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REPÚBLICA DE ANGOLA

PROPOSTA DE LEI DA GREVE

Luanda, Abril de 2019

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RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO

I. FUNDAMENTOS

A primeira lei da greve de Angola foi aprovada pela Lei n.º 23/91, de 15 de Junho,
denominada Lei da Greve.

Com as alterações resultantes da aprovação da Constituição da República de Angola


e da Lei Geral do Trabalho, dentre outros diplomas relacionados com as relações
jurídico laborais, mostra-se necessário a adequação dos demais instrumentos legais
que regulam essas relações, no sentido da sua conformação ao quadro legal vigente.

II. SUMÁRIO A PUBLICAR NO DIÁRIO DA REPÚBLICA

Eis o sumário que deverá constar da I.ª Série do Diário da República (DR):

“Lei n.º __________/2019. – Lei da Greve”.

III. NECESSIDADE DA FORMA PROPOSTA PARA O DIPLOMA

A presente iniciativa legislativa é apresentada ao abrigo alínea b) do artigo 164.º e da


alínea d) do nº 2 do artigo 166.º, todos da Constituição da República de Angola,
conjugado com o preceituado no n.º 2 do artigo 189.º da Lei n.º 13/17, de 6 de Julho,
Lei Orgânica que aprova o Regimento da Assembleia Nacional, sob a forma de
proposta de Lei.

IV. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DA MATÉRIA OBJECTO DO DIPLOMA.

A presente iniciativa tem enquadramento na Constituição da República de Angola,


onde preceitua o artigo 51.º que « os trabalhadores têm direito à greve ».

V. INCONFORMIDADES E INSUFICIÊNCIAS
1. Ajustamento da proposta de diploma à CRA e à legislação laboral (função pública
e sector privado);
2. Delimitação do âmbito de aplicação do diploma;
3. Actualização da denominação do Departamento Ministerial responsável pela
Administração do Trabalho;
4. Alargamento do âmbito dos serviços essenciais a determinados sectores;
5. Alargamento da enumeração dos serviços essenciais em função da realidade
actual;
6. Procedimentos para a greve;
7. Concessão às partes tempo razoável para as negociações no sentido de fazer da
greve a última ratio;
8. Definição do período de duração da greve;
9. Asseguramento da prestação de trabalho em caso de greve nos serviços essenciais
em 50%;
10. Retrições do direito à greve em determinados sectores de actividade;
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11. Ajustamento das infrações face ao salário médio mensal praticado na empresa
pela prática de actos ilícitos (violação da liberdade de adesão à greve, lock-out e
a violação dos direitos dos trabalhadores);
12. Alargamento do período de proibição de transferência despedimento durante o
período de pré-aviso enquanto durar a greve e após o seu termo;
13. Tribunal competente para conhecimento e julgamento das infracções na presente
lei.
14. Actualização do texto do preâmbulo e a sua fundamentação constitucional;
15. Ajustamento às regras de legística formal e material, nomeadamente a redacção
das disposições e a formulação das epígrafes;
16. Harmonização da letra e o espírito da proposta de lei com as leis sindical e
negociação colectiva.

VI. IMPACTO E AVALIAÇÃO SUMÁRIA DOS MEIOS FINANCEIROS E


HUMANOS RESULTANTES DA APROVAÇÃO E EXECUÇÃO DA LEI

A aprovação da presente Proposta de Lei não cria para o Estado encargos financeiros
não previstos com recursos materiais e humanos.

VII. LEGISLAÇÃO A REVOGAR

Com a aprovação da presente iniciativa é proposta a revogação da Lei n.º 23/91, de


15 de Junho.

VIII. NOTA PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL

Eis a nota que se aconselha para os órgãos de comunicação social:

«O Conselho de Ministros apreciou hoje a proposta de lei que regula o regime


jurídico do exercício do direito à greve (Lei da Greve).

IX. CONSULTAS

Para a conformação da presente proposta de lei perspectiva-se a obtenção de consulta


dos departamentos ministeriais com interesse na matéria, bem como organizações da
sociedade civil relevante, desde logo:

a) Ministério das Finanças;

b) Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos;

c) Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado;

d) Organizações sindicais;

e) Organizações patronais.

