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AULA 03 - FONTES, DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS E PRINCÍPIOS

Prof. Érico Palazzo

Fonte: É de onde provém determinado objeto,

1. Fonte Material (Fonte de Produção ou de Criação): Quem dá origem as leis


processuais penais.
Art. 22, CF/88. Compete privativamente à União legislar sobre: direito civil,
comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho; (...)
Parágrafo único: Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo,
União por meio do Congresso Nacional.

2. Fonte Formal (O que): Tem que se valer da Lei.


a) Imediatas ou diretas: Lei, tratados internacionais e a CF
b) Mediatas ou indiretas ou supletivas: Analogia, costumes e princípios gerais de
direito.
Obs.: Doutrina e Jurisprudência são formas e interpretação da lei processual penal.
Todavia, as súmulas vinculantes e decisões vinculadas (controle de constitucionalidade)
são, para alguns autores, fontes formais imediatas ou diretas.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1. Devido Processo Legal (Art. 5º, LIV): Ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal.
É um superprincípio do Processo Penal / Respeito às garantias fundamentais do
cidadão.
a) Devido Processo Legal Substancial (Material): É a busca pela justiça. O resultado
tem que trazer justiça, ou seja, alcançar a justiça.
b) Devido Processo Legal Procedimental (Formal): Obediência às regras e aos ritos
do processo penal.

2. Princípio da Jurisdicionalidade (Reserva Legal): Ninguém será preso senão


em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou de crime propriamente militar,
definidos em lei;
- Somente o Estado pode processar e julgar alguém pela prática de infração penal.
- Como decorrência do princípio da jurisdicionalidade surge o princípio da motivação
das decisões e das sentenças penais,

3. Princípio do Contraditório (Art. 5º, LV, CF): Aos litigantes, em processo


judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Aspectos:
a) Direito à informação;
b) Direito de participação (reação);
c) Paridade de armas (par conditio).
* Contraditório no IP? Não, pois é um procedimento administrativo. Contraditório
Diferido,

AULA 04 - PRINCÍPIOS

4. Princípio da Ampla Defesa (Art. 5º, LV, CF): Aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Aspectos:
a) Utilização de todos os meios de prova admitidos em lei;
* É possível que uma prova ilícita possa beneficiar o réu.
b) Defesa pode ser positiva ou negativa (interrogatório e o direito de ficar em silêncio);
c) Defesa deve ser técnica,
Súmula 523, STF:
No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência
só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Na falta de defesa gera nulidade absoluta, contudo na deficiência da mesma gera


nulidade relativa.

Súmula Vinculante 14:


É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

5. Princípio da Vedação das Provas Ilícitas (Art. 5.º, LVI, CF): São
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos,

6. Princípio da Busca da Verdade


a) Verdade Formal: É aquilo que chega ao juiz nos autos do processo, Aplicado no
Processo Civil)
b) Verdade Material (Verdade Real): Os direitos fundamentais eram violados,
c) Busca da Verdade: Buscar entender o que efetivamente ocorreu no caso
concreto. Está limitada a garantia dos direitos e garantias fundamentais,
d) Lei. 9.099/96 - Verdade Consensual: Composição Civil dos danos. Acordo.

AULA 05 - PRINCÍPIOS
7. Presunção de Inocência ou Não Culpabilidade (Art. 5º, LVII, CF): Ninguém
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Na CF foi adotado o princípio da não culpabilidade e o marco final é o


trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Declaração Universal dos Direitos Humanos, Art. 11, § 1º. Toda pessoa acusada de
um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade
tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido
asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

CADH, Art. 8º, § 2º. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma
sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa.

Na DUDH e CADH, foi adotado o princípio da presunção de inocência e o


marco final é a sentença condenatória em segunda instância.

EM REGRA, NAS PROVAS OS DOIS PRINCÍPIOS SÃO SINÔNIMOS.

- Proibição da Execução Provisória da Pena


STF - Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43, 44 e 54, julgadas em 07/11/2019
- art. 283 do CPP está de acordo com a CF.
Art. 283, CPP: Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão
cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.
NÃO é mais admitida a execução provisória da pena!

Consequências:
a) Estado de Inocência;
b) Impossibilidade de prisão condenatória (execução provisória da pena) antes do
trânsito em julgado da sentença penal condenatória;
c) A acusação (MP) é quem tem o ônus de demonstrar a materialidade e autoria do fato.
Não é o acusado quem deve provar sua inocência. O MP deve comprovar apenas o Fato
Típico.

8. Favor Rei (favor inocentiae e favor libertatis) e In Dubio pro Reo: Decorre do
princípio da presunção de inocência e elenca, por sua vez, princípios que buscam
garantir ao réu segurança jurídica e predominância do seu direito de liberdade contra o
jus puniendi. Esse princípio acaba por mitigar a isonomia processual.
Espécies: in dubio pro reo, vedação da reformatio in pejus, non bis in idem.
- O in dubio pro reo SOMENTE é aplicado na sentença. No recebimento da
denúncia, caso haja dúvida o in dubio é pro societate.
- Em sede de recurso não pode reformar decisão para prejudicar o réu, em caso de
recurso exclusivo da defesa. (Reformatio in pejus)
- Ninguém pode ser condenado novamente pelo mesmo fato. Não pode ser
processado e condenado novamente pelo mesmo fato.

AULA 05 - PRINCÍPIOS

9. Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere: Também chamado do princípio da


não autoacusação, inexigibilidade de autoacusação, direito de não produzir provas
contra si mesmo. Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.

Art. 5º, LVIII, CF. O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
- É direito fundamental do cidadão e, portanto, considerado cláusula pétrea (Art. 60,
§4º, IV, CF);
- O exercício desse direito não pode ser utilizado em desfavor do suspeito, indiciado,
acusado ou condenado,
ASPECTOS DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE

a) Direito ao silêncio (ficar calado);


b) Direito de não ser coagido nem constrangido à confissão de ilícito penal;
c) Direito de se recusar a participar ativamente em atos processuais e meios
probatórios que possam gerar incriminação.
- Participação Positiva (Ação). O princípio vai proteger o direito de não participar de
provas positivas. Ex.; Bafômetro, Acareação (Pode se recusar a participar),
Reconstituição dos fatos. (BAR), Fornecer material para a perícia.
- Participação Negativa (Inação). Identificação Datiloscópica, Reconhecimento Pessoal.
d) Inexigibilidade de dizer a verdade (direito de mentir). Testemunha pode
permanecer em silêncio? Não. Exceto que tenha ficado em silêncio para que não seja
incriminada de determinada conduta. Autodefesa. Caso contrário, comete crime de
falso testemunho (Art, 342, CP).

O Nemo tenetur se detegere NÃO é um direito absoluto, ilimitado!

Há duas limitações:

a) Não pode se recusar a participar de atos investigatórios que exijam uma participação
negativa (Inação);
b) Não permite a prática de infração penal sob o pretexto de se defender,
Exemplos:
- Calúnia (Art. 138, CP). Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos e multa,
- Denunciação Caluniosa (Art. 339, CP). Dar causa à instauração de investigação
policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil
ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
- Coação no curso do processo (Art. 344, CP). Usar de violência ou grave ameaça,
com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial,
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
multa, além da pena correspondente à violência.
- Fraude Processual (Art. 347, CP). Inovar artificiosamente, na pendência de processo
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a
erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo
único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não
iniciado, as penas aplicam-se em dobro.

Súmula 522, STJ.


A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica (CRIME),
ainda que em situação de alegada autodefesa,
- Falsa identidade (Art. 307, CP). Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de
crime mais grave.

NEMO TENETUR SE DETEGERE NO DIREITO INTERNACIONAL

- Tem previsão no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (Art. 14.3 “g”) e na
Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San Jose da Costa Rica (Art.
8º, §2º, “g”);
- Aviso de Miranda (Miranda Rights e Miranda Warnings) rt. 5º, LVIII, CF “O preso
será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado”.

Segundo a Jurisprudência do STJ, a ausência de advertência quanto ao direito ao


silêncio gera nulidade relativa, cuja declaração depende da comprovação do
prejuízo. (HC 232.674/SP, Rel. Min. JORGE MUSSI, Quinta Turma, DJe 10/04/2013).
AgRg no HC 506975/RJ, Julgado em 06/06/2019.

* PROVAS INVASIVAS: O princípio concede ao indiciado/réu o direito de não


permitir a produção de provas invasivas que exigem a penetração de instrumentos ou
objetos no corpo humano.

* PROVAS NÃO-INVASIVAS: Podem ser colhidas independentemente da


concordância do indiciado/réu. Ex.: DNA obtido mediante fio de cabelo encontrado em
escova de cabelo, exame de fezes, exame de corpo de delito para constatar lesões
corporais, etc.

ESTUDAR A NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE!!

AULA 06 - Princípios

10. Princípio da publicidade

Art. 93, IX, CF. todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
não prejudique o interesse público à informação;
Art. 5, LX, CF. a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

* Exceção:
- Segredo de justiça:Determinado em TODO o processo para preservar a intimidade
pessoal.
- Sigilo: Se refere a atos específicos, seja do inquérito policial ou da ação penal.
11. Princípio do Juiz Natural

Art. 5, XXXVII, CF. não haverá juízo ou tribunal de exceção;


Art. 5º, LII, CF. ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente.

O princípio do Juiz Natural também atua na fase inquisitorial, ou seja, é


aplicado no inquérito policial. (Juiz das Garantias).

12. Princípio da Inviolabilidade Domiciliar

Art. 5, XI, CF. a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

13. Princípio da Inviolabilidade das Comunicações

Art. 5º, XII, CF. é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal.

Aula 08 - Lei Processual no Espaço

Art. 1º, CPP. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este
Código, ressalvados: (Princípio da Territorialidade). O local rege o ato!

* Casos em que é possível a aplicação da legislação brasileira em outros


países.
1. território nullius; Terra de ninguém. Ex.: Ir na Antártida fazer uma intimação.
2. autorização do Estado onde o ato processual será praticado;
3. em caso de guerra, no território ocupado.

ATENÇÃO!

Alguns doutrinadores entendem que o princípio aplicável à lei processual penal no


espaço é o da territorialidade absoluta. Entendem que a lei processual penal brasileira
não poderia ser aplicada no exterior.

Continuação do Artigo 1º.

I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;


- Cooperação judiciária internacional
- Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade
Em caso de crimes de responsabilidade não vai aplicar o CPP, pois este apura infração
penal e os crimes de responsabilidade não é uma infração penal.
III - os processos da competência da Justiça Militar;
Vai aplicar o CPPM.
IV - os processos da competência do tribunal especial
Esta situação SE aplica o CPP. Não se aplica mais como uma ressalva.
V - os processos por crimes de imprensa
Estas situação SE aplica o CPP. Não se aplica mais como uma ressalva.
AULA 09 - Lei Processual no Tempo
Art. 2º, CPP. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Princípio da Aplicação Imediata da Lei Processual Penal. Sendo benéfica ou


prejudicial ao réu.
- Aplicação Imediata
- Os atos praticados sob a vigência da lei anterior são considerados válidos.

SISTEMA PROCESSUAL

Sistema da unidade processual


Somente uma lei pode regular determinada persecução penal. NÃO ADOTAMOS!

Sistema das fases processuais


Nova lei só pode incidir em nova fase processual. NÃO ADOTAMOS!

Sistema do isolamento dos atos processuais (Art. 2º, CPP). ADOTAMOS NO


DIREITO PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO
A lei nova se aplica imediatamente aos atos processuais, ainda que a lei anterior já
tenha sido aplicada no âmbito da mesma persecução penal, mantendo-se válidos os atos
praticados sob a vigência da lei anterior.

* Normas genuinamente processuais


Determinada norma somente vai trazer matéria de processo penal.
* Normas genuinamente materiais (direito penal)
Determinada norma somente vai trazer matéria de direito penal.
* Normas processuais materiais (híbridas ou mistas)
Tem caráter tanto processual, quanto de direito penal. É aplicada as regras de direito
material (penal). Retroatividade da lei benéfica e irretroatividade da lei gravosa ao réu.
* As questões que vão afetar o direito do Estado em punir, aplica-se o direito material.
Quando fala da persecução penal, é o direito processual.
* Prisões é matéria penal.
* Normas processuais heterotópicas (São normas que estão no lugar errado)
- Regras materiais (de direito penal) previstas em diplomas processuais penais
- Regras processuais previstas em leis materiais (de direito penal)
- Vai aplicar de acordo com a norma. Se norma material estiver em norma processual,
vai ser aplicado o direito penal, e vice e versa.

AULA 11 - Artigo 3º

Art. 3º, CPP. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

* Na interpretação extensiva o legislador disse menos e tem que ampliar.

* Aplicação Analógica. É uma analogia. É diferente da interpretação analógica. Esta é


admitida tanto em direito processual penal quanto material. Podendo ser utilizada para
beneficiar ou não. Já a analogia é somente para beneficiar e não é uma interpretação. É
utilizada diante de uma lacuna legal. A analogia do direito penal é apenas para
beneficiar o réu, e no direito processual para os dois (beneficiar ou prejudicar).

AULA 12 - Inquérito Policial

Sistemas de Investigação Preliminar

1. Considerações iniciais
1.1. O direito processual penal regula a persecução penal. Sendo esta a perseguição do
crime.
a) Etapa preliminar que é a investigação, por meio do inquérito,
b) Segunda etapa é o processo.

1.2. Pacote Anticrime


- Entrou em vigor no dia 23/01/2020
- Com sua entrada em vigor, QUATRO institutos foram suspensos, pois o Ministro
Luiz Fux na ADI 6.298/DF.
a) Juiz das Garantias. Arts. 3º-A - 3º-F, CPP.
b) Arquivamento do IP no MP (Caput do art. 28, CPP).
c) Impedimento do Juiz que tem contato com prova ilícita. (Art. 157, §5º, CPP).
d) Ilegalidade da prisão pela não realização da audiência de custódia no prazo
legal. (Art. 310, §4º, CPP).

1.3. Papel da Polícia no Brasil.


- Art. 144, CF e Lei 12.830/13.
a) Polícia Administrativa / Ostensiva
Tem um típico papel de prevenção. (Ex.: PM, Polícia Rodoviária, Ferroviária,
Marítima, Penal).
b) Polícia Judiciária / Civil (Estadual ou Federal).
- Aspecto Estrutural: A Polícia Judiciária é estruturada por delegados de carreira
(concursados, bacharéis em direito, etc)
- Aspecto Funcional: Cabe a PC auxiliar o poder judiciário e elaborar o IP. Art. 144, §
1º e 4º, CF).

AULA 13 - INQUÉRITO POLICIAL

2. Conceito e Finalidade do IP.


a) É um procedimento administrativo preliminar.
b) De caráter informativo.
c) Presidido pela autoridade policial. Cabe ao delegado a presidência do IP. Art. 2, §
1º, Lei 12.830/13).
d) Tendo por objetivo apurar a autoria, materialidade (existência da infração) e as
circunstâncias da infração.
Obs.: Quando a infração deixar vestígios eles são chamados de corpo de delito e o
crime é rotulado de não transeunte ou intranseunte.
Obs.: O conceito de vestígio é apresentado no art. 158-A, § 3º, CPP.
Obs.: O conjunto de procedimentos para preservar os vestígios é chamado de cadeia de
custódia. Arts. 158-A ao 158-F, CPP.
e) Com prazo
f) Tendo por finalidade contribuir na formação da opinião delitiva (convencimento)
do titular da ação.
Obs.: O IP serve para convencer o titular da ação quanto ao início ou não persecução
em juízo.
Obs.: O IP serve ainda para o fornecimento de justa causa na adoção de medidas
cautelares durante a persecução penal. (Finalidade acidental)

3. Natureza Jurídica do IP
Natureza jurídica é a essência daquele instituto. Classificação daquele instituto.
- O IP é enquadrado como um procedimento administrativo preliminar de caráter
informativo.

4. Características do IP

1. Procedimento Inquisitivo
O IP é caracterizado com concentração de poder em autoridade única usualmente não
comportando o contraditório e a ampla defesa.

O IP é inquisitivo porque ele não observa os princípios da ampla defesa e contraditório,


tendo em vista que o objetivo central é recolher elementos informativos quanto à
autoridade e materialidade da infração penal.

Obs. 1: Atentar para o artigo 7º XXI, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), é direito do
advogado acompanhar o cliente perante qualquer autoridade investigante.
- O advogado pode formular razões e quesitos.
- Se o suspeito comparecer sozinho, será ouvido normalmente
- Se o advogado for impedido de acompanhar o investigado, o ato é nulo, assim como
todos que dele decorrem. (Princípio da Consequalidade)
- Na fase processual a realização do interrogatório sem advogado é fato gerador de
nulidade absoluta por ausência de defesa técnica. (Art. 185, caput, CPP, c/c Súmula
523, STF.)
- Inovação: Pacote Anticrime. insere os artigos 14-A, CPP e 16-A, CPPM, exigindo
que o investigado seja convocado a nomear advogado e a omissão da instituição
correspondente será convocada.
* O investigado tem o prazo de 48 horas a partir da “citação” (o correto seria
notificação ou intimação).
* Diante da omissão a instituição correspondente será intimada e dispõe do prazo de 48
horas.
* Para o policial é necessário o emprego de força letal no desempenho da função.
* Para os membros das forças armadas é necessário emprego de força letal em operação
GLO (Garantia da Lei e Ordem).

Obs. 2: Atentar para o artigo 7º XIV, da Lei 8.906/94 possibilita a qualquer advogado
contrapor-se aos elementos informativos.
Obs. 3: Quando se tratar de inquérito para extradição exige-se a observância dos
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.
Obs. 4: Situações Especiais.
- Havendo desejo político, podemos regular inquéritos com contraditório e ampla
defesa, à exemplo do inquérito para expulsão do estrangeiro regulado na Lei de
Migração. (Art. 58, Lei 13.445/17).
Obs. 5: Processualização dos Procedimentos Investigativos: Segundo Miguel
Calmon e Fredie Didier Jr. devemos aplicar o princípio do devido processo legal aos
procedimentos investigativos e com isso teremos o contraditório e o exercício da defesa
na dosagem adequada para preservação dos direitos e garantias fundamentais.

Aula 15
Inquérito Policial

2. Procedimento Discricionário
Conceito: O Delegado atua com margem de conveniência e oportunidade, adequando o
inquérito ao crime investigado.

Obs. 1: Os artigos 6º e 7º do CPP, e o artigo 2º, da Lei 12.830/13, de forma não


exaustiva apontam inúmeras diligências que podem ou devem ser cumpridas.

