w) Deliberar sobre a renúncia ao cargo de Bastonário e proceder à sua substituição em
caso de impedimento permanente nos termos do artº 17º
x) Deliberar sobre pedidos de escusa, de renúncia e de suspensão temporária de cargo,
nos termos dos artigos 13º e 14º, e julgar os recursos das decisões dos órgãos da Ordem
dos Advogados que determinarem a perda de cargo de qualquer dos seus membros ou
declarem a verificação de impedimento para o seu exercício;
y) Conferir o título de advogado honorário aos profissionais que tenham deixado a
advocacia após o seu exercício, com distinção, durante pelo menos 20 anos e se tenham
assinalado como juristas eminentes.
z) Exercer as demais atribuições que as leis e regulamentos lhe confiram;

2. O Conselho Nacional pode cometer a alguns dos seus membros qualquer uma das
atribuições indicadas no número antecedente.

ARTIGO 34º
(Reuniões)
O Conselho Nacional reúne quando convocado pelo Bastonário, por sua iniciativa ou a
solicitação, por escrito, da maioria absoluta dos seus membros, pelo menos uma vez por
mês.
SECÇÃO V
Das Assembleias Provinciais
ARTIGO 35º
(Assembleias Provinciais)

Em cada província com mais de 8 advogados inscritos funciona uma Assembleia


Provincial constituída por todos os advogados inscritos por essa província e com a
inscrição em vigor.

ARTIGO 36º
(Reuniões das Assembleias Provinciais)
1. As Assembleias Provinciais reúnem ordinariamente para a eleição do respectivo
Conselho Provincial, para discussão e aprovação do orçamento do Conselho Provincial e
para discussão e votação do respectivo relatório e contas.
2. As Assembleias Provinciais são convocadas e presididas pelo Presidente do Conselho
Provincial aplicando-se-lhes, com as necessárias adaptações, o regime estabelecido nos
artigos 25º a 27º

SECÇÃO VI
Dos Conselhos Provinciais
ARTIGO 37º
(Composição)
1. Em cada província com mais de oito advogados funciona um Conselho Provincial,
constituído por um número de membros a fixar pelo Conselho Nacional, de acordo com
o número de advogados inscritos na província.
2. Na primeira sessão do triénio, cada Conselho Provincial elege os membros do Conselho
que desempenharão os cargos de vice-presidente, secretário e tesoureiro.
ARTIGO 38º
(Competências)

1. Compete ao Conselho Provincial:


a) Definir a posição do Conselho Provincial naquilo que se relacione com a defesa do
Estado democrático de direito e dos direitos e garantias individuaís, transmitindo-a ao
Conselho Nacional;
b) Emitir pareceres sobre os projectos de diplomas legislativos que interessem ao
exercício da advocacia e ao patrocínio judiciário em geral e à realização da justiça, quando
lhe sejam solicitados pelo Conselho Nacional;
c) Velar pela dignidade e independência da Ordem dos Advogados e assegurar o respeito
pelos direitos dos advogados;
d) Enviar ao Conselho Nacional, no mês de Novembro de cada ano, relatórios sobre a
administração da justiça, o exercício da advocacia e as relações desta com as
magistraturas judiciárias;
e) Cooperar com os demais órgãos da Ordem dos Advogados e suas comissões na
prossecução das respectivas atribuições;
f) Pronunciar-se sobre as questões de carácter profissional que se suscitem no âmbito da
sua competência territorial;
g) Solicitar ao Conselho Nacional que procure concertar as desinteligências entre
advogados de diferentes províncias e, por sua vez, esforçar-se por as compor entre
advogados da mesma província;
h) Deliberar sobre a instalação de serviços e institutos não administrados directamente
pelo Conselho Nacional e respeitantes à respectiva província;
i) Organizar conferências e sessões de estudo;
j) Submeter à aprovação da Assembleia Provincial o orçamento para o ano civil seguinte,
as contas do anterior e um relatório da actividade exercida durante esse período;
k) Receber do Conselho Nacional a parte que lhe caiba nas contribuições dos advogados
para a Ordem dos Advogados, cobrar directamente as receitas próprias dos serviços e
institutos a seu cargo e autorizar despesas, nos termos dos orçamentos e de créditos
extraordinários;
l) Abrir créditos extraordinários, quando seja necessário;
m) Proceder à instrução dos processos de inscrição dos advogados e dos advogados
estagiários;
n) Nomear advogado ao interessado que lho solicite por não encontrar quem aceite
voluntariamente o seu patrocínio, notificar esta nomeação, logo que realizada, ao
requerente e ao advogado nomeado, e julgar escusa que o advogado eventualmente alegue
dentro das 48 horas contadas da nomeação ou do facto superveniente que a fundamente;
o) Exercer o poder disciplinar sobre os advogados com domicílio profissional na área da
respectiva província;
p) Aplicar as multas a que se refere o nº 4 do artigo 12º
q) Deliberar sobre o período de escusa, de renúncia e de suspensão temporária de cargo,
nos termos dos artigos 13º e 14º, relativamente aos representantes da respectiva província;
r) Elaborar e aprovar o regulamento do respectivo Conselho Provincial e os relativos às
atribuições e competências do seu pessoal;
s) Exercer as demais atribuições que as leis e os regulamentos lhe confiram.

SECÇÃO VII
Dos Delegados da Ordem dos Advogados

ARTIGO 39º
(Delegados da Ordem dos Advogados)
Nas províncias em que o número de advogados inscritos seja igual ou inferior a oito,
haverá um Delegado da Ordem dos Advogados nomeado pelo Bastonário da Ordem, sob
proposta do Conselho Nacional, de entre os advogados inscritos por essa província.

ARTIGO 40º
(Competência dos Delegados)

Compete aos delegados da Ordem dos Advogados:


a) Manter actualizado o quadro dos advogados e advogados estagiários inscritos pela
província;
b) Apresentar anualmente o orçamento da delegação ao Conselho Nacional da Ordem
para discussão e votação;
c) Apresentar anualmente ao Conselho Nacional da Ordem o relatório e contas do ano
anterior para discussão e votação;
d) Receber e administrar as dotações que lhe forem atribuídas pelo Conselho Nacional e
as receitas próprias;
e) Prestar aos restantes órgãos da Ordem dos Advogados a colaboração que lhe for
solicitada e cumprir pontualmente as respectivas deprecadas;
f) Tomar as resoluções ou praticar os actos conducentes à realização dos fins da Ordem
dos Advogados no âmbito da respectiva competência territorial, precedendo consulta ao
Conselho Nacional, salvo caso de manifesta urgência.

CAPITULO III
GARANTIAS DO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA
SECÇÃO I
Disposições Gerais

ARTIGO 41º
(Exercício da Advocacia em território nacional)

1. Só os advogados e advogados estagiários com inscrição em vigor na Ordem dos


Advogados podem, em todo o território nacional e perante qualquer jurisdição, instância,
autoridade ou entidade pública ou privada, praticar actos próprios da profissão e,
designadamente, exercer o mandato judicial ou funções de consulta jurídica em regime
de profissão liberal remunerada.
2. O exercício da consulta jurídica, em regime de exclusividade para os serviços em que
estão integrados, por licenciados em Direito que sejam funcionários públicos ou que
exerçam em regime de trabalho subordinado, ainda que em tempo parcial, não obriga à
inscrição na Ordem dos Advogados.
3. Exceptuam-se do disposto do nº 1, os solicitadores inscritos no respectivo órgão
representativo, nos termos e condições constante do seu estatuto próprio.
4. Os docentes das faculdades de Direito que se limitem a dar pareceres jurídicos escritos
não se consideram em exercício da advocacia e não são, por isso, obrigados a inscrever-
se na Ordem dos Advogados.

ARTIGO 42º
(Mandato judicial e representação por Advogado)
1. O mandato judicial, a representação e assistência por advogado são sempre admissíveis
e não podem ser impedidos perante qualquer jurisdição, autoridade ou entidade pública
ou privada, nomeadamente para a defesa de direitos, patrocínio de relações jurídicas
controvertidas, composição de interesses ou em processos de mera averiguação, ainda
que administrativa, oficiosa ou de qualquer outra natureza.
2. O mandato judicial não pode ser objecto, por qualquer forma, de medida ou acordo que
impeça ou limite a escolha directa e livre do mandatário pelo mandante.

ARTIGO 43º
(Contrato de trabalho)

O contrato de trabalho celebrado pelo advogado não pode afectar a sua plena isenção e
independência técnica e científica perante a entidade patronal, nem violar o presentes
Estatutos.

ARTIGO 44º
(Escritório de Procuradoria ou de Consulta Jurídica)

1. É proibido o funcionamento de escritório de procuradoria designadamente judicial,


administrativa, fiscal e laboral, e de escritórios que prestem, de forma regular e
remunerada, consulta jurídica a terceiros, ainda que, em qualquer dos casos, sob a
direcção efectiva de pessoa habilitada a exercer o mandato judicial.
2. Não se consideram abrangidos pela proibição os gabinetes formados exclusivamente
por advogados ou por solicitadores e as sociedades de advogados.
3. A violação da proibição estabelecida determina o encerramento do escritório pela
autoridade policial, a requerimento do respectivo Conselho Provincial ou do Delegado da
Ordem dos Advogados, sem prejuízo das disposições penais aplicáveis.
4. Da decisão do Conselho Provincial que determine o encerramento cabe recurso, com
efeito suspensivo, para o Conselho Nacional.
5. Não ficam abrangidos pela proibição do número 1 os serviços de contencioso e consulta
jurídica mantidos pelos sindicatos, associações patronais ou outras associações
legalmente constituídas, sem fim lucrativo e de reconhecido interesse público, destinados
a facilitar a defesa, mesmo judicial, exclusivamente dos interesses dos associados.

ARTIGO 45º
(Direitos perante a Ordem dos Advogados)
Os advogados têm direito de requerer a intervenção da Ordem dos Advogados para
defesa dos seus direitos ou dos legítimos interesses da classe, nos termos previstos nestes
Estatutos.

ARTIGO 46º
(Das garantias em geral)
1. Os magistrados, agentes de autoridade e funcionários públicos devem assegurar aos
advogados, quando no exercício da sua profissão, tratamento compatível com a dignidade
da advocacia e condições adequadas para o cabal desempenho do mandato.
2. Nas audiências de julgamento, os advogados dispõem de bancada própria e têm o
direito de falar sentados.
ARTIGO 47º
(Imposição de selos, arrolamentos e buscas em escritórios de advogados)

1. A imposição de selos, arrolamentos, buscas e diligências semelhantes no escritório ou


outro arquivo de advogados, só podem ser decretadas e presididas pelo Magistrado
competente.
2. Com a necessária antecedência, o Magistrado deve convocar, para assistir à diligência,
o advogado a ela sujeito, bem como o Presidente do Conselho Provincial ou Delegado da
Ordem conforme os casos, os quais podem delegar em outro advogado.
3. Na falta de comparência do advogado representante da Ordem ou havendo urgência
incompatível com os trâmites no número anterior, o Magistrado deve nomear qualquer
advogado que possa comparecer imediatamente, de preferência de entre os que hajam
feito parte dos Órgãos da Ordem ou, quando não seja possível, o que for indicado pelo
advogado a quem o escritório ou arquivo pertencer.
4. A diligência são admitidos também, quando se apresentem ou o Magistrado os
convoque, os familiares ou empregados do advogado.
5. Até à comparência do advogado que represente a Ordem podem ser tomadas as
providências indispensáveis para que não inutilizem ou desencaminhem quaisquer papéis
ou objectos.
6. O auto de diligência fará expressa menção das pessoas presentes, bem como de
quaisquer ocorrências que tenham lugar no seu decurso.
ARTIGO 48º
(Apreensão de documentos)

1. Não pode ser apreendida a correspondência que respeite ao exercício da profissão.


2. A proibição estende-se à correspondência trocada entre o advogado e aquele que lhe
tenha cometido ou pretendido cometer mandato e lhe seja solicitado parecer, embora
ainda não dado ou já recusado.
3. Compreendem-se na correspondência as instruções e informações escritas sobre o
assunto da nomeação ou mandato ou do parecer solicitado.
4. Exceptuam-se o caso de a correspondência respeitar a facto criminoso relativamente
ao qual o advogado seja arguido.

ARTIGO 49º
(Reclamação)

1. No decurso da diligência prevista nos artigos anteriores, pode o advogado interessado,


ou, na sua falta, qualquer dos familiares ou empregados presentes, bem como o
representante da Ordem, apresentar qualquer reclamação.
2. Sendo a reclamação feita para preservação do segredo profissional, o Magistrado deve
logo tomá-la em consideração na diligência, relativamente aos documentos ou objectos
que forem postos em causa, fazendo-os acondicionar, sem os ler ou examinar, em volume
selado no momento.
3. As reclamações serão fundamentadas e entregues no órgão onde decorre o processo,
no prazo de cinco dias, devendo o magistrado remetê-las, em igual prazo, à entidade
competente com o seu parecer e, sendo caso disso, com o volume a que se refere o número
anterior.
4. A entidade competente pode, com reserva de segredo, proceder á desselagem do
mesmo volume, devolvendo-o novamente selado com a sua decisão.

ARTIGO 5Oº
(Direito de comunicação)
Os advogados têm direito, nos termos da lei, de comunicar, pessoal e reservadamente,
com os seus patrocinados, mesmo quando estes se achem presos ou detidos em
estabelecimento civil ou militar.

ARTIGO 51º
(lnformação, exame de processo e pedido de certidão)
1. No exercício da sua profissão, o advogado pode solicitar em qualquer tribunal ou
repartição pública o exame de processo, livros ou documentos que não tenham carácter
reservado ou secreto, bem como requerer, verbalmente ou por escrito, a passagem de
certidões, sem necessidade de exibir procuração.
2. Os advogados, quando no exercício da sua profissão, têm preferência para ser
atendidos por quaisquer funcionários a quem devam dirigir-se e têm o direito de ingresso
nas secretarias judiciais.
ARTIGO 52º
(Direito de protesto)

1. No decorrer de audiência ou de qualquer outro acto ou diligência em que intervenha, o


advogado deve ser admitido a requerer, oralmente ou por escrito, no momento que
considerar oportuno, o que julgar conveniente ao dever de patrocínio.
2. Quando, por qualquer razão, lhe não seja concedida a palavra ou o requerimento não
for exarado em acta, pode o advogado exercer o direito de protesto, indicando a matéria
do requerimento e o objecto que tinha em vista.
3. O protesto não pode deixar de constar da acta e é havido para todos os efeitos como
arguição de nulidade, nos termos da lei.

SECÇÃO II
Honorários
ARTIGO 53º
(Honorários: Limite e forma de pagamento)

1. Na fixação dos honorários deve o advogado proceder com moderação, atendendo ao


tempo gasto, à dificuldade do assunto, à importância do serviço prestado, às posses dos
interessados, aos resultados obtidos e à praxe do foro e estilo da circunscrição judicial.
2. Os honorários devem ser saldados em dinheiro.
3. É ilícito ao advogado exigir, a título de provisão, quantias por conta dos honorários o
que, a não ser satisfeito, dá ao advogado direito a renunciar ao mandato.
4. É admissível o ajuste prévio de honorários, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte.

ARTIGO 54º
("Quota Litis" e Divisão de honorários)

É proibido ao advogado:
a) Exigir, a título de honorários, uma parte do objecto da divida ou de outra pretensão;
b) Repartir honorários, excepto com colegas que tenham prestado colaboração;
c) Estabelecer que o pagamento de honorários fique exclusivamente dependente dos
resultados da demanda ou negócio.

ARTIGO 55º
(Preparos e custas)
O advogado não pode ser responsabilizado pela falta de pagamento de custas ou quaisquer
despesas se, tendo pedido ao cliente as importâncias para tal necessárias, as não tiver
recebido, e não é obrigado a dispor, para aquele efeito, das provisões que tenha recebido
para honorários.
CAPITULO IV
INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS

ARTIGO 56º
(Âmbito das incompatibilidades)
Não podem exercer a advocacia os que, por virtude da actividade ou função que exerçam,
estejam em alguma das situações de incompatibilidade ou impedimento previstas na lei.

ARTIGO 57º
(Verificação da existência de incompatibilidade)

1. Os Delegados, os Conselhos Provinciais ou o Conselho Nacional podem solicitar aos


advogados e advogados estagiários as informações que entendam necessárias para
verificação da existência ou não de incompatibilidade.
2. Não sendo tais informações prestadas no prazo de 30 dias, poderá o Conselho Nacional
deliberar a suspensão.
3. A aplicação do disposto nos números anteriores não é prejudicada pela circunstância
de o advogado ou advogado estagiário ter mudado o seu escritório, desde que da mudança
não tenha sido dado oportuno conhecimento ao respectivo conselho provincial.

ARTIGO 58º
(Solicitadores)
É proibida a inscrição cumulativa na Ordem dos Advogados e na instituição
representativa dos solicitadores.

ARTIGO 59º
(Exercício ilegítimo do patrocínio)
Os Magistrados devem comunicar à Ordem dos Advogados o exercício ilegal do
patrocínio judiciário.

