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II
DIREITO PROCESSUAL
PENAL E DIREITO
TRIBUTÁRIO
Autor: Ma. Kélvia Faria Ferreira
Revisor: Larissa Gonçalves
INICIAR
introdução
Introdução
Nesta unidade, estudaremos as disciplinas de Direito Processual Penal e
Direito Tributário. Passaremos pelas disciplinas de Processo Penal I e II,
rememorando os conteúdos aprendidos na graduação. A revisão será
apresentada de acordo com os temas de maior recorrência nos exames da
Ordem dos Advogados do Brasil. Há indicações de leitura, especialmente da Lei
Seca, durante todo o material. O estudo deve ser feito em conjunto com esta,
já que, na primeira fase do Exame da Ordem, o conhecimento da legislação é
primordial. Abordaremos os temas introdutórios do processo penal e que dão
a nota de proteção das garantias do acusado durante a persecução penal.
Falaremos das alterações que a constitucionalização do processo ocasionaram
no Código de Processo Penal, dos sistemas processuais e de princípios.
Relembraremos o inquérito e a ação penal. Em Processo Penal II, vamos tratar
dos procedimentos estabelecidos pelo CPP, das nulidades e dos recursos.
Passando ao estudo do Direito Tributário, estudaremos, em Tributário I, o
sistema constitucional tributário, o uso de lei complementar neste ramo, bem
como o conceito de tributo. Finalmente, em Tributário II, relembraremos os
tributos em espécie, os princípios tributários e as imunidades.
Processo Penal I
Uma importante característica do processo penal que precisa ficar clara desde
já é o seu papel de garantidor dos direitos do acusado. Embora sua finalidade
seja assegurar a aplicação da lei penal, os direitos do acusado não podem ser
subjugados. A efetiva pacificação social será alcançada apenas se o processo
penal transcorrer de modo a possibilitar ao acusado exercer plenamente seu
direito de defesa, a fim de que possa provar sua inocência ou, em caso de
culpa, possa cumprir a pena dentro do que determina a legislação penal.
Sistemas processuais
Sistemas processuais são as formas pelas quais se conduz o andamento da
ação penal. No mesmo sentido em que o CPP era um em sua origem e outro a
partir da Constituição, observamos a existência de dois tipos de sistemas
processuais, mais garantista ou mais inquisidor, assegurando mais direitos ou
privando o acusado destes.
ACESSAR
Princípios processuais
Antes de falarmos especificamente de cada um dos princípios aplicáveis ao
processo penal, é importante ressaltar uma concepção filosófica que incide
grandiosamente na lógica da processualística penal. Estamos falando do
garantismo penal . Através de tal conceito, observamos a necessidade de se
assegurar os direitos do acusado, aplicando-se a presunção de inocência,
assegurando-se o contraditório e garantindo todos os meios de defesa.
Princípio do contraditório
O processo se desenvolve em pleno respeito ao contraditório quando é dada a
ciência bilateral dos atos ou termos do processo, bem como é concedida a
possibilidade de contrariá-los. Constitui, assim, o direito à informação e o
direito à participação . Ou seja, tanto autor da ação penal quanto réu devem
ter acesso a todos os atos praticados no curso da ação e devem ter a
possibilidade de se manifestarem, contradizendo o alegado pela outra parte.
O CPP (BRASIL, 1941) também trata do tema, no Art. 157, a cuja leitura
remetemos o aluno.
Portanto, para que uma prova possa ser apreciada em desfavor do réu, ela
precisa ter respeitado todas as normas atinentes à sua produção. Uma
interceptação telefônica feita sem autorização judicial, por exemplo, não pode
ser usada na condenação. São igualmente ilícitas as provas derivadas das
ilícitas, conforme preceitua a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada.
Princípio do juiz natural
Este princípio está diretamente ligado à vedação aos tribunais de exceção .
