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UNIVERSIDADE ÓSCAR RIBAS

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

DEPARTAMENTO DE DIREITO

TRABALHO DE FIM DE CURSO DA LICENCIATURA EM


Direito, na opção Juríco-Forense

“A PROTECÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO


ARGUIDO NO PROCESSO PENAL ANGOLANO”

Trabalho de Fim de Curso elaborado por:

DIONÍSIO LUCAS LAURINDO BANDA

JOÃO ZAGE LUCAS

Luanda, 2023
UNIVERSIDADE ÓSCAR RIBAS
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

DEPARTAMENTO DE DIREITO

TRABALHO DE FIM DE CURSO DA LICENCIATURA EM


Direito, na opção Juríco-Forense

“A PROTECÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO


ARGUIDO NO PROCESSO PENAL ANGOLANO”

Trabalho de Fim de Curso elaborado por:

DIONÍSIO LUCAS LAURINDO BANDA

JOÃO ZAGE LUCAS

Luanda, 01.01.2023
LINHA DE INVESTIGAÇÃO
O tema em análise está relacionado a disciplina de Direito Constitucional e tem como
linha de investigação o estudo sobre a protecção dos direitos e garantias fundamentais do
arguido no processo penal angolano.

ORIENTADOR

Apresentamos como orientador o Professor Belmiro Capoco Chissende Sacunduinga

INTRODUÇÃO

Angola é uma República soberana e independente, baseada na dignidade da pessoa


humana e na vontade do povo angolano, que tem como objectivo fundamental a construção
de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social.

Inicialmente, os direitos fundamentais possuem um inegável conteúdo ético (aspecto


material). Eles são os valores básicos para uma vida digna em sociedade. Neste contexto, eles
estão intrinsecamente ligados à ideia de dignidade da pessoa humana e de limitação do poder.
Afinal, em um ambiente de opressão não há espaço para vida digna. A dignidade humana é,
portanto, a base axiológica desses direitos. Além do conteúdo ético os direitos fundamentais
também possuem um conteúdo normativo (aspecto formal). Do ponto de vista jurídico, não é
qualquer valor que pode ser enquadrado nessa categoria. Juridicamente, somente são direitos
fundamentais aqueles valores que o povo formalmente reconheceu como merecedores de uma
protecção normativa especial, ainda que implicitamente. Esse reconhecimento formal ocorre
através da positivação desses valores por meio de normas jurídicas.

Assim, o primeiro aspecto a considerar na delimitação dos direitos do arguido no


processo penal deve buscar-se na Constituição da República os direitos do arguido no
processo penal integram-se entre os direitos, liberdades e garantias fundamentais expresso no
capítulo II do título I da CRA, sendo que, os direitos fundamentais, interpretam-se e
integram-se, também de harmonia com a declaração universal dos direitos do homem, a carta
africana dos direitos do homem e dos povos e os tratados internacionais sobre direitos
humanos, de acordo com o n.º 2 do artigo 26.º da CRA.

O artigo 67.º do CPP dispõe que são direitos do arguido os seguintes: direito de
presença; direito de audiência; direito de informação (sobre os factos imputados e sobre os

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seus direitos); direito ao silêncio / privilégio da não auto-incriminação; direito a defensor;
direito de intervenção e direito de recurso.

OBJECTIVOS

GERAL

Estudar a protecção dos direitos e garantias fundamentais do arguido no processo


penal angolano

ESPECÍFICOS

 Definir o que são direitos e garantias fundamentais;


 Descrever a evolução histórica dos direitos fundamentais em angola;
 Analisar os direitos do arguido no processo penal angolano;
 Compreender a implementação dos direitos do arguido no processo penal angolano.

JUSTIFICATIVA

Com o advento do novo código penal e da nova figura do juiz de garantias em


Angola, espera-se a efectivação da melhor protecção dos direitos e garantias fundamentais do
arguido no processo penal. Isto impulsionou directamente na escolha deste tema.

