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DIREITO PENAL II

Prof. Jordan Tomazelli Lemos


Advogado. Mestre em Direito Processual pela UFES.

E-mail
jordanlemos@professor.multivix.edu.br
Unidade IV:
Ação Penal
Instrumentalidade da
Ação Penal

A ação penal condenatória tem por finalidade apontar o


autor da prática de infração penal, fazendo com que o
Poder Judiciário analise os fatos por ele cometidos, que
deverão ser claramente narrados na peça inicial de
acusação, para que, ao final, se for condenado, seja aplicada
uma pena justa, isto é, proporcional ao mal por ele
produzido. GRECO, 2017, p. 850.
a) Interesse de agir
Quando existente causa extintiva da punibilidade (art. 107 do
CP).

Na teoria geral do processo há um suposto titular do direito


subjetivo, que encontra resistência do polo passivo. Tal
resistência gera o interesse.

No processo penal não é possível aplicar sanção sem o


trâmite processual (autocomposição). Resta então apreciar se
há um mínimo de efetividade prevista (utilidade).
b) Legitimidade

Ativa: Estado por meio do MP (art. 129, I da CF). Exceção com


atuação subsidiária e com ação penal privada.

Passiva: princípio da instranscendência.


c) Possibilidade jurídica do pedido

Previsão no ordenamento jurídico do resultado pretendido.

A atipicidade do fato (narrativa que revela a causa de pedir)


ingressa nesta condição da ação.
e) Justa Causa
Lastro mínimo de prova (autoria e materialidade).

JARDIM, Afrânio Silva.


Direito processual
penal – Estudos e
pareceres, p 147-148.
Espécies de Ação Penal

Ação Penal Pública (regra, vide art. 100 do CP) x Ação Penal
Privada (diz respeito à iniciativa).
Ação Penal Pública
Princípios:

a) Obrigatoriedade – identificando fato típico, ilícito e culpável, MP tem o


DEVER de oferecer denúncia;

b) Oficialidade – a titularidade da ação penal é exercida por um órgão oficial,


art. 129, I da CF;

c) Indisponibilidade – após iniciada a ação penal, MP não pode


desistir/abandonar o processo (isso não impede o requerimento de
absolvição em alegações finais);

d) Indivisibilidade – se houver concurso de pessoas, deve ser oferecida


denúncia contra todos, não sendo possível escolher o réu;

e) Intrancendência – a legitimidade passiva é daquele que praticou a


conduta.
Ação Penal Pública Incondicionada

Art. 100 do CP: A ação penal é pública, salvo quando a lei


expressamente a declara privativa do ofendido.
Ação Penal Pública
Condicionada

Art. 24 do CPP: Nos crimes de ação pública, esta será


promovida por denúncia do Ministério Público, mas
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da
Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

Não demanda formalismo, vide art. 39 do CPP.


Representação
Prazo decadencial

Art. 103 do CP: Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido


decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce
dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a
saber quem é o autor do crime.

Retratação

Art. 102 do CP: A representação será irretratável, depois de


oferecida a denúncia.
Ação Penal Privada

Princípio da oportunidade: conveniência do ofendido, não há


obrigatoriedade na propositura de ação penal.

Princípio da disponibilidade;

Princípio da indivisibilidade (art. 48 do CPP): Tanto a renúncia


quanto o perdão devem ser manifestados em relação a todos os
autores do fato (vide arts. 49 e 51 do CPP), sob pena de rejeição da
queixa em razão de causa extintiva da punibilidade.
Ação Penal Privada

Decadência

Vide art. 103 do CP.


Ação Penal Privada
Renúncia (art. 104 do CP)

Ato unilateral. Só pode ocorrer antes do ajuizamento da ação.

Renunciando com relação a um, beneficiados estarão os outros


eventuais coautores, em homenagem à indivisibilidade da ação
penal privada. A punibilidade de todos se extingue.

Expressa ou tácita.
Ação Penal Privada

Perdão

Ocorre com a ação penal já iniciada e demanda aceitação do


querelado (ato bilateral). Expresso ou tácito.

Em razão da indivisibilidade da ação penal privada, desejando


perdoar um dos agressores, está o querelante abrindo oportunidade
para que todos os coautores dele se beneficiem. Entretanto, como o
perdão é bilateral, exigindo aceitação do querelado, é possível que
um coautor aceite e outro não, razão pela qual, em relação a este,
não produz efeito (art. 51, CPP, e art. 106, I e III, CP).
Ação Penal Privada

Perempção (abandono por desídia/desinteresse)


Art. 60 do CPP: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de


promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II -
quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do
prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber
fazê-lo - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou
deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV -
quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem
deixar sucessor.
Ação Penal Privada
Subsidiária da Pública

Art. 29 do CPP: Será admitida ação privada nos crimes de ação


pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

Art. 5º, LIV da CRFB/88.

Prazo: art. 38, caput, 2ª parte, c/c art. 46, caput, ambos do CPP.
Seis meses após extinto o prazo conferido ao MP para denúncia.

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