Você está na página 1de 11

Aluno: Data: __/__/___

Professor: Alan Ferreira Rodrigues (Instagram: @alfero_alan)

Disciplina: Direito Processual Penal


Assunto: Princípios

Bibliografia utilizada: Manual de Processo Penal, Renato Brasileiro de Lima; Curso de Direito Constitucional, Marcelo
Novelino; Novo Curso de Direito Processual Penal, Nestor Távora.
CONCEITO DE PROCESSO PENAL

Conceito (Frederico Marques): direito processual penal é o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação
jurisdicional do direito penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função
jurisdicional e respectivos auxiliares.
Nota: tanto princípios (mandamentos de otimização. Ex.: dignidade da pessoa humana) como regras (mandamentos
definitivos. Ex.: art. 121 do CP) são espécies de normas jurídicas.

1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL


1.1 PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DE NÃO CULPABILIDADE

Até o advento da CRFB/88, tal princípio só existia de forma implícita, como decorrência da cláusula do devido processo
legal.
CRFB, Art. 5º, LVII: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

Do princípio em comento derivam algumas regras fundamentais:


(i) regra probatória ou regra de juízo (in dubio pro reo): a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a
culpabilidade do acusado. Não havendo certeza, mas dúvida sobre os fatos em discussão em juízo, absolve-se (art. 386, VI, CPP).
Em tempo, alerte-se que o princípio in dubio pro reo não incide na revisão criminal (art. 621, CPP), fase em que a
comprovação das hipóteses autorizadoras recairá sobre o postulante.
Observação: cresce na doutrina (ex.: Renato Brasileiro, Fauzi Hassan, etc.) posição no sentido de que a decisão de
pronúncia (art. 413 do CPP) não se baseia no brocardo in dubio pro societate.

CPP, Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação.

• O ônus da prova no processo penal1


Duas correntes: 1ªC (majoritária): há distribuição do ônus da prova entre a acusação e a defesa no processo penal (art.
156 do CPP2); 2ªC (minoritária): o ônus da prova é exclusivo da acusação, em razão da estrutura acusatória do processo penal e,
ainda, por força do princípio in dubio pro reo.

(TJPA/2019 – CESPE) Acerca de princípios processuais constitucionais, julgue os itens (adaptada).


Em razão do princípio da inocência, caso o crime seja um fato típico, antijurídico e culpável, caberá à acusação provar a inexistência
da causa de exclusão da antijuridicidade alegada pelo réu;
R.: Errado. De acordo com a doutrina majoritária, há ônus probatórios recaindo sobre a defesa nalguns casos. Doutrinadores como
Nestor Távora e Renato Brasileiro discordam dessa posição.

Em razão do princípio in dubio pro reo, a qualificadora do crime de roubo pelo uso de arma será excluída se o réu alegar ter utilizado
um simulacro de arma de fogo que tenha sido confundido pela vítima;
R.: Errado.

(Delegado/RJ-2012 | FUNCAB_adaptada): A presunção de inocência possui axiologia tridimensional, atuando como regra de
tratamento, regra de julgamento e regra de garantia.
R.: Correto.

(PEFOCE/2011 | CESPE) O indivíduo que for preso em flagrante devido à prática de crime inafiançável não terá direito à concessão
de liberdade provisória, devendo permanecer preso durante o inquérito e a ação penal. Tal vedação não caracteriza violação do
princípio da inocência, visto que o flagrante por si só tem força coativa.
R.: Errado.

(PGE-BA/2013 | CESPE) Acerca das provas, das sentenças e dos princípios do direito processual penal, julgue o item a seguir. Em
razão do princípio constitucional da presunção de inocência, é vedado à autoridade policial mencionar anotações referentes à
instauração de inquérito nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados.
R.: Errado.

(PC-PA/2016 | FUNCAB) Leia as frases a seguir e a partir dos respectivos conteúdos responda.
1. “Esse princípio fundamental de civilidade representa o fruto de uma opção garantista a favor da tutela da imunidade dos inocentes”
(Luigi Ferrajoli).

1
O tema será aprofundado quando tratarmos de ‘Teoria da Prova’.
2
CPP, Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
1
2. “Basta ao corpo social que os culpados sejam geralmente punidos, pois é seu maior interesse que todos os inocentes sem exceção
sejam protegidos" (Lauzé di Peret).
3. “A metafísica do direito penal propriamente dita é destinada a proteger os culpados dos excessos da autoridade social; a metafísica
do direito processual tem por missão proteger dos abusos e dos erros da autoridade todos os cidadãos inocentes e honestos"
(Francesco Carrara).
Qual princípio a seguir melhor sintetiza o conteúdo, as idéias e as preocupações acima expostas?
A) Princípio da verdade real
B) Devido processo penal
C) Ampla defesa contraditório
D) Nemo tenetur se detegere
E) Presunção de inocência
Gab.: ‘E’.

(ii) regra de tratamento: significa a impossibilidade de o Poder Público comportar-se, em relação ao suspeito, como
se condenado fosse, antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (ex.: não pode prisão ex lege).

(PC-BA/2013 | CESPE) Julgue os itens seguintes, considerando os dispositivos constitucionais e o processo penal. A presunção de
inocência da pessoa presa em flagrante delito, ainda que pela prática de crime inafiançável e hediondo, é razão, em regra, para que
ela permaneça em liberdade.
Gab.: correto.

Dimensões de tratamento: (1) interna: o ônus da prova recai integralmente sobre a parte acusadora (há divergências, como
visto); prisões cautelares devem ser utilizadas de modo excepcional; (2) externa: proteção contra a publicidade abusiva e a
estigmatização do acusado, algo que deve ser protegido pelo juiz das garantias (art. 3º-F, CPP, cuja eficácia encontra-se suspensa
por força de decisão proferida nas ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305 pelo STF)
Obs.: art. 13, I e II, da Lei de Abuso de Autoridade.