PROBLEMA DE PESQUISA

Uma vez que a Constituição da República de Angola consagra o princípio da


presunção de inocência e tendo o arguido direito de ser ouvido na presença do seu defensor e
não responder nas questões sobre facto, por que razão ainda se verifica violações desses
direitos num Estado que se afirma como sendo Democrático de Direito?

HIPÓTESE

 A falta de cultura jurídica;


 A falta de informação;
 A falta de conhecimento sobre matéria jurídica por parte dos agentes da polícia
nacional e outros;
 A inobservância das disposições na Constituição da República de Angola.

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DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O propósito desta temática consiste em estudar os direitos e garantias fundamentais do


arguido enquanto sujeito da relação jurídico-processual penal.

ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

TIPO DE PESQUISA

Para elaboração da presente pesquisa será utilizado os seguintes tipos de pesquisas:


Pesquisa exploratória - a fim de criar familiaridade com o tema; pesquisa descritiva - a fim de
analisar minuciosamente o objecto de estudo.

MÉTODO DE ANALISE DE DADOS

Nesta abordagem utilizar-se-á o método qualitativo para descrever a complexidade do


problema e as variáveis, bem como indicar o fundamento do tema em questão.

TÉCNICAS DE PESQUISA

Será usado a técnica de pesquisa documental, nomeadamente: documentos (leis,


regulamentos, relatórios, regulamentos, pareceres,) que poderão ser encontrados em arquivos
(públicos ou particulares, sites da internet, bibliotecas e Pesquisa Bibliográfica: livros, teses,
artigos e outros meios de informação em períodos (revistas, boletins, jornais), que poderão
ser encontradas em bibliotecas.

ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho terá dois capítulos, a fim de facilitar a compreensão dos leitores, sendo
que: o primeiro capítulo trata da fundamentação teórica onde vamos abordar os direitos e
garantias fundamentais, presenta também as gerações dos direitos fundamentais e uma breve
abordagem histórica relativa aos direitos fundamentais. O segundo capítulo, trata sobre
questões que têm que ver com a protecção dos direitos e garantias fundamentais do arguido
enquanto sujeito passivo da relação jurídico- processual.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conceito de Direitos Fundamentais


Segundo Andrade (2012, p. 15) “(...) os direitos fundamentais tanto podem ser vistos em
quanto direitos naturais de todos os homens, independentemente dos tempos e dos lugares
(perspectiva filosófica ou jusnaturalista) como podem ser referidos aos direitos mais
importantes das pessoas, num determinado tempo e lugar, isto é, num Estado concreto ou
numa comunidade de Estados (perspectiva estadual ou constitucional)...”

Ora, segundo a perspectiva estadual ou constitucional, os direitos fundamentais, tais como os


entendemos hoje, são verdadeiros direitos ou liberdades, reconhecidos em geral aos homens
ou a certas categorias de entre eles, por razões de humanidade. São, nessa medida, direitos de
igualdade, universais, e não direitos de desigualdade testamentais ANDRADE (2012).

Análise global dos direitos e deveres do arguido

A qualidade de arguido não torna menos cidadão ninguém, aliás, faz despoletar um conjunto
de garantias, com as quais o cidadão comum não se importa em invocar no seu dia-a-dia. Não
vamos com isso considerar que ser arguido seja um privilégio, na medida em que na mesma
proporção atribui direitos, faz submeter arguido a determinados deveres que quase sempre se
constituem num verdadeiro incómodo para o mesmo, sem contar quem a própria condição de
arguido é, em si, um estigma com o qual determinado cidadão tem de conviver enquanto
durar o processo.

Pelo acima exposto, considera (Santana apud Inácio,2022. p.35) que o processo penal é o
lugar, por excelência, onde se assume e verifica a aplicação das garantias constitucionais de
defesa do arguido, bem como os direitos de cidadania do sujeito que é objecto de
perseguição, pela suspeita da prática de um crime. É o lugar onde se problematiza a relação
entre o direito à segurança de todos e os direitos de defesa daqueles que, embora indiciados
pela prática de um crime, se devem presumir inocentes até prova plena de culpa, formada
apenas através de sentença judicial condenatória, transitada em julgado.

