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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE


ITABAIANA/SE

JOSÉ ADSON, brasileiro, maior, motorista, residente e domiciliado à


Avenida Dr. Pedro Garcia Moreno nº 12222, Centro, CEP 49500-000, Itabaiana
- SE, portador do RG n.º 11798888, SSP/SE, e CPF nº 000.445555-04, por seu
procurador firmatário, "ut" instrumento de mandato incluso, vem à presença de
V. Exª, especialmente para propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO LIMINAR

Em face do BANCO ITAÚ S/A, pessoa jurídica de direito privado,


com endereço para notificações à Praça Silvio Romero, 219, Tatuapé, São
Paulo - SP, CEP 03323-0000, e o faz forte nos Arts. 186, 927, 931 e 942 do
Código Civil Brasileiro (LEI Nº10.406/2002), e Art. 5º, inc. X da CF/88 e pelos
seguintes fatos e fundamentos abaixo delineados:

PRELIMINARMENTE
Requer de Vossa Excelência a gratuidade da justiça quanto às
despesas e custas processuais, tendo em vista a inexistência de recursos
financeiros, sem que seja afetada a subsistência do requerente, não possuindo
condição financeira suficiente para suportar as despesas processuais, nos
termos do artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal, e da Lei nº1.060/50.

I - DOS FATOS:

Que o autor, necessitando obter um empréstimo bancário, dirigiu-se


ao Banco do Nordeste e, com o intuito de realizar esta pretensão, apresentou
documentação pessoal, e tudo mais que normalmente é exigido para essa
finalidade, aliado a esta tratativa, o banco fez consulta junto ao SPC (Serviço
de Proteção ao Crédito) e tamanha foi a sua surpresa no momento em que o
funcionário do banco retornou da pesquisa informando que seu crediário havia
sido negado, porque ele estava registrado naquele órgão como devedor
inadimplente.

Humilhado e envergonhado frente ao funcionário, bem como diante


das demais pessoas que se encontravam no local, devido ao constrangimento
e a surpresa, o mesmo saiu da referida loja sem se quer perguntar qual a
empresa teria cadastrado o mesmo no SPC por inadimplência. Em visita ao
CDL local, ficou surpreso ao saber que o Banco Itaú era o responsável, já que
nunca solicitou qualquer abertura de conta no Banco requerido, nem tão pouco
entrado em uma agencia Itaú, muito menos celebrou qualquer contrato nesta
loja, uma vez que nunca fizera viagem à cidade de São Paulo.

Na verdade, o que aconteceu foi que uma terceira pessoa, a qual até
o momento de identidade desconhecida do requerente, utilizando-se, na mais
estrita má fé e combinado com a negligência do funcionário da requerida,
procedeu à indevida abertura de crédito através de um cartão, utilizando-se dos
documentos falsificados do Autor, dentre eles, CPF, comprovante de
residência, etc.
É visível a negligência e a falta de atenção na seleção dos clientes,
portanto, do requerido, que não se utilizou do devido dever de cuidado, ao
aceitar pessoa com documentos que não lhe pertenciam, realizar a abertura de
crédito e efetuar compras, com perceptível falsidade ideológica.

Pessoa humilde e bastante conhecida na cidade onde vive, sabedor


de que nada deve em loja alguma, e de que jamais comprou qualquer produto
na loja requerida, ficou indignado pelo constrangimento que passou perante as
pessoas, e se deu conta de que usaram seus documentos. Atualmente, o autor
é indevidamente devedor de quantia exorbitante, fruto de atitudes injuriosas
praticadas pelo falsário, por negligência da empresa ré, ora demandada, em
nome do Requerente.

II - DO DIREITO

Nessa diretriz o desrespeito para com o patrimônio do Autor


encontra-se até a presente data sem sua reparação. Esse descaso e rentável
locupletamento deverão ser punidos, servindo, outrossim, a repressão como
exemplo e demonstração do vigor do Direito para o restante da sociedade.

Portanto, o requerido deve ser cauteloso na seleção da sua clientela,


fato este que não lhe isenta do dever de indenizar, mostrando-se neste caso
falho o sistema de cadastro, o que possibilitou o sucesso do falsário no seu afã
de utilizar-se do nome do autor.

Assevera o ilustre doutrinador Carlos Alberto Bittar:

"Havendo dano, produzido injustamente na esfera alheia, surge à


necessidade de reparação, como imposição natural da vida em
sociedade e, exatamente, para sua própria existência e o
desenvolvimento normal das potencialidades de cada ente
personalizado. É que investidas ilícitas ou antijurídicas no circuito de
bens ou de valores alheios perturbam o fluxo tranqüilo das relações
sociais, exigindo, em contraponto, as reações que o Direito engendra
e formula para a restauração do equilíbrio rompido". (Reparação Civil
por Danos Morais, Ed. RT, 2ª edição, 1994, págs.,15/16).
Em nosso ordenamento jurídico é consagrada a Teoria da
Responsabilidade Civil Objetiva Direta. Evoca-se o Art. 186 da Lei Substantiva
Civil e a obrigação da pessoa jurídica responder pelos atos de seus prepostos.

O lesante tem obrigação legal de indenizar os prejuízos advindos do


dano causado, seja patrimonial ou moral. Esposado com os Arts. 927 e ss. do
mesmo Código que submete o patrimônio do agente à reparação do dano
causado. Tendente a lesão dos mais variados direitos da personalidade
humana, entre eles o da moral, a Carta Magna de 1988 (art. 5º, inc. X) saiu em
defesa desses valores íntimos, atingidos por um universo fático, eclodindo
danos de natureza moral.

