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Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei
nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho
de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de
4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de
1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal).

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade,


cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de
suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe
tenha sido atribuído.

§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem


crime de abuso de autoridade quando praticadas
pelo agente com a finalidade específica de
prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal.

§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na


avaliação de fatos e provas não configura abuso
de autoridade.
A Lei nº 13.869/2019 define os crimes de abuso de
autoridade, cometidos por: - agente público, - seja ele servidor ou
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las,
abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.

 Crimes próprios: Os crimes previstos na Lei nº 13.869/2019


são próprios, ou seja, só podem ser praticados por “agentes
públicos”, nos termos do art. 2º.

 Sujeito ativo: É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade,


qualquer agente público, seja servidor público ou não, da
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e de Território.

 Conceito de agente público - Reputa-se agente público, para os


efeitos da Lei de abuso de autoridade: todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função em órgão ou entidade da Administração Pública direta,
indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes, em todas as
esferas.

Rol exemplificativo de sujeitos ativos - A Lei traz um rol


exemplificativo de sujeitos ativos.

Assim, podem ser sujeitos ativos dos crimes de abuso de


autoridade, dentre outros:

I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;


II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
 Concurso de pessoas - Embora sejam crimes próprios, os
delitos previstos na Lei nº 13.869/2019 admitem a coautoria
e a participação. Isso porque a qualidade de “agente público”,
por ser elementar do tipo, comunica-se aos demais agentes,
nos termos do art. 30 do Código Penal, desde que eles tenham
conhecimento dessa condição pessoal do autor:

Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as


condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

Deve-se destacar que, por força da proibição de analogia in


mala partem, não se admite que os tutores, curadores,
inventariantes judiciais, administradores judiciais,
depositários judiciários, diretores de sindicatos ou quaisquer
outros que exerçam os chamados múnus públicos não podem
ser sujeitos ativos isolados dos crimes de abuso de autoridade,
salvo a hipótese acima aventada de concurso de agentes.

 Sujeito passivo - Os crimes de abuso de autoridade previstos


na Lei nº 13.869/2019 são delitos de “dupla subjetividade
passiva”. Isso porque são condutas que atingem dois
sujeitos passivos. O sujeito passivo principal ou imediato é a
pessoa física ou jurídica diretamente atingida ou prejudicada
pela conduta abusiva.

Exemplo: o preso, no caso do art. 13. O sujeito passivo secundário


ou mediato é o Estado (Poder Público) que tem a sua imagem,
credibilidade e até patrimônio ofendidos quando um agente seu
pratica ato abusivo.
 Elemento subjetivo especial - Todos os delitos previstos na Lei
de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019) são dolosos.
Além disso, exige-se um elemento subjetivo especial (especial
fim de agir, “dolo específico”).

Elemento subjetivo especial dos crimes de abuso de


autoridade o agente só comete crime de abuso de autoridade se:

1) ao praticar a conduta tinha a finalidade específica de:


• prejudicar alguém; ou
• beneficiar a si mesmo ou a terceiro;
OU
2) tiver praticado a conduta por mero capricho ou
satisfação pessoal.

Ação pública incondicionada Todos os crimes previstos na Lei


nº 13.869/2019 são de ação penal pública incondicionada:

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública


incondicionada. Mesmo que o caput do art. 3º da Lei não previsse
isso, a ação penal seria pública incondicionada por força do art. 100
do Código Penal.

O § 1º do art. 3º da Lei nº 13.869/2019 prevê o seguinte:

1º As condutas descritas nesta Lei constituem


crime de abuso de autoridade quando praticadas
pelo agente com a finalidade específica de
prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal
pública não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos
os termos do processo, fornecer elementos de
prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso
de negligência do querelante, retomar a ação
como parte principal.

Trata-se da chamada AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA


DA PÚBLICA.

O Ministério Público tem um prazo previsto na lei para o


ajuizamento da ação penal pública. Se o membro do Parquet não
oferece a denúncia neste prazo, o ordenamento jurídico permite que
o ofendido (a vítima) tome a providência que o MP deveria ter feito
e ofereça a ação penal em nome próprio. Neste caso, o ofendido
apresenta uma queixa- crime substitutiva (supletiva) da denúncia.

Exemplo: imagine que João foi vítima de abuso de autoridade


praticado pelo Delegado; o MP não oferece a denúncia no prazo
legal; João (ofendido) poderá suprir essa inércia do MP propondo
uma queixa que substituindo a denúncia que deveria ter sido
oferecida pelo Parquet. Isso é chamado de ação privada subsidiária
da pública.

O prazo para o oferecimento da denúncia está previsto


no art. 46 do CPP:

• Estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o


órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito
policial;
• Se o réu estiver solto ou afiançado, o prazo é de 15 dias.

Ação privada subsidiária é instrumento para suprir


eventual inércia do MP, não para se contrapor à providência adotada
pelo órgão ministerial Ao final do prazo legal previsto no art. 46 do
CPP, o membro do Ministério Público tem, basicamente, quatro
possibilidades:
a) oferecer denúncia;
b) requisitar a realização de novas diligências;
c) pedir o arquivamento;
d) requerer a declinação de competência.

A legitimidade para a ação privada subsidiária é do ofendido


(vítima) ou de seu representante legal (art. 31 do CPP).

Prazo para oferecimento da ação privada subsidiária


segundo o § 2º do art. 3º, o ofendido tem o prazo de 6 meses para
oferecer a queixa substitutiva.

Foro por prerrogativa de função o primeiro passo para se


definir a competência no caso de crimes da Lei do Abuso de
Autoridade é verificar se a Constituição Federal prevê foro por
prerrogativa de função para o agente público que praticou o delito.
Se a autoridade que praticou o delito no exercício das suas funções
goza de foro por prerrogativa de função, deverá ser julgada pelo
respectivo Tribunal.