Isso significa que o órgão que julgará o crime deve ter sido constituído em
momento anterior ao cometimento do fato, ou seja, não se pode criar um
tribunal especificamente para julgar um fato após o seu acontecimento.
Nesse sentido, o Art. 155 do CPP (BRASIL, 1941) determina que a formação da
convicção do juiz se dará a partir da prova produzida em contraditório judicial.
Inquérito Policial
15 + 15 30
Federal
Lei de Drogas 30 + 30 90 + 90
Economia Popular 10 10
Uma vez que o Ministério Público entenda que há justa causa, ele apresentará
denúncia, dando início à ação penal. No entanto, caso o órgão ministerial
entenda que não há elementos suficientes, ocorrerá o arquivamento do
inquérito. Aqui, faz-se necessária a distinção da sistemática do arquivamento
antes e após a Lei nº 13.964 (BRASIL, 2019).
Pela sistemática trazida pela Lei nº 13.964 (BRASIL, 2019), o Ministério Público
passou a ter a atribuição de determinar o arquivamento do inquérito policial,
devendo comunicar à vítima, ao investigado e à autoridade policial e
encaminhar os autos para a instância de revisão ministerial para fins de
homologação, conforme a nova redação do Art. 28 do CPP (BRASIL, 1941).
A ação penal é a forma por meio da qual a parte acusadora exerce o direito de
ação, ou seja, são os meios usados para provocar a jurisdição a se manifestar
quanto a uma ofensa a um bem jurídico tutelado penalmente. O que se busca
com a ação penal é a correta aplicação da lei penal. A pretensão será punitiva,
caso o Estado – personificado na figura do Ministério Público – entenda que a
culpabilidade do réu está comprovada.
Condições da ação
Tal qual ocorre no processo civil, no processo penal também devem ser
observados alguns requisitos para que a pretensão punitiva seja analisada pelo
Poder Judiciário. Sem o correto preenchimento, a denúncia ou queixa deverá
ser rejeitada, conforme determina o Art. 395, II, do CPP (BRASIL, 1941).
ã ú
Ação penal pública incondicionada
É a regra, tendo em vista o princípio da obrigatoriedade da ação penal , isto
é, a obrigação que o Estado tem de promover a persecução penal,
assegurando a aplicação da lei penal.
Mais uma observação importante sobre a ação penal privada: ela é indivisível
, isto é, caso o fato criminoso tenha sido praticado em concurso de agentes –
tendo, portanto, mais de um autor – a vítima não poderá propor a ação contra
apenas um ou alguns deles. Isso porque a ação penal não pode ser usada
como mecanismo de vingança privada. Neste mesmo sentido, a renúncia ou o
perdão oferecido a um dos agentes estende-se aos demais, conforme Arts. 48,
49 e 51 do CPP (BRASIL, 1941).
A natureza da
infração determina
Em razão da se o fato será
matéria. julgado pela Justiça
Decorre da Militar, Eleitoral,
CF/1988. Federal ou Estadual.
Interesse
público, Fixação de foros
indisponível e privativos,
Competência
inafastável determinada
absoluta
por vontade constitucionalmente,
das partes. para o processo e
Não se Em razão da julgamento de
submete à pessoa. infrações penais
preclusão. praticadas por
ocupantes de
determinados
cargos/funções
públicas.
Foro Dispositivo
Autoridades contempladas
privativo constitucional
Governadores de estados e do
Distrito Federal (apenas para crimes
comuns) Membros dos TRFs, TJs,
TRTs, TREs e TCs Membros do MPU
Competência (procurador regional da República,
Art. 105, I, “a”.
do STJ procurador regional do Trabalho,
procurador de Justiça) que atuam
perante tribunais Membros de
Tribunais de Contas Municipais =
exceção à regra da simetria
Dispositivo
Justiça Natureza do crime
constitucional
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Procedimentos
Processo é diferente de procedimento. Se o processo se constitui do conjunto
de atos concatenados praticados com uma finalidade, o procedimento é a
forma como tais atos serão praticados, é o que estabelece ritos diversos para
situações diversas.
