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PROCESSO PENAL

CRFB é garantista: opção de política criminal.

Fontes

• Materiais: criadoras, substanciais, de produção de normas. Quem produz o direito? U, E, DF, M?


• Formais: modo de expressão da norma, de cognição. Ex: lei, decretos, tratados.
• Fontes secundárias/mediatas/indiretas: princípios, jurisprudência e costumes. Para muitos, a
doutrina e jurisprudência são apenas formas de interpretação do Direito. Abrange as decisões
proferidas em controle concentrado de constitucionalidade.

Compete privativamente à União legislar sobre direito processual. LC pode autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas desta matéria.

Compete aos entes concorrentemente:

• Direito penitenciário
• Custas dos serviços forenses
• Criação, funcionamento e processo de juizado de pequenas causas
• Procedimentos em matéria processual

É vedada a edição de MP sobre direito penal e processual penal.

Sistema de classificação da persecução penal

Sistema inquisitivo: mesma pessoa ou agente do Estado acumula todas as funções essenciais do
processo (acusa, defende e julga).

Gestão da prova: apenas atrelada ao Estado.

Réu não é visto como sujeito da relação processual, é visto como objeto.

Sem contraditório efetivo, início oficioso.

Sistema acusatório: as funções da relação processual são bem delimitadas, cabendo a pessoas
distintas o julgar, acusar e defender.

A prova compete às partes.

Reconstrução dos fatos é realizada mediante contraditório.


Actum trium personarum: autor, juiz e réu.

Titularidade da ação é atribuída a outro agente do Estado, não sendo dado ao juiz iniciar o
processo.

O acusado é sujeito de direitos, não objeto.

Presunção de inocência, dialética (discussão da causa) e oralidade.

Sistema misto: surge a partir da Revolução Francesa, sendo um sistema acusatório formal, em que há
uma instrução inquisitiva e de um posterior juízo contraditório.

Qual é o sistema brasileiro? Há divergências, variam conforme o objeto ou a extensão daquilo que se
pretenda classificar.

Aury Lopes Jr: critica que não existem mais sistemas puros, todos seriam mistos – importa o
princípio informador de gestão da prova.

CPP: O processo penal terá estrutura acusatória.

Presunção de inocência: desdobra-se numa regra probatória (usada na apreciação da prova, in dubio pro reo) e
em uma regra de tratamento (deve ser tido e tratado como se inocente fosse até o trânsito em julgado).

OBS: O in dubio pro reo não se aplica na revisão criminal, aplica-se até o trânsito em julgado.
Ônus da prova é da acusação; a necessidade de comprovar a existência dos fatos imputados, não de
demonstrar a inconsistência das desculpas do acusado.

Impossibilidade de obrigar o acusado a colaborar na apuração dos fatos.

Comprovação deve ser feito observado o devido processo legal.

Regra de tratamento:

Princípio da ampla defesa:

1. Direito à informação
2. Bilateralidade da audiência
3. Direito à prova

Aspecto substancial (princípio favor rei): admite que o acusado seja formalmente tratado de maneira
desigual em relação à acusação. Ex: recursos privativos da defesa, proibição da reformatio in pejus, in
dubio pro reo.

A ampla defesa é composta pela defesa técnica e autodefesa (presença, audiência e capacidade
postulatória autônoma - ex. Interposição de recurso)

Princípio da busca da verdade: não tem previsão normativa expressa.

Verdade formal: interessa as provas produzidas dentro do processo. Está sofrendo críticas.

Verdade material: o Estado tem responsabilidade, ideia de que o processo não pode se contentar
apenas com a verdade processualizada.

Princípio contra a autoincriminação (nemo tenetur se detegere): não está explícito na CRFB/88, estando
implícito no texto e no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e CADH.

É uma prerrogativa de toda pessoa que possa objetivamente se incriminar, sem necessidade de ser
sujeito passivo formal da persecução penal. Não sendo restrito apenas ao réu.

É um direito público subjetivo perante o Poder Público, do qual se pode abrir mão/renunciar.
Súmula 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda
que em situação de alegada autodefesa.

IPC: O silêncio atende ao mérito, diz respeito aos fatos imputados, não a qualificação.

Proporcionalidade: sem previsão expressa. Duplo espectro: negativo (proibição de excesso) e positivo (proibição
de infraproteção).

a) Necessidade: Poder Público atua apenas quando for necessário.


b) Adequação
c) Proporcionalidade em sentido estrito

LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO

Princípio da territorialidade (lex fori): em todo o território brasileiro.

Exceções trazidas pela doutrina em que a lei processual brasileira se aplicaria fora do território:

a) Aplicação da lei em território nullus.


b) Existência de autorização do Estado onde o ato processual será praticado
c) Nos territórios ocupados, em caso de guerra.

IPC: As hipóteses de extraterritorialidade constituem matéria de Penal.

LEI PROCESSUAL NO TEMPO

Aplicação da lei penal: tempus regit actum. Lei vigente ao tempo da realização do ato processual. De aplicação
imediata.

INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL

A lei processual penal admite interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos
princípios gerais de direito.

Ex: interpretação extensiva: cabe RESE para rejeição de aditamento (lei apenas menciona o caso de não
receber a denúncia ou a queixa).
PERSECUÇÃO PENAL

Conceito: Fase intermediária entre a investigação e a aplicação da pena. Começa com o ato criminoso e vai até
a decisão definitiva (trânsito em julgado da sentença) – envolve, portanto, toda a fase de investigação e todo o
processo, inclusive nas suas fases recursais.

Investigação: apuração de infração penais.

Instrução criminal: produção de provas com contraditório e ampla defesa. Nulla poena sine judiciio.

Elementos informativos: pertence ao ato de investigação (ato criminoso).

Provas: a partir da instrução, colheita de provas em contraditório.

Pretensão executória: após o trânsito em julgado da sentença.

IPC: Inquérito é exclusivo da polícia judiciária (PC/PF).

Polícia judiciária também tem a função de auxiliar à justiça (Art. 13, CPP):

a) Fornecer às autoridades judiciárias informações necessárias à instrução e julgamento dos


processos
b) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias
c) Representar acerca da prisão preventiva

Há uma parte da doutrina (minoritária) que prevê a distinção entre polícia judiciária e polícia investigativa pelo
disposto no texto constitucional (art. 144, parágrafo primeiro, I, IV), que contrapõe as competências de funções
de polícia judiciária e da apuração de infrações penais. STF ainda não previu esta distinção nos julgados
(02/2023), enquanto o STJ tem se posicionado neste sentido.

Em suma, a polícia judiciária

Inquérito policial

Conceito: processo preliminar ou preparatório da ação penal, a fim de evitar errôneos juízos (CPP).

Nucci: é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia
judiciária e voltado a colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua
autoria.

IPC: O nosso CPP não define de forma clara o IP, nem o seu objeto, que é a investigação criminal, porém
o CPP português o faz e é bem claro nesse sentido, sendo perfeitamente aplicável ao direito brasileiro.

Funções:

a) Evitar acusações infundadas contra inocentes


b) Colher elementos de informação/provas
Art. 395: a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar justa causa (faltar suporte probatório
mínimo) para o exercício da ação penal.

Natureza:

• Procedimento de índole administrativa


• Natureza instrumental
• De caráter informativo e não contraditório
• Preparatório (serve de base) da ação penal, com procedimento flexível, conduzido por delegado de
polícia.
• Opinio delicti: pode alterar a classificação jurídica do fato.

A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias,
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime
e, quando necessário, o rol das testemunhas.

‘‘O que a polícia averigua é apenas a quem é fisicamente imputável o fato, quem lhe deu causa (...)
Não compete à autoridade policial perquirir a culpabilidade, o que envolve juízo de valor (Tornaghi)’’.

Valor probatório do IP: o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, salvo as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Avaliação das provas não é analisada de forma isolada, há um sopesamento do conjunto probatório.

Atribuição: da polícia judiciária, delegado. É tratado como atribuição por não se tratar de processo
(competência).

PF: responsável pela investigação de crimes de competência da Justiça Federal.


Características:

• Inquisitivo

Apesar do advogado poder apresentar razões e quesitos ficará a juízo da autoridade do IP o


acolhimento para realização da diligência.

IPC: Lei 13.445. Inquérito para expulsão de estrangeiro permite o contraditório. Apenas
ressalta-se que não se trata de investigação para crime, mas é desvirtuado esta característica
inquisitorial. Há previsão, inclusive, de nomeação de Defensor Público da União ou mesmo
defensor dativo na hipótese de ausência injustificada do expulsando ao seu interrogatório (art.
199 do Decreto).

(Pacote anticrime) Assistência jurídica compulsória/necessária à servidores vinculados às


instituições dispostas no art. 144, CRFB, cujo objeto for a investigação relacionados a fatos de
uso da força letal praticados no exercício profissional poderá constituir defensor.

Deverá ser citado da instauração do IP, podendo constituir defensor no prazo de até
48h, a contar do recebimento da citação. (Crítica a citação como impropriedade
técnica, pois apenas há citação em processo judicial. Devendo ser, portanto,
notificado). Havendo inércia na nomeação, intima-se a instituição a que estava
vinculado o investigado à época dos fatos para indicar defensor para a representação,
no prazo de 48h. Se não houver nomeação, competirá à DP.

Se não houver pessoal, habilita-se algum que não pertença aos quadros da
Administração.

A partir de que momento? Em que se delimita a suspeita com a identificação do


sujeito passivo. Não precisa ser indiciado.

Aplica-se aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142, CF,
desde que o objeto seja referente a missões para a garantia da lei e da ordem.
• Sigiloso
• Oficialidade: deve ser presidido por órgão oficial, com função de polícia judiciária.
• Oficioso: impulso oficial.
• Escrito
• Indisponível: Uma vez instaurado o inquérito policial, a autoridade policial deve levá-lo a cabo, não
podendo dele dispor. Não podendo mandar arquivar os autos do IP (é um ato complexo, envolve mais
de uma autoridade: MP e juiz).

RENATO BRASILEIRO DE LIMA, “uma vez instaurado o inquérito policial, mesmo que a
autoridade policial conclua pela atipicidade da conduta investigada, não poderá determinar o
arquivamento do inquérito policial” (Lima, 2017).

STJ: possui entendimento no sentido de que eventual análise a respeito da insignificância do


fato (causa de exclusão da tipicidade material) seria restrita ao Poder Judiciário, em juízo
posterior, não podendo ser realizada diretamente pela autoridade polícia.

Parte da doutrina admite o reconhecimento da insignificância pela autoridade policial: Eara


Cleber Masson, o entendimento não se sustenta pelo fato de que um fato atípico para a
autoridade judiciária também o seria para a autoridade policial, não havendo razão para se
admitir essa vulneração dos princípios que informam o Direito Penal.

• Dispensável
• Discricionário: margem para escolha na condução dos trabalhos investigativos.

IPC: Para examinar não há necessidade de procuração do advogado, mas para requerer é necessário.

Notícia-crime (notitia criminis)


• Direta: quando a própria autoridade policial, no exercício do seu ofício, por suas atividades rotineiras,
toma conhecimento, por qualquer meio, da infração penal.
• Indireta: há provocação, se dá por um ato jurídico com que alguém dá conhecimento de suposto crime
a uma autoridade ou a um dos órgãos de persecução penal.
• Cognição coercitiva: quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso com a
apresentação do agente preso em flagrante e deverá lavrar o auto que dará início ao inquérito policial.

Instauração do IP ocorre por:

a) Provocação do ofendido
b) Delação de terceiro
c) Requisição de autoridade
d) Lavratura de flagrante

É atrelada a natureza da Ação Penal. Em regra, a ação penal é pública. Se assim o for, será iniciado de
ofício, por meio de uma portaria.

Nos crimes de APPública o IP será iniciado mediante:

a) Requisição da autoridade judiciária ou do MP; ou

A autoridade policial é obrigada a instaurar IP no caso de haver requisição? Sim, é


obrigada. Há imperatividade. É possível em casos manifestamente ilegais.

Juiz pode requisitar IP? Viola o sistema acusatório. Caminha nesse sentido a
introdução do art. 3º-A ao CPP, pela Lei 13.964/2019 (atualmente com a eficácia
suspensa por liminar do STF). Entretanto, há previsão no art. 5º, II, CPP. ‘‘A nosso
aviso, contudo, semelhante dispositivo somente tem pertinência com a ordem
jurídica anterior à Constituição Federal, na qual se permitia aos magistrados até a
iniciativa da ação penal (conforme o revogado art. 531, CPP) nos casos de homicídio
e de lesões corporais culposos.’’ (Pacelli e Fischer)

b) Requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo (CADI).


O requerimento sempre que possível conterá:

• Narração dos fatos, com todas as circunstâncias;


• Individualização do indiciado
• Nomeação das testemunhas (indica profissão e residência).

A autoridade policial é obrigada a instaurar IP no caso de haver requerimento da


vítima? Não, o delegado deve analisar o requerimento, dentro dos limites legais, qual
seja, a tipicidade.

Qual a extensão da valoração do delegado? Do despacho que indeferir o


requerimento de abertura de IP caberá recurso para o chefe de Polícia.

Instauração de IP por delação de terceiro: por escrito ou verbal.

Em regra: é faculdade do cidadão.

Exceção: em exercício da função pública. Tornando-se um dever a comunicação a autoridade policial.

Instauração de IP por auto de prisão em flagrante: ouvirá o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
entregando a cópia do termo e recibo de entrega do preso.

É possível dispensar o IP, ficando só com o auto de flagrante? É controversa. Em analogia ao CPPM
seria possível. Art. 27. Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, dispensando
outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime de vestígios.

IPC: O IP, nos crimes em que a AP depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.

É uma condição de procedibilidade para início do IP.

Requerimento/instauração do IP não interfere no prazo decadencial:

Diligências investigatórias: logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá realizar uma série de diligências, conforme o art. 6º, CPP. É um rol exemplificativo.

-Art. 13, CPP.

- Nestes crimes, o membro do MP ou delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do


poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais (qualificação,
endereço, filiação) da vítima ou de suspeitos:
Prevenção de crimes relacionados ao tráfico de pessoas: MP ou delegado podem requisitar, mediante
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados – sinais, informações que permitam a localização da
vítima ou dos suspeitos do delito em curso.

Se não houver manifestação do juiz em 12 horas: dispensa a autorização judicial. Há uma


crítica doutrinária, que defende a violação da vida privada etc.

Identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos autos da
comunicação da prisão em flagrante, ou do IP, ou outra forma de investigação.

Vícios no IP

Estão sujeitos a vícios e ilegalidades.

Em regra, os vícios não se estendem à AP. Todavia, alguns vícios podem atingir o processo, gerando nulidade
parcial ou total, dependerá da natureza do vício e do ato que foi considerado ilegal. Geralmente atrelado a
materialidade do crime e a constituição de provas fundamentais.

Incomunicabilidade do preso: segundo os dispositivos constitucionais, há a defesa de inconstitucionalidade do


art. 21, CPP, por parte da doutrina.
Art. 21. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho
fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público.

Indiciamento: é a imputação formal a alguém, diante de um IP, da autoria de uma infração penal, sendo ato
privativo do delegado de polícia.

Por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,
materialidade e suas circunstâncias.

Só pode ocorrer em fase investigatória.

Ato passível de HC (desindiciamento). Em caso de violação, haverá o encerramento extraordinário e


anômalo do IP (trancamento do IP)

Art. 16, CPP: O MP não poderá requerer a devolução do IP à autoridade policial, senão para novas
diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

STF: É indispensável a existência de prévia autorização judicial para a instauração de IP ou outro


procedimento investigatório em face de autoridade com foro por prerrogativa de função.

Conclusão

Prazo:

• Se o indiciado tiver preso: 10 dias, contados da ordem de prisão.


• Estiver solto: 30 dias.
o É possível ser ampliado pela autoridade judicial, mediante requerimento, quando o fato for
de difícil elucidação. Na prática, é usual esta ampliação pelo MP.

IPC: Prazo do réu preso não admite prorrogação. O artigo do juiz de garantias quanto a esta dilação de
prazo está suspenso.
Relatório final: será minucioso. Caso esteja ausente tratar-se-á de mera irregularidade.

Pode indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas.

Pode o delegado externar sua opinião acerca de eventuais excludentes que acredita estarem presentes
no caso? Não, pois não deve emitir juízo de valor. O relatório deve ser descritivo.

Art. 19. Nos crimes em que não couber APPública, os autos do IP serão remetidos ao juízo competente,
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao
requerente, se o pedir, mediante traslado.

Prazo de permanência: decadencial de 06 meses, da ciência da autoria.

Conclusões do IP não vinculam o MP que poderá:

a) Oferecer a denúncia
b) Baixa para novas diligências, se forem imprescindíveis
c) Solicitar o arquivamento

Arquivamento

Pacote anticrime: suspenso pela ADI 6305.

Competência para arquivar: será feito pelo MP.


Homologação do arquivamento: feito pela instância de revisão ministerial do MP.

Ordenado o arquivamento se comunicará à vítima, o investigado e à autoridade policial.

Se a vítima/representante legal não concordar com o arquivamento: poderá, no prazo de 30 dias do


recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão.

Se se tratar de crimes praticados contra a U/E/M: o pedido de revisão cabe ao representante


judicial do órgão.

Vigência atual (CPP):

Ocorre com quaisquer peças de informação.

Qual a natureza jurídica desse ato? O art. 67 usa o termo despacho, mas há divergência doutrinária (se
ato administrativo, decisão/sentença).

Motivos para o arquivamento

IPC: O arquivamento do IP não faz coisa julgada material. Caso haja novas pesquisas, se de outras provas tiver
notícia é possível uma nova análise.

IPC: Não cabe arquivamento de ofício pelo magistrado. É causa, inclusive, de correição parcial.

Dissidência de entendimento (juiz e MP)


Na União quem aprecia, como instância revisora, é a Câmara de Coordenação e Revisão (ao invés do
Procurador-Geral).

Juiz atua no papel de fiscal da obrigatoriedade da APPública. Não pode, desta forma, o juiz oferecer a
denúncia, nem determinar novas diligências.

Não se admite o arquivamento implícito: em que o MP não se manifesta sobre todos os agentes ou crimes.

Arquivamento indireto: o STF tem precedente no sentido de que, em caso de divergência com o juiz, a questão
se resolve pelo art. 28.

Decisão de arquivamento do juiz, regra geral, não é recorrível.

Cabe correição parcial.

Outras formas de investigação

• CPI: apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões encaminhadas ao MP,
para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

IPC: MPU exercerá o controle externo da atividade policial.

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ANPP)

Introduzido pelo Pacote Anticrime, mas já previsto na Resolução 181/17 (CNMP).

-Opção de política criminal. Perspectiva funcionalista do Direito Penal. Mitigação do princípio da


obrigatoriedade da APPública.

-A tendência da jurisprudência/doutrina majoritária é de que a ANPP é poder-dever do MP: ajuste


obrigacional, sendo, Aury Lopes Jr, doutrina minoritária ao interpretar como direito subjetivo.

-Súmula 696, STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo,
mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
-O seu cumprimento declara a extinção da punibilidade.

Requisitos para a proposição do ANPP: São cumulativos

a) Justa causa: não ser caso de arquivamento


b) Confissão formal e circunstanciada do investigado: por escrito e firmado pelo membro do MPF, pelo
investigado e por seu defensor, devendo ser preferencialmente registrada em meio audiovisual.
c) IP sem violência ou grave ameaça (em relação a pessoa)
d) Com pena mínima inferior a 4 anos (de até 3 anos, 11 meses e 30 dias – computam-se as causas de
aumento e diminuição)
e) Elementos concretos: necessário e suficiente a reprovação e prevenção do crime (requisito aberto, mais
subjetivo)

Demais condições (art. 28-A)

I - Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;

II - Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo MP como instrumentos, produto ou


proveito do crime

III - Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução.

IV – Pagar prestação pecuniária a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da
execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes
aos aparentemente lesados pelo delito;

V - Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo MP, desde que proporcional e
compatível com a infração penal imputada.

IPC: A confissão do ANPP pode ser usada no processo? A lei não proíbe o seu uso, mas há divergência.
Se o juiz pode utilizar meios informativos, poderá usar mais.

Cespe: não pode ser usada como meio de prova apto a condenar o corréu, com base na Info
743, STF: ‘‘A delação de corréu e depoimento de informante não poderiam servir como
elementos decisivos para a condenação, porque não seria exigido o compromisso legal de falar
a verdade.’’

IPC: A celebração e o cumprimento não constarão de certidão de antecedentes criminais.

Causas impeditivas: quando não é possível o uso do ANPP

I. Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais


II. Se o investigado for reincidente
III. Se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional,
exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas.
a. Cabe ANPP para processados ou investigados? Sim, se não há condenação transitada em
julgado, permanece a primariedade.

IV. Ter sido o agente beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento da infração em ANPP, Transação
Penal e SCP.
V. Crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticado contra a mulher por
razões da condição de sexo feminino.

Cabe ANPP quando cabível suspensão condicional do processo? Não existe impedimento legal. Se for
observar a preferência do legislador é preferível o ANPP. Observe que o descumprimento do ANPP
pode ser utilizado como justificativa para não oferecer a SCP.

a) Transação penal
b) ANPP
c) Suspensão Condicional do Processo (SCP)

Controle jurisdicional: se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições do ANPP,


devolverá os autos aos MP para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado
e defensor.

Juiz pode recusar homologar à proposta que não atender os requisitos legais (legalidade) ou não
estiverem observadas as condições acima. Desta decisão, cabe RESE (Recurso em sentido estrito).

Investigado preenche os requisitos de lei e o MP não propõe o ANPP? Poderá requerer a remessa dos
autos a órgão superior do MP.

Juiz pode fazer alguma coisa? A lei é omissa, entretanto:

Em suma:

Adimplemento: homologado o acordo, o juiz devolve os autos ao MP para que este inicie a execução perante o
juízo de execução penal.

Vítima: será intimada da homologação do acordo e de seu descumprimento.


Cumprido integralmente o acordo: juízo decreta a extinção de punibilidade.

Descumprimento das condições do ANPP: MP comunica o juízo, para fins de rescisão e posterior
oferecimento da denúncia.

Qual juízo é competente para extinção da punibilidade ou rescisão do ANPP? A lei é omissa. Doutrina
diverge. Rogério Sanches acredita que é do juízo da execução.

Cabe detração? Divergência, mas devido à natureza jurídica diferente seria incabível.
OBS: Segundo a lei (art. 156, CPP), o juiz pode solicitar, de ofício, produção antecipada de provas, no
âmbito das investigações, diferente de entendimento jurisprudencial (STF) declarando que tal medida
afronta a estrutura acusatória/imparcialidade. Observar na prova a instrução da questão.

Denúncia anônima poderá embasar busca e apreensão ou interceptação telefônica? Não, tem como requisito
fundadas razões para autorização (art. 240, parágrafo primeiro).

AÇÃO PENAL

Aplicam-se as teorias da ação no processo civil

• Imanentista
• Direito autônomo e concreto
• Direito autônomo e abstrato
• Eclética

Conceito no processo penal: A ação é o direito subjetivo público que tem qualquer pessoa de exigir do Estado a
prestação jurisdicional (Tornaghi).

Princípio da correlação (descrição a seguir do Renato Brasileiro)

a) Emendatio Libelli (art. 383, CPP): o fato desenhado na peça acusatória é o mesmo provado no curso
do feito, mas o juiz dá capitulação diversa. Como o réu se defende dos fatos e não da tipificação, o juiz
pode sentenciar sem necessidade de aditamento, ainda que tenha que aplicar a pena mais grave.

b) Mutatio Libelli (art. 384, CPP): o fato observado após a instrução se mostrou diferente do apontado
pela exordial acusatória. O MP deverá aditar a denúncia no prazo de 05 dias, abrindo prazo para a
defesa, podendo cada parte arrolar até 03 testemunhas.

Condições da ação penal: adoção da teoria da asserção, verificação das condições da ação com base nas
afirmações do autor (cognição superficial).
Podem ser:

a) Genéricas: para toda e qualquer ação


b) Específicas/de procedibilidade: pontuais, considerando a natureza do crime e acusado

Elementos:

• Possibilidade jurídica do pedido: previsão legal ou na ausência de proibição.


• Interesse de agir: autor depender da tutela jurisdicional para a providência que pretende.
Necessidade/adequação.
• Legitimidade para agir (ad causam)
o MP: APPública, privativamente.
o Sujeito passivo (réu):
 Maiores de 18 anos.
 PJ (difamação, injúria e crimes ambientais): não se admite que figurem como vítimas
do crime de calúnia. STJ entende que a vítima direta do crime de calúnia contra PJ
seria o seu sócio ou representante legal.
• Honra objetiva: calúnia e difamação
• Subjetiva: injúria.

OBS: Se o MP oferecer denúncia em crime de APPri será a peça acusatória rejeitada (art. 395,
II, CPP) por carecer de legitimidade.

Legitimidade ad processum: para compor o processo como parte.

Elementos próprios da ação penal: as condições foram previstas no artigo revogado do CPP, art. 43, quais
sejam>

• Prática de fato aparentemente criminoso


o Análise aparente do conceito analítico de crime: tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
o Verificando a excludente, de forma manifesta, o juiz deve rejeitar a denúncia ou absolver
sumariamente o réu?
a) Se a causa de exclusão da ilicitude ou culpabilidade estiver demonstrada no momento
em que é oferecida a denúncia: poderá o juiz rejeitá-la, com base no art. 395, II.
b) Se o convencimento do juiz somente for atingido após a resposta do acusado: a
decisão será de absolvição sumária (art. 397, CPP)

• Punibilidade concreta
o Caso esteja extinta a punibilidade, é causa de absolvição sumária (art. 397, CPP)

IPC: O juiz rejeita a AP ou absolve sumariamente? Depende do momento. Se for demonstrado


no início da AP, poderá ocorrer a rejeição, com base no art. 395, CPP.
• Justa causa: há controvérsias doutrinárias se seria uma condição da AP. Suporte probatório mínimo.
Proteção ao cidadão

Condições específicas da ação penal: aplicáveis a determinados casos, apenas. Também chamadas de condições
de procedibilidade. Exemplos:

• Representação da vítima nos crimes em que é exigida


• Requisição do MJ nos crimes em que é exigida
• Provas novas em relação à retomada de IP já arquivados
• Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial

• Autorização da CD para instaurar processo contra PR/Vice-PR e Ministros de Estados


• Trânsito em julgado da sentença anulatória de casamento para o crime de induzimento a erro essencial
e ocultação do impedimento.

Condição de prosseguibilidade? Condição superveniente da ação. Exigida em momento posterior, para


prosseguimento. Ou seja, o processo já está em curso, mas o seu prosseguimento dependerá da
implementação de determinada condição. Ex:

Classificação: no Processo Penal costuma-se classificar a AP a partir da legitimidade ativa, tomando em conta a
natureza do crime.
Princípios

• Obrigatoriedade (APPública)
• Oportunidade (APPr)
• Indisponibilidade (APPública): o MP não poderá desistir da AP, após interposto. Observe que o recurso
por decorrer do exercício da ação penal, também é aplicado este princípio.
• Disponibilidade (APPr). Ex: perdão, perempção, reconciliação.
• Divisibilidade (APPública): controverso na doutrina. Jurisprudência pacífica. Observe havendo justa
causa para ambos, a ação penal é indivisível.
• Indivisibilidade (APPr)

O recebimento, pelo juiz, da denúncia deve ser pautado pelo princípio in dubio pro societate, bastando
para isso a presença da prova da materialidade delitiva e dos indícios suficientes de autoria.

APPública: Obrigatoriedade, divisibilidade, indisponibilidade e oficial (ODIO).

Na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não está obrigado
a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se podendo falar em
arquivamento implícito em relação a quem não foi denunciado. Isso porque o Parquet é livre
para formar sua convicção, incluindo na denúncia as pessoas que ele entenda terem praticado
o crime, mediante a constatação de indícios de autoria e materialidade. STJ. 6ª Turma. RHC
34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 6/5/2014.

APPrivada: Disponibilidade, oportunidade e indivisibilidade (DOI)

Qual o papel do MP? Doutrina é divergente, tendo os seguimentos posicionamentos:

1. Aditar queixa e incluir outros autores


2. Impossibilidade de aditamento pelo MP, com renúncia tácita. STJ adere a este entendimento:
na APPr, a queixa poderá ser aditada pelo MP, mas não poderá ser incluir outra pessoa
(coautor ou partícipe)
3. Poderia suscitar a omissão, para querelante suprir a omissão. Acolhida também pelo STJ,
conforme entendimento acima exposto.

• Intranscendência da pena
• Oficialidade (APPública)
• Autoritariedade: autoridades públicas envolvidas na AP.
• Oficiosidade (APPública Incondicionada)

AP Pública Incondicionada

-Quem pode intentá-la é somente o Estado, por meio do MP.

-Em regra: não está sujeito a requisitos ou condicionantes. Salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.

-Existe procedimento judicialiforme? Deixou de ser adotado com a CRFB/88, por não ter sido
recepcionado por atentar com o sistema acusatório, sendo a promoção da AP privativa do MP.
Portanto, o art. 26 não foi recepcionado (A AP, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão
em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial).

-Exemplos:

• Todos os crimes contra a dignidade sexual são de APPública incondicionada.


• STF, Súmula 608: crime de estupro, praticado mediante violência real, a AP será
incondicionada. O crime de estupro não admite retratação, nem perdão pela vítima.
AP Pública Condicionada

-Será promovida por denúncia do MP, mas dependerá, quando a lei exigir, de requisição do MJ, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

-Princípios da oportunidade e conveniência.

-Prevista por razões de política criminal.

-Direito de representação: pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante


declaração escrita ou oral, apresentada ao juiz, MP ou à autoridade policial. A procuração pode ser
corrigida dentro do prazo decadencial de 06 meses, contados da ciência em relação a autoria.

Conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e autoria.

Representação

Titularidade (legitimidade exclusiva):

• Ofendido maior e capaz.


• Ofendido menor ou incapaz mediante representante legal
• PJ: representadas por quem os contratos/estatutos designarem. Na ausência de previsão,
diretores ou sócios-gerentes.
• Em caso de morte da vítima: CADI
o Companheiro? STJ afirma que sim, goza do mesmo status de cônjuge para o processo
penal.
o CADI só não é possível na apresentação da APPrivada Personalíssima.
o No caso de morte do acusado, o juiz comente à vista da certidão de óbito e depois de
ouvido o MP declarará extinta a punibilidade.

Prazo: material, fatal e improrrogável. Decairá se não o exercer dentro do prazo de 06 meses.

Contagem: dia do começo é incluído, excluindo o dia do final.

Retratação: será irretratável depois de oferecida a denúncia.

Cabe retratação nos crimes de violência doméstica? Sim. O prazo para se retratar é maior,
poderá ocorrer até antes do recebimento da renúncia (enquanto a AP é oferecimento).
Impropriedade técnica do art. 16, da Lei 11.340/06 ao dispor acerca de renúncia, quando, na
verdade, trata-se de retratação, tendo em vista o momento proposto.

APPrivada: perdão até antes do trânsito em julgado.

IPC: A representação se dá em relação ao fato/crime e não em relação aos seus autores.

Admite-se retratação da retratação? Sim, desde que seja realizada dentro do prazo
decadencial de 06 meses.

Retratação é cabível em APPública condicionada à representação. Enquanto a renúncia é


cabível somente em APPriv (queixa-crime). Nos termos do CP, não se admite a renúncia do
direito de representação. Na Lei 9.099 é admitido.

Representação por requisição

Exemplos: crimes contra a honra cometido contra o PR ou chefe de governo estrangeiro.


-Dirigida ao chefe do MP.

-Não existe prazo decadencial.

-Possível a retratação da requisição?

• Sim? Por ser um ato administrativo (conveniência e oportunidade)


• Não? A análise deve ser criteriosa e o art. 25 não prevê esta possibilidade.

AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA

Queixa: peça inaugural da ação, que exige capacidade postulatória.

Legitimado exclusivo: a vítima.

Em caso de morte: CADI.

Menor de 18 anos, mentalmente enfermo sem representante legal ou colidirem os interesses: nomeia-
se curador especial, de ofício ou a requerimento do MP, pelo juiz competente.

Se a parte comprovar a sua pobreza: o juiz nomeará advogado para promover a AP.

Personalíssima: titularidade recai apenas na pessoa do ofendido. Único exemplo:

AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

Admitida quando: a AP Pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao MP aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor
recurso e no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

Prazo:

• Réu preso> 5 dias, contado da data em que o órgão do MP receber os autos do IP.
• Réu solto> 15 dias.

Cabe decadência? Sim, no prazo de 06 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime ou,
no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

Decadência imprópria: não extingue a punibilidade. É um prazo decadencial para a vítima, não se aplica
ao MP (dentro do prazo prescricional do crime).
Extinção da punibilidade na Ação Penal Privada

• Decadência: 6 meses
• Perempção: desídia do querelante. É o resultado da inércia do querelante no processo penal privado,
que resulta na extinção da punibilidade do querelado.

Outra causa de perempção, se deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais
(art. 60, III).

• Renúncia: vítima abre mão do direito antecipadamente.

Extingue a punibilidade.

A renúncia ao exercício do direito de queixa se estende a todos os autores do crime.

Exercida antes do ajuizamento da AP.

Cabível na APPri e APPública condicionada à representação.

Pode ser tácita (ato incompatível com a vontade de exercê-lo, não a implica o fato de receber
o ofendido a indenização do dano causado pelo crime) ou expressa.

Exceção no âmbito do Juizado Especial: implicando renúncia do direito de queixa

• Perdão do ofendido: desistência posteriormente obsta ao prosseguimento da ação.

Apenas nas ações penais privadas.

Deve ser aceito.

No processo ou fora dele, de forma expressa ou tácita.

Não cabe depois da sentença condenatória transitada em julgado.


Intima-se o querelado em 3 dias para dizer se aceita o perdão. O silêncio importa aceitação.

Ação penal popular: titularidade conferida a qualquer pessoa. Existe no Brasil? Aquela que mais se aproximaria
seria o HC.

A Lei 1.079/1950 descrita abaixo se aproxima, mais propriamente dita de notícia-crime, ao invés de AP.

Crimes contra a dignidade sexual: são casos de ação penal pública incondicionada, vontade da vítima é
irrelevante.

Crimes contra a honra de servidor (em razão do exercício de suas funções): APPública Condicionada à
Representação.

“É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à


representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão
do exercício de suas funções”

É causa de aumento (1/3).

IPC: Os crimes contra a honra são de ação penal privada. Se houver lesão corporal leve ou se for injúria
discriminatória, é ação pública condicionada à representação. Se houver lesão corporal grave ou
gravíssima ação pública incondicionada.

Crime de lesão leve e culposa em violência doméstica: APPública Incondicionada.


Aos crimes de violência doméstica não se aplica a Lei n. 9.099

PEÇA ACUSATÓRIA

Pode ser emendada até antes do proferimento da sentença.

Requisitos:

a) Exposição do fato criminoso: sob pena de inépcia.

Crimes societários: doutrina admite narração genérica, desde que permita contraditório e
ampla defesa.

b) Existem circunstâncias elementares (correspondem ao tipo, só que em concreto) e identificadoras


(que individualizam a infração, tempo/lugar).

Imputação alternativa não é admitida (ex. Condenar no crime do art. 180 ou do art. 155. É
necessário imputar objetivamente).

c) Qualificação do acusado: AP tem de ser iniciada contra pessoa certa (intranscendência).


d) Qualificação do crime: pode ser corrigida a qualquer tempo
e) Rol de testemunhas: não é essencial.
f) Endereçamento ao juízo competente
g) Redação na língua oficial
h) Subscrição: do promotor ou do advogado
i) Procuração com poderes especiais na queixa e custas

² Doutrina é unânime quanto a presença do nome do querelado.


Prazo da peça acusatória: 5 dias para réu preso e 15 dias para réu solto.

Prazos serão contínuos e peremptórios, não se interrompem nas férias, domingo ou feriado.

Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se o do vencimento.

Queixa crime: prazo decadencial, natureza material. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.

Cumulação de imputações

• Objetiva: mais de 1 crime


• Subjetiva: mais de 1 acusado

Aditamento da denúncia: poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final.

Razões para admitir: o réu se defende dos fatos (consubstanciação), não é referente a classificação do
tipo penal, mas aos fatos relatados na denúncia. Ademais, a investigação não tem como objetivo
esgotar as provas.

Aditamento se submete ao princípio da obrigatoriedade de atuação do MP.

Classificações do aditamento:

• Próprio: acrescenta algo novo.


• Impróprio: apenas corrige, esclarece e similares

Exemplo de aditamento provocado: art. 417. Se houver indícios de autoria/participação de outras pessoas não
incluídas na acusação, juiz intima MP para se manifestar. Crítica sobre a afronta ao sistema acusatório.
Aditamento da queixa-crime

Nas APPriv (exclusivamente privada) poderá ser aditada pelo MP? STJ: Reconhece o poder de
aditamento pelo MP, desde que em caráter complementar, sem incluir novos agentes, nem inovar nos
fatos descritos.

Segundo a doutrina, MP não poderá recorrer da sentença condenatória, uma vez que o recurso
decorre do direito de ação. Sendo a queixa privativa do ofendido.

Nas APPriv Subsidiária da Pública: a atuação do MP se dá na forma de parte adjunta, litisconsorte


necessário. Pode incluir novos fatos ou agentes, oferecer denúncia substitutiva, retomar a ação como
parte principal, em caso de desídia, negligência, abandono etc.

OBS: O órgão ministerial também pode recorrer contra sentença condenatória, em favor ou desfavor
do acusado. Todavia, não se admite contra sentença absolutória, se o querelante não o fizer, em razão
do princípio da disponibilidade da ação privada.

AÇÃO CIVIL EX DELICTO

É exercida na esfera cível.

Sistema da confusão: uma só ação para punir o delito e pagar a indenização.

Sistema da solidariedade: duas ações, exercidas no mesmo processo, perante o juízo criminal.

Sistema da livre escolha: a parte escolhe se deseja cumular as ações ou se irá exercê-las separadamente.

Sistema da independência: as ações devem ser propostas de forma separada e independente. Adotada
no Brasil.
Em algumas situações a decisão criminal vincula a ação cível.

Intentada a AP, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.

Divergência, pois conforme o art. 313, CPC, deveria ser por no máximo 1 ano.

Não correrá prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Polo ativo: ofendido, representante legal ou herdeiros.

Não apenas o CADI, mas os herdeiros também.

E o MP? Pode, quando o titular do direito for pobre (art. 68). Inconstitucionalidade progressiva
ou temporária desta disposição, tendo em vista a previsão da CRFB da DP, reinando a
inconstitucionalidade, conforme o tempo, considerando o avanço do desenvolvimento da DP,
que competirá esta legitimidade.

Polo passivo:

-Se for execução, só pode promover contra o réu condenado.

Eventual procedência de revisão criminal implica rescisão do título executivo judicial.

-Se for na ação de conhecimento, será proposta contra o autor do crime e, se for o caso, contra o
responsável civil.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do


trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,


mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente


quantia.