Exemplo: Juiz Federal que pratique abuso de autoridade será


julgado pelo Tribunal Regional Federal, nos termos do art. 108, I, a,
da CF/88:

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:


I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição,
incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do
Trabalho, nos crimes comuns e de
responsabilidade, e os membros do Ministério
Público da União, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;
Justiça Militar pode julgar crime de abuso de autoridade? SIM.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no
prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que
se esgotar o prazo para oferecimento da
denúncia.

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade


em manifesta desconformidade com as hipóteses
legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a


autoridade judiciária que, dentro de prazo
razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;

II - substituir a prisão preventiva por medida


cautelar diversa ou de conceder liberdade
provisória, quando manifestamente cabível;

III - deferir liminar ou ordem de habeas


corpus, quando manifestamente cabível.

O verbo elementar “decretar”, que possui certa divergência


para a doutrina.

Grande parte entende alcançar somente ato do juiz e uma


outra parte da doutrina afirma que, se o legislador quisesse fazer tal
restrição, teria sido expresso, se não o fez, não devemos
interpretar restritivamente.
Compartilha desse entendimento, o professor Rogério
Sanches e Greco, vejamos:

O verbo nuclear tem sentido de determinar, decidir, ordenar,


não se restringindo à autoridade judiciária. Quisesse o legislador
restringir, teria feito o que fez no parágrafo único, expressamente
dirigindo aos membros do Poder Judiciário.

Dessa forma, temos que o verbo “decretar” tem sentido de


determinar, decidir, ordenar, não se restringindo a autoridade
judiciária. Portanto, seria sujeito ativo todo aquele com atribuição
ou competência para determinar medida de privação de liberdade
em manifesta desconformidade com a lei.

: autoridade policial, militar e judiciária.

O sujeito passivo do delito é o Estado e a pessoa que teve


privada a sua liberdade.

Quais são as hipóteses legais de privação de liberdade?

 Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preventiva);

 Prisão para cumprimento da execução provisória da pena;

 Prisão para cumprimento da execução definitiva da pena;

 Medida de segurança detentiva (internação) (art. 96, I, do CP);

 Semiliberdade (art. 120 do ECA);

 Internação (art. 121 do ECA);

 Internação psiquiátrica (art. 6º da Lei nº 10.216/2001).


Elemento subjetivo do tipo penal é o dolo acrescido do
elemento subjetivo especial (finalidade específica de prejudicar
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero
capricho ou satisfação pessoal). Não se pune, portanto, a conduta em
sua modalidade culposa.

Podemos exemplificar a prática do delito em comento ao


imaginar um juiz com o dolo específico de prejudicar outrem ou
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação o previsto no art. 311 e seguintes do Código de Processo
Penal. Nessa situação, estará caracterizado o delito em estudo.

Outros exemplos: juiz que decreta a prisão preventiva pela


prática de um crime culposo; juiz que decreta a prisão de um
depositário infiel; juiz que decreta a prisão temporária fora do rol
dos crimes que admitem.

No tocante a consumação, o crime se consuma com a


decretação, ou seja, com a prolação da decisão determinando a
medida de privação da liberdade, ainda que ela não se consuma.

Trata-se, portanto, de crime formal, que não depende da


produção de resultado naturalístico.

Desse modo, imagine que o juiz decreta a prisão mesmo


sendo manifestamente descabida. Antes que a providência seja
cumprida, o indivíduo consegue do Tribunal uma ordem em habeas
corpus cassando a decisão de 1ª instância. Em tese, o crime estará
consumado mesmo não tendo havido a efetiva condução
coercitiva.

É cabível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei


nº 9.099/9513), pois a pena mínima é igual a 1 ano.
Pena: a detenção de 1 a 4 anos é uma infração de médio
potencial ofensivo. A pena mínima é de 1 ano, ou seja, se estiverem
presentes os demais requisitos, o réu pode ser beneficiado com a
suspensão condicional do processo.

O parágrafo único, por sua vez, trouxe as condutas


equiparadas, ou seja, o agente responderá pela mesma pena, caso
deixe de relaxar a prisão manifestamente ilegal, deixar de
substituir a prisão preventiva por outra diversa da prisão, ou
que defira liminar ou ordem de habeas corpus quando
manifestamente cabível.

Nessa esteira, os incisos I e II do parágrafo único do art. 9º


têm por objetivo principal punir o magistrado que, dentro de prazo
razoável, deixa de dar cumprimento adequado ao art. 310 do CPP.

Deve ser conferida total atenção ao sujeito ativo do delito


em estudo, posto que o sujeito ativo do crime previsto no caput do
art. 9º é a autoridade que tenha competência para determinar
medida de privação de liberdade; já no parágrafo único, o
legislador foi claro ao direcionar aqueles crimes para a
autoridade judiciária.

O sujeito passivo direto é a pessoa que teve a medida de


privação de liberdade em seu desfavor e o sujeito passivo mediado
ou indireto é o Estado.

Nos casos do parágrafo único, a consumação se dará quando


a autoridade judiciária praticar uma das condutas descritas na lei.

Por fim, cumpre destacarmos que as hipóteses do parágrafo


único do art. 9º trazem crimes omissivos, crime próprio e crime
omissivo próprio, de maneira que não é admitida tentativa.
Conforme o art. 310 do CPP, o juiz, ao receber o auto de prisão
em flagrante, deverá, fundamentadamente:

I - relaxar a prisão ilegal; ou


II - converter a prisão em flagrante em prisão
preventiva, quando:
§1º estiverem presentes os requisitos do art. 312
do CPP e
§2º se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem
fiança.

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de


testemunha ou investigado manifestamente
descabida ou sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

Para que se configure o delito do art. 10, é necessário que a


condução coercitiva da testemunha ou investigado seja
manifestamente descabida ou ainda sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo.

Nesse contexto, importante salientar a respeito do conceito


da condução coercitiva, para melhor compreensão do tipo penal em
análise.