CAPÍTULO V
DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

ARTIGO 60º
(Independência e isenção)
1. O advogado deve, no exercício da profissão e fora dela, considerar-se um servidor da
justiça e do direito e, como tal, mostrar-se digno da honra e das responsabilidades que lhe
são inerentes.
2. No exercício da profissão, o advogado manterá sempre e em quaisquer circunstâncias
a maior independência e isenção, não se servindo do mandato para prosseguir objectivos
que não sejam meramente profissionais.
3. O advogado cumprirá pontual e escrupulosamente os deveres consignados neste
Estatuto e todos aqueles que a Lei, usos, costumes e tradições lhe imponham para com
outros advogados, a magistratura, os clientes e quaisquer entidades públicas e privadas.
ARTIGO 61º
(Traje Profissional)
É obrigatório para os advogados e advogados estagiários, quando pleiteiem oralmente, o
uso de toga, cujo modelo, bem como qualquer outro acessório do trajo profissional, é o
definido pelo Conselho Nacional.

ARTIGO 62º
(Deveres do Advogado para com a comunidade)
Constituem deveres do Advogado para com a comunidade:
a) Pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo
aperfeiçoamento das instituições jurídicas;
b) Não advogar contra lei expressa, não usar de meios ou expedientes ilegais, nem
promover diligências reconhecidamente dilatórias, inúteis ou prejudicais para a correcta
aplicação da lei ou a descoberta da verdade;
c) Recusar o patrocínio a questões que considere manifestamente injustas;
d) Colaborar no acesso ao direito e aceitar nomeações oficiosas nas condições fixadas na
lei e pela Ordem;
e) Protestar contra as violações dos direitos humanos e combater as arbitrariedades de que
tiver conhecimento no exercício da profissão;
f) Não solicitar nem angariar clientes por si nem por interposta pessoa;
g) Não aceitar mandato ou prestação de serviços profissionais que, em qualquer
circunstância, não resulte de escolha directa e livre pelo mandante ou interessado.

ARTIGO 63º
(Deveres do Advogado para com a Ordem dos Advogados)

1. Constituem deveres do Advogado para com a Ordem dos Advogados:


a) Não prejudicar os fins e prestigio da Ordem;
b) Colaborar na prossecução das atribuições da Ordem, exercer os cargos para que tenha
sido eleito ou nomeado e desempenhar os mandatos que lhe foram confiados;
c) Observar os costumes e praxes profissionais;
d) Declarar ao requerer a inscrição, para efeito de verificação de incompatibilidade,
qualquer cargo ou actividade profissional que exerça;
e) Suspender imediatamente o exercício da profissão e requerer, no prazo máximo de 30
dias, a suspensão da inscrição na Ordem quando ocorra incompatibilidade superveniente;
f) Pagar pontualmente as quotas e outros encargos devidos à Ordem, estabelecidos nestes
Estatutos e nos Regulamentos, suspendendo-se o direito de votar e de ser eleito para os
órgãos da Ordem dos Advogados e o exercício da profissão se houver atraso superior a 3
meses;
g) Dirigir com empenhamento o estágio dos advogados estagiários e elaborar a respectiva
informação final;
h) Participar à Ordem dos Advogados qualquer caso de exercício ilegal da profissão de
que tome conhecimento;
i) Comunicar, no prazo de 30 dias, qualquer mudança de escritório;
j) Comparecer, pontualmente, sempre que notificado pela OAA, para responder em
processos disciplinares, constituindo a não comparência injustificada falta disciplinar;
k) Responder, pontualmente, às solicitações de informações e convocatórias do Conselho
Nacional e do conselho provincial da OAA
2. O não pagamento ou atraso no pagamento das quotas devidas à Ordem dos Advogados
- e caso o atraso se prolongue até 3 meses - é passível de pagamento de uma multa, cujo
valor e termos devem ser fixados pelo Conselho Nacional. Sem prejuizo do disposto no
parágrafo anterior, caso o incumprimento se mantenha até seis meses, deve suspender-se
imediata e preventivamente do exercício da profissão o advogado e ser-lhe instaurado um
processo disciplinar em que a sanção a aplicar será a da alínea d) e seguintes do artigo
86º dos Estatutos.

ARTIGO 64º
(Publicidade)
1. É vedada ao advogado toda a espécie de publicidade por circulares, anúncios, meios
de comunicação social ou qualquer outra forma directa ou indirecta de publicidade
profissional, designadamente divulgando o nome dos seus clientes.
2. Os advogados não devem fomentar, nem autorizar a publicação de notícias referentes
a causas judiciais ou outras questões profissionais a si confiadas.
3. Não constitui publicidade a indicação de títulos académicos, a menção de cargos
exercidos na Ordem ou a referência a sociedade civil profissional de que o advogado seja
sócio.
4. Não constitui também publicidade o uso de tabuletas afixadas no exterior dos
escritórios ou em publicações desde que com simples menção do nome do advogado,
endereço do escritório e horas de expediente.
5. Nas publicações especializadas de advogados pode ainda inserir-se curriculum vitae
académico e profissional do advogado e eventual referência à sua especialização, se
previamente reconhecida pela Ordem dos Advogados.
6. Não é considerada publicidade vedada, para efeitos deste artigo:
a) a informação directa, sem divulgação pública, a futuros clientes que o solicitem, da
lista dos principais clientes dos advogados.
b) a colocação de um site na Internet que apenas refira os nomes dos advogados, sua
especialidade e endereço de escritório.

ARTIGO 65º
(Segredo profissional)

1. O advogado é obrigado a manter segredo profissional no que respeita:

a) A factos referentes a assuntos profissionais que lhe tenham sido revelados pelos
clientes ou por sua ordem ou conhecidos no exercício da profissão;
b) A factos que, por virtude de cargos desempenhados na Ordem qualquer colega,
obrigado quanto aos mesmos factos ao segredo profissional, lhe tenha comunicado;
c) A factos comunicados, por co-autor, co-réu ou co-interessado do cliente ou pelo
respectivo representante;
d) A factos de que a parte contrária do cliente ou respectivo representante lhe tenha dado
conhecimento durante negociações para acordo amigável e que sejam relativos à
pendência.

2. A obrigação do segredo profissional existe quer o serviço solicitado ou cometido ao


advogado envolva ou não representação judicial ou extrajudicial, quer deva ou não ser
remunerado, quer o advogado haja ou não chegado a aceitar e a desempenhar a
representação ou serviço, o mesmo acontecendo para todos os advogados que, directa ou
indirectamente, tenham qualquer intervenção no serviço.
3. O segredo profissional abrange ainda documentos ou outras coisas que se relacionem,
directa ou indirectamente, com os factos sujeitos a sigilo.
4. Cessa a obrigação de segredo profissional em tudo quanto seja absolutamente
necessário para a defesa da dignidade, direitos e interesses legítimos do próprio advogado
ou do cliente ou seus representantes, mediante prévia autorização do Presidente do
Conselho Provincial respectivo, com recurso para o Presidente da Ordem.
5. Sem prejuízo do disposto no n0 4, o advogado pode manter o segredo profissional.

ARTIGO 66º
(Discussão pública)
1. O advogado não deve discutir, ou contribuir para a discussão, em público ou nos meios
de comunicação social, de questões pendentes ou a instaurar perante os tribunais ou outros
órgãos do Estado, salvo se o Conselho Provincial concordar fundadamente com a
necessidade de uma explicação pública, e nesse caso nos precisos termos autorizados pelo
Conselho Provincial.
2. O advogado não deve tentar influir de forma maliciosa ou censurável na resolução de
pleitos judiciais ou outras questões pendentes em órgãos do Estado.

ARTIGO 67º
(Deveres do Advogado para com o cliente)

1. Nas relações com o cliente constituem deveres do Advogado:


a) Recusar mandato, nomeação oficiosa ou prestação de serviços em questão em que já
tenha intervindo em qualquer outra qualidade ou seja conexa com outra em que represente
ou tenha representado a parte contrária;
b) Recusar mandato contra quem noutra causa seja seu mandante;
c) Dar ao cliente a sua opinião conscienciosa sobre o merecimento do direito ou pretensão
que este invoca, assim como prestar, sempre que lhe for pedida, informação sobre o
andamento das questões que lhe foram confiadas;
d) Estudar com cuidado e tratar com zelo a questão de que seja incumbido, utilizando,
para o efeito, todos os recursos da sua experiência, saber e actividade;
e) Guardar segredo profissional;
f) Aconselhar toda a composição que ache justa e equitativa;
g) Dar conta ao cliente de todos os dinheiros que deste tenha recebido, qualquer que seja
a sua proveniência, e apresentar nota de honorários e despesas, quando solicitada;
h) Dar a aplicação devida a valores, documentos ou objectos que lhe tenham sido
confiados;
i) Não celebrar, em proveito próprio, contratos sobre o objecto das questões confiadas ou,
por qualquer forma, solicitar ou aceitar participação nos resultados de causa;
j) Não abandonar o patrocínio do constituinte ou o acompanhamento das questões que lhe
estão cometidas sem motivo justificado.
k) Comparecer sempre e pontualmente às audiências marcadas, quando a comparência
seja obrigatória.
2. O advogado deve empregar todos os esforços a fim de evitar que o seu cliente exerça
quaisquer represálias contra o adversário e seja menos correcto para com os advogados
da parte contrária, juizes ou quaisquer outros intervenientes no processo.

ARTIGO 68º
(Documentos e valores do cliente)

1. Quando cesse a representação confiada ao advogado, deve este, restituir os


documentos, valores ou objectos que lhe sejam necessários para prova do direito do
cliente ou cuja retenção possa trazer a este prejuízos graves.
2. Com relação aos demais valores e objectos em seu poder, goza o advogado do direito
de retenção para garantia do pagamento dos honorários e reembolso de despesas.
3. Deve, porém, o advogado restituir tais valores e objectos, independente do pagamento
a que tenha direito, se o cliente tiver prestado caução arbitrada pelo Conselho Provincial.
4. Pode o Conselho Provincial, antes do pagamento e a requerimento do cliente, mandar
entregar a este quaisquer objectos e valores quando os que ficam em poder do advogado
sejam manifestamente suficientes para pagamento do crédito.

ARTIGO 69º
(Recusa do patrocínio)
1. O advogado não deve, sem motivo justificado, recusar o patrocínio oficioso.
2. A justificação é feita perante o juiz da causa.
3. Se o procedimento do advogado não for considerado justificado, o juiz comunicará o
facto ao presidente do Conselho Provincial respectivo para eventuais efeitos disciplinares.

ARTIGO 70º
(Deveres recíprocos dos Advogados)

1. Constituem deveres dos Advogados nas suas relações recíprocas:


a) Proceder com a maior correcção e urbanidade, abstendo-se de qualquer ataque pessoal
ou alusão deprimente;
b) Não se pronunciar publicamente sobre questão que saiba confiada a outro advogado
salvo na presença deste ou com o seu prévio acordo;
c) Actuar com a maior lealdade, não procurando obter vantagens ilegítimas ou indevidas
para os seus constituintes ou clientes;
d) Não contactar ou manter relações, mesmo por escrito, com parte contrária representada
por advogado, salvo se previamente autorizado por este;
e) Não invocar publicamente, em especial perante tribunais, quaisquer negociações
transaccionais malogradas, quer verbais quer escritas, em que tenha intervindo como
advogado;
f) Não assinar pareceres, peças processuais ou outros escritos profissionais que não tenha
feito ou em que não tenha colaborado.

2. O advogado a quem se pretenda cometer assunto, anteriormente confiado a outro


advogado, fará tudo quanto de si dependa para que este seja pago dos honorários e mais
quantias em dívida, devendo expor verbalmente ou por escrito ao colega as razões da
aceitação do mandato e dar-lhe conta dos esforços que empregue para aquele efeito.
ARTIGO 71º
(Deveres para com os julgadores)

1. O advogado deve, sempre sem prejuízo da sua independência, tratar os juizes com o
respeito devido à função que exercem e abster-se de intervir nas suas decisões, quer
directamente, em conversa ou por escrito, quer por interposta pessoa sendo como tal
considerada a própria parte.
2. É especialmente vedado aos advogados enviar ou fazer enviar aos juizes quaisquer
memoriais ou recorrer a processos desleais de defesa dos interesses das partes.

ARTIGO 72º
(Patrocínio contra os advogados e magistrados)

Antes de promover quaisquer diligências judiciais contra outros advogados ou


magistrados, o advogado comunicar-lhe-á por escrito a sua intenção com as explicações
que entenda necessárias, salvo tratando-se de diligências ou actos de natureza secreta ou
urgente.

ARTIGO 73º
(Dever geral de urbanidade)
No exercício da profissão, deve o advogado proceder com urbanidade, nomeadamente
para com os outros advogados, magistrados, funcionários de cartórios, peritos,
intérpretes, testemunhas e outros intervenientes nos processos.

CAPITULO VI
ACÇÃO DISCIPLINAR

SECÇÃO I
Disposições gerais

ARTIGO 74º
(Jurisdição disciplinar)
Os advogados estão sujeitos à jurisdição disciplinar exclusiva dos órgãos da Ordem dos
Advogados, nos termos previstos nestes Estatutos e nos respectivos regulamentos.

ARTIGO 75º
(Infracção Disciplinar)

Comete infracção disciplinar o Advogado que, por acção ou omissão, violar dolosa ou
culposamente algum dos deveres decorrentes destes Estatutos, dos regulamentos internos
ou das demais disposições aplicáveis.
ARTIGO 76º
(Competência disciplinar dos Conselhos Provinciais)

1. Os Conselhos Provinciais exercem o poder disciplinar relativamente aos advogados


com domicilio profissional na respectiva província, com excepção dos antigos ou actuais
membros dos Conselhos da Ordem dos Advogados.
2. A competência dos Conselhos Provinciais é determinada pelo domicílio profissional
do advogado visado à data dos actos participados.

ARTIGO 77º
(Competência disciplinar do Conselho Nacional)

1. O Conselho Nacional exerce o poder disciplinar relativamente ao Bastonário, membros


do Conselho Nacional e dos Conselhos Provinciais.
2. Compete às Secções do Conselho Nacional:

a) Julgar, em última instância, os recursos interpostos das decisões dos Conselhos


Provinciais;
b) Instruir e julgar, em primeira instância, os processos em que sejam arguidos os
membros dos Conselhos Provinciais;
c) Instruir os processos em que sejam arguidos o Bastonário e os membros do Conselho
Nacional.

3. Compete ao Conselho Nacional, reunido em pleno:


a) Julgar, em última instância, os recursos interpostos das decisões das suas secções;
b) Julgar, em primeira instância, os processos previstos na alínea C) do nº anterior;
c) A revisão das decisões com trânsito em julgado.

4. Compete ao Conselho Nacional, constituído em Conselho Disciplinar Especial, julgar,


em última instância, os recursos interpostos das decisões tomadas em primeira instância
pelo órgão reunido em pleno.

5. Quando, nos processos da competência dos Conselhos Provinciais, tenham sido


propostas as penas disciplinares previstas nas alíneas f) e g) do artº 86º compete ao
Conselho Nacional, reunido em pleno, o julgamento dos recursos em última instância.

6. Em todos os casos em que hajam sido propostas as penas disciplinares referidas no


número anterior, os recursos são obrigatórios e os processos subirão oficiosamente para
o órgão competente para o julgamento em última instância.

ARTIGO 78º
(Instauração do processo disciplinar)

1. O procedimento disciplinar é instaurado por decisão do Presidente do Conselho


Nacional ou por deliberação deste ou do Conselho Provincial competente, com base em
participação dirigida aos órgãos da Ordem dos Advogados por qualquer pessoa
devidamente identificada, que tenha conhecimento de factos susceptíveis de integrarem
infracção disciplinar.
2. O Bastonário e os Conselhos da Ordem dos Advogados podem, independentemente de
participação, ordenar a instauração de procedimento disciplinar.
3. O Bastonário e os Presidentes dos Conselhos com competência disciplinar indeferirão,
liminarmente ou após diligências preliminares e por decisão fundamentada, as
participações, quando as julguem manifestamente inviáveis, havendo recurso para o
Conselho quando esta faculdade tenha sido exercida pelo Presidente.
4. O Bastonário e os Presidentes dos Conselhos com competência disciplinar podem
ordenar preliminarmente diligências complementares para esclarecimento dos factos
constantes da participação antes de a submeter à deliberação do órgão competente.

ARTIGO 79º
(Participação pelo Tribunal e outras entidades)

1. Os tribunais e quaisquer autoridades devem dar conhecimento à Ordem dos Advogados


da prática por advogado de factos susceptíveis de constituírem infracção disciplinar.
2. O Ministério Público e as entidades com poderes de investigação criminal ou policial
devem remeter à Ordem dos Advogados certidão das participações apresentadas contra
advogados.

ARTIGO 80º
(Responsabilidade simultaneamente disciplinar e criminal)

1. A responsabilidade disciplinar é independente da responsabilidade criminal ou civil.


2. Pode, porém, ser ordenada e suspensão do processo disciplinar até decisão a proferir
em processo judicial.

ARTIGO 81º
(Legitimidade)

As pessoas com interesse directo relativamente aos factos participados podem intervir no
processo, requerendo e alegando o que tiverem por conveniente.

ARTIGO 82º
(Natureza secreta do processo)

1.O processo é de natureza secreta até ao despacho de acusação.


