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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE JARDIM-MS.

Autos de Prisão em Flagrante n° ....

JOSÉ ALVES, nacionalidade, estado civil, fazendeiro,


inscrito no CPF sob nº ... e RG n°... residente e domicilidado na rua ...., por
intermédio de seu advogado in fine assinado, endereço profissional, com
procuração inclusa, vem mui respeitosamente perante Vossa Excelência,
requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, com
fundamento no artigo 5°, inciso LXV, da CF , c/c artigo 310,I, do CPP, pelos
motivos a seguir expostos:

I-DOS FATOS

No dia 21 de dezembro de 2012 o requerente conduzia


seu automóvel ao longo de uma estrada que tangenciava sua propriedade rural,
momento em que foi surpreendido por uma equipe da Policia Militar, abordado
pelos policiais, o requerente saiu de seu automóvel trôpego e exalando forte
odor de álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, os policias
compeliram a realizar um teste alcoolemia em aparelho de ar alveolar, sendo
constatado que havia concentração de álcool de um miligrama por litro de ar
expelido pelos pulmões.
O requerente foi conduzido a Unidade de Polícia
Judiciaria, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela pratica do crime
previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2°, inciso II, do Decreto
6.488/2008.
Ocorre que, na Unidade de Polícia Judiciaria, foi
negado ao requerente no Auto de Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se
com seus advogados ou com seus familiares, e ainda, o delegado não
comunicara o fato ao juízo competente, tampouco à Defensoria Pública.

II-DO DIREITO

II.I- DO TESTE DE ALCOOLEMIA

Primeiramente, verifica-se que o requerente foi


“incisivamente compelido” a realizar o teste de alcoolemia, descaracterizando
sua vontade direta em realiza-lo, desse modo, a prisão há de ser considerada
nula, sob a ótica do princípio constitucional de quem ninguém é obrigado a
produzir prova contra si mesmo.
Ou seja, no presente caso o requerente foi compelido a
produzir prova contra sua vontade, tornando a prisão em flagrante
inquestionavelmente nula, por derivar de prova ilícita, qual contrariou o
principio constitucional de que ninguém é obrigado produzir prova contra si
mesmo, segundo o art. 5°, inciso LVI, da CF:

Art. 5°, LVI: “Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: LVI - são inadmissíveis, no processo, as
provas obtidas por meios ilícitos; ”

E ainda, o pleito encontra amparo no princípio nemo


tenetur se detegere e conforme entende-se os doutrinadores Américo Bedê
Junior e Gustavo Senna:

[...] o princípio que garante o direito de não ser


obrigado a produzir prova contra si mesmo – gênero
cuja espécie encontra-se no direito ao silencio -, acha-
se positivado no Pacto de San José da Costa Rica. [..]
Deve-se frisar que o fato de o réu não ser obrigado a
produzir prova contra si mesmo não impede de
colaborar nas investigações e na elucidação do fato
criminoso. De igual forma, não acoberta medidas
daqueles que pretende dificultar ou destruir os meios
de prova da prática do crime.

II-DA AUSENCIA DA ASSISTÊNCIA FAMILIAR


E DO ADVOGADO
Posterior, verifica-se que foi negado ao requerente
entrevistar-se com seus familiares ou com seus advogados, ou seja, ainda carece
de legalidade a prisão por violação ao direito à comunicação entre o preso e o
advogado, familiares, como bem dispõe o artigo 5°, inciso LXIII:

Art. 5°, LXIII: “Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: LXIII - o preso será informado de seus
direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-
lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

Portanto, resta evidente que, o requerente teve o
referido direito ferido, comprovando mais uma ilegalidade da prisão.

III-DA NÃO COMUNICAÇÃO AO JUÍZO


COMPETENTE E A DEFENSORIA PÚBLICA

Por fim, o delegado não comunicou o fato da prisão do


requerente ao juízo competente, tampouco à Defensoria Pública, violando um
direito fundamental, expresso na Carta Magna, precisamente em seu artigo 5°,
inciso LXII:
Art. 5°, LXII: “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXII - a prisão de qualquer
pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; “

E ainda o artigo 306, §1°, do Código de Processo Penal


dispõe que:

306, §1°: A prisão de qualquer pessoa e o local onde se


encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou a pessoa por ele
indicada. § 1o Dentro em 24h (vinte e quatro horas)
depois da prisão, será encaminhado ao juiz competente
o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as
oitivas colhidas e, caso o autuado não informe o nome
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria
Pública.

Ou seja, além de não respeitar norma constitucional,


torna-se ilegal a prisão também, por não ter respeitado o Código de Processo
Penal, pois o mesmo preceitua que deverão ser comunicados em até vinte e
quatro horas o magistrado, os familiares e à Defensoria Pública, visto que o
requerente já se encontrava preso a dois dias, e não havia sido comunicado e
nem pretendia encaminhar o auto de Prisão em Flagrante, às autoridades
competentes.
Portanto, o presente flagrante é ilegal em virtude dos
vícios acima expostos, devendo ser concedido o relaxamento da prisão em
flagrante de forma a cumprir as determinações constitucionais e legais.

IV-DOS PEDIDOS

Ante o exposto, com base no artigo 5°, inciso LXV, da


CF, c/c artigo 310,I do CPP, requer a Vossa Excelência, após a oitiva do
representante do MP, determine o relaxamento da prisão em flagrante,
colocando-se o requerente em liberdade através da expedição do competente
alvará de soltura.

Termos em que,
Pede deferimento.

Jardim-MS, ../../....

NOME DO ADVOGADO
OAB n° ....

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