Eficácia preclusiva/força vinculatória


São efeitos da condenação: Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime

Prescrição: em 3 anos, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Tem de existir AP em
curso ou ao menos inquérito policial (STJ).

Indenização: é possível um título líquido (quantum debeatur) na sentença condenatória criminal, fixando o
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido.

OBS: Na sentença do criminal não se trata de reparação integral, mas de valor mínimo.

Não se afasta a possibilidade de composição maior ou integral.

O valor mínimo faz coisa julgada e vincula o cível.

Natureza de danos: comporta os danos morais.

Juiz pode fixar estes danos de ofício? Há controvérsia na doutrina. Renato Brasileiro afirma
positivamente, enquanto Nucci defende que não é possível, por violar o contraditório. STJ, Tese nº 983,
desde que haja pedido expresso da acusação.

Se houver pedido, quem tem legitimidade? Vítima ou MP.

Tese 983, STJ:

IPC: A especificação da quantia e instrução probatória é exigida nos demais casos (que não se
enquadrem nos casos de violência doméstica e de dano moral.

Norma de natureza material, prejudicial em relação ao réu, de modo que não deve retroagir.

Absolvição
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal

VI - existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e
§ 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência

A força vinculatória da sentença só existe se a sentença (decisão criminal) for categórica. Não basta, portanto, a
mera sentença absolutória. Há de se compreender as razões evocadas, se for uma absolvição por ausência de
provas, incerteza quanto à prática do fato não se trata de mérito categórico. Ou seja, sempre que a decisão
revelar dúvida não haverá força vinculatória. Apenas duas situações do art. 386 são categóricas.

Não impedirá a propositura de ação civil a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não
constitui crime.

VI - Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em:

a) Estado de necessidade
b) Legítima defesa
c) Estrito cumprimento do dever legal
d) Exercício regular do direito

Gera responsabilização de dano quando:

• Legítima defesa que por erro atinge terceiro (legitimidade: terceiro).


• Estado de necessidade agressivo (quando a ação atinge terceiro). Ex: bater na viatura para
fugir do assalto. Art. 929, CPP. Direito à ação regressiva, se a vítima tiver feito o ato por culpa
de terceiro (assaltante).
• Descriminante putativa (quando o agente pensar estar agindo em alguma situação, como
legítima defesa, mas não está): segundo o STJ, na conduta daquele que ofende haveria
negligência na apreciação dos fatos (presumida), do que resultaria indenização.
• Não impede a propositura da ação civil: o despacho de arquivamento do IP e a decisão que
julgar extinta a punibilidade
o Arquivamento de IP
o Extinção da punibilidade
OBSERVAÇÕES GERAIS

Apesar da ação de prevenção penal ser aquela que visa a aplicação de medida de segurança e esta por sua vez
ter natureza absolutória imprópria, nas ações de prevenção penal também é possível se proferir sentença
declaratória, como de extinção da punibilidade pela prescrição, que não se confunde com a de absolvição.

Assistente de acusação: poderá ser admitido a qualquer tempo, desde que após o recebimento da denúncia e
antes do trânsito em julgado da sentença, recebendo a causa no estado em que se encontra (art. 269, CPP).

Causas extintivas da punibilidade:


• Morte do agente
• Anistia, graça ou indulto
• Retroatividade da lei que não mais considera o fato como criminoso
• Prescrição, decadência ou perempção
• Renúncia do direito de queixa
• Perdão aceito, nos crimes de APPriv.
• Retratação do agente
• Perdão judicial

Arquivamento implícito: quando o MP deixa de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos
indiciados e o juiz recebe a denúncia. Não é admitido nos tribunais, devendo o juiz devolver os autos ao MP para
que se manifeste expressamente.

Arquivamento indireto: quando o MP entende que a AP não é de competência de certo juiz, e este se diz
competente para a AP. CPP, não

Indireto = Incompetência

Crimes que são processados mediante APPública incondicionada (CALEI)

o Consumidor
o Ambiental
o Licitação
o ECA ou Eleitoral
o Idoso

COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO

Jurisdição: poder do Estado de se reservar a solução dos conflitos juridicamente relevantes (Tornaghi).

Competência: medida ou limitação da jurisdição.

Princípios ou características da jurisdição:

A) Substitutividade
B) Unidade: pertence ao Poder Judiciário.
C) Inércia: age mediante provocação.
D) Indeclinabilidade
E) Inevitabilidade/irrecusabilidade/cogência: não está sujeita à vontade das partes, não há margem para
a recusa de juiz.
F) Indelegabilidade: atribuição jurisdicional pode ser exercida apenas pelos órgãos previamente
estabelecidos, sendo proibida a abdicação dessas funções em favor de outros órgãos/autoridades.
Exceção: CP e carta de ordem.
G) Improrrogabilidade/aderência: de que um juiz não pode usurpar a competência de outro.
H) Investidura
I) Imutabilidade: atos jurisdicionais formam a coisa julgada.
J) Juiz natural: é aquele constituído antes do fato a ser julgado, de acordo com a ordem taxativa de
competência estabelecida em conformidade com a lei.
Só a lei pode instituir o juiz e fixar-lhe a competência

Ponto de referência temporal: a fixação do juiz e da competência deve ser feita por lei vigente
já ao tempo em que foi praticado o fato criminoso.

Ordem taxativa de competência.

Ocorre delegação de jurisdição? Nucci, não há. O que ocorre é uma delegação de competência. Jurisdição todos
os juízes investidos a detém, estando limitados pela competência.

A atividade jurisdicional é exclusiva do Poder Judiciário? Há controvérsia doutrinárias. Uma corrente


sustenta que não, pois há excepcionalmente o exercício pelo Poder Legislativo no processamento das
infrações político-administrativas no julgamento de crimes de responsabilidade. Outra corrente
defende que sim, por essas infrações não se tratar de crimes penais, mas sim de crimes eminentemente
políticos.

Classificação

Competência absoluta: em razão da matéria, pessoa (do réu, prerrogativa de função) ou da função (do juiz
dentro do processo).

A incompetência relativa pode ser reconhecida de ofício (diferente no CPC). Exemplos: competência
por distribuição, prevenção (Súmula 706, STF), conexão e continência. Valor e território. Apenas
território se aplica no processo penal.

Funcional: é o caso do juiz de garantia, previsto no Pacote Anticrime.


Art. 109, CPP: Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente,
declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior.

Regra: determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou no caso de tentativo, pelo lugar em que for
praticado o último ato de execução.

No geral, havendo dúvidas entre duas jurisdições: firma-se a competência pela prevenção.

Previne a AP quando o juiz analisa concessão de fiança ou decretação de prisão preventiva, além de
outras análises anteriores à denúncia ou queixa.

Classificação da competência (critérios determinantes, competência)

Competência em razão do foro


Critério alternativo: não sabe o local do crime.

Critério facultativo: APPrivada apenas.

3 critérios para determinar a competência:

• Fase do processo (Ex: EP)


• Grau de jurisdição (Ex: recurso)
• Atos do processo (Ex. Relator, presidente)

Competência territorial

Regra geral: forum delicti comissi (foro do cometimento do delito, consumação do delito).

CPP: Consumar a infração: teoria do resultado.

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração,
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

Difere do CP, a teoria adotada é a da ubiquidade (lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado).

Teoria da ubiquidade: para crimes à distância, execução iniciada num país e consumação em outro (lei
material brasileira a este processo).

Teoria do resultado: para crimes plurilocais, ação ou omissão em um local e resultado em outro.

Extraterritorialidade (se forem os casos do art 7º, da CP): Art. 88. No processo por crimes
praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde
houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente
o juízo da Capital da República.

Prevenção: para os casos de dúvida

Crimes continuados ou permanente: a competência será firmada pela prevenção.

A competência territorial é relativa e prorrogável

Domicílio ou residência do réu:

• Foro supletivo/subsidiário (se não souber o lugar da consumação)


• Foro facultativo: nos casos de APPrivada.
Competência material: considera a natureza da infração (matéria), hipótese de competência absoluta.

Conflito entre justiça comum e especial? Prevalece a especial.

Homicídio conexo com crime eleitoral? O entendimento que prevalece hoje é de que haverá cisão, o
homicídio será julgado pelo Júri e eleitoral pela Justiça Eleitoral.

Caso tesoureiro do PT: a discussão sobre política já foi reconhecida pelo Superior Tribunal de
Justiça como caracterizadora da futilidade do homicídio.

COMPETÊNCIA JUSTIÇA FEDERAL

Justiça Federal: é expressa e taxativa (art. 109, CRFB/88)


Crimes contra a fauna: é de competência comum dos entes. Desta forma, se inexistir qualquer lesão ou ameaça
a interesses da União, afasta-se a incidência da JF.

Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços, interesses da União, suas entidades autárquicas
ou EP, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da JM e da Justiça Eleitoral.

Estende-se às fundações públicas federais e aos conselhos de fiscalização profissional.

Contravenção penal: compete a Justiça Estadual.

Súmula 147, STJ: Compete a JF processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público
federal, quando relacionados com o exercício da função.

STJ: Compete à JF processar o crime (ameaça e abuso de autoridade, dentre outros)


cometido contra Juiz Federal que não se encontrava no exercício de suas funções.

Súmula 42, STJ: Cabe à Justiça Estadual processar e julgar as causas em que é parte
SEM.

IPC: Não cabe à JF julgar os crimes praticados em detrimento de bens das concessionárias de serviço
público, sindicatos e entidade particular de ensino superior.

Súmula 224/STJ - Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da
competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.

Súmula 254/STJ - A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser
reexaminada no Juízo Estadual.

Crimes previstos em tratado ou convenção internacional: quando, iniciada a execução no País, o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente.

STF: firmou os requisitos essenciais e cumulativos

a) Previsão em tratado: O BR seja signatário de convenção ou tratado internacional por meio do qual
assume o compromisso de reprimir criminalmente aquela espécie delitiva
b) Dupla tipicidade: o fato esteja previsto como crime no BR e no estrangeiro
c) Transnacionalidade: Conduta tenha ao menos se iniciado no Brasil e o resultado tenha ocorrido,
ou devesse ter ocorrido no exterior, ou reciprocamente.
• Tráfico Internacional de drogas:
o Súmula 528/STJ: Compete ao JF do local da apreensão da droga remetida do exterior
pela vista postal processar e julgar o crime.
o É desnecessária a efetiva transposição de fronteiras para que se caracterize o tráfico
transnacional
o Droga deve ser ilícita tanto no Brasil como país de destino/origem.

Causas relativas a direitos humanos: incidente de deslocamento de competência para a JF. Sendo necessário:

1. Crime praticado com grave violação a direitos humanos


2. Demonstração concreta do risco do descumprimento das obrigações decorrentes de tratados
internacionais firmados pelo Brasil por conta da inércia do Estado-membro.

Esta solicitação é requisitada ao STJ.

Crítica: uma parte da doutrina afirma uma afronta ao princípio do juiz natural.

Crimes contra a organização do trabalho: devem transcender a individualidade do direito do empregado. Deve
ser considerado a coletividade, caso não seja compete a justiça estadual.

Omissão do registro do trabalho na CTPS: defende-se a competência da JF, tendo em vista o


envolvimento de verbas previdenciárias, violando o interesse da autarquia envolvida.

Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira

Crimes políticos: crimes tipificados na Lei de Segurança Nacional (7.170/83) e os praticados por motivação
política.

-Com a CRFB/88: A competência passou da JM para a JF.


-Conceito doutrina: são aqueles dirigidos, de modo imediato, contra o Estado como unidade orgânica
das instituições políticas e sociais. São os crimes contra a segurança nacional. (Rangel)

-Caracterização do crime político: tipificação e necessidade de dolo (motivação político, especial fim de
agir.

-Recurso: STF é competente para julgar recurso, em segundo grau de jurisdição.

-A materialidade da conduta deve lesar real ou potencialmente ou expor a perigo de lesão a soberania
nacional, de forma que, ainda que a conduta esteja tipificada no artigo 12 da LSN, é preciso que se lhe
agregue a motivação política.

HC, em matéria criminal, de autoridade coatora submetido a sua jurisdição ou não esteja submetida a nenhuma
outra jurisdição (residual).

MS e HD contra ato de autoridade federal, exceto casos de competência dos tribunais federais

Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da JM.

Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro

Disputa sobre direitos indígenas

Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou
vítima.

JUSTIÇA ESTADUAL
Competência: residual ou subsidiária.

Competência por prerrogativa de função

Relaciona-se com os processos criminais. A ação de improbidade é eminentemente cível. Não se


aplicando, portanto.

STF (AP 937): dispõe de duas premissas.

• Contemporaneidade: crimes cometidos durante o exercício do cargo (com a diplomação)


• Crime relacionado à função desempenhada

Existe limite temporal para alteração da competência? Renúncias e afins a fim de influir na assunção
da competência. O encerramento da instrução, publicação da intimação para alegações finais fica
impossibilitado a alteração da competência.

Garantia se estende à investigação/indiciamento?

• STF: Sim, o próprio indiciamento depende, a não ser que já se tenha autorização para IP.
• STJ: Não, o foro se restringe à fase de processo.

Duplo grau de jurisdição: é mitigado.


O foro prevalece em relação ao local do crime.

Prerrogativa de função e competência do júri: SV 45.

a) Analisar qual o instituto que prevê a prerrogativa de função.

-CF: Prerrogativa prevalece.

-Constituição Estadual: Tribunal do júri

ADI 2553: Impossibilidade da Constituição Estadual estender o chamado foro por prerrogativa de
função àqueles que não abarcados pelo legislador federal.

JUSTIÇA MILITAR

Modalidades: Federal e Estadual.

A JM existe para conhecer dos crimes militares e não os crimes dos militares.

Crime militar é definido pela lei (Código Penal Militar – CPM).

Critério é objetivo: lei. Não há avaliação da motivação e do interesse.

Competência: previsto no CPM

Caberá também quando o ato for praticado por civil contra as instituições militares.

IPC: JM dos Estados não pode julgar civis. JM Estadual, segundo a CRBF/88, cabe apenas julgar e
processar os militares.

Crimes dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil: competência do Tribunal do Júri.

Regra: separação dos processos. A conexão e continência importarão unidade de processo e


julgamento, salvo:
a) Concurso entre a jurisdição comum e militar:

PM e Civil praticam crimes juntos. Quem julga? Súmula 30/TRF: PM julgado pela JM
e civil pela Justiça Comum.

Se civil pratica crime contra instituição militar estadual, quem julga? Justiça Comum.
Se a instituição fosse Federal, caberia a Justiça Militar da União.

MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA

Alteração de competência: conexão e continência, que promovem a unificação processual

Exceção

a) Concurso entre a jurisdição comum e a militar


b) Concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

Características:

• Essencialmente para competências relativas


• Importam em unidade de processo e julgamento
o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que não
possa ser julgado à revelia (art. 366).

• Fundamentos funcionais: economia processual, administração e eficiência da justiça, evitar decisões


conflitantes.

IPC: Art. 80 prevê hipótese geral para separação dos processos (dificuldade de julgamento).

Conexão:

• Intersubjetiva: ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas em pluralidade de crimes
e de pessoas.
o Por simultaneidade/ocasional/subjetiva objetiva: ao mesmo tempo, por várias pessoas
reunidas.
o Por concurso ou subjetiva concursal: por várias pessoas em concurso, embora diverso o lugar
e o tempo.
o Por reciprocidade: por várias pessoas, umas contra as outras.

• Objetiva/material: envolve pluralidade de crimes


o Teleológica: no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar outras.
o Consequencial: ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas. Ex: homicídio e ocultação de cadáver (dois crimes).

• Instrumental/probatória/processual: envolve dados instrutórios. Quando a prova de uma infração ou


de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
-Não há requisito temporal, neste caso.

Continência: entre duas ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o
pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

Subjetiva, concursal ou cumulação subjetiva: pluralidade de agentes e unidade de crime.

Duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração.

Cumulação objetiva: única conduta delituosa do agente produz mais de um resultado.

Art. 70 (concurso formal), 73 (erro na execução) e 74 (resultado diverso do pretendido), CP.

JUÍZO PREVALENTE

Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de
jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de
unificação das penas.

Derrogada a competência: perda da competência.

Basta sentença, não há necessidade de definitividade (trânsito em julgado).

Concurso entre competência do júri e de outro órgão? Prevalecerá a do júri.

Concurso de jurisdição da mesma categoria?

a) Prepondera a do lugar da infração a qual for cominada a pena mais grave.


b) Prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas
forem de igual gravidade.
c) Nos demais casos, firma-se a competência pela prevenção.

Concurso de jurisdição de diversas categorias: predomina a de maior graduação.

Concurso entre jurisdição comum e especial: prevalece a especial.

Perpetuatio jurisdictionis

.
IPC: A impronúncia é a decisão por meio da qual o juiz conclui que não há provas da materialidade do
fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação para levar o acusado a
julgamento perante o Tribunal do Júri (Art. 414, CPP).

Perpetuação: consolidar a competência. Art. 43, CPC.

Delegação: transferência de atribuição jurisdicional. Ex: CP.

Competência estelionato (14.155/21): é um crime material, exige resultado para a sua consumação (vantagem
ilícita).

Em caso de pluralidade de vítimas, competência será firmada pela prevenção.

Estelionato: APPública Condicionada à Representação.

Houve modificação da ação penal pública para condicionada à representação com o pacote anticrime.
Retroage? Sim, apenas até o oferecimento da denúncia. Após, há estabilização da demanda
(perpetuação da jurisdição).

Súmula 48, STJ: COMPETE AO JUIZO DO LOCAL DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM ILICITA PROCESSAR E
JULGAR CRIME DE ESTELIONATO COMETIDO MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DE CHEQUE.

OBSERVAÇÕES

PROVAS

Conceito: conjunto de atividades de verificação e demonstração, mediante as quais se procura chegar à


verdade dos fatos relevantes para o julgamento
Prova como

a) Atividade probatória: processo pelo qual se verifica a exatidão ou a verdade do fato alegado pela
parte no processo.
b) Meio: instrumentos idôneos à formação da convicção do órgão julgador, pelo qual se demonstra a
verdade de algo. Ex: prova testemunhal.
c) Resultado: é o produto extraído da análise dos instrumentos de provas oferecidos, demonstrando a
verdade de um fato.

Prova e elementos informativos:

Finalidade da prova: formar a convicção do juiz.

Renato Brasileiro: Objeto da prova é a verdade ou falsidade de uma afirmação sobre um fato que
interessa à solução do processo.

Objeto: só questões de fato é que são (jura novit cura), não pode se afastar da acusação formulada.
Axiomáticos: fatos indiscutíveis, induvidosos, que dispensam questionamentos.
Ex: a prova da putrefação do cadáver dispensa a prova de morte, a primeira decorre da segunda.

Notórios: princípio notorium non eget probatione. O que é notório dispensa prova. Ex: moeda nacional, feriado
nacional, condição de PR.

Inúteis: não possuem nenhuma relevância na decisão da causa, dispensando análise pelo julgador. Ex:
preferências sexuais de indivíduo acusado de crime de furto.

Presunção legal: juízo de certeza que decorrem da lei.

Conceitos:

• Fonte de prova: é tudo de onde provém/emana a prova. Utilizada para designar as pessoas ou coisas
das quais se consegue a prova.
o Fontes pessoais: ofendidos, peritos, acusado, testemunhas.
o Fontes reais: documentos, sentido amplo.

• Meios de prova: meios pelos quais o juiz recebe os elementos ou motivos de prova. São as coisas ou
ações usadas para pesquisar ou demonstrar a verdade. Instrumentos com os quais se leva ao processo
um elemento útil para decisão. Ex: depoimento da testemunha, a perícia no instrumento do crime etc.

• Meios de obtenção de prova: meios de investigação ou de pesquisa de provas, são instrumentos para
colheita de fontes ou elementos de provas. Ex: busca e apreensão, interceptação das comunicações
telefônicas, agente infiltrado.

• Elementos de prova: é o dado bruto que se extrai da fonte de prova, ainda não valorada pelo juiz.

• Resultado da prova: resulta de uma atividade intelectual do magistrado.


Cadeia de custódia: conjunto de atos, sucessivos e entrelaçados, tendentes a manter, do início ao fim, a
integridade das evidências materiais do crime.

Art. 158-A: Conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio
a partir de seu reconhecimento até o descarte.

Vestígio: é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona
à infração penal.

O Pacote Anticrime tomou por base a Portaria nº 82/2014, da Secretaria Nacional de Segurança Pública,
que apontava a cadeia de custódia como fundamental para garantir a idoneidade e a rastreabilidade
dos vestígios, com vistas a preservar a confiabilidade e a transparência da produção da prova.

Quebra da cadeia de custódia: o que deve ocorrer com a prova caso essa cadeia seja violada?

a) Implica na ilicitude da prova e desentranhamento, inclusive ao largo da boa ou má-fé dos


agentes que manusearam os vestígios.
b) O material de prova não é ilícito. A prova permanece lícita, podendo ser questionada sua
autenticidade. Adotado pelo Renato Brasileiro.

IPC: O início da cadeia de custódia ocorre já com a descoberta do fato, com a preservação do local do
crime e percepção sobre a possível existência de vestígios; portanto, numa etapa muito inicial, muitas
vezes antes da própria persecução penal.

Portaria:

• Fase externa: compreende todos os passos entre a preservação do local de crime ou apreensões
dos elementos de prova e a chegada do vestígio ao órgão pericial encarregado de processá-lo.
o A lei estabelece responsabilidade de preservação para qualquer agente público que se
deparar com um elemento de potencial interesse para prova.

• Fase interna: etapas entre a entrada do vestígio no órgão pericial até sua devolução, juntamente
com o laudo pericial, ao órgão requisitante da perícia.

Etapas: art. 158-B.

1. Reconhecimento
2. Isolamento
3. Fixação
4. Coleta
5. Acondicionamento
6. Transporte
7. Recebimento
8. Processamento
9. Armazenamento
10. Descarte
IPC: O órgão central de perícia fica responsável por detalhar a forma de cumprimento de todas essas
etapas.

A coleta dos vestígios deve ser feita preferencialmente por perito oficial, mas não exclusivamente.

É proibida a entrada de pessoas em locais isolados, assim como a remoção de vestígios.

Todos os Institutos de Criminalísticas devem ter uma central de custódia.

Jurisprudência:

• Mesmo que a defesa somente tenha tomado conhecimento da quebra da cadeia de custódia após
a sentença de pronúncia, incide a preclusão, pois a nulidade não foi arguida.
• A ausência de lacre em todos os documentos e bens - que ocorreu em razão da grande quantidade
de material apreendido - não torna automaticamente ilegítima a prova obtida a partir da medida,
a ensejar a nulidade da ação penal, mormente quando afirmado pelo MM. Juiz e pelo Tribunal a
quo que a prova coletada na referida busca e apreensão foi uma das utilizadas para embasar a
denúncia, mas não foi a única.

INSTRUÇÃO CRIMINAL

Frederico Marques: instrução probatória como o conjunto de atos processuais ue têm por objeto recolher as
provas com que deve ser decidido o litígio.

Classificação das provas:

Quanto ao objeto:

a) Diretas: demonstram por si só o fato objeto da investigação.


b) Indiretas: não demonstra diretamente, mas permite deduzir circunstâncias a partir de um
raciocínio lógico.
Quanto ao valor:

a) Plenas: permitem um juízo de certeza quanto ao fato investigado, podendo ser utilizadas como
elemento principal na formação do convencimento. Ex: prova documental, testemunhal, prova
pericial.
b) Não plenas: podem reforçar a convicção do magistrado, não podem ser consideradas como o
fundamento principal do ato decisório. Ex: indício, fundada suspeita.

Quanto ao sujeito:

a) Reais: não resultam, diretamente, da pessoa, mas de algo externo e que também comprova a
existência do fato. Ex: cadáver, arma empregada.
b) Pessoais: aquelas que decorrem da pessoa. Ex: interrogatório, testemunho, laudo pericial.

Quanto à previsão legal:

a) Prova típica: aquela que além de nominalmente prevista tem um procedimento estabelecido
em lei.
b) Atípica: não tem previsão da própria prova, ou não tem um rito especificado para sua
produção. É lícita diante da liberdade das provas no processo penal.
c) Nominada: aquela que é referida pela lei, mesmo que sem procedimento regulamentado.
d) Anômala: produzida observando o procedimento legal, todavia não aquele específico para a
natureza da prova que se deveria produzir. Prova desvirtuada que, por isso mesmo, carregaria
nulidade.
e) Prova irritual: prova produzida em desconformidade com o modelo previsto em lei. É nula.

Prova emprestada: é preciso que ambos os feitos envolvam as mesmas partes e que, na respectiva produção,t
tenha sido observado o contraditório.

Informativo 543, STJ: Assegurado o contraditório, é admissível prova emprestada de processo do qual
não participaram as partes do processo para o qual a prova será trasladada. Porém, a prova emprestada
não pode se restringir a processos em que figurem partes idênticas, sob pena de se reduzir
excessivamente sua aplicabilidade sem justificativa razoável para isso.

A prova emprestada com o contraditório diferido tem sido debatida, tendo uma tendência do STJ em
admiti-la.

IPC: não há vedação à utilização de prova emprestada do procedimento fiscal em processo penal para
a persecução de crimes contra a ordem tributária. Utilizar dados obtidos pela Receita para fins de
instrução penal.
Valor da prova emprestada: doutrina defende que o valor probante da prova emprestada "é o da sua
essência, e esta será sempre a originária. CPC apresenta que o juiz deve atribuir o valor ou a
credibilidade que considerar adequados para a prova emprestada.

Prova emprestada no júri:

Prova cautelar: há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo, em relação
às quais o contraditório será diferido. Ex: busca e apreensão, interceptação telefônica.

Prova antecipada: difere da cautelar, pois não é feita inaudita altera parte, depende de autorização judicial e
deve observar o contraditório. Ex: depoimento ad perpetuam rei memoriam (depoimento de testemunha em
estado grave).

Súmula 455, STJ: a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do
CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo.
Art. 158 determina a indispensabilidade do exame de corpo de delito, feito para os crimes que deixam
vestígios. Quando não se tratar deste tipo de infração penal, vigora para o magistrado as regras do
sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional, cabendo-lhe o cotejo de todas as
provas produzidas no processo, sem existir prova com valor absoluto.

"Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.

RE 4257340: Os elementos do inquérito podem influir na formação do livre convencimento do juiz para
a decisão da causa quando complementam outros indícios e provas que passam pelo crivo do
contraditório em juízo.

ÔNUS DA PROVA

Ônus processual é uma faculdade outorgada pela norma para que um sujeito de direito possa agir no sentido de
alcançar uma situação favorável no processo.

Ônus da prova subjetivo e objetivo

Art. 156: a prova da alegação incumbirá a quem a fizer.

Há dois posicionamentos. O primeiro, majoritário, dizendo que o ônus da prova deve ser distribuído entre as
partes (acusação e defesa) - acusação com o ônus de provar a materialidade e autoria e o réu com a prova dos
fatos impeditivos, modificativos ou extintivos - e um segundo atribuindo o encargo de prova somente para a
acusação.
IPC: A subsunção, o reconhecimento da tipicidade, faz parte de um juízo valorativo, tarefa essencial do Poder
Judiciário – tem a ver com o convencimento jurídico.

A parte que pretende ser beneficiada pelos efeitos de uma norma deve provar os pressupostos fáticos para a
sua aplicação.

Nível de prova exigido das partes: Não é o réu que tem de demonstrar que é inocente (in dubio pro reo); ao
contrário, é a acusação que tem de provar que ele praticou o fato imputado.

Prova diabólica (aquela impossível ou excessivamente difícil de ser produzida) para nenhuma das
partes, inclusive para a acusação. Qualquer processo que inverta esta lógica do ônus da prova e atribua
provas diabólicas a qualquer das partes não terá nenhum compromisso com a justiça das suas decisões.

Inversão do ônus da prova: não é possível no CPP.

Na Lei de Lavagem de Ocultação de bens (9.613/98), no art. 4º: há a previsão de que o juiz criminal
pode determinar a constrição cautelar de bens e valores, sendo a liberação desses ativos viável diante
de prova (normalmente de interesse da defesa) da origem lícita dos bens e valores. A doutrina cita esse
caso como uma exceção a inversão do ônus da prova.

Iniciativa probatória do juiz - a gestão da prova:


É admitida, segundo a maior parcela da doutrina, em caráter excepcional e de maneira supletiva e
complementar em relação às provas já produzidas, com o fim de dirimir dúvidas pontuais.

Art. 156:

I - É alvo de crítica doutrinária. Brasileiro não descarta a atuação do magistrado em sede pré-processual, assinala
que ela apenas deva ser permitida após o requerimento das partes, mas nunca ex officio. Além de violar a
imparcialidade, devido processo legal, é absolutamente incompatível com o próprio Estado Democrático de
Direito.

IPC: A gestão da prova é essencialmente das partes e ao juiz só é dado atuar supletivamente, de modo
complementar, jamais fazendo as vezes da parte acusatória para ir buscar provas incriminadoras que até então
eram desconhecidas dentro da persecução penal.

Sistemas de avaliação da prova

Relação existente entre o julgador e as provas, ou seja, qual é o critério de análise a ser adotado para a
apreciação dos elementos probatórios.

RANGEL: o sistema de provas é o critério utilizado pelo juiz para valorar as provas dos autos, alcançado
a verdade histórica do processo. (trocar juiz por julgador)

A) Sistema da íntima convicção/livre convicção ou certeza moral do juiz: a convicção do julgador se


dá de maneira íntima, reservada e sigilosa, dispensando qualquer motivação sobre as razões que o
levaram a esta ou àquela decisão. Em regra, não é a adotada pelo CPP. Vigora apenas nas decisões dos
jurados no Júri.
B) Sistema da prova tarifada/prova legal/certeza moral do legislador/verdade legal/verdade formal:
estabelecimento antecipado e em abstrato do valor probatório de determinadas provas pelo próprio
legislador. Não é o juiz que valora e atribui credibilidade, o valor já é preestabelecido pela norma. Em
regra, não é a adotada pelo CPP, entretanto há previsões dentro do Código, nesse sentido.

Ora, percebe-se que o próprio legislador conferiu ao exame de corpo de delito, nos casos de
infrações com vestígios, caráter de imprescindibilidade, inafastável até mesmo por eventual
confissão do acusado, com o art. 158, CPP.

Como também:

C) Sistema do convencimento motivado/Persuasão racional do juiz: necessidade de fundamentação


das decisões judiciais, conferindo ao juiz liberdade para a valoração das provas, sem que se submeta a
prefixações valorativas.

Efeitos da adoção deste sistema:

IPC: O Código Brasileiro de Trânsito não procede à tarifação dos meios de provas, prestigiando o livre
convencimento motivado do juiz ao admitir diversidade probatória para demonstrar a embriaguez, sem
colocar o exame pericial em patamar superior.

Princípios relativos à prova penal


• Proporcionalidade
o Prova ilícita pro reu: É admissível a prova colhida com (aparente) infringência às normas legais,
desde que em favor do réu para provar sua inocência, pois absurda seria a condenação de um
acusado que, tendo provas de sua inocência, não poderia usá-las só porque (aparentemente)
colhidas ao arrepio da lei.
o Prova ilícita pro societate: não é matéria pacífica. Brasileiro:

• Comunhão da prova: uma vez produzida, a prova passa a servir a todos no processo, indistintamente.

• Autorresponsabilidade das partes: conforme a distribuição do ônus da prova, cabe a cada parte dele
desincumbir-se, e, se assim não proceder, arcará com as consequências que disso decorrem”.

• Oralidade
o Concentração: busca-se a produção probatória em uma única audiência de instrução ou, acaso
seja isso inviável, no menor número de audiências possível.
o Imediatidade ou imediatismo: a necessidade de que as provas sejam produzidas perante a
autoridade judicial, em vívido contato físico e direto com o meio de prova e partes.

• Identidade física do juiz: o juiz que participou da coleta das provas, que teve contato imediato com as
partes e que vivenciou o desenvolvimento do processo é quem deve julgar a causa. Comporta exceções
como os depoimentos produzidos por meio de CP, ausência do magistrado por licença, aposentadoria
e outros motivos afins.

• Liberdade probatória: diz respeito à produção de provas lícitas.


o Quanto ao momento da prova: pode ser feita a qualquer tempo, salvo os casos expressos em
lei. Ex: preclusão para as partes arrolarem testemunhas se não o fizerem (MP/querelante e
defesa quando da apresentação da denúncia/queixa e quando da resposta à acusação - art. 41
e 396-A, CPP).
o Quanto aos meios de prova: não vigora, no CPP, o princípio da taxatividade das provas,
segundo o qual somente se admite a utilização das provas previstas de maneira específica na
lei.

Prova vedada/ilegal: quando a obtenção se der por meio de violação de normas legais ou de princípios gerais
do ordenamento, de natureza material ou processual.

Limites do direito à prova: “Entre a busca desenfreada e sem limites da verdade dos fatos se interpõe
um limite ético, que é justamente o respeito aos direitos e garantias individuais” (Campos, 2018)

Inadmissibilidade da prova ilícita é criação da jurisprudência da Suprema Corte Norte Americana:


Prova ilegal/vedada como gênero:

• Prova ilícita: as que violam norma de direito material. Dizem respeito à obtenção ou coleta da
prova. Ex: declarações do indiciado sob tortura. São inadmissíveis no processo (não podem
ingressar e, se isso ocorrer, devem ser desentranhadas).
• Prova ilegítima: as que violam norma de direito processual. Dizem respeito à produção da
prova. É obtida no processo com violação da norma de direito processual. Ex: elaboração de
laudo pericial com apenas um perito quando a lei exigia dois peritos. São nulas e, por isso, a
sua produção pode ser renovada, atendendo-se às regras processuais pertinentes.

Tratamento legislativo da prova ilícita: com a Lei 11.960/08, alçando a prova ilícita como gênero
Esta mudança do CPP aboliu a então distinção entre prova ilícita e prova ilegítima? Apesar da
divergência doutrinária, a jurisprudência vem reconhecendo que não, pela desarrazoabilidade em
desentranhar provas ilegítimas do processo. Devendo o novo art. 157, CPP, ser lido à luz desta distinção
até então apresentada.

Hipóteses de admissibilidade de prova ilícita

• Exceção de boa-fé: desde que sua obtenção não tenha decorrido da vontade de quem procedeu à
investigação, mas sim de uma situação de erro ou ignorância.
• Exceção de impugnação: inaplicável no BR. Admite-se a utilização da prova ilícita para que se
demonstre que o depoimento do acusado é falso.
• Exceção de erro inócuo:
• *Exceção da prova ilícita pro reo: prova ilícita que venha a favorecer o réu, diante da presunção da
inocência.
• Exceção da visão ampla:
• *Serendipidade (encontro fortuito): é a descoberta fortuita de provas. “Nos casos em que, no
cumprimento de uma diligência relativa a um delito, a autoridade policial casualmente encontra provas
pertinentes à outra infração penal, que não estavam na linha de desdobramento normal da
investigação” (Lima, 2018).
• Teoria dos campos abertos:
• *Teoria do risco: Por meio dessa teoria, busca-se outorgar validade para a prova obtida em possível
violação ao direito à intimidade, quando da utilização de escutas telefônicas, filmagens e fotografias
clandestinas.

• Limitação de renúncia do interessado:


• Limitação da infração constitucional alheia:
• Limitação da infração por particulares:
• *Princípio da proporcionalidade:

Prova ilícita por derivação:


Exceções (pode permanecer no processo, quando):

A) Teoria da fonte independente: as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das
primeiras.
B) Teoria da descoberta inevitável: aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
C) Teoria do nexo causal atenuado: quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
outras, ou se este nexo for ínfimo.

Inutilização da prova ilícita: devem ser desentranhadas (art. 157).

No Júri: pela valoração da prova ocorrer de forma diferente no Conselho de Sentença, não devendo
motivar a decisão, é necessário realizar a anulação do julgamento do júri, caso ocorra o
desentranhamento de prova ilícita.

Juiz contaminado, aquele que conheceu prova ilícita pode julgar? De eficácia suspensa por poder ofender o
devido processo legal (apresentar prova ilícita impeditiva): ‘’o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada
inadmissível não poderá proferir a sentença/acórdão’’.

OBSERVAÇÕES

O juiz pode determinar, no curso da instrução, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante da causa.

Juiz pode ordenar provas antes do início da AP? Sim, se as provas forem consideradas urgentes e
relevantes.

Art. 156, CPP: Se juiz tiver dúvida sobre ponto relevante, poderá determinar a produção de provas no
curso da instrução ou antes de proferir a sentença.

Toda pessoa poderá ser testemunha.

Perícia: o juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo rejeitá-lo ou aceitá-lo, no todo ou em parte.

Prevalece o entendimento de que não há ilicitude em gravação telefônica realizada por um dos
interlocutores sem o conhecimento do outro, podendo ela ser utilizada como prova em processo
judicial (AI 602724).

Quando se tratar de inquéritos ou processos que estavam em andamento quando da introdução da Lei
nº 13.964/2.019: é possível oferecer ANPP no curso da AP, antes do trânsito em julgado da sentença.
Fatos ocorridos antes do Pacote: desde que não recebida a denúncia.
MEIOS DE PROVA E PROVAS EM ESPÉCIE

EXAME DE CORPO DE DELITO

Natureza jurídica: há divergência na doutrina sobre se considerá-la como meio de prova ou se é mais do que
isso.

Pacelli & Fischer: ‘‘a prova técnica não é uma prova superior às demais. Mas é, sim, uma prova especial,
quanto ao conteúdo de interpretação de um meio de prova’’.

Conceito de exame de corpo de delito: É a perícia, a análise técnica para verificar o corpus delicti –
materialidade.

▫ As autoridades da persecução penal (delegado, promotor e juiz) podem determinar a realização do


exame pericial, não podendo interferir na conclusão dos peritos.
▫ Não existe restrição de horário para realização do exame de corpo de delito

Conceito de corpo de delito: corresponde ao conjunto de elementos físicos, materiais, contidos, explicitamente,
na definição do crime.

Terminologias (Para Frederico Marques)


• Exame: inspeção realizada por perito para cientificar-se da existência de algum fato ou circunstância
que interessa à solução do litígio. Pode incidir sobre móveis, semoventes, livros, documentos, papéis,
pessoas.
• Vistoria: perícia que recai sobre bem imóvel.
• Avaliação: objetivo de estabelecer o valor de determinada coisa.

Para que haja condenação deve existir corpo de delito?

• Sim. Representa a prova da existência do crime, não necessariamente algo concreto. Vestígios,
inclusive, podem ser imateriais. (Nucci).
• Não. É o conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime. Tudo que apresenta a exteriorização
material do delito. Nem toda prova material é corpo de delito, mas apenas a que está ligado à execução
do crime. Ex: arma, bilhete falsificado.

Doutrina:

Realização: pelo perito oficial, portador de diploma de curso superior.

IPC: Nos crimes de deixam vestígios (infração penal não transeunte), a ausência do exame do corpo de delito
acarreta nulidade.