2. O relator pode, contudo, autorizar a consulta do processo pelo interessado ou pelo
arguido quando não haja inconveniente para a instrução.
3. O relator pode ainda, no interesse da instrução, dar a conhecer ao interessado ou ao
arguido cópia de peças do processo a fim de sobre eles se pronunciarem.
4. Mediante requerimento em que se indique o fim a que se destinam pode o conselho
competente autorizar a passagem de certidões em qualquer fase do processo, mesmo
depois de findo, para defesa dos interesses legítimos dos requerentes, podendo
condicionar a sua utilização, sob pena de o infractor incorrer no crime de desobediência.
5. O arguido e o interessado, quando advogado, que não respeitem a natureza secreta do
processo, incorrem em responsabilidade disciplinar.
ARTIGO 83º
(Prescrição do procedimento disciplinar)

1. O procedimento disciplinar prescreve no prazo de 2 anos.


2. As infracções disciplinares que constituam simultaneamente ilícito penal prescrevem
no mesmo prazo que o procedimento criminal, quando este for superior.
3. A prescrição é de conhecimento oficioso, podendo, no entanto, o advogado arguido
requerer a continuação do processo.

ARTIGO 84º
(Efeitos do cancelamento ou suspensão da inscrição)

1. O pedido de cancelamento ou suspensão da inscrição não faz cessar a responsabilidade


disciplinar por infracções anteriormente praticadas.
2. Durante o tempo de suspensão da inscrição o advogado continua sujeito á jurisdição
disciplinar da Ordem dos Advogados, mas não assim após o cancelamento.

ARTIGO 85º
(Desistência do procedimento disciplinar)

A desistência do procedimento disciplinar, pelo interessado extingue a responsabilidade


disciplinar salvo se a falta imputada afectar a dignidade do advogado visado ou o prestígio
da Ordem dos Advogados ou da profissão.

SECÇÃO II
Das Penas

ARTIGO 86º
(Penas Disciplinares)

As penas disciplinares são as seguintes:


a) Advertência;
b) Censura;
c) Multa de valor correspondente a até cem vezes o valor da cota mensal;
d) Suspensão de dois a seis meses;
e) Suspensão por mais de seis meses até dois anos;
f) Suspensão por mais de dois anos até oito anos;
g) Proibição definitiva do exercício da advocacia.

ARTIGO 87º
(Restituição de quantias e documentos e perda de honorários)

Cumulativamente com qualquer das penas, pode ser imposta a restituição de quantias,
documentos ou objectos e, conjunta ou separadamente, a perda de honorários.
ARTIGO 88º
(Medida de graduação da pena)
Na aplicação das penas deve atender-se aos antecedentes profissionais e disciplinares do
arguido, ao grau de culpabilidade, às consequências da infracção e a todas as demais
circunstâncias agravantes ou atenuantes.

ARTIGO 89º
(Aplicação da pena de suspensão por mais de 2 anos)

As penas previstas nas alíneas f) e g) do artigo 86º só podem ser aplicadas por infracção
disciplinar que afecte gravemente a dignidade e o prestígio profissional, mediante decisão
que obtenha dois terços dos votos de todos os membros do conselho competente.

ARTIGO 90º
(Publicidade das penas)

1. As penas de suspensão e de proibição definitiva do exercício da advocacia, transitadas


em julgado, têm sempre publicidade.
2. As restantes penas não são tornadas públicas, excepto quando o contrário for
determinado pelos que as apliquem.
3. A publicidade das penas é feita por meio de edital, que faça referência aos preceitos
infringidos, afixado nas instalações do conselho provincial e publicado no boletim
informativo da Ordem e, no caso de suspensão ou expulsão, comunicado a todos os
tribunais.

SECÇÃO III
Do Processo Disciplinar

ARTIGO 91º
(Normas de procedimento disciplinar)

1. O processo disciplinar será regulado nos termos do regulamento disciplinar aprovado


pelo Conselho Nacional.
2. As regras sobre o procedimento disciplinar deverão salvaguardar o direito de defesa
dos arguidos, a possibilidade de recurso das decisões e de revisão das decisões com
trânsito em julgado.

CAPÍTULO VII
CENTRO DE ESTUDOS

ARTIGO 92º
(Centro de Estudos e Formação. Seus fins)

1. O Centro de Cstudos e Formação é um organismo que tem por fim o estudo e debate
dos problemas jurídicos e sociais conexos com a profissão de advogado e com a técnica
e a deontologia profissionais, bem como organizar acções de formação e de
especialização para advogados estagiários.
2. O Centro de Estudos e Formação inclui, obrigatoriamente, para os Conselhos
Provinciais, actividades dedicadas à preparação dos advogados e, facultativa mente,
outras actividades.
3. O Conselho Nacional aprovará o regulamento do Centro de Estudos e Formação.

CAPITULO VIII
RECEITAS E DESPESAS

ARTIGO 93º
(Receitas)
Constituem receitas da Ordem dos Advogados:
a) As quotas pagas pelos advogados;
b) As receitas provenientes dos actos praticados e serviços prestados pela Ordem;
c) Quaisquer outras receitas, nomeadamente as provenientes de doações, heranças,
legados ou subsídios a favor da Ordem dos Advogados.

ARTIGO 94º
(Quotas para a Ordem. Seu destino)
1. Os advogados com inscrição em vigor são obrigados a contribuir para a Ordem dos
Advogados com a quota mensal que for fixada pelo Conselho Nacional.
2. O produto das quotas é dividido em partes iguais entre o Conselho Nacional e o
Conselho Provincial ou Delegação respectiva.
3. O Conselho Nacional entregará aos Conselhos Provinciais e Delegações a parte que
lhes competir no produto da cobrança das quotas, depois de aprovadas as contas do ano a
que respeitem. Os Conselhos Provinciais e Delegações devem reclamar a parte que lhes
competir no prazo de 3 meses, contados da aprovação das suas contas, sob pena de ser
considerada como saldo sujeito a distribuição nos termos do número seguinte.
4. Os saldos das receitas ordinárias dos Conselhos Nacional e Provincial e das Delegações
revertem, na proporção de dois terços, para estes órgãos e um terço para o fundo de
reserva, o qual se destina a ocorrer a despesas extraordinárias autorizadas directamente
pelo Bastonário.
5. O Conselho Nacional pode abonar mensalmente aos Conselhos Provinciais ou
Delegações uma importância, por conta da parte que lhes cabe no produto da cobrança
das quotas, bem como prestar-lhes, dentro das suas possibilidades, auxílio financeiro
quando devidamente justificada a sua necessidade.

ARTIGO 95º
(Encerramento)

As contas da Ordem dos Advogados são encerrados em 31 de Dezembro de cada ano.

ARTIGO 96º
(Processos e papéis da Ordem, selos, custas e imposto de justiça)
1. Não dão lugar a custas ou imposto de justiça e não serão sujeitos a imposto de selo as
certidões expedidas pela Ordem, os requerimentos e petições a ela dirigidos e os
processos que nela corram ou em que tenha intervenção.
2. A Ordem pode requerer e alegar em papel não selado e está isenta de custas, preparos
e imposto de justiça em processo em que intervenha.

ARTIGO 97º
(Reuniões nos Tribunais)
Os órgãos da Ordem podem reunir-se, nas circunscrições judiciais em que não tenham
instalação própria, nas salas dos tribunais indicados pelos respectivos juizes e a horas em
que não prejudiquem os serviços judiciais.

TÍTULO II
ADVOGADOS E ADVOGADOS ESTAGIÁRIOS

CAPITULO I
INSCRIÇÕES

ARTIGO 98º
(Inscrições)

1. Podem inscrever-se na Ordem dos Advogados como advogados estagiários, os


cidadãos angolanos licenciados em direito que preencham os requisitos previstos na lei e
no presente estatuto.
2. Podem igualmente inscrever-se os cidadãos estrangeiros licenciados em direito por
Universidade Angolana se, nos respectivos países, os licenciados angolanos puderem, em
iguais circunstâncias, inscrever-se.
3. A inscrição como advogado depende da realização de um estágio com boa informação.
4. Podem inscrever-se na Ordem dos Advogados os estrangeiros residentes no pais há
mais de 15 anos e que antes tenham sido inscritos nos termos do artº 15º número 2 da Lei
n0 1/95 de 6 de Janeiro.
5. Nos termos do art. 15º n03 da Lei n0 1/95, de 6 de Janeiro, os Advogados e solicitadores
não licenciados, autorizados a exercer advocacia em conformidade com a Lei n0 9/82, de
18 de Fevereiro, estão sujeitos a registo na Ordem dos Advogados.
6. Para o efeito do número anterior são aplicáveis, com as necessárias adaptações, as
disposições do presente título.

ARTIGO 99º
(Restrições ao direito de inscrição)

1. Não podem ser inscritos:


a) Os que não possuam idoneidade moral para o exercício da profissão e, em especial, os
que tenham sido condenados por qualquer crime gravemente desonroso;
b) Os que não estejam no pleno gozo dos direitos civis;
c) Os declarados incapazes de administrar as suas pessoas e bens por sentença transitada
em julgado;
d) Os que estejam em situação de incompatibilidade ou inibição do exercício da
advocacia;
e) Os magistrados e funcionários que, mediante processo disciplinar, hajam sido
demitidos, aposentados ou colocados na inactividade por falta de idoneidade moral.
2. Aos advogados e advogados estagiários que se encontrem em qualquer das situações
enumeradas no número anterior será suspensa ou cancelada a inscrição.

3. A verificação de falta de idoneidade moral será sempre objecto de processo próprio,


que seguirá os termos do processo disciplinar, com as necessárias adaptações.

4. A declaração de falta de idoneidade moral só poderá ser proferida mediante decisão


que obtenha dois terços dos votos de todos os membros do Conselho Nacional.

5. Os condenados criminalmente que tenham obtido a reabilitação judicial podem,


decorridos 10 anos sobre a data da condenação, obter a sua inscrição, sobre a qual
decidirá, com recurso para o Conselho Nacional, o competente Conselho Provincial. O
pedido só é de deferir quando, mediante inquérito prévio, com audiência do requerente,
se comprove a manifesta dignidade do seu comportamento nos últimos 3 anos e se alcance
a convicção da sua completa recuperação moral.

ARTIGO 100º
(Procedimentos de inscrição)
1. A inscrição deve ser requerida no Conselho Provincial da área do domicílio escolhido
pelo requerente como centro da sua vida profissional, a quem compete a instrução dos
processos de inscrição e a emissão de parecer, e feita pelo Conselho Nacional.
2. Todas as comunicações previstas neste Estatuto e nos regulamentos da Ordem dos
Advogados devem ser feitas para o domicílio profissional, salvo disposição expressa em
contrário.
3. O domicílio profissional do advogado estagiário é o do seu patrono.
4. O requerimento deve ser acompanhado de cópia do bilhete de identidade, carta de
licenciatura, original ou pública-forma, certificado de registo criminal e boletins
preenchidos nos termos regulamentares assinados pelo interessado e acompanhado de três
fotografias.
5. No requerimento pode o interessado indicar o uso do nome abreviado, que não será
admitido se susceptível de provocar confusão com outro anteriormente requerido ou
inscrito, excepto se o possuidor deste com isso tenha concordado, e que após a inscrição
poderá usar no exercício de profissão.

ARTIGO 101º
(Cédula profissional)
1. A cada advogado ou advogado estagiário inscrito será entregue a respectiva cédula
profissional, a qual servirá de prova da inscrição na Ordem dos Advogados.
2. As cédulas são passadas pelo Conselho Nacional e firmadas pelo Bastonário.
3. Podem os tribunais exigir sempre a apresentação da cédula, como prova da inscrição,
aos advogados e advogados estagiários que perante eles se apresentem no exercício das
respectivas funções.
4. Far-se-ão nas cédulas profissionais os averbamentos constantes da inscrição, devendo
os mesmos ser rubricados pelo Bastonário.
5.O advogado suspenso ou com a inscrição cancelada deve restituir a cédula profissional
ao Conselho Provincial em que esteja inscrito e, se o não fizer no prazo de 15 dias, poderá
a Ordem proceder à respectiva apreensão judicial.
6. Pela expedição de cada cédula profissional cobrarão os Conselhos a quantia que for
fixada pelo Conselho Nacional e que constitui receita daqueles conselhos.
7. Às reinscrições correspondem novas cédulas.

ARTIGO 102º
(Exercício da Advocacia por não inscritos)

1. Os que transgridam o preceituado no artigo 410 nº1, serão, salvo nomeação judicial e
sem prejuízo das disposições penais aplicáveis, excluídos por despacho do juiz, proferido
oficiosamente, a reclamação dos Conselhos ou Delegações da Ordem ou a requerimentos
dos interessados.
2. Deve o juiz, no seu prudente arbitrio, acautelar no seu despacho dano irreparável dos
legítimos interesses das partes.
3. Se a hipótese neste artigo se der na pendência da lide, o transgressor será inibido de
nela continuar a intervir e, desde logo, o juiz nomeará
advogado oficioso que represente os interessados, até que estes provejam dentro do prazo
que lhes for marcado sob pena de, findo o prazo, cessar de pleno direito a nomeação.

CAPITULO II
ESTÁGIO

ARTIGO 103º
(Estagiários e a sua orientação)
1.O estágio tem a duração de dezoito meses e é realizado sob a direcção de um advogado
com pelo menos cinco anos de efectivo exercício da advocacia.
2. As disposições deste Estatuto, com as necessárias adaptações, aplicam-se aos
advogados estagiários, à excepção das que se referem ao exercício do direito de voto.
3. A organização geral do estágio cabe à Ordem dos Advogados.
4. Os patronos poderão, através de informação escrita, devidamente fundamentada,
dirigida ao conselho provincial, renunciar ao patrocínio de estagiários.

ARTIGO 104º
(Período de estágio)
1.O estágio divide-se em dois períodos distintos, o primeiro com a duração de 6 meses e
o segundo com a de 12 meses.
2. O primeiro período do estágio destina-se a um aprofundamento, de natureza
essencialmente prática, dos estudos ministrados nas Universidades e ao relacionamento
com as matérias directamente ligadas à prática da advocacia.
3. O segundo período do estágio destina-se a uma apreensão da vivência da advocacia,
através do contacto pessoal com o normal funcionamento de um escritório de advocacia,
dos tribunais e dos outros serviços relacionados com a aplicação da justiça e do exercício
efectivo dos conhecimentos previamente adquiridos.
4. Todo o estágio tem por fim familiarizar o advogado estagiário com os actos e termos
mais usuais da prática forense e, bem assim, inteirá-lo dos direitos e deveres dos
advogados.
5. O período máximo para a conclusão de estágio é de 3 anos, findos os quais o estagiário
tem de iniciar novo estágio.
ARTIGO 105º
(Competência dos estagiários)
1. Durante o primeiro período de estágio, o estagiário não pode praticar actos próprios
das profissões de advogado ou de solicitador judicial senão em causa própria ou do seu
cônjuge, ascendentes ou descendentes.
2. Durante o segundo período do estágio, o estagiário pode exercer quaisquer actos da
competência dos solicitadores e, bem assim:
a) Exercer a advocacia em qualquer processo, por nomeação oficiosa;
b) Exercer a advocacia em processos penais;
c) Exercer a advocacia em processos não penais cujo valor caiba na alçada dos tribunais
de lª instância e ainda nos processos dos tribunais de menores;
d) Dar consulta jurídica.

3. O estagiário deve indicar sempre a sua qualidade quando intervenha em qualquer acto
de natureza profissional.

ARTIGO 106º
(Nomeações oficiosas e assistência judiciária)

1 Nos processos de nomeação oficiosa ou quando o requerente de assistência judiciária


não indique advogado, solicitador ou advogado estagiário e não haja motivos
excepcionais que determinem a imediata nomeação de advogado ou solicitador, deverão
os juizes remeter ao Conselho Provincial ou Delegado da área os pedidos de nomeação
de patrono ou defensor oficioso respeitantes a processos compreendidos na competência
própria dos estagiários.
2. Notificado do despacho a que se refere o número anterior, o Conselho Provincial ou
Delegação procederá a designação do estagiário, de acordo com uma escala preexistente,
comunicando ao juiz do processo a identificação do estagiário designado, no prazo de 5
dias.

ARTIGO 107º
(Magistrados)
O exercício de funções de magistrado judicial ou do ministério público, com boas
informações, por período de tempo igual ou superior ao do estágio equivale a realização
de estágio.

ARTIGO 108º
(Dispensa de estágio)
São dispensados do estágio os docentes com a categoria de professores e antigos
professores das faculdades que leccionem disciplinas de direito e os doutores em direito,
em qualquer dos casos com pelo menos cinco anos de exercício da docência.
TÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

ARTIGO 109º
(Sociedades de Advogados)
Lei especial regulamentará a criação e funcionamento das sociedades de advogados.

ARTIGO 110º
(Eleições para a constituição da Ordem)

1. A eleição dos diversos órgãos da Ordem dos Advogados para o primeiro triénio,
realizar-se-á no prazo de 45 dias subsequentes ao da entrada em vigor do presente diploma
e na data que for designada pelo Conselho Nacional de Advocacia, previsto pela Lei n0
1195, de 6 de Janeiro.
2. As propostas de candidaturas deverão ser apresentadas perante o Conselho Nacional
de Advocacia dentro dos 20 dias posteriores ao início da vigência deste diploma.
3. Os poderes atribuídos neste Estatuto ao Conselho Nacional e ao Bastonário, em matéria
eleitoral, serão exercidas, na preparação das primeiras eleições, pelo Conselho Nacional
de Advocacia e seu Presidente, respectivamente.
4. Nas eleições para o primeiro triénio, serão elegíveis para o cargo de Bastonário,
advogados com pelo menos cinco anos de exercício da profissão.
5. O primeiro mandato dos titulares dos órgãos da Ordem dos Advogados terá a duração
necessária para que as eleições seguintes se verifiquem na data prevista no artigo 110 do
presente estatuto.
6. No primeiro mandato os Conselhos Provinciais serão constituídos, em regra, por três
membros e, por cinco membros, nas províncias onde houver mais do que vinte advogados.