Conforme Márcio Cavalcante, a condução coercitiva


consiste em capturar a testemunha, o perito, o ofendido, o
investigado ou o réu e levá-lo, ainda que contra a sua vontade, à
presença de uma determinada autoridade para que seja ouvido,
identificado ou pratique outros atos de interesse da investigação ou
da ação penal.

Embora não listada no rol das medidas cautelares diversas da


prisão dos artigos 319 e 320 do CPP, também funciona como medida
cautelar de coação pessoal.

A legislação prevê a possibilidade, em tese, da condução


coercitiva de:

a) testemunha:

Previsto no artigo 218 do CPP - Se, regularmente intimada,


a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o
juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou
determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar
o auxílio da força pública.

b) perito:

Previsto no artigo 278 do CPP - No caso de não-


comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá
determinar a sua condução.

c) ofendido (vítima):

Previsto no artigo 201 do CPP - Sempre que possível, o


ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa
indicar, tomando-se por termo as suas declarações.

§ 1º Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem


motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da
autoridade.
d) investigado (fase pré-processual) ou réu (fase
processual):

Previsto no artigo 260 do CPP - Se o acusado não atender à


intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro
ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá
mandar conduzi-lo à sua presença.

Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de


condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que lhe for
aplicável.

É importante informar que a legislação prevê a


possibilidade de outras autoridades determinarem a condução
coercitiva. Veja alguns exemplos: autoridade policial; membros do
Ministério Público; Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI).

O sujeito ativo desse crime é a autoridade ou agente que


tem a atribuição de decretar a medida de condução coercitiva.

Existem duas possibilidades em que a decretação da


condução coercitiva poderá ensejar a responsabilização criminal
pelo art. 10:

1) quando a condução coercitiva for manifestamente


descabida ou
2) quando a condução coercitiva for decretada sem
prévia intimação de comparecimento ao juízo.

A segunda hipótese é, de fato, restrita às autoridades


judiciais, ou seja, apenas o magistrado poderá praticar considerando
que somente ele pode determinar o comparecimento da testemunha
ou investigado ao juízo.
No entanto, a primeira hipótese pode ser praticada por outras
autoridades, como é o caso do Delegado de Polícia, do membro do
Ministério Público e do presidente de CPI.

Como sujeito passivo há a testemunha ou investigado e, de


forma indireta, o Estado.

O crime se consuma quando a medida é decretada, ou seja,


a sua efetiva realização, ou seja, a condução propriamente dita, é
mero exaurimento do crime.

O crime se consuma com a decretação, ou seja, com a


prolação da decisão determinando a condução coercitiva, ainda
que ela não se consuma. Trata-se, portanto, de crime formal, que
não depende da produção de resultado naturalístico.

Desse modo, imagine que o juiz decreta a condução coercitiva


do investigado mesmo sendo manifestamente descabida. Antes que
a providência seja cumprida, o investigado consegue do Tribunal
uma ordem em habeas corpus cassando a decisão de 1ª instância.
Em tese, o crime estará consumado mesmo não tendo ocorrido a
efetiva condução coercitiva.

Da mesma forma que o crime anterior, este é punido


somente a título de dolo.

Dolo acrescido do elemento subjetivo especial (finalidade


específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal).
Não se pune a conduta culposa.

Se o juiz determinou a condução coercitiva do perito ou do


ofendido, NÃO haverá o crime do art. 10 mesmo que essa
condução tenha sido manifestamente descabida ou sem prévia
intimação dos destinatários.

Caro concurseiro, o tipo penal fala apenas em testemunha ou


investigado.

A competência para julgamento deste crime dependerá das


funções desempenhadas pela autoridade que determinou a
condução coercitiva.

se a condução coercitiva for decretada pelo


magistrado que estiver atuando em função judicante de natureza
federal, a competência será da Justiça Federal.

É o caso, por exemplo, de um Juiz Federal, de um Juiz do


Trabalho, de um Juiz Militar ou mesmo de um Juiz de Direito atuando
em processo de competência delega (ex: causas previdenciárias –
art. 109, § 3º, da CF/88).

Em caso contrário, a competência será da Justiça Estadual.

STF: “(...) Arguição julgada procedente, para


declarar a incompatibilidade com a Constituição
Federal da condução coercitiva de investigados
ou de réus para interrogatório, tendo em vista que
o imputado não é legalmente obrigado a
participar do ato, e pronunciar a não recepção da
expressão “para o interrogatório”, constante do
art. 260 do CPP.” (STF, Pleno, ADPF 444/DF,
Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/06/2018, DJe
107 21/05/2019).

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar


prisão em flagrante à autoridade judiciária no
prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução


de prisão temporária ou preventiva à autoridade
judiciária que a decretou;

II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão


de qualquer pessoa e o local onde se encontra à
sua família ou à pessoa por ela indicada;

III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24


(vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão e os
nomes do condutor e das testemunhas;

IV - prolonga a execução de pena privativa de


liberdade, de prisão temporária, de prisão
preventiva, de medida de segurança ou de
internação, deixando, sem motivo justo e
excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura
imediatamente após recebido ou de promover a
soltura do preso quando esgotado o prazo judicial
ou legal.

A Constituição Federal, em seu art. 5º, LXII, afirma que a


prisão de qualquer pessoa e o local onde esta se encontra deverá
ser comunicada imediatamente ao juiz e a família do preso, ou
ainda, à pessoa por ele indicada, trata-se, portanto, de garantia
constitucional.

Acompanhando o disposto na Constituição Federal, o artigo


306 do CPP, de forma semelhante prevê que “a prisão de qualquer
pessoa e o local onde se encontre serão COMUNICADOS
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à
família do preso ou à pessoa por ele indicada”.

O § 1º do CPP, por sua vez, proclama que em até 24 (vinte e


quatro) horas após a realização da prisão, será ENCAMINHADO ao
juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não
informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria
Pública.