Se os vestígios desapareceram, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. A jurisprudência tem


admitido outras formas de provas (Jurisprudência em Teses, do STJ, edição 111).

Confissão do acusado não supre a falta.

Laudo pericial: será elaborado no PZ máximo de 10 dias, podendo ser prorrogado (em casos excepcionais, a
requerimento dos peritos).

Descrevem minuciosamente o que examinares.

Respondem aos quesitos formulados.


Não há um momento definido pela lei para apresentação/juntada do laudo. O art. 159, parágrafo 5º,
será dado contraditório às partes no curso do processo judicial acerca do laudo. Exceções:

• Tráfico: a lavratura do auto de prisão em flagrante é suficiente o laudo de constatação.


• Crimes contra a propriedade imaterial (ex. Pirataria): art. 525, CPP, no caso de haver o crime
deixado vestígio, a queixa ou denúncia não será recebida se não for instruída com o exame
pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.

Laudo deve estar pronto antes da realização da audiência.

Contraditório em relação ao laudo pericial: pode ocorrer no curso do processo judicial (diferido).

É permitido as partes:

I – Requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde
que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;

II – Indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou
ser inquiridos em audiência.

O art. 159, parágrafo 5º, será dado contraditório às partes no curso do processo judicial acerca do
laudo. Exceções:

• Tráfico: a lavratura do auto de prisão em flagrante é suficiente o laudo de constatação.


• Crimes contra a propriedade imaterial (ex. Pirataria): art. 525, CPP, no caso de haver o crime
deixado vestígio, a queixa ou denúncia não será recebida se não for instruída com o exame
pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.

IPC: Eficácia suspensa, pacote anticrime: dentre as atribuições do juiz das garantias, tem a possibilidade
de deferir o pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia na
investigação criminal.

Suprimento de falhas: em caso de inobservância das formalidades, omissões, contradição, a autoridade


judiciária mandará suprir a formalidade, se necessário, determina que se proceda novo exame.

Conclusão dos peritos e convencimento judicial: há dois posicionamentos:

a) Sistema vinculatório: juiz vinculado a conclusão do perito.


b) Sistema liberatório: juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova. Adotado pelo CPP.

-O juiz não fica adstrito ao laudo, pode aceitar ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

Dos peritos e prerrogativas da parte

Perito:
-Ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária, devendo prestar o compromisso de bem
e fielmente desempenhar o cargo.

-As partes não intervirão na nomeação do perito.

-O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa, salvo escusa
atendível.

-Multa para o perito que sem justa causa:

a) Deixar de acudir à intimação ou chamado da autoridade

b) Não comparecer no dia e local designado para o exame

c) Não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita.

-A autoridade poderá determinar a sua condução coercitiva.

-Aplica-se as hipóteses de suspeição dos juízes (art. 254, CPP)

-Os intérpretes são equiparados aos peritos.

Quantos peritos são necessários para realizar o exame?

Regra geral: por perito oficial.

Exceção: na falta do perito, será realizado por 2 pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso
superior, preferencialmente na área específica.

Perícia complexa (abrange mais de uma área de conhecimento): designa-se a atuação de mais de um
perito oficial) e a parte pode indicar mais de um assistente técnico.

Divergência entre os peritos: cada um redigirá o seu lado ou dentro das respostas haverá a declaração
de cada um. Autoridade nomeia um terceiro peito. Se este divergir de ambos, autoridade poderá
mandar proceder com novo exame por outros peritos.

Prerrogativas das partes:

• Formular quesitos
• Indicar assistente técnico:
o Atua a partir da admissão pelo juiz (não havendo óbices processuais, o juiz está obrigado à
admissão do assistente técnico) e após a conclusão dos exames
o É auxiliar das partes, não se sujeitando às causas de impedimento e suspensão.
o Estão sujeitos ao crime de falsa perícia? Há divergência.

Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda.

Guarda do material probatório, portanto, deve ficar com o órgão oficial – central de custódia.
AUTÓPSIA E EXUMAÇÃO

Autópsia: crítica acerca do nome, sendo preferível necropsia, por envolver o exame interno e externo, lavrando-
se, em seguida, o laudo necroscópico ou cadavérico.

Será feito pelo menos 06h depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte,
julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.

IPC: Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver
infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não
houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.

Exumar: traduz o ato de desenterrar o cadáver da sua sepultura, normalmente para realizar exame faltante ou
complementar.

Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver: procede-se com o reconhecimento pelo Instituto de
Identificação e Estatística ou repartição congênere, ou pela inquirição de testemunha, lavrando-se o
auto de reconhecimento e identidade.

Laudo complementar no crime de lesões corporais

A tipificação do crime de lesões corporais graves exige a comprovação da incapacidade do ofendido


para as suas ocupações habituais por mais de 30 dias. Desta forma, haverá exame complementar para
que ateste a (in)existência desta incapacidade pelo tempo indicado no tipo penal.

-Prazo penal/material, incluindo-se o dia de começo (Renato Brasileiro).

Exames laboratoriais

Avaliação: quando necessário, avalia-se as coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime,
a fim de estipular os valores para a reparação do dano causado pela infração e/ou de aplicação do princípio da
insignificância.

Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes
nos autos e dos que resultarem de diligências.
Exame de local de incêndio

Há necessidade de exame minucioso, pois detalhes podem alterar a tipificação do delito.

Exame grafotécnico

Impossibilidade de obrigar o acusado a fornecer elementos para a confecção do exame, sob pena de
ofensa ao princípio nemo tenetur se detegere (que pode ensejar uma auto-incriminação), entretanto a
autoridade pode requisitar arquivos ou estabelecimentos públicos do investigado, a quem se atribuíra
a letra. O fato de ele se recusar a fornecer o material não afastaria a possibilidade de se obter
documentos.

IPC: É possível que se verifique o padrão gráfico do acusado em escritos ou fichas que estejam
arquivados nos cartórios extrajudiciais. Nesta situação, há necessidade de autorização judicial para a
retirada do livro do cartório.
Imprimir resumo: fls.71/74 da Aula 06, Meios de prova.

IPC: Embora a produção da prova técnica seja necessária para esclarecer situações de dúvida objetiva acerca da
existência da infração penal, o seu afastamento é sistemático e teleologicamente autorizado pela legislação
processual penal nos casos em que há nos autos outros elementos idôneos aptos a comprovar a materialidade
do delito.

IPC: Delito contra as relações de consumo não transeunte, que deixa vestígios materiais, sendo indispensável,
portanto, a realização de perícia para a sua comprovação, não sendo admissível a presunção de impropriedade
ao consumo de produtos expostos à venda com base exclusivamente no conteúdo de normas locais.
INTERROGATÓRIO

Natureza jurídica: meio de prova e como meio de defesa.

Ato de exercício da autodefesa e bifásico (o interrogatório será constituído de duas partes: sobre a
pessoa do acusado e sobre os fatos).

Fases:

a) Sobre a pessoa do acusado: residência, meios de vida, oportunidades sociais, se já foi preso etc.

Caso a parte minta, poderá incorrer no crime de falsa identidade (art. 307, CP), por outro lado,
em recusando informações, poderá incidir em contravenção penal (art. 68, 6.388/41).

b) Sobre os fatos:
Momento: no curso do processo penal, com a presença do advogado constituído ou nomeado.

Sempre haverá adv. nos interrogatórios? Não necessariamente, nos interrogatórios, no âmbito da
investigação, a presença do advogado é facultativa – podendo participar da formulação de perguntas.

Desde 2008: o interrogatório é o último ato da instrução (art. 400, CPP)

-Há exceções? Existem normas especiais que prevê o interrogatório como primeiro ato. Nesses
casos, o STF (HC 127900), posicionou de que o interrogatório, mesmo nos procedimentos
especiais, deve ser realizado no último ato da instrução, devendo ser aplicado aos processos
em andamento - março de 2016.

Caso ocorra a inversão da ordem dos atos: exige-se que a defesa tenha arguida por ocasião da própria
audiência de instrução e que seja demonstrado efetivo prejuízo causado ao acusado em virtude disso.

Ato pode ser repetido? Sim, a todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório, de ofício ou a pedido
fundamentado de qualquer das partes.

Não comparecimento: ADPF 444/2018: pronunciou a não recepção do ‘‘para o interrogatório’’ do art. 260, que
previa a condução coercitiva do acusado. Desta forma, não é possível a condução coercitiva. Aplicável a partir
de 14/06/2018.

Nucci defende que a coercitividade abriga a primeira fase do interrogatório (para a qualificado do
acusado).

IPC: Nulidade absoluta, caso o réu não seja citado para o interrogatório.

Características do interrogatório

• Ato personalíssimo: próprio réu deve participar.


• Ato contraditório: com a participação de ambas as partes (sistema presidencialista: juiz conduz o ato).
• Ato tecnicamente assistido: é garantido também o direito de entrevista prévia entre o réu e seu
defensor.
• Ato oral: regra geral. Exceção: surdo, mudo, surdo-mudo (art. 192), não falar a língua nacional (por
meio do intérprete).
• Ato individual: havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente.
• Ato bifásico: duas partes (pessoa e fatos)
• Ato público: como regra geral. Exceções: interesse público, intimidade do sujeito.
Local e forma

Réu solto: regra geral, na sede dos juízos e tribunais.

Réu preso: em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido. Poderá ser requisitado para
a apresentação do réu preso em juízo.

Videoconferência: excepcionalmente, por decisão fundamentada, o juiz poderá realizar por este meio.
Finalidade:

OBSERVAÇÕES GERAIS - Indicação de curador aos:

• Indígenas não integrados à sociedade


• Doentes mentais incapazes

CONFISSÃO

Conceito: admissão, pelo indiciado ou acusado, da veracidade das imputações que lhe são feitas.

Natureza: meio de prova, por ser um instrumento possível de ser utilizado na busca da verdade.

Espécies:

a) Extrajudicial: realizada fora do processo. Traduz-se num elemento informativo, pois incide a valoração
do art. 155, CPP. Não pode o juiz se valer exclusivamente dela para fundamentar a sua decisão,
podendo ser utilizada na sentença, desde que em conformidade com o conjunto probatório produzido
na instrução criminal - contraditório e ampla defesa.
b) Judicial: realizada perante magistrado. Se for perante autoridade competente para julgar o caso é
considerada confissão judicial própria, sendo imprópria, perante autoridade judicial diversa.
c) Explícita: confessa de maneira indubitável o fato delituoso.
d) Implícita: o acusado pratica ou busca praticar atos que podem revelar a admissão da culpa. Ex: procura
ressarcir o ofendido dos prejuízos causados pela infração. Não tem qualquer valor.
e) Simples: admite como verdadeiras as imputações que lhe são feitas sem invocar quaisquer justificantes
(ilicitude) ou exculpantes (culpabilidade).
f) Qualificada: confessa a prática do delito, mas afirma ter agido sob alguma excludente de ilicitude ou
culpabilidade.
g) Ficta: ocorre por omissão, não contesta as imputações feitas.
h) Delatória: confessa a prática do crime e, ao mesmo tempo, aponta terceiros envolvidas nessa
empreitada criminosa.

IPC: É uma causa geral de diminuição de pena

Súmula 545/STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o
réu fará jus à atenuante prevista do CP.

Características:

• Ato personalíssimo
• Ato livre e voluntário
• Ato retratável: a retratabilidade quer dizer que, se o réu, mesmo confesso em juízo, voltar atrás, caberá
ao magistrado confrontar a confissão e a retratação que lhe sucedeu com os demais meios de prova
incorporados ao processo, verificando qual delas deve prevalecer.
• Ato divisível

DECLARAÇÃO DO OFENDIDO
IPC: Nem sempre o ofendido será o sujeito passivo do crime. Ofendido sempre para designar uma pessoa que
foi objeto material do crime. Ex: moeda falsa. Sujeito passivo é o Estado, titular da fé pública, mas o ofendido
teve seu patrimônio prejudicado.

Comunicação ao ofendido: dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, designação
da audiência, sentença etc.

Feito pelo endereço por ele indicado, podendo ser por meio eletrônico.

Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar,


especialmente na área psicossocial, assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado.

Ausência de comparecimento: pode ser conduzido coercitivamente, inclusive para realização de exames
periciais, exceto se tratar de exames invasivos, caso em que terá de concordar com a realização. (art. 201, § 1º,
CPP)

Momento: em audiência de instrução e julgamento.

PROVA TESTEMUNHAL

Conceito: é a pessoa desinteressada que declara em juízo o que sabe sobre os fatos, em face das percepções
colhidas sensorialmente (Távora, 2017).

Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.

Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da cusa.

Natureza jurídica: meio de prova, apresenta valor relativo.

Características:

• Judicialidade: é feita em juízo, perante o magistrado.


o Para que se considere um depoimento prestado em sede de inquérito, perante a autoridade
policial, deverá ocorrer a reprodução da oitiva em juízo.

• Oralidade: pode fazer breve consulta a apontamentos.


o Exceções à regra da oralidade: as mesmas do interrogatório e quando as autoridades abaixo
figurarem como testemunhas ou vítimas:
STF: Se forem investigadas ou rés, este artigo é inaplicável.

• Objetividade: deverá relatar o que tem de conhecimento acerca do fato delituoso de forma objetiva.

• Retrospectividade: será sobre fatos já ocorridos. Narrar os fatos.

• Individualidade: serão realizadas separadamente, a fim de que o depoimento de uma testemunha não
influencie no depoimento da outra.

Deveres das testemunhas

1) Dever de depor: a testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor.

Podem recusar a obrigação de depor, não prestarão o compromisso legal de dizer a verdade: os
menores de 14 anos, doentes mentais e:

IPC: Não caberá a recusa destas pessoas se for a única forma de se obter ou integrar a prova
do fato.

Agentes diplomáticos: desobrigados a depor como testemunha (Convenção de Viena).

Magistrados e promotores: não podem atuar nos casos em que tenham figurado como testemunha.

Deputados e senadores: não são obrigados a depor sobre informação relacionada ao exercício do
mandato e os sujeitos emitentes ou receptores de tais informações (art. 53, CRFB).

Corréu: incompatibilidade, devido a possibilidade do interrogatório.

Advogado: prerrogativa de se recusar a depor. Renato Brasileiro afirma que apenas se estiver
correlação entre o depoimento e o conteúdo da confidência da atividade enquanto advogado.

2) Dever de comparecimento: determina a condução coercitiva, em caso de ausência injustificada, sujeitando-


se ao pagamento das custas da diligência, multa e até mesmo a processo criminal por desobediência (art. 219,
CPP).
Local e tempo previamente ajustado com a testemunha, nos casos:

Testemunha residir em outra comarca, sendo inquirida por meio de CP:

Súmula 155/STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de
precatória para inquirição de testemunha.

Súmula 273/STJ: Intimada a defesa da expedição da CP, torna-se desnecessária intimação da data da
audiência no juízo deprecado.

IPC: Tendência da jurisprudência de que o interrogatório não pode ser feito antes do retorno da CP.

Necessidade de presença do acusado nestes atos deprecados? No caso de acusado preso, STF entende que,
desde que tenha havido prévio requerimento do acusado, a ele deve se assegurar o direito de presença perante
o juízo deprecado (Lima, 2017).

3) Dever de comunicar mudança de residência: dentro de 1 ano, fica sujeita a comunicação de qualquer
mudança de residência. Caso não o faça e precisando ser ouvida, incorre nas consequências do art. 219, CPP
(multa, condução coercitiva, pagamento da diligência, responsabilidade por desobediência).

Entendemos, portanto, que a mera ausência de comunicação não pode desaguar em tais sanções,
como prevê o art. 224 do CPP. A omissão deve ter reflexos efetivos, ou seja, deve frustrar intimação
para que ela seja novamente ouvida (Távora, 2017).

Classificação das testemunhas

a) Numerária: são as testemunhas arroladas pela parte e que prestam o compromisso legal.
b) Extranumerárias: não são computadas para verificação do limite de testemunhas.
c) Direta: testemunha que presenciou ou visualizou o acontecimento.
d) Indireta: não presenciou diretamente o crime, mas teve conhecimento sobre o fato por outras pessoas.
Não pode ser aceita como verdadeira prova testemunhal, mas sim como uma ‘prova de segunda mão’.
e) Própria: depõe sobre a imputação feita ao acusado na peça inaugural do processo
f) Imprópria ou fedatária: depõe sobre um ato processual, geralmente para atestar a sua regularidade.
g) Informante: pessoas que não prestaram o compromisso de dizer a verdade:
• Menores de 14 anos
• Deficientes mentais
• Parentes do réu enumerados no art. 206, CPP
o Amigo íntimo e inimigo capital? Não estão dispensados do compromisso, devendo
ser compromissados, mas deve constar esta condição especial que torna suspeito o
depoimento, a fim de que a prova seja valorada pelo juiz.
o Tios, primos e cunhados: sujeitos normalmente ao compromisso de dizer a verdade,
pois são parentes colaterais.
h) Referida: são pessoas referidas por outras testemunhas durante o seu depoimento.
i) Depoimento ad perpetuam rei memoriam
j) Anônima: cujos dados da qualificação permanecem em sigilo
k) Ausente: falta para prestar depoimento

Procedimento para oitiva de testemunhas: o arrolamento das testemunhas ocorre na apresentação da peça
acusatória e, para a defesa, na resposta à acusação, sob pena de preclusão.

Número máximo das testemunhas


Intimação das testemunhas: pessoalmente e por mandado (art. 370 c/c 351, CPP).

Testemunhas militares e funcionários públicos:

Substituição de testemunhas

Desistência da oitiva de testemunha: é um direito da parte, que poderá desistir da inquirição de qualquer das
testemunhas arroladas.

Juiz pode, de ofício, decidir ouvir testemunhas além das indicadas pela parte.

Tribunal do Júri: a parte pode desistir da oitiva de testemunha arrolada, desde que o faça antes do
início da sessão de julgamento. Após a abertura da sessão, só poderá desistir com a concordância do
juiz-presidente, dos jurados e da parte adversa.

Incomunicabilidade: cabe ao juízo fiscalizar a incomunicabilidade antes e durante a audiência.


Retirada do acusado da sala de audiência

‘’E se o comportamento do advogado perante a testemunha for inconveniente? Deverá o magistrado


determinar, igualmente, sua retirada da sala de audiências, adiando o ato e adotando as medidas
administrativas (v.g., comunicação à OAB) e legais (nas hipóteses de prática criminosa, como desacato,
desobediência, injúria etc.) cabíveis ao caso. Evidentemente, o ato não poderá ser realizado sem a
presença de defensor, devendo-se, nesse caso, facultar ao acusado a constituição de outro, ou,
recusando-se este, nomear-lhe defensor dativo (Avena, 2017).’’

Contradita e arguição de parcialidade da testemunha

Colheita do depoimento:

Cross-examination ou exame cruzado: pelo fato de a inquirição ser feita pela parte que não arrolou a
testemunha, e que, por isso e em tese, não produziria diretamente a prova. Essa possibilidade de
inquirição direta contribui para a simplificação da colheita de provas, neutralidade do magistrado e
atribui responsabilidades aos sujeitos parciais do processo penal.

Afronta ao art. 212, CPP: A consequência desta inobservância caracteriza nulidade relativa, sendo
necessária a comprovação de prejuízo, sob pena de preclusão.

STF (HC 187.035/2021): Magistrado não pode ser protagonista na inquirição de testemunhas.
Anulou a instrução em razão da inobservância deste artigo (indução e sugestão de respostas
pela juíza).

Inversão da ordem de inquirição das testemunhas: inicia-se pelas testemunhas de acusação, depois as da
defesa.

Permitida a inversão nos casos de:

a) Oitiva por CP
b) Testemunha que tenha de se ausentar ou por enfermidade e velhice, inspirar receio de que o
tempo da instrução criminal já não exista.
É causa de nulidade relativa, devendo demonstrar o prejuízo (pas nullité sans grief 1).

Não se deve aceitar que, em caso de não comparecimento de uma das testemunhas de acusação, se
possa inverter a ordem de oitiva de testemunhas, colhendo-se o depoimento das testemunhas de
defesa presentes, para somente depois, em outra audiência, ouvir a testemunha de acusação.

Direito ao confronto e produção de prova testemunhal incriminadora: direito fundamental do acusado a


presenciar e participar da colheita da prova oral contra ele produzida em audiência pública.

IPC: O Brasil é signatário da Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção
de Palermo) de 2000, a qual foi incorporada ao nosso ordenamento jurídico pelo Decreto n° 5.015/2004. Em seu
art. 24, esse tratado determina que cada Estado-Parte adote medidas para a proteção eficaz contra atos de
violência ou intimidação das testemunhas que depõem sobre infrações previstas na própria Convenção e de
seus familiares.

RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS (art. 226)

Conceito: ato pelo qual um indivíduo descreve, verificar e identifica outra pessoa ou coisa que lhe é apresentada,
como sendo aquela que viu no passado.

Fases:

• Descrição: será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida.


• Comparação: a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocado, se possível, ao lado de outras
que com ela tiverem qualquer semelhança.
• Indicação: convidada a fazer o reconhecimento da pessoa.

Auto de reconhecimento: deve constar auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pessoa chamada a
proceder ao reconhecimento e 2 testemunhas presenciais.

Doutrina: dispensa-se o auto pormenorizado quando o reconhecimento for feito em juízo.

Inobservância do procedimento:

1
Não há nulidade sem prejuízo
Corrente majoritária: trata-se de mera irregularidade.

STJ, recentemente, admitiu a nulidade:

Reconhecimento fotográfico: sem previsão legal (prova inominada).

Admite-se? Sim, cabendo ao juiz atribuir valor probatório, conforme o livre convencimento e o contexto
dos autos. Recentemente, STJ afirmou não ser possível, devido a dificuldade de reconhecimento.

Reconhecimento fonográfico: aplica-se o mesmo raciocínio.

Acareação: será admitida entre acusados, testemunhas e pessoas ofendidas.

Serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de
acareação.

É visto como um meio de prova.

Pode ocorrer no inquérito? Sim, previsto no art. 6º, VI.

É possível por precatória e também por videoconferência? Sim.

PROVA DOCUMENTAL
Documento: qualquer forma corporificada que represente um fato juridicamente relevante (fotografia,
filmagem, gravação, pintura, desenho, e-mail.

Espécies:

a) Original
b) Cópia
c) Público: emitido por funcionário público no exercício de suas funções.

IPC: Os documentos públicos gozam de presunção relativa (juris tantum) de autenticidade; ou seja,
admitem prova em contrário e podem ser submetidos a perícias, havendo fundada suspeita de
falsificação (Távora, 2017).

d) Particular: emitidos por particulares.

Produção da prova documental: as partes podem apresentar documentos a qualquer tempo durante o
processo.

Exceção:

• Art. 479: Durante o julgamento não será permitido a leitura de documento ou exibição de objeto se
não for juntado aos autos com antecedência mínima de 3 dias úteis.
• As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo.

Para Pacelli & Fischer: a previsão do art. 234, CPP, não ofende o sistema acusatório. ‘‘Em razão do princípio da
investigação, pode e deve o juiz (e tribunal) determinarem prova, ex officio, sempre a partir daquelas produzidas
pelas partes, com o intuito de esclarecer dúvidas sobre pontos relevantes do processo, de modo a permitir um
julgamento mais seguro quanto à correta aplicação da Lei penal.’’

Tradução de documentos em língua estrangeira: por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada
pela autoridade.

STJ e STF: faculdade legal do magistrado quanto à determinação da tradução dos documentos em
idioma estrangeiro.
A tradução pode ser indeferida fundamentadamente pelo juiz quando verificar que o
documento não guarda relevância jurídica ou não interessar ao processo (Távora, 2017).

Restituição de documentos:

INDÍCIOS

Conceito: circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se
a existência de outra ou outras circunstâncias.

Natureza jurídica: meio de prova para a doutrina majoritária.


É uma prova indireta. Indícios
podem gerar uma condenação? Indícios, por si só, não podem gerar
condenação, por inexistir convicção acerca da prática do ato delitivo.
Entretanto, é possível de acordo com a peculiaridade de cada caso, sendo
admitido a condenação caso existem diversos indícios indicando para um
mesmo horizonte. Sistema do livre convencimento.
Indício positivo e indício negativo (contraindício): o positivo ratifica a tese
sustentada, é o indício que aponta a existência de algo que se quer provar.
Enquanto o indício negativo, confome AVENA: “São circunstâncias que
invalidam, em determinadas condições e circunstâncias, os indícios colhidos
contra alguém.

BUSCA E APREENSÃO

Natureza jurídica: varia conforme as circunstâncias.


Meio de prova, meio de obtenção de prova, medida acautelatória, providência assecuratória.

Determinação: de ofício ou a requerimento das partes.

Há divergência doutrinária quanto a possibilidade de determinação de ofício.

Objeto: a busca será domiciliar ou pessoal.

Pessoal: quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos
mencionados no art. 239, CPP. Deve ser feita pelo agente do Estado (proibido seguranças particulares).

Domiciliar: apenas quando houver determinação judicial ou caso o magistrado o faça pessoalmente
(sem necessidade de mandado), conforme o art. 241, CPP.

Fundadas razões (art. 244): Na dicção do Supremo Tribunal Federal, “a fundada suspeita prevista no
art. 244 do CPP não pode fundar-se em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos
concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa.

IPC: Lei de abuso de autoridade prevê que cometerá crime de abuso de autoridade o agente que cumprir
mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h.

Observações sobre a inviolabilidade da casa


Acerca do escritório de advocacia

Mandado de busca: requisitos art. 243, CPP.

OBSERVAÇÕES GERAIS
Não há nulidade se o juiz indefere, de modo fundamentado, a oitiva das vítimas do crime. Em regra, o ofendido
deverá ser ouvido na audiência de instrução. No entanto, a obrigatoriedade de oitiva da vítima deve ser
compreendida à luz da razoabilidade e da utilidade prática da colheita da referida prova. STF. 1ª Turma. HC
131158/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2016 (Info 823).

TUTELA E MEDIDAS CAUTELARES

Tutela: defesa, amparo ou proteção.

A tutela jurisdicional pode se dar em vários níveis e momentos, antecedente ou incidental, em caráter
sumário ou exauriente, a título preventivo ou satisfativo, de modo cautelar/provisório ou definitivo.

Cautela: cuidado, prevenção ou precaução.

As medidas cautelares servem para minimizar os males do tempo do processo, pois tenta evitar o
perecimento do objeto.

Tutela cautelar jurisdicional corresponde a uma justa precaução que se toma, a nível de administração
da justiça (jurisdictio), para proteção dos jurisdicionados.

No processo penal, este risco pode ser trazido sobretudo pela liberdade do acusado, que poderá
comprometer interesses relevantes ao longo do processo, seja destruindo fontes de provas, ameaçando
testemunhas, fugindo ou, ainda, continuando a praticar delitos.

As providências cautelares são determinadas em caráter antecedente (sem que haja uma ação penal,
em fase de investigação) ou incidental (durante o andamento de um processo).

Calamandrei: sem a cautelar ter-se-ia um remédio longamente elaboradora para um doente já morto.

Conflito: entre efetividade/eficiência e os direitos/garantias.

CPP: Não temos processo cautelar – estruturado, autônomo -, há medidas cautelares previstas de forma
assistemática em várias partes do CPP e fora dele.

Além das medidas cautelares, fala-se também em medidas de contracautela, as quais visam à eliminação do
dano provocado pela concessão da medida cautelar, funcionando como uma espécie de antídoto em relação às
medidas cautelares.

Ex: flagrante é uma medida cautelar, caso o juiz conceda a liberdade provisória, esta é considerada
como contracautela.

Modalidades:
Reais/patrimoniais: medidas que atingem bem, evitar o perecimento da coisa. Ex: arresto.

Probatórias: referem-se a provas, evitar que a prova pereça. Ex: determinar inquirição de testemunha
que está doente; deferimento de busca e apreensão.

Pessoais: atingem o indivíduo, liberdade.

Lei nº 12.403/2011 - Superação da bipolaridade: Antes havia um único ‘remédio’ para todos os males e
necessidades processuais: prisão. Agora existe um leque de medidas intermediárias entre a prisão e a liberdade
incondicionada.

Sistema multicautela: na medida em que submete o imputado a um terceiro status, que não implica
prisão e, ao mesmo tempo, não importa em liberdade total: trata-se da sua sujeição às medidas
cautelares diversas da prisão.

Essa mudança reflete tendência mundial consolidada pelas diretrizes fixadas nas Regras das Nações
Unidas sobre medidas não privativas de liberdade, as conhecidas Regras de Tóquio, de 1990.

Princípios

• Necessidade (subsidiariedade, menor ingerência): medidas cautelares devem ser concedidas da forma
menos gravosa, apenas quando estritamente necessária.
o 1ª pergunta: é necessário realizar esta medida? As coisas não podem permanecer do jeito que
estão?

o Com presença de requisitos, poderia o juiz não decretar preventiva? Poderia, tendo em vista
a possibilidade de atingimento da finalidade de proteção do bem jurídico com a adoção de
outra medida cautelar, menos gravosa ou de acordo com a necessidade do caso. Em suma,
observar a adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
pessoais do indiciado ou acusado.
o A justificativa/razão final da cautela quase não varia, somente a dose/grau de sacrifício pessoal
decorrente de cada uma delas.
o IPC: A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da
substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos
elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.

• Duração razoável do processo


o Razoabilidade e alguns critérios devem ser observados: complexidade da causa, atuação dos
agentes do Estado e atuação da defesa.
o Consequência para a demora?
a) Réu solto: sem previsão expressa de sanção.
b) Réu preso: constrangimento ilegal (tutelável por HC), relaxamento da medida
cautelar.

IPC: STF admite o trancamento do IP por afronta a duração razoável do processo.

• Jurisdicionalidade (reserva de jurisdição): as medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a


requerimento das parte ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade
policial ou mediante requerimento do MP.
o Due process of law
o Medida cautelar proferida por magistrado e em caráter jurisdicional.
o Somente o juiz pode decretar medidas cautelares? Em regra geral, apenas o magistrado,
entretanto há exceções:

• Proporcionalidade: necessidade e adequação, é essencial em toda a normatização que envolve a


aplicação de medida cautelar (MC).
o Art. 283: as medidas cautelares apenas se aplicam aos crimes que cominam pena privativa de
liberdade.
o Art. 313: as prisões preventivas aplicam-se apenas aos crimes dolosos com pena PPL máxima
superior a 4 anos.

Características das medidas cautelares

• Instrumentalidade
• Acessoriedade
• Provisoriedade

2
Lei vigente, porém não eficaz. Eficácia suspensa pelo STF.
3
É considerada uma medida contracautela, tendo em vista que o sujeito já estaria preso preventivamente. Ex:
descaminho, furto simples.
• Sumariedade: sua análise não envolve uma cognição exauriente/profunda.
• Variabilidade/substitutividade/revogabilidade: reflete a possibilidade de variação, mudança ou
substituição que as medidas cautelares têm, podendo ser revogadas ou alteradas a qualquer tempo,
conforme os princípios da necessidade e adequação.
• Homogeneidade: as MC devem ter simetria com o provimento final, não podendo ser mais gravosas.
• Excepcionalidade
• Cumulatividade
• Referibilidade: MC é medida de proteção de específico e concreto direito material, deve estar ligada
concretamente a uma situação de direito material.
• Não definitividade: não faz coisa julgada material - trânsito em julgado.
• Gradualidade
• Preventividade

Pressupostos genéricos:

• Fumus comissi delicti: caracteriza uma espécie de juízo de probabilidade em relação à culpabilidade,
materialidade e autoria; uma espécie de diagnóstico criminal.
o Juízo do provável (com mais elementos em uma direção do que outra), não com o juízo do
possível (inexistem razões fortes, neutro).

• Periculum in moralibertatis: caracteriza um juízo de probabilidade da ocorrência de um dano.


o Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

Procedimento (art. 282, cpp)

• Aplicação isolada ou cumulativamente.


• Legitimidade
o Serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação
criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do MP.
o Divergência na doutrina quanto a necessidade de aquiescência do MP quando a medida
cautelar for solicitada diretamente por representação da autoridade policial. Como titular da
AP, o MP deve ser ouvido, é consolidado e unânime, o questionamento é quanto a vinculação
das manifestações.

• Contraditório prévio: é a regra, devendo intimar a parte contrária para se manifestar, no prazo de 05
dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessários.
o Salvo: casos de extrema urgência ou de perigo de ineficácia da medida.

• Descumprimento: mediante requerimento, poderá substituir a medida, impor outra ou, em último
caso, decretar a prisão preventiva.

Em caso de descumprimento de medidas cautelares, questão que se coloca é a seguinte: o juiz pode
decretar a prisão diretamente? Ou, antes, precisa substituir a medida ou impor outra em cumulação?
Se a substituição ou a cumulação de plano se revelarem inadequadas, está autorizado o juiz a decretar
a preventiva.

O juiz apenas poderá agir em caso de provocação dos legitimados, mesmo em caso de descumprimento
da MC. Ex: suponha que o réu esteja afiançado; não obstante, em descumprimento ao que estabelecem
os artigos 327 e 328 do CPP, não comparece na audiência e muda de residência sem avisar; pela lei, o
juiz vai se restringir a reconhecer a revelia do acusado (art. 367), mas não poderá, se isso não for
requerido pelo Ministério Público, substituir a fiança por outra medida cautelar ou mesmo decretar a
preventiva (art. 311).
• Revogação: o juiz pode, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la
quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem.

Pacote Anticrime vedou a atitude oficiosa do juiz, aqui a Lei 13.964/2019 introduziu a locução
de ofício ou a pedido das partes; ou seja: para revogar ou ‘abrandar’ a medida cautelar
(substituir por uma menos gravosa), o magistrado não precisa ser provocado por ninguém.
Pode ‘tomar a iniciativa’.

• Preferência: as MC diversas são preferíveis em relação à prisão - última ratio.

IPC: O Pacote Anticrime, aqui, introduziu no texto, expressamente, a necessidade de o juiz ‘justificar de
forma fundamentada e individualizada’. Significa dizer: o magistrado, em cada caso concreto (cada qual
tem as suas circunstâncias), dizer porque não é possível, para aquele específico imputado (porque as
condições pessoais são distintas de sujeito para sujeito), uma medida cautelar diversa.

• Admissibilidade: aplicável apenas às infrações cominadas com pena privativa de liberdade.


o Admite-se MC para crimes culposos? Para aplicação da MC não há essa distinção, apenas é
necessário a PPL. Por outro lado, a prisão preventiva (MC), de regra (caso não incida em outra
hipótese de admissibilidade, não cabe para os crimes culposos (art. 313, I, CPP).

Recursos cabíveis

♦ Por parte da acusação: da decisão que nega/cassa a fiança ou indefere/revoga prisão preventiva cabe
RESE.

-RESE advém de uma interpretação extensiva, segundo a doutrina. Pelo artigo 581, CPP, prever
RESE para indeferimento do requerimento de prisão preventiva.

-Delegado não tem capacidade postulatória, nem legitimidade para recorrer.

-RESE não detém efeito suspensivo, sendo possível ao legitimado impetrar MS, objetivando a
concessão de efeito suspensivo ao RESE.

-Será necessária a intimação do acusado para apresentar contrarrazões? Deve o magistrado


intimar (art. 581, I, CPP e Súmula 707, STF). A depender do caso concreto há de se averiguar
se o contraditório não tem o risco de esvaziar a eficácia da medida cautelar. Se tiver, dispensa-
se o contrário, sendo uma exceção, a fim de preservar a eficácia e a utilidade da MC pretendida.

♦ Por parte da defesa: regra geral de que não cabe recurso, por ausência de previsão legal.

-Exceção: à decisão que nega, cassa ou julga inidônea a fiança. Geralmente há preferência pelo
HC, por ser célere. STF aceita tal possibilidade:
Detração: o tempo em que o sujeito fica submetido a medidas cautelares deve ser considerado para efeito de
detração? Parte da doutrina admite o cômputo, desde que haja semelhança/paridade entre a MC aplicada e a
pena final que se consolidou.

Poderia ser descontado o período de internação provisória e de prisão domiciliar.

Medidas cautelares diversas

1. Comparecimento periódico em juízo: no prazo e condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades.

2. Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares: quando, por circunstâncias relacionadas


ao fato, deve permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações.

3. Proibição de manter contato com pessoa determinada

Não se restringe apenas à figura da vítima. STJ: Já proferiu aplicação em relação a um corréu.

A medida só se justifica quando as circunstâncias do fato demonstrarem a sua necessidade.

O ideal é que a vítima ou pessoa com quem o investigado ou acusado está proibido de manter
contato seja informada acerca desta decisão.

4. Proibição de se ausentar da comarca: referente a comarca em que residir o agente (semelhante a


condição do sursis), ressalvando que comarca é mais abrangente do que município, sendo possível o
livre trânsito entre os Municípios pertencentes a uma mesma comarca/circunscrição. Pode o
magistrado estabelecer um prazo de tolerância, em que seja permitido ao acusado ausentar-se da
comarca sem necessidade de autorização judicial.

5. Recolhimento domiciliar: no período noturno e nos dias de folga, se tiver residência e trabalho fixos.

Pacelli & Fischer: possibilidade de detração da pena para os casos de recolhimento domiciliar.
6. Suspensão do exercício de função ou atividade: quando houver justo receio de sua utilização para a
prática de infrações penais.

Aplicável também a detentores de cargos eletivos, conforme o STF, na Ação Cautelar nº


4.070/DF:

Possibilidade ou não de suspensão da remuneração do funcionário público? “Em face do


status de inocência, e por ser mera suspensão, o subsídio continuará sendo provido” (Távora,
2017).

7. Internação provisória: crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem
ser inimputável ou semi-imputável e houver risco de reiteração.

8. Fiança: para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou
em casos de resistência injustificada à ordem judicial.

Pode ser concedida pela autoridade policial nos casos de infração cuja PPL não ultrapasse 4
anos.

Art. 343, CCP: o quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu
valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso,
a decretação da prisão preventiva.

Possível a fixação de fiança para primários ou reincidentes que tenham praticado crime doloso
punido com pena privativa de liberdade. A lei não faz restrição alguma a esse respeito.

9. Monitoração eletrônica: com o advento da Lei 12.403/2011, passou a ser plenamente possível a
aplicação do monitoramento eletrônico como medida cautelar diversa da prisão durante a fase
investigatória e processual.
Três finalidades do monitoramento: detenção (manter o indivíduo em lugar predeterminado),
restrição (indivíduo não frequente certos lugares) ou vigilância.

Descumprimento dos deveres: é descumprir a própria MC, podendo o juiz, mediante


requerimento dos legitimados, substituir a medida, impor outra em cumulação ou decretar a
prisão preventiva.

10. Suspensão da posse ou restrição do porte de armas


11. Restrição ou suspensão de visitas a menores
12. Suspensão da habilitação

Poder geral de cautela no processo: art. 297, CPC, o juiz poderá determinar as medidas que considerar
adequadas para efetivação da tutela provisória.