ARTIGO 111º
(Normas de processo disciplinar)

Enquanto não forem aprovadas normas de procedimento disciplinar pelo Conselho


Nacional, continuarão a vigorar as previstas na Lei nº 9/82, de 18 de Fevereiro.

Decreto 28/96, de 13 de Setembro - Aprova o Estatuto da Ordem dos Advogados


Decreto 56/05, de 15 de Agosto - De alteração aos estatutos da Ordem dos Advogados
CÓDIGO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

PREÂMBULO

1. A função do Advogado na sociedade e a natureza jurídica da Ordem dos


Advogados

A Advocacia é uma profissão de elevado interesse público. Numa sociedade baseada no


respeito pela lei, ao advogado cabe desempenhar um papel proeminente que não se limita
à execução fiel, no âmbito da lei, do mandato que lhe foi confiado. O advogado tem como
missão, para além de servir o interesse da Justiça, servir também o daqueles que lhe
confiam a defesa dos seus direitos e liberdades. Deve pois ser defensor e conselheiro.

Sendo a Advocacia uma profissão, compete ao Estado, enquanto pessoa colectiva de


múltiplos fins, a regulação e disciplina do exercício das profissões e, no caso, da
Advocacia. Contudo, é importante notar que a Ordem dos Advogados não é um órgão da
administração pública ou directa do Estado, nem sequer um órgão desconcentrado da
administração. Também não é um órgão de administração periférica.

É um dado adquirido que a Ordem dos Advogados tem natureza de associação privada de
interesse profissional e prossegue um interesse público. É uma entidade híbrida pois, por
um lado, é uma associação mas, por outro lado, é uma autarquia institucional ou ente
público menor (menor por oposição ao Estado). Como tal, a Ordem dos Advogados
assegura a prossecução de interesses colectivos, mediante poderes públicos que por lei
lhe estão atribuídos, mas está também sujeita a restrições de natureza pública. Para ela, o
Estado transfere a administração de certos interesses seus, aqueles que lhe não convém
prosseguir sob a forma de administração directa. Por isso, escolhe uma entidade dotada
de autonomia com substrato de associação e funções de autoridade colocada nas mãos
dos próprios profissionais colectivamente organizados. Uma verdadeira associação
pública de entidades privadas.

A Lei reconhece aos profissionais da advocacia capacidade para, com base nos seus
interesses particulares e mediante órgãos por si mesmos eleitos, prosseguir essa missão
de interesse público.

Por isso, a eles Advogados são impostos deveres e obrigações múltiplos, por vezes com
aparência contraditória entre si, quanto ao cliente, aos tribunais e outras autoridades
perante os quais o Advogado assiste ou representa o cliente, a profissão em geral e cada
colega, em particular, ao público, para o qual a existência da profissão livre e
independente vincula ao respeito pelas regras que ela própria criou, já que é um meio
essencial de salvaguarda dos direitos humanos face ao Estado e aos demais poderes.
2. Carácter das regras deontológicas

As regras deontológicas servem para garantir, mediante livre aceitação pelos membros da
Ordem dos Advogados de Angola, o cumprimento perfeito, por cada Advogado nela
inscrito, de uma missão reconhecida como essencial na sociedade. A inobservância dessas
regras pelo Advogado deve, em princípio, conduzir à aplicação de uma sanção disciplinar.

3. Âmbito de aplicação

As regras deste Código aplicam-se a todos os Advogados e Advogados Estagiários


inscritos nos termos do artigo 98º do Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola.

CAPÍTULO I

Obrigações éticas e deontológicas

Artigo 1º
(Deveres éticos e deontológicos)

O Advogado deve respeitar os princípios éticos e deontológicos da profissão,


estabelecidos no Capítulo V do Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola e no
presente Código Deontológico.
Os Conselhos Provinciais da Ordem dos Advogados de Angola devem zelar pelo
cumprimento das regras deontológicas relativamente a todos os Advogados e Advogados
Estagiários que exerçam ou venham a exercer advocacia na sua área de jurisdição.

Artigo 2º
(Independência e isenção)

A independência do Advogado é uma exigência do Estado de Direito e do efectivo direito


de defesa dos cidadãos. Por isso, constitui para o Advogado, um direito e um dever.
O Advogado deve, no exercício da profissão e fora dela, considerar-se um servidor da
Justiça e do Direito e, como tal, mostrar-se digno da honra e das responsabilidades que
lhes são inerentes.
No exercício da profissão, o Advogado manterá sempre e em quaisquer circunstâncias a
maior independência e isenção, não se servindo do mandato para prosseguir objectivos
que não sejam meramente profissionais.
O Advogado deverá preservar a sua independência em face de pressões, exigências ou
tolerâncias que a limitem, seja em relação aos poderes públicos ou económicos, dos
tribunais e dos clientes como relativamente aos seus colegas e colaboradores.
A independência do Advogado permite-lhe rejeitar todas as instruções que receba do seu
cliente que provenham dos seus colegas de escritório, de outros colegas de profissão, de
qualquer pessoa, entidade ou corrente de opinião e sejam contraditórias com os seus
critérios profissionais. Nesse caso, o Advogado tem o dever de cessar a assessoria ou a
defesa se considerar que não pode actuar com total independência.
A independência do Advogado proíbe-o de exercer outras profissões ou actividades que
a limitem ou que se mostrem incompatíveis com o exercício da advocacia bem como
associar-se ou colaborar para o efeito com pessoas ou outras profissões que redundem
nessa limitação ou incompatibilidade.
O Advogado cumprirá pontual e escrupulosamente os deveres consignados no Estatuto
da Ordem dos Advogados de Angola e todos aqueles que a Lei, os usos, costumes e
tradições lhe imponham para com os outros Advogados, as Magistraturas, os clientes e
quaisquer entidades públicas e privadas.

Artigo 3º
(Confiança e integridade)

A relação entre o cliente e o seu Advogado baseia-se na confiança. Por isso, exige deste
uma conduta profissional íntegra, que seja honrada, leal e diligente.
O Advogado está obrigado a não defraudar a confiança que o seu cliente nele depositou
e a não defender interesses em conflito com os daquele.
No caso de exercício colectivo de advocacia ou em colaboração com outros profissionais,
o Advogado terá o direito e a obrigação de rejeitar qualquer intervenção que possa
contrariar os referidos princípios de confiança e de integridade ou que impliquem conflito
de interesses com clientes de outro membro do colectivo.

Artigo 4º
(Segredo profissional)

A confiança e a confidencialidade nas relações entre cliente e Advogado, ínsitas no direito


à integridade e no direito de nada declarar contra a sua vontade, assim como nos direitos
fundamentais de terceiros, impõem ao Advogado o dever e concedem-lhe o direito de
guardar segredo relativamente a todos os factos ou informações de que tome
conhecimento em virtude de qualquer das formas da sua actividade profissional.
Nos termos do acima exposto, o Advogado é obrigado a guardar segredo profissional no
que respeita:
a) A factos referentes a assuntos profissionais que lhe tenham sido revelados pelos
clientes ou por ordem destes ou ainda de que tenham conhecimento no exercício da
profissão;
b) A factos que, em virtude de cargos desempenhados na Ordem dos Advogados de
Angola, qualquer colega obrigado, quanto aos mesmos, ao segredo profissional, lhe tenha
comunicado;
c) A factos comunicados por co-autor, co-réu ou co-interessado do cliente ou pelo
respectivo representante;
d) A factos de que a parte contrária do cliente ou respectivo representante lhe tenha
dado conhecimento durante negociações para acordo judicial ou extra-judicial no âmbito
de um conflito de interesses.
A obrigação de segredo profissional existe, quer o serviço solicitado ou cometido ao
Advogado envolva ou não representação judicial ou extra-judicial, quer deva ou não ser
remunerado, quer o Advogado haja ou não chegado a aceitar e a desempenhar a
representação ou serviço, o mesmo acontecendo para todos os Advogados que, directa ou
indirectamente, tenham qualquer intervenção no serviço.
O segredo profissional abrange ainda documentos ou outras coisas que se relacionam,
directa ou indirectamente, com os factos sujeitos a sigilo.
Cessa a obrigação de segredo profissional em tudo quanto seja absolutamente necessário
para a defesa da dignidade, direitos e interesses legítimos do próprio Advogado ou do
cliente os seus representantes, mediante prévia autorização do Presidente do Conselho
Provincial respectivo, com recurso para o Bastonário da Ordem dos Advogados de
Angola.
Sem prejuízo do disposto no nº5, o Advogado pode guardar o segredo profissional.

Artigo 5º
(Impedimentos)

Nos termos do artigo 5º do Estatuto da Ordem dos Advogados, os Advogados estão


impedidos de exercer o patrocínio:
a) quando o seu cônjuge ou algum ascendente, descendente, irmão ou afim nos mesmos
graus, for Juiz, Magistrado do Ministério Público, ou Assessor Popular, nos processos em
que forem chamados a intervir;
b) quando eles próprios tenham intervindo nos mesmos processos e nas referidas
qualidades ou ainda como testemunhas, declarantes ou peritos;
c) quando tenham tido intervenção no processo ou em processos conexos como
representantes da parte contrária ou quando lhe tenham prestado parecer jurídico sobre a
questão controvertida,
d) em qualquer outro caso previsto na Lei, nomeadamente nas leis do processo.
2. Para além dos casos referidos no nº1, os Advogados estão ainda impedidos de
exercer o patrocínio em processos contra o Estado, quando sejam:
a) Deputados à Assembleia Nacional;
b) Membros das Forças Armadas ou militarizadas no activo;
c) Membros dos Gabinetes dos titulares dos órgãos de soberania do Estado e
equiparados;
d) Membros dos Gabinetes dos Ministros e dos Secretários de Estado e equiparados;
e) Directores de Ministérios e de Secretarias de Estado.

Artigo 6º
(Incompatibilidades)
1. O exercício da advocacia é incompatível com as funções e actividades seguintes:
a) Membro do Governo;
b) Magistrado Judicial e do Ministério Público;
c) Assessores Populares;
d) Funcionário dos Tribunais, das Polícias e Serviços equiparados;
e) Provedor de Justiça;
f) Governadores e Vice-Governadores Provinciais;
g) Governadores e Vice-Governadores do Banco Nacional de Angola;
h) Quaisquer outros que por lei especial sejam considerados incompatíveis com o
exercício da advocacia.
2. As incompatibilidades não se aplicam a quantos estejam na situação de aposentados,
de inactividade, de licença ilimitada ou de reserva.
3. Igualmente não estão abrangidos pelas incompatibilidades os funcionários e agentes
administrativos providos em cargos com funções exclusivas de mera consulta jurídica e
os contratados para o mesmo efeito.
4. O Advogado em situação de incompatibilidade absoluta para o exercício da
advocacia, deve solicitar a suspensão da sua inscrição. O prazo para o pedido é de um
mês contado da data da ocorrência da incompatibilidade.
5. O Advogado em situação de incompatibilidade em relação a um assunto ou tipo se
assuntos, deve abster-se de nele(s) intervir. No caso de a incompatibilidade ocorrer depois
do início do mandato, o Advogado deve cessá-la imediatamente e realizar todas as
diligências no sentido da transferência do mandato, a fim de que a causa ou assunto não
fique sem defesa.
6. No caso de exercício colectivo ou em colaboração da advocacia, as
incompatibilidades de um dos membros do colectivo ou do quadro da colaboração,
estende-se aos demais.

Artigo 7º
(Publicidade)

1. O Advogado pode realizar publicidade que seja digna, leal e condizente com os seus
serviços profissionais, desde que em absoluto respeito pela dignidade das pessoas, pela
legislação em vigor e pelas normas do presente código.
2. Em particular é vedado ao Advogado:
a) Revelar, directa ou indirectamente, factos, dados ou situações sujeitas ao segredo
profissional como as referentes a causas judiciais ou outras questões profissionais a si
confiadas;
b) Revelar situações que afectem a sua independência;
c) Prometer a obtenção de resultados que não dependam exclusivamente da actividade
do próprio Advogado que faz a publicidade;
d) Fazer referência directa ou indirecta, pelos meios de comunicação social ou por
qualquer outra forma, nomeadamente circulares e anúncios, a clientes que utilizam os
serviços do próprio Advogado, divulgando os nomes, os assuntos por estes levados, os
êxitos e respectivos resultados;
e) Dirigir-se, directamente ou por terceiros, a vítimas, pessoais ou colectivas, seus
herdeiros ou pessoas com esses relacionadas, de catástrofes naturais, de acidentes ou
outras situações calamitosas que necessitem de plena liberdade para decidir da escolha de
um Advogado e não o possam fazer em virtude da situação em que se encontram;
f) Estabelecer comparações públicas com a actividade de outros Advogados em
concreto ou através de afirmações infundadas;
g) Utilizar no exercício da advocacia cartões ou títulos que derivem de outras funções
ou actividades de que o Advogado seja também titular.
h) Utilizar para sua identificação emblemas, símbolos ou outros indicativos colectivos
relativos à Ordem dos Advogados de Angola que possam pela semelhança induzir à
confusão, uma vez que apenas podem ser utilizados para publicidade institucional;
i) Incitar genérica ou concretamente à litigância e ao conflito;
j) Utilizar meios ou conteúdos contrários à dignidade das pessoas, da advocacia e da
Justiça:
3. Não constitui publicidade a indicação de títulos académicos, a menção de cargos
exercidos na Ordem dos Advogados de Angola ou a referência à sociedade civil de que o
Advogado seja sócio.
4. Não constitui também publicidade o uso de tabuletas afixadas no exterior dos
escritórios ou em publicações desde que com simples menção do nome do Advogado,
endereço do escritório e horas de expediente.
5. Nas publicações especializadas de Advogados pode ainda inserir-se curriculum vitae
académico e profissional do Advogado e eventual referência à sua especialização, se esta
estiver previamente reconhecida pela Ordem dos Advogados de Angola.
Artigo 8º
(Concorrência desleal)

Ao Advogado está vedado angariar clientes de forma desleal.


Para efeitos do presente código, consideram-se actos desleais os seguintes:
a) Os que contrariem a lei que protege a concorrência;
b) A utilização de procedimentos publicitários directos e indirectos contrários às
disposições da Lei sobre publicidade e às normas específicas sobre publicidade previstas
no presente código e no Estatuto da Ordem dos Advogados;
c) Angariar clientes, directa ou indirectamente, por forma atentória da dignidade das
pessoas ou da função social da advocacia;
d) A recepção de pagamentos ou de contraprestações em violação das normas do Estatuto
da Ordem dos Advogados ou das previstas neste Código Deontológico.

Artigo 9º
(Substituição de Advogado)

1. O Advogado não deve assumir o mandato em assunto profissional que tenha


já sido tratado por outro colega sem previamente o avisar por escrito ou solicitar a sua
concordância. No caso de substituição, o Advogado substituto tem o direito de diligenciar
no sentido de obter do Advogado substituído toda a informação necessária e útil para a
continuação do assunto, para efeito de segurança jurídica, da boa prática profissional, da
continuidade harmónica da defesa do cliente e para delimitação de eventuais
responsabilidades entre substituto e substituído.
2. Em qualquer situação, o Advogado que substitui outro na defesa dos interesses do
cliente deve velar por que os honorários do Advogado substituído sejam pagos. Sem
prejuízo de responsabilidade por angariar clientes de forma desleal, a obrigação acima
referida, não comporta para o advogado substituto qualquer responsabilidade civil pelo
não pagamento dos honorários e despesas eventualmente feitas no interesse do cliente
pelo Advogado substituído.
3. Caso se mostre necessária a tomada de medidas urgentes no sentido da defesa dos
interesses do cliente antes de se cumprirem as formalidades da substituição, o Advogado
substituto pode adoptá-las, devendo disso informar o Conselho ou o Delegado da Ordem
dos Advogados da área da sua actuação.
4. Sem prejuízo da responsabilidade disciplinar por violação do disposto nos números
anteriores, a substituição de um Advogado por outro num processo judicial, sem prévia
comunicação ao Advogado que se pretende substituir, configura, em princípio infracção
disciplinar grave.

CAPÍTULO II
DOS DEVERES DO ADVOGADO

Artigo 10º
(Deveres do Advogado para com a comunidade)

Constituem deveres do Advogado para com a comunidade:


a) Pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da Justiça e pelo
aperfeiçoamento das instituições jurídicas.
b) Não advogar contra lei expressa, não usar de meios ou expedientes ilegais, nem
promover diligências reconhecidamente dilatórias, inúteis ou prejudiciais para a correcta
aplicação da Lei ou a descoberta da verdade;
c) Recusar o patrocínio de questões que considere manifestamente injustas;
d) Colaborar no acesso ao direito e aceitar nomeações oficiosas nas condições fixadas
na Lei e pela Ordem dos Advogados de Angola;
e) Protestar contra as violações dos direitos humanos e combater as arbitrariedades de
que tiver conhecimento no exercício da profissão;
f) Não aceitar mandato ou prestação de serviços profissionais que, em qualquer
circunstância, não resulte de escolha directa e livre pelo mandante ou interessado.