Obs. 2: Os artigos 13-A e 13-B do CPP apontam inúmeras diligências envolvendo o


tráfico de pessoas.

Obs. 3: Diligências requeridas pela vítima ou pelo suspeito. Podem ser negadas (Art.
14, CPP), salvo o exame de corpo de delito quando a infração deixar vestígios (Art. 158
c/c 184, CPP).

Para Tourinho Filho, diante da denegação, caberá recurso administrativo ao


chefe de polícia, por analogia ao art. 5º, § 2º, CPP.

Obs. 4: As requisições emanadas pelo MP ou do Juiz, serão cumpridas por imposição


normativa, mesmo inexistindo vínculo hierárquico. Art. 13, II, CPP.

Obs. 5: O inquérito policial não possui rito, por ser um ato discricionário.

No que toca a produção dos elementos informativos a autoridade policial detém em


juízo de conveniência e oportunidade para a produção do acervo probatório. Art. 14,
CPP.

Obs. 1: Quando se tratar de requerimento do investigado quanto ao exame de corpo de


delito o delegado estará obrigado.
Obs. 2: Conforme o art. 13, II, CPP, quando se tratar de requisição do MP ou do Juiz o
delegado deverá promover as diligências por se tratar de determinação legal. NÃO SE
TRATA DE HIERARQUIA.
3. Procedimento Sigiloso

I. Conceito: Cabe ao delegado velar pelo sigilo do inquérito em favor da eficiência do


desvendamento do crime. Art. 20, CPP.

II. Sigilo x Presunção de Inocência: Art. 20, p.u., CPP. As informações do IP não
serão consignadas na Certidão de Improcedentes, de maneira a prestigiar a presunção
de inocência.

III. Classificação do Sigilo (Fauzi Hassan)

a) Sigilo Externo: É aquele aplicado aos desinteressados. Notoriamente, a imprensa.

b) Sigilo Interno: É aquele aplicado aos atores da persecução penal, É um sigilo frágil.

III. Prerrogativa do Advogado. É um direito retrospectivo. O art. 7º, XIV da Lei


8.906/94 (EAOAB), e de acordo com a Súmula Vinculante 14, possibilita a qualquer
advogado, mesmo sem procuração, o acesso a qualquer IP, desde que não esteja em
segredo de justiça.
a) O advogado pode tomar apontamentos e copiar os autos. Podendo ser física ou
digital.
b) Diante do sigilo legal ou judicialmente imposto, o acesso do advogado é
preservado, mas a procuração passa a ser necessária.
c) O boicote ao acesso caracteriza responsabilidade administrativa perante a
corregedoria e sensibilidade criminal por abuso de autoridade.
d) Diante do boicote ao acesso, o advogado pode empregar as seguintes ferramentas:
i. mandado de segurança;
ii. Petição simples ao Juiz (das Garantias);
iii. HC (Profilático) Aquele cabível quando o risco de liberdade de locomoção é remoto
ou difuso.
IV. Foco na Vítima (Art. 201, CPP). O juiz pode decretar o segredo de justiça para
preservar a vítima nos seguintes bens jurídicos:

a) a intimidade
b) vida privada
c) honra
d) imagem.

O art. 7º, XIV da Lei 8.906/94 possibilita a qualquer advogado, mesmo sem
procuração, o acesso a qualquer IP, desde que não esteja em segredo de justiça.

O IP é um procedimento cravado pelo sigilo para proteger as investigações e os


atributos pelo sigilo para proteger as investigações e os atributos da personalidade da
vítima e do investigado por uma questão de dignidade humana.

Obs. 1: O sigilo de segredo do IP não pode ser posto contra membro do MP, da
magistratura, da defensoria ou advogado constituído nos autos.
Obs. 2: O art. 7º, XIV da Lei 8.906/94 possibilita a qualquer advogado, mesmo sem
procuração, o acesso a qualquer IP, desde que não esteja em segredo de justiça.
Obs. 3: O STJ no RMS 49920/SP, decidiu recentemente que o estuprador não pode ser
beneficiado com o sigilo dos seus dados, pois seria um contra senso para com a vítima.

4. Procedimento Escrito

- Prepondera a forma documental e os atos produzidos oralmente serão reduzidos


a termo (Art. 9º, CPP).

a) Deve o delegado rubricar todas as laudas, conferindo autenticidade.


b) Novas ferramentas tecnológicas podem ser empregadas na documentação, como a
captação de som e imagem assim como a estenotipia.

Art. 9º, CPP e Art. 405,§1º, CPP.


Por se tratar de um procedimento formal o IP deve ser escrito, não obstante a reforma
de 2008 ter possibilitado a sua confecção por meio magnético, conforme artigos 9º e
405, § 1º, CPP.

5. Temporário

Conceito: O IP é dosado temporalmente nos parâmetros dos artigos 10 e 3º-B, VIII e §


2º, CPP. Assim como na legislação especial.

Tem prazo para terminar.

- Art. 10, CPP


(i) Investigado Preso -> 10 DIAS
(ii) Investigado Solto -> 30 DIAS

O IP tem prazo certo para ser concluído quando o investigado estiver recolhido ao
cárcere, isto é, 10 dias, porém se estiver solto, o prazo será de 30 dias.

Obs. 1: O STJ decidiu que em caso de investigado solto o prazo poderá ser mais
dilatado, contudo de forma razoável.

Obs. 2: Outros prazos dispostos em leis especiais:

(i) Art. 51 Lei 11.343/06 (Lei de Drogas)


30 DIAS (PRESO)
90 DIAS (SOLTO)

(ii) Art. 20 D.L 1.002/69 (IPM)


20 DIAS (PRESO)
40 DIAS (SOLTO)

(iii) Art. 66 Lei 5.010/66 (PF)


15 + 15 DIAS (PRESO)
30 DIAS (SOLTO)

(iv) Art. 10, §1ºLei 1.521/51 (Economia Popular)


10 DIAS (PRESO OU SOLTO)

6. Procedimento Unidirecional: A doutrina tradicional entende que o IP é direcionado


ao titular da ação como detentor da opinião delitiva.

Obs.: A doutrina moderna visualiza a bidirecionalidade do IP, afinal, os interesses da


defesa NÃO podem ser negligenciados.
7. Procedimento Indisponível

Conceito: O Delegado NUNCA poderá arquivar o IP. Art. 17, CPP.

Conclusão: Toda investigação iniciada deve ser concluída e encaminhada à autoridade


competente.

Obs.: DELEGADO NÃO PODERÁ ARQUIVAR INQUÉRITO POLICIAL.


Promotor irá requerer o arquivamento, mas somente o juiz determina o
arquivamento do IP.
Arquivamento: Art. 17, 18, CPP. Súmula 524, STF.
Juiz afirma que não é caso de arquivamento -> Manda para o PGJ -> Concordar
com o Arquivamento = Juiz tem que arquivar
Caso não concorde com o arquivamento = Designará outro órgão do MP para
oferecer a denúncia.

8. Dispensável
I. Conceito: A deflagração do processo independe da prévia elaboração do IP. Não é
essencial.
O IP é totalmente prescindível para a ação penal, porque se o titular da ação dispuser de
elementos quanto a autoria e materialidade ele poderá oferecer a peça acusatória.

II. Posição Minoritária: De acordo Henrique Hoffmann, o IP é indispensável pois é


usualmente instaurado e serve de parâmetro para o ajuizamento da esmagadora maioria
das ações penais.

III. Inquéritos Não Policiais.

a) Definição. São aqueles conduzidos por autoridades distintas da polícia judiciária.


b) Principais hipóteses:
i. Parlamentar. É aquele conduzido pela CPI. O IP Parlamentar é remetido ao MP,
sendo analisado em caráter de urgência (Art. 3º, Lei 10.001/00).
ii. Militar. Art. 9º e 10, CPPM. É aquele instaurado para apurar as infrações
encampadas nos referidos artigos, sendo conduzido pela própria instituição militar.
iii. Crimes praticados por magistrados. Será conduzida pelo tribunal competente.
Art. 33, LC 35/79.
O IP é totalmente prescindível para a ação penal, porque se o titular da ação dispuser de
elementos quanto a autoria e materialidade ele poderá oferecer a peça acusatória.
iv. Crimes praticados por membros do MP. A investigação é conduzida pela
Procuradoria Geral (Art. 18, p.u, LC 75/93 e artigo 41, p.u, da Lei 8.625/93)
v) Crimes praticados pelas demais autoridades com foro por prerrogativa. De
acordo com o STF no bojo do inquérito 2.411, a investigação e o indiciamento exigem
a prévia autorização do tribunal competente.
obs.: O STJ tem precedente em sentido contrário, pois tal exigência não foi
contemplada na CF.

- Inquérito Ministerial. PIC. Procedimento Investigativo Criminal.


Conceito: De acordo com o pleno do STF (RE 593.727. Informativo 785) O MP
poderá presidir investigação criminal que não se confunde com inquérito policial.
I. Embasamento Jurídico. O STF empregou a teoria dos poderes implícitos (STF. HC
91.661) afinal, se o MP expressamente tem o dever de ajuizar a demanda (Art. 129, I,
CF), também poderá cumprir todos os atos em apoio em função essencial.

Caso MC Culloock vs Maryland, 1819 inspira a teoria dos poderes implícitos.

II. Atuação na fase processual. Súmula 234. Para o STF e o STJ, o promotor que
investiga não é suspeito ou impedido de atuar na fase processual.
III. Críticas à investigação do MP. Para Luiz Flávio Borges D’urso as críticas
repousam na ausência de Lei Federal regulando a matéria e no temor de acúmulo de
funções do MP.

Aula 19

4. Valor Probatório.

1. Conceito: Para Tourinho Filho o IP tem valor probatório relativo, servindo de base
para o ajuizamento da ação ou para a adoção de medidas cautelares, mas não prestando
sozinho a sustentar uma condenação. Art. 155, CPP.

1.2. Elementos de investigação x Elementos de Prova

- Para Fauzi Hassan, os elementos de investigação são produzidos de maneira


inquisitiva e podem servir de base para a oferta da ação ou para a adoção de medidas
cautelares. Já os elementos de prova são usualmente colhidos perante o juiz
competente (princípio da imediatidade) com respeito ao contraditório e a ampla defesa,
podendo alicerçar uma condenação.
Vale lembrar que a decisão absolutória pode ser amparada em elementos
de investigação e até mesmo em prova ilícita!

1.3. Elementos Migratórios (Art. 155, CPP)

- Conceito: São aqueles extraídos do IP e transportados ao processo podendo servir de


base para uma futura condenação.
- Hipóteses (Art. 155, CPP)
a) Provas Irrepetíveis: São aquelas de fácil perecimento e que dificilmente podem ser
refeitas na fase processual. Ex.: Bafômetro.
b) Provas Cautelares: São aquelas justificadas pelo binômio necessidade e urgência.
Ex: Interceptação telefônica e captação ambiental.

Quando migram ao processo, tais elementos são submetidos ao


contraditório e ampla defesa. (Diferido ou Postergado)

c) Incidente de Produção Antecipada de Provas: É instaurada perante o juiz


contando com a intervenção das futuras partes, assim como do contraditório e da ampla
defesa. Ex.: Depoimento sem dano. Lei 13.431/17.

Aula 20

5. Vícios ou Irregularidades do IP

I. Conceito: São os defeitos que comprometem o IP em razão do descumprimento da


Lei ou dos Princípios Constitucionais.

II. Consequencias: Os vícios podem justificar a:


A) Avocatória: Por despacho motivado do chefe de polícia, designando outro delegado
para conduzir a investigação. Art. 2º, §4º, Lei 12.830/13)

Obs.: A avocatória ainda é justificada em razão do interesse público.


Obs.: Prevalece o entendimento de que o princípio do delegado natural NÃO é acatado
pelo ordenamento.

Para Paulo Sumariva, o afastamento do delegado por meio da avocatória


é exceção, de forma que o delegado natural está consolidado no ordenamento
jurídico.

B) Contaminação ou não do processo.

B.1. Para os Tribunais Superiores os vícios do IP NÃO contaminam o processo, pois o


inquérito é indispensável,
Obs.: “Os vícios do IP são Endoprocedimentais” Afirmativa correta!
Obs.: Quando os vícios comprometem todo o lastro indiciário, retirando da inicial a
correspondente justa causa, é sinal de que a denúncia deve ser rejeitada, com base no
art. 395, III, CPP.
Conclusão I : Se o juiz por equívoco receber a inicial, o processo deflagrado é NULO!
Conclusão II. Cabe ao defensor, impetrar um HC para trancar o processo (Art. 648, I,
CPP).

B.2. Para Amilton Bueno de Carvalho, os vícios do IP comprometem o processo, pois


tendem a influenciar a imparcialidade do juiz (posição minoritária).
Obs.: Defende que o IP seja envelopado, evitando a leitura pelo juiz da instrução.
6. Prazos

6.1. Delegado Estadual

A) Suspeito Preso: 10 dias, improrrogáveis, consolidado no artigo 10, CPP.


Obs.: Pacote Anticrime -> A reforma admite a prorrogação por até mais 15 dias, por
deliberação do juiz das garantias, ouvindo o MP e mediante representação do delegado.
(Art. 3º-B, §2º, CPP)
Tal previsão ainda está suspensa!

B) Suspeito Solto. 30 dias, prorrogáveis pelo tempo e pela quantidade de vezes


pertinentes.

6.2. Delegado Federal.

A) Suspeito Preso. 15 dias, prorrogável por igual período uma vez. Art. 66, lei
5.010/66).
B) Suspeito Solto. 30 dias, prorrogáveis, pelo tempo e pela quantidade de vezes
pertinentes.

6.3. Tráfico de Drogas.

A) Suspeito Preso. 30 dias, duplicável.


B) Suspeito Solto. 90 dias. duplicável.

Obs.: Enquadramento Normativo: Art. 51, p.u. 11.343/06.

6.4. Crimes contra a Economia Popular.

A) Suspeito Preso: Prazo único 10 dias, sendo indiferente se o sujeito está preso ou
solto. Improrrogáveis. Art. 10, §1º, Lei 1.521/51.
B) Suspeito Solto: Prazo único 10 dias, sendo indiferente se o sujeito está preso ou
solto. Improrrogáveis. Art. 10, §1º, Lei 1.521/51.

O legislador não fala em prorrogação.


6.5. Crimes na Esfera Militar

A) Suspeito Preso. 20 dias e não há previsão de prorrogação.


B) Suspeito Solto. 40 dias prorrogável por mais 20 dias, desde que não concluídos
exames ou perícias já iniciados, ou exista a necessidade de diligências indispensáveis à
elucidação dos fatos. Art. 20, caput, e §1º, CPPM.

6.6. Excesso. Teremos a ilegalidade da prisão provocado o consequente relaxamento.

6.7. Compensação de Prazos. Se o delegado extrapolar o prazo, o MP pode antecipar


o oferecimento da denúncia evitando a alegação de constrangimento ilegal por excesso
de tempo.

6.8. Influência da Prisão Temporária. O prazo da temporária interfere no prazo para a


conclusão do IP.

6.9. Forma de Contagem.

A) Suspeito Solto. Art. 798, CPP. O prazo é contado na forma do artigo 798, CPP,
tendo natureza processual.

Para Fernando Capez, se o prazo acabar em dia não útil inexiste


prorrogação, pois as delegacias atual em escala de plantão.

B) Suspeito Preso. Art. 10, CP.

B.1. Primeira Posição. Para Auty Lopes Jr. o prazo é contado de acordo com o artigo
10, CP., de forma que, o primeiro dia é incluído.

Tal posição é ratificada pelo Art. 2º, §8º, da Lei 7960/84 que regula o
prazo da prisão temporária.

B.2. Segunda Posição. Para Mirabete, o prazo é processual, sendo contado de acordo
com o artigo 798, CPP. Corrente minoritária.

7. Atribuição da Polícia “Competência”

Conceito: Quantidade de poder conferido por lei a determinada autoridade


estabelecendo sua margem de atuação.

Obs: Tecnicamente, competência é a delimitação de jurisdição, sendo


específica dos juízes e tribunais.

7.1. Critérios de Definição da Atribuição.

A) Territorial: A atribuição é definida pela circunscrição da consumação da infração.

Obs.: Circunscrição retrata delimitação territorial da atuação da polícia.

Obs.: Se em uma mesma comarca temos mais de uma circunscrição estão dispensadas
as precatórias entre delegados, assim como acontece no DF. Art. 22, CPP.

B) Material: Teremos delegados especialistas na apuração de determinadas infrações.


Ex.: Delegacia de Homicídios.

Obs.: Atuação da PF na apuração de crimes estaduais:

Aula 23 - Inquérito (Vou pular para a parte de Ação Penal, caso precise, pode voltar
nesta aula. Importante ler os PDF’s viu? Você consegue!)
Aula 35 - Ação Penal
Prof. Nestor Távora

1.1. Princípio da Divisibilidade (STF/STJ).

a) Conceito: Para os Tribunais Superiores a Ação Pública é divisível por tolerar o


desmembramento.

Obs. Princípio da Indivisibilidade. Para a doutrina majoritária a Ação Pública é indivisível,


pois a regra é que todos sejam processados na mesma demanda e o desmembramento é
excepcional.

1.2. Princípio da Intranscendência / Pessoalidade.

a) Conceito. Os efeitos da ação não podem ultrapassar a figura do réu.

1.3. Princípio da Autoritariedade

a) Conceito: O titular da Ação Pública é uma autoridade pública.

1.4. Princípio da Oficialidade

a) Conceito: Aquele que exerce a Ação Penal Pública é um Órgão Oficial do Estado.

1.5. Princípio da Oficiosidade

a) Conceito. A Ação Penal Pública usualmente é deflagrada ex officio.


2. Modalidades (Classificação)

2.1. Ação Pública Incondicionada.

I. Conceito. Art. 100, CP. É aquela onde a persecução penal será deflagrada ex officio,
independente do desejo da vítima ou de terceiros.

Obs. É apontada como regra geral. Art. 100, caput, CP.


- Se o tipo penal é omisso, presumimos que a Ação é Pública Incondicionada.

Obs. Na Ação Penal Pública Incondicionada o IP será iniciado ex officio. Art. 5º, I, CPP.

2.2. Ação Penal Pública Condicionada.

I. Conceito. É aquela titularizada pelo MP e que dependerá da prévia manifestação de


vontade do legítimo interessado.