ALEXANDRE CÂMARA, é um “poder atribuído ao Estado-juiz, destinado a autorizar a concessão de


medidas cautelares atípicas, assim compreendidas as medidas cautelares que não estão descritas em
lei, toda vez que nenhuma medida cautelar típica se mostrar adequada para assegurar, no caso
concreto, a efetividade do processo principal.

O CNJ já admitiu alienação antecipada de bens (Recomendação 30, de 10/2/2010), com base no poder
geral de cautela.
Desde que subsidiariamente e com respeito à proporcionalidade não vemos óbice na sua utilização8,
até mesmo em observância aos interesses que envolvem o processo penal, e, considerando que a lei
nunca consegue dar conta da variedade e complexidade das situações concretas (exemplo: suspensão
do uso de internet e/ou de telefone).

MANUAL PRÁTICO DE DECISÕES PENAIS

Atualizado em 20/06/2018, ENFAM.

Somente pode ser imposta uma das cautelas previstas em lei se estiver demonstrada a necessidade para a
“aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para
evitar a prática de infrações penais”.

Somente se medidas alternativas à prisão se mostrarem insuficientes para impedir a turbação da prova,
a fuga do réu ou a prática de novos crimes, o juiz poderá decretar a medida mais extrema: a prisão
preventiva.

Significa que tanto para decretar uma prisão preventiva quanto para outra cautela (p.ex.: fiança, monitoramento
eletrônico, recolhimento domiciliar etc.) é preciso que exista um risco na manutenção da liberdade do réu
(periculum libertatis).

Análise sobre a possibilidade de imposição de MC cautelar pessoal:

a) É cabível medida cautelar para aquele crime? O crime é punido com PPL?
b) Existem nos autos prova do crime e indícios suficientes de autoria? (Realizar diagnóstico da
materialidade e da autoria, um juízo de probabilidade da imputação)
c) A liberdade do réu representa risco concreto – que deve ser indicado e não presumido – para a
preservação da instrução criminal ou para aplicação da lei penal ou de prática de novas infrações
penais.
d) Esse risco concreto pode ser evitado por medidas cautelares menos gravosas que a preventiva? Se até
aqui as análises foram positivas, a MC deve ser deferida, restando apenas definir qual delas.
e) Avaliação, pelos critérios do inc. II do art. 282 do CPP, qual (ou quais porque elas podem ser cumuladas,
art. 282, § 1º) é a mais adequada, lembrando que prisão só em último caso (subsidiariedade) –
adequação

Além disso, ao fundamentar a necessidade da prisão, o juiz deverá:

1. Resumir, ainda que em poucas linhas, os fatos atribuídos ao réu


2. Esclarecer o risco que representa manter o réu sem nenhuma providência cautelar
3. Explicar por que considera que, embora exista o referido risco, não é necessário o uso de medida mais
gravosa (prisão preventiva) e que a imposição de outras medidas alternativas à prisão é adequada e
suficiente para proteger os referidos interesses cautelares (instrução, aplicação da lei penal ou evitar
infrações penais).
4. Individualizar a cautelar, seguindo os critérios legais, conforme a gravidade e circunstâncias do fato,
condições pessoais do indiciado ou acusado.
5. Identificar as medidas e justificá-las de acordo com o caso concreto.
OBSERVAÇÕES

-Da decisão que concede pedido de liberdade provisória cabe RESE. Da decisão que nega liberdade não cabe
recurso, mas admite HC.

IPC: No caso de descumprimento das cautelares alternativas fixadas, o juiz poderá (desde que haja
requerimento) decretar a prisão preventiva ainda que não esteja presente nenhum dos casos previstos nos
incisos do art. 313 do Código de Processo Penal.

-Mesmo que presente mais de um dos requisitos previstos no art. 312 do CPP, o juiz somente poderá converter
a prisão em flagrante em preventiva quando se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares
diversas da prisão.

Decretação da prisão preventiva

 Crimes dolosos punidos com PPL máxima superior a 4 anos


 Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado
 Se o crime envolver violência doméstica e familiar (mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo, PDC)
 Descumprimento das cautelares alternativas fixadas (dispensa-se os demais requisitos para a
decretação da prisão preventiva, ou seja, não precisa o crime ser punido com PPL máxima superior a 4
anos).

PRISÃO - Aula 07
Conceito: privação de liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir, através do reconhecimento da pessoa humana
ao cárcere (Nucci).
Não se confunde com custódia, que é o recolhimento da pessoa ao cárcere, pessoa sob guarda,
proteção de outrem.

Espécies:

a) Prisão extrapenal: prisão civil, administrativa e militar.


b) Prisão penal, sanção, definitiva: ocorre para o cumprimento de PPL. Pressupõe existência de uma
sanção imposta, de finalidade repressiva e ressocializadora, não cautelar ou preventiva.
a. Reclusão
b. Detenção
c) Prisão processual, provisória ou cautelar: aquela realizada antes da condenação final, durante a
investigação ou processo.

Poder de polícia

Prisão cautelar ou provisória (gênero): não se admite punição antecipada sob a roupagem de custódia cautelar,
de antecipação de cumprimento da pena. Só cabe na fase de investigação, não pode ser decretada durante a
ação penal.

Deve haver plausibilidade do direito e existir urgência ou necessidade da medida (fumus comissi delicti
e periculum libertatis).

Lima: A prisão cautelar deve estar obrigatoriamente comprometida com a instrumentalização do


processo criminal. Trata-se de medida de natureza excepcional, que não pode ser utilizada como
cumprimento antecipado de pena, na medida em que o juízo que se faz, para sua decretação, não é de
culpabilidade, mas sim de periculosidade.

Tipos:

• Prisão em flagrante
• Prisão temporária
• Prisão preventiva
Divergência quanto a saber se a cautelaridade das prisões provisórias deve ser verificada em relação ao
processo ou também a bens, direitos e valores extraprocessuais (sociais)? Rangel defende que deve ser
constatada somente em relação ao processo, enquanto Mougenot abarca que ‘‘as prisões cautelares têm por
finalidade resguardar a sociedade’’.

Direitos e garantias individuais do preso

1. Respeito à integridade física e moral

Divergência doutrinária se seria uma obrigação de cumprimento pela autoridade policial


(Lima), ou se o exame de corpo de delito é realizado apenas quando houver suspeita de
agressão ilegal ao preso (Nucci).

Integridade física e moral do preso e exposição à mídia: casos críticos como ‘Escola Base’ e ‘o
crime do Bar Bodega, em São Paulo’. Pacote Anticrime prevê como responsabilidade do juiz de
garantias o asseguramento da imagem do preso, impedindo acordo ou ajuste de qualquer
autoridade com órgãos da imprensa (art. 3º-F) 4.

4
Efiácia suspensa pelo STF.
Uso de algemas: deve ser justificada por escrito. (Súmula 11, STF)

a) Finalidade de: impedir, prevenir ou dificultar a fuga ou reação indevida do preso, desde que haja
fundada suspeita ou justificado receio de que tanto venha a ocorrer
b) Finalidade de evitar agressão do preso contra os próprios policiais, contra terceiros ou contra si
mesmo.

IPC: É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares.

2. Comunicação imediata da prisão: à família do preso ou pessoa por ele indicada, juiz competente e ao
MP. A não comunicação pela autoridade pode ensejar no crime de abuso de autoridade.

A ausência de comunicação gera reflexos para a pessoa presa, resultando em eventual


relaxamento da prisão? Há divergência doutrinária. Para Lima, haveria grave violação a
preceito constitucional, tendo necessidade de relaxamento. Outros entendem que não teria
necessariamente este condão de relaxamento.

STJ: O atraso - desde que não seja demasiado - na comunicação da prisão ao juiz
competente, por si só, não gera a mácula do flagrante, se observados os demais
requisitos legais

Preso estrangeiro: comunicação da Missão Diplomática do Estado de origem do detento. Segunda o


STF, este ato oportuniza a ‘a possibilidade de receber auxílio consular de seu próprio país’. Resolução
nº 162, CNJ normatiza a questão.

Prazo: 05 dias.
Incumbe à autoridade judiciária, após a realização das perícias pertinentes, encaminhar o
passaporte do preso estrangeiro à respectiva missão diplomática.

3. Direito ao silêncio

4. Assistência de advogado: a omissão quanto a comunicar a DP é vista pelos tribunais superiores como
mera irregularidade, incapaz de macular o procedimento ou gerar o relaxamento da prisão.

5. Identificação dos responsáveis pela prisão: é feita mediante a entrega da nota de culpa, que deverá
ser feita no mesmo prazo de encaminhamento dos autos ao juiz (24 horas), contadas da captura.

IPC: No caso de prisão temporária e preventiva os elementos referentes à identificação dos


responsáveis, razões etc, são levados ao conhecimento do detido por meio da entrega de cópia
do mandado de prisão, nos termos do art. 286, CPP.

STJ: O atraso na entrega da nota de culpa ao investigado preso em flagrante, embora constitua
irregularidade, não determina a nulidade do ato processual regularmente válido.

A ausência injustificada da entrega ao preso da nota de culpa: responde a autoridade por abuso
de autoridade.

6. Relaxamento da prisão ilegal

Brasileiro: “o relaxamento da prisão ilegal não tem natureza de medida cautelar, nem
tampouco de medida de contracautela, funcionando, na verdade, como garantia do réu em
face do constrangimento ilegal à liberdade de locomoção decorrente de prisão ilegal.

Ele até pode fixar medidas cautelares durante a persecução penal, mas por razões
outras que não aquelas decorrentes da prisão que se reconheceu ilegal.

Eventual proibição/impedimento da liberdade provisória, inviabilizaria o


relaxamento da prisão cautelar? Não. Nesse sentido tem a Súmula 697, STF, em que
‘’A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o
relaxamento da prisão processual por excesso de prazo’’.

Duas análises a serem feitas:

a) Verificar se a prisão é legal, se atende aos comandos normativos: se não for, deve ser
relaxada. Em caso positivo, segue para o próximo passo:
b) Analisar se existe necessidade de manutenção da prisão, se estão presentes os
requisitos da prisão preventiva (art. 312, CPP).
Uma das situações que pode implicar em constrangimento ilegal, tendo como consequência o
relaxamento da prisão provisória, é o excesso de prazo para a finalização do inquérito ou
mesmo do processo.

O Delegado de Polícia pode relaxar a prisão ilegal? Não, é restrito a autoridade judiciária.

7. Audiência de custódia: apresentação do preso provisório (flagrante, preventiva e temporária) ao juiz.,


com o intuito de analisar a legalidade da prisão, se houve alguma arbitrariedade e avaliar sobre a
necessidade e adequação de medidas cautelares.

Trata-se de uma garantia convencional prevista no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos e no Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos),
ambos incorporados ao direito positivo brasileiro, que teve a inserção no CPP com o Pacote
Anticrime.

Resolução nº 213/2015, CNJ: regulamenta a audiência de custódia, com o intuito de diminuir


o número de pessoas presas provisoriamente no país e combater/reduzir os casos de torturas
de presos.

Esta resolução equivale a comunicação do flagrante e o encaminhamento do auto,


como a jurisprudência tem feito.

Prazo máximo para realizar a audiência: 24 horas, após realizada a prisão (comunicação ao
juiz).

Se não feita neste prazo, ensejará na ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela
autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de
prisão preventiva.

Se tiver ocorrido sem motivação idônea, a autoridade que deu causa responderá
administrativa, civil e penalmente pela omissão.

Dispositivo com a eficácia suspensa, por liminar na ADI 6.305.


STF: A manutenção de algemas no paciente durante a audiência de instrução e julgamento é
possível, desde que apresentada fundamentação idônea.

PRISÃO EM FLAGRANTE

Conceito: Segundo NOGENT-SAINT-LAURENTS, o “flagrante delito implica a plena posse da evidência, a


evidência absoluta, quanto ao fato que acaba de cometer-se, que acaba de ser provado, que foi visto e ouvido
e, em presença do qual, seria absurdo ou impossível negá-lo’’.

Prisão (CAPEZ): ‘‘É, portanto, medida restritiva da liberdade, de natureza


cautelar e processual, consistente na prisão, independente de ordem escrita do
juiz competente, de quem é surpreendido cometendo, ou logo após ter
cometido, um crime ou uma contravenção’’.

Aplicação: tanto para os crimes, como contravenções.

Há hipóteses de dispensa do auto? Sim, a Lei 9.099/95 dispensa a imposição formal da prisão quando
o autor do fato comparece ou assume o compromisso de comparecer ao Juizado Especial.

Finalidade: exemplaridade, satisfação (restituir a tranquilidade aos bons), prestígio (restaurar a confiança na
lei), frustrar o resultado, evitando a consumação do crime ou ao menos o seu exaurimento e proteger o preso
contra a exasperação do povo.

Natureza: prevalece a de que a prisão em flagrante é espécie de cautelar, ao lado da temporária e preventiva.

TALES CASTELO BRANCO: a prisão em flagrante é um ato de coação extrajudicial. “É


prisão porque restringe a liberdade humana; é penal porque foi realizada na área
penal; é cautelar porque expressa uma precaução (uma cautela) do Estado para
evitar o perecimento de seus interesses; e é administrativa porque foi lavrada fora
da esfera processual, estando, portanto, pelo menos no momento de sua realização,
alheia à relação processual, expressando o exercício da atividade administrativa do
Estado” (Branco, 1986).

Como uma medida pré-cautelar: Diante da imperativa redação do art. 310 (deverá), existem apenas três
possibilidades de agir para o juiz que se depara com o auto de prisão em flagrante: relaxa a prisão (se ela for
ilegal); concede liberdade provisória (se não houver necessidade da prisão) ou converte a prisão em flagrante
em preventiva (observando seus pressupostos e requisitos, a necessidade da detenção diante da insuficiência
das demais medidas cautelares e suas hipóteses de admissibilidade).

A prisão em flagrante, por esses imperativos, não pode perdurar durante toda a persecução penal; não
configura mais um título judicial hábil de prisão provisória. É prisão de natureza administrativa,
normalmente formalizada pelo Delegado de Polícia, com prazo certo de duração: até o conhecimento
pelo juiz.
Sujeito ativo da prisão: indivíduo que efetua/realiza a prisão de outro que se encontra em estado de flagrância
(art. 301, CPP).

Espécies:

a) Flagrante facultativo: lei conferiu aos particulares a faculdade de efetuar a prisão de quem
esteja em flagrante delito. Exercício, a cargo da convicção íntima desse particular.
b) Flagrante obrigatório: às autoridades é obrigatória, compulsória efetuar a prisão, sob pena de
responsabilidade civil, administrativa e até criminal pela omissão.

Os integrantes da guarda municipal são obrigados? Para Avena, com a Lei 13.022/2014
(Estatuto Geral das Guardas Municipais) passaram a ter o dever legal de efetuar a prisão do
indivíduo em situação de flagrância.

Condutor da prisão: é a pessoa que apresenta o preso à autoridade que presidirá a lavratura
do auto, nem sempre correspondendo àquele que efetuou a prisão.

Sujeito passivo da prisão: é o agente preso em estado de flagrância.

Regra geral: qualquer pessoa pode ser o sujeito passivo de uma prisão em flagrante.

Exceções:

• Presidente da República: apenas poderá ser preso, por infrações comuns, após o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória.
• Diplomatas estrangeiros: em decorrência de tratados ou convenções internacionais que assim
prevejam, estarão imunes à prisão em flagrante.
• Membros do CN: após a expedição do diploma, só podem ser presos em flagrante por crime
inafiançável. E, ainda assim, os autos serão remetidos à respectiva casa para deliberação sobre
a continuidade ou cessação da custódia do parlamentar.
• Magistrados: apenas podem ser presos em flagrante por crime inafiançável, devendo
comunicar o presidente do Tribunal ao qual é vinculado o juiz:
• Membros do MP: apenas podem ser presos em flagrante por crime inafiançável, devendo
comunicar o PGJ. Se for membro do MPU, comunica àquele tribunal e ao PGR.
• Advogados: podem ser presos normalmente, todavia se for por motivo ligado ao exercício da
profissão, só em caso de crime inafiançável.
• Motorista que presta pronto e integral socorro à vítima: envolvido em acidente de trânsito
não será preso em flagrante, nem se exigirá fiança.

Para os crimes de violência doméstica com pena menor ou igual a dois anos, é possível a prisão em flagrante?
SIM. Embora ordinariamente não ocorra a prisão em flagrante nas infrações de menor potencial ofensivo (por
decorrência do parágrafo único do art. 69 da Lei 9.099/1995), é preciso compreender que a Lei Maria da Penha
(11.343/2006) afasta a Lei dos Juizados (como um todo) para os casos de violência doméstica.

E quanto aos crimes culposos? Haverá a prisão em flagrante do agente? Posição majoritária de que a constrição
da liberdade, nesses casos, é impertinente. Há divergência doutrinária.

Situações de flagrante (art. 302, CPP): é um rol taxativo.

a) Está cometendo a infração penal (flagrante próprio)


b) Acaba de cometê-la (flagrante próprio)
c) É perseguida, logo após, pela autoridade, ofendido ou por qualquer outra pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração (flagrante impróprio, irreal, imperfeito ou quase flagrante)
d) É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração (flagrante presumido ou ficto)

Flagrante impróprio, irreal:

Flagrante preparado ou provocado: crime impossível, por vício na conduta que desnatura o crime, sendo
inviável a sua consumação, conforme artigo 17, CP.

Súmula 145. Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação

Lei Antitóxicos:
Flagrante esperado: é admitido no ordenamento jurídico brasileiro.

Flagrante prorrogado, retardado ou diferido: é a prorrogação da intervenção policial em uma determinada


situação concreta, permitindo a prisão no momento de sua máxima oportunidade e eficiência.

Prevista na Lei de Lavagem de Dinheiro, Lei Antitóxicos e Lei que institui o sistema nacional de políticas
públicas sobre drogas.

Como o flagrante independe de ordem de prisão, aparentemente essa disposição está voltada para os
casos de preventiva.

Flagrante forjado, fabricado, maquinado: particulares ou policiais arquitetam artificialmente uma situação de
(suposto) flagrante de um crime falso ou inexistente, imputando-o a terceiro sabidamente inocente, a fim de
legitimar a sua prisão em flagrante (arbitrária) por tal fato.
Prisão em flagrante nas várias espécies de crime

Crime permanente: enquanto não cessar a permanência configura-se flagrância.

Crimes habituais: aqueles que se consolidam em consequência de uma ação reiterada.

Há divergência doutrinária se seria cabível prisão cautelar nesses crimes.


Crime continuada: quando o sujeito, mediante pluralidade de condutas, realiza uma série de crimes da mesma
espécie, guardando entre si um elo de continuidade (em especial, as mesmas condições de tempo, lugar e
maneira de execução.

Essa ficção jurídica, contudo, é construída por ocasião da sentença e dosimetria de pena. Para os demais
fins, como a própria constatação do estado de flagrância, cada fato constitui uma infração penal per se.

Crimes de ação privada ou de ação penal pública condicionada à representação: a formalização da prisão em
flagrante (lavratura do auto) dependerá da manifestação de vontade da vítima para a sua validade.

Caso a parte não compareça em 24h, o preso deverá ser libertado, sem formalização do auto,
documentando-se a situação em boletim de ocorrência, para efeitos de praxe. O fato de a prisão não
se formalizar ou ser relaxada não impedirá a correspondente e futura persecução penal, desde que, no
prazo decadencial (art. 38 do CPP), seja preenchida a condição de procedibilidade (com o oferecimento
da representação/queixa)

Apresentação voluntária do sujeito a delegacia descaracteriza a possibilidade de prisão em flagrante? É


divergente.

Lavratura do auto de prisão em flagrante delito:

Estrutura procedimental:

a) Deve ser lavrado pela autoridade competente onde tenha ocorrido a captura, mesmo que o crime tenha
sido praticado em localidade diversa.

A não observância dessa atribuição, entretanto, não tem o condão de ensejar nulidade do auto por
incompetência ratione loci, porquanto a autoridade policial não pratica atos de jurisdição, e, portanto,
não detém competência.

Crime federal por delegado de polícia civil estadual? Há divergência jurisprudencial, ora permitindo,
ora entendendo ilegal o flagrante.

b) Condutor e testemunha: em primeiro lugar será ouvido o condutor, que é “a pessoa (autoridade ou não) que
deu voz de prisão ao agente do fato criminoso” (Nucci, 2015). Prestado o depoimento, o condutor assinará o
respectivo termo, sendo-lhe entregue cópia deste e recibo de entrega do preso. Após, são inquiridas as
testemunhas.
c) Interrogatório do preso: o conduzido não é obrigado a responder às indagações da autoridade policial, mas
é imprescindível que esta confira àquele a possibilidade de ser ouvido. Deverão ser colhidas informações a
respeito da existência de filhos do preso, suas condições pessoais e os dados de eventuais responsáveis, como
forma de proteção dos seus interesses.

d) Lavratura e encerramento do auto ou relaxamento da prisão pela autoridade:

e) Remessa do auto em prisão em flagrante à autoridade judiciária

f) Entrega da nota de culpa ao acusado: Meras irregularidades no bojo da nota de culpa não possuem o condão
de provocar as mesmas consequências do que a sua não entrega.

Avena:

Convalidação judicial da prisão em flagrante

-Refere-se às excludentes de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade e em estrito cumprimento do


dever legal.

• Relaxamento da prisão em flagrante ilegal: a prisão em flagrante será legal quando presente os
requisitos materiais (existência de flagrante) e formais (cumprimento das formalidades legais para
lavratura do auto de prisão em flagrante, bem como respeitado os direitos e garantias individuais do
preso. Ausente esses requisitos, a prisão será ilegal e deve ser relaxada.

-A prisão considerada ilegal não representa óbice à decretação de prisão preventiva ou


temporária.

• Conversão da prisão em flagrante em preventiva ou temporária

Prisão temporária, desde que preenchido os requisitos:

a) Demonstrada a imprescindibilidade da prisão do agente para assegurar as investigações


b) Infração penal deve ser crime hediondo ou equiparado (lei 8.072/90) ou um dos listados no
art. 1º, III, da Lei 7.960/89
c) Requerimento do MP ou representante da autoridade policial
d) Demonstração da inadequação ou insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão.

• Concessão de liberdade provisória

OBSERVAÇÕES

PRISÃO PREVENTIVA

Natureza jurídica: é essencialmente a medida cautelar pessoal. Espécie de prisão provisória, balizada por
direitos e garantias individuais. Não pode ser usada como pena (presunção de inocência).
Pressupostos: diretrizes da necessidade para aplicação da lei penal, investigação ou instrução penal e para evitar
a prática de infrações penais. Além da adequação da medida à gravidade do crime.

Referibilidade: relação direta com o caso concreto (processo específico). Para a decretação da prisão preventiva
é necessária a existência de fato que seja crime em tese e que também seja crime na hipótese. Sendo, portanto,
necessário averiguar sobre eventual excludente de ilicitude.

Assim, atualmente, não é necessária prova da excludente, basta que a parte demonstre fundada dúvida
sobre a sua existência (nos termos da parte final do inc. VI do art. 386 do CPP) para afastar qualquer
presunção de ilicitude.

Pressupostos específicos: art. 312, CPP.


Periculum libertatis: princípio da necessidade. A prisão só deve ser decretando quando
realmente imprescindível. Por que o estado natural do imputado (liberdade) representa algum
risco e qual seria esse risco? As respostas devem fazer parte da fundamentação, sob pena de
nulidade.

Além disso, é necessário a urgência (periculum in mora): a jurisprudência vem exigindo a


necessidade de contemporaneidade e atualidade.

Requisitos da prisão preventiva: deve ser analisado conjuntamente com os pressupostos, basta um requisito
para justificar a adoção da prisão preventiva.

Conveniência da instrução penal:

• Visa salvaguardar a instrução do IP ou do processo, que diante da liberdade do agente,


está ameaçada ou corre o risco objetivo de ser desvirtuada. Ex: É o caso de réus que
ameaçam vítimas e testemunhas, destroem evidências materiais ou procuram, de
qualquer modo, atravancar o curso e o desfecho da persecução penal.
• Tem relação com a busca da verdade
• Não precisa esperar acontecer, basta o risco objetivo

Possível o uso do requisito para conseguir as declarações do réu? Não, o princípio tem direito
ao silêncio e a não autoincriminação.

Uma prisão preventiva pode ser decretada por ser conveniente? Decreta-se a prisão se for
necessária, não a conveniência, um lastro de perigo mínimo.

Juiz pode trabalhar com hipóteses/conjecturas? Não, mas deve trabalhar com elementos
objetivos.

Asseguramento de aplicação da lei

• Finalidade: para assegurar que, ao final e com o desfecho do processo, a lei penal tenha
efetividade – essencialmente fazendo com que o imputado se submeta a eventual sanção que
lhe seja imposta em futura decisão condenatória
o Espécie de ‘garantia’ ao cumprimento da pena e de submissão do réu/indiciado ao
que a lei penal lhe reserva diante do processo e do crime que, aparentemente,
cometeu.

• Fuga do acusado é o parâmetro


o STF: se o acusado foge porque considera a prisão injusta, não há fundamento hábil
para a preventiva – ainda mais se a fuga tiver como escopo discutir a legitimidade da
decisão (HC 94246/SP, HC 93803/RJ)

É por isso que a prisão deve estar condicionada à prática efetiva de alguns
comportamentos (alienação de riqueza, afastamento voluntário de funções, por
exemplo) dos quais se possa, junto ao exame das condições pessoais do agente,
justificar a medida.

• STJ: a fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a justificar o decreto da custódia


preventiva para a conveniência da instrução criminal e como garantia da aplicação da lei penal.
• Não precisa esperar acontecer, mas também não se admitem suposições.
• Tese 6/STJ: Citação por edital é suficiente? Não pode ser interpretada por si só como hipótese
de fuga.

Garantia da ordem pública

• O que é ordem pública? Conceito indeterminado.


• O requisito é recente?
• Cautelaridade é extraprocessual/social.
• Parâmetros jurisprudenciais:
o Probabilidade de reiteração de condutas criminosas

A propósito, também os atos infracionais do passado, desde que com critérios, podem demonstrar a
recorrência em atividades ilícitas para efeito de justificar a prisão preventiva em garantia da ordem
pública.

o Gravidade do crime (concreta): recomenda-se que a gravidade abstrata seja tomada


em conta, tanto para fortalecer, quanto para afastar a adequação dessa MC para
determinado crime.

o Periculosidade do agente: a condição do réu como perigoso para o convício social


representa fator de risco para a ordem pública. Ex: agentes frios e calculistas.
o Repercussão negativa do crime
o Credibilidade das instituições do Estado: o desacreditamento das instituições
públicas, eventualmente causado pela prática ou aparente impunidade do crime,
seria também condição para a prisão preventiva.
IPC: No que se refere à prisão para salvaguarda da incolumidade física do próprio imputado,
“atualmente predomina o acertado entendimento de que é incabível. Prender alguém para assegurar
sua segurança revela um paradoxo insuperável e insustentável.

Repercussão negativa do crime: gerando forte sentimento de inconformismo e insegurança praticado


pelo ato. A tutela deve se dar em razão do fato criminoso, de acordo com sua propagação no corpo
social e não em função da condição social do ofendido.

A repercussão social não se destaca pela influência da mídia, embora possa ocorrer o
acompanhamento dos meios de comunicação. A infração penal repercute em determinada
comunidade com maior ou menor intensidade, a depender do caso concreto.

Garantia da ordem econômica? Divergência doutrinária, alguns a consideram integrante do gênero de


garantia da ordem pública.

Ramos: o art. 170 da Constituição Federal é parâmetro de avaliação do requisito, concluindo


que “atentados contra a ordem econômica serão, em suma, aqueles tendentes a atingir
qualquer dos princípios” indicados na norma constitucional.

Brasileiro: De acordo com o Supremo Tribunal Federal, tal prisão preventiva funda-se não
somente na magnitude da lesão causada, mas também na necessidade de se resguardar a
credibilidade das instituições públicas. Em outras palavras, nos crimes contra o Sistema
Financeiro Nacional, a magnitude da lesão causada, por si só, não autoriza a prisão preventiva
– deve estar conjugada com um dos pressupostos do art. 312 do CPP.

Fundamentação da prisão preventiva: deve ser concreta e empírica, acompanhada das razões de fato
e de direito em que se baseia, provas do crime, de autoria, mencionando de fora clara e precisa os fatos
que o levam a considerar como necessária a prisão.

Art. 315, §2º: situações em que a decisão não é válida.

É preciso perceber que o juiz não tem o dever de rebater todos os argumentos levantados
pelas partes ao longo de seus arrazoados: apenas os argumentos relevantes é que devem ser
enfrentados.

IPC: Por outro lado, a ausência de remissão aos artigos de lei em que se fundamenta o decreto
de prisão preventiva não é, per se, causa de ilegitimidade da medida”

-Existência concreta de atos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida


adotada. Tem a ver com a situação presente, independente do tempo em que o ato foi praticado.
-Demonstrar que não é cabível a sua substituição por outra medida cautelar, devendo ser justificado,
de forma individualizada.

-Contraditório prévio é a regra: o juiz ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação
da parte contrária, para se manifestar, salvo os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida
(contraditório diferido). Prazo de 05 dias.

Motivação aliunde ou per relationem:

Impossibilidade de correção ou reforço

STF: já definiu que nem mesmo o próprio juízo prolator da decisão originária pode suplementar ou
acrescentar a fundamentação depois que ela já produziu efeitos.

Provisoriedade da prisão preventiva:

Prazo da prisão preventiva: princípio da razoabilidade, de acordo com a complexidade e as circunstâncias do


caso concreto.

Art. 316, CPP: Prazo de revisão a cada 90 dias. O termo inicial a ser considerado para a contagem do
prazo é o dia da prisão, mesmo que seja flagrante posteriormente convertido em preventiva. Pouco
importa a natureza da prisão.
Debate se a prisão seria decretada ilegal após o prazo, mas decorrente de uma leitura sistemática do
CP não seria automaticamente considerada, devendo ser reavaliada pelo juízo competente, diante da
ausência de expressa disposição legal, neste sentido.

Admissibilidade da prisão preventiva: para quais infrações é cabível a prisão preventiva?

Nos termos do art. 312, será admitida a decretação da prisão preventiva

i) Nos crimes dolosos punidos com PPL máxima superior a 4 anos

Se for PPL igual a 4 anos, não cabe prisão preventiva.

Razoabilidade: Não implica no encarceramento quando se fala em suspensão


condicional do processo (pena mínima não superior a 1 ano), da transação penal
(crimes com pena máxima até 2 ano) e do ANPP (crimes com pena mínima inferior a
4 anos).

IPC: As penas privativas de liberdade (PPL) iguais ou inferiores a 4 anos deverão ser
cumpridas em regime aberto, isso se antes não for cabível nenhum benefício ou
medida despenalizadora.

Para Eugênio Pacelli de Oliveira, há 3 circunstâncias de prisão preventiva: a) modo


autônomo; b) como conversão da prisão em flagrante; c) de modo subsidiário pelo
descumprimento de cautelar anteriormente imposta.

ii) Descumprimento de outras medidas cautelares

Considera-se causa de aumento ou diminuição. Raciocínio é em tese, abstrata, considerando


o pior das hipóteses.

Concurso formal ou continuidade delitiva: considera os aumentos e as somas, para efeito de


avaliar preventiva, procedimento a ser adotado no processo, benefícios penais, será adotado
o aumento mínimo.

iii) Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado

Reincidência: é uma agravante, não pode ter a PPL substituída pela Pena Restritiva de Direitos,
sem direito a sursis, cumprimento da pena em regime mais gravoso da pena.
gravoso

iv) Se o crime envolver violência doméstica e familiar (mulher, criança, adolescente, enfermo,
idoso ou PCD) para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.

Mesmo para infrações que sejam inferiores a 4 anos.

v) Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer
elementos suficientes para esclarecê-la

Deve ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação.

ANTONIO SCARANCE FERNANDES que “medida semelhante já existia na lei da prisão


temporária, prevista no artigo 1º, inciso II. A nova prisão é preventiva e é aplicável a
qualquer tipo de crime, enquanto a anterior é temporária e aplicável aos crimes
arrolados na lei respectiva”.

Prisão temporária: apenas durante a fase de investigação (IP), por prazo


determinado. Em regra, 05 dias, prorrogáveis por mais 5.

Suspensão do processo: citado por edital e não comparece, nem constitui advogado, poderá o juiz decretar a
prisão preventiva.

Inadmissibilidade da prisão preventiva:

• Crimes culposos
• Crimes com pena máxima igual ou inferior a 4 anos
• Infrações não sujeitas a PPL
• Quando o juiz verificar alguma excludente de ilicitude (crime não existe)
• 5 dias antes e até 48 horas depois do encerramento da eleição prender ou deter qualquer eleitor

Conversão do flagrante em preventiva (art. 310):


-Juiz pode converter de ofício? Há controvérsias. Brasileiro defende que depende de requerimento do
MP, querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. Por outro lado, há quem
defenda que é possível, tendo em vista a provocação inerente que ocorre com a distribuição dos autos
da prisão em flagrante.

-Juiz pode relaxar o flagrante e decretar preventiva? Sim, eventual ilegalidade em um título não
contamina o outro.

-Juiz deve dar vista do APF ao MP? Não, mas há divergências. Não deve comunicar, uma vez que o
próprio MP já foi comunicado deste ato anteriormente, conforme art. 306, CRFB/88.

-Juiz pode conceder a liberdade provisória de ofício? Sim, se a prisão for ilegal deverá ser
imediatamente relaxada pela autoridade judiciária.

Novidades do Pacote Anticrime

a) Periculum agora está expresso na lei


b) Impossibilidade de o juiz decretar a prisão preventiva de ofício, embora possa revogar e restabelecer
(art. 316)
c) Negativa expressa da automaticidade: não pode prisão preventiva automática.
d) Previsão expressa em relação à contemporaneidade dos fatos
e) Inserção dos parâmetros de fundamentação
f) Necessidade de revisão a cada 90 dias pelo órgão

Jurisprudência em tese (Edição 32, STJ)

• A fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a justificar o decreto da custódia preventiva para
a conveniência da instrução criminal e como garantia da aplicação da lei penal.
• As condições pessoais favoráveis não garantem a revogação da prisão preventiva quando há nos autos
elementos hábeis a recomendar a manutenção da custódia.
• A substituição da prisão preventiva pela domiciliar exige comprovação de doença grave, que acarrete
extrema debilidade, e a impossibilidade de se prestar a devida assistência médica no estabelecimento
penal:
o Art. 318, CPP: maior de 80 anos ou se extremamente debilitado por motivo de doença grave.
• A preventiva poderá ser substituída pela domiciliar quando o agente for comprovadamente
imprescindível aos cuidados especiais de menor de 06 anos ou com deficiência.
• A prisão preventiva não é legítima nos casos em que a sanção abstratamente prevista ou imposta na
sentença condenatória recorrível não resulte em constrição pessoal, por força do princípio da
homogeneidade.
o Verificar as paridades entre a sanção penal que pode vir a ser aplicada para equilibrá-la com
a decretação de medidas.

• A prisão cautelar pode ser decretada para a garantia da ordem pública potencialmente ofendida,
especialmente nos casos de: reiteração delitiva, participação em organizações criminosas, gravidade
em concreto da conduta, periculosidade social do agente, pelas circunstâncias em que praticado o
delito.
o Parâmetros sobre a garantia da ordem pública.

• Não pode o tribunal de segundo grau, em sede de HC, inovar ou suprir a falta de fundamentação da
decisão de prisão preventiva do juízo singular.

• IP e processos em andamento, embora não tenham o condão de exasperar a pena-base no momento


da dosimetria da pena, são elementos aptos a demonstrar eventual reiteração delitiva, fundamento
suficiente para decretação da prisão preventiva.
o Súmula 444/STJ: É vedada a utilização de IP e Ações penais para agravar a pena-base.

Provisoriedade

-Cláusula de mutabilidade, da imprevisão.

-Cláusula rebus sic stantibus.


-Juiz pode restabelecer a prisão preventiva? Art. 316, CPP, por uma interpretação literal poderia fazê-
lo havendo razões que a justifiquem. Uma coisa é decretá-la (necessidade de haver pedido das partes,
proibição de praticar de ofício) e outra é restabelecê-la.

Prazo

-Por quanto tempo pode perdurar uma prisão preventiva? Não tem prazo consignado em lei.

-Existem prazos fatais para o desfecho dos procedimentos? Não, há prazos isolados, como por
exemplo, prazo máximo de 60 dias para ser realizada a audiência de instrução e julgamento no
procedimento comum ordinário, enquanto são de 30 dias no procedimento sumário e 90 dias para
conclusão do procedimento especial do júri.

CNJ fez recomendações.

Termo inicial: é o dia da prisão, a ser considerado na contagem do prazo.

Parâmetros: dignidade da pessoa humana e duração razoável do processo.

• Complexidade e circunstâncias do caso


• Princípio da proporcionalidade

Revisão: a cada 90 dias, pelo órgão emissor da decisão 5, sob pena de tornar a prisão ilegal.

Qual a consequência para a omissão? Brasileiro defende que há ilegalidade imediata e soltura.
Enquanto outra parte defende que se torna um parâmetro objetivo de ilegalidade, devendo
ser feito em cada caso concreto.

IPC: Ed 120/STJ: Uma vez decretada a prisão preventiva, fica superada a tese de
excesso de prazo na comunicação do flagrante.

Informativo 995, STF: a inobservância do prazo nonagesismal não implica automática


revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a reavaliar a
legalidade e atualidade de seus fundamentos.

De qual momento conta o prazo? Do dia da prisão.

Cessação: depende de pronunciamento do juiz.

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STJ: é imposta apenas ao juiz ou tribunal que decretar a prisão preventiva.
Apesar do CP não prever as cláusulas de cessação das medidas provisórias, o código português
o faz, sendo também aplicáveis, pela lógica da sistemática do ordenamento jurídico brasileiro,
ao nosso, diferindo que no Brasil é necessário o pronunciamento do juiz, enquanto em Portugal
é a própria norma que o faz.

Prisão domiciliar: consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela
ausentar-se com autorização judicial.

-Difere do recolhimento domiciliar, é uma medida cautelar, que permite a saída do


acusado/investigado para trabalhar.

Na prisão é em tempo integral, só podendo sair com a autorização do juiz.

Requisitos (art. 318): é um modo de substituição da prisão preventiva.

• Maior de 80 anos
• Extremamente debilitado por motivo de doença grave
• Imprescindível aos cuidados de pessoa menor de 6 anos de idade ou com deficiência
• Gestante
• Mulher com filho de até 12 anos de idade incompletos
• Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 anos incompletos.

Para concedê-la, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos.

A prisão preventiva imposta à gestante ou que for mãe será substituída por prisão domiciliar, desde
que:

a) Não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa


b) Não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente

IPC: A prisão domiciliar pode ser aplicada conjuntamente com outras medidas alternativas.
Prisão preventiva na sentença:

Sentença condenatória não afasta a natureza preventiva da prisão. E, para que seja válida, este tipo de
detenção deve cumprir os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal. Caso contrário, trata-
se de execução ilegal da pena.