Por fim, o §2º declina que “no mesmo prazo, será entregue
ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os
das testemunhas”.

Denota-se, pois, que o artigo 12 da Nova Lei de Abuso de


Autoridade encontra-se em conformidade com as regras
constitucionais e legais.

O caput do artigo 12 entende como abuso de autoridade a


conduta de deixar injustificadamente de comunicar a prisão em
flagrante à autoridade judiciária no prazo legal.
Segundo o Prof. Péricles Mendonça, o sujeito ativo para a
conduta do caput é a autoridade responsável pela comunicação do
flagrante à autoridade judiciária.

No inciso I, o sujeito ativo é qualquer autoridade que cumpra


a ordem de prisão e deixe de comunicar a autoridade judiciária
responsável. O inciso II tem como sujeito ativo o responsável pela
não comunicação à família e, o III, o agente responsável pela entrega
da nota de culpa ao preso que não o faz. Por fim, o inciso IV tem
como sujeito ativo aquele que prolonga a prisão do indivíduo
injustificadamente.

O sujeito passivo direto ou imediato que é o preso; e um


sujeito passivo indireto ou mediato, que é o Estado.

A consumação ocorre quando o agente deixa de fazer aquilo


que a norma impõe, ou seja, existe um crime omissivo próprio. Da
mesma forma que os demais delitos, esse crime só é punido a título
de dolo.

Elemento normativo: a expressão “injustificadamente”


exige uma valoração a ser feita pelo magistrado para ver se essa não
comunicação possui algum fundamento.

A conduta do artigo 12 é crime omissivo e próprio.

Admite a proposta de suspensão condicional do processo,


benefício previsto no art. 89 da Lei 9.099/95, bem como o acordo
de não persecução penal.
Na verdade, esse complemento se dá pelo Código de Processo
Penal que estabelece um prazo de 24 horas. Tem-se, pois, que se
trata de uma norma penal em branco imprópria, em sentido amplo
e homogênea, já que é outra lei que traz o complemento.

Art. 13. Constranger o preso ou o detento,


mediante violência, grave ameaça ou redução de
sua capacidade de resistência, a:

I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido


à curiosidade pública;

II - submeter-se a situação vexatória ou a


constrangimento não autorizado em lei;

III - produzir prova contra si mesmo ou contra


terceiro:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e


multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.

Trata-se de uma modalidade especial de constrangimento


ilegal. No momento em que a lei usa a expressão constranger o preso
a fazer alguma coisa, para fins de consumação é necessário que essa
coisa ocorra; não ocorrendo não haverá crime, podendo haver
tentativa. O crime é, portanto, material.

O constrangimento do art. 13 pode se dar mediante violência,


grave ameaça ou violência imprópria.

Constranger o preso ou o detento, mediante violência,


grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:

a) Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade


pública;
b) Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não
autorizado em lei;
c) Produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:

No crime em estudo, o agente cometerá o crime quando


forçar mediante violência ou grave ameaça ou redução da
capacidade de resistência do preso a produção de provas contra si
ou contra terceiros, como, por exemplo, confessar determinado
crime ou indicar as pessoas que praticaram o crime junto com ele.

O inciso III é o mais importante do art. 13, pois consagra o


direito fundamental a não incriminação, prevê o direito de não
produzir prova contra si mesmo.

O direito de não produzir prova contra si mesmo está


consagrado pela Constituição, assim como pela legislação
internacional, como um direito mínimo do acusado, sendo de
fundamental importância seu cumprimento, pois este é um
direito fundamental do cidadão.

No entanto, aqui na Lei de Abuso de Autoridade o legislador


vai além e afirma que haverá crime também quando o preso é
forçado a produzir prova contra terceiro.
O sujeito ativo é o agente público nos termos definidos no
art. 2.º da Nova Lei de Abuso de Autoridade, especificamente o
responsável pelo constrangimento ilegal de presos e detentos,
submetidos a condições vexatórias e degradantes da sua honra, da
sua imagem e da sua dignidade, como se fossem objetos (e não
sujeitos de direitos) de espetáculos populistas irracionais.

Classifica-se, portanto, como crime próprio, porque


somente pode ser cometido por agente público, normalmente
agentes responsáveis pela custódia de presos ou de outra forma
responsáveis por estes.

O sujeito passivo imediato é a pessoa presa, cuja dignidade


honra imagem e dignidade humana são violadas pelo agente público
responsável pelo constrangimento. O sujeito passivo mediato é o
Estado, porque há o interesse público no controle da legalidade das
prisões e detenções, impedindo eventuais excessos de seus agentes.

O bem jurídico tutelado é a honra e a imagem do preso ou do


detento e, em última medida, da dignidade humana. Em outros
termos, tutela-se a garantia constitucional inserta no inc. XLIX do art.
5.º da CF/88, com o propósito de proteger o respeito à integridade
física e moral asseguradas aos presos.

O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre


e consciente de constranger o preso ou o detendo, mediante
violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de
resistência, a exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
curiosidade pública; ou submeter-se a situação vexatória ou a
constrangimento não autorizado em lei; ou ainda a produzir prova
contra si mesmo ou contra terceiro.
Acrescente-se ao dolo do agente público o elemento subjetivo
do injusto “com a finalidade específica de prejudicar outrem ou
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal.”

Este fim especial é necessário, caso contrário, não haverá


dolo. Consiste num elemento especial do tipo fixado pelo legislador
no §1.º do art. 1.º da Nova Lei para todos os delitos de abuso de
autoridade.

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de


prisão, pessoa que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, deva guardar
segredo ou resguardar sigilo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e


multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem


prossegue com o interrogatório:

I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito


ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida
por advogado ou defensor público, sem a
presença de seu patrono.

A Nova Lei de Abuso de Autoridade criminaliza a conduta do


agente público que constranja sob ameaça de prisão algumas
dessas pessoas a depor.