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X. SISTEMATIZAÇÃO E ESTRUTURA

O diploma que se propõe compreende 35 artigos, divididos em VI Capítulos,


nomeadamente i) Disposições Gerais, ii) Procedimentos para a Greve, iii) Obrigações dos
Trabalhadores Durante a Greve; iv) Efeitos da Greve; v) Infrações e Sanções; vi)
Disposições Finais.

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LEI N.º______/2019

DE____/____________

Considerando que a Constituição da República de Angola consagra o direito à greve


enquanto direito fundamental do trabalhador, como um instrumento à disposição dos
trabalhadores para a melhoria das suas condições de trabalho e de vida cujo exercício
deve ser regulado por uma lei adequada às condições e padrões de crescimento e
desenvolvimento vigente no Pais;

Tendo em conta que a materialização do Estado Democrático de Direito requer a


regulamentação do exercício do direito à greve, por forma a evitar que seja utilizado
ilicitamente, colocando em risco as conquistas democráticas dos trabalhadores em
particular e de todos os cidadãos em geral;

A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termos das disposições
combinadas do artigo 51.º, da alínea b) do artigo 164.º e da alínea d) do n.º 2 do artigo
166.º, da Constituição da República de Angola, a seguinte:

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LEI DA GREVE
CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1.°
(Objecto)

A presente lei estabelece os termos e condições de exercício do direito à greve.

ARTIGO 2.°
(Âmbito de aplicação)

O presente diploma aplica-se aos trabalhadores vinculados ao sector público


administrativo e ao sector empresarial público e privado.

ARTIGO 3 .°
(Definição)

1. Considera-se greve a paralisação colectiva, total ou parcial, concertada e voluntária


da prestação do trabalho com o objectivo de satisfazer o interesse comum dos
trabalhadores.

2. Não são consideradas greves quaisquer formas de redução ou alteração, colectiva,


concertada e temporária, dos ritmos e métodos de trabalho, que não impliquem
abstenção de trabalho, as quais são passíveis de responsabilidade disciplinar nos
termos da legislação laboral.

ARTIGO 4.°

(Fins da greve)

A greve só pode visar fins profissionais relacionados com a relação jurídico-laboral dos
trabalhadores.

ARTIGO 5. °

(Proibição)

Não é permitido o exercício do direito à greve aos seguintes serviços e trabalhadores:

a) Titulares de cargos políticos providos por eleição ou nomeação;

b) Magistrados Judiciais e do Ministério Público;

c) Titulares de cargos de direcção e chefia do sector público administrativo e do


sector empresarial público e privado;

d) Serviços de inteligência e de segurança do Estado;

e) Forças militares e para militares;

f) Pessoal da carreira especial do Ministério do Interior.


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ARTIGO 6.°
(Liberdade de adesão à greve)

O trabalhador é livre de individualmente aderir ou não à greve, não podendo sofrer


discriminação nem, por qualquer forma, ser prejudicado, nomeadamente nas suas
relações com a entidade empregadora ou nos seus direitos sindicais, por motivo da adesão
ou não a uma greve lícita.

ARTIGO 7.°
(Limitações ao exercício do direito à greve)

1. O direito à greve tem como limite os demais direitos fundamentais dos cidadãos
reconhecidos na Constituição da República de Angola, não podendo o seu exercício
impedir ou afectar aqueles direitos de forma não razoável, bem como a satisfação das
necessidades especiais previstas no presente diploma.

2. Os trabalhadores dos portos, aeroportos, caminhos-de-ferro, transportes rodoviários,


aéreos, marítimos e fluviais, serviço público de comunicação social, energia e águas,
bem como trabalhadores civis de estabelecimentos militares, e de outras empresas ou
serviços que produzam bens ou prestem serviços indispensáveis às forças armadas e
policiais, exercem o direito à greve sem pôr em causa o abastecimento necessário à
defesa nacional, segurança pública, defesa do Estado e respectivas infraestruturas e
a operacionalidade dos serviços acima referenciados.

3. O exercício do direito à greve pelos trabalhadores a que se refere o presente artigo


obriga-os a adoptar as providências para assegurar, durante esse período, a realização
das actividades necessárias para assegurar os serviços essenciais à população e da
defesa nacional, em pelo menos em 50% das actividades da empresa ou serviço
público.

CAPÍTULO II
Procedimentos para a Greve

ARTIGO 8.º
(Recurso a greve)

1. O recurso a greve obedece as seguintes fases:

a) Apresentação do caderno reivindicativo;


b) A negociação directa das partes;
c) A mediação.