Artigo 11º
(Deveres do Advogado para com a Ordem dos Advogados de Angola)

Constituem deveres do Advogado para com a Ordem dos Advogados de Angola:


a) Não prejudicar os fins e o prestígio da Ordem;
b) Colaborar na prossecução das atribuições da Ordem dos Advogados de Angola
exercendo os cargos para que tenha sido eleito ou nomeado e desempenhar os mandatos
que lhe forem confiados;
c) Observar os costumes e praxes profissionais;
d) Declarar, ao requerer a inscrição, para efeito de verificação de eventual
incompatibilidade, qualquer cargo ou actividade profissional que exerça;
e) Suspender imediatamente o exercício da profissão e requerer, no prazo máximo de
30 dias, a suspensão da inscrição na Ordem dos Advogados de Angola, quando ocorra
incompatibilidade superveniente;
f) Pagar pontualmente as quotas e outros encargos devidos à Ordem dos Advogados
de Angola. Sem prejuízo do disposto em matéria disciplinar, o não pagamento das quotas
por período superior a 3 meses suspende o direito de votar e ser eleito para os órgãos da
Ordem dos Advogados de Angola.
g) Dirigir com empenho os estágios dos Advogados estagiários e elaborar a respectiva
informação final;
h) Participar à Ordem dos Advogados qualquer caso de exercício ilegal da profissão
de que tome conhecimento;
i) Comunicar no prazo de 30 dias qualquer mudança de escritório.

Artigo 12º
(Deveres para com os julgadores)

1. O Advogado deve, em geral e sempre sem prejuízo da sua independência, tratar os


Magistrados com o respeito devido pela funçãoque exercem e abster-se de intervir nas
suas decisões, quer directamente, em conversa ou por escrito, quer por interposta pessoa,
sendo como tal considerada a própria parte.
2. São em especial deveres do Advogado:
a) Não enviar ou fazer enviar aos Magistrados quaisquer missivas ou
memorandos sobre assuntos sob a sua alçada, ou recorrer a processos desleais de defesa
dos interesses das partes.
b) Actuar de boa fé, com probidade, lealdade e verdade nas suas declarações ou
manifestações, observando o devido respeito nas suas intervenções;
c) Colaborar no cumprimento dos fins da administração da justiça;
d) Respeitar todos quantos intervêm na administração da justiça, exigindo por
sua vez reciprocidade para com os Advogados;
e) Exortar os seus patrocinados ou clientes, quando seja caso disso, a observar
condutas respeitadoras da dignidade das pessoas que actuam nos órgãos de administração
da justiça;
f) Cumprir e promover o cumprimento do princípio da legalidade, contribuindo
para uma diligente e conforme tramitação dos procedimentos judiciais;
g) Garantir com absoluta correcção a liberdade e a independência da defesa
evitando fazer alusões pessoais ou quaisquer sinais de aprovação ou reprovação das
intervenções dos Juízes, funcionários, participantes processuais ou colegas. Sempre que
a independência e a liberdade estiverem a ser postas em causa, deverá na audiência
manifestar em acta o respectivo protesto e consequentemente comunicar ao órgão da
Ordem dos Advogados da área da respectiva jurisdição do tribunal;
h) Cumprir os horários das audiências judiciais e dar conhecimento à Ordem
dos Advogados de qualquer atraso superior a (meia hora/ uma hora);
i) Comunicar com a devida antecedência qualquer alteração da sua presença,
tanto ao tribunal como ao colega.
3. Os deveres acima enumerados aplicam-se com as devidas adaptações nas relações
com os árbitros, peritos ou qualquer pessoa encarregada de mediar ou dirimir conflitos.

Artigo 13º
(Deveres recíprocos dos Advogados)

1. Os Advogados devem, nas suas relações, manter recíproca lealdade, respeito e


companheirismo.
2. Os advogados com maior antiguidade profissional, desde que solicitados, devem
de forma desinteressada prestar apoio, orientando, guiando e aconselhando os mais
recentemente admitidos na profissão. Estes, por sua vez têm o direito de pedir conselho e
orientação à medida que necessitem, para o cabal cumprimento dos seus deveres.
3. Nas suas relações os Advogados não se devem pronunciar sobre questões que
saibam terem sido confiadas a outro ou a outros Advogados, salvo na presença deste ou
destes, ou com o seu acordo.
4. Os Advogados devem actuar com a maior lealdade, não procurando obter vantagens
ilegítimas ou indevidas para os seus constituintes ou clientes;
5. Os Advogados não devem contactar nem manter relações, mesmo por escrito, com
a parte contrária representada por advogado, salvo se previamente autorizado por este;
6. Não devem os Advogados invocar publicamente, em especial perante tribunais,
quaisquer negociações transaccionais malogradas, quer verbais quer escritas, em que
tenham intervindo como Advogados;
7. Os Advogados não devem assinar pareceres, peças processuais ou outros escritos
profissionais que não tenham feito ou em que não tenham colaborado.
8. O Advogado que pretenda propor uma acção, em nome próprio ou de um cliente,
contra outro Advogado em virtude de actuação profissional deste, deve comunicar
previamente a sua intenção ao Conselho Provincial respectivo, a fim de que este, se
considerar oportuno, possa exercer mediação.
9. O Advogado deve realizar todos os seus esforços no sentido de evitar acções de
violência da classe contra outros Advogados defensores de interesses opostos.
10. Nas suas intervenções e manifestações, o Advogado não deve, mesmo com o seu
cliente, fazer comentários que possam desprestigiar o advogado da parte contrária.
11. O advogado deve, na medida do razoável, procurar soluções extra-judiciais para as
reclamações de honorários, próprias ou de colegas. Para o efeito pode recorrer à
mediação do Conselho Provincial respectivo. A impugnação de honorários feita de forma
fraudulenta ou maliciosa, bem como qualquer comentário no mesmo sentido
relativamente a honorários ou condições económicas de outro colega, configura infracção
disciplinar.
12. As reuniões entre Advogados, com ou sem participação dos respectivos clientes,
devem realizar-se em lugares que não concedam a nenhum dos advogados posição
privilegiada. Assim, sempre que não existir acordo sobre o local do encontro, as
instalações dos Conselhos Provinciais ou Delegações da Ordem dos Advogados são as
recomendadas. Contudo, se a reunião tiver de ser realizada no escritório de algum dos
Advogados intervenientes, a escolha deve recair sobre o Advogado mais antigo na
profissão, salvo se se tratar do Bastonário da Ordem dos Advogados, caso em que será o
escritório deste o escolhido, a não ser que este expressamente decline o privilégio. Esta
norma deve ser cumprida, ainda que um ou alguns dos Advogados prestem os seus
serviços em Bancos ou empresas.
13. O Advogado deve receber sempre, com prioridade e máxima urgência, no seu
escritório, os colegas que o procurem. Em caso de impossibilidade de atenção imediata,
o Advogado deve interromper momentaneamente o que estiver a fazer, para pessoalmente
saudar o colega e desculpar-se.
14. O Advogado deve responder imediatamente às comunicações escritas ou telefónicas
de outros colegas devendo, relativamente às últimas, fazê-lo pessoalmente.
15. Em caso de negociação extra-judicial de algum assunto com outro colega, quando
esta deva ser interrompida para que se siga a via judicial, o Advogado deve, antes da
propositura da acção, notificar o colega da interrupção da negociação bem como da sua
intenção.
16. O Advogado que se comprometa a ajudar um colega estrangeiro deve ter sempre
presente que o colega dependerá em grande medida do seu apoio. Por isso, deve abster-
se de aceitar questões para as quais não esteja habilitado enviando o colega estrangeiro
para outro ou outros advogados com preparação específica para o caso.

Artigo 14º
(Deveres do Advogado para com o cliente)

A relação entre Advogado e cliente deve basear-se na confiança recíproca, que fica
facilitada se for por ambos subscrita uma proposta de honorários.
Nas relações com o cliente constituem deveres do advogado:
a) Recusar mandato, nomeação oficiosa ou prestação de serviços em questão em que
já tenha intervindo em qualquer outra qualidade ou seja conexa com outra em que
represente ou tenha representado a parte contrária;
b) Recusar mandato contra quem noutra causa seja seu mandante;
c) Dar ao cliente a sua opinião conscienciosa sobre o merecimento do direito ou
pretensão que este invoca, assim como prestar, sempre que lhe for pedida, informação
sobre o andamento das questões que lhe foram confiadas, nomeadamente:
- dar opinião sobre as possibilidades da pretensão do cliente e resultado previsível;
- indicar valor aproximado dos honorários ou bases para a sua determinação;
- informar, vistas as condições económicas e pessoais do cliente, da possibilidade
de requerer assistência judiciária;
- informar o cliente de todas as situações que possam afectar a sua independência,
como relações familiares, de amizade, económicas ou financeiras com a parte contrária
ou seus representantes;
- relatar ao cliente a evolução do assunto apresentado, e informá-lo a respeito da
possível solução, eventuais recursos, possibilidades de transacção por acordo extra-
judicial ou outras formas alternativas de resolução de litígios,
d) Estudar com cuidado e tratar com zelo a questão de que seja incumbido, utilizando,
para o efeito, todos os recursos da sua experiência saber e actividade;
e) Guardar segredo profissional;
f) Aconselhar toda a composição que ache justa e equitativa;
g) Dar conta ao cliente de todos os dinheiros que deste tenha recebido, qualquer que
seja a sua proveniência, e apresentar nota de honorários e despesas quando solicitada;
h) Dar a aplicação devida a valores, documentos ou objectos que lhe tenham sido
confiados;
i) Não celebrar, em proveito próprio, contratos sobre o objecto das questões confiadas
ou, por qualquer forma, solicitar ou aceitar participação nos resultados da causa;
j) Não abandonar o patrocínio do constituinte ou o acompanhamento das questões
que lhe estão cometidas sem motivo justificado.

O Advogado não deve aceitar a defesa de interesses incompatíveis com outros que esteja
a defender, ou com interesses do próprio advogado. Em caso de conflito de interesses
entre dois clientes do mesmo advogado, este deve renunciar à defesa de ambos, a não ser
que um dos clientes expressamente autorize a intervenção no interesse do outro.
Não está vedada ao Advogado a intervenção no interesse de todas as partes, desde que na
função de mediador, na preparação e elaboração de contratos devendo, contudo, observar
a mais estrita objectividade.
O Advogado não deve aceitar assuntos relacionados com um conjunto de clientes,
sobretudo se isso representar a possibilidade de se desencadear um conflito de interesses
entre eles, envolver risco de violação de segredo profissional ou de afectar a sua liberdade
e independência.
As normas referidas nos números 3, 4, e 5 são aplicáveis quando os Advogados trabalhem
em escritório colectivo ou em colaboração.

Artigo 15º
(Documentos e valores do cliente)

Quando cesse a representação confiada ao advogado, deve este restituir os documentos,


valores ou objectos que lhe sejam necessários para prova do direito do cliente ou cuja
retenção possa trazer a este prejuízos graves.
Com relação aos demais valores e objectos em seu poder, goza o advogado do direito de
retenção para garantia do pagamento dos honorários e reembolso de despesas.
Deve, porém, o advogado restituir tais valores e objectos, independentemente do
pagamento a que tenha direito, se o cliente tiver prestado caução arbitrada pelo Conselho
Provincial da Ordem dos Advogados de Angola.
Pode o Conselho Provincial, antes do pagamento e a requerimento do cliente, mandar
entregar a este quaisquer objectos e valores quando os que ficam em poder do advogado
sejam manifestamente suficientes para o pagamento do crédito.
CAPÍTULO III
DOS DIREITOS DOS ADVOGADOS

Artigo 16º
(Recusa de patrocínio)

O Advogado não deve, sem motivo justificado recusar o patrocínio oficioso.


A justificação de recusa é feita perante o juiz da causa.
Se o procedimento do advogado não for considerado justificado, o juiz comunicará o facto
ao presidente do Conselho Provincial ou ao Delegado da Ordem dos Advogados
respectivo para eventuais efeitos disciplinares.

Artigo 17º
(Patrocínio contra os Advogados e Magistrados)

Antes de promover quaisquer diligências judiciais contra outros Advogados ou


Magistrados, o advogado comunicar-lhe-á por escrito a sua intenção com as explicações
que entenda necessárias, salvo tratando-se de diligências ou actos de natureza secreta ou
urgente.

Artigo 18º
(Discussão pública)
O Advogado não deve discutir, ou contribuir para a discussão, em público ou nos meios
de comunicação social, de questões pendentes ou a instaurar perante os tribunais ou outros
órgãos do Estado, salvo se o Conselho Provincial, face a um pedido fundamentado,
concordar com a necessidade de uma explicação pública, devendo, neste caso, ser
respeitados os precisos termos da autorização dada pelo Conselho Provincial.
O Advogado não deve tentar influir de forma maliciosa ou censurável na resolução de
pleitos judiciais ou outras questões pendentes em órgãos do Estado.

Artigo 19º
(Honorários)

O Advogado tem o direito de receber uma retribuição ou honorários pela sua actuação
profissional, assim como ser reintegrado de gastos que com a causa tenha efectuado. O
montante e o regime do pagamento dos honorários é livremente estabelecido entre o
cliente e o advogado, mas sempre com respeito pelas regras estabelecidas no Estatuto da
Ordem dos Advogados de Angola.
Na falta de um regime expresso entre cliente e Advogado, os honorários são ajustados de
acordo com as normas estabelecidas pela Ordem dos Advogados de Angola e os usos e
costumes da profissão, estes sempre de carácter supletivo.
Para efeito de preservação da dignidade do Advogado, os honorários devem ser
percebidos pelo advogado que tenha a direcção efectiva do assunto.
A repartição ou distribuição de honorários entre advogados deve ocorrer quando:
a) Respeite a uma colaboração jurídica;
b) Exista entre os advogados o exercício em colectivo de acordo com qualquer das
formas de associação admitidas pelo estatuto da Ordem dos Advogados de Angola;
c) Se trate de uma compensação a um colega que se tenha afastado do escritório
colectivo;
Está igualmente vedado ao advogado dividir os seus honorários com pessoas alheias à
profissão, salvo se resultar de acordos de colaboração com profissionais de outras áreas,
celebrados com base em normas aprovadas pela Ordem dos Advogados de Angola.

Artigo 20º
(Limite e forma de pagamento de honorários)

Na fixação dos honorários deve o advogado proceder com moderação, atendendo ao


tempo gasto, à dificuldade do assunto, à importância do serviço prestado, às posses dos
interessados, aos resultados obtidos e à praxe do foro e estilo da circunscrição judicial.
Os honorários devem ser saldados em dinheiro.
É lícito ao advogado exigir, a título de provisão, quantias por conta dos honorários, o que,
a não ser satisfeito, dá ao advogado, consoante seja o caso, o direito de condicionar o
início ou o de renunciar ao mandato.
É admissível o ajustamento prévio de honorários, sem prejuízo do disposto no artigo
seguinte.

Artigo 21º
(“Quota litis”)

A “quota litis”, em sentido estrito, é proibida e não integra o conceito de honorários


profissionais.
Entende-se por “quota litis” em sentido estrito o acordo entre o advogado e o seu cliente,
anterior à conclusão do assunto a tratar, em virtude do qual o cliente se compromete a
pagar ao advogado, unicamente, uma percentagem do resultado do assunto,
independentemente de consistir numa soma em dinheiro, num outro qualquer benefício,
ou no valor que o cliente consiga com o assunto.
Não constitui “quota litis” o acordo que tenha por objecto fixar honorários alternativos
segundo o resultado do assunto, sempre que se contemple o pagamento efectivo de
alguma quantia que cubra os custos mínimos da prestação do serviço jurídico acordado,
para a hipótese se o resultado ser adverso e essa quantia seja tal que, em face das
circunstâncias e do montante, não se possa razoavelmente presumir que se tratou de uma
mera simulação.
O pagamento dos serviços profissionais pode também ser feito pela percepção de um
montante fixo periódico, ou calculado à hora, sempre quer isso represente uma adequada,
justa e digna compensação pelos serviços prestados.

Artigo 22º
(Impugnação de honorários)

Sem prejuízo do que ficar estabelecido em matéria disciplinar, constitui infracção


deontológica, a conduta do advogado que reiteradamente tente perceber honorários que
tenham sido objecto de impugnação anterior ou de reclamação justificada por virtude do
seu excessivo montante.
Constitui também infracção deontológica, a conduta do advogado que habitualmente e
sem motivo impugne as notas de outros colegas, ou induza ou instigue os clientes a fazê-
lo.
Artigo 23º
(Preparos e custas)

O advogado não pode ser responsabilizado pela falta de pagamento de custas ou quaisquer
despesas se, tendo pedido ao cliente as importâncias para tal necessárias, as não tiver
recebido, e não é obrigado a dispor, para aquele efeito, das provisões que tenha recebido
para honorários.

Artigo 24º
(Pagamento por angariamento de clientes)
O advogado não pode pagar, aceitar ou exigir comissão nem outro tipo de compensação
de outro advogado, nem de nenhuma pessoa por esta lhe ter enviado um cliente ou o ter
recomendado a possíveis futuros clientes.

Artigo 25º
(Tratamento de fundos alheios)

Sempre que o advogado estiver na posse de dinheiros ou valores de clientes ou de


terceiros, deve depositá-los numa ou em várias contas bancárias, abertas
propositadamente para o efeito e imediatamente disponíveis. Esses depósitos não devem
nem podem ser confundidos com nenhum outro depósito do advogado, do cliente ou de
terceiros.
Salvo disposição legal, mandato judicial ou consentimento expresso do cliente, ou do
terceiro por conta de quem se efectuou o referido fundo, fica expressamente proibido,
sem prejuízo do que em matéria disciplinar diga respeito, qualquer pagamento efectuado
com os referidos fundos.
A proibição a que se refere o número anterior compreende a utilização dos honorários do
próprio advogado, salvo autorização prévia do cliente expressa na proposta de honorários.
Os advogados têm a obrigação de comprovar a identidade exacta das pessoas que lhes
entreguem fundos.
Quando o advogado receba fundos alheios com finalidade de mandato, gestão ou para
destinar a fim diferente do estritamente profissional, fica sujeito às normas gerais ou
especiais estabelecidas na lei para esse tipo de comportamento.