Obs. Almejamos evitar o “strepitus judicii”. Escândalo do Processo.


Obs. O condicionamento da Ação Pública exige expressa previsão legal, Art. 100, §1º, CPP.
Obs. Pacote Anticrime. De acordo com o parágrafo 5º do art. 171, CP, o estelionato, como
regra, passa a ser crime de ação pública condicionada.
- Conclusão. Para o STF se a denúncia tinha sido ofertada na entrada em vigor do Pacote
Anticrime (23/01/2020) dispensa-se a representação.

II. Institutos Condicionantes

A) Representação.
I. Conceito. É um pedido e ao mesmo tempo uma autorização que condiciona o início
da persecução penal. Sem ela inexiste ação, inquérito ou lavratura de flagrante.
II. Natureza Jurídica. Condição de Procedibilidade. Uma condição para a adoção de
providências penais.
III. Prazo. 6 meses contados do conhecimento da autoria da infração. Art. 38, CPP. É
um prazo decadencial. O primeiro dia é computado.

Obs. Forma de Contagem: O prazo tem natureza penal, sendo contado de acordo
com o artigo 10 do CP, de forma que, o dia do conhecimento da autoria é computado.
Obs. Natureza: Decadencial. É um prazo fatal, não tolerando suspensão, interrupção
ou prorrogação.

IV. Forma. Para os Tribunais Superiores e para a Doutrina, a forma é livre, já que a
vítima pode representar oralmente, ou por escrito a qualquer dos destinatários.
V. Retratação.
- Regra Geral. A vítima poderá se retratar até antes do oferecimento da denúncia.
Art. 25, CPP.
Obs. Para a doutrina majoritária a vítima poderá se arrepender da retratação,
reapresentando a representação, desde que dentro do prazo de 6 meses.
Conclusão. Cabe retratação da retratação da representação. Forma do CESPE
perguntar.
Obs. Para Tourinho Filho a retratação é similar a uma renúncia, não tolerando
arrependimento (posição minoritária).

- Regra Especial (Violência Doméstica) Art. 16, 11.340/06.

Obs. Existem crimes de ação pública condicionada no contexto da violência


doméstica, a exemplo da ameaça.
Obs. A renúncia ao direito de representar exige audiência específica na presença do
Juiz e ouvindo o MP. Art. 16, Lei 11.340/06.
Conclusão. Almeja-se indagar se a mulher está sendo constrangida a renunciar.
Obs. A mulher pode retirar a representação até antes do recebimento da denúncia.
Obs. Lesão Corporal. Artigo 88 da Lei 9.099/95 que indica que a lesão leve é crime
de ação pública condicionada. O artigo 41 da LMP proíbe a aplicação da Lei dos
Juizados. Lesão corporal na violência doméstica é crime de ação penal pública
incondicionada, mesmo na lesão leve. (Súmula 542, STJ).
- Eficácia Objetiva.

a) 1ª Posição. Parte da doutrina entende que a representação é uma autorização para


providências quanto ao fato, já que no aspecto subjetivo a definição é do titular da
ação.
b) 2ª Posição. Para Luiz Flávio Gomes em posição adotada pelo TJSP, o MP deve
intimar a vítima para complementar a representação. Eventual negativa provoca
renúncia com extinção da punibilidade em benefício de todos.

- Não Vinculação. Diante da independência funcional, o MP não está vinculado aos


artigos de lei sugeridos pela vítima. Em acréscimo, poderá promover o arquivamento
da representação.

B) Requisição do Ministro da Justiça.

I. Conceito: É uma autorização preponderantemente política e que condiciona o


início da persecução penal. Sem ela, inexiste ação, inquérito ou lavratura de flagrante
(providências penais).

II. Natureza Jurídica: Ela é enquadrada como condição de procedibilidade.

III. Legitimidade
- Destinatário: O ato é endereçado ao MP na figura de seu procurador geral,
- Legitimidade ativa. É do Ministro da Justiça.

IV. Prazo. NÃO há prazo decadencial. O MJ pode requisitar a qualquer tempo, desde
que não extinta a punibilidade pela prescrição ou por qualquer outra causa, Art. 107,
CP).

V. Retratação.

a) 1ª Posição. Para Guilherme Nucci e Luiz Flávio Gomes, a retratação é possível até
antes do oferecimento da denúncia, por analogia ao artigo 25, CPP.
b) 2ª Posição. Para Tourinho Filho o ato é irretratável em virtude da ausência de
previsão legal (argumento jurídico) como também, para não comprometer a imagem
do país (argumento político).

Os tribunais superiores nunca julgaram o tema! São omissos.

VI. Eficácia Objetiva. As duas correntes estudadas na representação da vítima são


aqui aplicadas.

VII. Não vinculação. Em razão da independência funcional do MP, não há


vinculação ao ato.

C) Ação Penal de Iniciativa Privada

Conceito: É aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal na condição
de substituição processual, pois ela atua em nome próprio pleiteando a punição que
será exercida pelo Estado.

Obs.: Enquadramento Terminológico:

1. Vítima: Querelante
2. Réu: Querelado
3. Inicial Acusatória: Queixa-Crime. Art. 41, CPP.

Obs.: Crítica: Para Aury Lopes Jr. não há propriamente relação de substituição
processual, pois não podemos confundir o exercício da demanda com o patrocínio da
punição. Posição Minoritária.

Obs.: Tendência: Para Eugênio Paccelli a vítima não tem equilíbrio para o manejo da
ação penal. Consequentemente, os crimes de ação privada migrariam para o bojo da
ação penal pública condicionada.

Conclusão: Permaneceria a ação privada subsidiária em virtude da sua previsão no


Art. 5º, LIX da CF/88.

Princípios

- Princípio da Oportunidade

I. Conceito: A vítima só exercerá a ação se desejar.

II. Institutos Correlatos:

II.1. Decadência:
- Conceito: É a perda da faculdade de ingressar com a ação privada em razão do
decurso do tempo, qual seja 6 meses contados do conhecimento da autoria da
infração. Art. 38, CPP. É um prazo fatal, não se suspende, não se interrompe e não se
prorroga.
Obs.: A tendência de investigação criminal NÃO interfere no prazo para ajuizar a
ação privada.
Conclusão: A vítima pode ingressar com a ação SEM a investigação, já que o
inquérito é dispensável.
- Consequência: Ela provoca a extinção da punibilidade. Art. 107, IV, CP.

II.2. Renúncia:
- Conceito: Ela ocorre com a declaração expressa da vítima de que não pretende
ingressar com ação ou com a prática de ato incompatível com essa vontade.
Conclusão: Percebe-se que a renúncia pode ser expressa ou tácita, admitindo todo
meio de prova válida para a sua demonstração. Arts. 50 e 57, CPP.
Conclusão 2: As regras de boa educação e tratamento por si só NÃO caracteriza
renúncia.
- Consequência: Ela provoca a extinção da punibilidade. Art. 107, V, CP.
- Irretratabilidade: Inexistindo vício na formação da vontade o ato é irretratável.

- Princípio da Disponibilidade

I. Conceito: A vítima poderá desistir da demanda já ajuizada. Você desiste do


que você já tem, quando não tem é renúncia.

II. Institutos Correlatos:

II.1. Perdão:
- Conceito: Ele ocorre quando a vítima declara expressamente que não pretende
continuar com a demanda ou quando ela pratica ato incompatível com essa
vontade. Art. 58, CPP.
- Conclusão. Percebe-se que o perdão pode ser ofertado de forma expressa ou
tácita.

- Bilateralidade: Para que o perdão surta o efeito pretendido, qual seja a


extinção de punibilidade, é necessário que o réu o aceite, o que pode ocorrer
de forma expressa ou tácita. Art. 59, CPP.
- Procedimento: Se a vítima declara nos autos o perdão o réu será intimado e
dispõe de 3 dias para dizer se o aceita. A omissão faz presumir a aceitação
(aceitação tácita). Art. 58, CPP.
- Procurador: A oferta e a aceitação podem ocorrer por procurador
pressupondo poderes especiais. Art. 55, CPP.
- Perdão da Vítima x Perdão do Juiz:
* O perdão judicial é típico dos crimes de Ação Pública, sendo ato unilateral, e
o da vítima é Ação Privada.
- Momento: O perdão pressupõe a existência de processo, sendo admitido até
mesmo na fase recursal. Pode ocorrer dentro ou fora dos autos do processo.
- Conclusão: O perdão pode ocorrer dentro ou fora dos autos.

- Perempção: Lembra descaso e desídia e gera extinção de punibilidade. Art,


60, CPP.
* Conceito: É uma sanção judicialmente imposta pelo descaso da vítima na
condução da Ação Privada.
* Hipóteses: Estão elencadas no artigo 60 do CPP ocasionando a extinção da
punibilidade. Art. 107, IV, CP.

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:

I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo


durante 30 dias seguidos;

II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer


em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;

III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;

IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

- Princípio da Indivisibilidade

a) Conceito: Se a vítima optar por ajuizar a ação, deverá fazer contra todos os
infratores conhecidos.
b) Fiscalização: Cabe ao MP fiscalizar se o princípio da indivisibilidade foi
respeitado.
c) Consequências Jurídicas:
I. Se a vítima dolosamente ajuizar ação contra parte dos infratores, ela estará
renunciando ao direito em favor dos não processados, o que leva a extinção da
punibilidade em benefício de todos.
II. Se a omissão da vítima é involuntária NÃO houve renúncia.

Conclusão 1. Cabe ao ofendido processar os sujeitos faltantes.


Conclusão 2. O Art. 46, § 2º, CPP autoriza ao MP aditar a ação privada no prazo de 3
(três) dias.
Conclusão 3. Prevalece o entendimento de que o MP não poderá incluir mais réus, já
que não possui legitimidade ativa “ad causam”.

III. O perdão ofertado a parte dos infratores é aplicável a todos que queiram ser
perdoados. Art. 51, CPP.

- Princípio da Intranscendência / Pessoalidade

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

Agentes com prerrogativa de foro segundo orientação firmada pelo STF.


"Cabe ao próprio tribunal ao qual toca o foro por prerrogativa de função promover, o
desmembramento de inquérito e peças de investigação correspondentes, para manter sob sua
jurisdição, em regra, apenas o que envolva autoridade com prerrogativa de foro, segundo as
circunstâncias de cada caso (INQ 3.515 AgR, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal
Pleno, DJe de 14.3.2014), RESSALVADAS as situações em que os fatos se revelem de tal
forma imbricados que a cisão por si só implique prejuízo a seu esclarecimento (AP 853,
Rel. Min. ROSA WEBER, DJe de 22.5.2014)."

Resumo:
"Regra: O Tribunal do foro competente fará a cisão das Investigações para ficar apenas com
a parte relativa ao Agente que possui o Foro por Prerrogativa de Função."
"Exceção: O Tribunal NÃO poderá fazer a cisão das Investigações quando a cisão
implique em prejuízo para o esclarecimento dos fatos."

"A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu ser possível
autorizar quebra de sigilo de dados informáticos estáticos relativos a dados pessoais e
registros de conexão ou acesso a servidores, navegadores ou aplicativos de internet,
delimitada por parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo,
desde que, presentes circunstâncias que denotem a existência de interesse público
relevante, a decisão seja proferida por autoridade judicial competente, com
fundamentação suficiente."

fonte:
https://canalcienciascriminais.com.br/stj-juiz-pode-autorizar-quebra-de-sigilo-de-dados
-informaticos-estaticos/

Ilegalidade do acordo de não persecução penal, cabe ao juiz:

§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no


acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja
reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Código de Processo Penal - Artigo 28-A § 5º

O instituto tratado na questão é o da Mutatio Libelli (art 384 CPP).


a) O recebimento do aditamento da denúncia que traz modificação fática substancial
enseja a interrupção da prescrição. Precedentes. (AgRg no AREsp 1350483/RS, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 27/10/2020, DJe
12/11/2020)
b) o recebimento do aditamento da denúncia, para inclusão de corréu, constitui causa
interruptiva da prescrição para os demais imputados;
ERRADO - Constituirá causa interruptiva apenas para o novo corréu.
c) o recebimento da denúncia, na sua versão original, pode ser considerado termo inicial para
efeito de contagem prescricional relativamente aos imputados incluídos posteriormente por
aditamento;
ERRADO - Será considerado como termo inicial aos novos imputados, o recebimento do
aditamento.
A decisão que acolher o aditamento da denúncia ou da queixa produzirá os seguintes
efeitos:
1) interromperá a prescrição em relação aos novos denunciados no aditamento. Não
produzirá efeito algum sobre os réus já contemplados na decisão originária de
recebimento da denúncia. Haverá aqui, portanto, mais de uma causa interruptiva de
prescrição: a decisão originária de recebimento da denúncia e a decisão de acolhimento
do aditamento;
2) interromperá a prescrição em relação aos novos delitos objeto do aditamento. Não
produzirá efeito sobre aqueles crimes objeto da decisão originária de recebimento da
peça acusatória. Haverá aqui mais de uma causa interruptiva da prescrição, à semelhança
da situação anterior. No caso de inclusão simultânea de novos réus e novos crimes, são
aplicáveis os mesmos critérios.
d) admite-se o aditamento da denúncia a qualquer tempo, enquanto não transitado em julgado o
processo, desde que observados o contraditório e a ampla defesa;
A mutatio libelli não pode ocorrer em segundo grau de jurisdição, como prevê a Súmula
453 do STF,: “Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do CPP,
que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância
elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa”

Ementa: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONSTITUIÇÃO DE NOVO


PROCURADOR, SEM RESSALVA DO MANDATO ANTERIOR. REVOGAÇÃO TÁCITA.
INTIMAÇÃO DE ADVOGADA QUE NÃO MAIS PATROCINAVA A DEFESA DA RÉ PARA A
SESSÃO DE JULGAMENTO DA APELAÇÃO. NULIDADE DO JULGAMENTO. RECURSO
PROVIDO. 1. A constituição de novo advogado para atuar na causa, sem ressalva ou
reserva de poderes, representa revogação tácita do mandato anteriormente concedido.
Desse modo, é de se reconhecer a nulidade da intimação da sessão de julgamento da
apelação, sobretudo se considerada a existência de pedido expresso para que as
intimações fossem feitas em nome do novo causídico. Precedentes. 2. Recurso ordinário
provido, em parte.
(RHC 127258, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 19/05/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-102 DIVULG 29-05-2015 PUBLIC 01-06-2015)

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

O crime envolveu violência ou grave ameaça, logo não caberá ANPP.

Conforme o art. 28-A do CPP:

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a
prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime ...

Condições do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)


Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça
e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo
de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do
crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:

I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;

II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como


instrumentos, produto ou proveito do crime;

III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à


pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo
juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal);

IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº


2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger
bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou

V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.

§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste
artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.

NÃO CABIMENTO DO ANPP

§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:

I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;

III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo; e

IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados


contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo
membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.

§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na


qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na
presença do seu defensor, e sua legalidade.

COMPETÊNCIA DENÚNCIA E QUEIXA-CRIME

A questão pede que o aluno identifique a única assertiva correta, para tanto é necessário
sabermos que o crime de calúnia é de ação penal privada e, portanto, o autor PODERÁ
preferir o foro de domicílio do réu, conforme preceitua o artigo 73 do Código de Processo
Penal, vejamos:

‘’Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.’’
Assim sendo, resta claro que a única assertiva correta é a letra E.

Conexão entre Crimes de competência Federal e Estadual


Nos termos do art. 109, inciso IV, da Constituição Federal, a competência para julgar
infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas
entidades autárquicas ou empresas públicas é da Justiça Federal.

SÚMULA 122 - COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL O PROCESSO E JULGAMENTO


UNIFICADO DOS CRIMES CONEXOS DE COMPETÊNCIA FEDERAL E ESTADUAL,
NÃO SE APLICANDO A REGRA DO ART. 78, II, "A", DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL.

Retratação da Representação na Lei Maria da Penha 11.340/06

Para solucionar a questão e todas as alternativas, bastaria o candidato conhecer o art. 15 da lei
11.340/06. Vejamos:

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata
esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o
Ministério Público.

Art. 96. Compete privativamente:

III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

---------------------

Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o


foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.
Arquivamento IP Novas Provas

A decisão de arquivamento não gera coisa julgada material, se houver novas provas,
pode ser revista, nesse sentido, súmula 524 do STF "arquivado o inquérito policial, por
despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser
iniciada, sem novas provas".
Segundo STF, se o arquivamento ocorre por atipicidade do fato, há coisa julgada
material, não sendo possível o desarquivamento.

Trancamento de IP

a - Autoridade coatora para fins de HC

i- Instaurado de ofício → autoridade coatora será o delegado / HC = juiz de 1ª instância.


ii- Instauração por requisição do MP → a autoridade coatora será o Promotor de Justiça
(atuação do delegado é vinculada) / HC = TJ.
HC em virtude de indiciamento em qualquer caso → autoridade coatora será o delegado, uma
vez que se trata de ato privativo dessa autoridade.
*Obs: Promotor do DF e Territórios, por integrar o MPU, será competente para julgar o
habeas corpus o TRF da 1ª região.

b - Requisitos
→ Não se admite, em regra, HC para 'trancar' IP, uma vez que o Judiciário não pode paralisar
o exercício regular da atividade policial e tampouco subtrair do MP, titular da ação pública, a
opinio delicti.

Essa medida de natureza excepcional somente é possível quando se constata, de plano:


Atipicidade (formal/material) da conduta;
Causa extintiva da punibilidade;
Ausência de justa causa. (indícios de autoria ou de materialidade)
Assim, quanto às questões prejudiciais, temos:

a) facultativa (art. 93 do CPP): envolve questão pendente de julgamento em outro processo.

b) obrigatória (art. 92 do CPP): envolve estado civil das pessoas

__________________________________________________________________________

Aula 43 - Ação Penal IX


Prof. Nestor Távora

4.2.4. Princípio da Intranscendência / Pessoalidade

a) Conceito. Os efeitos da ação não podem ultrapassar a figura do réu.