2. No Sector Público Administrativo, observa-se apenas as fases previstas nas


alíneas a) e b) do número 1 do presente artigo.

ARTIGO 9.°
(Apresentação do caderno reivindicativo)

1. O caderno reivindicativo contendo as reivindicações dos trabalhadores deve ser


apresentado à entidade empregadora.

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2. A entidade empregadora deve responder o caderno por escrito no prazo de 20 dias
úteis, salvo se prazo superior for convencionado pelas partes.

ARTIGO 10.º
(Negociação directa das partes)
Findo o prazo referido no artigo anterior, e no caso da resposta não ser satisfatória para
os trabalhadores, as partes passam a fase da negociação directa dos pontos divergentes,
no prazo máximo de 30 dias úteis.

ARTIGO 11.º

(Mediação)

1. As partes devem recorrer ao mecanismo de mediação sempre que decorridos os


prazos referidos no artigo anterior, ou no decorrer da negociação, no caso de falta
de acordo total ou parcial dos pontos do caderno reivindicativo.

2. Para efeitos do presente diploma, a mediação deve ser realizada nos termos da
lei geral do trabalho, no prazo máximo de 20 dias úteis.

3. Sem prejuízo do disposto nos números 1 e 2 do presente artigo, as partes podem,


por acordo optar pelos mecanismos da conciliação ou da arbitragem, nos termos
da legislação laboral vigente.

ARTIGO 12.º
(Declaração de greve)
Se a entidade empregadora não responder o caderno reinvindicativo durante o prazo
estabelecido no número 2 do artigo 8.º do presente diploma ou não haver acordo no
processo de mediação, os trabalhadores têm legitimidade para declarar greve.

ARTIGO 13.°
(Competência para declaração de greve)

1. Compete às associações sindicais a deliberação de declaração da greve aprovada por


escrutínio secreto um mínimo de 2/3 dos trabalhadores da empresa reunidos em
assembleia convocada para o efeito.

2. Para efeitos do disposto no número anterior, nas empresas onde não existam
sindicatos, os trabalhadores podem deliberar em assembleia o recurso à greve desde
que:

a) A assembleia seja convocada por pelo menos 1/3 dos trabalhadores da empresa.

b) A deliberação seja aprovada nos termos previstos no n.º 1 do presente artigo.

3. A convocação da Assembleia é obrigatoriamente comunicada no prazo de cinco dias


úteis à entidade empregadora que poderá solicitar a presença de representantes do
Departamento Ministerial responsável pela Administração do Trabalho, para efeitos
de verificação da regularidade da constituição da Assembleia e das suas decisões.
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ARTIGO 14.°
(Delegados de greve)

1. No momento da deliberação da greve, as organizações sindicais ou assembleia de


trabalhadores designam ou elegem até cinco delegados de greve, aos quais cabe
representar os trabalhadores em greve junto da entidade empregadora e do
Departamento Ministerial responsável pela Administração do Trabalho e garantir
a execução dos serviços mínimos.

2. Excepto os delegados de greve referidos no número anterior, os trabalhadores que


aderem a greve não devem comparecer no local de trabalho.

ARTIGO 15.°
(Comunicação de greve)

1. Deliberada a greve, a organização sindical deve comunicar por escrito ao empregador


e ao Departamento Ministerial responsável pela Administração do Trabalho com
antecedência mínima de cinco dias úteis.

2. A comunicação de greve deve conter, nomeadamente:

a) Os fundamentos e objectivos da greve;

b) A indicação dos estabelecimentos, serviços e categorias profissionais abrangidos


pela greve;

c) A indicação dos delegados de greve, designados ou eleitos;

d) O período de duração da greve, com a especificação precisa da data e hora do seu


início e fim.

3. Anexa à declaração de greve devem constar cópias do caderno reivindicativo e


respectiva resposta, da comunicação da convocação da assembleia de trabalhadores,
da solicitação de comparência de representantes do Departamento Ministerial
responsável pela Administração do Trabalho e da comunicação da declaração de
greve.

ARTIGO 16.°
(Manutenção das condições de trabalho)

Durante o período de comunicação e enquanto durar a greve a entidade empregadora deve


manter as condições de trabalho e de funcionalidade dos equipamentos, máquinas ou
instrumentos de trabalho.