Artigo 26º
(Traje profissional)

É obrigatório para os Advogados e Advogados estagiários, quando pleiteiem oralmente,


o uso de toga, cujo modelo, bem como qualquer outro acessório do traje profissional, é
o definido pelo Conselho Nacional da Ordem dos Advogados de Angola.

Aprovado em Assembleia Geral de Advogados, nos dias 20 e 21 de Novembro de 2003


ORDEM DOS ADVOGADOS DE ANGOLA
REGULAMENTO DISCIPLINAR DOS ADVOGADOS

Nos termos dos artg.ºs 33 n.º 1 al. e) e 91.º do Estatuto da Ordem dos Advogados,
aprovado pelo Decreto n.º 28/96, de 13 de Setembro, o Conselho Nacional delibera a
aprovação do seguinte
REGULAMENTO DISCIPLINAR DOS ADVOGADOS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

ARTIGO 1º
(Legislação aplicável)
1. A acção disciplinar da Ordem dos Advogados rege-se pelo disposto no Estatuto da
Ordem dos Advogados de Angola e no presente Regulamento.
2. Os casos omissos serão resolvidos de harmonia com as disposições do Código de
Processo Penal e as instruções do Conselho Nacional.

ARTIGO 2º
(Competência)
1. A acção disciplinar é exercida pelo Conselho Nacional e suas Secções e pelos
Conselhos Provinciais, nos termos dos artigos 15º e seguintes.
2. O procedimento disciplinar terá por base decisão do Bastonário, ou deliberação do
Conselho Nacional ou dos Conselhos Provinciais da Ordem.

ARTIGO 3º
(Participação)
1. O procedimento disciplinar será instaurado com fundamento em participação dos
Tribunais, de qualquer autoridade ou pessoa com conhecimento de factos susceptíveis de
integrarem infracção disciplinar ou certidão, recebida do Ministério Público ou de
entidades com poderes de investigação criminal ou policial, das participações
apresentadas contra advogados.
2. O Bastonário e os Conselhos Nacional e Provinciais da Ordem podem,
independentemente de participação, ordenar a instauração de procedimento disciplinar ou
inquérito preliminar.
3. Quando apresentada por escrito e por pessoa que não seja advogado ou entidade
oficial, a assinatura do participante deverá ser reconhecida pelos meios legalmente
admissíveis ou confirmada em declarações; se a participação for verbal, deverá ser
reduzida a escrito pela pessoa perante quem foi apresentada.
ARTIGO 4º
(Indeferimento)
1. O Bastonário e os Presidentes dos Conselhos Provinciais indeferirão, liminarmente
ou após diligências preliminares e por decisão fundamentada, as participações que
julguem manifestamente inviáveis.
2. Desta decisão de indeferimento, se tiver sido exercida pelo Presidente do Conselho
Provincial, caberá recurso para o Conselho Provincial; se tiver sido exercida pelo
Bastonário, caberá recurso para o Conselho Nacional, reunido em pleno.

ARTIGO 5º
(Intervenções de terceiros)
As pessoas com interesse directo relativamente aos factos participados são
admitidas a intervir no processo, por si ou por intermédio de advogado especialmente
mandatado para o efeito.

ARTIGO 6º
(Responsabilidade civil e criminal)
1. A responsabilidade disciplinar é independente da civil ou criminal.
2. Pode, porém, ser ordenada pela Secção ou Conselho competente, sob proposta do
instrutor, oficiosamente ou a requerimento do interessado ou arguido, a suspensão do
procedimento disciplinar até decisão a proferir em processo judicial, desde que esta seja
imprescindível à apreciação da questão disciplinar.

ARTIGO 7º
(Desistência do interessado)
1. A desistência do procedimento disciplinar pelo titular do interesse directo nos factos
participados extingue a responsabilidade disciplinar, excepto se a falta imputada afectar
a dignidade do visado, ou o prestígio da Ordem ou da profissão.
2. Para efeito do disposto no número anterior, a desistência deve ser notificada ao
advogado visado e ao órgão competente da Ordem que, no prazo de oito dias, poderão
requerer, com algum daqueles fundamentos, o prosseguimento do procedimento
disciplinar.

ARTIGO 8º
(Instrução)
1. A instrução do processo disciplinar é sumária e, através dela, deve o instrutor tentar
atingir a verdade material, remover os obstáculos ao seu regular e rápido andamento e
recusar o que for impertinente, inútil ou dilatório.
2. A forma dos actos, quando não esteja expressamente regulada, deve ajustar-se ao fim
em vista e limitar-se ao indispensável para o atingir.

ARTIGO 9º
(Sigilo e consulta do processo)
1. A natureza secreta do processo, até ao despacho de acusação, não impede a sua
consulta pelo titular do interesse directo nos factos participados, pelo arguido ou seu
advogado, quando autorizada pelo instrutor, caso não exista inconveniente para a
instrução.
2. Pode ainda o instrutor, no interesse da instrução, fornecer ao titular do interesse
directo nos factos participados e ao arguido cópia de peças do processo a fim de sobre
elas se pronunciarem.
3. A passagem de certidões só pode ser autorizada por deliberação do Conselho,
mediante requerimento em que se indique o fim a que se destinam.
4. Só serão passadas certidões destinadas à defesa de interesses legítimos do requerente,
podendo o seu uso ser condicionado.
5. O arguido e o titular do interesse directo nos factos participados que não respeitem a
natureza secreta do processo, quando advogado, incorrem em responsabilidade
disciplinar.

ARTIGO 10º
(Acumulação de processos)
1. Se contra o mesmo arguido penderem vários processos disciplinares, ainda que em
Conselhos diversos, serão todos apensados ao mais antigo, de forma a ser proferida uma
só decisão.
2. Porém, a apensação não será efectuada se dela resultarem inconvenientes manifestos,
designadamente se os novos processos forem instaurados depois de proferida acusação
no mais antigo.
3. Instaurado o primeiro processo fica fixada a competência do Conselho, mesmo que
o arguido transfira a sua inscrição para província diferente.

ARTIGO 11º
(Forma dos actos)
1. Os actos processuais devem ser assinados e rubricados por quem presidir à diligência
e por quem os escreva. O participante, o interessado e o acusado, quando intervenham,
devem também assiná-los e rubricá-los.
2. Todos os actos e termos do processo, incluindo os despachos e decisões, podem ser
dactilografados e, quando o não sejam, deverá a letra ser perfeitamente legível.
3. Preferencialmente, e sempre que possível, deverão ser utilizados modelos impressos,
a completar por quem os deve escrever.
4. Nos termos, autos e certidões os espaços em branco devem ser inutilizados e as
entrelinhas, rasuras e emendas ressalvadas.

ARTIGO 12º
(Prazos dos actos)
1. Na falta de disposição especial, será de sete dias o prazo para a prática dos actos
processuais.
2. Este prazo, tal como os demais especialmente previstos neste Regulamento, conta-se
pela forma estabelecida na legislação processual civil.

ARTIGO 13º
(Guarda de processos)

O Chefe da Secretaria é responsável pela guarda dos processos e não poderá


mostrá-los sem autorização do instrutor e, se findos, do Presidente do Conselho
respectivo.

ARTIGO 14º
(Comunicações)
Quando outra formalidade não seja expressamente exigida, as comunicações dos
actos processuais e as notificações dos mesmos serão feitas pessoalmente ou por correio,
com aviso de recepção, na pessoa de qualquer empregado do escritório, por telefax,
correio electrónico (e.mail), ou outro meio similar, desde que os respectivos números
estejam registados na Ordem ou sejam publicitados pelos advogados, ou ainda nos termos
permitidos pela legislação processual civil; podem ainda as notificações ser feitas por
qualquer das formas previstas no art. 48º, sempre que razões ponderosas o justifiquem
objectivamente.

CAPÍTULO II
COMPETÊNCIA DISCIPLINAR
ARTIGO 15º
(Conselhos Provinciais)
1. Os Conselhos Provinciais exercem o poder disciplinar relativamente aos advogados
com domicílio na respectiva província, com excepção dos antigos ou actuais membros
dos Conselhos da Ordem.
2. A competência dos Conselhos Provinciais é determinada pelo domicílio profissional
do advogado visado, à data dos actos participados.

ARTIGO 16º
(Conselho Nacional)
1. O Conselho Nacional exerce o poder disciplinar relativamente ao Bastonário e aos
antigod e actuais membros do Conselho Nacional e dos Conselhos Provinciais.
2. Compete às Secções do Conselho Nacional:
a) Decidir, em última instância, os recursos interpostos das decisões dos Conselhos
Provinciais;
b) Instruir e decidir, em primeira instância, os processos em que sejam arguidos
os antigos e actuais membros dos Conselhos Provinciais;
c) Instruir os processos em que sejam arguidos o Bastonário e os antigos e actuais
membros do Conselho Nacional.
3. Compete ao Conselho Nacional reunido em pleno:
a) Decidir, em última instância, os recursos interpostos das decisões das suas
Secções;
b) Decidir, em última instância, os recursos interpostos das decisões dos Conselhos
Provinciais que apliquem as penas de suspensão de dois a oito anos e de proibição
definitiva do exercício da advocacia ou proferidas em processos em que essas penas
tenham sido propostas;
c) Decidir, em primeira instância, os processos em que sejam arguidos o Bastonário
e os antigos e actuais membros do Conselho Nacional;
d) A revisão das decisões com trânsito em julgado.
4. Compete ao Conselho Nacional, constituído em Conselho Disciplinar Especial, decidir,
em última instância, os recursos interpostos das decisões tomadas em primeira instância
pelo órgão reunido em pleno.
5. Nos casos previstos na alínea b) do número 3, os recursos são obrigatórios e os
processos subirão oficiosamente para o órgão competente para a decisão em última
instância.
CAPÍTULO III
FORMA DO PROCESSO
ARTIGO 17º
(Processo disciplinar)
1. O processo disciplinar terá lugar sempre que a qualquer advogado ou advogado
estagiário seja imputada falta determinada.
2. A forma do processo disciplinar é a constante dos capítulo IV e seguintes do presente
Regulamento.

ARTIGO 18º
(Inquérito preliminar)
1. Sempre que, ou por não ser concretizada a falta ou por não ser conhecido o infractor,
não seja possível instaurar o processo disciplinar, o órgão com competência disciplinar
poderá ordenar a realização de um inquérito para se proceder a averiguações destinadas
ao esclarecimento dos factos.
2. O processo de inquérito a que se refere o número anterior é regulado pelas normas
aplicáveis ao processo disciplinar em tudo o que não esteja especialmente previsto.
3. São, nomeadamente, aplicáveis ao processo de inquérito as seguintes regras:
a) Para além das diligências normais que considere necessárias, o inquiridor poderá
chamar a depor - por meio de anúncios - as pessoas que tenham conhecimento de factos
respeitantes à matéria a averiguar;
b) Finda a instrução, o inquiridor emitirá parecer fundamentado em que proporá
ou o prosseguimento do processo como disciplinar, ou o seu arquivamento, consoante
considere existirem, ou não, indícios bastantes da prática de infracção disciplinar;
c) O parecer a que se refere o número anterior será apreciado na primeira sessão
do Conselho ou da Secção, que deliberará (i) se o processo deve prosseguir como
disciplinar, (ii) se deve ser arquivado ou (iii) se deverão ser realizadas diligências
complementares de prova;
d) Caso o processo prossiga como disciplinar, o até então processado valerá como
corpo de delito;
e) Se o parecer não obtiver aprovação, poderá ser designado novo instrutor.

CAPÍTULO IV
ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO
ARTIGO 19º
(Instrução)
1. Mandado instaurar o procedimento disciplinar, as participações ou queixas serão
distribuídas na primeira sessão do Conselho posterior à sua apresentação, sem prejuízo
de delegação dessa tarefa em qualquer dos seus membros.
2. A instrução do processo cabe a um ou mais instrutores que serão nomeados de entre
os advogados inscritos na Ordem.
3. O instrutor poderá ser coadjuvado por um secretário, advogado ou não, por si
nomeado.
4. Em caso de impedimento temporário do instrutor ou secretário, sempre que as
circunstâncias o justifiquem e, ainda, quando o Conselho aceite a sua escusa, será feita
nova distribuição.
ARTIGO 20º
(Local da instrução)
A instrução do processo realiza-se na sede do Conselho competente ou no
escritório do instrutor ou em qualquer outro local condigno que o instrutor designe.

ARTIGO 21º
(Prestação de juramento)
· peritos, tradutores, intérpretes, declarantes e testemunhas prestarão compromisso,
sob juramento legal, de desempenharem conscientemente os deveres do cargo e de
dizerem a verdade.

CAPÍTULO V
FASE INSTRUTÓRIA
ARTIGO 22º
(Definição)
1. Entende-se por fase instrutória o conjunto de diligências destinadas à organização do
processo, até ser proferido o despacho de acusação.
2. Na fase de instrução são admissíveis todos os meios de prova permitidos em direito.

ARTIGO 23º
(Audição do participante, de testemunhas e do arguido e outras diligências)
1. O instrutor, para além de ouvir o participante, o titular do interesse directo nos factos
participados e as testemunhas por estes indicadas, deverá sempre notificar o arguido para
responder, querendo, à matéria da participação ou queixa.
2. O instrutor poderá também ordenar exames, fazer juntar documentos, requisitar
processos e, de um modo geral, proceder a todas as diligências susceptíveis de contribuir
para o apuramento da verdade.
3. O instrutor poderá requisitar quaisquer diligências, por ofício ou telegrama precatório,
dirigido ao órgão competente, com indicação do prazo para cumprimento e da matéria
sobre que deverão incidir; sempre que o instrutor entender que não tem competência para
requerer directamente quaisquer diligências, solicitará ao órgão competente da Ordem
que o faça.
4. Expirado o prazo fixado pelo instrutor para o cumprimento das diligências, o processo
seguirá os termos normais, juntando-se o precatório logo que devolvido.
5. Se, porém, o instrutor entender ser indispensável para a descoberta da verdade a
realização prévia das diligências deprecadas, o processo aguadará o cumprimento e
devolução do precatório.

ARTIGO 24º
(Diligências requeridas pelos interessados)
1. Por sua vez, o participante, o titular de interesse directo nos factos participados e o
arguido podem requerer ao instrutor, nesta fase do processo, a realização das diligências
de prova que considerem necessárias ao apuramento da verdade.
2. Porém, só será dado deferimento a esse requerimento se lhe for reconhecida utilidade
e pertinência mas serão mandados juntar aos autos todos os papéis recebidos de um e
outro, que respeitem ao processo.
3. O participante e o arguido não podem recusar-se a estar pessoalmente presentes nos
casos em que o instrutor o ordene.
SECÇÃO I

Prova documental

ARTIGO 25º
(Junção de documentos)
1. Com a participação ou queixa serão juntos os documentos destinados à prova dos
factos em que assenta a arguição.
2. Será todavia, admitida a junção, até às alegações, de qualquer documento que não
tenha sido possível obter anteriormente ou quando, por razões atendíveis, tenha sido
prorrogado o prazo para a sua junção.
3. O instrutor poderá oficiosamente determinar a junção de documentos até à sessão de
julgamento.

ARTIGO 26º
(Apresentação de documentos por declarantes ou testemunhas)
Se qualquer declarante ou testemunha, ao ser ouvido, apresentar algum documento para
corroborar as suas afirmações, o instrutor ordenará a sua junção aos autos.

SECÇÃO II
Exames

ARTIGO 27º
(Prazo)
Os exames serão requeridos até ao encerramento da fase instrutória e efectuados
nos termos e com as formalidades estabelecidas no Código de Processo Penal.

SECÇÃO III
Prova testemunhal

ARTIGO 28º
(Inibições)
1. Não podem ser admitidas como testemunhas as pessoas inábeis para depor nos termos
da lei processual civil e as mencionadas no artº 216º do Código de Processo Penal; e não
são obrigadas a depor, nem a prestar declarações, as pessoas a que se refere o artº 217º do
mesmo Código.
2. As pessoas inábeis para depor podem, se o desejarem e o instrutor assim o entender,
ser ouvidas como declarantes.

ARTIGO 29º
(Número de testemunhas)
1. Na fase de instrução do processo, o número de testemunhas a inquirir será o que o
instrutor entender necessário à descoberta da verdade.
2. É aplicável à inquirição de testemunhas o disposto nos n.os 1 e 2 do artº 24º deste
Regulamento.
ARTIGO 30º
(Audição)
As testemunhas e declarantes serão notificados do dia, hora e local em que devem
comparecer para serem ouvidos; mas o instrutor poderá, também, ouvir outras pessoas
que, porventura, se encontrem presentes.

ARTIGO 31º
(Depoimentos e declarações)
1. Os depoimentos e declarações devem ser reduzidos a escrito, competindo a sua
redacção aos próprios declarantes; se, porém, não quiserem ou não puderem usar desse
direito ou o fizerem por forma defeituosa ou inconveniente, os depoimentos e declarações
serão redigidos pelo instrutor.
2. O participante, o titular do interesse directo nos factos participados e o arguido ou o
seu advogado, quando presentes, poderão, findo o interrogatório, requerer ao instrutor
que formule novas perguntas tendentes ao completo esclarecimento do depoimento ou
declarações prestadas.
3. No final, os depoimentos e declarações serão lidos a quem os produziu, que os
assinará e rubricará.