Legitimidade: requerimento do MP, querelante, assistente ou por representação da autoridade policial.

Assistente: atua apenas na fase processual, requerimento deve ser submetido ao MP.

STJ: atuação do assistente se justifica pelo desejo legítimo de buscar justiça e não apenas eventual
reparação cível.

Observações gerais

PRISÃO TEMPORÁRIA

Uma espécie de prisão provisória, ao lado do flagrante e da preventiva.

Finalidade: serve essencialmente para tutelar as investigações criminal.

-É vedada a edição de MP sobre direito penal e processual penal.

Momento: apenas em fase de investigação. Réu e acusado não podem sofrer essa prisão.

-Não precisa existir IP nem indiciamento para que ocorra a temporária, apenas investigação. Ex. PIC.

-Somente o juiz pode decretar (cláusula de reserva de jurisdição) e não pode agir de ofício.

Legitimados para requerer a prisão temporária: autoridade policial e MP. Vítima não tem legitimidade
(diferindo da preventiva, uma vez que há previsão do querelante ou do assistente em requerer a medida).
O parecer ministerial vincula o juiz? Corrente majoritária diz que não, deve apenas ouvir o MP.

Qual o recurso cabível para o indeferimento? RESE.

Essa decisão gera prevenção? Sim, previne, pois o art. 83 assim prevê.

Juiz pode decretar temporária quando o pedido foi de preventiva? Há divergências, mas prevalece o
entendimento de que sim, quem pode mais, pode menos, visando decretar medida menos gravosa.

Cabimento: art. 1º, da Lei 7.960/89 (taxativa).

Lei de crime hediondo: estende a prisão temporária para os crimes:

• Homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio


• Homicídio qualificado
• Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte, quando praticadas
contra autoridade ou agente da segunda pública (art. 142 e 144, CRFB)
• Crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição
• Crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado
• Crimes equiparados a hediondo: tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo
• Roubo
o Circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima
o Pelo emprego de arma de fogo
o Emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito
o Qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte
o Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, lesão corporal ou morte
Arma de fogo de uso proibido é diferente do de uso restrito. Apesar daquela ser mais grave, não teve uma
padronização legislativa, mas entende-se que a razoabilidade do artigo 310 se aplica ao uso proibido, havendo
debate a ser feito acerca da constitucionalidade, considerando que a análise da prisão deve ser observada caso
a caso, diante do direito de liberdade do indivíduo.

IPC: Tráfico cabe nas modalidades do arts. 33, caput, parágrafo primeiro e 34 a 37, da Lei 11.343/2006.

STJ (Art. 35, de associação criminosa): não é crime hediondo, por falta de disposição expressa.

Tráfico privilegiado? É aquele em que incide causas de diminuição de pena. Não sendo considerado
como crime hediondo.
Pressupostos genéricos: fumus comissi delicti e periculum libertatis.

• Quando imprescindível para as investigações do IP


• Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento
da sua identidade
• Quando houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes taxativos.

Existe necessidade dos 3 requisitos? Um dos dois primeiros e o terceiro pressuposto (representa o fumus).

Procedimentos:

-O juiz poderá, de ofício ou a requerimento (MP/ADV), determinar que o preso lhe seja apresentado,
solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.

-Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos.

-Prazo: 5 dias, prorrogável por igual período.

Prazo nos crimes hediondos: 30 dias, prorrogáveis por igual período.

-O mandado de prisão deverá conter o período de duração da prisão, bem como o dia em que o preso
deverá ser libertado. A soltura não depende de alvará, nem decisão judicial, sob pena de
responsabilização por abuso de autoridade.

-Juiz pode prorrogar de ofício? Não, depende de provocação.

-Forma de contagem: o dia do começo de cumprimento inclui-se no cômputo do prazo, independente


do horário.
-Local: restrições, observar apenas a inviolabilidade do domicílio, bem como aquele período eleitorial
(5 dias antes e até 48h depois do encerramento da eleição, salvo flagrante delito).

Emprego da força: a regra geral, é proibido.

Exceção: nos casos de resistência ou tentativa de fuga do preso ou para defender-se.

Deverá lavrar auto subscrito também por 02 testemunhas (auto de resistência).

Em princípio, essa força utilizada, em regra, não gera responsabilização do agente do estado,
entende-se que configuraria estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de um direito ou
legítima defesa.

Lei 13.060/2014: priorizar a utilização dos instrumentos de menor potencial ofensivo.

Portaria interministerial 4.226/2010: estabelece as diretrizes sobre o uso da força pelos agentes de
segurança pública.

-Uso da força deve se pautar pelos documentos internacionais de proteção aos direitos
humanos.

-Não devem disparar armas de fogo contra pessoas, exceto legítima defesa contra perigo
iminente de morte ou lesão grave.
Quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoas, o agente deverá realizar as seguintes
ações:

(1) Facilitar a prestação de socorro ou assistência médica aos feridos


(2) Promover a correta preservação do local da ocorrência

Início da cadeia de custódia: preservação do local do crime.

(3) Comunicar o fato ao superior imediato e autoridade competente


(4) Preencher o relatório individual correspondente sobre o uso da força

Possíveis crimes do sujeito passivo acerca da prisão:

• Resistência (art. 329)


• Desobediência (art. 330)
• Evasão mediante violência contra a pessoa (art. 352)
• Favorecimento pessoal (art. 348)

Mandado de prisão: instrumento escrito e formal que materializa a ordem judicial de captura.

Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao respectivo diretor ou
carcereiro.

Art. 107, da LEP. Ninguém será recolhido, para cumprimento de PPL, sem a guia expedida pela
autoridade judiciária.

Requisitos:
Resolução 251/2019: CNJ exige outras informações

Cumprimento do mandado de prisão: executor entregará ao preso o mandado com declaração do dia, hora e
lugar da diligência.

-Deve ocorrer a expedição da certidão de cumprimento de mandado de prisão.

-Infração for inafiançável: a falta de exibição do mandado não obstará a prisão e o preso será
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado (art. 287, CPP).

-Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será deprecada
a sua prisão. Se houver urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação.
O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso em 30 dias, contados da efetivação da
medida.

-
Cumprimento da prisão

-A prisão é válida para todos os efeitos desde o momento da captura.

-Art. 290, CPP: Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o
executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à
autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a
remoção do preso.

-Competência para lavrado do auto de prisão em flagrante: onde foi capturado.

-Competência para apurar o crime: local onde se consumou a infração.

-Configura perseguição do réu, quando:

a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha


perdido de vista;

b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há


pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.

-E se o procurado/foragido entrar numa casa? O morador será intimado a entregá-lo. Se não


for obedecido, sendo dia, executor convoca duas testemunhas e entra à força na casa, sendo
noite, o executor fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que
amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.

O morador comete crime se negar o ingresso? São possíveis 3 crimes (favorecimento


pessoal, resistência ou desobediência). Se for a noite, não há crime quando o agente
pratica o fato, sendo configurado o exercício regular de direito, em virtude da
inviolabilidade do domíclio durante o período noturno. Sendo durante o dia, poderá
inicidir em uma dessas três condutas, possivelmente.

Separação de presos

Entre os presos provisórios:

-O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal ficará em
dependência separada. Não se trata de prisão especial. Forma diferenciada de execução da pena.

Entre os presos condenados:


-O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a
quartel da instituição a que pertencer.

Prisão especial: a cela especial só é garantida em caso de prisão preventiva, ou seja, quando não houver
condenação definitiva contra o detento.

Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou prisão especial quando sujeitos a prisão antes de condenação
definitiva.

O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum.

OBS: O paciente que ostenta condenação criminais com trânsito em julgado deixa de ser preso
provisório, ainda que tenha contra si outras ações penais em andamento, perdendo, asism, o direito à
prisão especial.

Quem tem essa prerrogativa?

• Ministro de Estado
• Governador ou interventor de Estado/Território
• Prefeitos
• Vereadores
• Chefes de Polícia
• Membros do Legislativo
• Cidadãos inscritos no ‘livro de mérito’
• Oficiais da FA e os militares dos E/DFT
• Magistrados
• Ministros de confissão religiosa
• Ministros do Tribunal de Contas
• Cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da
lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função.
• Delegados de polícia e os guardas-civis do E/T, ativos e inativos
• Membros do MPU, DPU, PCDF
Sala de Estado-Maior: aos advogados, membros do MP, DP e ao magistrado.

-Com instalações e comodidades condignas e, na sua falta, a prisão domiciliar.

Jurisprudência:

• Admite-se cela especial em unidade penitenciária e em ala separada da dos demais detentos.
• Advogado deve ser inscrito na OAB e comprovadamente ativo.

Contemporização normativa: com a lei 5.256/67. Nas localidades em que não houver estabelecimento
adequado ao recolhimento dos que tenham direito a prisão especial, o juiz, considerando a gravidade
e as circunstâncias do crime, ouvido o representante do Ministério Público, poderá autorizar a prisão
do réu ou indiciado na própria residência, de onde o mesmo não poderá afastar-se sem prévio
consentimento judicial.

Essas disposições se aplicam a quem tem direito a Sala de Estado-Maior? Jurisprudêcnia diz
que sim.

Prisão de índios: as penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, em regime especial de
semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência aos índios mais próximos da
habitação do condenado.
Liberdade provisória

Natureza jurídica: para uma primeira corrente a liberdade provisória teria natureza jurídica de
contracautela, em que a LP se relaciona ao flagrante, situação intermediária entre prisão e liberdade
plena, em que o termo ‘provisória’ seria vinculada, pois há a necessidade de se submeter a determinada
condições, conforme leitura do art. 310, CPP.

Outra corrente a entende como lado oposto da prisão, sendo uma medida cautelar, em que provisória
seria quanto a possibilidade de pena, conforme leitura do art. 321, CPP.

LP sem fiança: apenas o juiz pode dispensar a fiança. O delegado pode arbitrar nas infrações de até 04
anos, aumentar ou diminuir, mas não pode dispensar:

• Nas hipóteses de descriminantes (Estado de necessidade, legítima defesa e estrito cumprimento


do dever legal): deve assinar um termo de comparecimento a todos os atos processuais. Apesar
de não ser considerado lei, é um efeito previsto pela lei.
• Em razão da situação econômica (art. 350, CPP)

Fiança

Definição: é espécie de caução, garantia processual real, que busca vincular o réu ao processo.

Servirão ao pagamento das custas, da indenização do dano, prestação pecuniária e da multa,


se o réu for condenado.

Natureza jurídica: pode ser contracautela (art. 310, III) ou mesmo como medida cautelar autônoma
(art. 319, VIII).

Finalidade: assegurar a presença do réu aos atos do processo e execução da pena, evitar obstrução ao
andamento do processo, pagamento das custas e multas, evitar a prática de nova infração penal.
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou
metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em
primeiro lugar.

-Atualmente, não há o recolhimento prévio, por isso o artigo se encontra ultrapassado no que
tange ao ‘‘sempre será definitiva’’, mas pode cair na prova a literalidade.

Obrigações correlatas:

Descumprimento das obrigações: havendo requerimento – MP, assistente ou querelante –,


pode o juiz deferir a substituição da medida, impor outra em cumulação ou decretar a prisão
preventiva, em último caso.

A fiança pode ser prestada a qualquer tempo: enquanto não transitar em julgado a sentença.

Autoridade concedente:

• Autoridade policial: somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja PPL não seja
superior a 4 anos.
o Qual o prazo para o delegado arbitrar? Em até 24 horas, pois após deverá o auto da prisão
em flagrante ser encaminhado ao juízo competente.
o E no caso de concurso ou continuidade? Não se concede fiança quando, em concurso
material, a soma das penas máximas não seja superior a 4 anos. (súmula 81).

IPC: em medida protetiva, na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade


judicial poderá conceder fiança.

• Nos demais casos, cabe ao juiz.


o O preso ou algum representante, poderá prestar o pedido ao juiz por petição.
o Decidirá em 48 horas. Na prática, o juiz deverá decidir até a audiência de custódia (24h
após o recebimento do APF).

Valor da fiança:
Não será concedido fiança:

• Nos crimes de racismo


• Tortura, tráfico ilícito de entorpecente, terrorismo e nos crimes hediondos
• Crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático.

IPC: Se permite legalmente, liberdade provisória para os crimes hediondos, sendo apenas insuscetíveis
de fiança.

Situações proibitivas da fiança, não se concederá:

a) Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou qualquer das
obrigações
b) Em caso de prisão civil ou militar
c) Quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva

Incidentes da fiança - quebramento: não cumprimento das obrigações correlatas, importa na perda da metade
do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, decretar
a prisão preventiva (art. 343, CPP).

1) Regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo
2) Deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo.
3) Descumpre medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança
4) Resiste injustificadamente a ordem judicial
5) Pratica nova infração penal dolosa

Qual é o recurso cabível? Interpor RESE. O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança
suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do valor. Portanto se houver determinação
determinando a prisão preventiva, permanecerá preso até o julgamento do recurso, em virtude da
ausência de efeito suspensivo.

Perda da fiança: se o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta
perderá o valor total da fiança.

Deduzida as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, o valor será recolhido ao fundo
penitenciário.

Cassação: a fiança que não seja cabível na espécie será cassada em qualquer momento do processo.

-É cabível também quando reconhecida a existência de delito inafiançável, no caso de inovação na


classificação do delito. Venha a se tornar inafiançável, por exemplo.

Reforço (art. 340): quando

a) Autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente


b) Houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados caucionados, ou dos metais/pedras
preciosas
c) For inovada a classificação do delito

-Se a fiança não for reforçada: fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão. Cabe RESE.

Destinação da fiança

-Condenação: servirá de pagamento das custas, indenização do dano, prestação pecuniária e da multa, se o réu
for condenado. Persiste este pagamento nos casos de prescrição da pretensão executória. Se sobrar, o saldo
será entregue a quem houver prestado.

-Declarada sem efeito/inidônea, absolvido ou extinção: será restituída sem desconto, atualizado.

OBSERVAÇÕES

2 anos, competência do Juizado Especial (competência relativa para julgamento das infrações penais
de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam julgadas por outro
juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela conexão ou continência.)

Transação penal: para desobediência é possível, desde que preenchido os requisitos legais (art. 76)
Se o juiz decretasse a preventiva e, depois disso, o MP se manifestasse favoravelmente à medida,
haveria nulidade insanável? Suprem o vício da inobservância da formalidade de prévio requerimento
(jurisprudência pacífica do STJ).

Se o juiz verificar que o agente é reincidente deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem
medidas cautelares.

QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES

QUESTÕES PREJUDICIAIS (art. 92 ao 154, CPP)


Procedimento secundários que surgem ao longo do processo e
que devem ser solucionados antes da decisão final, como se
fossem obstáculos lógicos a condução do processo. Podem ser
subdivididos em: a) questões prejudiciais; e b) processos
incidentes propriamente ditos.

Questões prejudiciais: porque são condicionantes/impeditivas


ou modificativas do resultado. Surgem antes, mas interferem
na decisão de mérito. Espécie de conexão, havendo uma
relação entre duas figuras. Dependência lógica.

Características: anterioridade, necessariedade


(interdependência), autonomia (processo autônomo), valor jurídico,
suspensividade.

Ex: num processo em que se avalia o furto, se o réu alega ser coisa própria, nota-se que não haveria
crime, sendo, portanto, uma controvérsia que precisa ser analisada antes do mérito.

Questão prejudicial x Questão preliminar

OBS: As questões prejudiciais podem ser suspensas de ofício.

Classificação

Quanto à natureza da questão prejudicial:

a) Homogênea, imperfeita, comum: ambas têm natureza criminal.


b) Heterogênea, perfeita, incomum ou jurisdicional: tem uma disciplina específica no
Código, são conhecidas por outro ramo do direito (Art. 92 e 93, CPP).

Quanto à competência:

a) Não devolutivas: analisadas pelo juiz criminal.


b) Devolutivas: podem ser analisadas por juiz de outro ramo:
a. Absolutas ou obrigatórias: jamais analisadas pelo juízo criminal. Ex: estado
civil.
b. Relativas ou facultativas: podem, eventualmente, ser analisadas pelo
criminal (art. 93).

Quanto aos efeitos:

a) Obrigatórias, necessárias ou em sentido estrito: sempre acarretarão suspensão do


processo. Ex: art. 92.
b) Facultativas ou em sentido amplo: nem sempre suspenderão o processo. Ex: art. 93.

Quanto ao grau de influência da questão prejudicial sobre a prejudicada:

a) Total: prejudicial que pode implicar na inexistência do crime.


b) Parcial: não afasta o crime, diz respeito apenas a circunstância (qualificadora etc);

Requisitos da prejudicial obrigatória:

• Elementar do crime: análise da existência da infração


• Controvérsia séria e fundada (importância jurídica).
• Dizer respeito sobre o estado civil das pessoas (parentesco, idade e casamento; outra
corrente envolve o caractere político, familiar, profissional, militar, individual).

Consequência da prejudicial obrigatória:

• A prescrição não corre (suspensa), conforme art. 116, CP.


• Ação penal também fica suspensa, conforme art. 92, CPP.
• Possibilidade de antecipação das provas urgentes: inquirição de testemunha e
outras provas.

Requisitos da prejudicial facultativa:

• Elementar do crime: análise da existência da infração


• Questão diversa da prevista no anterior – estado civil
• Houver sido proposta ação no juízo cível
• Questão de difícil solução
• Não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite. Exemplo de limitação no CC:

Consequência da prejudicial facultativa:

• O juiz poderá suspender o processo, art. 93, CPP. O magistrado marcará um prazo
para suspender, que poderá ser prorrogado.
• A prescrição não corre (suspensa), conforme art. 116, CP.
• Possibilidade de antecipação das provas urgentes: inquirição de testemunha e
outras provas.

Art. 94. Juiz pode suspender o curso da ação, de ofício ou a requerimento das partes.

Recursos:

Questão prejudicial pode suspender IP? Não suspende, pois o artigo 94 prevê a suspensão do curso da
ação penal.
Exceção: Em sentido amplo é meio de defesa; em sentido estrito, busca extinguir o processo ou evitar análise
de mérito. Instrumentos incidentais pelos quais a parte se opõe à ação tal como posta. Forma de
questionamento que não se volta diretamente ao objeto do processo. Serão processadas em autos apartados e
não suspendem, em regra, o andamento da ação penal.

Poderão ser opostas as exceções 6de:

a. Suspeição
b. Incompetência do juízo
c. Litispendência
d. Ilegitimidade de parte
e. Coisa julgada

Classificação:

Quanto a natureza:

• Processual
• Material ou substancial

Quanto ao efeito/consequência:

• Dilatórias
• Peremptórias: impedem a análise do objeto (ex: coisa julgada, litispendência).

Quanto a forma de processamento:

• Internas
• Instrumentais

Exceção de suspeição: reconhecimento de ofício, por escrito, declarando o motivo legal e remete
imediatamente para o juiz substituto, intimando as partes.

-Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.

-Precederá qualquer outra, a fim de evitar nulidade processual.

-Oposição: qualquer das partes que pretendam recursar o juiz, fazendo por petição assinada por ele
próprio ou por procurador com poderes especiais, aduzindo as razões por prova documental ou rol de
testemunha (3, no máximo, para a prova de cada fato).

6
Crítica sobre o termo exceção, muitos doutrinadores defendem o termo objeção, podendo ser reconhecida de
ofício pelo juiz. As exceções, tecnicamente, apenas o juiz poderia conhecer se arguidas pela parte. Observe que
as matérias em si são quesitos de ordem pública.
-IPC: Assistente de acusação não pode fazê-lo.

-Prazo: 1ª oportunidade em que a parte tomar conhecimento, mas é possível até que seja feita em fase
de investigação - caso este precise atuar como a busca e apreensão.

-Se reconhecer a suspeição: juiz susta o processo e por despacho se declara suspeito, ordenando a
remessa dos autos ao substituto.

-Se não aceitar a suspeição: juiz manda autuar em apartado, dará a resposta dentro de 03 dias e
remete os autos a quem competir o julgamento da exceção.

Julgamento pelo tribunal:

OBS: Não cabe recurso do reconhecimento espontâneo da suspeição pelo juiz. Mas pode utilizar outras
vias (ex: HC).

-Suspeição do agente do MP: nulidade relativa. Juiz decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a
produção de provas no prazo de 3 dias.

-Suspeição de funcionários da justiça e outros: decide o juiz de plano e sem recurso, à vista da matéria
alegada e prova imediata (art. 105).
Suspeição dos jurados: deve ser arguida oralmente, decidindo de plano o presidente do
Tribunal do Júri. Deve ser imediatamente comprovada a suspeição, devendo constar tais fatos
na ata de audiência.

Suspeição das autoridades policiais? Não é possível alegar, mas há dever dos agentes públicos
em declará-lo caso estejam suspeitos. Não cabe recurso, mas pode ser feito um pedido à
autoridade administrativa superior.

Exceção de incompetência

-Juiz pode reconhecer de ofício a sua incompetência? Se em qualquer fase do processo o juiz
reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte.

-Exceção: pode ser oposto, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa.

Ouve-se o MP

Se declarar procedente a exceção: remete-se o feito ao juízo competente, onde serão


analisados os atos a fim de verificar a ratificação dos atos anteriores praticados.

Recusada a incompetência: o juiz continuará no feito, fazendo tomar por termo.

-Recurso: cabe RESE.

Exceção de ilegitimidade

• Legitimidade Ad causam: pertinência subjetiva para a ação (peremptória).


o Nulidade absoluta.
o Se reconhecido na denúncia, pode ser rejeitada preliminarmente a denúncia por ausência de
parte (Art. 395, II). Cabe RESE.

• Legitimidade Ad processum: capacidade de estar em juízo (dilatória).


o Nulidade relativa
o Pode ser a todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais.

-Será observado, no que for aplicável, as regras de exceção de incompetência do juízo.

-Serão processadas em autos apartados e, em regra, não suspendem o andamento da ação penal.

-Da aceitação e da rejeição, cabe RESE.

Exceção de litispendência e coisa julgada

-São peremptórias: impedem a decisão, o seu ensejo acarreta a extinção do processo.

-Devem ser opostas no prazo da defesa, mas não precluem porque implicam em nulidade absoluta.
-Juiz reconhece de ofício: cabe apelação.

-Juiz acolhe exceção: cabe RESE.

-Juiz não colhe: não cabe recurso.

Duas sentenças sobre o mesmo fato, qual prevalece? Diante do duplo julgamento do mesmo fato,
deve prevalecer a sentença que transitou em julgado em primeiro lugar (Informativo 642-STJ, de
15/03/2019).

Conflito de competência: meios de impugnar por exceção ou pelo conflito (positivo ou negativo).

Hipóteses:

a) Quando duas ou mais autoridades se consideram (in)competentes para conhecer o mesmo fato
criminoso
b) Quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.

Suscitado: pela parte interessada, MP junto a qualquer dos juízos em dissídio e por qualquer dos
juízes/tribunais.

STJ: É vedado à parte suscita conflito de competência quando arguiu prévia exceção de
incompetência.

Momento: Pode ser suscitado a qualquer tempo antes do trânsito em julgado.

Conflito negativo: o relator poderá determinar, de ofício ou a requerimento, a imediata suspensão do


processo, designando um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes.

-Os juízes e tribunais poderão suscitá-los nos próprios autos do processo.

Conflito positivo: o relator poderá determinar, de ofício ou a requerimento, a imediata suspensão do


processo, designando um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes.

Procedimentos: o requerimento deve ser endereçado ao Presidente do Tribunal competente.

1. Recebidas as informações dos conflitantes, ouve-se o procurador-geral.


2. O conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de
diligência.

Súmula 428, STJ: Compete ao TRF decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e
juízo federal da mesma seção judiciária.
Restituição de coisas apreendidas (art. 118)

Apreensão pode se dar por: busca, entrega ou diligências

Não devem ser restituídas: enquanto interessarem ao processo. Art. 118. Antes de transitar em julgado
a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.

a) Instrumentos ilícitos do crime: salvo o direito do lesado ou terceiro de boa-fé.


b) Produto ou proveito do crime
c) Em caso de dúvida: só pode ser restituído desde que não exista dúvida quanto ao direito do
reclamante.
d) Ausência do acusado: nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento
pessoal do acusado ou de interposta pessoa. Essa hipótese apenas se aplica a lei de lavagem
de dinheiro e tráfico de drogas.

Finalidades da apreensão: exames, contraprova, exibição, restituição, confisco etc.

Procedimento da restituição (Art. 120, CP): poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz,
mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quando ao direito do reclamante.

-MP sempre será ouvido.

Dúvida sobre o direito? O pedido de restituição será feito em apartado. O juiz decide sobre o
incidente.

Coisas apreendidas em poder de terceiro de boa-fé? Só a autoridade judicial resolverá, atua


em apartado.

Dúvida quem seja o verdadeiro dono? Remeterá para o juízo cível, ordenando o depósito das
coisas em mãos do depositário ou do terceiro que as detinha.

Nesses casos, geralmente se tem uma análise prévia pelo criminal (processo sumário)
de oitiva do requerente no prazo de 05 dias para a prova, encaminhando-se os autos
posteriormente para apreciação.

Coisas facilmente deterioráveis:

1) Serão avaliadas e levadas a leilão público: depositando o dinheiro apurado; ou


1) Entregues ao terceiro que as detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de
responsabilidade.

Destinação das coisas apreendidas não restituídas:


Coisas não sujeitas à perda: decorridos 90 dias do trânsito em julgado, o juiz decretará, se for
o caso, a perda, em favor da União, das coisas apreendidas e ordenará que sejam vendidas em
leilão público.

-O valor apurado no leilão será recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional.

-IPC: Na medida em que transite em julgado a sentença condenatória, já é possível,


na sequência, a alienação/destinação das coisas sujeitas a perda ou confisco.

Autorização de uso (art. 133-A): o juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de
bem sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança
pública, do sistema prisional, socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Público e do Instituto
Geral de Perícia.

Ex: ônibus apreendido em excelente estado, pode ser utilizado pelos agentes.

-O órgão que ensejou a constrição terá prioridade na sua utilização.

-O juiz poderá autorizar o uso do bem pelos demais órgãos públicos não previstos no artigo,
demonstrado o interesse público.

Alienação antecipada: para preservação do valor dos bens, se estiverem sujeitos a qualquer grau de
deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção.

-Leilão: preferencialmente, eletrônico.

-Depósito em conta vinculada ao juízo até a decisão final, após converte para a U/E/DF, no
caso de condenação, ou devolve ao acusado, se absolvido.
Recurso: se a decisão foi proferida pela autoridade policial, não cabe recurso. Se a decisão foi pelo juiz
cabe apelação (art. 593, II), outra parte da doutrina admite MS.

Brasileiro: admite HC contra busca e apreensão (por ser meio de obtenção de prova).

MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

Princípio da jurisdicionalidade

Medidas cautelares de natureza real/patrimonial por atingir o patrimônio.

Submetidas à disciplina geral das medidas cautelares (fumus e periculum).

Mesmas características:

• Decretadas pelo juiz, a requerimento da parte, ou no curso da investigação por representação da


autoridade policial.
• Ao receber, o juiz determinará a intimação da parte contrária para manifestação em 5 dias, salvo
casos de urgência ou perigo de ineficácia da medida.

Sequestro: busca preservar bens que podem ser confiscados ou usados para indenização.

-Pressuposto: indícios veementes da proveniência ilícita dos bens (fumus boni iuris) e periculum in
mora (possibilidade de desvio do bem). Este último requisito é controverso na doutrina.

-Para o produto direto do crime (producta sceleris) cabe Busca e Apreensão.

Art. 240. Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos.

-Para o produto indireto do crime (fructus sceleris) cabe Sequestro.

Também é o proveito da infração.

Art. 125. Caberá sequestro de imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da
infração, inda que já tenham sido transferidos a terceiros.

Sequestro de bens móveis, se verificados o fumus boni iuris:

Sequestro de bens móveis, se verificados o fumus boni iuris:

-Atinge bens com proveniência ilícita, imóveis ou móveis (para estes, o requisito negativo de não ser
passível de BA). Excepcionalmente, inclusive os lícitos:
-Prejuízo da FP

-Legitimidade: o juiz, de ofício 7, a requerimento do MP ou do ofendido, ou pela autoridade policial.


Assistente também teria admissibilidade.

-Momento: em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.

-Procedimento: em auto apartado, admitindo-se embargos de terceiro (15 dias).

O juiz ordenará a sua inscrição no Registro de Imóveis, se necessário.

-Levantamento do sequestro

a) se a AP não for intentada no prazo de 60 dias, contado da data em que ficar concluída a diligência;

b) se o terceiro, a quem tiver sido transferidos os bens, prestar caução.

c) se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado.

-Restrição de impenhorabilidade de bem de família se aplicam? Não.

-Destinação: transitada em julgada, determina a avaliação e venda dos bens em leilão público.

Hipoteca: direito real de garantia que incide sobre bens imóveis lícitos do acusado (art. 1.489, CC).

Apenas para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais. Não cabe
contra a FP.

É medida residual, subsidiária que só deve ser utilizada na impossibilidade de busca e apreensão e
sequestro.

Momento: em qualquer fase do processo, desde que haja os pressupostos (certeza da infração e
indícios suficientes de autoria.

Legitimidade: ofendido (seus representantes legais, herdeiros) e ao MP (letra da lei: se o ofendido for
pobre e o requerer 8).

A lei confere hipoteca, não é o juiz quem confere, ele apenas especializa, não pode de ofício:

Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte estimará o valor da
responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel ou imóveis que terão de ficar

7
Sequestro não é uma medida cautelar pessoal, é real, por este motivo poderia ser decretada de ofício, havendo
disposição expressa neste sentido. Enquanto outra parte da doutrina defende que aplica-se as normas gerais de
medidas cautelares e, que, portanto, por ser mais nova revogou o dispositivo previsto no art. 127, CPP.
8
Divergência se seria competência da DP.
especialmente hipotecados, o juiz mandará logo proceder ao arbitramento do valor da
responsabilidade e à avaliação do imóvel ou imóveis.

-Arbitramento e avaliação dos imóveis: designado perito, que o realizará, onde não
houver avaliador judicial, facultada a consulta dos autos do processo.

-Juiz pode corrigir o arbitramento se for excessivo ou deficiente? Sim, deve abrir
prazo de 02 dias para as partes.

-Liquidação do valor da responsabilidade: após a condenação definitiva.

Poderá requerer novo arbitramento se qualquer das partes não se conformar


com o arbitramento anterior à sentença condenatória.

-Após a sentença condenatória: os autos da hipoteca ou arresto são remetidos ao juiz


do cível (art. 63). Execução no juízo cível.

Prazo para execução? Analogia, aplica-se art. 123, CPP, 90 dias.

-Cancelamento da hipoteca: se for absolvido ou julgada extinta a punibilidade.

Arresto: medida de natureza precautelar.

Pode ser decretado como preparatório da hipoteca legal (arresto prévio): O arresto do imóvel poderá
ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o
processo de inscrição da hipoteca legal (art. 136).

Pode ser decretado na insuficiência de imóveis (arresto subsidiário): Se o responsável não possuir bens
imóveis ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de
penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis (art. 137).

O depósito e a administração dos bens ficarão sujeito ao regime de processo civil.

Não pode recair sobre bem móvel de família.


INCIDENTE DE FALSIDADE

Finalidade: para impugnar a falsidade de documento constante nos autos.

Procedimentos:

a) Juiz mandará autuar em apartado a impugnação


b) Ouvirá a parte contrária que no prazo de 48 horas oferecerá resposta
c) Prazo de 3 dias para cada uma das partes provar suas alegações
d) Conclusos os autos: poderá ordenar as diligências que entender necessárias
e) Se reconhecer a falsidade: mandará desentranhar o documento e remete os autos ao MP

Pedido: esta arguição se feita por procurador exige poderes especiais.

Juiz pode, de ofício, verificar a falsidade.

Efeitos: coisa julgada formal, só produz efeitos no processo penal.

Recurso: cabe RESE.

INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL

Pode ser parte da ação penal.

Dúvida sobre a integridade mental do acusado: o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do MP, defensor,
curados, ascendente, descendentes, irmão ou cônjuge, seja submetido a exame médico-legal.

-Pode ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial.

-Incidente em autos apartados.


Procedimentos:

• Juiz nomeia curador ao acusado


• Suspende o processo, se já iniciada a AP, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo
adiamento.
o IPC: IP não é suspenso.
• Se o acusado estiver preso: será internado provisoriamente (art. 319).
• Se o acusado estiver solto: em estabelecimento adequado que o juiz designar.

Prazo exame: até 45 dias, salvo se os peritos demonstrarem a necessidade de maior prazo.

Indeferimento ao incidente: não há recurso, mas pode impugnar por outros meios (HC).

Deferimento ao incidente: correição parcial é uma opção.

Conclusão dos peritos: se detectarem que era irresponsável, o processo prosseguirá com a presença do curador.

Se verificar que a doença sobreveio à infração: processo continuará suspenso até que o acusado se
reestabeleça, sem prejuízo das medidas urgentes que possam ser proferidas (produção antecipada de
provas).

Quando reestabelecer, será facultado ao acusado reinquirir as testemunhas que houverem prestado
depoimento sem a sua presença.

IPC: Só depois do laudo, o incidente será apenso ao principal.

Insanidade sobrevier no curso da execução da pena: internação.


Observações gerais

Não há previsão de requerimento das diligências no rito sumário, mas caso há pedido das partes e seja
necessário para o julgamento, admite-se por aplicar subsidiariamente as regtras do procedimento
ordinário ao sumário.

Condição de processabilidade: Se aplica retroativamente, desde que a denúncia não tenha sido apresentada,
incide o parágrafo 5º, do art. 171, CP. Estelionato. Ação Pública condicionada à representação.

Crime contra os idosos: aplica-se o procedimento previsto na Lei 9.099/95, qual seja, o rito sumaríssimo, intuito
de aplicar um rito mais célere. Amplia-se o requisito da conduta, valendo para os crimes que não ultrapassem
04 anos.

Ex: abandono.

Cabe transação penal? Não tem direito, por não ser um procedimento, mais sim um instituto/benefício
concedido pela norma 9.099/95.
SUJEITOS PROCESSUAIS

Sujeitos principais: tríade processual (autor, réu, juiz)

Sujeitos secundários, acessórios e colaterais: assistente de acusação e terceiros interessados.

Auxiliares da justiça: escrivão, distribuidor, oficial de justiça, perito, tradutor e testemunha, etc.

JUIZ

Com imparcialidade, deve substituir a vontade das partes e aplicar o direito material ao caso concreto.

Capacidade:

• Genérica de exercício (funcional/abstrata): concurso, nomeação, posse.


• Especial de exercício: refere-se à competência (objetiva) e imparcialidade (subjetiva).

Art. 251. Ao juiz incumbirá prover a regularidade do processo (ordem jurisdicional) e manter a ordem no curso
dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública (ordem administrativa).

-Ordem jurisdicional: se subdivide em:

• Poderes de disciplina: delimitam e regularizam atividades processuais das partes. Ex:


(in)defere inquirição de testemunha, estabelece multas.
• Poderes de impulsão: andamento do processo (impulso oficial).
• Poderes de instrução: determinar a realização de diligência para dirimir dúvida sobre ponto
relevante, ordenar a produção antecipada de provas consideradas urgentes, proceder novo
interrogatório.

Alguns falam em: poderes-meios (ordinatórios e instrutórios) e poderes-fins (decisórios e executórios).

-Ordem administrativa: exercício do poder de polícia para manter a ordem dos atos, podendo
requisitar a força pública. Ex: polícia das audiências, retirada de desobediente das salas, requisitar força
pública.

Funções anômalas: é reconhecido por uma parte da doutrina. Ex: não concordando com o arquivamento do IP,
pode o juiz acionar o procurador-geral.

Garantias:

a) Vitaliciedade: no primeiro grau, só será adquirida após 02 anos de exercícios. Desembargadores


ingressados pelo quinto, adquire imediatamente.

-Perda do cargo: por deliberação do tribunal; e nos casos de sentença judicial transitada em
julgada.
b) Inamovibilidade: salvo por interesse público.

-Ato de remoção: por interesse público, fundado em decisão por voto da maioria absoluta do
respectivo tribunal ou CNJ.

c) Irredutibilidade de subsídio.

Vedações aos juízes

• Exercer outro cargo ou função, salvo uma de magistério.


• Receber custas ou participação em processo
• Dedicar-se à atividade político-partidária
• Receber auxílios ou contribuições de PF, entidades públicas/privadas, salvo as exceções previstas em
lei
• Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos do afastamento
por aposentadoria ou exoneração.

Impedimentos: é uma circunstância objetiva, taxativa (exigindo previsão legal que a contenha), presunção
absoluta de parcialidade.

-O juiz permanece tendo jurisdição, apenas está impedido de exercê-la nestas situações.

-As hipóteses do CPC são mais abrangentes. Podem ser aplicadas? Sim, como causa de
incompatibilidade (art. 144, CPC).

Suspeição: incapacidade subjetiva do juiz. Existe divergência se seria causa de nulidade absoluta ou relativa (por
ser causa subjetiva, análise se ocorreu algum prejuízo).

Art. 255, CPP: O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela
dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que
dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o
genro ou enteado de quem for parte no processo.

Incompatibilidade: em muitas situações é vista como razão de suspeição por motivo de foro íntimo. Extensão
das causas de suspeição.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Funções institucionais:

a) Promover, privativamente, a ação penal pública


b) Fiscalizar a execução da lei

Princípios:

• Unidade: membros fazem parte de uma única instituição. Membros são reciprocamente substituídos.
• Indivisibilidade: atuam enquanto órgão de uma única instituição, interesse coletivo.
• Independência funcional: Cada procurador, no exercício de suas funções, tem inteira autonomia. Não
fica sujeito a ordens de quem quer que seja, nem a superiores hierárquicos. Se vários membros do MPF
atuam em um mesmo processo, cada um pode emitir sua convicção pessoal acerca do caso; não estão
obrigados a adotar o mesmo entendimento do colega. Em decorrência desse princípio, a hierarquia no
MPF é considerada com relação a atos administrativos e de gestão.

Princípio do promotor natural: doutrina majoritária concebe. Não se aplica em fase de investigação.

-Quarentena: Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos
do afastamento por aposentadoria ou exoneração.

-Súmula 234/STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.

-Pode nomear advogado como promotor ad hoc? Não, art. 129, parágrafo segundo.

-Existe delegado natural? Não.


OFENDIDO

É a vítima, sujeito passivo da infração, aquele que teve o bem jurídico lesado ou ameaçado pela prática delitiva.

-APPriv: vítima ou representante é o querelante. Exige-se capacidade postulatória, representante


técnico.

-APPúb: pode assumir o papel de assistente. Exige-se capacidade postulatória, representante técnico.
Assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e recebe o auto no estágio em
que se encontrar.

-Caso de morte, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao CADI.

-Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do MP.