Lei 13.689/2019, Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de
resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;

• Execução provisória da pena3


- Posição anterior: possibilidade
Entre fevereiro de 2016 e novembro de 2019, prevaleceu, no Supremo Tribunal Federal, por força do HC 126.292, o
entendimento de que não havia necessidade de se aguardar o trânsito em julgado, justificando-se, assim, a denominada execução
provisória da pena.
Argumentos: (i) equilíbrio entre o princípio da presunção de inocência e a efetividade da jurisdição penal; (ii) exaurimento
do exame fático e probatório nas instâncias ordinárias; (iii) ante a insuscetibilidade de reexame probatório pelas instâncias
extraordinárias, é justificável relativizar o princípio da presunção de inocência; (iv) não há antinomia entre o que dispõe o art. 283
do CPP e a regra que confere eficácia imediata aos acórdãos proferidos por tribunais de apelação; (v) em nenhum país do mundo,
depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica suspensa, aguardando referendo da Corte
Suprema; (vi) incentivo à infindável interposição de recursos protelatórios acabaria reforçando a própria seletividade do sistema,
pois a Defensoria Pública não litiga dessa forma e as pessoas pobres não têm recursos financeiros para pagar recursos judiciais
indefinidamente; (vii) eventuais equívocos das instâncias ordinárias podem ser combatidos por mecanismos próprios (ex.: habeas
corpus).
- Posição atual: impossibilidade
Atualmente (ADCs 43, 44 e 54), é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado contanto que seja proferida
uma decisão judicial individualmente fundamentada (art. 312 do CPP).
Argumentos4: (i) o art. 283 do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011, é plenamente compatível com a
Constituição em vigor; (ii) o inciso LVII do art. 5º da CF/88 não deixa margem a dúvidas ou a controvérsias de interpretação; (iii) é
infundada a interpretação de que a defesa do princípio da presunção de inocência pode obstruir as atividades investigatórias e
persecutórias do Estado; (iv) a Constituição não pode se submeter à vontade dos poderes constituídos nem o Poder Judiciário
embasar suas decisões no clamor público.
A conclusão acima foi reforçada pela nova redação do art. 283 do CPP, dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime).

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)

• Execução provisória e tribunal do júri


Nos termos do art. 492, I, ‘e’, CPP, com redação dada pela Lei 13.964/2019, havendo condenação a uma pena igual ou
superior a 15 anos (entendimento já anteriormente abraçado pela 1ª turma do STF), é possível a execução provisória da pena.

CPP, Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:


I – no caso de condenação:
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva,
ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das
penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;

Trata-se de dispositivo de duvidosa constitucionalidade.

(iii) regra de garantia (Luiz Flávio Gomes): para o autor, com base no art. 8º, ‘2’, da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, pode-se falar numa regra de garantia, segundo a qual a única forma de se afastar a presunção de inocência do

3
Assunto com grande probabilidade de cobrança em provas subjetivas.
4
Ver: https://www.dizerodireito.com.br/2019/11/stf-decide-que-o-cumprimento-da-pena.html
2
acusado seria comprovando-se legalmente sua culpabilidade. Renato Brasileiro discorda, afirmando que tal regra já está inserida
na regra probatória.

1.2 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO


Consubstancia-se na ciência bilateral dos atos/termos do processo e a possibilidade de contrariá-los. Possui dois
elementos: (i) direito à informação (comunicação dos atos processuais); (ii) direito de participação (possibilidade de reagir à
pretensão da parte contrária).

CRFB, Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Súmula 707 do STF


Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia,
não a suprindo a nomeação de defensor dativo.

Obs.1: essa participação não deve ser meramente formal. Precisa ser efetiva, densificando a igualdade material no
processo. Ex.: não basta ao acusado ter um defensor (art. 261, CPP); a defesa técnica deve ser eficaz, sendo viável ao juiz nomear
defensor ao acusado quando considera-lo indefeso (art. 497, V, CPP).
Obs.2: prevalece na doutrina e na jurisprudência (STF, 2ª Turma, HC 99.936/CE) que a observância do contraditório
não é obrigatória na fase investigatória, já que o inquérito é procedimento administrativo de caráter informativo.

(PC-BA/2013 | CESPE) Julgue o item seguinte, considerando os dispositivos constitucionais e o processo penal. Tanto o
acompanhamento do inquérito policial por advogado quanto seus requerimentos ao delegado caracterizam a observância do direito
ao contraditório e à ampla defesa, obrigatórios na fase inquisitorial e durante a ação penal.
Gab.: errado.

Obs.3: tratando-se de fatos letais envolvendo atividade policial, deve-se notificar o investigado quando da instauração do
procedimento investigatório (art. 14-A, CPP, c/c art. 16-A, CPPM).
• Contraditório para a prova e contraditório sobre a prova
(i) contraditório para a prova ou contraditório real: a produção da prova ocorre na presença do órgão julgador e das
partes (ex.: prova testemunhal colhida em juízo);
(ii) contraditório sobre a prova ou contraditório diferido/postergado: reconhecimento da atuação do contraditório após
a formação da prova. Ou seja, ciência das partes posteriormente à produção da prova. Ex.: interceptação telefônica.

(STM/2018 | CESPE) A garantia, aos acusados em geral, de contraditar atos e documentos com os meios e recursos previstos
atende aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
Gab.: Correto.

(PC-SC/2017 | FEPESE) É correto afirmar sobre o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa.
A) O contraditório é de observância obrigatória durante a investigação criminal.
B) O contraditório obriga o magistrado a sempre ouvir o Ministério Público antes de proferir decisões contrárias ao acusado.
C) Nos crimes dolosos contra a vida, é dispensada a observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
D) O princípio do contraditório é exclusivo da acusação, ao passo que o princípio da ampla defesa deve beneficiar a defesa do
acusado.
E) A ampla defesa assegura ao acusado a utilização dos meios e recursos inerentes durante o curso da ação penal.
Gab.: ‘E’.

1.3 PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA

Ligada ao contraditório (art. 5º, LV, CRFB). Visando à igualdade material, permite-se que o réu possua privilégios em
detrimento da acusação (revisão criminal pro reo, in dubio pro reo, etc.).