ARTIGO 32º
(Acareações, impugnações e contraditas)
1. São admitidas acareações entre testemunhas, declarantes, participantes, titular de
interesse directo nos factos participados e arguidos e entre uns e outros.
2. Podem, também, ser deduzidas impugnações e contraditas, com os fundamentos e
nos termos do Código do Processo Penal.

ARTIGO 33º
(Conclusão)
1. Finda a instrução, o instrutor:
a) profere despacho de acusação ou,
b) emite parecer fundamentado a propor o arquivamento do processo, ou
c) propõe que o processo aguarde produção de melhor prova.
2. Não sendo proferido despacho de acusação, o processo com o parecer do instrutor será
apresentado à primeira sessão do Conselho ou da Secção para deliberação, se o parecer
não obtiver aprovação, é aplicável o disposto na alínea e) do nº 3 do artigo 18º, podendo
ser ou não ordenadas diligências complementares de prova.

CAPÍTULO V
INCIDENTES
ARTIGO 34º
(Enumeração)
1. São incidentes em processo disciplinar:
a) A suspensão preventiva do exercício profissional pelo arguido;
b) Os impedimentos dos que devem instruir ou julgar os processos;
c) A falsidade.
2. Os incidentes são autuados por apenso ao processo em que forem deduzidos.
SECÇÃO I
Suspensão preventiva

ARTIGO 35º
(Suspensão preventiva do arguido)
1. Instaurado o processo disciplinar, pode ser ordenada a suspensão preventiva do
exercício profissional pelo arguido, nos seguintes casos:
a) Se se verificar a possibilidade de prática de novas e graves infracções
disciplinares susceptíveis de, nos termos do Estatuto da Ordem, serem sancionadas com
as penas de suspensão ou de proibição do exercício da advocacia ou a tentativa de
perturbar o andamento da instrução do processo;
b) Se o arguido tiver sido pronunciado criminalmente por crime cometido no
exercício da profissão ou por crime a que corresponda pena maior.
2. Para esse efeito, e se considerar que se verifica qualquer dessas circunstâncias, deve o
instrutor propor a suspensão.
3. A suspensão preventiva não pode exceder 3 meses e deve ser deliberada por dois terços
dos membros do Conselho onde o processo correr os seus termos, independentemente de
proposta do instrutor.
4. O Bastonário pode, mediante proposta aprovada por dois terços dos membros do
Conselho onde o processo correr termos, prorrogar por mais 3 meses a suspensão.
5. A suspensão preventiva é sempre descontada nas penas de suspensão.
6. A deliberação de suspensão será notificada ao arguido, pelos meios previstos no art.º
14.º, com entrega da cópia respectiva e a advertência de que, a partir dessa notificação,
se deverá abster da prática de qualquer acto profissional, sob pena de ser dada publicidade
à suspensão e sem prejuízo de procedimento criminal.
7. A suspensão será comunicada ao Tribunal da província onde o advogado arguido se
encontre inscrito e ao Tribunal Supremo e instâncias judiciais autónomas.

ARTIGO 36º
(Preferências dos processos com arguidos suspensos)

Os processos disciplinares com arguido suspenso preventivamente preferem na


sua instrução, discussão e decisão, a todos os demais.

SECÇÃO II
Impedimentos

ARTIGO 37º
(Impedimentos)

Nenhum advogado ou membro dos Conselhos ou outra pessoa pode intervir na


instrução e julgamento de processos disciplinares ou de inquérito, ainda que somente
como secretário:
a) Quando ele, o seu cônjuge ou companheiro de união de facto, seja participante, titular
de interesse directo nos factos participados ou arguido;
b) Quando for participante, titular de interesse directo nos factos participados ou arguido
algum seu parente ou afim na linha recta ou até ao terceiro grau na linha colateral, bem
como seu tutelado ou curatelado;
c) Quando o participante, titular de interesse directo nos factos participados ou o arguido
for, ou tenha sido seu constituinte e os factos em causa tenham relação, directa ou
indirecta, com o mandato;
d) Quando tiver de depor como testemunha, ressalvando o disposto no nº 2 do artigo
seguinte;
e) Quando se verificar qualquer dos casos previstos no artº 104º do Código de Processo
Penal.

ARTIGO 38º
(Declarações de impedimento)
1. Quem se considerar impedido por alguma destas causas, assim o declarará no
processo, logo que deste tenha conhecimento.
2. O que for indicado como testemunha deve declarar nos autos, sob juramento legal,
se tem conhecimento de factos que possam influir na decisão do processo e só em caso
afirmativo se admitirá o impedimento.

ARTIGO 39º
(Dedução de impedimentos)
1. Os impedimentos podem ser deduzidos pelas partes em qualquer altura do processo
em simples requerimento dirigido ao Presidente do Conselho, com imediato oferecimento
de provas.
2. Recebido o requerimento será ouvido o visado que responderá, por escrito, no prazo
que lhe for fixado, entre cinco a oito dias.
3. Se confessar o impedimento, o incidente é considerado findo e o visado substituído,
se tal se mostrar necessário; no caso contrário, serão produzidas as provas e o julgamento
do incidente far-se-á dentro dos oito dias seguintes.

ARTIGO 40º
(Decisão sobre o incidente)
Compete ao Presidente do Conselho a decisão sobre o incidente, e da sua decisão cabe
recurso para o Conselho, com efeito meramente devolutivo sobre o andamento do
processo principal.

ARTIGO 41º
(Outros impedimentos)
1. Qualquer outra razão que pareça de natureza impeditiva deverá ser exposta
verbalmente ao Presidente do Conselho, que resolverá.
2. Se o Presidente o considerar necessário ou conveniente poderá levar o assunto à
primeira sessão da Secção ou do Conselho e colher a opinião dos seus membros antes de
decidir.
3. No caso de o Presidente julgar que existe razão impeditiva lavrará despacho, que não
necessita de ser fundamentado, no processo.

SECÇÃO III
Falsidade

ARTIGO 42º
(Admissibilidade)
1. O incidente da falsidade apenas pode ser deduzido contra documento que influa no
julgamento, e no prazo de oito dias a contar da notificação da sua junção aos autos.
2. Quando admitido, o incidente será instruído e decidido com o processo principal.

CAPÍTULO VII
EXCEPÇÕES
ARTIGO 43º
(Enumeração; dedução)
1. São excepções em processo disciplinar:
a) A incompetência do Conselho por ofensa do disposto nos artºs 76º e 77º do Estatuto
da Ordem dos Advogados de Angola e dos artigos 15º e 16º deste Regulamento;
b) A ilegitimidade;
c) A litispendência;
d) O caso julgado;
e) A prescrição.
2. Estas excepções são todas de conhecimento oficioso, e podem ser deduzidas em
qualquer altura do processo, até às alegações finais, através de simples requerimento com
indicação dos factos que os fundamentam e de prova respectiva.
3. Antes da decisão será cumprido o disposto no nº 2 do artº 39º deste Regulamento, em
relação à parte contrária.
4. Não poderão ser indicadas mais de três testemunhas por cada parte para prova dos
factos justificativos das excepções.

ARTIGO 44º
(Prescrição)
1. O procedimento disciplinar prescreve no prazo de dois anos contados a partir da data
em que a falta tiver sido cometida ou daquela em que cesse a consumação dos factos, ou
da prática do último deles.
2. As infracções disciplinares que também constituam ilícito penal prescrevem no
mesmo prazo do procedimento criminal, se superior.

ARTIGO 45º
(Continuação do processo a requerimento do arguido)
O arguido que beneficiar da decisão da prescrição do procedimento disciplinar poderá,
quando notificado, requerer que o processo continue os seus termos.

CAPÍTULO VIII
NULIDADES
ARTIGO 46º
(Enumeração; efeito)
1. Em processo disciplinar apenas constituem nulidade:
a) A falta de audiência do arguido, nos termos do nº 1 do artº 23º deste Regulamento;
b) A falta ou insuficiência de diligências essenciais para a descoberta da verdade;
c) A falta de número de votos necessários para a tomada das decisões;
d) O incumprimento do disposto nos artºs 47º e 48º.
2. As nulidades das alíneas a) e b) determinam a anulação de todo o processado posterior,
devendo, porém, considerar-se sanadas quando não arguidas no prazo de oito dias a contar
de qualquer intervenção posterior nos autos de parte com legitimidade para a sua
arguição, ou da sua notificação para qualquer termo processual posterior à sua
verificação.
3. A nulidade da alínea c) impõe a anulação do julgamento e a sua repetição, ficando sem
efeito quanto se tenha praticado posteriormente, salvo se se dever considerar sanada por
falta de arguição nos termos da parte final do anterior nº 2.
4. A nulidade da alínea d) é insuprível, determina a anulação de todo o processado
posterior e pode ser arguida ou conhecida oficiosamente a todo o tempo, até ao trânsito
em julgado da decisão, devendo o instrutor praticar os respectivos actos.
5. Sem prejuízo das competências próprias dos Conselhos e suas secções para a
declaração das nulidades, compete ao instrutor praticar os actos cuja omissão determinou
as previstas nas al. a), b) e d) do n.º 1 do presente art.º.

CAPÍTULO IX
ACUSAÇÃO
ARTIGO 47º
(Despacho)
Quando da instrução resultarem indícios suficientes da existência de falta disciplinar, o
instrutor solicitará e juntará aos autos extracto do registo disciplinar do arguido e redigirá
despacho de acusação devidamente fundamentado, em que especificará:
a) A identidade do acusado;
b) A descrição do facto ou factos imputados, bem como as circunstâncias da sua prática
e as demais que possam servir para uma completa apreciação do comportamento do
arguido;
c) As normas legais e regulamentares infringidas;
d) A proposta de pena disciplinar a aplicar;
e) O prazo, não inferior a dez nem superior a trinta dias, para apresentação da defesa;
f) O local para apresentação de requerimentos, quando este não seja a secretaria do
Conselho Provincial ou da Ordem dos Advogados.

ARTIGO 48º
(Notificação)
1. Do despacho de acusação será extraída, no prazo de 48 horas, a cópia, que será
entregue ao arguido mediante notificação pessoal ou por carta registada com aviso de
recepção, conforme for mais rápido e conveniente.
2. A notificação, desde que feita nos termos do número anterior, não deixa de produzir
efeitos pelo facto de a cópia do despacho de acusação ser devolvida ou de se não mostrar
assinado o aviso de recepção, considerando-se feita na data da respectiva devolução.
3. No caso do arguido se ter ausentado do País ou da província, ou se for desconhecido
o seu paradeiro, será notificado por edital afixado na porta do seu escritório ou da última
residência conhecida, ou ainda, quando manifestamente não for possível fazê-lo por
qualquer dessas formas, na sede do Conselho Provincial, o qual conterá um resumo da
acusação e o prazo referido na alínea d) do artigo anterior, fixado de trinta a sessenta dias.
4. No entanto, se o arguido se tiver ausentado do país ou da província, tendo comunicado
previamente o seu endereço e período de permanência no local para onde se deslocar, só
deverá recorrer-se à notificação edital, se a notificação por via postal não se mostrar
possível ou, objectiva e fundamentadamente, comportar inconvenientes sérios para o
normal prosseguimento do processo.
CAPÍTULO X
DEFESA
ARTIGO 49º
(Prazo)
1. O prazo para apresentar a defesa é peremptório e só em caso de justo impedimento
poderá ser excedido, cabendo ao instrutor, através de despacho fundamentado, deferir ou
indeferir o respectivo requerimento, cabendo recurso para o Conselho.
2. A notificação para apresentar a defesa vale como audiência efectiva do arguido e a
falta de resposta, dentro do prazo marcado, torna o arguido revel.

ARTIGO 50º
(Defesa por advogado ou curador)
1. O arguido pode organizar a sua defesa pessoalmente ou nomear advogado para esse
efeito.
2. Se estiver impossibilitado de exercer esse direito por motivo devidamente
comprovado, o instrutor nomear-lhe-á um curador, que pode constituir advogado para o
efeito, preferindo a pessoa a quem competiria a tutela, no caso de interdição.
3. A nomeação nos termos dos números anteriores dá ao mandatário ou curador o direito
de usar de todos os meios de defesa facultados ao arguido.

ARTIGO 51º
(Consulta do processo)
1. Durante o prazo para a apresentação da defesa, o processo pode ser consultado na
secretaria do local da instrução, ou confiado ao arguido ou a advogado constituído para
exame no seu escritório.
2. Compete à secretaria a confiança do processo, mediante recibo assinado em que
claramente se assuma a obrigação de o devolver, dentro do prazo da defesa.
3. A falta de cumprimento da obrigação referida no número anterior, para além de
procedimento criminal, acarretará a instauração de procedimento disciplinar.

ARTIGO 52º
(Local de apresentação da defesa)
A defesa, na qual devem expor-se clara e concisamente os factos e as razões que
a fundamentam, será apresentada na secretaria do Conselho competente, se o instrutor
não tiver indicado outro local, nos termos do art. 47º, al. e).

ARTIGO 53º
(Prova)
1. Com a defesa será oferecido o rol de testemunhas, juntos os documentos de que o
arguido já possa dispor e requeridas quaisquer diligências de prova.
2. Não podem ser indicadas mais de cinco testemunhas por cada facto e o seu total não
pode exceder o número de vinte.
3. O arguido deve precisar os factos sobre os quais incidirá a prova oferecida, sendo
convidado a fazê-lo, sob pena de indeferimento, na falta de indicação.
4. As testemunhas domiciliadas fora da sede do Conselho deverão ser apresentadas pelo
arguido. Porém, em caso de impossibilidade devidamente fundamentada, poderá ele
requerer a sua inquirição por ofício precatório.
5. Os documentos supervenientes poderão ser juntos ao processo nos termos do artº 25º,
nºs 2 e 3.
6. Serão recusadas as provas e diligências manifestamente impertinentes ou
desnecessárias à descoberta da verdade dos factos podendo ser mandados desentranhar
os documentos nessas condições.

ARTIGO 54º
(Expressões desrespeitosas)
Da defesa que contiver expressões desrespeitosas será extraída cópia,
devidamente autenticada, para efeitos disciplinares e criminais.

ARTIGO 55º
(Diligências de prova suplementares)
Finda a produção da prova da defesa, o instrutor pode, através de despacho
fundamentado, proceder a novas diligências que considere necessárias ao esclarecimento
da verdade.

ARTIGO 56º
(Recurso)
Das decisões do instrutor cabe recurso para a Secção ou para o Conselho,
conforme os casos.

CAPÍTULO XI
DECISÃO
ARTIGO 57º
(Apresentação)
Findo o prazo para a defesa ou as diligências de prova, o instrutor remeterá os
autos para a Secção ou Conselho competente, o qual o poderá convocar para, na primeira
sessão que se realizar, fazer uma exposição sobre o processo, designadamente no aspecto
de falta disciplinar, sua qualificação, gravidade, e sanção pertinente.

ARTIGO 58º
(Deliberação)
Presente o processo e feita a exposição pelo instrutor, a Secção ou Conselho decidirá se
há ou não outras diligências de prova, necessárias ou convenientes, a produzir.

ARTIGO 59º
(Elaboração de acórdão)
1. O acórdão será lavrado por um relator designado entre os membros que tenham
concordado com a decisão.
2. Os votos de vencido devem ser fundamentados.
3. O acórdão poderá consistir na parte decisória, precedida da identificação das partes
e da fundamentação sumária do julgado, que poderá incuir a adesão aos termos da
acusação.
ARTIGO 60º
(Assinaturas)
1. Os acórdãos serão assinados pelo Presidente da Secção ou do Conselho e pelos
membros presentes que o tenham votado.

2. Na falta de qualquer assinatura, o relator consignará o seu motivo.

ARTIGO 61º
(Suspensão por mais de dois anos e proibição definitiva do exercício da advocacia)
1. Quando numa sessão tenha havido deliberação em processo em que haja sido proposta
ou votada pena das alíneas f) e g) do artº 86º do E.O.A.A., o processo será imediatamente
concluso ao Presidente do Conselho Nacional.
2. Este, de seguida, convocará a sessão plenária do Conselho e aí apresentará o processo
para o fim previsto no nº 5 do artº 77º do mesmo diploma e da alínea b) do número 3 do
artigo 16º do presente Regulamento.

ARTIGO 62º
(Notificação)
1. As decisões serão notificadas ao arguido, ao participante, aos titulares do interesse
directo nos factos participados e ao Bastonário.
2. Se a participação tiver sido feita por magistrado judicial ou do Ministério Público, a
decisão final é-lhe notificada, ainda que não tenha interesse directo no processo.
3. A notificação ao arguido será efectuada nos termos do artº 49º deste Regulamento.

ARTIGO 63º
(Registo)
As decisões finais serão levadas ao registo disciplinar do advogado punido,
competindo às secretarias dos Conselhos Provinciais manter actualizados esses
documentos.

CAPÍTULO XII
RECURSOS
ARTIGO 64º
(Legitimidade e decisões recorríveis)
1. Das decisões dos Conselhos Provinciais, cabe recurso para o Conselho Nacional e
podem interpô-lo, o arguido, os interessados e o Bastonário.
2. Não são susceptíveis de recurso as decisões do Conselho Nacional, sem prejuizo do
disposto no nº 4 do artigo 77º, do E.O.A..
3. Não admitem recurso, em qualquer instância, as decisões de mero expediente.
4. São igualmente irrecorríveis as decisões que respeitem a diligências de prova
determinadas oficiosamente pelo instrutor, pela Secção ou pelo Conselho.

