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ADVOGADO – OAB/MG – 1111111

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA DO CRIMINAL DA 5


COMARCA DE ______________MG

PROCESSO Nº ______________________

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO

____________________, brasileiro, solteiro, auxiliar técnico, CPF ____________, RG


_________________, residente e domiciliado na Rua ____________, nº ___, Bairro
_____________, ____________, Minas Gerais, CEP ______________ por este
instrumento particular de procuração, nomeio e constituo como procurador o
advogado DR. ______________, brasileiro, divorciado, inscrito nos quadros da
OAB/MG sob o nº ________, com escritório na _______________, ___, _º andar, sala
___, Centro, ____________, MG, vêm , mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 310 parágrafo único do Código de Processo Penal,
requerer “REITERAR” e expor na forma que segue:

PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

1 - DOS FATOS

O requerente foi preso em flagrante na data de (18/03/19), pela prática do crime


tipificado no artigo 157, § 2º, inciso II, qualificado, encontrando-se preso no PRESÍDIO
____________, sob a acusação de ser coautor no roubo de dois celulares e R$10,00
(dez reais).

Ocorre, todavia, que o advogado que esta petição subscreve, conseguiu junto à
EMPRESA _______ o vídeo relatado pelo Policial Militar no Boletim de Ocorrência
(Doc. CD anexo), e na análise do referido vídeo torna-se claro que o requerente nem
vislumbrava que seus “clientes” estavam praticando o ilícito penal tipificado no art.
157 do CP.

Na exibição do vídeo percebe-se claramente que o requerente saiu do veículo


limpou os tapetes do mesmo, andou ao derredor do veículo, olhou os pneus
dianteiros, tudo isto de forma muito tranquila. Se o requerente realmente estivesse
envolvido no roubo como coautor jamais adotaria esta conduta.

DESTACA-SE QUE UM “PILOTO DE FUGA” SEMPRE PERMANECE DENTRO DO VEÍCULO,


COM O MESMO LIGADO, PRONTO PARA EVACUAR DO LOCAL ONDE OCORRE O
DELITO, E ESTA NÃO FOI A CONDUTA DO REQUERENTE COMO FICA CLARO NO VIDEO.

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Vislumbra-se nos autos, com clareza inquestionável, que o requerente não tinha 5
consciência de que estava ocorrendo uma ação delituosa. Outra prova disso, é o fato
que quando foi informado através de uma ligação telefônica de sua genitora que a
Polícia Militar estava na sua casa prontamente se dirigiu ao local para
esclarecimentos, sendo que neste momento tomou conhecimento da ocorrência do
roubo. ORA, SE O REQUERENTE REALMENTE ESTIVESSE ENVOLVIDO NA AÇÃO
DELITUOSA JAMAIS APARECERIA ESPONTANEAMENTE DIANTE DOS POLICIAIS
MILITARES.

O requerente compareceu espontaneamente, o que leva a crer, não havia


necessidade nem mesmo de sua prisão temporária, já que em nenhuma fase do
processo, está presente o “periculum in mora”, que além de ser primário, tem bons
antecedentes, ocupação lícita, residência fixa constituída, com seus pais.

Os verdadeiros autores da ação delituosa, encontram-se foragidos em lugar incerto e


não sabido, aí sim, prejudicando a instrução criminal e garantia da ordem pública, ao
contrário do requerente que sempre esteve à disposição da justiça, para elucidação
dos fatos.

2 - DO DIREITO

Como narrado acima, não se pode sustentar a prisão cautelar de um cidadão sem as
reais necessidades elencadas no art. 312 do Código de Processo Penal.

É bom acentuar que a prisão cautelar é uma medida extrema e só poderá ser mantida
em situações excepcionais. Verifica-se que ela está jungida ao que disciplina o art. 310
e seu Parágrafo Único do CPP e a profícua, prudente a abalizada fundamentação da
Autoridade judicante. A respeito do tema, manifesta-se, com Autoridade de Mestre, o
Dr. WEBER MARTINS BATISTA, no seu livro "IN LIBERDADE PROVISÓRIA" 2ª edição,
Editora Forense, página 73, em análise ao Parágrafo Único do art.310 do CPP.