Assistente do MP: será permitido:

a) Propor meios de prova


b) Requerer perguntas às testemunhas
c) Participar do debate oral
d) Arrazoar os recursos interpostos pelo MP ou por ele próprio
e) Aditar os articulados (ex. Alegações finais)
f) Requerer medidas cautelares
g) Pode indicar quesitos e indicar assistente técnico
h) Requerer o desaforamento do julgamento (júri)

-Esse rol é taxativo? Sim, são delimitados em lei (não delimitados apenas no art. 271, CPP).

-Que tipo de interesse legitima a intervenção do assistente? Há divergências. Uma corrente defende
que os interesses são amplos, não se limitando a pretensões materiais. Outra defende que haveria
interesse econômico ou financeiro, apenas.

-Admissão do assistente: ouve-se o MP, primeiro.

-Despacho que (in)admitir o assistente: não cabe recurso.

-O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado,


deixar de comparecer a qualquer dos atos de instrução e julgamento, sem motivo de força maior
devidamente comprovado.

IPC: O juiz, ouvido o MP, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente.
Defensoria Pública pode atuar como assistente?

Atuação da genitora como assistente após falecimento da vítima poderia atuar? Mesmo tendo prestado
depoimentos e participado do IP? Haveria impedimento?

IPC: Falta de decisão que habilita expressamente o assistente de acusação no processo constitui mera
irregularidade.

ACUSADO

Sujeito ativo do delito, sujeito passivo da ação penal (imputação formal de denúncia ou queixa-crime). Réu que
ocupa o polo passivo, após o recebimento da denúncia, por ser um termo que prevalece no processo.

Um menor de 18 anos pode ser acusado? Não, são penalmente inimputáveis. Parte ilegítima. Se for
indentificado no começo da denúncia, deverá ser rejeitada por falta de condição para o exercício da ação penal
(art. 395, II, CPP). Se for constatada a menoridade mais tarde, durante o andamento do processo, deverá ser
declarada a nulidade por ilegitimidade de parte (art. 564, II, CPP), sentença sem julgamento de mérito.

Imunidades diplomáticas: por vezes impedem a ação penal, não sendo possível a aplicação da lei brasileira, a
depender da análise dos tratados e convenções. Normalmente, é uma imunidade estendida a familiares e
membros de comitiva.

Inimputáveis ou semi-imputáveis podem ser processados? Sim, podendo ser isento de pena; ou a pena poderá
ser reduzida se o agente não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato.

É possível acusação contra o sujeito não identificado? Sim, art. 41 prevê ‘esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo. A identificação civil será desenvolvida.

Após a sentença também pode se avocar o art. 259.

DEFENSOR

Nenhum acusado, ainda que ausente, será processado ou julgado sem defensor.

Regra: defensor constituído por instrumento de procuração


Exceção: se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório (apud acta).

Em suma, basta procuração ad judicia. Poderes especiais para:

a) Oferecimento de queixa-crime
b) Arguição da suspeição do juiz
c) Aceitação do perdão do ofendido
d) Arguição de falsidade documental.

Defensor público, dativo, defensor nomeado.

Defensor ad hoc: foi nomeado para atos específicos. Não pode se recusar a exercer, salvo por justo motivo, sob
pena de infração disciplinar, conforme EOAB, art. 34.

Defesa técnica efetiva: será sempre exercida de forma fundamentada, ainda que realizada por defensor público
ou dativo.

A falta de defesa constitui nulidade absoluta.

A defesa deficiente: só anula se houver prejuízo para o réu.

Advogado renunciante: continuará representando após os 10 dias à notificação da renúncia, salvo se outro
advogado já o tiver substituído.

Núcleo de prática jurídica: deve apresentar procuração, se a constituição ocorrer pelo réu hipossuficiente,
enquanto se a nomeação for judicial dispensa procuração.

Advogado tem parcialidade em sua atuação, só tem uma hipótese de impedimento: parentes do juiz.

COMUNICAÇÕES

Cabe rogatória no Juizado? Não, com base no dispositivo abaixo:

Carta de ordem: foro por prerrogativa de função, emanada do Tribunal (grau de jurisdição de órgão superior).
Citação por edital:

Súmula 366, STF: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não
transcreva denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.

Não cabe no Juizado.

Se o acusado não comparecer: o processo será suspenso e o curso do prazo prescricional. Nesse caso
o juiz pode produzir antecipadamente as provas urgentes 9 e decretar a prisão preventiva.

Essa disposição não se aplica aos crimes de lavagem de dinheiro, previsto na Lei 9.613/98,
em que a lei determina a nomeação de defensor dativo e prosseguimento do feito.

Também não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.

Até quando fica suspenso? Súmula 415/STJ: O período de suspensão do prazo é regulado pelo
máximo da pena cominada.

Citação por hora certa

Enunciado 110: Cabe no Juizado.

‘‘Comparecendo perante o juiz ou constituindo advogado, antes da audiência de instrução, nada


impede que o juiz renove o prazo de defesa escrita, adotando o mesmo procedimento previsto para a
citação editalícia (art. 363, p. 4º, CPP). No entanto, se o comparecimento ocorrer já na audiência de
instrução, deve-se prosseguir no processo em seus ulteriores termos, com inquirição de testemunhas
e interrogatório’’ (Pacelli, 2017).

INTIMAÇÕES

9
Da decisão que deliberar sobre cabe RESE, conforme Informativo nº 640, STJ.
Não é cabível, pois, intimação de peritos, testemunhas, assistentes, via edital.

Prazo:

DP: Prazo em dobro.

Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06): assegura à mulher o direito de ser notificada de todos os atos processuais
relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão (art. 21).

Carta rogatória: é possível a intimação de testemunhas por meio desta. Entretanto, estas só serão expedidas
com a demonstração de imprescindibilidade e, ainda, com o pagamento dos custos de envio pela parte
requerente.

REVELIA

É mais abrangente do que no processo civil, considerando a intimação:

Consequências: seguir o processo sem a presença do réu, desnecessidade de intimação para os atos processual
subsequentes, exceto para a sentença.

-Ainda que revel tem direito a presença do advogado.


Súmula 708, STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do
único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.

Súmula 710, STF: No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos
autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.

Súmula 273, STJ: Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação
da data da audiência no juízo deprecado.

Súmula 431, STF: é nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação,
ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.

OBSERVAÇÕES

A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder comparecer, a ele incumbindo
provar o impedimento até a abertura do ato; se não o fizer, deve o juiz nomear defensor dativo, ainda que
provisoriamente ou só para o efeito do ato.

Decisão acerca do (in)deferimento de assistente: cabe MS.

Interrompe a prescrição (art. 117, CP): do recebimento da denúncia ou da queixa.

Carta rogatória: estando o réu no estrangeiro, em local sabido, a sua citação será feita por carta rogatória, sendo
suspenso até o cumprimento da carta.

Prazo para o assistente recorrer: começa após o transcurso do prazo do MP.

IPC: O STF se manifesta no seguinte sentido: o leigo que impetra ‘habeas corpus’ tem legitimidade para interpor
recurso ordinário constitucional, prescindindo-se, nessa hipótese, da capacidade postulatória do recorrente (HC
122666, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 18/11/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
021 DIVULG 30-01-2015 PUBLIC 02-02-2015). No caso apresentado, o recorrente terá o recurso conhecido.
Mesmo que não tivesse, nada impediria que o Tribunal concedesse a ordem de ofício.
PROCEDIMENTOS

Conceito: procedimento é o modo pelo qual se desenvolve o processo; é a sua operacionalização, sua ritualística,
a sequência, a forma de superveniência, correlação e sobreposição dos atos processuais que o compõe. Busca
uma melhor forma da prestação jurisdicional.

Fases:

a) Postulatória: acusação e atos de reação defensiva do acusado.


b) Instrutória: são produzidas as provas.
c) Decisória
d) Recursal

Classificação dos procedimentos: comum ou especial (Art. 394, CPP).

Caráter residual do procedimento comum: aplica-se a todos os processo este procedimento, salvo disposições
em contrário estabelecidas pelo CPP ou em lei especial.

1) Existe previsão legal de rito específico para apurar determinada infração penal?
• Sim: segue rito especial.
• Não: segue o rito comum (CPP).

Divisão do procedimento comum: considera a pena máxima abstrata prevista para o delito.

• Ordinário: pena igual ou superior a 4 anos.


• Sumário: pena inferior a 4 anos.
• Sumaríssimo: infrações de menor potencial ofensivo (contravenções penais e os crimes cuja pena
máxima não seja superior a 2 anos.

Situações em que a lei determina ou veda rito específico em razão das peculiaridades dos delitos:

a. Crimes tipificados no Estatuto do Idoso (lei 10.741/03) cuja pena máxima não ultrapasse
a 4 anos de prisão: procedimento sumaríssimo.
b. Crimes praticados mediante violência doméstica e familiar contra a mulher: independe
da quantidade da pena prevista, não será utilizado o procedimento sumaríssimo,
devendo avaliar se é cabível o procedimento comum ordinário (igual ou superior a 4 anos)
ou sumário (inferior a 4 anos.
c. Crimes falimentares: procedimento sumário.
d. Organizações criminosas: procedimento ordinário.

Qualificadoras, causas de aumento e de diminuição de pena: Em síntese, deve-se verificar qual a situação mais
prejudicial possível ao réu (aumento máximo e diminuição mínima), pois isso permite sabermos a pena máxima
que este poderá receber (parâmetro usado pelo legislador para fixar o procedimento) (Mendonça, 2018).

Agravantes e atenuantes de pena: não são consideradas, pois não influenciam no mínimo ou no máximo de
pena abstratamente previstos. Estão ligadas com a individualização da pena, feita pelo juiz na sentença.

Súmula 231 do STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir a redução da pena
abaixo do mínimo legal.

Conexão ou continência entre infrações com procedimentos distintos: aplica-se o rito que seja mais
abrangente, que melhor assegure ao réu seu direito de defesa (STJ).

Antigo procedimento comum ordinário:

Procedimento comum ordinário

1) Oferecimento da peça acusatória: deflagra o procedimento.

Deve observar o art. 41 e 395, que delimitam os contornos mínimos da acusação penal.

Seja denúncia (no caso de ação pública), seja queixa (no caso de ação privada), por qualquer dessas
peças se estabelecerá a imputação formal, delimitar-se-á o objeto do processo, a área de atuação
jurisdicional e a própria defesa do réu/querelado.

Permite que o réu conheça claramente os fatos que lhe estão sendo imputados, facilitando, assim, que
se defenda.

Requisitos da denúncia:

I. Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias.


II. Qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo
III. A classificação do crime
IV. Rol das testemunhas
Denúncia alternativa: É quando, não obstante a pluralidade de condutas atribuídas, já se sabe, de
antemão, que o acusado só pode ter praticado uma delas. Majoritariamente, não se admite na
atualidade a chamada denúncia alternativa, por prejudicar o exercício da ampla defesa pelo réu.

Denúncia per relationem: não é admitida, deve estar de forma expressa na peça acusatória.

Delimitação temporal: Pode dificultar bastante a ampla defesa não indicar o período de tempo em que
o fato foi praticado, razão pela qual, sempre que possível, deve ser bem delimitada. Embora em algumas
situações possa se tratar de mera irregularidade, a questão dependerá do prejuízo potencial à ampla
defesa.

Normas penais em branco: Em caso envolvendo normas penais em branco – ou seja, quando a
tipificação da conduta se remete a outra norma, legal ou infralegal – devem ser indicadas na denúncia
as normativas que a complementam, sob pena de inépcia, conforme vem decidindo o STJ.

Rol de testemunhas: é ônus da parte acusadora fazê-lo, em seu próprio interesse, sob pena de
preclusão.

Autenticação e identificação:

A denúncia deve ser feita por escrita, em idioma nacional (tradução deve ser feita caso o agente não
compreenda o idioma nacional, em consonância com a Convenção Americana de Direitos Humanos), o
endereçamento será feito ao juízo (e não ao nome do juiz).

2) Juízo de admissibilidade da peça acusatória: rejeição ou recebimento da denúncia.


IPC: “após alguma discussão, fixou-se a posição de que a denúncia deverá ser recebida liminarmente
antes da citação do réu, pois a decisão de citá-lo já é uma análise positiva do preenchimento dos
requisitos mínimos. Ademais, com a citação do acusado, o processo terá a sua formação completa, nos
termos do art. 363” (Mendonça, 2018). Veja que além da literalidade da locução do art. 396 (recebe-la-
á), o art. 363 fala em completada a formação do processo quando realizada a citação (não com o
recebimento da denúncia) e não haveria possibilidade de absolvição sumária sem recebimento da
denúncia.’’

3) Rejeição da peça acusatória

i) Manifestamente inepta: mais relação com a forma, quando não preenche os requisitos formais
mínimos para que seja processada (art. 41, CPP) - exposição do fato criminoso, qualificação do acusado,
classificação do crime, rol das testemunhas, quando necessário.

IPC: Normalmente, para se verificar da inépcia (como se trata de um vício formal), sequer é
necessário analisar as provas/elementos informativos. Basta a leitura atenta da peça
acusatória. Aliás, é uma prática maneira de diferenciar o defeito de forma (inépcia) do defeito
de conteúdo/substrato (falta de justa causa), de que falaremos mais adiante.

ii) Falta de pressuposto processual: “Ausente qualquer pressuposto de existência, tecnicamente não
existirá processo. Ausente pressuposto de validade, embora seja possível a instauração do processo,
não haverá relação processual válida” (Marcão, 2017).

Pressupostos de existência: denúncia ou queixa; juiz investido de jurisdição e partes (acusador


e acusado). Em outras palavras: demanda judicial, jurisdição e partes. A jurisdição é inerte e
por isso não pode agir ex officio (ne procedat iudex ex officio). Para a instauração do processo,
deve haver provocação por quem de direito, contra quem de direito, e perante o órgão
jurisdicional.

Pressupostos e validade: a competência do juízo; a ausência de suspeição, de litispendência,


de coisa julgada e de ilegitimidade ad processum, conforme aponta o art. 95 do CPP. A
necessidade de processo perante juiz competente decorre do princípio do juiz natural. A
ausência de suspeição está atrelada ao princípio da imparcialidade do juiz.
Falta de condição da ação penal

A análise das condições da ação deve ser feita em face do pedido do autor, abstratamente, sendo essa
a posição atualmente majoritária, pois melhor separa as condições da ação do mérito. As condições da
ação, portanto, devem ser analisadas em status assertionis, ou seja, conforme asseverado pelo autor,
sem maior profundida cognitiva.

iii) Falta de justa causa para o exercício da ação penal: a ideia de justa causa já estaria abarcada nas
condições da ação. Representa a prova da materialidade e de indícios de autoria (Bonfim, 2013), é
sinônimo do suporte probatório mínimo (que o crime exista e que as evidências apontem sua possível
participação no ato).

Não faz coisa julgada material, podendo ser novamente intentada em momento oportuno.
Rejeição parcial: É plenamente possível a rejeição parcial da acusação, seja no aspecto objetivo quanto
no subjetivo. Assim, se a denúncia imputou dois fatos delitivos, o magistrado pode recebê-la apenas
por um deles (alegando, por exemplo, que falta justa causa para um dos fatos). Da mesma forma, se na
acusação constam dois agentes, pode o magistrado rejeitar a denúncia em face de um deles e recebê-
la no tocante ao outro. Caberá recurso em sentido estrito nesse caso.

Recurso cabível contra a rejeição da peça acusatória:

• Regra: RESE.
• Exceção: nos juizados especiais criminais caberá apelação.

Súmula 707, STF: Caso haja recurso, será necessário intimar o denunciado (que até então não foi citado)
para que apresente contrarrazões ao recurso. Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado
para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação
de defensor dativo.

A rejeição da acusação faz coisa julgada? De regra não. “Em determinadas situações de rejeição, no
entanto, não será possível repropor a denúncia, como no caso de litispendência ou coisa julgada. No
entanto, a regra geral é ser possível repropor a ação, desde que suprida a falha” (Mendonça, 2018)

Trancamento da ação penal: extinção anômala da ação penal. Esse controle (chamado de vertical) deve ser
excepcional, até mesmo para evitar supressão da instância, limitando-se a situações manifestas de
constrangimento ilegal, inclusive porque seu instrumento é o habeas corpus.

Recebimento da peça acusatória: “De acordo com a jurisprudência, recebida a peça acusatória, não pode o juiz
rejeitá-la depois, porquanto teria ocorrido preclusão pro judicato. Caso pudesse fazê-lo, o juiz estaria
concedendo habeas corpus de ofício contra si mesmo, o que não é possível”. Caso perceba a inexistência de
alguma condição da ação, posteriormente, extingue o processo sem julgamento do mérito.

‘’Impossibilidade jurídica do pedido, ilegitimidade de partes, inépcia da denúncia, são temas que
poderão ser revistos, mesmo após o recebimento da denúncia. Verificadas tais situações, mesmo já
tendo recebido a denúncia, o juiz deve extinguir o processo, sem julgamento do mérito (Badaró, 2017)’’.

-É causa interruptiva da prescrição.

-O juiz deve receber a denúncia in dubio pro societatis. O que se exige é uma cognição menos profunda
do que aquela necessária para condenação - cognição sumária, havendo indícios de autoria e
materialidade para recebimento. 10

10
STF já afirmou que a fase processual do recebimento da denúncia é juízo de delibação, jamais de cognição
exauriente.
-É nula se não houver fundamentação no recebimento da denúncia? Inexiste violação do art. 93, IX,
da Constituição Federal. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que “[...] o juízo
positivo de admissibilidade da acusação penal, ainda que desejável e conveniente a sua motivação, não
reclama, contudo, fundamentação”

-O juiz pode alterar a classificação jurídica dos fatos no momento em que recebe a denúncia?

Regra: não o fazer nesse momento, tendo em vista a atribuição do MP como titular da ação
penal e da cognição sumária, que poderá sofrer alterações ao longo do processo. É possível o
magistrado alterar em situação excepcionais, desde que:

a) Não depender de dilação e for constatável de plano, in status assertionis.


b) Houver nítido excesso de acusação
c) Desclassificação trouxer consequências benéficas e imediatas ao imputado ou
envolver questão de ordem pública.

STF também já decidiu, em outra oportunidade, que, em situações excepcionais, se houver


erro de direito na tipificação da imputação do fato descrito na denúncia, que possa alterar a
competência, permite-se a modificação liminar da capitulação no momento do oferecimento
da denúncia.

Citação do acusado: é o ato que integra o réu ao processo.

• Pessoal
• Edital
• Com hora certa

Reação defensiva à peça acusatória: prazo de 10 dias para defender-se das imputações que lhe são feitas.

Defesa preliminar: não se confunde com a resposta à acusação. Está presente nos procedimentos
específicos como a Lei de Drogas, Juizados Especiais Criminais e nos crimes afiançáveis (funcionários
públicos, por exemplo – art. 514, CPP) etc. Não é cabível no procedimento comum ordinário e sumário.

Escopo da resposta à acusação: é uma eventual absolvição sumária nas hipóteses de atipicidade,
excludentes de ilicitude ou da culpabilidade, salvo inimputabilidde ou causa extintiva da punibilidade.
Se não for o caso de absolvição sumária, oferece documentos, justificações, especifica as provas, arrola
as testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação.

Eventuais exceções (de incompetência, ilegitimidade de parte, litispendência, coisa julgada ou


suspeição) apresentadas por ocasião da resposta à acusação deverão ser processadas
separadamente, conforme determina o § 1º do art. 396-A do CPP.

IPC: A lei exige a manifestação – isso é obrigatório, seja pelo advogado constituído, seja por um defensor
dativo; todavia, não impõe quanto ao conteúdo que, pode ou não tocar no mérito e nos fatos de acordo
com a conveniência e estratégia defensiva.

Prazo para resposta: 10 dias como regra. Para a Defensoria Pública é em dobro – portanto, de 20 dias
–, considerando a LC 80/94. No entanto, é possível que o magistrado amplie referido prazo. Em especial
porque a Convenção Americana de Direitos Humanos (Decreto 678/1992). No caso da Ação Penal 470
(Mensalão), o STF entendeu possível conceder prazo mais lato para a interposição do recurso de
embargos de declaração, por se tratar de litisconsórcio passivo multitudinário, aplicando o art. 191 do
CPC por analogia.

Averiguar a complexidade do caso para possibilitar uma efetiva defesa, sob o prisma do
contraditório.

Nomeação de defensor: exige capacidade postulatória para a resposta à acusação.

STJ já entendeu válido o pedido de indicação de testemunhas a posteriori por parte da Defensoria,
decidindo não ter havido preclusão, diante do pedido de postergação do prazo. No entanto, trata-se de
situação excepcional e a regra geral é que a ausência de indicação do rol no prazo levará à preclusão.

Suspensão condicional do processo: para que haja processo, o recebimento da denúncia é pressuposto.
A citação também deve ocorrer para que o processo se complete, desta forma, a denúncia deve ser
recebida para posterior análise da suspensão condicional do processo.

Ofertada a denúncia, sendo cabível a suspensão condicional do processo e feita proposta pelo
MP, de início deve o magistrado fazer o juízo de admissibilidade para verificar se recebe ou
não a denúncia, conforme já decidiu o STF (Pet 3.898/DF, Tribunal Pleno, rel. Min. Gilmar
Mendes, j. 27.08.2009, m.v.). Recebida a acusação, a questão é se deve o magistrado designar
audiência para o oferecimento da proposta de suspensão ou se deve determinar a intimação
do acusado para apresentar defesa escrita. A primeira opção é a que melhor se coaduna com
o espírito da suspensão condicional do processo.

Resposta escrita em outros ritos: defende-se que em todos os ritos de primeiro grau deveriam ter
apenas a resposta escrita e não mais a defesa preliminar em virtude das alterações legislativas.

Absolvição sumária: não é uma sentença definitiva e, muito menos, absolutária. É apenas uma decisão
declaratória, que não tem o condão de alterar a natureza jurídica do ato. Declara extinta a pretensão punitiva
do Estado.

A incerteza, neste caso, não favorece o réu, continua-se o processo.

IPC: Eventual rejeição da absolvição sumária do acusado não faz coisa julgada formal e material, nem
tampouco impede que, por ocasião da sentença final, possa o juiz absolver o acusado com base em
fundamento anteriormente rejeitado (v.g., legítima defesa).

• Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato: previstas no art. 23, CP (legítima defesa,
estado de necessidade, exercício regular de direito e o estrito cumprimento do dever legal), além das
hipóteses supralegais como o consentimento do ofendido.

• Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade, salvo a inimputabilidade: coação


irresistível, obediência de ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, embriaguez
completa por caso fortuito ou força maior, inexigibilidade de conduta diversa.
Difere do rito do Júri, uma vez que ocorre após a instrução probatória (materialidade e autoria), já tendo
ocorrido o exercício do contraditório e da ampla defesa.

• Fato narrado não constitui crime: exemplo comum é o caso da aplicação do princípio da insignificância.
• Extinta a punibilidade do agente: previsto no art. 107, CP, mas há outros normativos, como o agente
que cumpre a suspensão condicional do processo.

Da decisão que absolve sumariamente o acusado cabe apelação (art. 593). Excepcionalmente,
quanto à prescrição, decadência e perempção cabe RESE. Por haver divergência doutrinária
quanto a interposição do recurso cabível, é plenamente aceito o princípio da fungibilidade
recursal.

• Manifesta ausência de autoria ou participação: é uma hipótese levantada pela doutrina.

• Absolvição sumária parcial: A absolvição sumária parcial pode ser objetiva (dois delitos, absolve
sumariamente um deles) ou subjetiva (dois imputados, absolve sumariamente apenas um). Necessária
a fundamentação.
Cabe algum recurso no caso de indeferimento da absolvição sumária? Quando o juiz apenas
determina o prosseguimento do processo? Existem duas correntes:

a) Minoritária: por ser a decisão interlocutória não terminativa (ao admitir a acusação, não o seu
recebimento, pois tal ato já ocorreu) seria possível RESE, sem efeito suspensivo, por interpretação
extensiva da previsão do art. 581, IV, do CPP.
b) Majoritária: é irrecorrível, pois há um simples prosseguimento do rito com a designação de data
para a produção de prova oral etc.

Se diante de prova inequívoca que permita a absolvição sumária: cabe HC (pela falta de justa
causa para o prosseguimento da AP).

A decisão de absolvição sumária faz coisa julgada formal e material.

Designação da audiência: art. 399, CPP.

É possível uma reanálise do juiz sobre a peça acusatória nesse momento?

Questões preliminares como inépcia da denúncia, falta de condições da ação, pressupostos


processuais ou falta de justa causa.
Intimações: a vítima ainda que não seja indicada para ser ouvida, deverá ser comunicada da designação
da data da audiência. Vítima não tem prazo mínimo (48h - Súmula 117, STJ e/ou 05 dias por aplicação
do CPC, art. 935).

Testemunha: antecedência de pelo menos 3 dias da data da audiência (CPC, art. 455).

É possível a intimação do réu mediante seu advogado? Caso se trate de defensor constituído,
é intuitivo que, como regra, há contato entre o advogado e seu cliente, de sorte que não haverá
prejuízo nessa forma de intimação. No entanto, excepcionalmente, se a defesa comprovar que
não tem contato com o cliente – o que deve ser excepcional, quando se tratar de advogado
constituído – pode solicitar que o juízo intime pessoalmente. De qualquer forma, somente
haverá nulidade se houver prejuízo.

IPC: Réu preso: A autodefesa, inclusive, está prevista na Convenção Americana dos Direitos
Humanos (Decreto 678/1992), em seu art. 8º, 2, d. Ou seja, o acusado tem direito de
acompanhar os atos processuais pessoalmente, ainda que esteja preso. No entanto, segundo
decidiu o STF em repercussão geral (RE 602.543 QO-RG/RS, Pleno, rel. Min, Cezar Peluso, j.
19.11.2009, m.v.), somente é obrigatória a presença do réu, mesmo que preso, se houver
prévia solicitação ao juízo.

Princípio da identidade física do juiz: o que se prega é que o juiz que colheu as provas seja o mesmo
(física e pessoalmente falando) que julga; magistrado que presidiu a instrução ficará vinculado com o
julgamento do processo.

Ressalvas: se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou


aposentado. Demonstra que o princípio não é absoluto.

A verificação do afastamento do juiz deve ser feita na data da conclusão do processo para
sentença.

Audiência de instrução e julgamento

Em regra: audiência una.

Prazo de realização: deve ser designada e realizada no prazo máximo de 60 dias.

Ausências:

o Representante do MP: exige a intimação, todavia, se intimado, nenhum agente se faz presente
existem precedentes admitindo a realização da audiência.
o Do defensor: a defesa técnica é indeclinável.
o Se não puder comparecer: adia a audiência.
o Se não estiver presente e não justificar previamente: nomeia-se o ad hoc, ainda que
seja apenas para o ato.

o Do acusado: tem direito de defesa.


o Do querelante: poderá levar à perempção, conforme art. 60, III, CPP.
o Do assistente: não levará ao adiamento da audiência.

Sequência:

1. Declarações do ofendido
2. Inquirição das testemunhas (acusação e defesa): até 08 testemunhas para cada réu e para cada
infração imputada (art. 401, CPP).
3. Esclarecimento peritos
4. Acareações
5. Reconhecimento de pessoas e coisas
6. Interrogação do acusado

Esclarecimento dos peritos: dependem de prévio requerimento das partes. Pode o juiz de
ofício intimá-lo para prestar esclarecimentos.

-As partes devem apresentar as questões a serem respondidas com antecedência


mínima de 10 dias (varia de acordo com a complexidade da pergunta).

Indeferimento de provas: pelo juiz das consideradas irrelevantes, impertinentes ou


protelatórias.

Poderá o juiz determinar que a defesa apresente justificativa sobre a necessidade


de produção de prova.

Testemunhas abonatórias, antecedentes ou de canonização:


Diligências: ‘’até então não cogitadas pelas partes, e que vão se destinar ao esclarecimento da verdade,
já que tais circunstâncias afloram do manancial probatório que acaba de ser produzido.’’ (Távora, 2017)

-Possibilidade: do assistente também solicitar diligências.

No entanto, não são quaisquer diligências que as partes podem solicitar nesse momento.
São apenas aquelas cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na
instrução.

A parte que requereu a prova tem o ônus de demonstrar que a prova é relevante.

Três requisitos para que a prova possa ser deferida nessa fase:

Da decisão: não cabe recurso, deve a parte alegar em memoriais, reiterando na fase
recursal, sob pena de preclusão.

Alegações finais: palavra ao MP e depois à defesa.

Se orais: por 20 minutos, prorrogáveis por mais 10, proferindo o juiz, a seguir, a sentença.

Se for assistente do MP: 10 minutos, prorrogáveis por igual período.

Regra: é a oralidade. Exceção: alegação final por escrito (memoriais).

PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO


Hipóteses de cabimento:

• Cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 anos de PPL


• Quando o JECrim encaminhar ao juízo comum as peças existentes nas infrações penais de menor
potencial ofensivo.

Distinção entre o procedimento ordinário e sumário

Prazo para realização da audiência: contados a partir da decisão que rejeitar eventual pedido de absolvição
sumária e designar a data da audiência.

• Ordinário: até 60 dias


• Sumário: até 30 dias

Número de testemunhas

• Ordinário: 8 testemunhas para cada polo


• Sumário: 5 testemunhas para cada polo

Ausência legal sobre requerimento de diligências: no ordinário é facultado às partes, ao final da instrução,
requerer diligências, cuja necessidade de realização tenha surgido por ocasião da audiência. No rito sumário
não há essa previsão. Entretanto a doutrina entende ser possível que o magistrado determine a realização das
diligências.

Ausência de previsão legal sobre a possibilidade de substituição das alegações finais orais por memoriais:
Hipóteses que será possível a substituição por memoriais são:

A) Em razão da complexidade do caso


B) Em virtude do elevado número de acusados; e
C) Quando ordenada diligência considerada imprescindível.

IPC: em relação ao procedimento sumário não há previsão para essa substituição limitando-se a lei a
simplesmente afirmar que as alegações serão orais. Autores como Greco Filho defende ser possível essa
prática diante da complexidade do caso.
OBSERVAÇÕES

-Se a audiência for suspensa, a testemunha que compareceu será ouvida, desde que obedecida a ordem revista
no Código de Processo Penal.

-Não há previsão legal que autorize o arrolamento de testemunhas no caso de emendatio libelli (até mesmo
porque ela ocorre por ocasião da sentença), instituto que, em princípio, não prevê e não depende de aditamento
da denúncia.

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

Aplicação: para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.

Inexistência de circunstância que desloque a competência para o juízo comum, como, por exemplo, a
impossibilidade de citação pessoal do autuado, a conexão e continência com infração penal comum, e
a complexidade da causa.
Disposição: Juizado Especial (Lei 9.099/95), previsto na CRFB, art. 98, I:

'’Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação,
o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor
potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas
em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;’’

Objetivo:

• Conferir maior celeridade e informalidade


• Evitar a prescrição
• Revitalizar a figura da vítima
• Estimular a solução consensual dos processos penais
• Política de não-encarceramento ou desencarceramento.

Princípios informadores: objetiva sempre que possível a reparação dos danos sofridos pela vítima e aplicação
da pena não privativa de liberdade (finalidades):

 Oralidade

 Simplicidade
o Lavratura de termo circunstanciado ao invés do IP (art. 69);
o Desnecessidade de exame de corpo de delito para oferecer a denúncia, quando a
materialidade dos crimes estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente (art. 77);
o Remessa dos autos ao juízo comum quando o acusado não for encontrado para ser citado
pessoalmente (art. 66).

 Informalidade
o Possibilita a prática de atos processuais no período noturno e em qualquer dia da semana;
o Nulidade só se houver comprovação de prejuízo às partes;
o Prática de atos em outra Comarca poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de
comunicação. Dispensa-se a utilização de CP.
o Prevê a dispensa do relatório na sentença.

 Economia processual
 Celeridade
Competência:

Vedação: ao juiz federal é excluído as contravenções, mesmo que se trate de matéria a priori que afeta
a sua competência. Desta forma, o Jecrim Federal apenas julga os crimes dentro do limite de pena acima
indicado.

Causas de aumento e de diminuição de pena são considerados? Sim.

Juiz pode mudar a definição jurídica inicialmente atribuída (pelo promotor, autoridade policial) para
efeito de definir a competência do Juizado? Sim, excepcionalmente pode (quando houver evidente
excesso de acusação e para efeito de tutelar algum direito ou garantia do acusado).

IPC: Essa situação é excepcional! Não é o que deve ocorrer na maior parte dos casos. Isso
porque o momento adequado para o juiz ‘mexer’ na classificação jurídica do fato é na
sentença, através da emendatio libelli (art. 383 do CPP) – até para evitar prejulgamento.

Estatuto do Idoso: aos crimes previstos no Estatuto, cuja pena máxima privativa de liberdade, não
ultrapasse 04 anos, aplica-se o procedimento do Jecrim. Competência permanece a mesma, portanto.

STF: o art. 94 do Estatuto do Idoso dever ser interpretado em prol de seu destinatário, e não
do agente violador da lei. Assim, não se aplica eventuais benefícios como a transação penal.

Violência doméstica e familiar contra a mulher: não se aplica em hipótese alguma, independente da
da pena prevista.

Justiça militar: expressa vedação legal à aplicação deste procedimento, independente da pena prevista.

Possível mudança de entendimento: segundo os Ministros Luiz Fux, Ayres Britto e Celso de
Mello, caso o crime militar seja cometido por civil, afigura-se possível a aplicação dos institutos
despenalizadores previstos na Lei dos Juizados Especiais Criminais. Isso porque, em tempos de
paz, os civis não estão sujeitos à hierarquia e à disciplina militar.
Foro por prerrogativa de função: não há óbice à aplicação dos institutos despenalizadores previstos na
Lei nº 9.099/1995 quando o delito apurado se tratar de infração de menor potencial ofensivo.

Crimes eleitorais: as infrações penais eleitorais contam com um procedimento especial. Dessa forma,
são julgados pela Justiça Eleitoral, não se aplicando o procedimento previsto na Jecrim, todavia é
passível os benefícios previstos na referida lei.

Competência territorial: art. 63 prevê que será determinada pelo lugar em que foi praticada 11 a
infração penal.

Adoção da teoria da atividade.

A análise da complexidade, para remessa dos autos, deve ficar a cargo tanto do órgão
acusatório quanto do magistrado. Se o membro requerer a remessa e o juiz discordar, pode se
valer do art. 28, do CPP.

11
Divergência doutrinária. Doutrina majoritária prevê que se refere ao local da conuta do agente (ação ou
omissõa).
Nos casos de conflito negativo de competência: compete aos TRFs o julgamento dos conflitos
de competência que surgirem entre Juiz do Juizado Especial Criminal Federal e Juiz de Primeiro
Grau da Justiça Federal Comum.

Natureza da competência dos juizados: relativa, em que a própria lei do juizado prevê
modificações.

Citação: deve ser pessoal, não se admite por telefone e/ou meio eletrônico.

Se não for encontrado, remete0se o processo ao juízo comum.

Fases: uma preliminar e outra judicial.

Fase preliminar: começa com a ocorrência e toma forma com a lavratura do termo circunstanciado.

1) Formalização da ocorrência: por meio do termo circunstanciado.

Termo: qualificação e endereço das partes, circunstâncias dos fatos, versão dos envolvidos, rol
de testemunhas, especificação de exames periciais quando solicitados, assinatura das partes.

o Competência: da autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavra o termo.


o O PM pode lavrar o termo? Segundo recente entendimento do STF, sim.

O termo autoridade policial mencionado pelo art. 69 da Lei 9.099/95 não se restringe
à polícia judiciária, mas aos órgãos em geral de Segurança Pública, já que o Termo de
Ocorrência Circunstanciado não possui caráter investigatório”.

Capez:

o Ocorrência e flagrante: em regra, não. É possível a prisão caso o agente se recuse a ser
encaminhado ao Juizado e/ou não assuma o compromisso.

2) Audiência preliminar: observe que ainda não existe acusação formal, muito menos o seu recebimento.
Objetivo da audiência é a conciliação (composição dos danos e proposta de aplicação imediata de pena
não privativa de liberdade).
Caso autor e vítima compareceram (faculdade): devem estar acompanhados de advogados.

Composição dos danos civis: por escrito e, homologada pelo juiz mediante sentença
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.

IPC: Na composição civil dos danos, estão em jogo interesses patrimoniais e, portanto,
de natureza individual disponível. Por conseguinte, não há necessidade de
intervenção do Ministério Público, a não ser que se trate de causa em que haja
interesse de incapazes.

O acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa/representação, nas


ações penais de iniciativa privada ou condicionada à representação. Extingue a
punibilidade, portanto (art. 107, V).

Posteriormente, se porventura o acordo não for cumprido, não haverá restituição à


vítima de seu direito à queixa ou representação; caber-lhe-á apenas tomar as devidas
medidas cíveis de execução do título.

Nas ações penais públicas não há previsão de efeito, devendo o processo seguir o
trâmite. MP permanece podendo oferecer transações etc. Além de ser possível a
aplicação da causa geral de diminuição de pena (art. 16, CP) como arrependimento
posterior.

3) Oferecimento da representação: não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente
ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.

O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do


direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.

Prazo decadencial: o ofendido terá o que lhe resta do prazo decadencial para representação
ou queixa. Lembre-se que são 6 meses do dia em que a vítima vier a saber quem é o autor do
crime.
4) Verificar a possibilidade de transação criminal entre o MP e o autor da infração: no caso de
prosseguimento da ação e não sendo caso de arquivamento, o MP poderá propor a aplicação imediata
de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta

-Requisitos/pressupostos para a transação: a lei não fala em requisitos positivos de


cabimento, apenas de negativos, ou seja, quando não se admite a transação penal. O primeiro
é não ser causa de aquivamento (falta de justa causa).

-Não ter condenação transitada em julgada por crime com PPL: Ou seja: se o sujeito foi
condenado por uma contravenção (que não é o mesmo que crime) teria ‘direito’ ao benefício;
se o sujeito foi condenado por crime com pena restritiva de direitos ou multa também.

AURY LOPES JR., também não há restrição quando já tiver sido o autor do fato
condenado por crime culposo, o que, caso contrário, seria claramente
desproporcional (Júnior, 2018). Note, todavia, que a lei nada fala sobre ser o crime
doloso ou culposo.

-Natureza jurídica de: poder-dever do MP, não se tratando de direito subjetivo. É um acordo
entre as partes, sendo um ato bilateral (envolve as duas partes), personalíssimo (não admite
delegação), voluntário (depende da manifestação da vontade), formal (é reduzido a termo e
homologado) e tecnicamente assistido (depende de advogado).

-Legitimidade para apresentar: é do MP. Deve propor o benefício, avaliando os requisitos


previstos.

Se o MP, indevidamente, não fizer a proposta de transação? Faculta-se ao


magistrado, por aplicação analógica do art. 28 do CPP, remeter os autos ao
Procurador-Geral de Justiça (no âmbito do Ministério Público Estadual) ou às Câmaras
de Coordenação e Revisão (no âmbito do Ministério Público Federal).

-Cabimento: para todas as ações penais.

