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Apontamentos sobre Processo

Penal
Direito Processual Penal
“É um conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação
jurisdicional do direito penal objetivo, a sistematização dos
órgãos de jurisdição e respectivos auxiliares, bem como a
persecução penal” (José Frederico Marques).
Conceito
“É uma sequência de fatos, atos e negócios jurídicos que a lei
impõe (normas imperativas) ou dispõe (regras técnicas e normas
puramente ordenatórias) para a averiguação do crime e da
autoria e para o julgamento de ilicitude e da culpabilidade”(Hélio
Tornaghi)
Acusatória: a a forma de processo onde as funções de acusar,
defender e julgar são atribuídas a órgãos diferentes.

Inquisitório: a forma de processo em que as funções de acusar e


julgar são atribuídas ao mesmo órgão.
Formas de processo
Mista: combinação da forma de processo acusatório com
inquisitório, com a participação efetiva do Estado.
Diz-se que no Brasil vigora a forma mista, com uma fase
inquisitiva (Inquérito) e outra fase acusatória (ação penal)
Princípios Constitucionais Princípio da Inocência: considera toda pessoa presumivelmente
inocente (não culpável) até que seja declarada culpada, por
sentença condenatória transitada em julgado (art. 5º, LVII).

Princípio do Devido Processo Legal: visa disciplinar a atividade


do Estado na apuração e punição de certos atos em face das
garantias constitucionais, pois, “ninguém será privado de sua
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (art. 5º,
LIV).

Contraditório e ampla defesa: “aos litigantes, em processo


judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes” (art. 5º, LV)
A possibilidade de contrariar argumentos e provas apresentados
pela outra parte, bem como intentar os recursos cabíveis.
As chamadas provas cautelares (perícias, oitiva de testemunhas
em estado grave de saúde etc.), tem o seu contraditório
diferido, ou seja, adiado. Elas somente poderão ser
contraditadas no decorrer da ação penal, já a demora em sua
produção acarretaria na perda da própria prova (adulteração
do local a ser periciado, morte da testemunha etc.)
Princípio do Juiz Natural ou Constitucional: “ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”
(art. 5º, LIII), o que afasta a possibilidade de existência de Juízo ou
Tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII).
O STF reconhece também a existência do princípio do
Promotor Natural
Princípios Legais Princípio Inquisitório ou Investigatório (art. 5º CPP): mantém
o inquérito policial na fase persecutória das investigações como
fundamento para a ação penal.

Princípio da Legalidade (arts. 5º e 24 CPP): obriga os órgãos


oficiais a tomar providências para a apuração do crime e seu autor
em defesa da sociedade. Não podem eles instaurar o inquérito ou o
processo segundo as conveniências momentâneas.

Princípio da Iniciativa das Partes (art.26 CPP): cabe às partes


postular a prestação jurisdicional. A inércia da função jurisdicional
é uma de suas características.

Princípio da Oficialidade (art. 6º CPP): a pretensão punitiva do


Estado deve ser exercida através dos órgãos oficiais.

Princípio da Publicidade (art. 792 CPP): a transparência da


justiça, fazendo com que todos os atos processuais, com algumas
exceções, sejam públicos, sendo franqueadas as audiências e
sessões, dado o interesse social.

Princípio do Livre Convencimento (art.157 CPP): dá ao órgão


julgador, o poder de apreciar a prova colhida, para a prolação da
sentença, de acordo com seu convencimento, observando-se que
toda decisão deve ser fundamentada e que no processo penal, não
há prova com valor absoluto, sendo todas de valor relativo. Para o
juiz togado, vigora o Princípio da Livre Convicção, para os
jurados ou juízes leigos, vigora o Princípio da Intima Convicção.

Princípio da Verdade Real (art.197 do CPP): exige a mais


ampla investigação dos fatos, para fundamentação da sentença, não
podendo o juiz se satisfazer com a verdade formal, pois todas as
provas são relativas, inclusive a confissão judicial ou policial, que
deve ser analisada em face de outros elementos probatórios de
convicção. A confissão do acusado não supre a falta de perícia nas
infrações que deixam vestígios.

Princípio do “Favor Rei” ou do “Favor Libertatis”: leva o


julgador, nos casos de interpretações antagônicas de uma norma
processual, deve escolher a interpretação mais favorável ao
acusado, ou em favor do mesmo.

Princípio da Imparcialidade do Juiz (arts. 252 CPP e 424 do


CPP): representa verdadeira garantia de um julgamento estreme de
dúvidas.