4.3. Modalidades de Ação Privada (Classificação)

a) Ação Privada Exclusiva (Ação Privada Propriamente Dita).

a.1) Conceito: É aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal.
a.2) Sucessão Processual: Diante da morte ou da declaração de ausência o direito de
ação se transfere ao CADI (Cônjuge ou companheira, ascendente, descendente ou
irmão). Art. 31, CPP.
a.3) Prazo: Decadencial. 6 meses contados do conhecimento da autoria da infração
penal.
b) Ação Privada Personalíssima

a.1) Conceito: É aquela que possui um único titular, quem seja, a vítima.
* Conclusão: Inexiste intervenção do representante legal ou sucessão.
b.1) Aplicação: O único crime de Ação Personalíssima é o induzimento a erro ou
ocultação de impedimento ao casamento. Art. 236, CP.
b.2.) Prazo: 6 meses do trânsito em julgado da sentença cível que invalidar o
casamento.

c) Ação Privada Subsidiária da Pública.

c.1.) Conceito: Ela é positivada no artigo 5º, LIX, CF/88, como cláusula pétrea,
permitindo que a vítima ingresse com ação de delito da esfera pública, já que o MP
não cumpriu seu papel nos prazos legais.
* Conclusão: Se o MP ofereceu denúncia, requisitou diligências ou promoveu o
arquivamento do IP, não caberá ação privada subsidiária.
* Art. 46, CPP: O MP tem 5 dias (preso) ou 15 dias (solto) para cumprir seu papel.
c.2.) Enquadramento Normativo: Art. 29, CPP, Art. 5º, LIX, CF/88, Art. 100, §3º,
Código Penal.
c.3.) Prazo: 6 meses contados do esgotamento do prazo que o MP dispunha para agir,
qual seja, 5 dias se o sujeito está preso, ou 15 dias se está em liberdade. Art. 46, CPP.
c.4.) Poderes do MP: O promotor atuará como interveniente adesivo obrigatório, ou
assistente litisconsorcial, sob pena de nulidade. Art. 564, III, “d”, CPP.

Obs. Especificações dos Poderes. Art. 29, CPP.

i. propor provas;
ii. apresentar recursos;
iii. aditar a inicial, até mesmo para incluir mais réus;
iv. uma vez ofertada a queixa-crime substitutiva, cabe ao juiz abrir vistas ao MP. Se o
promotor entender que a queixa-crime é inepta, ou que a desídia está justificada, cabe
a ela repudiar a petição oferecendo denúncia substitutiva.
5. Questões Complementares

5.1. Ação de Prevenção Penal. É aquela que objetiva impor medidas de segurança ao
absolutamente inimputáveis. (Absolvição Imprópria).
Obs.: Percebe-se que em toda denúncia teremos o pedido de imposição de sanção penal.
Obs.: Sanção Penal é o gênero, do qual teremos as penas e as medidas de segurança.

5.2. Ação Penal “Ex Officio”. Art. 26, CPP.


a) Conceito. É aquela deflagrada independente de provocação de quem é o devidamente
interessado.
b) Hipóteses:
b.1. Processo Judicialiforme. O art. 26 do CPP não foi recepcionado pelo artigo 129. I, da
CF/88.
Os Tribunais Superiores admitem a concessão de HC Ex Officio. Art. 654, § 2º, CPP.

5.3. Ação Penal Secundária.


I. Conceito: Um tipo penal pode ser persecutido por mais de uma modalidade de ação, em
razão das circunstâncias legais.
Ex.: Os crimes contra a honra como regra são de ação privada (atuação primária).
Todavia, quando a vítima é o presidente da república, secundariamente a ação é pública
condicionada a requisição.

5.4. Legitimidade Concorrente.

De acordo com a Súmula 714, STF, o funcionário público vítima na sua honra “propter
officium" terá as seguintes alternativas:

I. Representar para que o MP encampe a demanda.


II. Contratar advogado para exercício de uma ação privada.

Conclusão: A opção por uma leva ao descarte da outra.


Súmula 714, STF. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do
Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime
contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.

5.5. Ação Penal de 2º Grau (Originária)

a) Conceito: É aquela deflagrada diretamente em tribunal quando o demandado goza de foro


por prerrogativa de função. Também chamada de ação penal originária.

5.6. Ação Penal por Extensão (Art. 101, CP)

a) Conceito: De acordo com o art. 101, CP, se um dos crimes autônomos para formação do
crime complexo é ação pública, o delito complexo também o será por extensão.

5.7. Ação Penal Adesiva

a) Conceito: Podemos formular os seguintes enquadramentos para o instituto, vejamos:

i. Na Alemanha, o MP pode propor a demanda em um delito de iniciativa privada quando o


interesse público recomendar.
Conclusão: Em tal hipótese a vítima pode intervir adesivamente.
ii. Diante da conexão entre crime de ação pública e de ação privada, quando o promotor
oferece a denúncia, a vítima pode ajuizar a queixa-crime adesivamente.
iii. Para Tourinho Filho, os interesses patrimoniais da vítima podem ser apresentados
adesivamente no bojo da ação penal, o que ocorre em alguns países da Europa.

5.8. Ação Pública Subsidiária da Pública.

a) Conceito: Era a possibilidade do procurador geral da república ser provocado diante da


omissão do procurador geral de justiça no processamento do prefeito, Art. 2º, § 2º,
Decreto-Lei 201/67.
b) Conclusão: O instituto não foi recepcionado pela CF/88 já que o PGR não supre as
omissões do PGJ.
c) Conclusão 2. Resta o ajuizamento da Ação Privada Subsidiária ou a provocação
administrativa do Colégio de Procuradores do MP.

Aula 45 - Jurisdição e Competência


Prof. Nestor Távora

Lei 14.155.

1. Conceito.

a) Jurisdição. Deriva de juris dictio, significando a ação de dizer o direito. É um


poder-dever positivado na CF e usualmente entregue ao judiciário para que aplique a
lei ao caso concreto almejando solucionar a demanda penal.

b) Competência. É a medida da jurisdição. Para Tourinho Filho, é a quantidade de


poder conferido por lei a um juiz ou tribunal delimitando a sua margem de atuação.

2. Critérios de definição da competência

a) Competência Material. Temos três pilares, quais sejam:

a.1) Competência “ratione materiae” em razão da matéria.

I. Conceito: Tal critério nos entrega a justiça competente.


II. Estrutura: Justiça Comum

II.1. Justiça Comum Estadual.


II.1.1. Conceito: Sua competência é residual, pois lhe cabe julgar aquilo que não foi
expressamente conferido pela CF às demais justiças.

II.2. Justiça Comum Federal. A sua competência é expressa na CF. Art. 108 (TRF’s)
Art, 109, IV e ss, CF/88 (Juízes Federais de 1º grau)

II.3. Justiça Especial.

a) Justiça Eleitoral
a.1, Conceito: Lhe cabe julgar as infrações eleitorais e as infrações comuns
correlacionadas por conexão, ou continência, pouco importa se a infração comum é
estadual ou federal.
OBS.: Vale lembrar que o Código Eleitoral foi recepcionado pela CF com status de lei
complementar.

a.2) Infrações de menor potencial ofensivo na justiça eleitoral (até 2 anos).


Como não temos juizados especiais criminais eleitorais, resta concluir que aplicamos
os institutos benefícios da Lei dos Juizados na justiça eleitoral (Art. 74, 76 e 89 da Lei
9.099/95). Parte despenalizadora.

Conclusão. O rito adotado é o do Código Eleitoral.

b) Justiça Militar (Castrense)


b.1) Conceito: Lhe cabe julgar apenas as infrações definidas nos artigos 9º e 10, do
Código Penal Militar.

b.2) Infrações de menor potencial ofensivo na justiça militar (até 2 anos).

A lei dos juizados é inaplicável na esfera militar.


Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.

b.3) Estrutura:
I. Justiça Militar Estadual: Lhe cabe julgar apenas os policiais militares e
bombeiros militares.
II) Justiça Militar Federal: Os membros das forças armadas e as pessoas comuns
que pratiquem crimes militares federais.
c) Competência pela natureza da infração.

c.1) Conceito: O legislador pode estabelecer o órgão competente para julgar um tipo
de crime em razão de sua natureza.

c.2.) Hipóteses constitucionais.

I. Primeira Hipótese:

Art. 5º. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a


organização que lhe der a lei, assegurados:
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

São os crimes dolosos contra a vida: homicídio, infanticídio, aborto, auxílio ou


induzimento, instagação ao suicídio.

OBS.: Artigos 121 à 128, CP.

II. Segunda Hipótese. De acordo com o artigo 98, I, CF, as infrações de menor
potencial ofensivo por sua natureza vão ao Juizado Especial.

Conclusão: Crimes com pena máxima de até 2 anos e contravenções penais


independente de pena máxima prevista para a contravenção. Art. 61, Lei
9.099/95.

—----------------------------------------------------------------------------------------------------
a.2) Competência “ratione loci" em razão do lugar.

I. Conceito: Por ela definiremos o juízo territorialmente competente.


II. Regras:
II.1. Teorias Territoriais

A) Teoria do Resultado: A competência é fixada pelo local da consumação da


infração. Art. 70, caput, CPP.
Conclusão 1. Ela é a regra geral.
Conclusão 2. O crime está consumado quando reunidos todos os elementos da
descrição legal. Art. 14, I, CP.

B) Teoria da Ação: A competência territorial é fixada pelo local do último ato de


execução. Art. 70, caput, CPP.
Obs.: Aplicação.
Crimes tentados (Art. 14, II, CP).
Para o STJ, ela define a competência territorial do júri.
Juizado Especial. Art. 63, Lei 9,099/95.

C) Ubiquidade: Estamos diante de uma teoria híbrida. É a junção das duas primeiras.
Crimes à distância. Por ela a competência é fixada pelo local da ação ou do resultado.
(Art. 70, §§ 1º e 2º, CPP).
Obs.: Aplicação. Ela é aplicada aos crimes à distância.
Conclusão: Crime à distância é aquele cuja ação nasce no Brasil e o resultado ocorre
no estrangeiro ou vice-versa. Em tal hipótese a competência brasileira é fixada pelo
local no Brasil em que ocorrer a ação ou o resultado, tanto faz.

II.2. Domicílio ou residência do Réu (Art. 72, CPP)

Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio


ou residência do réu.

Obs.: A segunda regra é subsidiária à primeira regra.


Obs.: Historicamente o domicílio da vítima não fixa competência criminal, mesmo
na violência doméstica.
O domicílio da vítima fixa competência territorial nas hipóteses do
§ 4º, artigo 70, CPP, tratando do estelionato.

Conclusão: Súmulas 521, STF e 244, STJ, merecem revisão.


Conclusão: A súmula 48. STJ permanece, já que a competência territorial do
estelionato mediante cheque falsificado é do local da obtenção da vantagem indevida.

II.3. Prevenção (Antecipação). Juiz prevento é que chega primeiro, que se antecipa.
É aquele que primeiro pratica um ato do processo (recebimento da inicial) ou aquele
que no IP adota medidas cautelares. Art. 83, CPP.

A figura da prevenção é incompatível com o juiz das garantias


(Art. 3-B, CPP).

Aula 49 - Jurisdição e Competência V

III. Questões Complementares

A) Quando a infração está consumada na divisa entre comarcas ou quando incerto


o limite entre elas a competência será fixada pela prevenção (Art. 70, § 3º,
CPP).

B) Crimes permanentes ou na continuidade delitiva, com dilação por mais de


uma comarca, a competência territorial será firmada pela prevenção (Art. 71,
CPP).
C) Havendo pluralidade de vítimas nas hipóteses do § 4º do artigo 70 do CPP, a
competência será fixada pela prevenção.

D) Se o réu, tem mais de um domicílio ou residência, a competência será firmada


pela prevenção (Art. 72, § 1º, CPP)

E) Na ação penal privada, mesmo sabendo o local da consumação, a vítima pode


optar pelo domicílio do réu (Art. 73, CPP).

Tal prerrogativa NÃO se aplica na ação privada subsidiária


da pública. (Art. 29, CPP).

F) Competência territorial brasileira para crimes ocorridos em


Embarcações ou Aeronaves.

I. Conceito de Território Brasileiro:


- Fronteiras
- Espaço Aéreo (Até a camada atmosférica)
- Mar territorial (Faixa litorânea 0 até 12 milhas naúticas contadas na maré
baixa)

II. Território Nacional por equiparação


II.A) Embarcações / Aeronaves de natureza pública e de Bandeira
Brasileira.
São Brasil em qualquer lugar do mundo!

II.B) Embarcações / Aeronaves de natureza pública e de Bandeira


Estrangeira.
Nunca são Brasil.

II.C. Embarcações / Aeronaves de natureza privada e de Bandeira


Brasileira.
São Brasil quando estiverem em nosso território OU em alto mar.

II.D. Embarcações / Aeronaves de natureza privada e de Bandeira


Estrangeira.
São Brasil quando ingressarem em nosso território.

Regras de Competência Territorial

- Tais regras só são aplicadas se a Embarcações / Aeronaves estiverem no


conceito de território brasileiro.

a) Viagens Nacionais: A competência territorial é fixada pelo primeiro local


de pouso ou atracagem após o delito.

b) Viagens Internacionais: A competência territorial é fixada pelo local de


saída ou de chegada. (Artigos 89 e 90, CPP).

G) Competência territorial brasileira para crimes cometidos no estrangeiro.


O sujeito será julgado na capital do estado brasileiro onde por último residiu.
Se nunca morou no Brasil, será julgado em Brasília. Art. 88, CPP.

H) Direito de Passagem Inocente.


O Brasil não vai apurar infrações em embarcações de passagem pela costa
brasileira, desde que inexista repercussão em nosso território. Art. 3º, Lei
8.617/93).

Parte da doutrina defende a aplicação para as aeronaves.

Aula 51 - Jusrisdição e Competência VII

a.3) Competência “ratione personae” em razão da pessoa. Foro de


prerrogativa de função.

Artigo 84 e ss do CPP.

Conceito: Algumas autoridades em razão da importância do cargo ou função


desempenhada serão julgadas diretamente em tribunal no que convencionamos
chamar de foro por prerrogativa de função.

Obs.: É inadequado falar em foro privilegiado, já que o instituto enaltece a


função e não a pessoa.

Regras de Interpretação

a) 1ª Regra. Para o pleno do STF no julgamento da Ação Penal 937 de


autoria do Barroso, o foro por prerrogativa exige a prática do crime
durante o desempenho da função (Pertinência temporal) e que diga
respeito ao desempenho da função (Pertinência funcional ou
temática).

O STJ tem precedente em sentido contrário, ao


argumento de que tais requisitos não encontram respaldo
constitucional.
b) 2ª Regra. O STF, julgando as ADI’s 6512 e 6513 reconheceu a
inconstitucionalidade das Constitucionais Estaduais conferindo foro
por prerrogativa no TJ sem simetria com a CF.

c) 3ª Regra. A competência do TJ / TRF é excepcionada pela


competência do TRE para o julgamento dos crimes eleitorais,

O mesmo não ocorre com o STJ e STJ que aglutinam


competência para julgamento das infrações eleitorais.

d) 4ª Regra. Foro por prerrogativa x Deslocamento. Autoridades com


foro de prerrogativa no TJ ou no TRF ao praticarem crimes fora do
estado ou da região serão julgadas no seu tribunal de origem.

e) 5ª Regra. Foro por prerrogativa x Júri. De acordo com a SV 45, as


autoridades com foro por prerrogativa fixadas na CF não vão a júri. O
mesmo não ocorre quando a prerrogativa é fixada apenas na CE.

Súmula Vinculante 45
A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
Constituição Estadual.

Para o STF devemos considerar os requisitos da Ação


Penal 937.

f) 6ª Regra. Cidadão Comum. De acordo com a súmula 734, STF, a


pessoa comum pode ser julgada em tribunal ao praticar o delito junto
com a autoridade que goza da prerrogativa de função.

Obs.: Tal atração não ofende direitos ou garantias fundamentais.


Obs.: Se for estratégico o judiciário pode determinar a separação de
processos.

Súmula 704
Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do
corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.

g) Perpetuação no tempo da prerrogativa. Com a declaração de


inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do artigo 84, CPP, tereos as
seguintes soluções:

i. Para os crimes uma vez encerrado o cargo ou mandato, encerra-se a


prerrogativa de função.

Para o STF, julgando a AP 97, a renúncia ao mandato até


antes da publicação da intimação para apresentar alegações finais,
provoca a remessa dos autos ao primeiro grau. A renúncia em
momento posterior é indiferente, por força da perpetuação da
jurisdição.

ii. Para as ações de improbidade administrativa não há foro de


prerrogativa em nenhum momento,

h) 8ª Regra. Desvio de verba pública por prefeito. Nesse caso temos as


seguintes soluções;
i. Se a verba foi incorporada ao patrimônio municipal a competência é
do TJ (Súmula 209, STJ).
ii. Se a verba foi repassada ao município e está sujeita a prestação de
contas ao órgão federal, a competência é do TRF (súmula 208, STJ).

Enquadramento da Prerrogativa

CF EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO OUTRAS

STF - Presidente da - Senadores STF, STJ, TST, - MPU ->


102, CF República - Deputados TSE, STM PGR
- Vice Federais - TCU
Presidente - Comandante
- Ministros de das Forças
Estado Armadas
- Chefes de
Missão
Diplomática
Permanente

STJ - Governadores X - Tribunal - MPU


105, CF Estadual (Membros
- Tribunal atuantes em
Regional Tribunais)
Desembargadores - Conselheiros
do TCE
(Estado);
TCM
(Município)

TJ - Prefeitos (29, - Deputado - Juízes Estaduais - Todos os


x, CF. Estadual de 1º Grau membros do
MP Estadual

TRF - Prefeitos - Deputado - Juízes Federais - Membros do


108, CF (Crimes Estadual (Crime de 1º Grau MPU que
Federais) Federal) atuam no 1º
Súmula 702, grau
STF.

6. Competência Absoluta x Competência Relativa

6.1. Aspectos distintivos

6.1.1. Competência Absoluta


a) Previsão Constitucional
b) Interesse público prepondera
c) Reconhecimento ex officio a qualquer tempo

6.1.2. Competência Relativa

a) Previsão infraconstitucional
b) Interesse das partes prepondera
c) Passível de preclusão.

Parte da doutrina entende que não há competência relativa na esfera penal


prestigiando-se o princípio do juiz natural (Aury Lopes Jr.)

De acordo com a súmula 33, STJ, a incidência relativa não pode ser declarada
de ofício. Tal Enunciado foi idealizado para o processo civil e é amplamente criticado
pela doutrina penal.

6.2. Enquadramento

a) Competência Material
a.1) Ratione Materiae (Absoluta)
a.2) Ratione Loci (Relativa)

De acordo com a súmula 706 do STF é relativa a nulidade decorrente dos


vícios em razão das regras de prevenção.
a.3) Ratione Personae (Absoluta)

6.3. Consequência
De acordo com o artigo 567, CPP, uma vez reconhecida a incompetência os atos decisoes sao
declarados nulos e os atos instrutórios (provas) podem ser aproveitados pelo juizo
competente.