STJ não é cabível a transação nos casos de concurso material de IMPO em que a soma
das penas ultrapassasse 2 anos. Deve ser aplicado inclusive no caso de concurso entre
crime comum e infração de menor potencial ofensivo.
Procedimento: a proposta será oral ou escrita, deverá especificar a sanção penal a ser
imposta, individualizando a espécie e a duração da pena restritiva de direitos ou, no caso de
multa, o seu valor.

Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor: será submetida ao juiz.

Quando houver divergência entre autor e defensor? Divergência, há corrente


defendendo a prevalência dos interesses do autor, enquanto outra permite
a interposição de apelação pelo advogado quando o réu manifesta o seu
desejo de não recorrer.

Não havendo irregularidades/ilegalidades: juiz homologa o acordo e aplica a PRD ou


multa.

O juiz não é obrigado, deve analisar a legalidade da proposta e da aceitação.

Homologação: acusado não se torna reincidente, nem constará a sanção nos


antecedentes criminais.

Será registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo


de 05 anos.

Decisão de natureza declaratória.

Da decisão que (não)homologa: cabe apelação.

Assistente de acusação pode recorrer da decisão homologatória? Essa


faculdade recursal apenas existe quando, realizada a transação após o
oferecimento da denúncia (não há previsão legal de atuação do assistente na
fase que antecede o recebimento da denúncia), for manifesta a violação da
lei na sua efetivação. (Avena)

Apesar de ser um instituto aplicado antes do início do processo, não há óbice


para que seja realizado durante.

Na própria audiência preliminar, caberá ao titular da ação:

a) Requisitar diligências imprescindíveis à formação da opinio delicti, com a devolução dos autos à Polícia.
b) Poderá requerer ao juiz o encaminhamento dos autos ao juízo comum
c) Arquivamento dos autos:
• Ausência de pressuposto processual ou de condição para o exercício da ação penal
• Falta de justa causa para o exercício da ação
• Atipicidade da conduta
• Manifesta causa excludente da ilicitude
• Manifesta causa excludente da culpabilidade, salvo a inimputabilidade
• Existência de causa extintiva da punibilidade.
d) Pedido de declinação da competência
e) Suscitar CC
f) Oferecimento de denúncia ou queixa oral

Fase judicial: em não havendo composição dos danos civis, nem aceitação ou homologação da transação penal,
o procedimento terá seguimento nos termos do art. 77 da Lei nº 9.099/1995.

Número máximo de testemunhas: 03, aplicando-se, subsidiariamente, o previsto no Jecível.

A denúncia/queixa será reduzida a termo e entregue cópia ao acusado. Considera-se citado, em


audiência preliminar, e será cientificado da data e hora da audiência de instrução e julgamento (art.
78).

Se o acusado não estiver presente na audiência: no mínimo 05 dias antes da realização da


audiência de instrução deve indicar as testemunhas e apresentar requerimento para
intimação, se desejar fazê-lo.

Defesa preliminar antes do recebimento da peça acusatória: art. 81, visa a rejeição da inicial (Art. 395, CPP).
Cao seja recebida a denúncia/queixa, abre-se oportunidade para o advogado do acusado se manifestar quanto
as hipóteses do art. 397, CPP, de absolvição sumária.

A decisão que rejeitar a denúncia/queixa e da sentença caberá apelação 12.

Audiência de instrução e julgamento:

12
Que poderá ser julgada por turma composta de 3 juízes em exercício no 1º grau de jurisdição, reunidos na
sede do Juizado. (juízo ad quem)
-Condução coercitiva: cabível apenas na audiência de instrução e julgamento.

Peculiaridades recursais

Apelação: prazo de 10 dias, contados da ciência da sentença pelo MP, réu, defensor.

-Intimação das partes da data da sessão de julgamento: pela imprensa.

-Confirmação da sentença pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

-Na apelação comum do CPP, o recorrente pode optar por apresentar as razões de recurso diretamente
no juízo ad quem (art. 600, § 4°); no Juizado, isso não é possível, haja vista a necessidade de
apresentação conjunta da petição de interposição e das razões de recurso (art. 82, § 1º).

-Embargos de declaração: 05 dias.

Interrompem a prescrição.

Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

-HC:

• Se for impetrado contra decisão de juiz singular a competência para processamento e julgamento
é da turma especial.
• Se for impetrado contra decisão da turma: a competência será do tribunal a que estiver ela
vinculada.

-MS: compete a turma recursal processar e julgar o MS contra ato de juizado especial, inclusive da
decisão proferida contra a própria turma.

-Súmula 203, STJ: não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de 2º grau dos Juizados
Especiais.

Execução no âmbito dos juizados: será diferente o órgão competente para executá-las.

• Pena de multa isoladamente aplicada: mediante pagamento na própria Secretaria do Juizado.


o Feito o pagamento: extingue a punibilidade.
o Não fez o pagamento: será possível a sua conversão em PPL ou PRD (art. 85). Há divergência,
Bonfim dispõe que ‘‘a pena de multa não poderá, em hipótese alguma, ser convertida em pena
privativa de liberdade na hipótese de não pagamento.’’.

• PPL ou PRD, cumuladas ou não com multa: a execução dessas penas não caberá ao Juizado.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Hipótese (art. 89): o MP pode propor, por 2 a 4 anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não
tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a sursis processual.

Cabimento: a todos os crimes.

Crimes de ação penal privada?


Diferente: da suspensão do processo previsto no art. 366, CPP (citação por edital). É chamada também de sursis
processual.

Natureza jurídica: poder-dever do MP.

Dupla natureza:

• Processual: suspende o processo


• Material: extingue a punibilidade

Requisitos:

a) Crimes de pena mínima não superior a 1 ano: não importa em qual diploma legal o crime esteja
previsto.

IPC: jurisprudência vem admitindo quando o crime tiver cominado pena alternativa de multa,
por mais que a pena mínima PPL seja maior que 1 ano. Ex: relações de consumo.

Não cabe para os crimes militares, nem para os praticados com violência doméstica e familiar
contra a mulher.

b) Acusado não processado, nem condenado: a condenação independe do trânsito em julgado.

-Aplica-se também aos crimes culposos.

-Entendendo muitos que se o novo crime foi praticado após o decurso do prazo da
reincidência, vale dizer, depois dos 5 anos subsequentes ao término da pena cominada em
face do crime anterior, não há óbice à suspensão.

-E quando se tratar de processo ou condenação anterior por contravenção penal? Não obsta a
proposta de suspensão, pela lei expressamente se referir ao crime.

c) Presença dos requisitos do sursis: previstos no art. 77, CP


Prazo mínimo para obtenção: aplica-se por analogia a transação penal de 05 anos. Há divergência.

Legitimidade: MP.

Momento para a proposta: após o recebimento da denúncia, mas antes de iniciada a instrução da causa.

Procedimento ordinário: imediatamente antes da designação da audiência una de instrução e


julgamento, caso afastada a possibilidade de absolvição sumária do acusado.

É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da


pretensão punitiva.

É lícito ao juiz, em vez do aprazamento de audiência, submeter ao acusado a proposta de suspensão


condicional do processo por mandado, a ser cumprido por oficial de Justiça? Não

Aceitação da proposta: caberá ao acusado e seu defensor aceitá-la ou não.

A aceitação da proposta de suspensão condicional do processo penal constitui ato irretratável, salvo se
comprovado que a manifestação de vontade do acusado acha-se afetada por vicio de consentimento,
como o erro e a coação. Aceita a proposta, esta será submetida à apreciação do juiz. O magistrado não
está obrigado a homologar o acordo penal, devendo analisar a legalidade da proposta e da aceitação
Período de prova e condições: havendo aceite da proposta, o juiz receberá a peça acusatória e suspenderá o
processo. Caso, ao final, ocorra todo o cumprimento do fixado, será declarada extinta a punibilidade.

Prazo: de 2 a 4 anos, quando terá de cumprir algumas condições.

Condições:

1. Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. A omissão injustificada em ressarcir o


prejuízo até o encerramento do período de prova é causa de revogação obrigatória da
suspensão condicional do processo (art. 89, § 3°).
2. Proibição de frequentar determinados lugares;
3. Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz
4. Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades 13.
5. Juiz poderá especificar outras condições, conforme situação pessoal do acusado e
circunstâncias do fato.

-Aqui temos as chamadas condições alternativas ou judiciais, que o juiz pode estipular.
No que se refere às condições da suspensão condicional do processo, portanto,
perceba que o papel do juiz é maior se comparado ao da transação. Com relação a
esta, lembre, ele só pode diminuir eventual multa pela metade (art. 76, § 1º).

-Exemplos: tratamento de desintoxicação, frequentar cursos de reabilitação etc.

-Divergência entre doutrina e jurisprudência:

Jurisprudência: porém, prevalece o entendimento de que não há qualquer óbice à


aplicação de penas restritivas de direitos como condições da suspensão condicional
do processo. O STJ, por exemplo, já teve a oportunidade de asseverar que a fixação
de condição consubstanciada em prestação de serviços comunitários, desde que
observados os princípios da adequação e da proporcionalidade, não configura
constrangimento ilegal, não equivalendo à imposição antecipada de pena.

-Não corre a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.

Revogação:

-Causas de revogação obrigatória:

• Se o beneficiário vier a ser processado por outro crime


• Ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.

13
Existem precedentes na jurisprudência dizendo que o comparecimento não pode ser em periodicidade
maior, na medida em que a lei estipula o comparecimento mensal
-Causas de revogação facultativa:

• Se o beneficiário vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção penal; ou


• Descumprir qualquer outra condição imposta.

STJ: Contraria o devido processo legal a decisão que revoga o sursis processual pela inobservância das
condições impostas, sem dar ao acusado a oportunidade de se justificar sobre o descumprimento.

SENTENÇA

Prazos previstos no CPP (art. 800):

• Despacho: 01 dia.
• Decisão interlocutória 14: 05 dias.
• Decisão interlocutória mista ou decisão definitiva: 10 das.

Classificação das decisões interlocutórias:

a) Simples: não colocam fim ao processo, nem a fase do procedimento. Ex: preventiva, Liberdade
provisória, relaxamento do flagrante, quebra de sigilo, busca e apreensão, recebimento da denúncia,
desclassificação. Cabe recurso em sentido estrito para impugnar se houver previsão na lei.
b) Mista: colocam fim ao processo ou a uma fase dele. cabe recurso em sentido estrito quando houver
previsão caso contrário, caberá apelação. Se subdivide em:
a. Terminativa: acarreta extinção/ arquivamento do processo ou do procedimento. Ex:
impronúncia, absolvição sumária, não recebimento da denúncia, acolhimento da exceção de
coisa julgada, litispendência etc.
b. Não terminativa: encerra uma etapa do procedimento. Ex: pronúncia.

14
Dão soluções sobre questões controversas, envolvendo a contraposição das partes, podendo colocar fim ao
processo ou não.
Conceito de sentença (Nucci): é a decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, abordando a
questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação.

Aresto (Brasileiro): é o acordão transitado em julgado.

Perguntas que auxiliam na classificação dos pronunciamentos judiciais?

1. Trata-se de mero comando de impulso oficial? Em caso positivo, haverá despacho de mero expediente.
2. Trata se de uma decisão condenatória ou absolutória proferida pelo magistrado após esgotar todas
as fases do procedimento? em caso positivo, haverá sentença.
3. Trata-se de uma decisão que, não sendo despacho nem sentença, põe termo ao processo importando
em seu arquivamento? em caso positivo, haverá decisão interlocutória mista terminativa.
4. Trata-se de uma decisão que, não sendo despacho nem sentença, põe termo a uma fase do processo,
dando início a outra sem importarem seu arquivamento? nesse caso haverá decisão interlocutória
mista não terminativa.

Classificação da sentença ou decisão quanto ao órgão que a proferiu (subjetivamente):

• Sentença subjetivamente simples: proferidas por juiz singular (órgão monocrático).


• Sentença subjetivamente plúrimas: decisões de órgão colegiado homogêneo. Ex: a decisão de um
recurso por turma dos tribunais.
• Sentença subjetivamente complexas: proferidas por órgãos colegiados heterogêneos a exemplo do
tribunal do júri, formado por um juiz togado e vários outros juízes leigos.

• Sentença material: decidem o mérito da causa (condenação ou absolvição);


• Sentença formal: decide questões processuais, podendo colocar fim ao processo ou à instância (ex>
rejeição da denúncia por inépcia).
Conteúdo da sentença

Requisitos:

• Intrínsecos: relatório, fundamentação e dispositivo


• Extrínsecos: estão relacionados a autenticação da decisão (data e assinatura do juiz).

Ausência do relatório é causa de nulidade absoluta da sentença, já que se trata de formalidade essencial do ato
(art. 564, IV, do CPP). Tratando-se, porém, de ação penal intentada mediante queixa, a referência ao nome do
querelante é obrigatória, sob pena de nulidade. Quanto à ausência do nome da vítima na sentença proferida em
ação penal pública, não sendo sujeito ativo ou passivo da demanda, a omissão, quando muito, poderá
caracterizar uma irregularidade, sem força para nulificar o ato.

Fundamentação

Classificação sentença absolutória


Existe absolvição sumária imprópria?

(BRASILEIRO) Sentença absolutória anômala: é a decisão que concede o perdão judicial ao acusado. Tal decisão
é denominada de anômala porque não existe uma verdadeira absolvição, mas sim um pronunciamento que só
formal e impropriamente pode ser chamado absolutório, visto que, substancialmente, é de condenação.

Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade,
não subsistindo qualquer efeito condenatório.

Causas de absolvição (Art. 386, CPP): deve mencionar na parte dispositiva da sentença.

IPC: Durante o andamento de um processo penal se descubra que o réu era menor de 18 anos, ao
tempo do fato. Não há causa de absolvição a ser utilizada, pois é hipótese de trancamento/anulação da
ação penal por falta de legitimidade passiva do agente - inimputável.

O réu que é absolvido pode apelar? Teria interesse recursal? SIM, na situação em que pretendesse
alterar o motivo da sua absolvição. Lembre-se que conforme a causa da absolvição haverá ou não
vinculação da esfera cível – daí o seu legítimo interesse em recorrer
Efeitos da sentença absolutória

• Mandará, se for o caso, 15 pôr o réu em liberdade: imediatamente, independe do trânsito em julgado
da decisão. Ainda que haja apelação? Sim, conforme art. 596, CPP.
• Ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
• Aplicará medida de segurança, se cabível;

Efeitos secundários:

• Restituição da fiança:

• Levantamento do sequestro, arresto ou cancelamento da hipoteca

• Requerer a retirada da identificação fotográfica do inquérito ou processo

IPC: Alguns autores apontam como efeitos a impossibilidade de ser processado pelo menos fato e o
impedimento da propositura de ação civil de indenização (conforme a hipótese de absolvição) como
efeito.

Sentença condenatória: adota-se o critério trifásico de Nelson Hungria para, ao final, chegar-se ao quantum
adequado e proporcional.

1) Exame das circunstâncias judiciais (art. 59, CP)


2) Incidência de agravantes e atenuantes
3) Causas de aumento e de diminuição da pena

15
Revogado tacitamente.
-Deve fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os
prejuízos sofridos pelo ofendido.

-Medidas de segurança e periculosidade: adota-se o modelo chamado vicariante, mediante o qual se


aplica a pena apenas àquele que tenha capacidade para a responsabilidade, ou seja, o imputável.

As medidas de segurança somente são impostas ao inimputável, ou seja, àquele não portador
de culpabilidade, em razão de sua incapacidade para entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se conforme esse entendimento (art. 26, Código Penal).

-O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão
preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser
interposta.

IPC: O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no


estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de PPL.

A detração da pena: compete ao Juízo da Execução (LEP, art. 66). Devendo ser considerada
pelo juiz que proferir a sentença condenatória. Depois de concluída a dosimetria e antes da
fixação do regime inicial de cumprimento.

Em havendo diversos processos para serem analisados, o juiz do processo de conhecimento


pode se abster de fazer a detração neste momento e motivar, fundamentadamente, os
motivos que a inviabilizaram, ficando a carga do juízo da execução.

Efeitos principais da sentença condenatória:

• Cumprimento da pena
• Lançamento do réu no rol dos culpados

Efeitos principais da sentença condenatória:

• Induz a reincidência 16

16
Quando o agente comete novo crime, depois de transitada em julgado a sentença que o tenha condenado por
crime anterior.
IPC: a utilização como maus antecedentes tem sofrido uma limitação em virtude do direito ao esquecimento.
Não se considerando para crimes históricos

• Autoriza a regressão do regime carcerário


• Revoga sursis
• Revoga livramento condicional

Efeitos extrapenais
Efeitos extrapenais obrigatórios/genéricos: previstos no art. 91, CP. Operam-se por decorrência de lei (ex lege)
e independem de declaração e de motivação pelo juiz.

Única condição para que se cumpram: trânsito em julgado da sentença condenatória.

Efeitos extrapenais específicos: são “chamados de extrapenais porque repercutem em outros ramos do direito,
à exceção do Penal” (Lima, 2018). “Não são automáticos e tampouco obrigatórios, dependendo, para que se
operem, de declaração fundamentada na sentença condenatória.

Ou seja, não são efeitos automáticos, deve vir declarado na sentença.

-Pacote anticrime introduziu o confisco alargado de bens, que tem sido questionado por doutrinadores
a respeito da constitucionalidade, tanto por inverter o ônus da prova em ter que demonstrar a
legalidade/licitude do patrimônio, como em atingir o patrimônio do réu.

-Perda do cargo, função ou emprego público: previsto no CP e em outras normas esparsas, como:

a) Art. 83 da Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações), ao determinar que os servidores públicos condenados
pela prática dos crimes que define, ainda que na forma tentada, estão sujeitos, além das sanções
penais, à perda de cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
b) Art. 16 da Lei 7.716/1989 (crimes resultantes de preconceito de raça e cor): juiz deve demonstrar
a incompatibilidade entre a prática delituosa e o exercício da atividade pública.
c) Art. 1.º, § 5.º, da Lei 9.455/1997 (Lei de Tortura), estabelecendo-se que a condenação “acarretará
a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para o seu exercício pelo dobro do
prazo da pena aplicada”.
d) Art. 7.º, II, da Lei 9.613/1998 (Lavagem de Dinheiro), disciplinando como efeito da condenação
criminal, automático, obrigatório e não exigente de fundamentação, a interdição do exercício de
cargo ou função pública de qualquer natureza pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade
aplicada.
e) Art. 2.º, § 6.º, da Lei 12.850/2013, no sentido de que a condenação com trânsito em julgado do
funcionário público pelo fato de integrar organização criminosa acarreta a perda do cargo, função,
emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo
de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.

Suspensão dos direitos políticos: A suspensão cessa apenas com o cumprimento ou a extinção da pena,
independendo de reabilitação ou de prova de reparação de danos (Súmula 9 do TSE)
IPC: Não existe vinculação da sentença ao pedido do MP.

Publicação da sentença: interrompe a prescrição.

Esgotamento da instância: é efeito genérico da sentença. Não podendo ser modificada pelo prolator, salvo:

a) Correção de erro material: inexatidão de algum aspecto, não resultante de entendimento jurídico
b) Embargos declaratórios
c) Interposição de recurso com efeito regressivo

Intimação da sentença: ideal é que tanto advogado como acusado sejam intimados da sentença.
-STJ: Está admitindo válida a intimação da sentença, mesmo que condenatória, somente para o
advogado (desde que constituído) do réu solto.

Contagem dos prazos para recurso: no processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e
não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. (Súmula 710).

Princípio da correlação: estabelece que o fato criminoso atribuído ao réu na acusação deve ser o mesmo tomado
em conta pelo juiz na sentença; deve haver correspondência (daí o nome do axioma), portanto, entre as
condutas que são consideradas pelo juiz (quando julga) e aquelas que foram expressamente imputadas.

-Trata-se de nulidade absoluta por violar a ampla defesa e ao contraditório.

Princípio da consubstanciação: estabelece que o réu se defenda em relação aos fatos a ele imputados e não em
relação ao direito ou lei aplicável.

-É a causa de pedir que delimita o objeto do processo, não o pedido.

Emendatio libelli: emenda da peça acusatória. O CPP prevê tanto na sentença, quanto para a decisão de
pronúncia.

Juiz promove um ajuste na classificação jurídica da infração penal (jura novit curia – o juiz conhece o
direito e/ou narra mihi factum dabo tibi jus – narra-me o fato e te darei o direito).

Parte da doutrina, destaca 3 formas de emendatio libelli:

a) Por defeito de capitulação: o juiz profere sentença condenatória ou decisão de pronúncia em


conformidade exata com o fato descrito na denúncia ou na queixa. Sem embargo, reconhece que
tal fato amolda-se ao dispositivo penal distinto daquele que constou na inicial. Ex: denúncia consta
como crime de ameaça, mas os fatos narrados evidenciam o crime de roubo.
b) Por interpretação diferente: o juiz realiza interpretação diferente da que o fez o MP ou querelante.
Ex: intepretação acerca da qualificadora.
c) Por suspensão de circunstância

STF: É possível realizar a emendatio libelli em segunda instância mediante recurso exclusivo da defesa,
contanto que não gere reformatio in pejus, nos termos do art. 617, CPP.

Exceto: se a acusação houver recorrido, é possível ocorrer a reformatio in pejus.

STJ: Esta Corte, acompanhando entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, não admite
emendatio libelli em momento anterior ao da prolação da sentença, exceto em situações excepcionais,
quando a inadequada subsunção típica causar prejuízos ao réu, refletindo nos campos da competência
absoluta, do procedimento a ser adotado ou, ainda, quando houver restrição a benefícios penais em
razão de eventual excesso da acusação.

IPC: não há necessidade de intimação para deliberar acerca da emendatio libelli.

Caso o juiz altere a classificação jurídica do fato na sentença e perceba, com isso, que a nova
infração não é da sua alçada, deverá declinar da competência, encaminhando o processo para
o juízo competente

Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão


condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.

Mutatio libelli: é a mudança na acusação, necessária alteração dos fatos (art. 384, CPP).
BADARÓ: O que é novo é o fato e não apenas a sua classificação legal.

Mutatio é necessária sempre, ainda que os fatos sejam menos graves que o expresso na acusação.

Exemplo: suponha que João seja denunciado por furto (art. 155 do Código Penal). Isso porque,
resumidamente, no dia tal, por volta de tal hora, teria clandestinamente pegado (subtraído), no
calçadão do centro da cidade, a bolsa de Maria. Essa denúncia é recebida e o procedimento segue. Ao
final, depois de produzidas as provas, descobre-se que, na verdade, João empunhou uma faca, ameaçou
e obrigou Maria a entregar-lhe a bolsa.

-Esta modificação ocorre do sistema acusatório, observando o princípio da inércia da jurisdição, na


medida em que o juiz não deve tomar a iniciativa para apurar os fatos que não constam na imputação.

Neste caso, o MP deve ser intimado para aditar a denúncia. E quando não o fizer? Há divergência
doutrinária se o juiz poderia provocar. Em suma, caso o MP não tenha aditado a denúncia, poderia o
juiz utilizar-se do art. 28, encaminhando para a instância de revisão ministerial.

De toda forma, caso seja feito o aditamento: o juiz ficará adstrito aos termos do aditamento.

Defesa tem 5 dias para se manifestar quanto ao aditamento. Após, o juiz designar dia e hora
para continuação da audiência.

Exemplos: desclassificação de crime consumado para tentado, de roubo para extorsão, de furto
qualificado para simples, de injúria para calúnia, de furto para receptação, de peculato para furto ou
para apropriação indébita, de estelionato para furto qualificado mediante fraude.

Momento: deve ser feita após o encerramento da instrução probatória, para ter segurança dos fatos.
Não se aplica em segunda instância ou a nível recursal.

Súmula 453, STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código
de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude
de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

IPC: Pode-se cogitar de mutatio libelli nos tribunais somente em caso de foro por prerrogativa
de função, justamente porque aí o réu seria julgado originariamente (não a nível recursal), não
ocorrendo supressão de instância, como na hipótese de um Senador ser julgado perante o
Supremo Tribunal Federal.
Mutatio nas ações penais privadas: “É majoritário o entendimento no sentido de que a
mutatio libelli só pode ser feita nos crimes de ação penal pública (incondicionada e
condicionada) e nas hipóteses de ação penal privada subsidiária da pública, recaindo sobre o
Ministério Público a legitimidade para o aditamento da peça acusatória” (Lima, 2018).

-Há divergência doutrinária. ‘Na ação penal exclusivamente privada, por aplicação
analógica do art. 384, caput, deve ser admitido o aditamento da queixa pelo
querelante, desde que seja realizado dentro do prazo decadencial (Badaró, 2017)’’.

COISA JULGADA

É o que confere segurança e qualidade jurídica. Para Marinoni, a eficácia da sentença é a sua aptidão para a
produção de efeitos. A autoridade da sentença é a sua imutabilidade e indiscutibilidade é a coisa julgada.

• Formal: é a imutabilidade da sentença dentro do próprio processo, com a preclusão das vias
impugnativas.
• Material: é a imutabilidade dos efeitos da sentença que a torna indiscutível em qualquer processo.

No processo penal poderá ser:

• Coisa julgada absoluta: absolvição


• Coisa julgada relativa: condenação, pois sujeita a revisão criminal (podendo ser substituída).

Limites objetivos: proteção contra o bis in idem (efeito negativo da coisa julgada). O que faz coisa julgada é o
fato principal que tiver sido objeto da sentença.

-Dispositivo é que faz coisa julgada.

Limites subjetivos: princípio da intranscendência da ação penal.


OBSERVAÇÕES

Não se exige representação da ação penal:

NULIDADES

Formas: caráter cogente, sob pena de nulidade, devendo, portanto, observar as prescrições legais (tipicidade
processual).

Carnelutti:

• Ato perfeito: ato processual provido dos seus requisitos. São válidos e perfeitos.
• Ato imperfeito: ato processual sem algum dos seus requisitos.
o Pode ser inválido ou ineficaz
• O ato é eficaz ou ineficaz segundo produza ou não efeitos jurídicos.

Conceito de nulidade: a doutrina diverge. Para uns a nulidade é o vício, a falha, o defeito ou a imperfeição que
atinge o ato processual; para outros é a sanção ou a consequência desse vício ou defeito

Como sanção processual de ineficácia: uma primeira corrente (majoritária) compreende a nulidade
como espécie de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, privando-o de seus efeitos regulares.
Tendo em conta que a forma prescrita em lei não foi observada, aplica-se a sanção de nulidade a este
ato viciado, daí por que se fala em "declaração da nulidade".

Mirabete: para o mestre, que tem uma posição eclética, a nulidade tem um duplo significado ou dois
aspectos: “um para indicar o motivo que torna o ato imperfeito, outro para exprimir a consequência
que deriva da imperfeição. A nulidade, portanto, é, sob um aspecto, vício, sob outro, sanção, podendo
ser definida como a inobservância de exigências legais ou uma falha ou imperfeição jurídica que invalida
ou pode invalidar o ato processual ou todo o processo” (Mirabete, 2005)

Sistemas:

a) Formalista/Certeza legal: “há a predominância do meio sobre o fim. [...] toda vez que o ato não for
praticado da forma determinada em lei, estará irremediavelmente viciado, não importando se alcançou
ou não seu objetivo” (Avena, 2017).
b) Instrumentalidade das formas: “o ato processual é válido se atingiu seu objetivo, ainda que realizado
sem a forma legal” (Mirabete, 2005).

-Qual é o sistema do Brasil? Instrumentalidade das formas, deve haver prejuízo. (art. 563, 566, CPP).

Vícios dos atos processuais


• Inexistência: Ocorre nas situações em que o ato processual é absolutamente contaminado por defeitos
em seus elementos essenciais ou constitutivos.
o O fato existe empiricamente, mas não juridicamente (ficção jurídica).
o Se o ato processual não existe juridicamente, não passa de mero fato, não podendo ter
qualquer validade.
o Regra: independe de pronunciamento judicial, o ato é simplesmente desconsiderado, sem que
haja uma invalidação formal.
 Exceção: há atos em que é necessário a declaração judicial do vício, gerando efeitos
como se válido e existente fosse, como a sentença condenatória prolatada por juiz
que não tem jurisdição no momento da publicação da decisão.

o Divergência doutrinária acerca desta classificação de inexistência


o Exemplos: atos praticados por quem não detém ou esteja privado de capacidade objetiva,
como a jurisdição em relação ao juiz, atribuições em relação ao promotor. Decisão de
recebimento da denúncia sem subscrição do juiz. Sentença proferida por juiz impedido.
Recurso interposto por advogado sem procuração nos autos. Juiz proferir nova decisão após a
sentença de mérito.

IPC: Uma distinção corrente entre atos nulos (anuláveis, na verdade) e atos inexistentes. Estes,
exatamente porque inexistentes, não produzem efeito algum, ao contrário daqueles, que não só
produzem efeitos até serem anulados, como também implicam consequências jurídicas mesmo após o
reconhecimento de sua nulidade” (Pacelli, 2018).

• Irregularidade: um ato imperfeito, há vício, mas é pequeno. Não lhe retira existência, validade e
eficácia.
o Essa mera irregularidade é gerada pela inobservância de regra não relevante para
considerações acerca da validade do ato. Por isso, não tem, nem mesmo em tese, aptidão para
produzir qualquer prejuízo às partes ou ao próprio processo.
o Não encontram previsão em lei, ficando a critério da jurisprudência e doutrina.
o Exemplo: citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a
denúncia ou queixa. Denúncia sem rol de testemunhas; falta de pedido de citação ou de
condenação na inicial acusatória; falta do recibo de entrega do preso ao condutor do flagrante;
deferimento de compromisso à testemunha impedida de prestá-lo; ausência de qualificação
dos peritos no laudo de exame cadavérico (Avena, 2017). Falta de outorga do recibo de
entrega do preso ao condutor do flagrante, notadamente quando todas as garantias
constitucionais lhe foram preservadas.

• Nulidade: distingue conforme a finalidade para a qual foi instituída a forma violada:
o Absoluta: o vício do ato atinge o próprio interesse público. Ou seja: o defeito está relacionado
ao interesse que o Estado tem na regularidade daquele específico ato para o devido processo
legal.
 Pode ser reconhecida a qualquer tempo, a qualquer momento e grau de jurisdição.
 Não há preclusão
 Juiz pode conhecer de ofício
• Não estão sujeitas à convalidação: em regra, as nulidades absolutas não
estão sujeitas à convalidação porquanto, no caso do trânsito em julgado de
sentença absolutória própria, entende-se que as nulidades absolutas
ocorridas no curso do processo estarão convalidadas, visto que não se
admite revisão criminal pro societate. Se diante de uma sentença
condenatória, cabe revisão criminal.
 Prejuízo presumido? Pela jurisprudência, não. É necessário demonstrar o prejuízo.

o Relativa: a forma violada visa à proteção de um interesse privado, particular ou disponível.


 Está sujeita à preclusão ou prazo e devem ser arguidas em tempo oportuno (art. 572).
 Reconhecimento de ofício? Há divergência na doutrina.
 Pode convalescer (recuperar-se do vício sanável), diante de determinadas
circunstâncias.
 É disponível: a parte a quem interessaria a invalidação pode abrir mão.
 O prejuízo deve ser demonstrado.

Imprimir fl. 31, 32 e 33 da Aula de Nulidades.

Princípios informadores

• Tipicidade das formas: decorrência do princípio da legalidade e ao devido processo legal.

-Atua preponderantemente sobre as normas de garantia.

-Ex: a denúncia tem sua forma; a citação tem sua forma.

• Prejuízo (art. 563, CPP)

-Aproveitamento dos atos processuais e, nesse sentido, tem raízes nos axiomas da celeridade
e economia processuais.

-Hoje é aplicável às nulidades absolutas.

-No caso de uma nulidade absoluta que não causou prejuízo, então vai ser possível sanar o ato
processual defeituoso? Não, apenas não se declara a nulidade. A nulidade não será
reconhecida. Enfim, o ato citatório continuará nulo (afinal, a nulidade absoluta é insanável),
mas não será declarada essa nulidade, dada a ausência de prejuízo (Avena, 2017).
-Súmula 523, STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

• Instrumentalidade das formas: é diretamente relacionada com finalidade.

-O que deve ser preservado é o conteúdo e não a forma do ato processual.

-Previsto no item XVII da Exposição de Motivos do Código de Processo Penal.

• Interesse:

-Binômio: legitimidade + proveito.

-A legitimidade pode ser mitigada em relação ao MP, que pode reivindicar nulidade em favor
do réu. Pois o papel do parquet não é somente de parte, mas há função de defesa da ordem
jurídica, dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

-A parte que alega deve ser aquela que foi atingida pelo vício no ato processual e, mais que
isso, deve ter algum benefício com a decretação da nulidade. Não se pode especular com o
prejuízo alheio.

• Da lealdade e da boa-fé: nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para
que tenha concorrido. A ninguém é lícito se beneficiar da sua própria torpeza.

• Convalidação: busca-se a preservação do ato processual com a remoção da falha e sanamento do vício,
podendo produzir os devidos efeitos.

-Art. 572, CPP.


-Somente em casos excepcionais é declarada insanável a nulidade.

-Por meio de vários mecanismos: suprimento, ratificação, preclusão, sentença e coisa julgada,
renovação, substituição.

• Da causalidade ou contaminação: a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que
dele diretamente dependam ou sejam consequência. O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos
a que ela se estende – quando houver causa/relação de dependência).

-Nulidade originária (ato viciado) e nulidade derivada (ato contaminado).

-Ex: fruits of the poisonous tree.

-IPC: A nulidade, no CPP, deve ser declarada. Difere do prejuízo presumido do CPC.

• Conservação ou confinamento: tem previsão apenas no CPC. Anulado o ato, consideram-se de nenhum
efeito todos os subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não
prejudicará as outras que dela sejam independentes.

• Restrição à decretação de ineficácia: diferente do direito material, no processo deverá ser declarada,
não é automática. A invalidação do ato processual depende de instrumento e deve ser observada a
oportunidade legal.
Momento para arguição das nulidades relativas: regra geral, arguir na primeira oportunidade que souber nos
autos.

1) Instrução criminal dos processos do júri, juiz singular e processos especiais: arguir até as alegações
finais.
2) As nulidades ocorridas posteriormente à pronúncia: logo depois de anunciado o julgamento e
apregoadas as partes.
3) As nulidades de instrução criminal dos processos de competência do STF, TJs, TRFs: até as alegações
finais.
4) Se verificadas as nulidades após a decisão de primeira instância: nas razões do recurso ou logo depois
de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes (no dia da sessão do julgamento).
5) As nulidades do julgamento em plenário, audiência ou sessão do tribunal: logo depois de ocorrerem.

Nulidades em espécie:

• Incompetência: se for absoluta, nulidade será absoluta. Relativa, acarreta nulidade relativa.
o Juiz pode declarar de ofício a incompetência, independe se relativa ou absoluta (difere do
CPC).
o Incompetência anula somente os atos decisórios, devendo o processo ser remetido ao juiz
competente. STJ: os atos decisórios podem ser aproveitados, em observância a
instrumentalidade das formas, se não tiver gerado prejuízo.

• Suspeição:

• Suborno do juiz: nulidade absoluta.


• Por ilegitimidade de parte: se for ad processum (para o processo) será nulidade relativa. Poderá ser
sanada.

• Por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:


A) Denúncia ou a queixa e a representação.
B) Exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios

OBS: “se o exame se tornou impossível, por perecimento do objeto, a questão não será de nulidade do
processo, mas de absolvição do acusado, por falta de prova da materialidade delitiva (CPP, art. 386,
caput, II)” (Badaró, 2017).

É possível não só o oferecimento de denúncia, como também a própria condenação do acusado, desde
que a materialidade do delito esteja evidenciada através de outro meio de prova. STJ já admitiu o uso
de outras provas para suprir a falta da perícia que fosse inútil no caso concreto.

Ou seja, desaparecidos os vestígios, cabe o suprimento da prova pericial pelo ‘exame’ indireto
previsto no art. 167 do CPP, o que se realiza por meio da prova testemunhal. Observe que não
será admitida como prova suficiente – a testemunhal -, nos casos em que ainda é possível a
realização do exame pericial.

• Nomeação de defensor ao réu presente ou ausente: sob pena de nulidade absoluta.


o Deficiência da defesa: apenas anula se houver prova de prejuízo para o réu.

• Intervenção do MP em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte
ofendida, quando se tratar de crime de ação pública. O que é necessário é a intimação.

• A citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos
à acusação e à defesa: citação abre margem para nulidade absoluta, bem como do interrogatório,
sendo o prazo um quesito a ser analisado, podendo ser nulidade absoluta ou relativa.

Circunducta é a citação viciada, termo utilizado pela doutrina.

• Sentença de pronúncia, nos processos perante o tribunal do júri: nulidade absoluta.


• Falta de intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Júri, quando a lei não permitir o
julgamento à revelia: nulidade absoluta, pela ausência de proporcionar o contraditório.

• A falta de intimação das testemunhas arroladas: pode haver nulidade.

• A presença de pelo menos 15 jurados para a constituição do júri: sob pena de nulidade absoluta.

• O sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade: nulidade
absoluta.

• Quesitos e as respectivas respostas:

• Acusação e defesa, na sessão de julgamento do Júri: sob pena de nulidade. Devendo designar uma
nova audiência.

• Recurso de ofício, nos casos em que a lei a tenha estabelecido.

• Intimação para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso.

• Por omissão de formalidade que constitua essencial do ato.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Conceito: meio involuntário de impugnação de decisão, utilizado antes da preclusão e na mesma relação jurídica
processual, apto a propiciar a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão.
Características:

• Voluntariedade
• Previsão legal
• Anterioridade à preclusão ou coisa julgada
• Mesma relação processual

Reexame necessário como requisito de eficácia da sentença.

Fundamentos: CRFB/88, duplo grau de jurisdição (princípio implícito e comporta exceções como competência
originária do STF por prerrogativa de função, decisão acerca do assistente de acusação).

Mecanismos de impugnação:

a) Recursos
b) Ações autônomas (HC, MS).

Natureza jurídica: existem três correntes como 1) meio destinado a obter a reforma de uma decisão; 2) nova
ação dentro do processo; e 3) desdobramento do direito de ação ou de defesa (majoritária).

Unirrecorribilidade/Singularidade/Unicidade: cabível apenas um recurso por vez. Outros doutrinadores,


entendem que há um recurso para cada parte da decisão.

Art. 593. Quando cabível a apelação não poderá ser usado o RESE, ainda que somente de parte da
decisão se recorra

Variabilidade dos recursos: parte poderia desistir de um recurso para processamento de outro.

É possível um único recurso para impugnar mais de uma decisão judicial?


Taxatividade: só haverá recurso com previsão legal.

Em princípio, somente lei federal pode dispor sobre recurso. Apesar do STF já ter decidido que o
regimento interno do STF poderia preconizar recurso.

Não se descarta a possibilidade de analogia e interpretação extensiva.

Em havendo previsão, parte deve usar aquele indicado (princípio da correspondência).

Colegialidade: prerrogativa da parte de análise do recurso por órgão colegiado. Há inúmeras exceções.