O constrangimento previsto no art. 15 é sob grave ameaça de


prisão. Esse constrangimento não pode ser por meio de violência ou
qualquer outra ameaça de mal injusto e grave que não a de prisão.
O sujeito ativo é o agente público que irá constranger pessoas
impedidas a depor, ameaçando-as de constrição da liberdade.
Classifica-se como crime comissivo, porque é cometido mediante
ação do agente público.

O sujeito passivo imediato é a pessoa impedida de depor e


ameaçada, com a sua liberdade de locomoção colocada em xeque.
O sujeito passivo mediato é o Estado, porque há o interesse público
no controle dos atos de seus agentes com o propósito de evitar
excessos de poder.

O bem jurídico tutelado é a liberdade individual da pessoa


ameaçada e a garantia de vedação de provas ilícitas. A própria
administração da justiça também é ofendida, porque a prova ilícita e
todas as outras provas destas derivadas devem ser anuladas,
inaceitáveis no processo penal.

O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre


e consciente de constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa
que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva
guardar segredo ou resguardar sigilo Acrescente-se ao dolo do
agente público o elemento subjetivo do injusto “com a finalidade
específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.”

A pena prevista para o delito é de detenção, de 1 (um) a 4


(quatro) anos, e multa.

Portanto, a infração é de médio potencial ofensivo, com


regime inicial mais gravoso semiaberto, sendo admitida a suspensão
condicional do processo.
O parágrafo único trouxe uma conduta equiparada. Assim,
incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório de
pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio.

O inciso II também tipifica como crime a conduta daquele


que prossegue com o interrogatório de pessoa que tenha optado por
ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de
seu patrono.

Esse crime só pode ser praticado por delegado de polícia


ou em fase pré-processual pelo Ministério Público, se este estiver
presidindo o procedimento investigatório, porque se for na seara
judicial do processo penal a pessoa, necessariamente, estará
assistida por advogado ou defensor público.

O inciso II afirma que se a pessoa tiver optado por ser


assistida por advogado ou defensor, o interrogatório não pode
prosseguir sem a presença do patrono. Caso a pessoa não tenha
advogado deve ser providenciado um defensor público. Se na cidade
não houver defensor público, será nomeado um defensor dativo.

O crime se consuma com o ato constrangedor,


independentemente de ter começado ou não o seu depoimento

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se


falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou
prisão:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,


e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal,
deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si
mesmo falsa identidade, cargo ou função.

O delito do art. 16 da Nova Lei de Abuso de Autoridade vem


para reforçar a garantia constitucional prevista ao teor do art. 5º,
LXIV, que prevê – o preso tem direito à identificação dos
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.

Nessa perspectiva, temos que é direito do preso saber quais


foram os responsáveis por sua prisão e ainda por seu interrogatório.

Nos termos do artigo em comento, constitui crime a conduta


de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por
ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua
detenção ou prisão.

Trata-se de forma especial de falsa identidade. No art. 16


temos um tipo misto alternativo, há dois núcleos do tipo: “deixar de
identificar-se” ou “identificar-se falsamente”. Se no mesmo
contexto fático, inicialmente, o policial deixa de se identificar e, logo
depois, se identifica falsamente, há crime único.

O parágrafo único, por sua vez, trouxe uma figura


equiparada, o qual tem alcance distinto do caput, pois pune não só
aquele que deixa de se identificar, ou se atribui identidade falsa, mas
também aquele que deixa de informar seu cargo ou função ou
informa falsamente.

A infração penal prevista nesse parágrafo engloba as


infrações penais militares. Vale ressaltar que este crime deve
ocorrer em sede de procedimento investigatório de ação penal.
Se o investigado está sendo interrogado em processo administrativo
disciplinar e a autoridade responsável por interrogá-lo se identifica
falsamente não há esse crime.
O sujeito ativo é o agente que deixa de se identificar ou se
identifica falsamente e o sujeito passivo direto é o preso, tendo como
sujeito passivo indireto o Estado.

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório


policial durante o período de repouso noturno,
salvo se capturado em flagrante delito ou se
ele, devidamente assistido, consentir em
prestar declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.

O delito do artigo 18 trouxe uma elementar em seu tipo penal


que merece total atenção por nossa parte, qual seja, “repouso
noturno”. No Código Penal, há inclusive uma causa de aumento de
pena prevista no artigo 155 que aumenta a pena se o furto for
praticado durante o repouso noturno.

O crime do artigo 18 é um crime próprio, pois exige uma


especial qualidade do sujeito ativo. Como se trata de um
interrogatório policial, a conduta deve ser praticada por uma
autoridade policial.

Sujeito ativo do delito é o agente ou a autoridade


responsável policial, responsável pelo interrogatório.

O sujeito passivo dessa infração penal é o preso, não


necessariamente devido ao crime atual, pois a prisão pode decorrer
de outra infração criminal, já que não há vedações nesse sentido
para a aplicabilidade do artigo 18.

A consumação ocorre com o início do interrogatório, durante


o repouso noturno.
A pena prevista para o delito é de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa, trata-se, portanto, de crime de menor potencial
ofensivo, sendo aplicáveis todos os institutos da lei 9.099/95.

Art. 19. Impedir ou retardar,


injustificadamente, o envio de pleito de preso à
autoridade judiciária competente para a
apreciação da legalidade de sua prisão ou das
circunstâncias de sua custódia:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e


multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena o


magistrado que, ciente do impedimento ou da
demora, deixa de tomar as providências
tendentes a saná-lo ou, não sendo competente
para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o
pedido à autoridade judiciária que o seja.

Há a conduta do art. 19 da Lei de Abuso de Autoridades, que


é quando o agente impede essa comunicação ou até mesmo a retarda
de forma injustificada. O crime consiste em impedir ou retardar o
envio de pleito de preso. Nesse caso há um tipo misto alternativo,
de modo que a prática de mais de um núcleo do tipo não implica
pluralidade criminosa.