(TRE-BA/2017 | CESPE) Indiciado em determinado inquérito policial, Pedro requereu, por meio de seu advogado, acesso aos autos
da investigação. O requerimento foi negado pelo delegado de polícia. Nessa situação hipotética, a decisão da autoridade policial
está
A) correta, pois, sendo procedimento inquisitório, não há de se falar em assistência de advogado no curso do inquérito policial.
B) incorreta, pois o exercício do direito de defesa e contraditório são plenamente aplicáveis ao inquérito policial.
C) incorreta, pois afronta o princípio da publicidade, igualmente aplicável às ações penais em curso e aos inquéritos policiais.
D) correta, pois o inquérito policial, sendo procedimento inquisitório, deve ser mantido em sigilo até o ajuizamento da ação penal.
E) incorreta, pois o acesso do indiciado, por meio de seu advogado, aos autos do procedimento investigatório é garantia de seu
direito de defesa.
Gab.: ‘E’. Ver súmula vinculante 14 do STF.

(PC-DF/2013 | CESPE) Considerando, por hipótese, que, devido ao fato de estar sendo investigado pela prática de latrocínio, José
tenha contratado um advogado para acompanhar as investigações, julgue os itens a seguir. Embora o inquérito policial seja um
procedimento sigiloso, será assegurado ao advogado de José o acesso aos autos.
Gab.: correto.

(PC-AL/2012) Apesar do sigilo do inquérito policial, é assegurado o seu amplo acesso ao investigado e a seu advogado, em qualquer
circunstância, ainda que haja diligências em curso.
Gab.: errado.

Súmula Vinculante 14 do STF


É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa.

3
1.3.1 DEFESA TÉCNICA (DEFESA PROCESSUAL OU ESPECÍFICA)
Deve ser efetuada por profissional habilitado, seja um defensor público (NÃO precisa estar inscrito na OAB; STJ. 2ª Turma.
REsp 1.710.155-CE), seja advogado (regularmente inscrito; estagiário, advogado suspenso não pode).
• Defesa técnica exercida pelo próprio réu
Juízes e promotores, a despeito do conhecimento jurídico, NÃO podem exercer a própria defesa, diferentemente de um
advogado regularmente inscrito na OAB.
• Características
É OBRIGATÓRIA (art. 261, CPP), INDISPONÍVEL e IRRENUNCIÁVEL (mesmo nos procedimentos do Juizado Especial
Criminal – cuidado com o art. 10 da Lei 10.529/01 [ADI 3168]), sob pena de configuração de nulidade absoluta (art. 564, III, ‘c’, CPP).
Tal defesa técnica precisa ser plena e efetiva. Para tanto, deve haver um tempo razoável entre a comunicação do ato em
relação ao qual deverá ser exercida a defesa e o prazo final para tal exercício.

Súmula 523 STF - No processo penal, a falta da defesa TÉCNICA constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova de prejuízo para o réu.

(PC-RJ/2008 | FGV) Analise as afirmativas a seguir:


I. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor e a lei determina que a defesa técnica,
quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada.
II. A intimação do defensor constituído, do defensor nomeado, do advogado do querelante e do assistente far- se-á por publicação
no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado
III. A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder comparecer
A) se nenhuma afirmativa estiver correta.
B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Gab.: ‘C’.

• Direito de escolha
O réu tem direito de escolher seu defensor:

Súmula 708, STF


É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente
intimado para constituir outro.

• Autodefesa
É aquela exercida pelo próprio acusado em momentos cruciais do processo. É DISPONÍVEL (ainda que não seja
desprezível). Necessária a citação/intimação pessoal em regra5.
Visualiza-se a autodefesa de várias formas:
(a) direito de audiência: direito de apresentar-se pessoalmente ao juiz da causa. Materializa-se por meio do
interrogatório (natureza de meio de defesa).
(b) direito de presença: acompanhamento dos atos da instrução pelo réu. Necessidade intimação obrigatória de todos
os atos processuais. Todavia, o réu NÃO é obrigado a comparecer; o defensor, sim. O direito de presença é relativizado pelo art.
217 do CPP.
Obs.: ver art. 20 da Lei de Abuso de Autoridade.

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e
reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com
ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.

Atos processuais em outras comarcas (ex.: oitiva de testemunhas)? Em julgados mais recentes, STF tem entendido que a
alegação de necessidade da presença do réu em audiências deprecadas, estando ele preso, configura nulidade relativa, devendo-
se comprovar a oportuna requisição e também a presença de efetivo prejuízo à defesa (RE 602.543).
(c) capacidade postulatória autônoma: o acusado pode interpor recursos (CPP, art. 577, caput), impetrar habeas
corpus (CPP, art. 654, caput), ajuizar revisão criminal (CPP, art. 623), assim como formular pedidos relativos à execução da pena
(LEP, art. 195, caput).

(DPE-RO/2015 | FGV) A Constituição da República prevê os princípios da ampla defesa e do contraditório como fundamentais. O
Código de Processo Penal, por sua vez, traz previsões para o tratamento do acusado e de seu defensor, algumas vezes em
consonância com as ideias desses princípios e outras não. De acordo com o Código, é correto afirmar que:
A) a audiência não poderá ser adiada pela ausência do defensor, ainda que justificada;
B) para constituição do defensor é sempre indispensável o instrumento de mandato;
C) a intimação do réu não revel para o ato de seu interrogatório é facultativa;
D) o acusado revel será julgado independente da presença de defensor ou advogado;
E) a intimação do defensor público nomeado será pessoal.
Gab.: ‘E’.

(PC-GO/2013 | UEG) Sobre o direito de defesa, tem-se que


A) a defesa técnica é indispensável, na medida em que, mais do que garantia do acusado, é condição de paridade de armas,
imprescindível à concreta atuação do contraditório.
B) constitui nulidade relativa, violadora do princípio da ampla defesa, a nomeação de defensor dativo sem intimação do réu para
constituir novo defensor, em virtude da renúncia do advogado.