Para Ada Pellegrini, quando a incompetência é absoluta todos os atos devem


ser invalidados, inclusive os atos de prova.

6.4. Prorrogação de Competência


É a possibiidade de um juiz incompetente julgar a causa, pois o vício não foi suscitado
oportunamenteo, operando-do se a preclusão.
Conclusão: A prorrogação é possível na incompetência relativa, leia-se, a territorial.

7. Conexão e Continência

7.1. Conceito: São institutos que permitem reunir no mesmo processo crimes e/ou sujeitos
que poderiam ser julgados separadamente.
Conclusão: almejamos a economia de atos e evitar decisões contraditórias.

7.2. Conexão

Conceito: É a interligação entre duas ou mais infrações (pressuposto objetivo) e que por isso,
serão julgadas no mesmo processo.

7.2.2. Modalidades (Classificação)

I. Conexão Intersubjetiva. Temos duas ou mais infrações praticadas por duas ou mais
pessoas. Tal critério possui a seguinte tripartição:
a) Conexão intersubjetiva por simultaneidade: Os crimes ocorreram nas mesmas
circunstâncias de tempo e espaço. Identidade temporal e espacial.
b) Conexão intersubjetiva concursal: Nela existe o prévio acordo.
c) Conexão intersubjetiva por reciprocidade: Nela os sujeitos atuam uns contra os
outros. Ex.: lesões corporais recíprocas.

A rixa NÃO é um bom exemplo, pois caracteriza crime único.

II. Conexão Lógica / Teleológica / Finalista. Nela um crime é praticado para ocultar, levar
vantagem, ou criar impunidade em face de outro delito. Art. 76, II, CPP.

III. Instrumental / Probatória. Nela, a prova da existência de um crime é essencial para


demonstrar a ocorrência de outro delito. Art. 76, III, CPP. Ex.: Conexão entre o roubo da
carga e a receptação.

7.3. Continência

7.3.1. Conceito: Nela prepondera o fator unidade, seja porque temos um só crime praticado
por duas ou mais pessoas, ou porque temos uma só conduta que provoca dois ou mais
resultados lesivos. Art. 77, CPP.

7.3.2. Modalidades (Classificação)


a) Continência por cumulação subjetiva
Tem um só crime praticado por duas ou mais pessoas. Art. 77, I, CPP.

b) Continência por cumulação objetiva


Tem uma só conduta que provoca dois ou mais resultados lesivos. Art. 77, II, CPP.

Conclusão: Percebe-se que temos uma situação de concurso formal. Artigos 70, 73 e 74, CP.
Conclusão: Podemos constatar que na conexão o que existe é o concurso material de
infrações.

b) Competência Funcional.
b.1) Competência funcional pelas fases do processo. (Absoluta)
b.2) Competência funcional pelo objeto do juízo. (Absoluta)
b.3) Competência funcional pelos graus de jurisdição. (Absoluta)

Aula 01 - Prisões
Prof. Nestor Távora

1) Considerações Iniciais

Conceito de Prisão: É a ferramenta positivada no art. 5º, LXI, CF, que autoriza a
restrição à liberdade de locomoção, em decorrência do flagrante, da transgressão
disciplinar militar ou de ordem judicial motivada, comprimento o nosso direito de ir e
vir ou ficar.

1.2. Enquadramento:

1.2.1, Prisão Pena. Ela é fruto do transito em julgado da condenação.


1.2.2; Prisão sem Pena / Cautelar / Processual / Provisória. Antecede o trânsito em
julgado da decisão, sendo cabível na investigação e/ou no processo.

Obs.: Modalidades
A) Prisão em Flagrante
B) Prisão Preventiva
C) Prisão Temporária

Obs.: Filtro
Atualmente os maus antecedentes ou a reincidência não justificam a prisao no
momento da pronúncia ou da sentença. Logo, o juiz deve assumir o seguinte
comportamento:

I. Se o réu estava solto, só será preso por meio da prisão preventiva (Art. 312 CPP).
Desde que não sejam mais adequadas as medidas cautelares pessoais não prisionais. É
a última ratio.
II. Se o réu estava preso, o juiz deve indicar a razão da manutenção da prisão.
III. Se o réu estava preso, deve o juiz indicar a razão do não cabimento da liberdade
provisória.

1.4. Execução Provisória da Pena.

a) 1º Momento: O STF editou as Súmulas 716 e 77, admitindo ao preso cautelar


institutos típicos da fase de execução, como progressão de regime e livramento
condicional.
b) 2º Momento: O Pleno do STF, julgando o HC 126.292, admitiu a execução
provisória de acórdão (prisão em segunda instância, no ano de 2016).

Obs 1. Pressupostos:
I. Confirmação da condenação por um Tribunal.
II. Esgotamento das vias ordinárias de impugnação, leia-se, a decisão, quando
muito, só poderá ser impugnada por recurso especial ou extraordinário.

Obs. 2. Fundamentos:
I) O princípio da presunção de inocência não é absoluto.
II. O recurso especial e o extraordinário não gozam de efeito suspensivo.

C) 3º Momento: O STF julgou as ADC’s 43, 44 e 54 declarando a


inconstitucionalidade da execução provisória, de forma que antes do trânsito em
julgado teremos tão somente flagrante, preventiva ou temporária.

D) 4º Momento: O Pacote Anticrime introduziu a alínea “e” ao inciso I do artigo 492,


CPP, instituindo a execução provisória da sentença de 1º grau que impõe ao réu 15 ou
mais anos de prisão.

Conclusão 1. A justificativa é a soberania dos veredictos.


Conclusão 2. Para viabilizar a execução provisória em tal hipótese, retiraram o efeito
suspensivo do recurso de apelação (§ 4º, artigo 492, CPP).
Conclusão 3. O juiz que preside o júri, mesmo fixando 15 ou mais anos de
prisão,pode deixar de aplicar a execução provisória da pena (§ 3º, artigo 492, CPP)
Conclusão 4. O Tribunal poderá conceder efeito suspensivo ao recurso de apelação,
obstando a execução provisória, desde que o recurso não seja meramente protelatório
e exista cenário jurídico favorável ao réu (§ 5°, art. 492, CPP).

2) Prisão em Flagrante (Art. 301 e ss, CPP)

2.1. Conceito:
a) Conceito etimológico: O flagrante deriva de “flagare”, que é uma decorrência de
“Flagrans”, significando arder ou queixar. Em verdade, o flagrante é a qualidade de
algo que está ocorrendo naquele momento.

b) Conceito instrumental: É a ferramenta positivada no artigo 5º, LXI, CF, que


autoriza a captura daquele que é surpreendido delinquindo, trazendo assim, as
seguintes finalidades:
b.1) Evitar a fuga;
b.2) Evitar a consumação do crime;
b.3) Levantar indícios que vão contribuir para a futura adoção de providências
penais,

2.2. Natureza Jurídica:


a) 1ª Posição: Para a doutrina tradicional o flagrante é uma prisão cautelar,
notadamente pelo tratamento no CPP (Marcos Paulo).
b) 2ª Posição: Aury Lopes Jr e Luiz Flávio Gomes defendem que o flagrante é uma
medida essencialmente administrativa e de proteção da sociedade. O aspecto cautelar
ocorre quando o juiz analisa o auto de deliberação de acordo com o art. 310 do CPP.
Viés cautelar.

2.3. Modalidades de Flagrante (Classificação):


a) Flagrante Obrigatório ou Compulsório: É aquele inerente à atuação das forças
policiais (art. 144, CF), funcionando como estrito cumprimento de um dever legal
(Cleber Masson).
Obs.: Para Guilherme Nucci, o dever subsiste mesmo na folga, diante da
manutenção do porte de arma.

b) Flagrante Facultativo: É inerente à atuação de qualquer pessoa do povo,


funcionando como exercício regular de um direito (Art. 301, CPP).

c) Flagrante Próprio / Real / Perfeito / Propriamente dito


c.1) O sujeito capturado cometendo a infração (art. 302, I, CPP)

Conclusão: O sujeito é preso desenvolvendo os atos executórios, leia-se,


realizando o núcleo do tipo penal.

c.2) O sujeito capturado ao acabar de cometer o delito (Art. 302, II, CPP)

Conclusão: O agente já concluiu os atos executórios mas não se livrou do local do


crime ou das circunstâncias da infração.

d) Flagrante Impróprio / Irreal / Imperfeito / Quase Flagrante: O sujeito é


perseguido logo após a prática do crime e havendo êxito será capturado em
circunstâncias que façam presumir a responsabilidade penal (art. 302, III, CPP).

Obs.1. O conceito de perseguição é apresentado pelos artigos 250 e 290, CPP.


Obs.2. Tempo da perseguição: Não há na lei prazo de duração da perseguição
que persiste no tempo diante da necessidade.

Conclusão: Para Fábio Roque, uma vez iniciada a perseguição, a situação


flagrancial é perenizada.
Obs.3. Requisito de validade: É necessário que a perseguição seja contínua,
independente de contato visual.

e) Flagrante Presumido / Ficto / Assimilado: O sujeito é encontrado logo depois da


prática do delito, com objetos, armas, papéis ou instrumentos que autorizam presumir
a responsabilidade penal. Art. 302, IV, CPP.

Conclusão: Temos uma situação de crime e encontro.


Conclusão 2. Estamos seguindo uma escala preguissiva de tempo.No flagrante
próprio a tolerância é mínima, pois o sujeito é capturado executando o crime ou
ao acabar de cometer o delito. Já no flagrante impróprio, a tolerância temporal é
um pouco maior, simbolizada pela expressão “logo após”, que é o tempo
necessário para iniciar a perseguição. Já no flagrante presumido a tolerância
temporal é ainda maior, simbolizada pela expressão “logo depois”, que é o tempo
necessário para encontrar o sujeito.
f) Flagrante Forjado: É aquele realizado para incriminar pessoa inocente e que não
tem qualquer desejo de delinquir.

Conclusão: a prisão realizada é ilegal, devendo ser relaxada (art. 310, I, CPP).

g) Flagrante Esperado: Ele é caracterizado quando a polícia realiza campana


(tocaia), aguardando a implementação do primeiro ato executório para concretizar a
captura.

Conclusão 1. Em nenhum momento a polícia estimulou a prática do delito.


Conclusão 2. No momento da lavratura do auto, o delegado vai enquadrar em
uma das hipóteses do artigo 302, CPP (Flagrante Próprio), uma vez que não há
previsão do flagrante esperado no CPP.

h) Flagrante Provocado / Preparado / Delito de Ensaio / Delito Putativo


(Imaginado). Por obra do agente provocador: de acordo com a Súmula 145, STF, não
se pode estimular a prática de crime com o objetivo de capturar a pessoa seduzida,
pois os fins não justificam os meios.

Obs.1. Em tal hipótese, a prisão é ilegal, devendo ser relaxada. em acréscimo, o


fato praticado pela pessoa seduzida é atípico, pois será enquadrado como crime
impossível.

Obs.2. Flagrante preparado X tráfico de drogas: Se o traficante já tinha a droga


consigo ou em estoque ao ser abordado por policial disfarçado de usuário, a
prisão é ilegal pois a consumação do tráfico era antecedente à provocação.

Obs.3. Flagrante preparado X monitoramento eletrônico: De acordo com a


súmula 567, STJ, o monitoramento eletrônico do estabelecimento comercial NÃO
descaracteriza o furto e NÃO inviabiliza a prisão em flagrante.
Conclusão: A situação melhor se apresenta como flagrante esperado, não sendo
enquadrada como flagrante preparado.

I) Flagrante Postergado / Diferido / Retardado / Estratégio / AÇÃO


CONTROLADA: Almeja-se postergar o flagrante com o objetivo de promover a
captura no momento mais oportuno, levando-se em considerçaão a colheita de provas,
a captura do maior número de sujeitos, e o enquadramento no delito principal.

Obs. Hipóteses

1. Crime Organizado. É necessário ofício ao juiz, que ouvindo o MP poderá definir


os limites da diligência (Art. 8º, Lei 12.850/13).
2. Tráfico de Drogas: É necessário deliberação do juiz, com prévia oitiva do MP, Em
acréscimo, precisamos do provável itinerário da droga e dos sujeitos envolvidos (Art.
53, II, Lei 11.343/06).
3. Lavagem de Dinheiro: É necessário deliberação do juiz, com prévia oitiva do MP
(Art. 4º-B, Lei 9613/98)

j) Flagrante Cataléptico: A captura é suspensa em razão de um pedido de vantagem


indevida. Ao perceber que não será atendida, a autoridade concretiza a prisão
(flagrante de vingança).

k) Flagrante por Apresentação. Aquele que se apresenta voluntariamente na


delegacia e confessa um crime não será preso em flagrante, por ausência de
enquadramento em uma das hipóteses do art. 302 do CPP. Todavia, nada impede que
o delegado represente ao juiz pela preventiva ou pela temporária, desde que presentes
os requisitos legais.

Conclusão: A lei 12.403/11 reformou o CPP e revogou essa previsão. Todavia, o


raciocínio permanece.

2.4. Procedimento do Flagrante:


2.4.1. Procedimento MACRO:

a) 1º Passo - CAPTURA - Ela simboliza o imediato cerceamento da liberdade.


Obs.: Uso de algemas: a matéria é tratada na Súmula Vinculante 11; no artigo 292 do
CPP; no Decreto 8858/16, regulando o artigo 199, LEP.

b) 2º Passo: Condução coercitiva até a autoridade


Obs.: Cabe ao delegado do local da captura presidir a lavratura do auto. Inexistindo
delegado, o sujeito é apresentado na localidade mais próxima (Art. 308, CPP).

c) 3º Passo: Formalização da prisão por meio da lavratura do auto (Art. 304, CPP).
Obs.: Outras autoridades podem presidir a lavratura, desde que o crime seja praticado
contra a autoridade ou na sua presença, durante o desempenho da função (art. 307,
CPP). Ex.: Presidente da CPI.

d) 4º Passo: Recolhimento ao cárcere.


Obs.1. Nos crimes com pena máxima de até 4 anos, o delegado é legitimado a arbitrar
a fiança. Por consequência, o pagamento evita o encarceramento (Art. 322, CPP).

Obs.2. Os dois primeiros passos são também aplicados nas infrações de menor
potencial ofensivo. Todavia, a lavratura do auto é substituída pelo TCO (Termo
Circunstanciado de Ocorrência) e o sujeito é liberado independente de fiança, desde
que seja imediatamente encaminhado ao juizado ou assuma esse compromisso (art.
69, Lei 9099/95).

Conclusão: O usuário será apresentado ao juiz para a elaboração do TCO. Se o juiz


não estiver disponível, será apresentado ao delegado. Em acréscimo, o usuário será
liberado independente de compromisso de comparecimento.

2.4.2 - Procedimento MICRO (Lavratura do Auto)

2.4.2.1. Sujeitos Envolvidos

a) Condutor: É aquele que leva o preso até a autoridade.


b) Conduzido: É a pessoa capturada em flagrante.
c) Testemunhas: Precisaremos de ao menos duas testemunhas que tenham
conhecimento do fato.

Conclusão 1. Tendo apenas uma testemunha do fato, o condutor será


considerado como segunda testemunha.
Conclusão 2. Inexistindo testemunhas do fato, o auto será lavrado com o
emprego de duas testemunhas que atestem a apresentação do sujeito a
autoridade. Elas são chamadas de testemunhas instrumentais, instrumentárias
ou de apresentação.

d) Autoridade
e) Escrivão: Diante da inexistência ou impedimento do escrivão, será nomeado
escrivão “ad hoc”.

2.4.2.2. Estrutura

a) Oitiva do condutor.

Conclusão 1. As declarações serão reduzidas a termo, colhendo-se a assinatura.


Conclusão 2. Cabe ao delegado entregar ao condutor um recibo atestando que o preso
lhe foi apresentado.

b) Oitiva das testemunhas.


c) Oitiva do flagranteado

Obs.1. Cabe ao delegado informar ao preso sobre o direito ao silêncio.


Obs.2. Direito de Assistência. Cabe ao preso comunicar a prisão a alguém de sua
confiança. Se o advogado chegar a tempo, tem direito de acompanhar o preso, caso
contrário, o auto será lavrado normalmente.
Obs.3. A prisão será imediatamente comunicada ao juiz e ao MP.

d) Desfecho: Se o delegado entender que crime ocorreu, que a o capturado é o


responsável, e que a captura aconteceu dentro da lei, determinará a lavratura do
auto. Caso contrário, o auto não será lavrado e o preso será liberado,
Obs.: Relaxamento da prisão pelo delegado:

1) 1ª Posição. Para Nucci, o delegado pode, de forma excepcional, relaxar a prisão,


liberando o capturado.
2) 2ª Posição: Para Capez estamos diante de um juízo negativo de admissibilidade do
flagrante. Logo, tecnicamente o relaxamento fica reservado ao juiz.

2.4.3. Desdobramento do procedimento. Nas 24h subsequentes à prisão, o delegado


tem as seguintes obrigações a cumprir, vejamos:

a) 1ª Obrigação: Entregar ao preso a nota de culpa, como breve declaração contendo


os motivos e os responsáveis pela prisão, assim como as eventuais testemunhas (art.
5º, LXIV, CF c/c 306, §2º, CPP).

b) 2ª Obrigação: Se o preso não tem advogado, cópia do auto é encaminhada à


Defensoria Pública (§1º, art. 306, CPP).

c) 3ª Obrigação: Nas mesmas 24h da prisão o auto de flagrante deve ser


encaminhado ao juiz, para a realização da AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA (art. 306,
§1º, CPP c/c art. 310, CPP).
c.1) Conceito: É o ato solene em que o juiz vai ouvir (entrevistar) o preso na
presença do MP e do advogado ou defensor, para que o juiz tenha melhores condições
de deliberar sobre a situação prisional.

c.2) Embasamento Normativo:


Resolução 213 do CNJ
Art. 310 e 33º-B, §1º, CPP.
Art. 9, item 3, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.
Art. 7, item 5, CADH (Convenção Americana de Direitos Humanos)

c.3) Prazo: 24 horas contadas do recebimento do auto de flagrante pelo magistrado


(art. 310, caput, CPP c/c art. 3º-B, §1º, CPP)

Advertência: O § 4º do art. 310, CPP indicando a ilegalidade da prisão


pela não realização da audiência de custódia no prazo está suspenso por
deliberação do STF.

c.4) Pertinência: Além da prisão em flagrante, teremos audiência de custódia na


prisão preventiva e na prisão temporária (§1º, art. 3º-B, CPP).

c.5) Videoconferência. O §1º do art. 3º-B, CPP, proíbe a audiência de custódia por
videoconferência.
Advertência: O Ministro Nunes Marques, de forma monocrática,
autorizou a videoconferência durante a pandemia a fim de evitar o risco de
contaminação.

c.6) Alternativas dadas ao Juiz (Como o juiz vai se manifestar):

c.6.1) 1º Alternativa: Se o juiz entender que a prisão é ilegal, deve promover o


pronto relaxamento.