Lei Penal
O Código de Processo Penal é válido em todo território nacional, é
único no país. Os Estados-Membros não podem legislar sobre
processos, somente sobre procedimentos.
Lei processual no espaço Todo processo penal segue somente o CPP?
Resp.: Nem todo processo segue estritamente o CPP. Ex.:
Drogas, Crime Militar, Crime Eleitoral etc. Estes crimes têm
seus procedimentos próprios.
Lei processual sem reflexos penais é regida pelo Princípio da
Aplicação Imediata. Ex.: Lei que muda competência, o STJ diz que
a lei processual se aplica imediatamente.
Lei processual com reflexos de lei penal – aplicam-se dois
Lei penal no tempo princípios:
Princípio da Retroatividade – se a lei for mais benigna ao réu;
Princípio da Irretroatividade – se a lei for mais severa ao réu.
Ex.: Lei que cuida de fiança é uma lei processual, mas tem reflexos
penais, portanto, se ela beneficiar o réu, ela retroage.

Inquérito Policial
Peça investigatória destinada a colher elementos a respeito do fato
delituoso e sua autoria que sirvam de base à ação penal.
É o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária,
Conceito
visando a apuração de uma infração penal e sua autoria, para
possibilitar que o titular da ação penal ingresse em Juízo, pedindo a
aplicação da Lei Penal em concreto.
Peça investigatória, escrita, inquisitória e sigilosa, preparatória da
ação penal.
Não é essencial ao oferecimento da denúncia, sempre que o MP
Natureza jurídica possa, por outros meios (Procedimento Investigatório Criminal
do próprio MP, informações obtidas por órgãos de controle
como COAF, BC, CGU, RFB, etc.) obter os elementos de
autoria e materialidade necessários.
Sempre que houver prisão em flagrante ou por Portaria da
autoridade policial nas hipóteses de:
1. Mediante Simples Notitia Criminis (Boletim de Ocorrência, p.
ex.);
2. Requerimento da vítima ou ofendido (Delatio Criminis);
Instauração
3. Requisição do Ministro da Justiça (Trata-se de condição
suspensiva de procedibilidade por razões de ordem política nos
crimes praticados contra a honra do Presidente da República ou
Chefes de Governos estrangeiros, dentre outros);
4. Requisição do Ministério Público ou do Juiz.
Instrução Rol do art. 6º CPP
Características e observações É presidido pela autoridade policial (delegado de polícia)
É uma peça informativa, logo é ele uma peça administrativa.
Os vícios do IP não afetam a ação penal futura.
É dispensável (art. 27 CPP)
É uma peça escrita (art. 9º CPP)
É sigiloso (art. 20 do CPP)
importantes
É inquisitivo: não há contraditório e nem ampla defesa, pois é uma
peça administrativa.
Todos os atos devem ser regulados por lei.
Não possui valor probatório, salvo quando repetido em juízo.
Exceções: as provas cautelares já mencionadas acima
Indiciar é atribuir a autoria de uma infração penal a uma
determinada pessoa.
Indiciamento Consequência: de investigado passa a ser indiciado
Ato privativo do delegado de polícia
Indiciamento não vincula o MP
Regra geral (art. 10)
Prazos Indiciado solto: 30 dias
Indiciado preso: 10 dias
Art. 16 CPP: pode ser devolvido para a polícia, quando o
Devolução Ministério Público achar que falta uma diligência imprescindível
para a denúncia.
Não pode ser arquivado pela autoridade policial (art. 17 CPP)
Arquivamento pelo Promotor Natural, submetendo tal decisão à
Arquivamento instância revisora (art. 28)
Contra tal decisão cabe recurso da vítima no prazo de 30 dias
(art. 28, §1º)

Ação Penal
É um direito público subjetivo, abstrato e autônomo de pedir a
Conceito
aplicação do direito penal positivo ao caso concreto.
Ação Penal Pública: titularidade privativa do MP, promovida
através de denúncia. É a regra.
Pode ser:
1. Incondicionada: não depende de nenhuma condição para ser
exercida;
2. Condicionada: depende de:
a) Requisição do Ministro da Justiça
Espécies Não tem prazo, não cabe retratação, não vincula o MP (pode
não denunciar);
b) Representação do ofendido
Prazo de 6 meses, é retratável até o oferecimento da denúncia,
não exige forma específica, não é divisível (não pode
representar contra um só autor)
Ação Penal Privada: promovida por iniciativa do ofendido ou
de seu representante legal através que Queixa-crime (querela).
Princípios da ação penal Legalidade ou Obrigatoriedade: presentes os elementos que
incondicionada autorizam a propositura da Ação penal, o MP não poderá desistir,
transigir, ou fazer acordo, para encerramento da mesma
Indisponibilidade: desde que proposta a ação penal, o MP não
poderá desistir, transigir ou fazer acordo, para encerramento desta.
Oficialidade: significa que a ação penal pública é de iniciativa do
MP e se desenvolve por impulso oficial.
Oportunidade: cabe ao ofendido ou seu representante legal a
faculdade de exercer ou não o direito de ação.
Disponibilidade: mesmo que proposta a ação penal, o querelante
Princípios da ação penal
poderá desistir, renunciar ou conceder o perdão ao querelado.
privada
Indivisibilidade: a queixa-crime deverá ser proposta contra todos
os que participaram da infração penal, não podendo haver exclusão
de ninguém.

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