"Para manter a prisão cautelar do agente


detido em flagrante, precisa o juiz verificar se a
mesma é necessária. Esta, a grande novidade, ou
a grande abertura - para se usar no termo da
moda i- da Lei nº 6.416, de 1977, em relação aos
institutos da prisão e da liberdade provisória.

Para ser mais exato, o Juiz não precisa verificar se


a prisão é necessária, pois esta necessidade se
presume UIRIS TANTUS: o que deve fazer é
examinar se ela não é desnecessária, ou seja, se

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há prova em contrário mostrando que, no caso 5


inexiste o PERICULUM IN MORA...

A prisão será conveniente, p.e., se o acusado tenta


subornar ou intimidar testemunhas, se procura
fazer desaparecer os vestígios do crime praticado,
se, de outra maneira, concorre, maliciosamente,
para impedir que o Juiz colha as provas
necessárias à apuração correta dos fatos".

Não se pode negar que é sempre produtivo e plausível mostrar o trabalho intelectual
de quem opera o direito, fazendo aflorar o seu cerne coerente e faceta ontológica. Em
pesquisa feita a respeito do assunto, há poucos dias, veja-se o ponto de vista sábio,
abalizador e coadunante com o tema em tela, da lavra do Excelentíssimo Senhor
Procurador de Justiça do TJDFT, Dr. JOÃO ALBERTO RAMOS no parecer dado no Habeas
Corpus protocolizado no TJDFT, sob o nº 480-3/99, paciente RAIMUNDO CORREIA DA
SILVA, no dia 24 de março de 1999, IPSIS LITTERIS:

"O Código de Processo Penal disciplina a


questão da custódia provisória, devendo as suas
normas serem interpretadas à luz dos preceitos
constitucionais que regem a matéria, sob pena de,
no dizer de Dyrceu Aguiar Dias, consagrar a “não
efetividade da ordem constitucional". Segundo o
art. 312 do Código de Processo Penal, visto à luz
da Constituição Federal, responder ao processo em
liberdade é a regra; a prisão cautelar terá lugar
quando absolutamente necessária para a garantia
da ordem pública ou econômica, para garantir a
instrução criminal ou para assegurar a aplicação
da Lei penal. Esses princípios devem ser
observados quer para a decretação da prisão
preventiva, quer para a manutenção da prisão em
flagrante. Vale dizer, se não ficar caracterizada a
necessidade da custódia cautelar, a prisão em
flagrante não pode prevalecer, concedendo-se
liberdade provisória ao preso em flagrante.

E aí surge a grande questão, que é a interpretação


das hipóteses previstas no art. 312 do Código de
Processo Penal, que deve ser analisado
restritivamente, à vista do preceito constitucional

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da presunção de inocência. A decisão judicial deve 5


indicar, conforme o caso, as razões do seu
convencimento. Assim, se a prisão cautelar for
para assegurar a aplicação da Lei Penal, deve
indicar claramente, com objetividade, tendo em
vista os elementos do caso concreto, as razões
que, ao ver do julgador, ensejam a prisão. O
mesmo há de se dizer quando o motivo for a
conveniência da instrução criminal ou a garantia
da ordem pública. Outrossim, não é de se admitir,
hoje, em face dos princípios constitucionais
asseguradores da liberdade do cidadão, que o
Magistrado se contente com fórmulas genéricas e
padronizadores para prender um inocente (e
inocente é todo aquele que ainda não foi
condenado com sentença transitada em julgado).
A questão se torna tormentosa quando se fala em
garantia da ordem pública, porque os aplicadores
do direito (no caso, Promotores, Procuradores,
Juízes e Desembargadores) infelizmente, com
algumas exceções , se amoldaram a um
comportamento padrão, se afeiçoaram à
aplicação de fórmulas genéricas que
obedecem muito mais à "ideologia da lei e da
ordem" que aos preceitos constitucionais
reguladores da espécie. Prisão cautelares ocorrem,
às dezenas ou centenas, que atendem em primeiro
lugar ao clamor público, a satisfazer o "sentimento
de justiça da sociedade", esquecendo-se os
aplicadores do direito, nesses casos, que o clamor
público, o “sentimento de justiça" da sociedade
nem sempre são os corretos. Nos conta a história
que o Cristo de Nazaré e o Tiradentes foram
apontados pela turba insana como criminosos.
Dyrceu Aguiar Cintra Júnior, no trabalho já citado,
nos alerta, com muita propriedade: "... a
necessidade de garantia da ordem pública só se
dá quando o agente revele perigo relacionado à
própria atividade criminosa de que é acusado -
concreto e não presumido - se solto, e se a ação
permitir continuidade de uma situação de que se
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espera justa retribuição da justiça criminal. 5