Conclusão: O relaxamento significa a libertação incondinional da pessoa que foi


ilegalmente presa (art. 5º, LXV, CF, c/c art. 310, I, CPP).

c.6.2) 2º Alternativa: Se a prisão é legal, cabe ao juiz homologar o auto. Após a


homologação, é fundamental avaliar se a manutenção do sujeito no cárcere é
necessária. Logo, teremos as seguintes hipóteses:

i) 1ª Hipótese: Se a prisão é necessária, cabe ao juiz converter o flagrante em


preventiva, desde que presentes os requisitos do art. 312, do CPP (art. 310, II, CPP).

Obs.1. Para os Tribunais Superiores a conversão ex officio não é tolerada,


ofendendo o sistema acusatório e desconsiderando a atual redação do art. 311 do
CPP.

Obs.2. Nada impede que o juiz seja provocado em converter o flagrante em


prisão temporária, desde que presente os requisitos do art. 1º da Lei 7960/89.

Preventiva é ultima ratio.

Obs.3. Filtro: Se as medidas cautelares pessoais não prisionais forem suficientes (art.
318, CPP), a preventiva não será decretada.

ii) 2ª Hipótese. O juiz pode entender, após homologar o auto, que a prisão não é
necessária, em tal hipótese, será concedida liberdade provisória, com ou sem o
pagamento de fiança (art. 310, III, CPP).

2.5) Questões complementares:

a) Nos crimes de ação privada e de ação pública condicionada, a lavratura do auto


depende da manifestação de vontade do legítimo interessado.

b) Crimes permanentes: De acordo com o art. 303 do CPP, a prisão em flagrante é


cabível a qualquer tempo enquanto perdurar a permanência.

Advertência: Para o STF no julgamento do RE 603.616/RO, de relatoria


de Gilmar Mendes, a invasão domiciliar PARA A CONCRETIZAÇÃO DO
FLAGRANTE depende de prévios indícios idôneos que justifiquem a medida, já
que o ato não pode ser especulativo.

Se a invasão é especulativa, a prisão é ilegal e as provas são ilícitas.

c) Crimes Habituais: Para a doutrina majoritária não cabe flagrante em crime


habitual pela impossibilidade de aferição da habitualidade no momento do flagra. é
necessário que a conduta seja reiterada.

Advertência: Para Mirabete é possível o flagrante, desde que a polícia


diligencie para aferir a habitualidade previamente.
3) Prisão Preventiva

3.1) Conceito:

a) É uma prisão cautelar cabível


b) durante toda a persecução penal.

Conclusão: Ela é admitida no IP, no processo e diante da urgência, mesmo antes da


instauração formal da investigação.

c) decretada pelo Juiz mediante provocação, não podendo ser decretada de ofício.

Obs.1. A atual redação do art. 311 do CPP prestigia o sistema acusatório.


Obs.2. O art. 20 da Lei Maria da Penha (11.340/06) permite a decretação da
preventiva de ofício no IP e no processo. Para a doutrina majoritária, tal
dispositivo está devidamente filtrado, pois viola o sistema acusatório.

Obs.3. Legitimados a provocar o juiz:


- MP;
- Querelante;
- Delegado;
- Assistente de Acusação.

Conclusão: O assistente é a vítima ou os seus sucessores, que podem se habilitar


no processo para auxiliar o MP (arts. 268 ao 273, CPP)

d) SEM PRAZO
e) Desde que presentes os requisitos de admissibilidade.

2) Requisitos de Admissibilidade da preventiva:

2.1) Fumus commissi delicti (Fumaça da prática do delito):


- indícios de autoria;
- prova da materialidade

Advertência: O fummus commissi delicti é rotulado de justa causa para a


decretação da preventiva.

2.2) Periculum libertatis (Perigo da Liberdade). Ele nos entrega as hipóteses de


decretação da preventiva.

Obs.1. É necessário que existam indícios demonstrando que o estado de


liberdade do sujeito é um perigo (Art. 312, caput, CPP).

Obs.2. Hipóteses em espécie que autorizam a decretação da Preventiva.

a) Garantia da Ordem Pública. Temos as seguintes posições quanto ao seu


significado:

a.1) 1ª Posição. Para Rômulo Moreira e Aury Lopes Jr o fundamento não tem
respaldo constitucional, em razão de sua abstração (Posição Minoritária).
a.2) 2ª Posição. Para Nucci a ordem pública pode ser assim analisada:

I. Gravidade concreta do crime;

Advertência: Para o STF, a mera gravidade abstrata (quantidade de pena


máxima), não autoriza a decretação da prisão.

II. Perigosidade do agente;


III. Repercussão social do fato.
a.3) 3ª Posição. Para o STJ a ordem pública é equiparada à paz social, estando em
risco quando o sujeito em liberdade provavelmente continuará a delinquir.

b) Garantia da Ordem Econômica: Para a doutrina majoritária, almejamos que o


sujeito em liberdade não continue a praticar delitos contra a ordem econômica.

Advertência: Para Tourinho Filho, a ordem econômica é espécie do


gênero ordem pública.

c) Garantia da instrução criminal: Almejamos proteger a livre produção das provas.

d) Garantia de aplicação da lei penal


Obs.1. Almejamos coibir ou evitar a fuga.
Obs.2. Se a entrega do passaporte for suficiente, a preventiva não será decretada.
Obs.3. A ausência injustificada a ato da persecução não autoriza a preventiva em
suposição de fuga.
Obs.4. A mera condição econômica não é fundamento autônomo para a decretação da
preventiva em suposição de fuga.

e) Por ausência de identificação civil: A prisão persiste até a apresentação do


documento ou o esclarecimento da dúvida quanto à identidade.
Obs.1. Para Rômulo Moreira, em posição minoritária, tal argumento não tem
respaldo constitucional.
Obs.2. Parte da doutrina entende que aquele que não possui identificação civil
será identificado criminalmente, nos termos da Lei 12037/09. Caso a
identificação criminal não seja suficiente, a preventiva pode ser decretada.

f) Violência doméstica e familiar: O descumprimento da medida protetiva de


urgência, autoriza a decretação da prisão preventiva,
Obs.1. O descumprimento também provoca responsabilidade penal por crime
autônomo, previsto no artigo 24-A da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha).

Obs.2. A proteção abrange a mulher, o idoso, a criança, o adolescente, o enfermo


e a pessoa com deficiência.

g) Descumprimento de medida cautelar pessoal do art. 319, CPP.

Obs.: O juiz poderá adotar as seguintes soluções:


- substituir a medida por outra;
- cumular a medida com outra;
- decretar a preventiva (§4º, art. 282, CPP)

3 - Infrações que comportam preventiva (Art. 313, CPP):

3.1 - Regra Geral: A preventiva é admitida nos crimes dolosos com pena máxima
superior a 4 anos.

3.2. Exceção. Eventualmente a pena máxima é irrelevante para a decretação da


preventiva, vejamos:

a) Reincidente em crime doloso;


b) Descumprimento de medida protetiva de urgência na violência doméstica;
c) Ausência de identificação civil;
d) Descumprimento de medida cautelar pessoal do art. 319, CPP.

4) Questões Complementares

4.1. Preventiva X Excludentes de ilicitude: Havendo indícios da presença de


qualquer excludente de ilicitude (art. 23, CP), a preventiva não será decretada (art.
314, CPP)
4.2. Fundamentação do Mandado: Quando o juiz decreta a preventiva, estará
proferindo decisão interlocutória, exigindo-se motivação idônea (art. 93, IX, CF; art.
315, CPP).
Obs.1. Na motivação, deve o magistrado apontar os elementos novos ou
contemporâneos, que justifiquem o encarceramento (§ 1º, art. 315, CPP).

Obs.2. O §2º do art. 315 do CPP adota postura similar ao §1º do art. 489, CPC,
indicando quando a decisão judicial não está motivada.

Conclusão 1. Tal previsão é adotada para reger toda e qualquer decisão judicial,
independente do tema.

Conclusão 2. O vício na fundamentação é fato gerador de nulidade absoluta (art.


564, V, CPP).

Obs.3. Fundamentação “per relationem”: Ela revela o comportamento do juiz que


indica que as razões da decisão estão apontadas no requerimento da parte ou na
representação da autoridade policial.

Advertência: Em que pese as críticas da doutrina, tal proceder é aceito


na jurisprudência.

4.3. Execução provisória da pena: Não cabe a decretação da preventiva pela mera
instauração do IP, pelo oferecimento ou recebimento da denúncia, assim como para
antecipar os efeitos de uma eventual condenação (§2º, art. 313, CPP)

4.4. Tempo da Preventiva: Não há na lei prazo de duração da preventiva, que


persistirá no tempo diante da necessidade, aferida pela presença dos requisitos legais
(art. 316, CPP). Enquanto for necessária.
Obs.1. O projeto de Novo CPP que tramita no CN estabelece prazo, em conformidade
com a gravidade do crime.

Obs.2. Se os fundamentos da preventiva desaparecem, a medida será REVOGADA.


Se os fundamentos aparecerem novamente, a preventiva pode ser redecretada (art.
316, CPP).

Conclusão 2. A preventiva segue a cláusula “rebus sic stantibus” (o estado das


coisas).

Conclusão 2. A revogação e a redecretação podem ocorrer ex officio, diante da


literalidade do art. 316, CPP.

Obs.3. Direito ao não esquecimento: De acordo com o parágrafo único, 316, CPP, o
juiz deve remotivar a prisão a cada 90 dias, explicitando as razões da manutenção do
cárcere.

Conclusão 1. Para o STJ, cabe ao órgão decretante a obrigação de remotivação,


mesmo que o processo esteja em grau de recursos (STJ. HC 589.544, Rel. Min.
Laurita Vaz).

Conclusão 2. Para o Pleno do STF, diante do descumprimento do prazo, a


ilegalidade não é automática.

Conclusão 3. De acordo com o STJ, a obrigação de remotivação deve ser levada


em conta a partir da vigência do Pacote Anticrime (STJ. HC 577.541, Min. Felix
Fischer).

4.5. Substituição da preventiva por prisão domiciliar: De acordo com o art. 318,
CPP, por critérios essencialmente humanitários, a preventiva pode ser substituída por
prisão domiciliar.
Obs.1. A substituição pode ser cumulada com outras medidas cautelares pessoais, a
exemplo da tornozeleira eletrônica (Art. 318-C, CPP).

Obs.2. Quanto a substituição envolvendo o contexto das mulheres, temos as seguintes


restrições:

i. Crimes praticados com violência ou grave ameaça contra a pessoa;


ii. quando a vítima é o próprio filho ou dependente (art. 318-A, CPP).

Advertência: Para o STF, quando argumentos razoáveis justifiquem a


manutenção da preventiva, a substituição não ocorrerá.

5) PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei 7.960/89)

1. Conceito:
a) É uma prisão cautelar
b) Cabível exclusivamente na investigação

Conclusão 1. A temporária não é cabível na fase processual, sob pena de


manifesta ilegalidade.

Conclusão 2. De acordo com Marcellus Polastri Lima, em que pese a lei falar em
IP, a temporária pode ser decretada no curso das demais investigações criminais.

c) Decretada pelo juiz a requerimento do MP ou por representação da autoridade


investigante,

Obs.1: A decretação ex officio nunca foi tolerada.


Obs.2: O querelante e o assistente de acusação não foram contemplados como
legitimados a provocar o juiz, visto que estes aparecem durante a fase processual e a
temporária é cabível durante a investigação.
d) COM PRAZO
e) Desde que presentes os requisitos do art. 1º, Lei 7.960/89.

2. Requisitos
- Fumus Comissi Delicti. Está prevista no Inciso III
- Periculum Libertatis. Está simbolizado no Inciso I e/ou II.

Obs.: Eles estão contemplados no art. 1º da Lei 7960/89, vejamos:

I. Se for IMPRESCINDÍVEL ao Inquérito.


II. Se o sujeito não tem residência fixa ou identificação civil.
III. Havendo indícios de autoria ou de participação em ao menos um dos crimes
graves previstos em lei.

Obs. Pertinência:

a) 1ª Posição: A temporária é cabível nas estritas hipóteses do inciso III do art. 1º da


Lei 7960/89.
b) 2ª Posição: Parte da doutrina entende que devemos conjugar o inciso III, art. 1º,
Lei 7960/89 com o art. 1º, Lei 8072/90.

Obs.3. Conjugação de Incisos:

a) 1ª Posição: Inciso III + (I e/ou II) POSIÇÃO MAJORITÁRIA


b) 2ª Posição: Inciso III + I (sempre tem que ter os dois) / II (pode ou não estar
presente)
c) 3º Posição: Para Elmir Duclec a temporária é acometida por inconstitucionalidade
formal, pois decorre de medida provisória sem necessidade e urgência, assim como
por inconstitucionalidade material, já que os seus argumentos estão acomodados
dentro da preventiva.
3. Procedimento:

3.1. Estrutura:
a) 1º Passo. Provocação emanado do MP ou do Delegado.
b) 2º Passo. Cabe ao juiz decidir em 24 horas.

3.2. Questões Complementares:


a) Mandado prisional: O mandado é expedido em duas vias, sendo que uma delas é
entregue ao preso, funcionando como nota de culpa.

Conclusão: O mesmo ocorre com a prisão preventiva.

b) Prazo:

b.1) Crimes comuns: 5 + 5 dias.


b.1) Crimes hediondos e assemelhados: 30 + 30 dias.

Conclusão 1. A decretação e a prorrogação dependem de ordem do juiz, com


prévia oitiva do MP.
Conclusão 2. O mandado deve consignar o último dia do prazo (Art. 2º, §4º-A,
Lei 7960/89).
Conclusão 3. O dia da implementação do mandado entra na contagem (Art. 2º,
§8º, Lei 7960/89).
Conclusão 4. A temporária se auto revoga pelo decurso do tempo, sendo que a
libertação do sujeito independe de alvará de soltura (Art. 2º, §7º, Lei 7960/89).

Advertência: A temporária pode ser convertida em preventiva, desde


que presentes os requisitos do art. 312 do CPP e desde que o juiz seja provocado.

Advertência: A decretação da temporária tende a influenciar no tempo


para a conclusão do IP.

c) Postura do juiz: Para fiscalizar o bom andamento da prisão, o juiz poderá adotar
as seguintes medidas:

c.1) Determinar que o preso lhe seja apresentado;


c.2) Submeter o preso a exame de corpo de delito;
c.3) Requisitar informações ao delegado.

d) Separação do preso. Atualmente o art. 300 do CPP tem redação similar ao art. 3º
da Lei 7960/89, de forma que o preso cautelar DEVE ficar separado do preso
definitivo.

Advertência: De acordo com o art. 84 da LEP, entre os presos cautelares


teremos a seguinte tripartição:
i. Autores de crimes hediondos e assemelhados;
ii. Autores de crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa;
iii. Autores dos demais crimes e contravenções.

6) LIBERDADE PROVISÓRIA

1. Considerações Iniciais:

1.1. Comparativo Prisional:

a) Prisão em flagrante:
a.1) Prisão Ilegal: Relaxamento (art. 310, I, CPP)
a.2.) Prisão legal: Liberdade provisória (Art. 310, III, CPP).

b) Prisão Preventiva:
b.1) Prisão ilegal: Relaxamento.
b.2) Prisão legal: Revogação (art. 316, CPP).

c) Prisão Temporária:
c.1) Prisão ilegal: Relaxamento.
c.2) Prisão legal: Ela se auto revoga pelo decurso do tempo, sendo que a libertação
independe de alvará de soltura.
Conclusão: Nada impede que o defensor requeira a revogação antes do decurso
do prazo.

Advertência: O relaxamento, a revogação ou a liberdade provisória


podem ser pleiteados em petição simples endereçada ao juiz responsável pelo
cárcere. Em outro giro, esse juiz pode ser apontado como autoridade coatora,
impetrando-se um HC no Tribunal.

1.2. Conceito de Liberdade Provisória: É o instituto positivado no art. 5º, LXVI,


CF, traduzido em um direito de permanecer em liberdade, mesmo após a autuação
em flagrante legal, ao constatarmos que a manutenção no cárcere não é necessária,
podendo contar com o pagamento (ou não) de fiança.

1.3. Modalidades de liberdade provisória. De acordo com o Art. 5º, LXVI, CF, o
instituto da liberdade provisória é o gênero, de onde encontramos as seguintes
espécies:
a) Liberdade provisória sem fiança;
b) Liberdade provisória mediante fiança.

2. Liberdade Provisória SEM FIANÇA

2.1. Conceito: É o direito de permanecer em liberdade, mesmo capturado em


flagrante legalmente, dispensando-se implementação financeira, e desde que a
manutenção da prisão não seja necessária.
2.2. Hipóteses de cabimento:
a) 1ª Hipótese: Tem direito ao instituto o sujeito que agiu amparado por qualquer
excludente de ilicitude (art. 310, §1º, CPP).
Obs.1. O sujeito será compromissado a comparecer a todos os termos da persecução
penal.
Obs.2. O juiz poderá ainda aplicar outras medidas cautelares pessoais em cumulação
(art. 319, CPP).

b) 2ª Hipótese: Tem direito ao instituto o sujeito que não preenche os requisitos da


preventiva (Art. 321, CPP).
Obs.: O juiz poderá impor cumulativamente outras medidas cautelares pessoais (art.
319, CPP).

2.3. Crimes Graves. A CF no artigo 5º, incisos XLII, XLII e XLIV promoveu a
vedação da FIANÇA aos seguintes crimes:
a) Racismo.

Advertência: O STJ entende que a injúria com conotação


discriminatória é também inafiançável.

b) Crimes hediondos e assemelhados;


c) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
estado democrático de direito.