5
Súmula 351 do STF. É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
4
C) na investigação criminal, a defesa é imprescindível, uma vez que, nessa fase, são assegurados o contraditório, a ampla defesa e
a assistência do advogado ao preso em flagrante.
D) a autodefesa, composta pelo direito de audiência e pelo direito de presença, é dispensável pelo juiz, mas dela o acusado não
poderá renunciar, devendo a ele ser imposta.
Gab.: ‘A’.

1.3.2 PROCESSO ADMINISTRATIVO E DISCIPLINAR E EXECUÇÃO PENAL


A Súmula Vinculante nº 5 não se aplica à execução penal. Cinge-se a procedimentos não penais (fiscais, administrativos,
etc.).
Súmula Vinculante nº 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.”

Até o início de 2020, o STJ entendia que, nos procedimentos administrativos destinados à apuração de falta grave do preso,
era imprescindível a instautração de Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). Inclusive, chegou a editar uma súmula a esse
respeito.
Súmula nº 533 do STJ: “Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a
instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado
por advogado constituído ou defensor público nomeado”.

Todavia, o STF fixou a seguinte tese a respeito do tema:

A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação realizada na presença do defensor e do Ministério
Público, afasta a necessidade de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre eventual ausência ou
insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de falta grave durante o cumprimento da pena. STF. Plenário.
RE 972598, Rel. Roberto Barroso, julgado em 04/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 941) (Info 985 – clipping).

Logo, a súmula 533 do STJ encontra-se superada, ainda que não tenha sido formalmente cancelada.
Ademais, a ampla defesa incide, inclusive (em regra), na transferência e inclusão de presos em estabelecimentos penais
federais de segurança máxima (art. 5º, §2º, Lei 11.671/08). Em casos urgentes (ex.: rebelião), essa transferência não necessita de
oitiva prévia da defesa (art. 5º, §6º, Lei 11.671).

Súmula n. 639 do STJ: “Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da defesa, determine
transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário federal”.

1.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE


A regra é a publicidade ampla no processo penal, estando ressalvadas as hipóteses em que se justifica a restrição da
publicidade: defesa da intimidade, interesse social no sigilo e imprescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado (CRFB,
art. 5º, incisos XXXIII e LX, c/c art. 93, IX); escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem (CPP, art. 792, § 1º).
- Publicidade ampla: os atos processuais são praticados perante as partes, e, ainda, abertos a todo o público. Direito
de acompanhar, direito de narrar/reproduzir e direito de consultar.
- Publicidade restrita ou interna: caracteriza-se quando houver limitação à publicidade dos atos do processo. Ex.:
crimes contra a dignidade sexual (art. 234-B, CP).
Obs.: CPI NÃO pode suspender o sigilo do processo (STF, MS 27483).
(STM/2018 | CESPE) A lei não poderá restringir a divulgação de nenhum ato processual penal, sob pena de ferir o princípio da
publicidade.
Gab.: errado.

(TJSP/2016 | VUNESP) Dos princípios constitucionais do processo penal a seguir enumerados, assinale o que admite que a
legislação infraconstitucional estabeleça exceções.
A) Princípio do contraditório.
B) Princípio da publicidade.
C) Princípio da presunção da inocência.
D) Princípio da imunidade à autoacusação.
Gab.: ‘B’.

(TJMS/2015 | VUNESP) Com relação ao Princípio Constitucional da Publicidade, com correspondência no Código de Processo
Penal, é correto afirmar que
A) a publicidade ampla e a publicidade restrita não constituem regras de maior ou menor valor no processo penal, cabendo ao poder
discricionário do juiz a preservação da intimidade dos sujeitos processuais.
B) a publicidade restrita tem regramento pela legislação infraconstitucional e não foi recepcionada pela Constituição Federal, que
normatiza a publicidade ampla dos atos processuais como garantia absoluta do indivíduo.
C) de acordo com o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, com nova redação dada pela EC 45/2004, os atos processuais
serão públicos, sob pena de nulidade, cabendo ao juiz limitar a presença, nas audiências, de partes e advogados.
D) a publicidade restrita é regra geral dos atos processuais, ao passo que a publicidade ampla é exceção e ocorre nas situações
expressas em lei, dependendo de decisão judicial no caso concreto.
E) a publicidade ampla é regra geral dos atos processuais, ao passo que a publicidade restrita é exceção e ocorre nas situações
expressas em lei, dependendo de decisão judicial no caso concreto.
Gab.: ‘E’

1.5 PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE


Durante anos prevaleceu a ideia de que, no processo civil, vigorava, em se tratando de direitos disponíveis, o princípio da
verdade formal, haja vista a postura passiva do juiz na produção de provas (as partes levam as provas ao juiz; princípio dispositivo).
Já no processo penal, porque lidava com liberdade de locomoção, vigia a o princípio da verdade material, podendo o juiz determinar
a produção de provas de ofício.
Crítica: atualmente, essa distinção não existe mais. A uma, porque no âmbito cível tem sido aceita a determinação de
provas, de ofício, pelo magistrado. A duas, porque a verdade é algo intangível.

5
Obs.1: no processo penal, a busca da verdade sujeita-se a restrições: vedação de provas ilícitas (art. 5º, LVI, CRFB);
limitações de depoimentos (art. 207, CPP); impossibilidade de revisão criminal contra sentença absolutória (art. 621, CPP).
Obs.2: no procedimento dos juizados especiais, fala-se em verdade consensuada.

(PC/MT – 2014| FUNCAB) São princípios constitucionais do processo penal


A) presunção de inocência, contraditório e verdade real.
B) devido processo, ampla defesa, verdade real e dispositivo.
C) juiz natural, presunção de inocência, ampla defesa e contraditório.
D) devido processo, presunção de inocência, ampla defesa, contraditório e verdade real.
E) devido processo, presunção de inocência, ampla defesa, contraditório e dispositivo.
Gab.: ‘C’.