Elemento normativo: “Injustificadamente” – esse termo significa


que não há motivo idôneo para que o pleito tenha demorado tanto
para chegar até a autoridade judiciária competente. Exige-se um
juízo de valor do magistrado para verificar se esse impedimento
ou retardamento do envio do pleito se deu de forma justificada ou
não.
O sujeito ativo dessa infração penal pode ser qualquer
agente público que tenha o preso sob sua custódia.

O sujeito passivo desse crime é o preso, pois é ele que tem o


seu direito de petição atingido pela conduta da autoridade.

O crime se consuma momento que o agente,


injustificadamente, impede ou retarda o envio do pleito.

A pena é de detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, e,


sendo assim, o regime mais gravoso será o semiaberto. A infração é
classificada como de médio potencial ofensivo. A suspensão
condicional do processo é cabível.

O parágrafo único, por sua vez, trouxe uma figura


equiparada. Assim, incorre na mesma pena o magistrado que,
ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as
providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para
decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade
judiciária que o seja.

Sujeito ativo da figura equiparada é o magistrado


competente (1ª parte do artigo); o magistrado incompetente (2ª
parte do artigo). Sujeito passivo, por sua vez, o preso.

A 1ª parte do artigo cria um dever jurídico de evitar o


resultado: o juiz percebe a demora e tem o dever jurídico de fazer
cessar a demora ou o impedimento. Já na 2º parte, o crime pode ser
praticado apenas pela autoridade judiciária incompetente.

Ademais, o crime desse parágrafo é omissivo próprio, o que


significa que não é admitida a tentativa.
As condutas descritas no parágrafo único recebem igual
sanção da conduta descrita no caput.

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista


pessoal e reservada do preso com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu
advogado ou defensor, por prazo razoável, antes
de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e
com ele comunicar-se durante a audiência, salvo
no curso de interrogatório ou no caso de
audiência realizada por videoconferência.

A entrevista deve ser pessoal, o que significa que o preso e


seu advogado devem estar frente a frente. Ela também deve ser
reservada, isto é, devem estar presentes apenas o advogado e o
preso.

O tipo penal contempla um elemento normativo especial,


qual seja, sem justa causa. Assim, se houver justa causa não há crime;
trata se de um elemento normativo do tipo que exigirá juízo de valor
por parte do magistrado.

O sujeito ativo da conduta prevista no caput é qualquer


agente que impeça a entrevista do preso com o seu patrono; já no
parágrafo único, a lei voltou seus olhos ao magistrado, pois estamos
diante do momento da audiência.

O sujeito passivo direto é o preso, investigado, réu solto,


bem como seus advogados e defensores; e o sujeito passivo indireto
é o Estado.
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na
mesma cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
mantém, na mesma cela, criança ou adolescente
na companhia de maior de idade ou em ambiente
inadequado, observado o disposto na Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
e do Adolescente).

O art. 21 da Nova Lei de Abuso de Autoridade, caput, tipifica


como abuso de autoridade o fato de manter presos de ambos os
sexos na mesma cela ou espaço de confinamento.

O tipo penal responsabiliza criminalmente por abuso de


autoridade o agente que mantém pessoas de sexos diferentes no
mesmo espaço de confinamento ou cela.

O núcleo do tipo do art. 21 é o verbo manter. Isso significa


que se trata de um crime permanente: enquanto presos de sexos
diferentes estiverem na mesma cela a situação é de flagrante delito
que se protrai no tempo.

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou


astuciosamente, ou à revelia da vontade do
ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou
nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e


multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
caput deste artigo, quem:

I - coage alguém, mediante violência ou grave


ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;
II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão
domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou
antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para
prestar socorro, ou quando houver fundados
indícios que indiquem a necessidade do ingresso
em razão de situação de flagrante delito ou de
desastre.

O art. 22 da Lei de Abuso de Autoridade segue a regra


constitucional prevista ao teor do art. 5º, inciso XI, que diz: a casa é
asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.

Durante o dia, é possível o ingresso em domicílio nas


seguintes hipóteses: com o consentimento do morador, em caso de
flagrante delito, desastre, para prestar socorro, ou mediante
determinação judicial.

Durante a noite, o ingresso em domicílio alheio só pode


ocorrer nos seguintes casos: com o consentimento do morador,
flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro.
O art. 150 do Código Penal 18 já tipificava o crime de violação
de domicílio. O caput do art. 22 da Nova Lei de Abuso de
Autoridade porém trouxe uma modalidade especial de violação de
domicílio, tipificando como abuso de autoridade a conduta daquele
que invade ou adentra, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia
da vontade do ocupante, imóvel ou suas dependências, ou nele
permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou
fora das condições estabelecidas em lei.

O artigo 22 é classificado como um tipo penal misto


alternativo, porque a prática de mais de um núcleo do tipo não
implica pluralidade criminosa quando dentro do mesmo contexto
fático. No entanto, a prática de mais de um núcleo do tipo pode
ser valorada na primeira fase da dosimetria da pena, nas
circunstâncias judiciais (especialmente nas circunstâncias do
crime).

O tipo penal consagra uma presunção do desejo de não


ingresso do agente público (se o ocupante nada diz, então o agente
público não pode entrar em seu imóvel). Portanto, se há revelia da
manifestação de vontade do ocupante do imóvel, presume-se que o
ocupante não quer o ingresso do agente público. Tal presunção
tem razão de ser, porque prestigia o direito à propriedade, vida
privada e intimidade.

O sujeito ativo é o agente que efetivamente invade, adentra


ou permanece em imóvel sem o consentimento do ocupante; o
sujeito passivo direto é aquele que teve seu imóvel invadido ou
acessado; e o sujeito passivo indireto é o Estado.

O crime se consuma no exato instante que o agente ingressa


ilegalmente ou no imóvel permanece.
É considerada como equiparada a conduta do agente que
coage mediante violência ou grave ameaça a franquear o acesso ao
imóvel ou suas dependências.