ARTIGO 17.°
(Proibição de substituição de trabalhadores)

É vedado à entidade empregadora substituir os trabalhadores em greve por outros que, à


data do início da greve, não trabalhavam para a empresa ou serviço.

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ARTIGO 18.°
(Proibição de lock-out)

1. É proibido o lock-out.

2. Considera-se lock-out o encerramento ou paralisação total ou parcial da actividade


da empresa por parte da entidade empregadora como meio de influenciar a solução
de conflitos económicos ou socio-profissionais, nomeadamente na iminência da
apresentação do caderno reivindicativo, durante os períodos de negociações ou após
a greve exercida licitamente.

3. A prática de lock-out nos termos do número anterior, confere ao trabalhador o direito


a percepção da remuneração durante o período em que o mesmo durar.

CAPÍTULO III
Obrigações dos trabalhadores durante a greve

ARTIGO 19.°
(Protecção e acesso às instalações)

1. As organizações sindicais e os trabalhadores são obrigados a garantir os serviços


necessários à segurança, protecção e manutenção dos equipamentos e instalações da
instituição durante a greve.

2. Durante a greve é vedado o acesso e a permanência dos trabalhadores em greve no


interior dos locais de trabalho abrangidos, com excepção dos que não tenham aderido
à mesma e dos que estejam empenhados nas operações de conservação e manutenção
dos equipamentos, bem como dos delegados de greve que verificam a sua eficácia.

3. Os trabalhadores em greve não devem impedir a prestação de trabalho pelos


trabalhadores que não tenham aderido à greve, nem contra eles exercer intimidações
ou violência, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e criminal, nos termos
da lei.

ARTIGO 20.°
(Manutenção de serviços essenciais)

1. Os trabalhadores e as organizações sindicais são obrigadas a assegurar as actividades


necessárias à manutenção de serviços essenciais e inadiáveis da população durante a
greve, em 50% das actividade da empresa ou serviço público.

2. Para efeito do presente diploma, são considerados serviços essenciais:

a) Captação, tratamento e distribuição de água;

b) Produção, manutenção, transporte, distribuição de energia eléctrica, gás,


combustíveis e operações petrolíferas;

c) Serviços de saúde, nomeadamente, assistência médica, medicamentosa e cuidados


nos serviços de urgências/emergências, salas de parto, bloco operatório e serviços
de cuidados intensivos;

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d) Serviços públicos de comunicação social;

e) Operações de carga e descarga nos aeroportos e portos;

f) Distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;

g) Serviços funerários;

h) Serviços de justiça, nomeadamente, emissão de boletins de óbito, mandados de


soltura, reconhecimento de termo de responsabilidade para menores nas situações
de viagens, realização de casamento previamente agendado e julgamentos
sumários;

i) Transporte colectivo de passageiros e cargas;

j) Recolha e tratamento de lixo e saneamento básico;

k) Correios e telecomunicações, incluindo as bases de dados informáticas;

l) Controlo do espaço e do tráfego aéreos, marítimo e naval;

m) Segurança e transporte de valores monetários;

n) Compensação bancária;

o) Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais


nucleares.

ARTIGO 21.º

(Requisição civil)

1. Em caso de necessidade de assegurar a regularidade e continuidade da prestação dos


serviços públicos, o Titular do Poder Executivo pode, através de Despacho
Presidencial, determinar a requisição civil visando a substituição dos trabalhadores
em greve e garantir a prestação dos serviços pelo período de duração da greve.

2. A decisão de requisição torna-se eficaz com a sua divulgação pelos meios de


comunicação social.

ARTIGO 22.°
(Duração da greve)

1. A duração da greve não pode exceder 4 dias consecutivos.

2. Sempre que as organizações sindicais pretendam decretar greve com duração superior
ao disposto no número anterior, a mesma deve ser interpolada num intervalo não
inferior a 90 dias.
ARTIGO 23.º
(Restrições do direito à greve)

1. O direito a greve é restringido nos seguintes casos:


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a) No sector da saúde, durante o período de ocorrência de epidemias, catastrofes e
calamidades naturais;
b) Nos sectores da educação e do ensino superior, no primeiro trimestre do ano
lectivo e durante a realização de provas parcelares e exames finais;
c) Nos sectores dos transportes, telecomunicações, energia e águas e nos serviços de,
recolha e tratamento do lixo e saneamento básico, aquando da realização de
eventos de âmbito nacional e internacional;
d) Durante os períodos eleitorais.