Atribuição de fato criminoso isolado, pôr mais
greve que seja, pôr si só, não implica invocação de
ordem pública. Afinal, todo crime importa em
violação da ordem pública.

O trabalho transcrito parcialmente, do proeminente Procurador de Justiça do DFT, tem


arrimo com a posição jurisprudencial de todos os tribunais do país. O STF, em relatório
sob a égide e autoria do seu Excelentíssimo Ministro, Dr. DJACI FALCÃO, publicado no
DJ de 05/08/88, página 18628, assim asseverou:

EMENTA: " Habeas Corpus. Liberdade


Provisória, prevista no art. 310, Parágrafo Único
do CPP. A lei não a restringe a crimes sem
violência, mas apenas aqueles em que não caiba a
prisão preventiva...."

Veja-se, sustentando a assertiva, o que esse TJDF decidiu, respectivamente, nos Habeas
Corpus n.º. 0004759, ano 88, de 27/07/88, Relator Doutor Desembargador VALTENIO
MENDES CARDOSO, e 0002978, de 10/09/81, Relator Doutor Desembargador LÚCIO
ARANTES.

EMENTAS:" A liberdade provisória dever ser


concedida ao acusado preso, em flagrante na
forma autorizada pelo Parágrafo Único, do art.
310, do Código de Processo Penal, quando
incorram os motivos determinantes para
decretação da prisão preventiva, isto é, se do fato
não advier perigo à ordem pública, à instrução
criminal e à aplicação da lei penal" e

"Habeas Corpus. Liberdade Provisória. Aquele que


não contrariou nem comprometeu a garantia da
ordem pública, nem a conveniência da instrução
criminal, tem direito a gozar os benefícios da Lei
nº 6.416..."

Ressalte que outras EMENTAS reiteradas a respeito do assunto, trazidas à tona pôr
esse conceituado TJDFT, não deixam a menor dúvida de que a LIBERDADE PROVISÓRIA
deva ser concedida, quando o paciente não oferecer risco à conveniência e nem solto
ferir a garantia da ordem pública, conforme encontra-se manifesto no art. 310,
Parágrafo Único, do CPP., como veremos a seguir:

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HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA 5


DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. ORDEM
CONCEDIDA. “A ausência de fato
comprovadamente caracterizador de qualquer das
hipóteses previstas no art. 312, do CPP, não
autoriza a constrição preventiva do PACIENTE.
ordem concedida. Unanimemente. (HC. Nº
1133/99 - Acórdão. nº 113737/99, 1ª T. Crim. Rel.
Otávio Augusto. DOU. 30/06/99, pg. 61).

HABEAS CORPUS. ROUBO. PRISÃO PREVENTIVA.


AUSÊNCIA DOS FUNDAMENTOS DO DECRETO
EXCEPCIOAL. “Concessão da ordem. medida
extensível a có-réu. A gravidade do crime, pôr si
só, não é suficiente para o decreto de prisão
preventiva, como garantia da ordem pública. A
imposição da cautela sem a invocação de nenhum
fato concreto, não havendo prova nos autos da
periculosidade do paciente, que na verdade é
primário, bons antecedentes e tem domicílio do
distrito da culpa, não atende ao que dispões o art.
312, do Código de Processo Penal, urgindo a
concessão da ordem. Na forma do artigo 580, do
Código de Processo Penal, extensível a medida ao
có-réu haja vista que a custódia foi decretada
pelas mesmíssimas razões. Concedida a ordem
Unânime. (HC. Nº 24342, Acórdão. nº 111778, 2ª
T. Crim. Rel. Vaz de Melo, dou. Dia 22/04/99, pág.
52).