Cada parte pode arrolar até oito testemunhas, conforme o Art. 401 (BRASIL,
1941). Em regra, primeiro são ouvidas as testemunhas de acusação e depois as
da defesa, mas é possível que essa ordem se inverta, de forma excepcional e
com a concordância das partes.
Procedimento Procedimento
comum ordinário comum sumário
Designação de AIJ,
havendo Prazo de 60 dias (Art. Prazo de 30 dias (Art.
possibilidade de 400, caput CPP). 531, CPP).
absolvição sumária
Não há previsão,
devendo-se
fundamentar no Art.
Requerimento de Previsão expressa no 156, H, do CPP a
diligências Art. 402 do CPP. imprescindibilidade
da diligência para a
apuração da verdade
real.
Substituição das
Não há previsão
alegações finais Previsão expressa no
expressa, conforme
orais por Art. 403, § 3º, do CPP.
Art. 534 do CPP.
memoriais
Dessa forma, na lógica dos juizados especiais criminais, é possível que não haja
a persecução penal, evitando-se a instauração da ação penal, por meio da
composição civil dos danos ou da transação penal.
Nulidades
Tal vício pode ser maior ou menor, podendo ser convalidado ou não. Então,
fala-se em nulidades absolutas e nulidades relativas. São absolutas as
nulidades impassíveis de convalidação: “O ato existe, porém nunca será válido
e eficaz” (AVENA, 2017, p. 715). Por outro lado, são consideradas relativas
aquelas que podem ser corrigidas: “O ato existe, não é válido nem eficaz.
Contudo, poderá ser válido e produzir efeitos caso venha a ser sanado ou
convalidado” (AVENA, 2017, p. 716).
saiba
mais
Saiba mais
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal
precisou analisar se a possibilidade de início
do cumprimento da pena privativa de
liberdade após o julgamento em segunda
instância teria amparo constitucional. Neste
sentido, analisando as Ações Declaratórias de
Constitucionalidade n. 43, 44 e 54, decidiu-se
que é necessário aguardar o esgotamento das
possibilidades de recurso.
ACESSAR
Hipóteses de Prazos de
cabimento interposição
Cabe contra
acórdãos não
unânimes
proferidos pelos
Tribunais de
Justiça ou
Art. 609, Tribunais Dez dias (Art.
Embargos
parágrafo Regionais Federais 609, parágrafo
infringentes
único. (dois a um). É único).
recurso privativo
da defesa e tem a
intenção de
transformar o
voto vencido em
voto vencedor.
Cabe contra
acórdãos,
sentenças e
decisões
interlocutórias. O
objetivo é aclarar
ambiguidade,
Embargos de Arts. 619 e Dois dias (Art.
obscuridade,
declaração 620. 619).
omissão ou
contradição.
Assim, não tem a
finalidade de
substituir a
decisão originária,
mas de integrá-la.
Está previsto na
LEP (Lei de
Art. 197 da
Execução Penal) e
Lei nº
Agravo em cabe contra
7.210 Cinco dias.
execução qualquer decisão
(BRASIL,
proferida pelo juiz
1984).
da Vara de
Execução Penal.
Cabe contra a
decisão que não
recebe ou nega
seguimento ao
RESE e ao agravo
em execução. Tem
caráter subsidiário
Carta Arts. 639 a ou residual. Não é 48 horas (Art.
testemunhável 646. dirigido ao órgão 640).
jurisdicional, mas
ao chefe da
secretaria, para
que proceda ao
encaminhamento
do recurso à
instância superior.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Caio foi denunciado pela suposta prática do crime de estupro de vulnerável. Ocorre
que, apesar da capitulação delitiva, a denúncia apresentava-se confusa na narrativa
dos fatos, inclusive não sendo indicada qual seria a idade da vítima. Logo após a
citação, Caio procurou seu advogado para esclarecimentos, destacando a dificuldade
na compreensão dos fatos imputados.
