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2. Princípios do Processo Penal

2.1. Princípio da Verdade Real:

- Juiz tem o dever de apurar como os fatos ocorreram na realidade

- Juiz não pode se conformar com a verdade formal

- Caso seja preciso, o Juiz deve determinar a produção de provas (art.


156, CPP).

Exceções: - impossibilidade de exibir prova no plenário do júri, sem


conhecimento da parte contrária (art. 479);

- inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos (art.


5º, LVI, CF).

2.2. Princípio da Obrigatoriedade (ou Legalidade)

- Constatada a prática de um crime que se apure mediante ação penal


pública, a autoridade policial é obrigada a instaurar o inquérito
policial.

- O mesmo ocorre com o Ministério Público.

- Não há poder discricionário.

- Contrário ao princípio da oportunidade (o órgão estatal tem a


faculdade de promover ou não a ação penal). Ex.: ação penal privada e
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pública condicionada à representação.

- Lei 9.099/95 – composição e transação – abrandamento do princípio.

2.3. Princípio do Impulso Oficial

- Deve agir ex officio.

- Proposta a ação penal (pública ou privada), o processo deve se


desenvolver de um ato processual a outro, de acordo com o
procedimento, até que a instância se finde.

- Impede a paralisação do processo pela inércia ou pela omissão das


partes.

2.4. Princípio da Indisponibilidade

- Atinge também a fase pré-processual (inquérito)

- Autoridade policial: * não pode deixar de investigar.

* não pode determinar o arquivamento.

* art. 17, Código de Processo Penal.

- Ministério Público: * não pode desistir da ação penal (art. 42, CPP).

* ação penal pública pertence ao Estado e não ao


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M.P.

* não pode desistir do recurso interposto (art. 576,


CPP).

- Fiscal deste princípio: JUIZ

Exceções: 1. Ação penal privada: perdão, desistência, renúncia...

2. Ação penal pública condicionada: retratação (art. 25,


CPP).

Lei 9.099/95: * autonomia de vontade, sempre sob o controle do


Judiciário

* expressamente autorizado pela CF (art. 98, I).

2.5. Princípio da Publicidade

- Os atos processuais são públicos (art. 93, IX, CF e art. 792, CPP).

- Regra geral: publicidade absoluta – podem ser assistidos por


qualquer pessoa.

- Exceção: publicidade especial/restrita – restrita aos sujeitos da


relação processual – art. 792, § 1º, CPP.

- No inquérito, não vige: * pela natureza inquisitiva

* pelo sigilo necessário (art. 20, CPP)


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2.6. Princípio da Iniciativa das Partes

- Ne procedat judex ex officio – o juiz não pode dar início ao processo


sem a provocação da parte.

- Crime de ação pública: Estado-Administração, através do M.P., deve


levar ao conhecimento do juiz (art. 24, CPP).

- Crime de ação privada: cabe ao ofendido (art. 30, CPP).

- Obs.: art. 26, CPP – revogado pela CF, art. 129, I – titularidade
exclusiva do MP.

2.7. Princípio da Correlação entre Acusação e Sentença

- Ne eat judex ultra petita partium.

- O juiz não pode decidir sobre o que não foi pedido.

- A sentença deve estar restrita aos limites da denúncia.

- Ex: denúncia de furto – ocorreu estupro – não há condenação.

- Hipóteses: 1.) MP descreve estupro e classifica como furto.

Solução: Juiz pode condenar por estupro (emendatio libelli)

2.) MP imputa sedução – descobre que houve estupro.


Solução: art. 384, CPP (mutatio libelli).
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- Visa garantir o devido processo legal e a ampla defesa.

2.8. Princípio da Presunção de Inocência

- Toda pessoa se presume inocente até que tenha sido declarada


culpada.

- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (art. 9º)

- Declaração Americana de Direitos e Deveres (art. 26)

- Declaração Universal dos Direitos Humanos (art. 11)

- CF: estado de inocência (art. 5º, LVII)

- como regra de tratamento: não considerar o acusado como culpado


antes da sentença definitiva (ex.: uso de algemas em audiência).

- confronto com a liberdade de imprensa: (Carnelutti)

- Garantias dadas pelo princípio:

a) restrição à liberdade somente como medida cautelar e extrema;

b) réu não deve provar sua inocência; é o acusador quem deve provar
sua culpa;

c) se houver dúvida sobre a culpa, absolve-se (in dubio pro reo).


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2.9. Princípio do Juiz Natural

- O autor do fato ilícito só pode ser processado e julgado por órgão


competente previamente determinado pela lei.

- Art. 5º, XXXVII e LIII.

- Atribuição de competência: arts. 92 a 126, CF.

- Ocorrido o fato, não pode a lei criar órgãos jurisdicionais nem designar
magistrados especiais para julgá-los.

2.10. Princípio do Favor Rei

- Conflito entre o jus puniendi (Estado) e o jus libertatis (acusado),


prevalece o último.

- Na dúvida, sempre a favor do réu.

- Ex.: art. 386, VII, CPP.

2.11. Princípio do Devido Processo Legal

- Art. 5º, LIV, da CF.

- Ninguém pode ser punido sem o devido processo.

- Expressão maior das garantias fundamentais.


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- Garantias: * presunção de inocência

* art. 5º, LVII, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV, LXVI e LXVII
da CF.

- Enfim, visa garantir o contraditório e a ampla defesa.

CONTRADITÓRIO:

- Art. 5º, LV, Constituição da República.

- A defesa não pode sofrer restrições.

- Contraditório = bilateralidade = igualdade entre as partes.

- Não é a discussão que se trava no processo, é a igualdade de


oportunidade, de tratamento.

- Princípio auditur et altera pars: a parte contrária também deve ser


ouvida.

- Decorre do contraditório: * princípio da igualdade entre as partes

* princípio da liberdade processual


(faculdade de escolher advogado, indicar
provas...)

- O réu deve conhecer da imputação para poder contrariá-la.

- Exemplos: * art. 261, CPP.


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* art. 263, CPP.

* citação do réu, ainda que por edital.

* notificação de todos os atos do processo.

* apresentação clara da acusação (art. 41, CPP).

- Desobediência ao contraditório: nulidade (art. 564, CPP).

- Não se aplica ao Inquérito Policial.

AMPLA DEFESA:

- Art. 5º, LV, CF.

- Garantias:

a) Defesa Técnica: participação de defensor, inscrito na OAB.

b) Autodefesa: no momento em que for ouvido pelo Juiz.

c) Defesa efetiva: nulidade por deficiência de defesa.

d) Qualquer meio de prova: até mesmo ilícitas.


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2.12. Princípio da Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meios


Ilícitos:

- Art. 5º, LVI, CF.

- Prova ilícita é aquela produzida em contrariedade a uma norma legal.

- Ex.: * busca e apreensão sem prévia autorização legal ou à noite.

* confissão mediante tortura.

* interceptação telefônica sem autorização judicial.

- Teoria dos “frutos da árvore envenenada”. Ex.: confissão mediante


tortura de onde está o produto do crime.

- Prova ilícita favorável ao acusado (?)

- Escutas telefônicas

- Princípio da proporcionalidade

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