(PC/SP – 2014 | VUNESP) São princípios constitucionais explícitos do processo penal:


A) ampla defesa e intervenção mínima.
B) presunção de inocência e lesividade.
C) intervenção mínima e duplo grau de jurisdição.
D) presunção de inocência e ampla defesa.
E) lesividade e intervenção mínima.
Gab.: ‘D’.

1.6 PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS


CRFB, Art. 5º, LVI. São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.

Referido princípio será abordado com mais propriedade na parte relativa às provas.

1.7 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL


Liga-se à imparcialidade. Impede a criação casuística de tribunais após o fato (ex.: tribunal de Nuremberg). Vide art. 5º, LIII
e XXXVII, CRFB.
• Tribunal de exceção
É criado após o fato criminoso.
Obs.: juizados especiais e foro por prerrogativa de função NÃO são tribunais de exceção.
(MPE-PE/2018 | FCC) O princípio do Direito Processual Penal que impede a criação de tribunais de exceção refere-se ao princípio
A) do contraditório.
B) da verdade real.
C) da oficiosidade.
D) do juiz natural.
E) da indisponibilidade.
Gab.: ‘D’.

• Normas protetivas
(i) A jurisdição é exercida por órgãos instituídos pela CRFB; (ii) o órgão julgador deve existir antes do fato; (iii) a competência
deve ser definida de modo objetivo.
• Descontaminação do julgado
CPP, Art. 157, § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Eficácia Suspensa
Deve-se ter cuidado para, com má-fé, as partes juntem aos autos provas ilícitas simplesmente para afastar o juiz.
• Lei modificadora de competência
Os processos em andamento, de acordo com a doutrina, não podem ser deslocados, sob pena de violação do princípio do
juiz natural, que deve ser analisado quando o crime é praticado. A jurisprudência, contudo, entende que lei que altera competência
deve ser aplicada imediatamente, salvo se já houver sentença de mérito.
• Juízes de 1º grau substituindo desembargadores
Desde que observada diretrizes legais, não há ofensa ao princípio do juiz natural (STJ). Ainda que o órgão julgador seja
composto majoritariamente por juízes convocados (STF).
• Varas especializadas
NÃO viola o juiz natural. Ex.: vara especializada em crimes contra a ordem econômica.

1.7.1 PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL


Impede designações arbitrárias, pela chefia institucional, de promotor para patrocínio de determinado caso. STJ e STF já
reconheceram a existência do princípio.
Obs.: limita-se ao processo criminal. Ou seja, na fase de inquérito é possível a designação de membros para
atuarem/requisitarem diligências (ex.: MPF designando procuradores para acompanharem a oitiva de Sergio Moro na PF).

1.7.2 PRINCÍPIO DO DEFENSOR NATURAL


Defendido na doutrina; ainda não há manifestação do STF.

1.7.3 PRINCÍPIO DO DELEGADO NATURAL


Com base na imposição de limites à remoção da autoridade policial, que só poderá ocorrer por ato fundamentado (art. 2º,
§5º, Lei 12.830/2013), há quem sustente a existência do princípio em comento.

6
1.8 PRINCÍPIO DO “NEMO TENETUR SE DETEGERE” OU PROIBIÇÃO DE AUTOINCRIMINAÇÃO
Consubstancia-se na ideia de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Previsão: CADH (art. 8º, 2, g) e
na CRFB/88 (art. 5º, LXIII).

CRFB/88, Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada
a assistência da família e de advogado;

Apesar de a CRFB mencionar apenas o ‘preso’, a doutrina entende que a proteção abrange qualquer pessoa a quem seja
imputada a prática de um ilícito criminal.

• Testemunha
Apesar do dever de dizer a verdade, a testemunha sob pena de cometer crime de falso testemunho (art. 342, Código Penal),
não está obrigada a responder perguntas sobre fato que, em tese, possa incriminá-la.

Se o indivíduo é convocado para depor como testemunha em uma investigação e, durante o seu depoimento, acaba confessando
um crime, essa confissão não é válida se a autoridade que presidia o ato não o advertiu previamente de que ele não era obrigado a
produzir prova contra si mesmo, tendo o direito de permanecer calado. STF. 2ª Turma. RHC 122279/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 12/8/2014 (Info 754).

(Prefeitura de Marcação/PB – 2016 | FACET) Sobre o princípio de vedação de autoincriminação, passemos a analisar as seguintes
assertivas:
I. O direito ao silêncio se aplica a testemunha, ante a indagação de autoridade pública de cuja resposta possa advir imputação da
prática de crime ao declarante.
II. O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal pode ser compelido pela autoridade a fornecer padrões vocais
para a realização de perícia sob pena de responder por crime de desobediência.
III. O acusado em processo criminal tem o direito de permanecer em silêncio, sendo certo que o silêncio não importará em confissão,
mas poderá ser valorado pelo juiz de forma desfavorável ao réu.
IV. O STF já pacificou entendimento de que é lícito ao juiz aumentar a pena do condenado, utilizando como justificativa o fato do réu
ter mentido em juízo, dada a reprovabilidade de sua conduta.
Assinale:
A) Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
B) Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
C) Se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas.
D) Se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
E) Se apenas a afirmativa I estiver correta.
Gab.: ‘E’.

• Aviso quanto ao direito de não produzir provas contra si mesmo


É obrigatório um aviso, prévio e formal (Aviso de Miranda, EUA), quanto ao direito de permanecer calado, sob pena de
ilicitude da prova direta e das derivadas (teoria dos frutos da árvore envenenada - art. 157, §1º, CPP).

Houve violação do direito ao silêncio e à não autoincriminação na realização desse “interrogatório travestido de entrevista”. Não se
assegurou ao investigado o direito à prévia consulta a seu advogado. Além disso, ele não foi comunicado sobre seu direito ao silêncio
e de não produzir provas contra si mesmo. STF. 2ª Turma. Rcl 33711/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2019 (Info 944).