2. No caso de ocorrência de situações previstas na alínea a) e d) do número anterior, a


greve deve ser imediatamente suspensa.

3. A realização da greve nos sectores previstos na alínea b) do número 1 do presente


artigo, não deve prejudicar o cumprimento da carga lectiva anual, devendo ser criadas
as condições para que o plano curricular seja integralmente cumprido durante o ano
escolar ou académico a que diga respeito.

CAPÍTULO IV
Efeitos da greve

ARTIGO 24.°
(Suspensão da relação jurídico-laboral)

1. A greve suspende a relação jurídico-laboral, determina a perda da remuneração, os


deveres de subordinação, de obediência e de assiduidade, mantendo-se os deveres de
lealdade e de respeito mútuo.
2. O pagamento da remuneração dos trabalhadores que aderem a greve é da
responsabilidade da organização sindical em que estejam filiados.

ARTIGO 25.°
(Proibição de transferência e despedimento)

1. Durante o período de comunicação e enquanto durar a greve a entidade empregadora


não deve transferir nem despedir os trabalhadores que tenham aderido a greve, salvo
nas situações previstas na lei.

2. Os representantes sindicais gozam de protecção contra o despedimento nos termos


previstos na lei.

ARTIGO 26.°
(Efeitos das greves proibidas, ilícitas, limitadas e suspensas)

Sem prejuízo das sanções aplicáveis nos termos da lei, a protecção de trabalhadores em
greve e delegados da greve estabelecida no artigo 23.° do presente diploma, não tem lugar
para casos de greves proibidas, ilícitas, limitadas ou suspensas a que se refere os artigos
3.º e 8.° da presente lei.

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ARTIGO 27.°
(Suspensão de prazos)

Durante a greve, suspendem-se os prazos relativos a:

a) Prescrição das sanções disciplinares;

b) Instauração e prática de actos de processo disciplinar;

c) Estágio de trabalhadores.

CAPÍTULO V
Infracções e sanções

ARTIGO 28.°
(Violação da liberdade de adesão à greve)

A entidade empregadora que discriminar ou, por qualquer forma, prejudicar um


trabalhador nos seus direitos, por ter dirigido ou aderido ou não a uma greve lícita, será
aplicada a multa de 3 a 6 vezes o salário médio mensal praticado na empresa.

ARTIGO 29.°
(Ameaças ou coacção à greve)

A entidade empregadora que impedir a efectivação de uma greve lícita por meios
violentos, ameaças, coacção ou qualquer meio fraudulento, será punido com multa de 4
a 8 vezes do salário médio mensal praticado na empresa, sem prejuízo da responsabilidade
criminal, nos termos da lei.

ARTIGO 30.°
(Greve ilícita)
1. A responsabilidade pela prática de actos ilícitos previstos no presente diploma é
apurada, conforme o caso, segundo a legislação laboral, civil ou penal.

2. Nas situações de greves ilícitas a entidade empregadora pode denunciar o facto junto
dos órgãos judiciais competentes.

3. Constitui justa causa para despedimento disciplinar a adesão à greve proibida ou


ilícita.

ARTIGO 31.°
(Encerramento ou paralização da actividade)

O encerramento ou paralisação total ou parcial da actividade da empresa por parte da


entidade empregadora nos termos previstos no artigo18.º da presente lei constitui
infracção punida com multa de 4 a 8 vezes o salário médio mensal praticado na empresa.

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ARTIGO 32.°
(Tribunal competente)

São competentes para conhecer e julgar os conflitos decorrentes da presente lei a sala do
cível e administrativo no caso de greves que ocorram no sector público administrativo e
a sala de trabalho para as que ocorram no sector empresarial público e privado.

CAPÍTULO VI
Disposições finais

ARTIGO 33.°
(Revogação)

É revogada a Lei n.º 23/91, de 15 de Junho.

ARTIGO 34.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presente diploma são


resolvidas pela Assembleia Nacional.

ARTIGO 35.º
(Entrada em vigor)

O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda aos……….de……..de 2019.

O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias Dos Santos.

Promulgada, aos…..de…..2019.

Publique-se.

O Titular do Poder Executivo, João Manuel Gonçalves Lourenço.

Luanda, aos ________ de _______________ 2019.

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