Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROCESSO PENAL
Já as fontes formais mediatas ou secundárias são aquelas que não geram diretamente efeitos
jurídicos, como os costumes, princípios gerais de direito, analogia etc.
SISTEMAS PROCESSUAIS
SISTEMA INQUISITIVO
A origem da nomenclatura desse sistema deriva da Santa Inquisição, ou Tribunal Eclesiástico,
que tinha como finalidade a investigação e punição dos “hereges”, tudo isso feito pelos membros
do clero.
No sistema inquisitivo existe concentração de poder nas mãos de uma pessoa. É o juiz quem
detém as prerrogativas de acusar e julgar o investigado, o qual é tratado como mero objeto. A ideia
central desse sistema é que quem produz, gerencia e aprecia a prova é o próprio julgador.
O juiz (também gestor da prova) busca a evidência para confirmar o que pensa (subjetivismo)
sobre o fato, tratando-se, na verdade, de uma ideia pré-concebida, fato em que as provas colhidas
são utilizadas apenas para comprovar seu pensamento. Ele irá fabricar as provas para que confirme
sua convicção sobre o crime e o réu. Para tanto, utiliza-se principalmente da confissão do réu,
obtida muitas vezes mediante tortura ou outro meio cruel, para obter as respostas que lhe convir.
Em outras palavras, o julgador é citado como representante de Deus na Terra, pois produz provas
para confirmar o fato, utilizando-se de todos os meios – lícitos ou não – para obter a condenação
do objeto da relação processual.
É também neste sistema que as provas são avaliadas e a elas são atribuídos certos níveis de
importância (prova tarifada). O testemunho de um clero ou nobre possuíam valores muito maiores,
por exemplo, que o de uma mulher. A confissão é absoluta e irretratável (daí a expressão rainha
das provas).
ATENÇÃO! A crítica feita a este sistema processual é a de que não seria possível uma única pessoa, detentora de
tantos poderes, poder conduzir imparcialmente e com objetividade o ato criminoso.
Pensando nisso, é possível sintetizar como características do sistema inquisitivo:
4
Sistema inquisito
Reunião das funções: o juiz julga e acusa.
Não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos.
O processo é sigiloso, isto é, é praticado longe “aos olhos do povo”.
Inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em contraditório, ampla
defesa, devido processo legal etc.
A confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas).
O réu é considerado culpado até que se prove o contrário.
SISTEMA ACUSATÓRIO
Diferente do sistema inquisitório, o sistema processual acusatório possui como princípio uni-
ficador o fato de o gestor da prova ser pessoa diversa do juiz. Há, portanto, nítida separação entre
as funções de acusar e julgar, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Destarte, o juiz é imparcial
e somente julga, não produz provas (em regra) e nem defende o réu.
Ainda no sistema acusatório, não existe aqui hierarquia entre as provas, as quais apresentam
valor relativo e devem ser confrontadas entre si. O acusado, além de pleno detentor de direitos, será
considerado inocente até que sobrevenha uma sentença transitada em julgado, diga-se, irrecorrível.
Para facilitar a compreensão desse sistema, eis suas principais características:
Sistema acusatório
As partes são as gestoras das provas.
Há separação das funções de acusar, julgar e defender.
O processo é público, salvo exceções determinadas por lei.
O réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação.
Consequentemente, ao acusado é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, e demais
princípios limitadores do poder punitivo.
Presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu).
As provas não são taxativas e não possuem valores pré-estabelecidos.
SISTEMA MISTO
Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas supra-
citados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. A primeira fase é a da
investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é presidido pelo
delegado (não se confundindo com o processo penal, o qual é presidido por autoridade judicial),
colhendo provas, indícios e demais informações para que possa, posteriormente, embasar sua
convicção ao responsável pela inicial acusatória. Obedece também às características do sistema
inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas.
A segunda fase é a judicial ou processual propriamente dita. Aqui existe a figura do acusador
(MP ou querelante) diverso do julgador (somente o juiz), em que são assegurados todos os direitos
INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL 5
do acusado e a independência entre acusação, defesa e juiz. Atualmente é adotado por vários países
europeus, sendo inaugurado pelo Código de Processo Penal Francês.