(PC-BA/2013 | CESPE) Julgue o item seguinte, considerando os dispositivos constitucionais e o processo penal. O direito ao silêncio
consiste na garantia de o indiciado permanecer calado e de tal conduta não ser considerada confissão, cabendo ao delegado informá-
lo desse direito durante sua oitiva no inquérito policial.
Gab.: Correto.

Obs.: a falta de comunicação ao acusado sobre o direito de permanecer em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo
reconhecimento depende de comprovação do prejuízo (Tese - STJ, edição 69).

(TRF1/2017 | CESPE) A não comunicação ao acusado de seu direito de permanecer em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo
reconhecimento depende da comprovação do prejuízo.
Gab.: Correto.

(PC-DF/2013 | CESPE) Com base no que dispõe o Código de Processo Penal, julgue o item que se segue. A falta de advertência
sobre o direito ao silêncio não conduz à anulação automática do interrogatório ou depoimento, devendo ser analisadas as demais
circunstâncias do caso concreto para se verificar se houve ou não o constrangimento ilegal.
Gab.: Correto.

- Entrevistas concedidas pelos presos, sem que antes seja alertado sobre o direito de ficar calado, são provas
válidas? 1ªC) Não, em razão da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, os particulares também deveriam fazer o ‘aviso de
Miranda’; 2) Sim, pois o ‘aviso de Miranda’ circunscreve-se aos agentes públicos (STF, HC 99558).

• Desdobramentos do princípio do nemo tenetur se detegere


(1) o direito ao silêncio ou direito de ficar calado: o silêncio NÃO importa prejuízo ao acusado (ex.: art. 478, II,
CPP).
Ver art. 15, pú, inciso I, da Lei de Abuso de Autoridade.

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar
segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. (VETADO).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: (Promulgação partes vetadas)
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.

7
O direito à não autoincriminação NÃO abrange os dados qualificativos (art. 186, CPP) do interrogando (ex.: nome, profissão,
etc.).
(DPF/2013 | CESPE) É apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada em relação ao inquérito policial
e suas peculiaridades, às atribuições da Polícia Federal e ao sistema probatório no processo penal brasileiro.
José foi indiciado em inquérito policial por crime de contrabando e, devidamente intimado, compareceu perante a autoridade policial
para interrogatório. Ao ser indagado a respeito de seus dados qualificativos para o preenchimento da primeira parte do interrogatório,
José arguiu o direito ao silêncio, nada respondendo. Nessa situação hipotética, cabe à autoridade policial alertar José de que a sua
recusa em prestar as informações solicitadas acarreta responsabilidade penal, porque a lei é taxativa quanto à obrigatoriedade da
qualificação do acusado.
Gab.: Correto.

(2) direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal: acusado não é obrigado a confessar a
prática do delito.
(3) inexigibilidade de dizer a verdade: apenas se tolera6 que o acusado minta (não há uma sanção para sua
mentira). Ex.: negar falsamente a prática de infração penal (STF, 1ª Turma, HC 68.929/SP).
É crime: (a) formular falsas acusações (mentiras agressivas) contra terceiros inocentes; (b) acusar-se, perante a autoridade,
de crime inexistente ou praticado por outrem (art. 341, CP); (c) identificar-se com nome falso (art. 307 do CP) perante autoridade
policial para obter alguma vantagem (RE 640.139).

Súmula nº 522 do STJ


A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

(PCRN/2021 | FGV) O direito processual penal é regido por diversos princípios, dentre os quais o do nemo tenetur se detegere, pelo
qual ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo. Com base no princípio em questão e na jurisprudência dos Tribunais
Superiores:
A) a atribuição de falsa identidade pelo suspeito ou investigado, ainda que em situação de autodefesa, configura fato típico;
B) a recusa do investigado em prestar informações quando intimado em sede policial poderá justificar, por si só,o seu indiciamento
pela autoridade policial;
C) as provas que exijam comportamento passivo do investigado não poderão ser produzidas sem sua concordância;
D) a alteração de cena do crime pelo agente não configura fraude processual;
E) apenas o preso poderá valer-se do direito ao silêncio, não se estendendo tal proteção aos investigados.
Gab.: ‘A’.

(4) direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo: é necessário consentimento
para tanto. Ex.: acareação, reconstituição do crime, exame grafotécnico, padrões vocais, etc. Logo, a recusa não configura crime.
Cooperação passiva (mera tolerância) não precisa de consentimento. Ex.: reconhecimento pessoal.
- E o bafômetro? O indivíduo não é obrigado a ‘soprar’ o bafômetro ou submeter-se a exame de sangue para
constatação de álcool em seu organismo. Admite-se, no entanto, a utilização de etilômetro que, ao não exigir qualquer participação
ativa do indivíduo, limita-se a absorver o ar em seu entorno para verificação da presença de álcool.

(TJ/AL-2018 | FGV) Carlos conduzia seu veículo automotor de maneira tranquila, quando foi parado em uma operação que verificava
a condução de veículo automotor em via pública sob a influência de álcool. Apesar de estar totalmente consciente de seus atos,
Carlos havia ingerido 07 (sete) latas de cerveja, razão pela qual temia que o teste do “bafômetro” identificasse percentual acima do
permitido em lei. De acordo com a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, Carlos:
A) não é obrigado a realizar o exame, que exige um comportamento positivo seu, respeitando-se a regra de que ninguém é obrigado
a produzir prova contra si, diferentemente do que ocorreria se fosse necessária apenas cooperação passiva;
B) é obrigado a realizar o exame, tendo em vista que esse é indispensável para a configuração do tipo, sempre podendo o resultado
ser utilizado como meio de prova;
C) não é obrigado a realizar o exame, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si, seja através de cooperação ativa seja
com cooperação passiva, como no caso de ato de reconhecimento de pessoa;
D) é obrigado a realizar o exame, ainda que este seja desnecessário para a configuração do tipo, que pode ser demonstrado por
outros meios de prova;
E) é obrigado a realizar o exame, mas seu resultado poderá ou não ser utilizado como meio de prova de acordo com a vontade de
Carlos, já que ninguém é obrigado a produzir prova contra si.
Gab.: ‘A’.