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de


diligência, de investigação ou de processo, o
estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim
de eximir-se de responsabilidade ou de
responsabilizar criminalmente alguém ou
agravar-lhe a responsabilidade:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e


multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem


pratica a conduta com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou
administrativa por excesso praticado no curso de
diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar
dados ou informações incompletos para desviar o
curso da investigação, da diligência ou do
processo.

Inovar artificiosamente significa valer-se de meio


enganoso, alterando o estado de lugar, de coisa ou de pessoa e assim,
alterar a verdade dos fatos. Mas a inovação fraudulenta deve ser
idônea para enganar, sob pena de não configurar o crime.

Para existir o crime é preciso que o agente público tenha


agido com especial fim, é preciso que o elemento subjetivo se faça
presente. Só haverá crime quando a inovação artificiosa se der
com o fim de eximir o agente público de sua responsabilidade,
de responsabilizar criminalmente alguém que não deveria ter
alterado o estado de lugar, de coisa ou de pessoa para agravar a
responsabilidade desse indivíduo.

É sujeito ativo o agente que inova fraudulentamente, no


curso de diligência, de investigação ou de processo, conforme prevê
o tipo penal. Mais uma vez há a dupla subjetividade passiva, em
que o sujeito passivo direto é a pessoa prejudicada com a inovação
artificiosa; e o sujeito passivo indireto é o Estado.

Para a consumação não é preciso que a finalidade que


animou o agente se cumpra na vida real. O delito é de intenção, é um
crime formal, que se consuma quando o agente efetivamente inova
artificialmente, desde que seja idônea a enganar.

A pena é de detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


Cabe suspensão condicional do processo, se estiverem presentes os
requisitos.

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave


ameaça, funcionário ou empregado de instituição
hospitalar pública ou privada a admitir para
tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido,
com o fim de alterar local ou momento de crime,
prejudicando sua apuração:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e


multa, além da pena correspondente à violência.

O agente constrangerá se valendo de violência ou grave


ameaça para que o funcionário do hospital, seja público ou
particular, aceite pessoa morta; com a intenção de alterar o local do
crime e/ou o momento do crime, prejudicando a investigação dos
fatos.
Trata-se de uma modalidade especial de inovação artificiosa.
Aqui, o agente retira do local do crime o cadáver, tratando-o como se
vivo fosse, e o leva até o hospital, buscando para sua fraude uma
chancela hospitalar. Não se exige que tenha algum procedimento
investigatório em curso.

Embora qualquer agente público possa praticar o delito, a lei


mirou no agente ou autoridade de segurança pública, pois segundo
o art. 6º do Código de Processo Penal, é a autoridade policial que
deverá se dirigir ao local para garantir sua preservação.

Sujeito passivo do delito é o funcionário ou o empregado da


instituição hospitalar pública ou privada constrangido pelo agente.

O sujeito ativo é a pessoa que efetivamente pratica a ação de


constranger, mediante violência ou grave ameaça, o funcionário a
aceitar a pessoa morta para um “tratamento”.

Para consumar-se não se exige a efetiva alteração. É,


portanto, um crime formal. Caso o agente público não saiba que a
vítima já morreu não haverá dolo e, portanto, não haverá crime.

É necessário que o agente saiba da morte da pessoa que está


levando, e caso ainda acredite que aquela pessoa ainda esteja viva,
poderá ser considerado erro de tipo. A finalidade deve ser de alterar
o local ou momento do crime.

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em


procedimento de investigação ou fiscalização, por
meio manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua
ilicitude.

O tipo penal criminaliza a conduta daquele que procede à


obtenção de prova, em procedimento de investigação ou
fiscalização, por meio manifestamente ilícito.

É importante lembrar que a obtenção de prova ilícita, que


configura crime, pode ocorrer em processo de investigação ou
fiscalização em outros âmbitos além do penal. Portanto, o abuso de
autoridade não se limita à produção de prova ilícita na seara penal.

O sujeito ativo é aquele que efetivamente obtém as provas


por meios manifestamente ilícitos, enquanto o sujeito passivo direto
é a pessoa atingida pela ação delituosa.

A consumação ocorre com a produção ou o efetivo uso da


prova ilícita.

A pena é de detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, sendo cabível a
suspensão condicional do processo.

O parágrafo único trouxe uma figura equiparada ao caput,


dispondo incorrerá nas mesmas penas quem faz uso de prova, em
desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de
sua ilicitude. Trata da situação em que o agente público não foi
quem produziu a prova, mas tendo conhecimento prévio da sua
ilicitude a emprega em desfavor do investigado ou do fiscalizado.

O conhecimento da ilicitude da prova deve ser prévio. Caso o


agente público tenha conhecimento da ilicitude após ou
concomitantemente ao emprego da prova não haverá crime.
O parágrafo único, de forma semelhante ao caput, não se
limita ao processo penal: mesmo em infrações administrativas e
ambientais pode configurar abuso de autoridade.

A pena é a mesma prevista no caput, detenção, de 1 (um) a 4


(quatro) anos, e multa. Portanto, é uma infração de médio
potencial ofensivo. A pena mínima admite a suspensão condicional
do processo.

A consumação se dá com efetivo uso (parágrafo único) da


prova ilícita.

Elemento subjetivo do tipo penal é dolo e o especial fim de


agir consistente em PREJUDICAR o investigado ou fiscalizado. Por
isso, não há crime se o uso da prova ilícita foi feito a favor do acusado
ou investigado.

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar


procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de
qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração
administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.

Parágrafo único. Não há crime quando se tratar


de sindicância ou investigação preliminar
sumária, devidamente justificada.

O tipo penal em estudo busca garantir que nenhum


procedimento investigatório seja aberto sem um mínimo de indício
da prática de crime, infração administrativa ou funcional. Desse
modo, para que seja instaurado um dos procedimentos listados na
lei, é necessário um mínimo de prova suficiente para lastrear a
requisição da instauração ou a própria instauração do procedimento
investigatório de infração penal ou administrativa.