Advertência: Em que pese inafiançáveis, a CF não vedou liberdade


provisória sem fiança. Por consequência, o STF declarou a inconstitucionalidade de
leis ordinárias que promoveram a vedação peremptória ao instituto da liberdade
provisória, por representar ofensa à separação de poderes.
Advertência: O §2º do art. 310 do CPP, inserido pelo Pacote Anti Crime, em
previsão de duvidosa constitucionalidade, veda peremptoriamente liberdade
provisória nas seguintes situações:

i. Reincidente;
ii. Integrante de organização criminosa armada e milícia;
iii. Portador de arma de fogo de uso restrito.

3. Liberdade Provisória MEDIANTE FIANÇA

3.1. Conceito: É garantia real. É o direito de permanecer livre mesmo capturado em


flagrante legalmente, desde que promovida a implementação financeira e atendidas as
obrigações dos artigos 327, 328 e 341, CPP.

Obs.: Etimologicamente a palavra “fiança” decorre de “fidare”, significando a


confiança da palavra. Todavia, na atual disciplina do Código, a fiança é uma
expressão de “cavere”, significando uma garantia real, simbolizada em um caução ou
em hipoteca, desde que registrada em primeiro lugar.

3.2. Legitimidade:

3.2.1) Legitimidade para pagar: Qualquer pessoa.

3.2.2) Legitimidade para arbitrar:

i. Delegado: Ele é legitimado nos crimes com pena máxima de até 4 anos (art. 322,
CPP).
ii. Juiz: Ele é legitimado nas hipóteses do delegado e é o único responsável quando a
pena máxima é superior a 4 anos.
Advertência: O juiz tem 48 horas para deliberar.

3.4. Hipóteses de Cabimento. O legislador aponta as restrições ao instituto da fiança.


Logo, se o sujeito não estiver enquadrado, ele tem direito ao arbitramento.

3.4.1. Restrições Constitucionais:

a) Racismo (Art. 5º, LXII, CF);


b) Crimes hediondos e assemelhados (Art. 5º, XLII, CF)
c) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
estado democrático de direito (art. 5°, XLIV, CF).

Advertência: Elas estão repetidas no art. 323, CPP.

Advertência: Em que pese inafiançáveis, admitimos liberdade provisória


sem fiança.

3.4.2. Restrições Infraconstitucionais (Art. 324, CPP):

a) Na prisão civil ou militar.


b) Para o sujeito que quebrou o instituto.

Conclusão: A quebra representa uma sanção pelo descumprimento de qualquer das


obrigações dos artigos 327, 328 e 341 do CPP. Logo, naquela persecução penal, não
caberá fiança novamente.

c) Se o sujeito preencher os requisitos da prisão preventiva.

Advertência: Vale lembrar que o §2º do art. 310 do CPP promoveu uma
vedação peremptória ao instituto da liberdade provisória, o que engloba a LP
mediante fiança nas seguintes hipóteses:
i. Reincidente;
ii. Integrante de organização criminosa armada ou milícia;
iii. Portador de arma de fogo de uso restrito.

3.5. Destinação dos valores:

a) Absolvição: Com trânsito em julgado, teremos a devolução corrigida.


b) Condenação: Com o trânsito em julgado, os valores seguem adimplindo os
seguintes compromisso:
b.1) Indenização da vítima;
b.2) Pagamento de custas;
b.3) Pagamento de multa;
b.4) Pagamento de eventual obrigação pecuniária;
b.5) O valor remanescente deve ser devolvido.

3.6. Quebra da Fiança

I. Conceito: É a sanção judicialmente imposta pelo descumprimento de qualquer das


obrigações pelo afiançado.

II. Consequências:
a) Decretação da preventiva;
b) Naquela mesma persecução não caberá fiança novamente.
c) 50% do valor será destinado ao Fundo Federal.

III. Sistema Recursal: A decisão de quebra é desafiada por recursos em sentido


estrito (art. 581, VII, CPP).
Conclusão: Esse recurso tem efeito suspensivo limitado, obstando a imediata
remessa dos valores ao Fundo Federal. Todavia, não impede o cumprimento do
mandado de prisão preventiva.
3.7. Perda da Fiança

I. Conceito: Ela ocorre quando o sujeito empreende fuga após o trânsito em julgado
da condenação, frustrando a início do cumprimento da pena.
II. Consequência: 100% do valor remanescente será destinado ao Fundo Federal.
III. Sistema Recursal: A decisão é desafiada pelo RESE (art. 581, VII, CPP).
Conclusão: Tal recurso tem efeito suspensivo limitado, obstando a imediata
remessa do valor ao Fundo Federal.

3.8. Cassação da Fiança

I. Conceito. É a reversão da concessão da fiança ao detectarmos que a mesma não é


cabível no caso concreto.

II. Hipóteses de Cassação:


a) Arbitramento da fiança em crime inafiançável;
b) Alteração na tipificação do delito, chegando-se a conclusão de que diante de novo
tipo penal não cabe fiança, o que pode ocorrer mediante aditamento da denúncia no
transcorrer do processo ou de mutatio libelli.

III. Consequências:
a) Decretação da preventiva (mediante provocação);
b) Devolução do valor caucionado,

IV. Sistema Recursal: A decisão da cassação é desafiada por meio de RESE (Art.
581, V, CPP).

V) Arbitramento da Fiança: Os parâmetros para o arbitramento são apresentados


nos arts. 325 e 326 do CPP.

3.10. Reforço.
Conceito: Significa a necessidade do incremento do valor caucionado, para que
corresponda ao quantitativo de fiança correspondente.

3.11. Hipóteses de Reforço

i. Depreciação do bem dado em garantia;


ii. Alteração na tipificação do delito, de modo que o quantitativo de pena aumenta,
exigindo-se o recálculo da fiança.

3.12. Consequências do Não Reforço.


a) Decretação da prisão diante do reconhecimento de que a fiança é tornada sem
efeito.
b) O bem dado em garantia será devolvido.

3.13. Sistema Recursal. A decisão da cassação é desafiada por meio de RESE (Art.
581, V, CPP).

Obs.: Se o bem dado em garantia, ao invés de depreciação, sofrer valorização,


poderá ser requerida à autoridade a substituição do bem caucionada por outro.

3.14. Dispensa da Fiança.

– Diante da condição de pobreza, o juiz poderá dispensar o sujeito do pagamento da


fiança, compromissando-o a todas as obrigações legais (art. 350 do CPP).
– Pobre é aquele que não tem condições de pagar a fiança sem prejuízo do próprio
sustento ou do sustento da família.
- Não se pode confundir pobre com miserável, aquele que vive abaixo da linha da
pobreza, atualmente os que vivem com menos de três dólares por dia. Evidentemente,
o miserável também pode ser dispensado do pagamento da fiança.
- A condição de pobreza pode ser demonstrada por qualquer meio de prova admitida,
como contracheque ou holerite e até mesmo pode ser atestada pelo delegado
(conforme art. 32 do CPP).
Aula 06 - Lei de Abuso de Autoridade (13.869/19)
Prof. Geilza Diniz

Legislação anterior - Lei nº 4.898/65


Não há mais direito de representação por parte da vítima
Ainda adota conceitos indeterminados
Tríplice responsabilização do agente: cível, penal e administrativa.

Resumo

1. Não tem crime culposo


Dolo: É elemento subjetivo do tipo
Culpa: É elemento normativo do tipo

2. Não tem pena de reclusão


3. Todas as penas são de detenção e multa
4. Ação Penal Pública Incondicionada

Condições para imputar o abuso de autoridade: finalidade específica de prejudicar


outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal.
Principais Condutas Delitivas

1. Não comunicar a prisão de alguém ao juiz ou família


2. Prolongar a prisão sem motivo
3. Não se identificar como policial durante a captura ou interrogatório
4. Procrastinar investigação
5. Atribuir culpa publicamente antes da formalização da acusação
6. Decretar condução coercitiva sem prévia intimação
7. Constranger preso a se exibir para curiosidade pública
8. Manter presos de sexos diferentes na mesma cela
9. Manter menor de idade na mesma cela com maior de idade

Parte Geral (1º ao 8º)

- Disposições Gerais
- Sujeitos
- Ação Penal
- Penas
- Sanções

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público,
servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do
poder que lhe tenha sido atribuído.

§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando


praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si
mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura
abuso de autoridade.

● Previsão apenas de crimes dolosos e não culposos


● Exigência de dolo específico
● Dolo específico com intenção de abusar:
- Prejudicar outra pessoa
- Beneficiar a si mesmo ou a terceiro
- Mero capricho
- Satisfação pessoal
● Inexistência do chamado crime de hermenêutica previsto na proposta original (Art. 1º,
§ 2º).

Dos Sujeitos do Crime

É um rol meramente exemplificativo, podendo ser ampliado.

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou
não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se
limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. Conceito de agente
público.
Aula 07 - Abuso de Autoridade (13.869/19)
Prof. Geilza Diniz

Servidor aposentado -> Prevalece o entendimento de que não pode cometer crime de abuso
de autoridade.
Particular -> Responde em caráter excepcional, quando houver concurso de agentes e ele
souber da condição.
Art. 30, CP. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.

Da Ação Penal

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a
todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Não cabe em caso de arquivamento, ou pedido de novas diligências.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em
que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. Prazo decadencial impróprio.

Consequências
- IP pode ser instaurado de ofício, requisição do Juiz ou MP ou a requerimento da
vítima.
- Não depende de manifestação da vítima
- Titular: MP
- Peça: Denúncia

Dos Efeitos da Condenação

Art. 4º São efeitos da condenação:


I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; Primeira parte é um
paralelo com o art. 63, CPP. Na segunda parte o juíz é o juiz criminal (condenação).

II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1


(um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.

Reparação dos danos


Formação de título executivo judicial - automático
Fixação de valor mínimo pelo juiz criminal - não automático
Inabilitação para o exercício do cargo
Período de até anos e pode haver a perda do cargo
Efeito não automático
Juiz deve motivar a decisão e o “quantum”.
Reincidência específica

Aula 08 - Abuso de Autoridade (13.869/19)


Prof. Geilza Diniz

Das Penas Restritivas de Direitos

Não aplica o artigo 43 do CP.

Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas


nesta Lei são:
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6
(seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou
cumulativamente.

Pena privativa de liberdade


Pena restritiva de direitos
Multa
Regras do CP
Por mero capricho

Das Sanções de Natureza Civil e Administrativa

Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de
natureza civil ou administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional
serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração.

Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se


podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões
tenham sido decididas no juízo criminal.

Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a


sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima
defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Independência das instâncias (Exceção)


Possibilidades de cumulação.

DOS CRIMES E DAS PENAS


Art. 9º. Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as
hipóteses legais:
Pena: detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Aqui o sujeito ativo não é apenas a autoridade judiciária.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo
razoável, deixar de: Conduta omissiva
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade
provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.’

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente


descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:
Obs.: 260, CPP e ADF 395 e 440
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária


no prazo legal:

Ler junto com o 306, CPP. É uma comunicação imediata.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à


autoridade judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa,
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão
preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e
excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de
promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.

Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de
sua capacidade de resistência, a:

I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;


II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - (VETADO).
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: “Nemo Tenetur se Detegere”

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à
violência.

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: Ex.: Padre
proibido de depor (207, CPP) Exceção: Desobrigado pela parte interessada e Se quiser.

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:

I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou


II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a
presença de seu patrono.

Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha de crimes violentos a


procedimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem estrita
necessidade:
I - a situação de violência; ou
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima de crimes violentos, gerando
indevida revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando indevida
revitimização, aplica-se a pena em dobro.

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua
captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em
sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou
atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno,
salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar
declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade


judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de
sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da


demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para
decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu
advogado:

Art. 185, § 5º, CPP.


Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado
de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo
razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se
durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por
videoconferência.

Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou
adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o
disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do


ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições,
sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou
suas dependências;
II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou
antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados
indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou
de desastre.

Busca e Apreensão
Art. 5º, XI, CF
Regra Geral: Mandado Judicial. DEvendo acontecer das 5h às 21h
Exceção: Flagrante, Desastre ou Socorro. Se o dono do imóvel autorizar (Consentimento).

Art. 245, CPP. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir
que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o
mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
COM MANDADO.

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o


estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de
diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar
o curso da investigação, da diligência ou do processo.

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de


instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha
ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à


violência.

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização,


por meio manifestamente ilícito:
Alguns direitos previstos no CPP se não observados, configuram crime na Lei 13.869/19.

Art. 157, CPP.


Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Provas no CPP

Regra Geral: Liberdade dos meios de prova.

Exceção: Vedação das provas ilícitas.

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração


penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de
crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar
sumária, devidamente justificada.

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do
investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou
administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. (VETADO).

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do
investigado ou fiscalizado: Engavetar o processo.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou
conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do
investigado ou do fiscalizado.

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento
investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de
cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a
realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível:

SV 14

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de


não fazer, sem expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou
invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter
vantagem ou privilégio indevido.

Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia


que extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha
requerido vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar
o julgamento:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive
rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:
(Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

PENAS
Detenção e Multa
6 meses a 2 anos e multa.
1 a 4 anos e multa.
Processo Penal ÁGUIMON / CEISC 26/02/2019

Inquérito Policial

1. Características do IP: O IP possui inúmeras características, são elas:

a) Escrito: Art. 9º, CPP e Art. 405,§1º, CPP.


Por se tratar de um procedimento formal o IP deve ser escrito, não obstante a reforma
de 2008 ter possibilitado a sua confecção por meio magnético, conforme artigos 9º e
405, § 1º, CPP.

b) Oficioso: O IP é oficioso porque a autoridade oficial deverá instaurar o IP de ofício


quando se tratar de ação penal pública incondicionada. Art. 5º, I, CPP e art. 17 DC
3688/41.
Obs.: Quando se tratar de A.P. Pública condicionada, ou de A.P. Privada o delegado
NÃO poderá instaurar o IP sem a manifestação expressa da vítima,ou de seus
sucessores, ou do Ministro da Justiça. Art. 5º, §4º e §5º.

c) Oficial: Autoridade Policial


O IP deverá ser presidido pelo delegado de polícia, conforme regra a lei 12.830/13

d) Temporário: Tem prazo para terminar.

- Art. 10, CPP


(i) Investigado Preso -> 10 DIAS
(ii) Investigado Solto -> 30 DIAS

O IP tem prazo certo para ser concluído quando o investigado estiver recolhido ao
cárcere, isto é, 10 dias, porém se estiver solto, o prazo será de 30 dias.

Obs. 1: O STJ decidiu que em caso de investigado solto o prazo poderá ser mais
dilatado, contudo de forma razoável.

Obs. 2: Outros prazos dispostos em leis especiais:

(i) Art. 51 Lei 11.343/06 (Lei de Drogas)


30 DIAS (PRESO)
90 DIAS (SOLTO)

(ii) Art. 20 D.L 1.002/69 (IPM)


20 DIAS (PRESO)
40 DIAS (SOLTO)

(iii) Art. 66 Lei 5.010/66 (PF)


15 + 15 DIAS (PRESO)
30 DIAS (SOLTO)

(iv) Art. 10, §1ºLei 1.521/51 (Economia Popular)


10 DIAS (PRESO OU SOLTO)

e) Discricionário: No que toca a produção dos elementos informativos a autoridade


policial detém em juízo de conveniência e oportunidade para a produção do acervo
probatório. Art. 14, CPP.
Obs. 1: Quando se tratar de requerimento do investigado quanto ao exame de corpo
de delito o delegado estará obrigado.
Obs. 2: Conforme o art. 13, II, CPP, quando se tratar de requisição do MP ou do Juiz
o delegado deverá promover as diligências por se tratar de determinação legal. NÃO
SE TRATA DE HIERARQUIA.

f) Sigiloso: O IP é um procedimento cravado pelo sigilo para proteger as


investigações e os atributos pelo sigilo para proteger as investigações e os atributos da
personalidade da vítima e do investigado por uma questão de dignidade humana.

Obs. 1: O sigilo de segredo do IP não pode ser posto contra membro do MP, da
magistratura, da defensoria ou advogado constituído nos autos.
Obs. 2: O art. 7º, XIV da Lei 8.906/94 possibilita a qualquer advogado, mesmo sem
procuração, o acesso a qualquer IP, desde que não esteja em segredo de justiça.
Obs. 3: O STJ no RMS 49920/SP, decidiu recentemente que o estuprador não pode
ser beneficiado com o sigilo dos seus dados, pois seria um contra senso para com a
vítima.

g) Dispensável: O IP é totalmente prescindível para a ação penal, porque se o titular


da ação dispuser de elementos quanto a autoria e materialidade ele poderá oferecer a
peça acusatória.

h) Legal: Significa dizer que a autoridade policial deve atuar com observância dos
direitos e garantias constitucionais previstos na lei fundamental, pois do contrário ele
poderá ser responsabilizado pelo crime de abuso de autoridade.

i) Inquisitório: O IP é inquisitivo porque ele não observa os princípios da ampla


defesa e contraditório, tendo vista que o objetivo central é recolher elementos
informativos quanto a autoridade e materialidade da infração penal.

Obs. 1: Atentar para o artigo 7º XIV, da Lei 8.906/94 possibilita a qualquer advogado
contrapor-se aos elementos informativos.
Obs. 2: Quando se tratar de inquérito para extradição exige-se a observância dos
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

Obs.: DELEGADO NÃO PODERÁ ARQUIVAR INQUÉRITO POLICIAL.


Promotor irá requerer o arquivamento, mas somente o juiz determina o
arquivamento do IP.
Arquivamento: Art. 17, 18, CPP. Súmula 524, STF.
Juiz afirma que não é caso de arquivamento -> Manda para o PGJ -> Concordar
com o Arquivamento = Juiz tem que arquivar
Caso não concorde com o arquivamento = Designará outro órgão do MP para
oferecer a denúncia.

2. Indiciamento (Art. 2º Lei 12.830/13)


É a peça técnico jurídica confeccionada pelo delegado de polícia que tem como
objetivo identificar a materialidade e imputar o autor a autoria ou a participação a um
determinado indivíduo.

Obs. 1: Segundo o STF o delegado de polícia não possui competência para promover
o indiciamento de autoridade com prerrogativa de foro.

3. Ação Penal
É o direito que assiste o MP, a vítima, ou seu sucessor ou seu representante legal de
buscar a prestação jurisdicional por meio da aplicação do direito material ao caso
concreto.
No D.P as condições da ação podem ser genéricas e específicas.