(AL-RO/2018 | FGV) )Analise as assertivas a seguir, que tratam sobre os princípios aplicáveis ao Direito Processual Penal.
I. Com base no princípio da presunção de inocência, a prisão preventiva deve ser decretada apenas quando as medidas cautelares
alternativas não forem suficientes, não mais havendo prisão automática em razão de sentença condenatória de primeira instância;
II. Inspirado no princípio de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si, o agente pode se recusar a realizar exame de
etilômetro (bafômetro), podendo, porém, o crime ser demonstrado por outros meios de prova; III. Com base no princípio da
irretroatividade da lei processual penal, uma lei de conteúdo exclusivamente processual penal, em sendo mais gravosa ao réu, não
poderá retroagir para atingir fatos anteriores a sua entrada em vigor.
Com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores, está(ão) correta(s), apenas, as assertivas previstas nos itens
A) I, II e III.
B) I e II.
C) I e III.
D) II e III.
E) I
Gab.: ‘B’.

(5) direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva: provas invasivas são as intervenções
corporais que pressupõem penetração no organismo humano. Ex.: exame de sangue. Provas não invasivas consistem numa
inspeção ou verificação corporal. Ex.: exame de DNA com saliva encontrada num copo; raio-X (STJ, HC 149.146).

6
Para alguns, porém, o acusado tem o DIREITO DE MENTIR, porque no Brasil não existe crime de perjúrio.
8
Nota: prova não invasiva NÃO PRECISA de consentimento. Prova invasiva, mesmo no cível, precisa (ex.: DNA para saber
se é pai)7.

(PF/2012 | CESPE) Como o sistema processual penal brasileiro assegura ao investigado o direito de não produzir provas contra si
mesmo, a ele é conferida a faculdade de não participar de alguns atos investigativos, como, por exemplo, da reprodução simulada
dos fatos e do procedimento de identificação datiloscópica e de reconhecimento, além do direito de não fornecer material para
comparação em exame pericial.
Gab.: errado. O acusado NÃO pode recusar-se a participar da identificação datiloscópica (art. 4º, Lei 12.037/2009), nem do
reconhecimento, já que este não exige qualquer postura ativa dele (art. 226, II, CPP).

• Fuga do local do acidente de trânsito


O crime do 305 do CTB é constitucional.

CTB, art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser
atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

STF: “(...) “A regra que prevê o crime do art. 305 do CTB é constitucional posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido
o direito ao silêncio e as hipóteses de exclusão de tipicidade e de antijuridicidade”. À semelhança do que já fora decidido pelo
Supremo no julgamento do RE 640.139, quando se afirmou que o princípio constitucional da autoincriminação não alcança aquele
que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intuito de ocultar maus antecedentes, prevaleceu o entendimento de
que não há direitos absolutos e que, no sistema de ponderação de valores, há de ser admitida certa mitigação, até mesmo do
princípio da não autoincriminação. Na visão da Corte, a exigência de permanência no local do acidente e de identificação perante a
autoridade de trânsito não obriga o condutor a assumir expressamente sua responsabilidade civil ou penal e tampouco enseja que
seja aplicada contra ele qualquer penalidade caso assim não o proceda. Na verdade, a depender do caso concreto, a sua
permanência no local pode até constituir um meio de autodefesa, na medida em que terá a oportunidade de esclarecer, de imediato,
eventuais circunstâncias do acidente que lhe sejam favoráveis”. (STF, Pleno, RE 971.959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 14/11/2018).

1.9 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE


Embora não esteja expressamente previsto na CRFB, representa o aspecto substantivo/material do devido processo legal
(art. 5º, LIV, CRFB). Subdivide-se em:
(i) adequação/idoneidade/conformidade: a medida é adequada se atinge o fim almejado. Ex: decretar prisão de quem
ameaça testemunhas;
(ii) necessidade: entre as várias medidas existentes, deve-se adotar a menos gravosa, a mais eficaz na tutela dos direitos
fundamentais. Ex.: interceptação telefônica como medida última; art. 2º, inciso II, Lei 9.296/96,
(iii) proporcionalidade em sentido estrito: ônus deve superar o bônus; no processo penal: interesse individual x interesse
estatal.

1.10 OUTROS PRINCÍPIOS


1.10.1 PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ
O juiz não pode ter vínculos com o processo, a fim de que possa conduzi-lo com isenção. Ex.: juiz das garantias (art. 3º-B
do CPP) atua na fase investigatória, mas não na fase processual.
Obs.: impedimento (art. 252 do CPP) e suspeição (art. 254 do CPP) devem ser reconhecidos de ofício pelo juiz.

1.10.2 PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL & PARIDADE DE ARMAS


Decorre do art. 5º, caput, CRFB, bem como do devido processo legal
As partes devem ser tratadas isonomicamente no decurso do processo. Tanto formal, quanto materialmente.
Nestor Távora pontua que a paridade de armas é mais rica que a igualdade. Significa o direito de a defesa desempenhar
um papel proativo, sobretudo na produção da prova. Ex.: a defesa poderia requerer interceptações telefônicas, busca e apreensão,
etc.
(TJSP/2018 | VUNESP) São princípios constitucionais processuais penais explícitos e implícitos, respectivamente:
A) intranscendência das penas e motivação das decisões; e intervenção mínima (ou ultima ratio) e duplo grau de jurisdição.
B) contraditório e impulso oficial; e adequação social e favor rei (ou in dubio pro reo).
C) dignidade da pessoa humana e juiz natural; e insignificância e identidade física do juiz.
D) não culpabilidade (ou presunção de inocência) e duração razoável do processo; e não autoacusação (ou nemo tenetur se
detegere) e paridade de armas.
Gab.: ‘D’. O direito à não autoincriminação deriva do direito ao silêncio e da presunção de inocência.