OAB – ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. XXXI Exame de Ordem Unificado . 1.
Fase. FGV Projetos, 2020.
As leis ordinárias, como o próprio nome demonstra, são usadas na maioria dos
casos, visto que sua aplicação é ampla. Já as leis complementares cuidam de
temas específicos, os quais dependem de quórum qualificado, exigido para a
aprovação da lei complementar, conforme determinação constitucional.
Tributo
Mas, afinal, o que é tributo? Um bom ponto de partida é observar como a
legislação o define. Segundo o Art. 3º do Código Tributário Nacional (BRASIL,
1966):
Ainda sobre o tributo como obrigação, vale remetê-lo à leitura do título do CTN
(BRASIL, 1966) que trata da obrigação tributária – Arts. 113 a 138. Lembre-se
de que são elementos constitutivos da obrigação tributária : a lei que
institui o tributo; o fato jurídico ou fato gerador; o sujeito ativo – ente estatal
com competência para cobrar; o sujeito passivo – contribuinte; e o objeto –
base de cálculo e alíquota.
Tributos em espécie
De acordo com o Art. 5º do CTN (BRASIL, 1966): “Os tributos são impostos,
taxas e contribuições de melhoria”. O Código personifica a denominada Teoria
Tripartite das espécies tributárias , na medida em que aponta apenas essas
três espécies.
Por outro lado, a Constituição (BRASIL, 1988), nos Arts. 148 e 149, dispõe sobre
a possibilidade de a União instituir empréstimos compulsórios e contribuições.
Sob esse aspecto, surgiu a Teoria Quíntupla ou Pentapartite das espécies
tributárias.
Os doutrinadores que defendem a primeira, apegam-se à literalidade da lei. No
entanto, os defensores da segunda apontam que a Constituição Federal, além
de ter hierarquia superior, também foi elaborada posteriormente ao Código
Tributário, portanto seu mandamento deve prevalecer.
De competência
exclusiva da União,
pode ser instituído
para atender às
despesas
extraordinárias,
decorrentes de
Empréstimos
Art. 148, CF. calamidade pública,
compulsórios
de guerra externa ou
sua iminência e,
ainda, para
investimento público
de caráter urgente e
de relevante
interesse nacional.
Princípios constitucionais
tributários
A importância dos princípios em nosso ordenamento jurídico é mais que
conhecida. Eles traduzem obrigações ou proibições e devem ser
obrigatoriamente respeitados. Em Direito Tributário, tutelam direitos do
contribuinte, que, apesar de não poder se imiscuir da obrigação tributária,
pode opor determinados limites à atuação do Estado. O estudo dos princípios
de Direito Tributário está, portanto, diretamente relacionado às limitações
constitucionais ao poder de tributar.
Imunidades tributárias
Imunidades são hipóteses de não incidência da obrigação tributária. Trata-se
de verdadeira benesse instituída pela Constituição (BRASIL, 1988), que previu
diversas hipóteses em que não será possível tributar. As imunidades
tributárias constituem uma das maiores limitações ao poder de tributar e
estão concentradas, em sua maioria, no Art. 150, VI, da Constituição (BRASIL,
1988), apesar de haver outras previsões esparsas pelo texto constitucional.
referências
Referências
Bibliográficas
AVENA, N. Processo Penal . 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 . Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm .
Acesso em: 03 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 11.106, de 28 de março de 2005. Altera os arts. 148, 215, 216,
226, 227, 231 e acrescenta o art. 231-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 – Código Penal e dá outras providências. Diário Oficial da
União : Brasília, DF, 29 mar. 2005a. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm .
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CAPEZ, F. Curso de Processo Penal . 25. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018.
LOPES JR, A. Direito Processual Penal . 17. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
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OLIVEIRA, E. P. Curso de Processo Penal . 21. ed. São Paulo: Atlas, 2017.