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Trabalho Individual do DPP Direito Processual Penal I

1. Estabeleça os conceitos básicos do DPP (Direito Processual Penal) na visão dos vários
autores;
2. Indica as fontes do DPP (Direito Processual Penal) e as ciências com que se relaciona;
3. Identifique os sistemas e princípios do processo penal;
4. O que entende por comunicação processual e;
5. Fale de forma sucinta da sentença penal.

1 Resposta:

O Direito Processual Penal é o ramo do Direito Público que organiza os procedimentos


através dos quais se aplica o direito penal e se pode debater a responsabilidade criminal de
alguém. Professor Frederico Costa Pinto

O Direito Processual Penal é um conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação


jurisdicional do direito penal objectivo, a sistematização dos órgãos de jurisdição e
respectivos auxiliares, bem como a persecução penal” - José Frederico Marques.

Para António Alberto Machado o processo penal designa especificamente o mecanismo


prático destinado à operacionalização das regras processuais, tendo por objectivo último a
composição da lide criminal nos casos concretos.

Conclusão subjectiva
Direito Processual Penal é o conjunto de regras que asseguram a realização do direito penal
substantivo, através da investigação e valoração do comportamento do acusado da prática de
um facto criminoso.

2 Resposta:

Fontes de Direito são instrumentos que contêm as normas ou matérias que interessam ao
D.P.P pelo interesse que reportam em relação ao crime e aos próprios criminosos. Na sua
hierarquia, as leis em Moçambique obedecem a seguinte sequência:

- Assembleia da República (Constituição da República), Decreto presidencial ou ministerial;


Regulamento (Conselho de Ministros), Diplomas, Posturas, Editais. No que tange
essencialmente ás fontes principais do Direito Processual Penal, urge referenciar:

- A Constituição da República, O Código do Processo Penal – constitui um sistema de


normas. A constituição da República e o C.P.P constituem fontes formais do Direito
Processual Penal. Para além das fontes que mencionamos anteriormente (principais), existem
outras leis que usuárias do D.P.P. A essas leis chamámo-las de Legislação Extravagante.
Fontes Legislativas Internacionais

- Declaração Universal dos Direitos do Homem de 10 de Dezembro de 1948

- Pacto Internacional Sobre os Direitos Civis e Políticos e respectivo protocolo facultativo.

- Convenção contra a Tortura e outras formas de tratamento ou punição Cruel desumano ou


degradante, de 26 de Junho de 1987.

- Carta africana dos Direitos do Homem e dos povos.

O Direito Processual Penal relaciona-se com:

- Medicina Legal

A Medicina Legal é uma especialidade médica e jurídica, a qual auxilia a resolução dos
factos jurídicos através do conhecimento técnico-científico. É por intermédio do perito que os
esclarecimentos são expostos aos demais profissionais.

- Psicologia criminal

A Psicologia Criminal contribui para a elaboração de perfis criminais, através da observação


de características dos delitos, assim como prováveis comportamentos dos criminosos vistos
na cena do crime por testemunhas ou segundo relatos das vítimas, e também na prevenção de
novos possíveis crimes.

- Antropologia

Ciência que tem por objecto o estudo do criminoso conforme suas características anatómicas
e psíquicas e as repercussões do ambiente social na actividade do delinquente, desta forma
auxilia o Direito Processual Penal.

- Sociologia

Sociologia na medida em que aquela demonstra que a personalidade criminosa é o somatório


de factores biológicos e sociológicos em seu mais amplo sentido, integrados numa unidade
psicossomática. A Sociologia Criminal é a ciência que cogita do fenómeno social da
criminalidade.

3 Resposta:

Os Sistemas e Princípios do processo penal são:

Os Sistemas do processo penal são: Inquisitório; Acusatório e Misto.

Sistema inquisitório
A origem da nomenclatura do sistema inquisitivo vem da inquisição (Santa Inquisição –
Tribunal Eclesiástico), que possuía como finalidade a investigação e punição dos hereges,
pelos membros do clero.

No sistema inquisitivo é o juiz quem detém a reunião das funções de acusar, julgar e defender
o investigado – que se restringe ao mero objecto do processo. A ideia fundante deste sistema
é: o julgador é o gestor das provas, i.e., o juiz é quem produz e conduz as provas.

Sistema Acusatório

Diversamente do sistema inquisitório, sua antítese é o sistema processual acusatório, que


possui como princípio unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa/instituição diversa do
julgador. Há, pois, nítida separação entre as funções de acusar, julgar e defender, o que não
ocorria no sistema inquisitivo. Destarte, o juiz é imparcial e somente julga, não produz provas
e nem defende o réu.

Os prováveis precursores desse sistema processual são: a) Magna Carta; b) Petition of Rights;
c) Bill of Rights; d) secularização; e) iluminismo.

Sistema Misto

Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas


supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. Tem origem
no Código Napoleônico (1808).