Em face da ausência de organização, por imposição lógica e para


sua adequação, condiciona-se a ocorrência de concretizar a obrigação na qual
resultou o dano, naqueles que tenham tornados garantidores da realização de
um determinado resultado, acrescido a inegável ocorrência de culpa do
requerido, que de forma negligente, em visível falta de prudência em sua
conduta, cadastrou com cliente seu, pessoa em perceptível falsidade
ideológica, e dessa forma veio a prejudicar terceiro inocente.

Esse procedimento, ferindo flagrantemente a lei, é repudiável na


doutrina e jurisprudência pátria, senão vejamos:

RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano moral. SPC. CPF. Documento


falso. Estelionato. A empresa vendedora (Ponto Frio) que levou ao
SPC o número de CPF do autor, usado pelo estelionatário no
documento falso com que obteve o financiamento concedido pela
vendedora, deve indenizar o dano moral que decorreu do registro
indevido do nome do autor no cadastro de inadimplentes, pois o
descuido da vendedora foi a causa do fato lesivo que atingiu o autor,
terceiro alheio ao negócio. Recurso conhecido e provido. Vistos,
relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUARTA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos
e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer do
recurso e dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-
Relator. Os Srs. Ministros Barros Monteiro e Cesar Asfor Rocha
votaram com o Sr. Ministro-Relator. Ausente, ocasionalmente, o Sr.
Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira. Ausente, justificadamente, o
Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior. RESP 404778 / MG ; RECURSO
ESPECIAL 2001/0079360-6. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR
(1102). T4 - QUARTA TURMA . 18/06/2002. SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA.
RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇAO DE
INDENIZAÇAO POR DANOS MORAIS JULGADA PROCEDENTE
EM PARTE. Terceiro que promove abertura de conta corrente com
documentação expedida em nove do verdadeiro portador.
Negligência da empresa-ré. Ausência do dever de cautela. Ocorrência
do dano moral. Inscrição indevida do nome do autor em cadastro de
restrição creditícia. Dever de reparar. SENTENÇA QUE SE
REFORMA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. ACORDÃO
073/04. PROCESSO Nº 1638/03. RELATORA: JUÍZA CÉLIA
PINHEIRO SILVA MENEZES. TURMA RECURSAL DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DO INTERIOR DE SERGIPE.

É visível a violação do direito Constitucional previsto o Art. 5º, V da


Carta Magna: “todos são iguais, sem distinção, garantindo-se o direito a
igualdade, além da indenização por dano material, moral ou à imagem",

DA INDENIZAÇÃO E SEU QUANTUM:

Ad argumentandum tantum, a indenização aqui perseguida deverá


observar o binômio compensação - reprobabilidade.

A doutrina e jurisprudência pátria têm fixado o "quantum" da


indenização e danos extra-patrimonais, com base nas condições pessoais e
sociais do ofendido e nas condições econômicas do ofensor. Não se trata de
pedido para enriquecimento sem causa, mas sim da efetiva e mais completa
reparação do dano. Há, ainda de se levar em conta o cunho social da pena
pecuniária, para os lesantes não mais venham a ter descuidos que tanto a
afetam à dignidade de pessoas inocentes, sendo presumida a culpa da ré, por
ato de irresponsabilidade de seu empregado, nos termos do art. 932, inciso III,
do Novo Código Civil e Súmula 341 do STF.

O quantum arbitrado deve estimar quantia em consonância com a


reprimenda à conduta ilícita do ofensor e o gravame por ela produzido. Por
outro lado, não poderá ser simbólica ou mínima a verba indenizatória, pena de
servir de estímulo à imolação dos direitos personalíssimos.
Destarte, deverá a condenação recair em valores que sirvam para
atenuar a dor, a humilhação e o vexame sofridos pelo Autor, simultaneamente
servindo para desestimular o lesante de tais práticas ilícitas.

Dessa forma, que seja O RÉU CONDENADO A INDENIZAR O


AUTOR POR DANOS MORAIS, no valor de R$ 20.400,00 (vinte mil e
quatrocentos reais), valor esse que deve ser corrigido com juros legais e
correção monetária, a partir da data do fato causador do dano;

Ante o exposto, requer:

a) Seja PRELIMINARMENTE, a presente ação de indenização


recebida, independentemente do pagamento prévio das custas judiciais, forte
no Art. 5º inciso LXXIV da CONSTITUIÇÃO FEDERAL, e Lei n 1.060 de 05 de
fevereiro de 1950, uma vez que o autor não tem condições de pagar qualquer
quantia, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.

b) Seja antecipado os efeitos da tutela, para LIMINARMENTE, retirar


do cadastro dos maus pagadores o nome do autor no SPC (Serviço de
Proteção ao Crédito).

c) Ao final, seja julgada procedente a presente ação, isentando o


autor do pagamento de qualquer quantia, e em face dos fatos narrados, pleiteia
o requerente seja arbitrado em favor do mesmo quantia não inferior a R$
20.400,00 (vinte mil e quatrocentos reais), a título de danos morais, valor esse
que deve ser atualizado monetariamente, acrescido de juros de 1% ao mês a
partir da citação, fundamentado no art. 406 do CC e art. 161, parágrafo único
do CTN;

d) Seja o Réu citado para responder a ação, no prazo legal, bem


como condenado na verba honorária à base de 20% do valor da condenação;

e) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


permitido, também, pela juntada de documentos, em especial pelo depoimento
pessoal do Representante Legal da empresa demandada, além das
testemunhas que serão oportunamente apresentadas;

Dá-se a causa o valor de R$ 20.400,00 (vinte mil e quatrocentos


reais).

Nestes Termos,
Pede e espera Deferimento.

Itabaiana (SE), 28 de julho de 2010.

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Bel. José Santos
OAB/SE 22222

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