ARTIGO 65º
(Proibição de renúncia ao recurso)
Não é permitida a renúncia ao recurso antes do conhecimento da decisão.
ARTIGO 66º
(Prazo do recurso)

1. Os recursos serão interpostos em simples requerimento onde se manifeste claramente


o interesse de recorrer, no prazo de oito dias a contar da notificação ou de quinze dias a
contar da afixação do edital.

2. Se o requerimento suscitar dúvidas sobre se se pretende efectivamente recorrer, o


requerente será notificado para em oito dias, vir esclarecer se pretende efectivamente
recorrer.

3. O Bastonário pode, todavia, recorrer no prazo de quinze dias e mandar seguir o


recurso mediante simples despacho, com indicação sumária dos fundamentos, quando
não pretenda alegar.

4. No caso de ter sido pedida aclaração ou rectificação, o prazo para interposição do


recurso conta-se a partir da notificação do acórdão que sobre elas for proferido.

ARTIGO 67º
(Regime e efeito dos recursos)

1. Os recursos dos despachos ou acórdãos interlocutórios sobem com o da decisão final.

2. Têm efeito suspensivo os recursos interpostos pelo Bastonário e os das decisões


finais.

ARTIGO 68º
(Alegações)

1. Admitido recurso a subir imediatamente, o recorrente e os interessados são


notificados para apresentar alegações escritas, sob pena de deserção no caso do primeiro.

2. O Bastonário pode deixar de alegar, nos termos do nº 3 do artº 66º.

3. Mesmo que participante, o Bastonário não tem de responder a alegações, pois não é
em caso algum recorrido.

4. Nos recursos interpostos pelo Bastonário, e sem prejuizo do disposto no art. 66º, nº
3, só o recorrido pode apresentar alegações para o que será notificado.

ARTIGO 69º
(Julgamento e Baixa do processo)

1. O acórdão poderá consistir na parte decisória, precedida da identificação das partes


e da fundamentação sumária do julgado, que poderá incuir a adesão aos termos da decisão
recorrida.
2. Julgado definitivamente qualquer recurso, o processo baixará ao Conselho Provincial
a que pertence.

ARTIGO 70º
(Procedimento)

No julgamento de processos e recursos no Conselho Nacional seguem-se os


termos prescritos nos artigos anteriores, na parte aplicável.

CAPÍTULO XIII
REVISÃO

ARTIGO 71º
(Competência)

1. Só o Conselho Nacional, reunido em pleno, pode conceder a revisão das decisões


com trânsito em julgado, quando requerida pelo arguido condenado, por qualquer
interessado directo afectado pela decisão ou, sendo estes falecidos, pelos seus
descendentes, ascendentes, cônjuges ou irmãos, ou sob proposta do Bastonário.

2. A proposta ou requerimento têm sempre de ser devidamente fundamentados.

ARTIGO 72º
(Casos de revisão)

A decisão com trânsito em julgado só pode ser revista no seguintes casos:

a) Quando se tenham descoberto novos factos ou novas provas documentais susceptíveis


de alterar a decisão proferida.

b) Quando uma outra decisão, transitada em julgado, declarar falsos quaisquer elementos
de prova susceptíveis de terem determinado o sentido da decisão anterior.

c) Quando, por exame psiquiátrico ou outras diligências, se mostrar que a falta de


integridade mental do arguido condenado poderia ter determinado a sua inimputabilidade.

ARTIGO 73º
(Procedimentos)

1. A proposta ou pedido de revisão é apresentado no Conselho Nacional e objecto de


distribuição, sendo requisitado ao Conselho competente o processo em que foi proferida
a decisão a rever.

2. O arguido condenado ou os interessados serão, de seguida, notificados para responder


ao pedido de revisão, no prazo de vinte dias.

3. Com o pedido e a resposta será oferecida toda a prova.


4. Tratando-se de proposta do Bastonário, os interessados e o arguido condenado ou
absolvido, conforme o caso, serão notificados para, em prazos sucessivos de vinte dias,
alegarem e oferecerem prova.

ARTIGO 74º
(Discussão)

1. Realizadas as diligências requeridas e as que tenham sido consideradas necessárias,


o relator elabora o seu parecer e, depois, o processo vai com vista a cada um dos vogais
do Conselho e por último ao Presidente.

2. Findo o prazo de vista, o processo é apresentado, para decisão, ao Conselho que,


antes de deliberar, pode ordenar a realização de novas diligências.

3. Se o relator ficar vencido ou se, contra o seu parecer for ordenada a realização de
novas diligências, será efectuada nova distribuição do processo a um dos membros que
tenha votado nesse sentido.

ARTIGO 75º
(Decisão)

A revisão só será concedida por voto da maioria absoluta dos membros do


Conselho Nacional, e da decisão tomada não cabe recurso.

ARTIGO 76º
(Processo de revisão)

1. Depois de julgada a proposta ou o pedido de revisão, baixa ao Conselho Provincial


competente que, se a revisão tiver sido concedida, o instruirá e julgará de novo.

2. Se a revisão tiver sido concedida a pedido do arguido condenado, a pena aplicada


não poderá ser agravada.

3. No caso de absolvição, será cancelado o averbamento da decisão condenatória e será


dada publicidade ao acórdão de revisão se aquela tiver tido publicidade.

4. Em todo os demais casos serão feitos os averbamentos necessários no cadastro


disciplinar do arguido condenado.
CAPÍTULO XIV
EXECUÇÃO DAS DECISÕES

ARTIGO 77º
(Competência do Conselho Provincial)

Ao Presidente do Conselho Provincial compete dar execução a todas as decisões


finais proferidas nos processos em que sejam arguidos advogados com domicílio
profissional na respectiva província.

ARTIGO 78º
(Publicidade)

1. As penas de suspensão e de proibição definitiva de exercício da advocacia têm sempre


publicidade.

2. As restantes penas não são tornadas públicas, excepto quando o contrário for
determinado pelas decisões que as apliquem.

3. A publicidade é feita por edital, com referência aos preceitos infrigidos, afixado nas
instalações do Conselho Provincial e publicado no Boletim da Ordem dos Advogados, e
comunicado a todos os tribunais.

ARTIGO 79º
(Cumprimento das penas)

1. O cumprimento das penas de suspensão e proibição definitiva do exercício da


advocacia tem início a partir do dia imediato ao do primeiro acto de publicação previsto
no artigo anterior.

2. Se, à data da publicação, a inscrição do arguido estiver suspensa ou cancelada, o


cumprimento da pena da suspensão tem início a partir do dia imediato àquele em que for
levantada a suspensão, ou feita a reinscrição, ou a partir do termo do cumprimento de
pena anterior da suspensão.

ARTIGO 80º
(Não cumprimento de penas pecuniárias)

1. Em caso de não cumprimento das penas pecuniárias a que se refere a alínea c) do art.
86º e 87º do Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola, no prazo de 15 dias se outro
não for fixado, poderá ser determinada a suspensão do advogado arguido até ao seu
cumprimento.
2. O prazo para pagamento das penas pecuniárias pode, a pedido do interessado, e por
decisão fundamentada, ser prorrogado até ao limite máximo de 90 dias.
3. A pedido de quaisquer interessados que mostrem ter legitimidade para tal, serão
passadas certidões da pendência do processo disciplinar ou das decisões finais, para
efeitos judiciais.
CAPÍTULO XV
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

ARTIGO 81º
(Procedimento Disciplinar nas Províncias onde não existem Conselhos)

1. Nas províncias onde não existem Conselhos Provinciais são adoptadas as seguintes
regras:
a) Em caso de infracção disciplinar de qualquer advogado inscrito na província, o
respectivo Delegado ou o interessado directo comunicará os factos ao Conselho Nacional
que nomeará como instrutor qualquer dos seus membros ou outro advogado inscrito na
Ordem;
b) Ao Conselho Nacional ou suas Secções caberá decidir sobre os processos em
que sejam arguidos os advogado inscritos nessas províncias, bem como os respectivos
Delegados.
2. Aos processos a que se refere este artigo são aplicáveis as disposições processuais
constantes deste Regulamento, adaptando-se, sempre que necessário, os respectivos
prazos.

ARTIGO 82.º
(Entrada em vigor)
O presente regulamento entra imediatamente em vigor e aplica-se aos actos processuais
futuros praticados nos processos pendentes e a instaurar.

APROVADO NA SESSÃO DO CONSELHO NACIONAL DA ORDEM DOS


ADVOGADOS DE ANGOLA DE 21 DE JUNHO DE 1999

O BASTONÁRIO
Manuel Gonçalves
ORDEM DOS ADVOGADOS DE ANGOLA
CONSELHO NACIONAL
REGULAMENTO SOBRE ESTÁGIO

O Estatuto da Ordem dos Advogados estabelece as grandes linhas de acção que devem
nortear a actividade dos estagiários e a forma de organização e desenvolvimento dos
estágios como mecanismo de aprofundamento dos conhecimentos adquiridos nas
instituições de ensino e de preparação dos jovens advogados para a vida prática.
O estagiário, como se frisa no Estatuto da Ordem dos Advogados, " tem por fim
familiarizar o advogado estagiário com os actos e termos mais usuais da prática forense
e, bem assim, inteirá-lo dos direitos e deveres dos advogados".
A Ordem dos Advogados, como órgão responsável pela organização geral dos estágios,
tem vindo a definir a regulamentação que servirá de base à sua estruturação,
estabelecendo a metodologia e a forma do seu desenvolvimento, quer na sua parte teórica
como na parte prática.
Nestes termos, ao abrigo do estabelecido nos artigos 103º e seguintes do Estatuto da
Ordem dos Advogados e da competência que lhe é atribuída pela alínea e) do artigo 33º
do Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola, o Conselho Nacional delibera o
seguinte :
CAPÍTULO I
Objecto , Duração e Conteúdo
Artigo 1º
( Do estágio )

1.Está sujeito a estágio o Advogado Estagiário inscrito nos termos do Artigo 98º e
seguintes do Estatuto da Ordem dos Advogados.
2. O exercício de funções de Magistrado Judicial e do Ministério Público com boa
informação por um período igual ou superior ao do estágio equivale à realização do
estágio.
3. São dispensados do estágio os docentes e antigos docentes do ensino Superior de
direito e os doutores em direito.

Artigo 2º
( Objectivo do Estágio)
O estágio tem por fim familiarizar o advogado estagiário com os actos e termos mais
usuais da prática forense e, bem assim, inteirá-lodos direitos e deveres dos advogados.

Artigo 3º
( Duração e Direcção do Estágio)
1. O estágio tem a duração de dezoito meses e é realizado sob direcção de um advogado
com pelo menos cinco anos de efectivo exercício da advocacia.
2. Sem prejuízo do que se dispõe no número anterior o estágio tem a duração de seis
meses para os Advogados que tenham realizado o seu estágio no sistema de direito Anglo-
saxónico e de três meses para os que tenham efectuado o estágio no sistema de direito
Romano Germânico.
3. Durante o período de estágio o advogado estagiário é obrigado a prestar em média
, um serviço mínimo de três horas diárias no escritório do patrono.
Artigo 4º
( Conteúdo do Estágio)
1. Durante o primeiro período de estágio , o estagiário não pode praticar actos próprios
das profissões de advogados ou de solicitador judicial senão em causa própria ou de
cônjuge, ascendente ou descendente.
2. Durante o segundo período de estágio, o estagiário pode exercer quaisquer actos da
competência dos solicitadores e, bem assim:
a) Exercer a advocacia em qualquer processo , por nomeação oficiosa;
b) Exercer a advocacia em processos penais;
c) Exercer a advocacia em processos não penais cujo valor caiba na alçada dos tribunais
da 1a instância e ainda nos processos dos tribunais de menores;
d) Dar consulta jurídica
3. Para efeitos das alíneas a) e b) do número anterior o Advogado estagiário deve
realizar um mínimo de quinze intervenções processuais de natureza penal sendo sete em
processos em fase de instrução e oito em fase de julgamento.
4. Em matéria não penal prevista na alínea c) do número 2 do presente artigo, o
Advogado estagiário deve realizar um mínimo de doze intervenções processuais .
5. O Advogado estagiário organiza um processo completo com cópias dos articulados,
cartas e actas de reuniões que produzir, bem como de requerimentos e alegações que fizer,
procedendo à sua entrega à Ordem dos Advogados, no final do estágio, anexo ao relatório
do Patrono previsto o artigo 9º do presente regulamento .

Artigo 5º
( Trabalho sobre Ética e Deontologia)
O Advogado estagiário deve apresentar no final do estágio, um trabalho de dissertação
,escrito, sobre ética e deontologia, com um mínimo de 15 páginas e de acordo com as
regras de apresentação que constarão de anexo ao presente regulamento.

CAPÍTULO II
Sobre o Patrono
Artigo 6º
( Função do Patrono)
1. Compete ao patrono orientar e dirigir a actividade profissional do estagiário,
iniciando-o no exercício efectivo da advocacia e na sua actuação dentro do cumprimento
das regras deontológicas da profissão.
2. Ao patrono cabe ainda apreciar a idoneidade moral , ética e deontológica do estagiário
para o exercício da profissão.

Artigo 7º
( Sobre a Escolha do Patrono)
O patrono pode ser proposto pelos Advogados estagiários ou escolhido pela Ordem dos
Advogados de Angola, devendo , em qualquer dos casos, haver a anuência do advogado
que servirá de patrono.
Artigo 8º
( Deveres do Patrono)
Ao aceitar um estagiário o Advogado-Patrono fica vinculado perante a Ordem dos
Advogados e durante o período de estágio a:
a) Permitir ao estagiário o acesso ao seu escritório e a utilização deste nas condições e
com as limitações que venham a estabelecer;
b) Aconselhar e apoiar o estagiário na sua actividade profissional;
c) Fazer-se acompanhar do estagiário em diligências judiciais, pelo manos quando este
o solicita ou o interesse das questões debatidas o recomende;
d) Permitir ao estagiário a utilização dos serviços do escritório designadamente de
dactilografia, telefones, telex, telefax, computadores e outros, nas condições e com as
limitações que venha a determinar;
e) Permitir a aposição da assinatura do estagiário , por si ou em conjunto coma do Patrono
, em todos os trabalhos por aqueles realizados, no âmbito da sua competência.

Artigo 9º
( Escusa do Patrono)
1. O patrono pode a todo o tempo pedir escusa da continuação do patrocínio a um
estágio, por violação de qualquer dos deveres impostos a estes ou qualquer outro motivo
fundamentado.
2. O pedido de escusa do patrocínio deve ser dirigido ao Conselho Provincial
competente, segundo o regime do artigo 106º, do estatuto da Ordem dos Advogados, com
a exposição dos factos que o justificam, podendo , sendo o caso, ser instaurado
procedimento disciplinar contra o estagiário faltoso.

Artigo 10º
( Relatório do Patrono)
No termo do período de estágio o Patrono elabora um relatório sumário da actividade
exercida pelo estagiário que incluirá a sua opinião sobre o trabalho de ética e deontologia
e concluirá por um parecer fundamentado sobre a aptidão ou inaptidão do estagiário para
o exercício da profissão.

CAPÍTULO III
Deveres do Estagiário
Artigo 11º
( Deveres do Estagiário)
São deveres específicos do estagiário durante o período de exercício da actividade com
o patrono:
a) Observar escrupulosamente as regras, condições e limitações de
utilização do escritório do patrono.
b) Guardar respeito e lealdade para com o patrono;
c) Colaborar com o patrono sempre que este o solicite e efectuar os trabalhos que lhe
sejam determinados, desde que compatíveis com a actividade e dignidade de Advogado
Estagiário.
d) Guardar absoluto sigilo profissional

Artigo 12º
( Indicação da Qualidade de Estagiário)
O Advogado Estagiário deve identificar-se sempre nessa qualidade quando se apresente
ou intervenha em qualquer acto de natureza profissional.

Artigo 13º
( Nomeações Oficiosas e Assistência Judiciária)
1. Nos processo de nomeação oficiosa ou quando o requerente de assistência judiciária
não indicar advogado, solicitador ou advogado estagiário e não haja motivos excepcionais
que determinem a imediata nomeação de advogado ou solicitador, deverão os juizes
remeter ,ao Conselho Provincial da Ordem dos Advogados ou Delegado da área, os
pedidos de nomeação de patrono ou defensor oficioso respeitante a processos
compreendidos na competência própria dos estagiários.
2. O Advogado estagiário é notificado , atrevés do escritório do seu patrono , para
intervir na assistência judiciária, nos termos da alínea c) do artigo 7º do Decreto-lei
n.º15/95 , de 10 de Novembro.
3. Para efeitos do número anterior o Presidente do Conselho Provincial envia uma lista
nominal dos Advogados Estagiários quer ao Presidente do Tribunal Provincial quer ao
Director Provincial da Investigação Criminal.
4. Do estado dos processos acima referidos o Advogado Estagiário dá conhecimento
por escrito ao Patrono.

CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 14º
( Resolução de Dúvidas)
As dúvidas surgidas na interpretação e aplicação do presente instrutivo são resolvidas
pelo Conselho Nacional da Ordem dos Advogados.

Artigo 15º
( Entrada em Vigor )
O presente Instrutivo entra em vigor na data da sua publicação.

O Bastonário
Manuel Gonçalves

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