A primeira fase é a da investigação preliminar. Tem nítido carácter inquisitório em que o


procedimento é presidido pelo juiz, colhendo provas, indícios e demais informações para que
possa, posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. Obedece as características
do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas.

A segunda fase é a judicial, ou processual propriamente dita. Aqui, existe a figura do


acusador (MP, particular), diverso do julgador (somente o juiz). Trata-se de uma falsa
segunda fase, posto que, embora haja as demais características de um sistema acusatório, o
princípio unificador (ideia fundante) ainda reside no juiz como gestor da prova.

O sistema vigente em Moçambique é o Acusatório que integra o Princípio da


Investigação.

Os princípios relativos à promoção processual são: Princípio de oficialidade; Princípio de


legalidade; Princípio de Acusação e relativos à prossecução processual os seguintes:
Princípio da Investigação; Princípio da contraditoriedade e Audiência; Princípio da
suficiência (questões prejudiciais) e o Principio da concentração.

Princípios relativos à promoção processual

Princípio da oficialidade
Ao falarmos do princípio da oficialidade em Direito processual penal, partimos desde logo a
questionar a competência da iniciativa ou promoção processual, isto é, a quem cabe a
iniciativa de desencadear a investigação pela prática de um comportamento criminoso e, o
poder de submeter ou não ao tribunal para que tal comportamento seja julgado.

Princípio de legalidade

O princípio da legalidade tem a sua consagração no art. 52 do Código do Processo. Este


dispositivo legal confere ao M.P o dever de proceder à acusação de um crime ao tribunal
sempre que tiver conhecimento da sua prática, desde que estejam criadas as condições
processuais, isto é, desde que se tenham reunido todos os indícios.

Princípio da acusação

A imparcialidade e objectividade que, associadas à independência do Juiz, são condições


indispensáveis a uma autêntica decisão judicial, só estão asseguradas quando a entidade
julgadora não tenha funções de investigação preliminar e acusação por infracções, mas
apenas possa “…investigar e julgar dentro dos limites que são postos por uma acusação
fundamentada e deduzida por um órgão diferenciado”(em regra o M.P ou um juiz de
instrução). É desta maneira que se fundamenta o princípio da acusação. Tem de haver clara
separação entre o M.P. (Juiz de instrução, SERNIC) e os Tribunais.

Princípios relativos à prossecução processual

Princípio da Investigação

O princípio da investigação, para além de servir de orientador à prossecução ou


desenvolvimento de todo o processo penal, incide primeiramente na obtenção das bases da
decisão e, consequentemente na matéria das provas. Em função disto, é designado também
por princípio da verdade material.

O Princípio da Contraditoriedade e Audiência

O princípio anterior já indicava que competia ao Juiz penal organizar as bases necessárias
para tomara sua decisão. Contudo, essa decisão não é tomada isoladamente. É necessário
ouvir a parte acusadora e a defesa.

O Princípio da Suficiência – as questões prejudiciais


O princípio da suficiência vem consagrado no art. 13 do C.P.P 2019, e segundo o mesmo, o
Processo penal é o lugar adequado ao conhecimento de todas as questões cuja solução se
revele necessária à decisão a tomar.

O Princípio da Concentração
Este princípio exige uma prossecução tanto quanto possível unitária e continuada de todos os
termos e actos processuais, devendo no seu conjunto e em todas as fases do processo
desenvolver-se concentradamente, quer no espaço, quer no tempo.
4 Resposta:

A citação e notificação são um meio de comunicação dos actos processuais, sendo que, a
Citação é o acto pelo qual se dá conhecimento ao réu de que foi proposta contra ele
determinada acção e se chama ao processo para se defender. (nº1 do art 228 CPC).

Notificação serve para, em quaisquer outros casos, chamar alguém a juízo ou dar
conhecimento de um facto. (nº2 do art 228 CPC)

5 Resposta:

Sentença penal

Trata-se da decisão definitiva dentro de um processo penal. A sentença penal é um ato


jurisdicional que determina a condenação ou a absolvição de um réu, finalizando um processo
através da argumentação estruturada do juiz que acompanha o caso.

É importante, porém, frisar que sentença penal não é a mesma coisa que sentença cível.
Enquanto a primeira está directamente ligada à liberdade de um cidadão, ou seja, implica em
sua restrição de convívio em sociedade, a segunda está atrelada a outros tipos de
desdobramentos, como obrigatoriedade de pagamentos de multas ou valores em dinheiro ou,
ainda, cumprimento de trabalhos específicos.

Requisitos de uma sentença penal

Uma sentença deve ser composta por relatório, motivação e dispositivo. De acordo com o
artigo 413 do Código de Processo Penal 2019, são partes essenciais da sentença penal:

Identificação das partes;

Exposição sucinta da acusação e da defesa;

Indicação do crime ou crimes imputados ao arguido, segundo acusação ou pronuncia;

Indicação sumária das conclusões;

Dispositivo;

data e assinatura do juiz.

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