HABEAS CORPUS - INDEFERIMENTO DE LIBERDADE


PROVISÓRIA – PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
– ORDEM CONCEDIDA. “A liberdade é direito do
indiciado que reúne as condições objetivas e
subjetivas para a sua obtenção, não sendo o
bastante para o indeferimento do pedido a vaga
menção de que seria cabível a decretação da
prisão preventiva ou de que o agente é perigoso e
o delito é grave. Sendo o réu primário, sem
antecedentes, possuindo residência fixa, família
constituída e profissão definida, tem direito à

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liberdade provisória. A decisão que a denega pode 5


ser corrigida pôr meio de “habeas corpus”, cujo
deferimento se impõe. Ordem concedida.
Unânime. (HC. Nº 15293/99, 1ª T. Crim. Rel.
Natanael Caetano. DOU. Dia 30/06/99, pág. 63).

HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTITA. ORDEM


PÚBLICA. ANTECEDENTES. FUNDAMENTAÇÃO
INSUFICIENTE. CONCESSÃO.” Pode o Juiz relaxar a
prisão pôr ausência do flagrante e no mesmo ato
decretar a prisão preventiva do indiciado.
Contudo, ao fazê-lo, há de fundamentar
“QUANTUM SATIS” a sua concessão. Se, como “IN
CASU”, o decreto preventivo indica como
embasado de sua edição a garantia da Ordem
Pública, é indispensável que aponte o porquê da
ameaça do indiciado não bastando a simples
preferência da causa autorizativa da prisão como
enumerada no art. 312 do CPP. O mesmo se diga
quanto aos alegados antecedentes. Não basta a
referência eles, sendo indispensável sua análise.
Esta, se tivesse sido feita com criterioso cuidado,
não levaria o Juiz a tê-los como justificadores da
medida excepcional, ordenada. A de
fundamentação ou a fundamentação insuficiente
conduz à imprestabilidade do decreto de prisão
preventiva, impondo-se a concessão da ordem de
“HABEAS CORPUS”, para estancar a coação. (HC.
Nº 7566/99. Acórdão nº 114410/99, Rel. Natanael
Caetano. DOU. Dia 30/06/99. Pág. 62.

Merece assinalar, finalmente, que o requerente, com emprego e residências fixos,


dócil no seio familiar, primário e possuidor de bons antecedentes, encontra-se preso
desde à apuração administrativa, não fazendo nada que possa tipificar o art. 312 do
CPP, e sua liberdade provisória, caso esse conceituado Juízo venha deferi-la, atenderá
a filosofia moderna do Direito Penal e os ditames da mais sábia JUSTIÇA.

EX POSITIS, o requerente vem à presença de Vossa Excelência, com acatamento e


respeito de costume, requerer o seguinte:

A) Seja analisado por V. Exa. o vídeo anexado aos presentes


autos;

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B) Após ouvido o Digno Representante do Ministério Público;


5
C) seja concedido o pedido em tela, INTEGRAL E
LIMINARMENTE, concedendo ao requerente a esperada e
justa REVOGAÇÃO DA PRISÃO, com a expedição de ALVARÁ
DE SOLTURA, sem pagamento de fiança ou fixando-a no
mínimo legal, em decorrências de sua precária situação
financeira, para que possa defender-se em liberdade do
delito a si imputado, conforme preconizam os ditames da
equitativa Justiça.

*DOCUMENTOS ANEXADOS A ESTA PETIÇÃO:

1. CD (Compact Disc) com a gravação do vídeo;

2. Links do Aplicativo Drive para análise do vídeo:

 http://bit.ly/2T111;

 https://drive.google.com/file/d/SLJRFKSJFOoxHvKSH7e2Lj9JotthAukgo/
view?usp=drivesdk

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Divinópolis, __ de ____ de 2019

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