Fungibilidade/Permutabilidade/Conversibilidade: salvo hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela


interposição de um recurso por outro.

Só se aplicaria a recursos de fundamentação livre.

Alguns defendem aplicabilidade para ações autônomas.

Convolação: transformação de um recurso para outro.

Voluntariedade: dependam da vontade da parte. Traduzem ônus processual para a parte, encargo ou
incumbência em prol de interesse próprio.

Reexame necessário:

• Da sentença que conceder HC


• Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício.

IPC: O art. 574, II, CPP, que prevê reexame necessário da sentença de absolvição está
tacitamente revogado.

O DP ou nomeado também podem analisar a discricionariedade para interpor o recurso.


Extensão do princípio do dispositivo (ne procedat ex officio).

Disponibilidade: as partes podem dispor do recurso - desistência ou renúncia.

-Desistência: ato unilateral (independe da vontade do recorrido). É um fato extintivo do recurso.


Irretratável. É possível desistência parcial, se o objeto comportar cisão.

-Renúncia: abdicação do direito de recorrer. Ato personalíssimo. Fato impeditivo do recurso.


Irrevogável.

MP pode renunciar? Divergência doutrinária, mas entende-se que seria possível.

Dialeticidade: o recurso deve ser discursivo, argumentativos, dialético. Amparo na garantia constitucional do
contraditório.

Estabelece limites para a atuação do juízo ad quem.

Em algumas situações a lei mitiga o princípio (dispensa razões ou contrarrazões)

1) Com a resposto do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz (Art. 589).
2) Findo os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com ou sem elas
(Art. 601)

Efeito devolutivo o que limita são as razões impostas:

Vedação à reformatio in pejus: efeito prodrômico da sentença, em que a não pode ocorrer o agravamento da
pena quando somente o réu houver apelado da sentença.

Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver
o réu, modificar a pena ou anular o processo.

Doutrina e a jurisprudência: estenderam a abrangência deste princípio. Hoje em dia é corrente a


compreensão de que a vedação da reformatio in pejus se aplica não só em relação à ‘apelação’, mas
sim para todo e qualquer recurso; não só à ‘revisão criminal’, mas a outras ações autônomas de
impugnação.

Ainda, compreende-se que não é só a ‘pena’ do réu que não pode ser agravada; muito mais que isso,
praticamente qualquer gravame na situação do réu não pode ocorrer quando houver recurso exclusivo
dele.
Expressão do tantum devolutum quantum appellatum.

Súmula 160/STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso
da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.

Reavaliação e adoção de novos fundamentos não violariam o princípio.

Reformatio in pejus indireta: há alguns embates na doutrina.

1ª corrente (minoritária): é possível por não haver impedimento legal, tendo ocorrido a
anulação da sentença anterior – perdendo o parâmetro -, a todo ônus (recursal) corresponde
uma consequência.

2ª corrente (majoritária): não é permitida.

Conflito entre reformatio in pejus indireta e soberania dos veredictos: prepondera a


proibição da reformatio in pejus, devendo ser compatibilizada com a soberania.

Conflito entre reformatio in pejus indireta e incompetência absoluta e juiz natural:


posicionamento divergente na doutrina.

Reformatio in mellius

Razões para permitir a reformatio in mellius:

• Ausência de proibição legal


• Princípio da busca da verdade
• O MP também exerce o papel de fiscal da lei, de modo que recurso exclusivo seu não impediria o
restabelecimento da ordem jurídica
• Se o tribunal pode o mais, que seria conceder HC de ofício (art. 654), também pode o menos que seria
favorecer o réu na análise do recurso da acusação.

Procedimentos

Juízo a quo

Juízo ad quem

Juízo de admissibilidade: análise de pressupostos recursais

Juízo de mérito (delibação): conhecimento da pretensão recursal.

Pressupostos objetivos ou extrínsecos

a) Cabimento:
b) Regularidade formal: recurso deve atender às formas previstas em lei. Esse pressuposto engloba a
necessidade de pagamento das custas; oferecimento das razões pelo recorrente.

Deserção do recurso: falta do pagamento das custas.

Instrumentalidade das formas se aplica, quando necessária. Forma deve ser vista como meio.

c) Tempestividade: interposição dentro do prazo legal, sob pena de não recebimento/conhecimento pela
intempestividade.

Prazos serão contínuos e peremptórios.

DP: sempre prazo em dobro. Não se aplica ao defensor dativo, nem ao MP.

d) Ausência de fatos impeditivos ou extintivos


• Impeditivos:
o Renúncia. Súmula 705/STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a
assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
o Preclusão: lógica, temporal ou consumativa.

• Extintivos:
o Desistência: não se aplica ao MP e para a defesa deve ser manifestada por ambos.
o Deserção: sanção para a falta de preparo

Pressupostos subjetivos ou intrínsecos:

• Legitimidade
o Gerais: MP, querelante, réu ou seu defensor.
o Especiais: ofendido ou quem o represente em situações pontuais. Caso não haja interposição de
recurso pelo MP, pode apresentar recurso, incluindo o assistente da acusação.

• Interesse: necessidade + utilidade.


o Pode ser relacionado com a sucumbência, mas nem sempre.

Efeitos dos recursos

• Efeito devolutivo: devolução da matéria impugnada, de regra ao juízo ad quem. Exceção de devolução para
o juízo ad quo, embargos de declaração. É mitigada em relação à defesa do acusado no processo penal
(proibição da reformatio in pejus) etc.

-Todo recurso é dotado desse efeito, que varia apenas na extensão e profundidade.

-Extensão ou devolutividade horizontal: amplitude da matéria, pontos (parcial ou total).

Exceção: Súmula 713, STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é
adstrito aos fundamentos da sua interposição.

-Profundidade ou devolutividade vertical: argumentos ou fundamentos (ilimitada) possíveis de


serem empregados e considerados na reapreciação da matéria.

-Âmbito de impugnação do recurso: aceito essa classificação por parte da doutrina, como Paulo
Rangel, que nada mais é do que o limite de apreciação a que se submete o órgão jurisdicional
superior:

A) Instância iterada: devolve-se ao tribunal o conhecimento de decisão com cunho


estritamente processual, estará adstrito apenas à análise desta decisão.

B) Instância reiterada: a matéria é devolvida ao tribunal em sua integralidade. Haverá


reexame total. Ex: apelação.

• Efeito obstativo: minoritário na doutrina. Em suma, obsta a preclusão temporal e/ou trânsito em julgado da
decisão até o julgamento da impugnação.

• Efeito suspensivo: não poderá ela ser executada até que seja julgado o respectivo recurso.

-Decorre da própria lei, se houver omissão não terá efeito suspensivo. Difere do efeito devolutivo.
• Efeito regressivo, iterativo ou diferido: possibilidade de o juiz prolator da decisão atacada realizar o
juízo de retratação, após o recebimento do meio impugnatório.

-Em sede de RESE, carta testemunhável ou agravo em execução.

-IPC: Apelação não tem juízo de retratação, portanto.

• Efeito extensivo ou expansivo:

-Regra geral: efeito subjetivo.

-Somente para aqueles que integram a mesma relação jurídico-processual.

-No concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos
que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

-Aplica-se aos outros mecanismos de defesa, ações autônomas como o HC e Revisão Criminal.

• Efeito translativo: devolução de toda a matéria não atingida pela preclusão.

-Ex: recurso de ofício (reexame necessário).

-Decisão pode ser contrária aos interesses do réu. É uma exceção a Súmula 160/STF.
• Efeito substitutivo: recurso conhecido substitui a decisão recorrida.
• Efeito dilatório-procedimental: instaura instância recursal com rito específico dentro do mesmo
processo.

Classificação dos recursos

Ordinário: protegem direitos subjetivos das partes.

Extraordinários: objetivo imediato é a tutela do direito objetivo. Observar a norma, a legalidade em si.
Ex: recurso especial, recurso extraordinário. N:sta espécie de recursos, há limitações quanto à
argumentação a ser utilizada pelo recorrente, sob pena de não admissão ou não conhecimento da
impugnação.

17

17
Quanto a obrigatoriedade se enquadraria o reexame necessário. Crítica acerca do seu enquadramento como
recurso.
Recursos em espécie

RESE

Regra geral: serve para impugnar decisões interlocutórias.

Hipóteses: no rol no art. 581, admite interpretação extensiva e aplicação analógica.

1) Que não receber a denúncia ou a queixa

-O recebimento da denúncia é irrecorrível (pode utilizar outros meios de impugnação como HC, MS,
RC).

-A denúncia ou queixa será rejeitada quando for: manifestadamente inepta, falta pressuposto
processual ou condição para o exercício da ação penal; ou faltar justa causa para o exercício da ação
penal.

-Juizado Especial: da rejeição da denúncia cabe apelação.

-O recebimento da denúncia é causa interruptiva da prescrição.

2) Que concluir pela incompetência do juízo.

-Não cabe para decisões que acolherem a competência do juízo.

-Interpretação extensiva: decisões de desclassificação 18 (art. 419) na primeira fase do júri, cabe RESE.

3) Que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição.

-As exceções são:

a) Incompetência de juízo
b) Litispendência
c) Ilegitimidade de parte
d) Coisa julgada
e) Suspeição: não cabe RESE.

Para as demais, cabe RESE.

4) Que pronunciar o réu

-Contra a impronúncia caberá apelação.

-O recurso da pronúncia suspenderá tão somente o julgamento.

5) Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança;


6) Que indefere requerimento de prisão preventiva ou a revoga;

18
Desclassificação de crime doloso contra a vida.
7) Que concede liberdade provisória ou relaxa a prisão em flagrante;
8) Que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;

-Perdimento o valor: se condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena
definitivamente imposta.

-O recurso do despacho que julgar quebrada 19a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da
metade do seu valor.

9) Que decreta a prescrição ou julgar extinta a punibilidade


10) Que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou outra causa extintiva da punibilidade

-Rol não é exaustivo, mas demonstra algumas hipóteses:

-Absolvição sumária do acusado com a extinção da punibilidade do agente: há divergência,


entendimento jurisprudencial de que cabe RESE. Perfeitamente fungível.

-Fungibilidade da apelação para RESE:

19
Não cumpre com as condições da fiança.
11) Que conceder ou negar a ordem de HC de 1º grau.

-HC em 2º grau: Recurso Ordinário Constitucional. Geralmente, ao invés do recurso as partes optam
pela impetração de novo HC, pelo rito ser mais célere.

12) Que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena

-Se for em fase de execução: agravo.

-Se for em sentença: será apelação.

-Suspensão condicional do processo? Caberia o RESE, numa interpretação extensiva.

13) Que anular o processo, no todo ou em parte.


14) Que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir.

-Recurso: será para o presidente do Tribunal de Apelação.

-Prazo para recorrer: 20 dias, contados da data da publicação definitiva da lista de jurados.

15) Que denegar a apelação ou a julgar deserta: só para decisão do juízo a quo.

16) Que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;

-Intepretação extensiva (Info, STJ, 640): citação por edital, para decisão do juiz que suspende o
processo nesse caso ou quando proferir decisão acerca da produção antecipada das provas.

17) Que decidir o incidente de falsidade;

OBS: Da decisão que conceder, negar ou revogar livramento condicional caberá agravo, sem efeito suspensivo.
Estando sem efeito o inciso XII, bem como XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII, XXIV.

PROCEDIMENTO - RESE

Prazo: 05 dias.
Exceção: 20 dias para a decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir.

Prazo de 02 dias para apresentar razões, após o recebimento do recurso, da intimação para apresentar as
contrarrazões.

Interposto por termo 20 ou por petição, nos próprios autos ou por instrumento próprio.

Juízo de retratação: efeito regressivo, diferido ou iterativo.

Juízo de retratação positivo poderá ser feito uma única vez.

Art. 589, CPP:

Julgamento: pelos órgãos colegiados dos tribunais.

Exceção: lista dos jurados, será para o presidente do Tribunal de Apelação.

Efeito suspensivo nas seguintes situações:

• Perdimento da fiança
• Quebra da fiança
• Denegar ou julgar deserta a apelação
• Pronunciar o acusado: suspende apenas o julgamento

APELAÇÃO

Permite juízos rescindente (desconstitui, anula) e rescisório (rejulga, reforma).

Não comporta retratação, juízo a quo somente pode fazer admissibilidade.

Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado (plena ou ampla), quer em
relação a parte dele (limitada ou parcial).

Tantum devoltum quantum appellatum: em regra, a apelação é plena, só não o será quando houver
especificação. Fala-se em apelação principal (MP) e subsidiária ou supletiva (legitimados do art. 31).

Fala-se em rito sumário e ordinário para a apelação.

Rito sumário aplica-se às contravenções ou crime que a lei comine pena de detenção

No rito ordinário quando a lei comine pena de reclusão.

20
O réu pode interpor ao ser intimado de determinada decisão, sendo conhecido por termo, caso conste na
declaração do OJ, por exemplo. Vindo posteriormente, as razões.
Hipóteses de apelação

• Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária (júri).


o Pronúncia ou desclassificação: RESE.

• Art. 593. Sentença definitiva de condenação ou absolvição proferida por juiz singular.
• O juiz absolver sumariamente o acusado quando verificar:
o Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato
o Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, slavo inimputabilidade;
o Que o fato narrado evidentemente não constitui crime

• Das decisões definitiva 21 ou com força de definitiva, proferidas por juiz singular, nos casos não
previstos no Capítulo anterior.

• Das decisões do Tribunal do Júri, quando:


o Ocorrer nulidade posterior à pronúncia
o For a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;

-Não pode é modificar o posicionamento dos jurados, apenas da sentença do juiz-


presidente é que cabe apelação.

o Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da MS

o For a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

-Súmula 713/STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos
fundamentos da sua interposição.

-E quando os jurados absolverem pelo quesito genérico, MP poderia apelar? Se os jurados


responderem afirmativamente ao quesito da materialidade e autoria, será formulado o quesito
genérico de ‘’o jurado absolve o acusado?’’. É genérico, pois contempla todas as teses
defensivas. Podendo o jurado absolver por clemência e outros motivos não justificáveis.
Portanto, não se admite a interposição da apelação.

21
Extinguem procedimento, com análise de mérito, mas sem condenar ou absolver.
Procedimentos:

Prazo: de 05 dias.

Juizado Especial: de 10 dias.

Apelações porventura interpostas pelo próprio ofendido (ou seu representante) ante a inércia do
Ministério Público:

Há previsão para que o ofendido, CADI, ainda que naõ tenha se habilitado como assistente,
poderá interpor apelação: 15 dias.

STJ: em qualquer caso, o prazo para a apelação do assistente será de 15 dias.

STF: manteve seu posicionamento de 5 dias, a contar da intimação, para o assistente


habilitado, e 15 dias, após o vencimento do prazo para o Ministério Público apelar, para o não
habilitado.

Após o recebimento do recurso, serão intimados apelante e apelado para apresentarem razões
e contrarrazões do recurso, no prazo comum de 8 dias. Caso o processo verse sobre
contravençaõ penal o prazo será de 3 dias, se tiver assistente na acusação, nesse caso, também
terá 3 dias.

Efeitos: sempre será dotada de efeito devolutivo (devolve o reexame da matéria impugnada), poderá ter efeito
extensivo (na hipótese do apelo de um acusado aproveitar ao outro que se encontre em situação jurídica
idêntica, art. 580, CPP) e não terá efetio regressivo (não permite a retratação, portanto).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Prazo: 02 dias (obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão).


-Juizado Especial: 5 dias (obscuridade, contradição ou omissão).

Omissão e regime de precedentes: a análise do processo de subsunção e interpretação da norma não será plena
se, num tema em que há repercussão geral já reconhecida, tal aspecto for omitido. De modo semelhante, nos
casos envolvendo temas objetos de súmula vinculante, haverá omissão se o juiz aplicar a súmula sem indicar os
fundamentos do seu cabimento à espécie, ou afastar a sua incidência, sem indicar qual a diferença entre, de um
lado, caso concreto, e de outro, a situação fática e jurídica que levou à edição da súmula vinculante.

Tempestividade: o ato praticado antes do termo inicial do prazo é tempestivo.

CPC: Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o
embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de
complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias,
contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.

Forma: serão deduzidos em requerimento, inviável a interposição por termo.

Juizados: se admite a oposição oral.

IPC: Não há revisor nos embargos de declaração, mesmo quando no recurso decidido com o acórdão
embargado, houvesse revisor (p. ex.: apelação ordinária ou embargos infringentes).

Indeferimento liminar. O relator pode indeferir liminarmente os embargos, se não houve a indicação
dos pontos em que o acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso (CPP, art. 620, § 2º).
Indeferidos liminarmente os embargos de declaração pelo relator, o Código não prevê qualquer
recurso. Será cabível agravo regimental,

Realmente, na ambiguidade ou na obscuridade, o novo julgamento só aclara a decisão anterior, sem alterá-la. A
situação é diversa, contudo, no caso de omissão e contradição, em que, excepcionalmente, os embargos de
declaração poderão ter efeitos infringentes.

Efeitos: A oposição dos ED interrompe o prazo para a interposição de outros recursos, para todas as partes (art.
538, CPC).

ED intempestivo: não interrompe o prazo para outro recurso. Não são conhecidos.

-Efeito regressivo (de reapreciar, retratar).


-Tem efeito suspensivo? O tema não é pacífico. Parece coerente a doutrina que defende que:

-IPC: A expedição do mandado de prisão, execução provisória da pena, é feito após o esgotamento da
instância ordinária.

CARTA TESTEMUNHÁVEL

Cabimento:

a) Da decisão que denegar o recurso;

b) Da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem.

Caráter subsidiário: só caberá em face de decisão denegatória que não tenha previsão específica quanto a outra
forma de impugnação. Por exemplo: da denegação da apelação, cabe RESE. Do recurso especial e extraordinário,
cabe agravo de instrumento.

Cabe carta testemunhável apenas em face de decisão que denegue RESE (art. 581, CPP) e agravo em
execução (art. 197, LEP).

Procedimentos:

-Não tem efeito suspensivo.

-Procedimento: a ser seguido será o mesmo do RESE. Deverá o recorrente apresentar razões no prazo
de 02 dias.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Recurso extraordinário: limita-se a matéria constitucional.

Cabimento:

Pressupostos:

• Prequestionamento: deve ser explícito o artigo da Constituição que se diz violado.


• Repercussão geral: a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político,
social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. 22

22
A relevância sobreleva o elemento qualitativo sobre a importância da questão do direito constitucional
debatido na causa, em relação a cada um dos quatros parâmetros legais: econômico, político social ou jurídico.
Já a transcendência é a aptidão da questão constitucional de ir além, de transcender ao caso concreto. A
transcendência tem um aspecto quantitativo, relativo ao número de pessoas ou processos atingidos no futuro.
Uma questão, para ter repercussão geral, por ser “transcendente”, deverá ter caráter metaindividual, isto é,
provavelmente seu resultado irá interferir além dos direitos
-A RG será automática (entende-se que haverá RG quando o recurso impugnar acórdão que):

 Contrarie súmula ou jurisprudência dominante do STF


 Tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal.

• Esgotamento das vias de impugnação ordinárias: será cabível contra causas decididas em única ou
última instância, ou seja, que não admitem impugnação pelos meios ordinários.

Legitimidade: podem interpor o MP, querelante, réu, assistente de acusação.

Procedimento: o recurso deverá ser interposto em petição endereçada ao PR ou Vice do tribunal a quo, no
prazo de 15 dias.

RECURSO ESPECIAL

Recurso especial: limita-se à questão de direito federal infraconstitucional.

Cabimento:

IPC: Também não cabe recurso especial das decisões proferidas nos Juizados Especiais Criminais
(Súmula 203 do STJ), bem como de decisões ou sentenças proferidas por juízes de primeiro grau
(Badaró, 2017).

Pressupostos:

• Prequestionamento: pode ser implícito a indicação do artigo legal que se diz violado.
• Esgotamento das vias ordinária de impugnação
o Súmula 211, STJ: inadmissível REsp quanto à questão que, a despeito da oposição de ED, não
foi apreciada no tribunal a quo.

Legitimidade: podem interpor o MP, querelante, réu, assistente de acusação.

Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos.

Procedimento: prazo de 15 dias, mesmo rito do RE.

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL (ROC)

Poderá ser interposto ao STJ ou STF, a depender da matéria discutida.

-Não se exige prequestionamento.

CABIMENTO NO STF

• HC, MS, HD, MI decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.
• Crime político: infrações previstas na Lei de Segurança Nacional (Lei 7.710/83), de competência da JF.
O STF atua como órgão de terceiro grau, uma vez que a matéria foi julgada por um juiz federal e
reexaminada por um TRF, para então chegar à Corte Suprema.

Procedimento: interposto em petição dirigida ao respectivo Presidente, junto às razões dirigidas ao STF.

Prazo: 05 dias, aplicação da súmula 319, STF, diante da omissão legislativa.

Prazo: 03 dias, caso se trate de crimes políticos.

Distribuição e julgamento: pelas Turmas do STF.

Efeito: devolutivo. Não tem efeito regressivo (sem juízo de retratação, nem efeito suspensivo).

CABIMENTO NO STJ
Da decisão denegatória de HC, cabe recurso no prazo de 05 dias. Distribuído, vista ao MP pelo prazo de 02 dias.

Da decisão denegatória de MS, cabe recurso no prazo de 15 dias. Distribuído, vista ao MP pelo prazo de 05
dias.

Efeitos: devolutivo, sem efeito regressivo ou suspensivo. Igual ao ROC direcionado ao STF.

AGRAVO EM EXECUÇÃO

Cabimento: das decisões proferidas pelo Juízo da Execução.

-Sem efeito suspensivo, entretanto existe uma parcela da doutrina que entende um caso como exceção,
a decisão que julga extinta a medida de segurança pela cessação da periculosidade.

-Segue o mesmo procedimento do RESE, no que for possível.

Prazo: 05 dias.

Efeitos: efeito devolutivo, regressivo.

EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE

Cabimento: quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se
embargos, que poderão ser opostos dentro de 10 dias, a contar da publicação do acórdão.

Trata-se de recurso privativo da defesa, interposto contra acórdão não unânime proferido em segunda
instância, com o objetivo de que o entendimento do voto vencido prevaleça, em virtude da ampliação
do quórum de julgamento.
Cabível contra: apelação, RESE e agravo em execução.

Súmula 293. São inadmissíveis embargos infringentes contra decisão em matéria constitucional
submetida ao plenário dos tribunais.

Súmula 294. Da decisão que se seguir ao julgamento de constitucionalidade pelo tribunal pleno, são
inadmissíveis embargos infringentes quanto à matéria constitucional.

IPC: Não se trata de dois recursos diferentes, mas apenas de diversas hipóteses de cabimento de uma
mesma espécie recursal. Em suma, os embargos infringentes referem-se às divergências do acórdão
quanto a questões de mérito; os embargos de nulidade, às questões de nulidade processual.

Procedimentos: opostos no prazo de 10 dias.

Efeitos: devolutivo, regressivo. Divergência doutrinária quanto a incidência do efeito suspensivo.

AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO

1) HABEAS CORPUS
Conceito: a expressão habeas corpus pode ser compreendida, sinteticamente, como uma ordem (writ) para
‘apresentar’ uma pessoa que está sofrendo algum constrangimento à sua liberdade de locomoção (Lima, 2018).
É possível conceituar o habeas corpus como uma ação autônoma constitucional de impugnação que visa
prevenir e remediar restrições ilegais ou abusivas ao direito de liberdade de locomoção ou ius libertatis (Lima,
2018).

Natureza jurídica: ação autônoma de impugnação cuja pretensão é a liberdade.

Recurso pressupõe processo prévio. O HC pode ser impetrado ainda que não haja processo penal (ex.
HC para trancar inquérito policial);

Recursos visam impugnar decisões judiciais e o HC pode ser impetrado não só contra decisões judiciais,
mas também contra atos administrativos e de particulares;

O trânsito em julgado acontece justamente quando não cabem mais recursos; já o HC poderá ser
impetrado visando rescindir a coisa julgada mesmo depois que o processo transite em julgado;

Interesse de agir: HC poderá ser impetrado por qualquer pessoa (em seu favor ou de outrem) e também pelo
Ministério Público.

IPC: Não se admite que o risco seja meramente hipotético. Não caberá HC contra a atos normativos.

Hipóteses autorizadoras de HC:

• Aceitação da proposta de suspensão condicional do processo


• Autorização judicial de quebra de sigilo

Hipóteses que não autorizam HC:

• Persecução penal de infração penal cuja pena cominada é exclusivamente a de multa. Neste caso, cabe
MS. (Súmula 693, STF).
• Para atacar quesitos de processo no qual o réu já cumpriu a pena privativa de liberdade. Não cabe HC
quando já extinta a PPL: não cabe para atacar processo eivado de vícios se o réu já cumpriu a pena.
• Penalidade disciplinar de exclusão de militar, perda de patente ou função pública.
• Impugnar apreensão de veículos
• Pedido de reabilitação criminal: pois só é possível solicitar esta reabilitação após o cumprimento da
pena principal.
• Extração de cópias do processo criminal
• Requerimento de aditamento de denúncia para inclusão de outro acusado: compete ao MP na condição
de dominus litis (titular da ação penal) decidir quem vai denunciar no caso de ação penal pública.
• Preservação da relação de confidencialidade que deve existir entre advogado e clientes
• Perda de direitos políticos
• Impeachment: trata-se de sanção de índole político-administrativa
• Custas processuais

IPC: Em julgados mais recentes, tanto a 1ª Turma do Supremo quanto o STJ vêm reconhecendo a
inadequação do habeas corpus quando possível interposição de recurso ordinário constitucional.
Possibilidade jurídica do pedido

a) Cabimento do HC em punições disciplinares militares: não se admite HC quando se pretende discutir


o mérito da medida restritiva de liberdade, sendo possível a impetração para impugnar vícios formais
que desnaturem a legalidade da medida. Avena exemplifica o cabimento de HC
• Quando detentor de patente que ordenou a prisão disciplinar do militar for incompetente;
• Quando houver cerceamento de defesa e descumprimento de formalidades legais;
• Para verificar a existência de poder disciplinar de parte da autoridade que impõe a punição
• Para averiguar se há relação entre a punição disciplinar e a atividade funcional do militar;
• Para analisar a existência de adequação entre a punição aplicada e a consequência prevista nos
regulamentos militares para o ato praticado.

b) Estado de sítio: a vedação ao uso desse remédio constitucional é restrita à impugnação do mérito da
medida. Portanto, é possível o uso do HC no estado de sítio quando existir vício de incompetência ou
outros vícios formais.

c) Prisão administrativa: cabe HC, mas se atente para o fato de que tal prisão não foi recepcionada pela
nova ordem constitucional.

Legitimação ativa: impetrante (quem solicita) e paciente (prestes a sofrer/sofrendo a restrição da liberdade de
locomoção).

-HC em favor de terceiro, atua como substituto processual.

-PJ não pode ser paciente. Cabendo MS, se for o caso.

-Prevalece o entendimento de que o Juiz de Direito ou o Delegado de Polícia, não poderão, no exercício
da função, impetrar HC, salvo se eles próprios forem os pacientes ou se o fizerem na condição de
pessoas físicas (Lima, 2018).

-Cabe também contra ato do MP. Ex: quando promotor de justiça requisita a instauração de inquérito
policial para apuração de fato atípico ou com indiciado com a punibilidade extinta (Lima, 2018).

Espécies de HC

• Liberatório (ou repressivo)


• Preventivo
• Profilático: o HC suspenderá atos processuais ou medidas que possam, no futuro, acarretar prisão
aparentemente legal, mas eivada de vícios anteriores que a tornam ilegal.
• Trancativo: HC visa trancar o IP ou o processo penal.

Hipóteses de impetração do HC (exemplificativo): a coação considerar-se-á ilegal:

• Quando não houver justa causa


• Quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
• Quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo.
• Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
• Quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
• Quando o processo for manifestamente nulo;

• Quando extinta a punibilidade.

Reconhece a extinção da punibilidade nos casos:

a) O pagamento de cheque sem fundos antes de recebimento da denúncia, é hipótese de


extinção da punibilidade e também deve ser declarada de ofício.

Em regra, em se tratando de autoridade coatora dotada de foro por prerrogativa de função, a competência para
o processo e julgamento do habeas corpus recai, originariamente, sobre o Tribunal a que compete julgar os
crimes por ela perpetrados (Lima, 2018).

Imprimir fl. 62/63, Aula 20.


Procedimento: prescinde de capacidade postulatória e de procuração. Exige assinatura e residência. Petição
inicial: Redação em português, nome do paciente, declaração da espécie de constrangimento ou de simples
ameaça de coação.

Dilação probatória: não há fase específica, é pré-constituída. Deve acompanhar a exordial.

Medida liminar: desde que, obviamente, presentes os requisitos fumus boni iuris e periculum in mora.

Cabe ao relator das turmas e câmaras analisar a medida.

Caso o relator indefira, cabe novo HC contra esta decisão? Em regra, não.

A súmula 691 do STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior,
indefere a liminar.

No entanto, BRASILEIRO defende que essa regra não é absoluta e que poderá ser mitigada no
caso de “flagrante teratologia, ilegalidade manifesta ou abuso de poder”.

Apresentação do preso e requisição de informações:

Efeito extensivo do HC: É possível estendê-lo para aproveitar outros semelhantes? Sim, desde que não seja
fundado em motivos de caráter exclusivamente pessoal.

Intervenção das partes:

Assistente de acusação do MP: possui legitimidade para requerer a prisão preventiva durante o curso
do processo. Essa legitimidade se estende às demais medidas cautelares de natureza pessoal. Por
consequência, é evidente que há interesse recursal para impugnar decisão concessiva de habeas corpus
quando relativa às medidas cautelares de natureza pessoal decretadas no curso do processo penal
(Lima, 2018).

Recursos contra as decisões em HC: Cabe RESE da decisão que concede ou nega HC.
Contra decisão que negar a ordem do HC, independente da instância em que foi impetrado, caberá
também outro HC à instância superior (tudo para proteger a liberdade de locomoção do paciente), além
dos recursos cabíveis.

Prazo para interposição dos recursos ordinários ao STJ e STF: 05 dias (ROC).

Súmula 344, STF: sentença de 1ª instância concessiva de HC, em caso de crime praticado em
detrimento de bens, serviços ou interesses da União, está sujeita a reexame necessário.

REVISÃO CRIMINAL

Objetivo: a desconstituição da decisão judicial condenatória transitada em julgado (Avena, 2017).

Há uma menção implícita na Constituição Federal da possibilidade de ajuizar revisão criminal quando
prevê que o Estado indenizará aquele que for condenado por erro judiciário ou quando ficar preso além
do tempo fixado em sentença. Por conta disso, não há como falar que a coisa julgada deve prevalecer
sobre o erro judiciário.
Difere do recurso: A interposição de um recurso não faz surgir uma nova relação jurídica processual.
Por meio da revisão criminal, instaura-se uma nova relação jurídica processual, diversa daquela de onde
provém a decisão impugnada;

Dentre vários pressupostos de admissibilidade recursal, deve ser aferida a tempestividade do


recurso, sendo certo que, operada a preclusão temporal, tal impugnação não poderá ser
conhecida. A revisão criminal pode ser ajuizada a qualquer momento, inclusive depois do
cumprimento da pena ou até mesmo após a morte do acusado;

Deve ser aferida a legitimidade do recurso, sendo certo que, interposto por parte ilegítima, tal
impugnação não poderá ser conhecida

Distinção entre revisão criminal e ação rescisória: a RC só pode ser intentada em favor do réu, é ação privativa
da defesa. A legitimidade para proposição é diferente. Além do prazo para ajuizamento.

IPC: O requerente poderá, na própria ação revisional, solicitar reparação civil dos prejuízos que teve por conta
da decisão que se pretende rescindir.

A decisão da RV que cassar a sentença condenatória, deve ser imediatamente juntada nos autos.

Legitimidade: réu, CADI, MP (se for em favor do acusado).

Se no curso da revisão criminal o acusado falecer, o presidente do tribunal deve nomear curador, nos
moldes do artigo 631, CPP, sem prejuízo de posterior habilitação dos herdeiros.

Legitimidade passiva: dependerá da Justiça que proferiu a decisão condenatória. Se for no âmbito federal, será
a União (Justiça Eleitoral). Se for proferido pela Justiça Estadual, a legitimidade será do Estado.

-MP atua como custos legis.

Interesse de agir: coisa julgada.

Possibilidade jurídica do pedido: sentença condenatória ou absolutória imprópria.

IPC: Impõe-se acatar a autoridade da coisa julgada material, ainda que a decisão tenha sido proferida
por juízo absolutamente incompetente, para garantir-se a segurança e a estabilidade que o
ordenamento jurídico demanda. [...]

-É possível revisão criminal no âmbito do Júri: quando um julgamento for totalmente divorciado os
elementos de convicção (prova).
-Juizado Especial Criminal: é permitido.

-Transação penal: não cabe RC contra sentença que homologa transação penal porque além de não
terem sido analisadas as provas, não existiu condenação.

-Impeachment: não pode ser objeto de RC, pela natureza da infração político-administrativa e
processamento ocorrer no âmbito do Legislativo.

Hipóteses de cabimento:

Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:

A) Quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal 23 ou à evidência dos autos;

-A contrariedade deve ser expressa e inequívoca a ponto de autorizar a desconstituição da


coisa julgada.

-Súmula 343, STF: Não cabe AR, por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão
rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.

-A doutrina admite revisão criminal com fundamento na mudança do entendimento


jurisprudencial dos tribunais, desde que seja favorável ao acusado e que o fundamento da
decisão atacada esteja totalmente ultrapassado (Lima, 2017).

B) Quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos;
C) Quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância
que determine ou autorize diminuição especial da pena.

Brasileiro: a RC será utilizada quando não for possível a impetração de HC.

23
Não abrange somente a norma material, mas também a lei processual penal e a CRFB/88.
Aspectos procedimentais da RC: pode ser apresentada independentemente de representação por profissional
da advocacia.

-Inexiste prazo decadencial.

-Se verificar que existe recurso interposto contra decisão, é preciso analisar se a RC coincide com as
questões analisadas por aquele recurso para identificar qual foi o último órgão julgador a se
posicionar quanto à matéria. Diante disso, será fixada a competência.

-STJ: RC interposta contra decisão do JECrim, será de competência da própria Turma Recursal.

-Caberá recurso inominado contra a decisão de indeferimento liminar da revisão criminal.

Efeito suspensivo: Não obstante a ausência de previsão legal de efeito suspensivo, a doutrina sugere que, em
situações excepcionalíssimas, e desde que caracterizada manifesta ilegalidade (erro judiciário teratológico), é
possível a utilização do poder geral de cautela do magistrado (CPC, art. 798 - art. 297 do novo CPC), assim como
a antecipação dos efeitos da tutela pretendida (CPC, art. 273 - art. 300 do novo CPC), aplicáveis subsidiariamente
ao processo penal com fundamento no art. 3° do CPP.
Ônus probatório: será daquele que solicita a revisão criminal.

Revisão criminal: não se admite que a nova decisão prejudique a situação do acusado, quer do ponto de vista
quantitativo, quer sob o ângulo qualitativo, nem para corrigir erro material (Lima, 2018).

Recursos: Considerando que a revisão criminal é ação de competência originária do Tribunal, não cabe apelação
contra acórdão proferido no julgamento da revisão criminal. Também, não cabem embargos infringentes contra
as decisões não unânimes que apreciarem a revisão criminal proferidas em desfavor do acusado (Badaró, 2017).

EDs sempre são cabíveis, mesmo nos casos em que não se admite recurso

RE/REsp somente serão admitidos nos casos de decisão de única instância dos tribunais, por exemplo,
da revisão criminal (Badaró, 2017).

Indenização pelo erro judiciário

A ação privada não exonera o Estado de sua responsabilidade.

Coisa julgada:

MANDADO DE SEGURANÇA

Conceito: O mandado de segurança é remédio constitucional utilizado com o fim de proteger direito individual
ou coletivo, líquido e certo 24, não amparado por HC ou HD, quando violado ou ameaçado de lesão por ilegalidade
ou abuso de poder praticados por autoridade ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder
público (Rangel, 2017).

Natureza jurídica: de ação cível autônoma de impugnação de rito sumário especial.

-Poderá ter eficácia cautelar quando fundado no periculum in mora e no fumus boni iuris;

-Eficácia constitutiva quando criar, modificar ou extinguir determinada situação jurídica; ou, eficácia
declaratória quando visar meramente declarar a existência ou inexistência de relação jurídica (Lima,
2018).

24
Dispensa da instrução probatória.
-É residual.

-Súmula 701/STF: MS impetrado pelo MP contra decisão proferida em processo penal é obrigatória a
citação do réu como litisconsorte passivo.

Não se concede MS quando se tratar:

• De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução
• Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo
• Decisão transitada em julgada.

Hipóteses comuns:

1. Indeferimento de habilitação de assistente de acusação


2. Para fins de trancamento de IP ou de processo penal em andamento caso a infração penal não seja
passível de PPL
3. Em proteção a PJ no processo penal: crime ambiental
4. Sequestro de bens à revelia dos requisitos legais
5. A fim de franquear o acesso ou vista aos autos do IP, salvo em relação às diligências em andamento.

IPC: Súmula 604, STJ: O MS não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso interposto pelo MP.

Súmula 376. Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de
juizado especial.

Prazo decadencial: 120 dias, contados da ciência do ato impugnado.

Legitimidade

• Ativa: PF/PJ (nacional/estrangeira), MP, querelante, assistente de acusação, acusado, defensor e


terceiros interessados.
• Passiva: A legislação exige que o impetrante indique a autoridade coatora e a pessoa jurídica que ela
integra ou que exerce suas atribuições para que possa ingressar no feito.

Procedimentos: escrito por quem tenha capacidade postulatória ou MP.

Não cabe MS nas causas de extinção do processo sem resolução do mérito.

Fases:
a) Impetra por meio da petição, em duas vias.
b) Distribuição
c) Análise do juiz pra verificar se é o caso de indeferimento prévio/liminar do MS

Da decisão que indefere liminarmente o mandado de segurança, caberá recurso ao juízo ad


quem, no caso de mandado de segurança protocolado em primeira instância: agravo de
instrumento.

d) Se não for caso de indeferimento liminar, recebe e ordena a notificação da autoridade coatora
(prazo: 10 dias) e cientifica o feito ao órgão de representação judicial da PJ interessada para
querendo, ingressar no feito.

e) Após o prazo, vista ao MP por 10 dias para parecer (art. 12)


f) Profere sentença em 30 dias.
g) Concedida a segurança, o juiz transmitirá o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à PJ
interessada.

Competência:

E se o ato for praticado por membro do MP? Constituição do Estado ou legislação infraconstitucional
estabelecerá as regras de competência. Em caso de omissão, será do juízo ao qual o MP exerce suas atribuições.

Recursos: da sentença, cabe apelação.

Reexame necessário.

Indeferimento da inicial: cabe apelação. Se for originária dos tribunais, caberá agravo regimental.

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