O arguido é o sujeito processual que assume a posição mais débil no processo penal, quanto
mais não seja que todo o processado tem como finalidade averiguar se os factos que lhe são
imputados correspondem ou não com a realidade objectiva, pelo que a resposta positiva faz

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funcionar a premissa maior do silogismo judiciário, isto é, a aplicação ao arguido da pena
correspondente ao crime cuja autoria ficou provada.

Quem é o arguido?

Assume a qualidade de arguido num processo penal, todo aquele sobre quem recai forte
suspeita de que tenha praticado um crime suficientemente comprovado.

O arguido é o sujeito passivo da relação jurídico-processual. É aquele que deverá suportar as


consequências impostas pela lei caso se prove sem a mínima e razoável dúvida que tenha
praticado crime que constitui objecto do processo do qual ele adquiriu aquela qualidade
(INÁCIO, 2022).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projecto que acabamos de apresentar, teve como escopo principal a abordagem


sobre a protecção dos direitos e garantias fundamentais do arguido no processo penal
angolano que a ordem jurídica lhe reconhece e concede enquanto sujeito da relação jurídica
processual penal.

Os direitos fundamentais tanto podem ser vistos em quanto direitos naturais de todos
os homens, independentemente dos tempos e dos lugares. O homem, o individuo, a pessoa, é
hoje vista como centro da titularidade de diretos, devido a dinâmica do processo de
fundamentalização, constitucionalização e positivação dos direitos fundamentais. Assim
sendo, os direitos fundamentais são vistos como direitos de todos, são direitos humanos e não
apenas direitos dos cidadãos angolanos.

A figura do arguido é hoje resultado de um processo de evolução civilizacional que


em função das transformações históricas, políticas e culturais que o mundo conheceu,
desencadeou o respeito pelos direitos civis, políticos, económicos e sociais das pessoas e com
eles o respeito do arguido que antes não passava de mero objecto do próprio processo.

Importa ainda realçar que os direitos fundamentais estão intrinsecamente ligados à


ideia de dignidade da pessoa humana, são os valores básicos para uma vida digna em
sociedade. O que implica dizer que o Direito Constitucional tem a finalidade de proteger a
pessoa humana, ao mais alto nível e com todas as garantias que são apanágio da força deste
domínio jurídico. Portanto, a protecção dos direitos fundamentais é hoje na sua larga maioria,
uma protecção de nível jurisdicional, levada a cabo pelos tribunais e pelo poder jurisdicional.

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CRONOGRAMA DAS ACTIVIDADES

DESCRIÇÃO 2022/2023
Etapas| Mês Março Abril Maio Junho

Formulação do problema x
Revisão Bibliográfica x
Recolha de dados x
Analise e interpretação dos x
dados
Redação do relatório x
Deposito do relatório x
Redação final e formatação x
conforme as normas da APA
Entrega do Trabalho Final x

O Orientador
_______________________________________
Dr. Belmiro Capoco Chissende Sacunduinga

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

7
ANDRADE, vieira (2012). Os Direitos Fundamentais na Constituição portuguesa de 1976 (5ª
ed.), Editora; Almedina, Coimbra;

ALEXANDRINO, José (2011). O Discurso dos Direitos, (1ª ed.), Editora, Coimbra;

GOUVEIA, George Bacelar (2014). Direito Constitucional de Angola (1ª ed.), Editora,
Lisboa;

INÁCIO, Florentino (2022). Estatuto Jurídico-Processual do Arguido, (1ª ed.), Editora,


Alameda da Universidade, Lisboa;

JUSTO, Santos António (2012). Introdução ao Estudo do Direito (6ª ed.), Editora, Coimbra;

MARMELSTEIN, George (2009). Curso de Direitos Fundamentais (4ª ed.), Editora Atlas;

MIRANDA, Jorge (2008). Direitos Fundamentais (4ª ed.), Editora, Coimbra;

LEGISLAÇÕES

 AAVV Constituição da República de Angola de 2021


 AAVV Código de Processo Penal Angolano de 2020
 AAVV Lei Constitucional Angolana, de 11 de Novembro de 1975

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