1.10.3 PRINCÍPIO DA AÇÃO/DEMANDA/INICIATIVA DAS PARTES


Cabe às partes a provocação do Judiciário, razão por que o art. 26 do CPP não foi recepcionado pela CRFB.
Obs.: permite-se a concessão de habeas corpus de ofício (art. 654, §2º, CPP).

1.10.4 PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE


Os órgãos incumbidos da persecução penal (inquérito + processo) são oficiais.

7
O tratamento, todavia, não é o mesmo daquele conferido no âmbito penal, em que vigora o princípio da vedação à não autoincriminação
e, também, o da presunção de inocência. Vide o art. 232 do Código Civil.
9
1.10.5 PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE
A atuação oficial da persecução criminal, em regra, ocorre sem necessidade de autorização. Exceções: ação penal
condicionada à representação ou à requisição do Ministro da Justiça (art. 24, CPP).

1.10.6 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE


A persecução criminal é de ordem pública, não cabendo juízo de conveniência e oportunidade. Delegado de polícia e
promotor de justiça, em regra, estão obrigados a agir.
Princípio da obrigatoriedade limitada: diante de previsão legal, é possível deixar de ajuizar ação penal, ofertando a
transação penal (art. 76, Lei 9.099/95) ou o acordo de não persecução penal (art. 28-A, CPP).
Princípio da oportunidade: incide nas ações penais privadas. A vítima escolhe se prossegue ou não.

(PC-SC/2017 | FEPESE) Assinale a alternativa que indica corretamente o princípio processual penal, em que a autoridade policial
tem o dever legal de instaurar o inquérito policial quando da ciência da prática de um crime que se apure mediante ação penal pública
incondicionada.
A) princípio da oficialidade
B) princípio da obrigatoriedade
C) princípio do delegado natural
D) princípio da indisponibilidade
E) princípio do impulso oficial
Gab.: ‘B’.

1.10.7 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE

Decorrência lógica do princípio da obrigatoriedade, aponta que, iniciado o inquérito ou processo, não podem as autoridades
deles disporem (arts. 17, 42 e 576, CPP).
Indisponibilidade mitigada: o instituto da suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95) mitigou o princípio em
questão.
Disponibilidade: iniciada a ação penal privada, poderá a vítima dela dispor (art. 60, CPP).

1.10.8 PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL


Iniciado o processo, o magistrado o impulsiona.

1.10.9 PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES


Art. 93, IX, CRFB.
O juiz é livre para decidir, contanto que motivadamente, sob pena de nulidade insanável.
A motivação per relationem (decisão cujas razões extraem-se dos requerimentos do MP ou de representação do delegado)
é admitida pela jurisprudência (STJ, HC 432.468; STF). A doutrina (ex.: Nestor Távora) critica, afirmando restar superada por força
do art. 315, §2º, CPP.

CPP, Art. 315, § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência)
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que
o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

1.10.10 PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO


Possibilidade de revisão das decisões judiciais, por intermédio de um sistema recursal, pelos tribunais. Entende-se que é
uma decorrência da estrutura do Judiciário. NÃO TEM PREVISÃO NA CONSTITUIÇÃO8, haja vista a própria CRFB ter previsto
hipóteses em que os processos são de competência originária do STF.
A doutrina narra que o art. 8º, ‘2’, ‘h’, CADH, que prevê o direito de recorrer das decisões judiciais, tem status de lei ordinária,
porquanto o direito ao recurso não é expressão de um direito fundamental.

1.10.11 PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO PENAL


Art. 5º, LVIII, CRFB. Almeja-se evitar a perpetuação indeterminada da persecução criminal.
Atenção: o excesso de prazo leva à ilegalidade da prisão. Tanto assim que o art. 316 do CPP previu a necessidade de o
juiz, a cada 90 dias, revisar a necessidade de manutenção das prisões preventivas.

8
O devido processo legal não implica o reconhecimento da existência do duplo grau em nível constitucional.
10
No Brasil, adotou-se a teoria do não prazo9. Resulta daí que o controle acerca da razoabilidade da duração do processo
será feito conforme o caso concreto.

(TJSC/2018 | VUNESP) A respeito dos princípios e garantias processuais penais, é correto dizer que
A) encerrada a instrução criminal, não há que se reconhecer excesso de prazo da prisão, restando superada eventual ofensa ao
princípio da duração razoável.
B) a ampla defesa, princípio constitucional implícito, abrange tanto a defesa técnica quanto a autodefesa.
C) a criação de justiça especializada é vedada, em nosso sistema jurídico, já que viola o princípio do juiz natural, por ensejar um
“tribunal de exceção”.
D) o princípio do duplo grau de jurisdição é princípio constitucional explícito, aplicando-se, inclusive, aos feitos de competência
originária.
E) no que diz respeito ao princípio da publicidade, o interesse público à informação, segundo a Constituição, não se sobrepõe à
proteção da intimidade.
Gab.: ‘A’. Entendimento sumulado nº 52 do STJ: “encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo”.

• Esse princípio incide na fase de inquérito?


Para doutrinadores como Renato Brasileiro, Gustavo Badaró e Aury Lopes Jr., sim. Ou seja, Art. 5º, LVIII, CRFB, incide
desde a fase pré-processual. Ao falar em ‘processo’, quis o Constituinte referir-se ao processo como um todo, incluindo, aí, as fases
de investigação e judicial. Há um precedente do STJ endossando essa tese (HC 96.666/MA). Já autores como Nestor Távora e
Eugênio Pacelli defendem que não. Isto é, o inquérito policial pode ser prorrogado sucessivas vezes, de modo que somente a
prescrição tem o poder de encerrar a persecução penal.

9
Apesar disso, a legislação prevê alguns prazos que funcionariam como parâmetro: art. 400, CPP (60 dias procedimento comum ordinário);
art. 412, CPP (90 dias, primeira fase do júri); art. 22, PÚ, Lei 12.850 (120 dias, se réu preso, prorrogáveis por mais 120 dias).
11

Você também pode gostar