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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

E SCOL A DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS

CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS 2024


LEGISLAÇÃO APLICADA À ATIVIDADE POLICIAL

Coordenação: 1º Ten Carolina Batista


Colaboração: 1º Ten Mariana Canuto

NOSSOS SÍMBOLOS, NOSSA HONRA.


LEGIS LA Ç Ã O APLICADA
À ATIVIDADE POLICIAL

ABUSO DE AUTORIDADE
LEI 13.869/19
INTRODUÇÃO

A Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898, de 09.12.1965) foi editada em um momento


histórico conturbado no Brasil (ditadura militar).

Tratava-se de um verdadeiro diploma populista, na medida em que criado apenas para


mostrar que o Legislativo se importava com eventuais arbitrariedades praticadas pelos
agentes públicos que estavam no poder.

A nova Lei de abuso de autoridade, Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, além de


dispor sobre os crimes de abuso de autoridade, alterou a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro
de 1989 (Prisão temporária), a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996 (Interceptações das
comunicações telefônicas), a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do adolescente), e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da OAB). A nova lei
passou a regular inteiramente o tema, revogando completamente a antiga lei 4.898/65.
O bem jurídico tutelado é o normal funcionamento da administração pública e os
direitos fundamentais do cidadão, como a liberdade, honra, privacidade, imagem,
dentre outros.
Disposições Gerais

Dois pontos são importantes em relação às disposições gerais dessa nova Lei:

1º - a exigência de dolo específico na prática do delito de abuso de autoridade.

Extrai-se que somente há crime de abuso de autoridade na modalidade dolosa (não sendo punível a
conduta culposa).

Verificada a tipicidade da conduta, o agente somente cometerá crime de abuso de autoridade SE:

Ao praticar a conduta tinha a


finalidade específica de: Tiver praticado a conduta por mero
capricho ou satisfação pessoal.
1. prejudicar alguém
2. beneficiar a si mesmo ou a terceiro.
2º a proibição de punição de condutas oriundas de DIVERGÊNCIA de interpretação de Lei ou de
avaliação de fatos ou provas.

VEDAÇÃO AO CRIME DE HERMENÊUTICA: Com essa previsão o legislador buscou refutar as fortes
críticas ao projeto de lei inicial, as quais se fundavam no argumento de que o Congresso
Nacional buscava introduzir no ordenamento jurídico o famigerado “crime de hermenêutica”, ou
seja a criminalização da interpretação jurídica que o magistrado dá ao fato que lhe é trazido, por
meio do processo.
S U J E I TO S DO CRIME

É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.

Agente Público: todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput do art.2º da LAA.
OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE O SUJEITO ATIVO DO CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE

 É CRIME PRÓPRIO, uma vez que somente pode ser praticado por sujeito específico (agente
público).

 Funcionário público aposentado NÃO pratica o crime (por ausência de vínculo com a
função pública desempenhada).

 Particular pode ser SUJEITO ATIVO? Sim, desde que aja em concurso de agentes com
quem detenha esta condição de AGENTE PÚBLICO no momento da prática do delito, que é
elementar do tipo penal (vide art. 3º CP) e que conheça esta condição.
S U J E I TO S DO CRIME

São sujeitos passivos do crime de abuso de autoridade:

Sujeito passivo imediato (principal ou direto) é a pessoa física ou jurídica diretamente


afetada pelo comportamento abusivo do agente público.

Sujeito passivo mediato (secundário ou indireto) é o Estado (Poder Público), que sofre
diante do abalo em sua credibilidade, imagem e, eventualmente, em seu patrimônio.
BEM JURÍDICO PROTEGIDO O regular funcionamento da Administração Pública e os direitos e garantias fundamentais previstos na CF/88.

Agentes públicos. Crime próprio. É possível o concurso de pessoas com particular


SUJEITO ATIVO

Dupla subjetividade
passiva: Mediato/ indireto ou
SUJEITO PASSIVO
permanente = Estado.

Imediato/ direto ou eventual = pessoa física ou jurídica vítima do abuso.

COMPETÊNCIA
Se o agente público que praticou o abuso não possui foro por prerrogativa de função, a
competência será da Justiça de 1º grau: Estadual (agente público estadual ou
municipal), Federal (agente público federal) ou Militar (por militar em serviço).
ELEMENTO SUBJETIVO Dolo + especial fim de agir.
AÇÃO PENAL Pública incondicionada.

Estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber
PRAZO PARA DENÚNCIA
os autos do inquérito policial; Réu solto ou afiançado, o prazo é de

15 dias.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Penas Restritivas de Direitos

As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas na LAA são:

I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;

II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis)


meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens.

Obs: As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.

IMPORTANTE: Podemos afirmar que apenas 3 figuras delituosas da Lei 13.869/19 não admitem a
substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos nem mesmo aos réus
primários: art. 13, art. 22, § 1º, I e art.24.

A conclusão decorre do fato de que, embora nenhum dos crimes de abuso de autoridade previstos na Lei
13.869/19 possuam pena máxima superior a 4 anos, três deles são praticados mediante violência
ou grave ameaça, fato que impede a concessão do benefício.
SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA

As penas previstas serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa
cabíveis.

Obs: As notícias de crimes previstos na Lei que descreverem falta funcional serão informadas à
autoridade competente com vistas à apuração.

As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais


questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo
criminal.

Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
PRINCIPAIS TIPOS PENAIS NA ATIVIDADE
POLICIAL MILITAR

ABUSO DE AUTORIDADE
LEI 13.869/19
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua
capacidade de resistência, a:

I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;


II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro (vide art. 1º, I, “a” da Lei 9455/97)

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o


interrogatório: I.- de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao
silêncio; ou
II.- de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem
a presença de seu patrono.
ATENÇÃO: tipo penal cabível quando falamos em procedimentos apuratórios de âmbito
disciplinar
Violência Institucional (Lei Mariana Ferrer)

Art. 15-A Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha de crimes violentos a procedimentos
desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem estrita necessidade:

I - a situação de violência; ou

II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização:


Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima de crimes violentos, gerando indevida
revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).

§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a
pena em dobro.
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo
falsa identidade, cargo ou função.

Obs.: A identificação dos responsáveis pela prisão/interrrogatório é garantia constitucional prevista no


art. 5º, inc LXIV.

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se
capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Obs.: O NCPC diz em seu artigo 212 que os atos processuais serão realizados em dias úteis, das
6 (seis) às 20 (vinte) horas. O art. 22 da nova Lei de Abuso de Autoridade, em seu inciso III,
pune o cumprimento de mandado de busca a apreensão domiciliar após as 21h(vinte e uma
horas) ou antes das 5h (cinco horas). Por analogia, entendemos ser mais coerente adotar o
mesmo prazo da própria Lei de Abuso, isto é, entre 5h(cinco horas) e 21h(vinte e uma horas).
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no
curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I. - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;
III.- cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das
5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que
indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.

Obs.: Novo dispositivo trouxe punição mais severa para o agente público que violar domicílio, com esta
nova previsão, revogou-se o § 2º, do art. 150 do código penal que previa aumento de pena ao delito de
violação de domicílio praticado por agente público.
Deve-se atentar para o § 1º, III, do art. 22, tendo em vista que o legislador agora estabelece exatamente
o período no qual pode ser cumprido o mandado de busca e apreensão domiciliar: entre 5h e 21h.
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar
criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:
I.- eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência;
II.- omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o curso da
investigação, da diligência ou do processo.

Obs.: Trata-se de figura derivada e qualificada da fraude processual, já criminalizada pelo Código
Penal. Exige especial fim de agir, “com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar
criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade”.

“Provas plantadas” são o foco do caput.


Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim
de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Obs.: Na dúvida sobre o evento morte, cremos ser prudente socorrer, a fim de que, futuramente, não se
alegue eventual omissão. Caso não tenha equipe técnica para verificar o estado da pessoa, como por
exemplo, equipe SAMU, é certo que o socorro será feito por pessoa leiga em ciências médicas, a qual não
terá condições concretas de saber se o ferido já está morto. Dessa forma, entendemos que o
estabelecimento de saúde não poderá recusar o atendimento prévio, pois o policial não é médico e não
tem condições técnicas de, salvo nas mortes notórias(ex: decapitação), aferir, com absoluta certeza, esse
resultado.
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio
manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.

Obs.: Auferir prova por meio ilícito é, portanto, obtê-la em patente violação a normas constitucionais ou
legais, com violação de regra de direito material (regras que pautam os fatos jurídicos).

Segundo o art. 5º, LVI da Constituição de 1988, “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos”, quais sejam, aquelas auferidas com violação a intimidade, vida privada, honra, imagem,
domicílio e das comunicações, existindo a exceção da escuta telefônica autorizada pela Justiça.
Conforme o Código de Processo Penal, art. 157 e parágrafo 1º, “são inadmissíveis, devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais. São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas
por uma fonte independente das primeiras”.
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir,
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o
fim de prejudicar interesse de investigado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. (VETADO).

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo
circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou
administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em
curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, c ujo sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Obs.:Conforme o art. 7º, inciso XIII da Lei Federal 8.906, é direito do advogado examinar, em qualquer órgão dos Poderes
Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem
procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade
de tomar apontamentos.

Ver o Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar acrescida do seguinte:
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta
Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’”
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem
expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Obs.: Tipo penal similar ao constrangimento ilegal, mas que não exige violência ou grave ameaça. Nele,
pune-se a conduta de exigir informação (informe, dado, parecer, esclarecimento, explicação etc) ou
cumprimento de obrigação (ação, encargo, exercício, tarefa etc), inclusive o dever de fazer (atuar) ou de
não fazer (omitir-se), sem expresso amparo legal.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a
condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio
indevido.
Obs.: Como exemplo da utilização do cargo/função para se eximir de obrigação legal ou para obter
vantagem ou privilégio indevido, temos a famosa carteirada e o PPO, lembrando que é necessário a
existência do dolo específico para configuração do crime. Para melhor elucidação sugere-se a leitura do
artigo “A Nova Lei de Abuso de Autoridade, as refeições e o consumo de alimentos gratuitos ou com
descontos por policiais em serviço”, de autoria do Juiz Rodrigo Foureaux. Link artigo:
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/10/16/nova -lei-de-abuso-de-autoridade-
refeicoes-e-o-consumo-de-alimentos-gratuitos-ou-com-descontos-por-policiais-em-servico/
Crime Militar:

Atualmente, o crime de abuso de autoridade praticado por militar é da competência da


Justiça Militar, tanto estadual quanto da União.

*Súmula superada*
A súmula 172 do S T J - “Compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de
abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço” - foi superada pela Lei n° 13.491/2017
que promoveu reformas no Código Penal Militar.

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