Condições genéricas:

(i) Legitimidade Ad Causam


É a capacidade do indivíduo (autor) ou órgão de figurar no polo ativo ou
passivo (réu) de uma relação jurídica penal.
(ii) Interesse de agir:
Está baseado na identificação do trinômio utilidade, necessidade e
adequação da ação penal ao caso concreto, pois do contrário haverá desinteresse de
agir e por óbvio a ausência das condições da ação.

Condições Específicas:

(i) Existência de materialidade (Art. 13, CP)


(ii) Demonstração de autoria / participação (Arts. 18 e 29, CP)
(iii) Se a conduta do agente caracteriza infração penal
(iv) Não houver causa extintiva da punibilidade (Art. 107, CP)

4. Espécies de Ação
Divide-se em: Ação Penal Privada e Ação Penal Pública, nos termos do art. 100,
CP e 24, CPP.

A Ação Penal Pública divide-se em:


a) Incondicionada
b) Condicionada

A Ação Penal Privada divide-se em:


a) Propriamente dita
b) Personalíssima
c) Subsidiária da Pública

Ação Penal Pública


I. Incondicionada
É espécie de ação penal na qual o legislador elegeu alguns bens jurídicos de maior
relevância para serem protegidos pelo próprio Estado, isto significa que o MP atua de
ofício, conforme artigos 129, I, CF.
24, CPP
100, CP
257, I, CPP
228, ECA
17, LCP (DL 3688/41)
54, L. 11343/06
Será promovida por denúncia do Ministério Público – e não é preciso a autorização ou
representação de ninguém. O promotor de Justiça não tem um querer, mas um dever
de promover a denúncia.
- Quando o tipo penal silencia acerca da ação penal, esta será incondicionada.

II. Condicionada
É aquela que também é proposta pelo MP, todavia exige uma manifestação prévia do
Ministro da Justiça ou da vítima ou sucessor ou seu representante legal:
Se o ofendido for morto: CADI (Art. 24, §1º, CPP)
Art. 147, CP. (Ameaça)

Obs.: Requisição do MJ:


- É o suprimento legal de uma condição que possibilita a atuação do MP, porque sem
esta requisição não é possível oferecer denúncia, conforme art. 7º, III, CP, art. 141, 7
c/c 145, p.ú., CP.

Obs.: Representação
- É manifestação de vontade. É o suprimento legal realizado pela vítima ou por seu
sucessor ou representante legal para legitimar a atuação do MP, conforme art. 100, 2º,
CP, 24, CPP, 102, 103, CP, 31, 32, 33, 34, 38 e 39, CPP.

Natureza Jurídica:
É condição de procedibilidade, isto significa que o MP não poderá atuar sem o
preenchimento deste requisito.

Formalismo:
Segundo os Tribunais Superiores a representação não é um ato eminentemente formal,
ou seja, basta a vítima demonstrar que tem interesse na punição do agente que já é
suficiente.

Prazo (Art. 103, CP):


É de 6 meses contados do dia em que a vítima vier a saber quem é o autor do
fato, e por se tratar de prazo penal com natureza decadencial, ele não se interrompe e
nem se suspende, logo o transcurso deste prazo culmina em causa extintiva da
punibilidade.
Art. 38, CPP
103, CPP
10, CP
107, CPP
61, CPP

III. Retratação
É possível a retratação do ofendido desde que o faça antes do oferecimento da
denúncia, conforme art. 102, CP e 25, CPP.

Retratação da Retratação
Segundo o STJ é possível a retratação da retratação da representação desde que a
vítima atente-se para o prazo decadencial de 6 meses previsto no art. 103, CP e art.
38, CPP.

IV. Violência Doméstica


A Lei 11.340/06, cuida da violência doméstica e familiar contra a mulher prescreve
nos artigos 12, I e 16 o instituto da representação, que poderá ser objeto de
retratação perante o juízo da causa (art. 17) (Audiência específica para isso).
Pode se retratar até o recebimento da denúncia. No entanto, quando se tratar de
lesão corporal, mesmo que leve, o Supremo definiu que a Ação Penal é Pública
Incondicionada e que cabe qualquer benefício da Lei 9099/95. Juizado Especial
Estadual, ou Lei 10259/01, Juizado Especial Federal.
Súmulas 536 e 542, STJ.

5. Princípios

a) Obrigatoriedade
Se o MP dispuser de indício suficientes de autoria ou participação e materialidade e
estiverem presentes as condições da ação, os pressupostos processuais e existir justa
causa, o oferecimento da denúncia é obrigatório. Art. 395, CPP.

b) Indisponibilidade
Significa dizer que o MP não pode dispor da ação penal e nem do recurso que haja
interposto por expressa vedações dos artigos 42 e 576, CPP.
O MP poderá pedir absolvição.

c) Divisibilidade
A denúncia, nos crimes com concurso de agentes ou de delitos admite ser partilhada,
pois o STF firmou entendimento pela sua divisibilidade.

d) Oficialidade
Quer dizer que quando se tratar de A.P.Pública, o MP é o único órgão oficial para
oferecer denúncia. Art. 129, I, CF
24, CPP
46, CPP
257, CPP

6. Forma de Deflagração
A ação penal é deflagrada por meio de uma peça acusatória chamada denúncia, que se
o réu estiver preso deverá ser ofertada no prazo de 05 dias e, caso esteja solto, o prazo
será de 15 dias, nos termos do artigo 46, CPP e art. 1º da Lei 8038/90.

7. Ação Penal Privada


É a espécie de ação penal que pode ser proposta pelo ofendido ou seu sucessor ou seu
representante legal, nos casos em que a lei expressamente consignar que se processa
mediante ação penal privada. Art. 30, CPP.
Se o ofendido for morto: CADI.
Vai ajuizar mediante QUEIXA-CRIME. Art. 41, CPP.
Deve outorgar ao advogado procuração com poderes especiais Art. 44, CPP.
Expondo o fato criminoso.

a) Fundamento
Arts. 30, CP, 24, 29, 30, 31, 32, 36, 37, 38, 39, 44, 48/60, CPP.

Espécies:
a) Propriamente dita
É a espécie de ação penal que poderá ser proposta pela vítima, por seus representante
legal ou seu sucessor, nos crimes definidos pela própria norma penal.
Ex.: 138, 139, 140, 145, 163 e 167, CP.
(Calúnia, injúria (salvo quando resulta lesão corporal), difamação)

b) Personalíssima
É a modalidade de ação penal que a titularidade é tão somente (exclusiva) da própria
vítima, no caso do crime do artigo 236, CP. (Erro essencial)

c) Subsidiária da Pública
É a espécie de ação penal cabível em qualquer crime de ação penal pública quando o
MP não oferecer denúncia contra o infrator da norma no prazo legal, com fulcro nos
artigos 29, CPP e 5º, LXVII, CF.
Obs.: Segundo o STJ, o pedido de arquivamento do inquérito, NÃO caracteriza
inércia do MP.

PRINCÍPIOS
a) Conveniência ou oportunidade
Significa dizer que é facultado a vítima ou seu representante legal ou seu sucessor a
propositura ou não da ação penal privada.
b) Indivisibilidade
A ação penal privada quando houver concurso de agentes deve ser proposta contra
todos os acusados, pois do contrário ocorrerá a divisibilidade o que é vedado pelo
artigo 48, CPP.

c) Disponibilidade
Significa dizer que a vítima ou seus legitimados podem dispor da ação penal por meio
da renúncia, do perdão ou até se omitindo na prática de algum ato judicial (perempção
-art. 107, IV e 61, CPP) Artigos 49/60, CPP. O ofendido poderá perdoar o ofensor.

Formas de Deflagração
A A.P.Privada é iniciada por meio de uma peça jurídica denominada queixa-crime,
que deve ser confeccionada com base nos requisitos legais, inclusive quanto a
gratuidade de justiça. Artigos 41, 44, 395, 17, 32, CPP. 98/98, CPC. 1060/50.

Prazo
Também é de 6 meses a contar da ciência da autoria do fato. Art. 38, CPP e 103, CP.

8. Ação Civil Ex-Delicta


a) Conceito: É a espécie de ação ajuizada pela vítima ou seus legitimados com a
finalidade de obter uma reparação pecuniária do autor do fato criminoso pela infração
penal perpetrada;
b) Fundamento: Arts.: 1º, III, CF, 5º, V, CF, 163, 138, CP, 186 E 1878, CC, 927, 940,
944, CCm 63, 68, CPP.
c) Competência: Por se tratar de ação reparatória (Art. 935, CC) de dano material ou
moral a competência é do juízo cível para a execução da sentença penal condenatória.
d) Excludente: A sentença que absolveu o acusado com base em excludente de
ilicitude, previstas no art. 23, CP, faz coisa julgada no juízo cível, conforme art. 65,
CPP.
e) MP x DP - Art. 68, CPP: O art. 68, CPP, legitima o MP a propor ação civil
Ex-Delicto quando a vítima for pobre. Para o STF isto deverá permanecer até que
todas as cidades possuam defensoria pública, portanto seria a única legitimada como
órgão estatal.

9. Competência
a) Conceito: A competência não se confunde com a jurisdição segundo interpretação
do próprio Supremo, motivo porque se pode definir a competência como sendo o
limite do exercício da própria jurisdição.
b) Espécies: A competência divide-se em absoluta e relativa;
A Justiça pode ser Especial: Militar / Eleitoral
Comum: Federal/ Estadual
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
- Crimes Político é competência da Justiça Federal.
- Crime em detrimento de interesse, serviço, ou bens da União, Autarquias,
Empresas Públicas ou Fundação Pública, são de competência da Justiça Federal.
Já no caso de SEM, esta será julgado na justiça estadual. Súmula 42, STJ.
- Súmula 122, STJ
- Contravenção Penal é da Justiça Estadual, ainda que envolva interesse, serviço
ou bens da União, Autarquias, Empresas Públicas ou Fundação Pública. Súmula
38, STJ, Art. 109, IV, CF/88!
- Se praticado por funcionário público? Se este praticou delito ou se foi vítima, será
da JF se o crime estiver relacionado em razão da função que ele exerce. Súmula 147,
STJ.
- Todo crime que envolve crimes internacionais, tudo pertence a Justiça Federal.
Art. 109, V, CF.

Competência Territorial: Art. 70, CPP -> Local da Consumação. Teoria do


Resultado.
Crime Dolosos contra à vida: Art. 74, §1º, CPP. Competência do Júri.
Art. 78, I, CPP.
3:00:00 PROVA
I. Competência Absoluta: É definida em razão da matéria e em razão da função, cuja
violação é causa de nulidade absoluta, nos limites do art. 564, CPP, são elas:
I.1. Em razão da Matéria: É a competência que se define pela natureza da infração
conforme disposto no art. 69, III, CP.
I.2. Em Razão da Função: É a competência que se define pelo exercício do cargo ou
função do agente e jamais pela pessoa, pois neste caso haveria violação do princípio
da igualdade. Aqui a prerrogativa é de foro pelo cargo do agente.

10. PROVAS - Art. 155, CPP

Via de regra o juiz não pode buscar decisão somente com elementos informativos
colhidos na investigação.

a) Cautelares: São as provas produzidas na fase inquisitorial ou até na ação


penal que tem como finalidade evitar o desaparecimento de vestígios da
infração, cujo contraditório será realizado posteriormente (diferido ou
postergado) para evitar nulidades no conjunto probatório. Art. 3º, I, Lei
9296/96 / 240, “e” e “h”, CPP.
b) Antecipadas: São aquelas produzidas em razão da urgência e relevância,
mesmo que antes do momento adequado, mas para evitar prejuízo a ação
penal, porém com observância à ampla defesa e do contraditório. Esta espécie
ocorre muito em caso de citação por edital em que o transcurso do prazo pode
ocasionar a perda do objeto probatório. Art. 225 e 366, CPP. Súmula 455,
STJ.
c) Não repetíveis: São aquelas que devem ser produzidas antes que ocorra o
desaparecimento ou destruição do objeto probatório, que ocorre via de regra
nas infrações penais que deixam vestígios (Não transeuntes) Arts. 158, 162
e 169, §2º, CPP.
I. Interrogatório (Art. 185/196, CPP): É o ato pelo qual o suspeito ou acusado
comparece a presença do delegado ou juiz para apresentar sua versão acerca dos fatos
que lhe são imputados, e neste ato exercerá a sua autodefesa por meio do direito de
presença e do silêncio.
Obs.: Reinterrogatório: É possível o reinterrogatório do acusado, inclusive em grau
de apelação na forma do art. 196, CPP, e 616, CPP.
Obs.: Fase do Interrogatório: É composto de duas fases, a saber:
a) Quanto a pessoa do acusado: Neste caso ele estará obrigado a responder às
indagações exclusivamente quanto a sua pessoa;
b) Quanto ao fato: No que toca ao fato criminoso o acusado poderá exercer o seu
direito constitucional do silêncio. Princípio nemo tenutur se detegere.
Obs.: Videoconferência (Art. 185, CPP): É possível a realização de interrogatório
do acusado por meio de videoconferência, desde que em decisão motivada, com
intimação prévia de 10 dias das partes e de que seja garantido o direito de 2
defensores se o acusado estiver preso. L. 11.900/09. Também é possível a
realização de depoimento de testemunha por meio de videoconferência no caso de
ela residir fora do juízo processante, conforme artigo 222, §3º, CPP.

II. Confissão: É o meio pelo qual o próprio acusado relata ao delegado ou ao juiz a sua
efetiva participação na infração penal, e, quando entregar outros có-réus, este ato será
nominado de delação ou colaboração premiada. Art. 197/200, CPP.
Obs.: Conforme artigo 200 do CPP, a confissão é divisível e retratável e quando
utilizada pelo juiz deverá atenuar a pena. Art. 65, III, “d”, CP.

III. Ofendido: É a pessoa que sofreu diretamente o dano ou foi exposta a perigo em razão
da conduta criminosa do agente, que é nominado no direito penal de sujeito passivo
material; Art. 201, CPP.

IV. Testemunhas (Art. 202/225, CPP): São as pessoas que presenciaram a conduta
criminosa e que em juízo fará suas percepções sensitivas ou então aquelas que nada
sabem do fato mas que vão falar acerca do acusado (testemunha de beatificação /
canonização)
- O sistema de inquirição das testemunhas é o da pergunta direta e cruzada pelas
partes. Art. 212, CPP.
- A testemunha poderá conduzida coercitivamente e em caso de não comparecimento
injustificado, sofrer sanção pecuniária (multa).
V. Acareação: Acarear é o ato de confrontar entre si as pessoas participantes da ação
penal - vitima, testemunha e réu, quando houver divergências em seus depoimentos.
Art. 229 e 230, CPP.
VI. Descoberta inevitável ou fonte independente: Significa dizer que a colheita da
prova que seguiu os trâmites regulares e de praxe não será contaminada por eventual
prova ilícita e por tal razão será considerada válida para o processo penal.Art. 157,
§2º, CPP.
VII. Objeto da Prova: No processo penal busca-se provar fatos que tenham relação direta
com a infração penal, contudo há alguns que independem de provas, são eles:
a) Fatos axiomáticos ou intuitivos: São aqueles que podem ser concluídos por mera
intuição do espectador, dispensando provas mais minuciosas.
b) Fatos Notórios: São aqueles de conhecimento amplo de toda a sociedade, motivo
porque não necessitam de serem provados nos autos.
c) Fatos inúteis: São aqueles considerados irrelevantes para a decisão da causa, logo
são totalmente dispensáveis.
d) Fatos incontroversos: No Processo Penal não é possível a confissão por revelia ou
por ausência de impugnação direta dos fatos alegados pela acusação. como ocorre no
processo civil, (Arts. 374, III, CPC), porque é ônus exclusivo da acusação a
produção da prova acerca da materialidade e da autoria da infração penal. Mesmo
com a confissão do acusado é imprescindível a produção de outros provas. Arts. 156,
194, 200 e 367, CPP.

VIII. Presunções Legais


Presunções jure et de jure -> Absoluta (Não admite prova em contrário, arts. 27,
CP, 2º, ECA, 5º, CC, 217-A, CP e Súmula 593, STF.
Presunções juris tantum -> Relativa (Se admite prova em contrário, arts. 26, CP,
96, CPP.
São as que decorrem da própria lei.
IX. Sistema de Prova (Sistema do Livre Convencimento Motivado ou Persuasão
Racional): É o sistema adotado como regra no Brasil. Significa que o juiz formará
sua convicção pela livre apreciação das provas produzidas sob o manto da ampla
defesa e do contraditório, não podendo basear sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos no IP, com exceção das provas cautelares,
antecipadas ou não repetidas.

X. Prova Emprestada: É admissível no PP. É aquela produzida em um processo e que é


levada a outro pela via documental que tem como condição a existência de
identidade de partes e observância do contraditório e ampla defesa, motivo pelo
qual não se admite prova emprestada no inquérito policial.

XI. Prova Ilícita: É aquela que viola a constituição ou Lei infraconstitucional, razão
porque é inadmissível no PP, cuja consequência é o desentranhamento dos autos,
porquanto inservíveis. Art. 5º, LVI, CF, 157, CPP.
Obs.: A prova ilícita poderá ser utilizada exclusivamente em favor do réu nos limites
do exercício do direito de defesa, conforme interpretação do STF.
Obs.: Teoria dos frutos da árvore envenenada: é uma teoria americana adotada no
Brasil segundo a qual havendo veneno no tronco isto se transmitirá para todos os seus
frutos, o que denota que são inadmissíveis para o processo.

a) Prova ilícita por derivação: É aquela decorrente de uma prova colhida com
inobservância das garantias constitucionais e legais, e por isso Não são admissíveis no
CPP, porque a prova original fora contaminada. Ex.: Art. 5º, XI, CF e 150, CP.

b) Prova ilegítima: Segundo a doutrina processual é aquela prova que fora colhida com
afronta a norma infraconstitucional de conteúdo processual, sem qualquer reflexo na
CF. Art. 159, CPP, Dois peritos, mas só teve um;

1. PRISÕES (Art. 282 a 350, CPP)


a) Conceito: É a restrição excepcional da liberdade do indivíduo em razão de flagrante
delito ou por ordem judicial devidamente fundamentada.
b) Espécies: A prisão pode nominada de prisão cautelar ou provisória e prisão pena
ou penal ou definitiva.
Prisão
a) Flagrante:
b) Preventiva:
c) Temporária:
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Artigo por Artigo


Prof. Nestor Távora

Art. 3º-A. Juiz das Garantias

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