O sujeito ativo é aquele responsável por instaurar ou


requisitar o procedimento de investigação criminal, administrativa
ou disciplinar, sendo o sujeito passivo a pessoa objeto da
investigação.

A consumação se dá com a mera requisição da investigação


ou com a instauração do procedimento de investigação.

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação


sem relação com a prova que se pretenda
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada
ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou
acusado:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e


multa.

O sujeito ativo é qualquer agente público que tenha o dever


de resguardar o sigilo das informações e que assim não o faça. Como
sujeito passivo, há o Estado de uma forma indireta e o
investigado/acusado de forma direta.

O crime se consuma com a efetiva realização do verbo do


núcleo (divulgar), não sendo necessária a ofensa à intimidade, vida
privada, honra ou imagem do investigado/acusado.

Art. 29. Prestar informação falsa sobre


procedimento judicial, policial, fiscal ou
administrativo com o fim de prejudicar interesse
de investigado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.

O crime do artigo 29 é uma modalidade especial de falsidade


ideológica, em que o agente presta informações falsas quando em
um procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo, com a
finalidade de prejudicar o interesse do investigado.

O sujeito ativo é qualquer agente público que tenha o dever


de prestar informação e preste essas informações falsas. O sujeito
passivo, por sua vez, é a pessoa que é investigada nesse
procedimento em que o agente prestou declarações falsas.

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução


penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

O termo “justa causa” é por demais aberto, podendo, por


isso, gerar insegurança jurídica. Em razão disso, alguns
doutrinadores entendem que artigo é inconstitucional. Justa
causa é o suporte fático mínimo, início de prova (ainda que
indiciário), capaz de justificar a oferta de persecução penal, civil ou
administrativa.

O sujeito ativo é a autoridade que tem competência para dar


início ou proceder a persecução penal, civil ou administrativa; e o
sujeito passivo direto é a pessoa constrangida pela persecução
penal, civil ou administrativa.

A consumação do delito se dá no momento do início da


persecução ou na insistência por parte da autoridade na persecução.
Art. 31. Estender injustificadamente a
investigação, procrastinando-a em prejuízo do
investigado ou fiscalizado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,


inexistindo prazo para execução ou conclusão de
procedimento, o estende de forma imotivada,
procrastinando-o em prejuízo do investigado ou
do fiscalizado.

O caput pune a autoridade que extrapola injustificadamente


o prazo legalmente previsto para conclusão da investigação.

O parágrafo único pune, mesmo quando não há um prazo


legal, quem procrastina em prejuízo do investigado ou fiscalizado.
Tanto na conduta descrita no caput quanto no parágrafo único há
somente a figura do investigado ou fiscalizando, nos levando a
entender que a conduta é abrangida somente pela fase de
investigação.

O sujeito ativo é o agente público responsável pela condução


dos procedimentos investigatórios, sendo o sujeito passivo direto a
pessoa formalmente investigada. O crime se consuma quando o
prazo deixa de ser razoável para a conclusão das investigações.

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou


advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao
inquérito ou a qualquer outro procedimento
investigatório de infração penal, civil ou
administrativa, assim como impedir a obtenção
de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a
realização de diligências futuras, cujo sigilo seja
imprescindível:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,


e multa.

Nos termos da CF, Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer


trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
que a lei estabelecer.

Dessa forma, passa a ser considerado crime a conduta


daquele que negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso
aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao
inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de
infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a
obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências
futuras, cujo sigilo seja imprescindível.

O sujeito ativo do delito é a autoridade que presida a


investigação e negue o acesso do patrono do investigado; e o sujeito
passivo direto é a pessoa constrangida pela indevida recusa.

A consumação se dá quando o agente nega acesso aos autos


da investigação.

Art. 4º São efeitos da condenação:

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano


causado pelo crime, devendo o juiz, a
requerimento do ofendido, fixar na sentença o
valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, considerando os prejuízos por ele
sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo,
mandato ou função pública, pelo período de 1
(um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função
pública.

Art. 5º As penas restritivas de direitos


substitutivas das privativas de liberdade
previstas nesta Lei são:

I - prestação de serviços à comunidade ou a


entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou
do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis)
meses, com a perda dos vencimentos e das
vantagens;
III - (VETADO).
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos
II e III do caput deste artigo são condicionados à
ocorrência de reincidência em crime de abuso de
autoridade e não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente na sentença.

Os efeitos previstos nos incisos II e III:

• são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de


abuso de autoridade e;

• devem ser declarados motivadamente na sentença (não são


automáticos).
A condenação por crime de abuso de autoridade não acarreta
automaticamente a perda do cargo. Na nova Lei, somente
ocorrerá a perda do cargo como decorrência da condenação se
o criminoso for reincidente em crime específico de abuso de
autoridade.

Penas restritivas de direitos - A nova Lei de Abuso de


Autoridade prevê penas alternativas em favor do autor do delito. Em
seu art. 5.º, estabelece que as penas privativas de liberdade podem
ser substituídas pelas seguintes penas restritivas de direito:

a) prestação de serviços à comunidade ou a entidades


públicas;
b) suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato,
pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos
vencimentos e das vantagens.

As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas


autônoma ou cumulativamente.

Na nova Lei, todos os crimes serão responsabilizados com pena


de detenção e multa. Não foi prevista pena de reclusão. A
medida é correta. Os crimes de abuso de autoridade não
possuem gravidade suficiente para se cominar pena de
reclusão. Estão previstas nos artigos 6º, 7º e 8º da Lei de Abuso
de Autoridade.

Princípio da independência de instâncias - Em regra, as


penas (sanções criminais) previstas na Lei nº 13.869/2019 devem
aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou
administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos
nesta Lei que descreverem falta funcional serão
informadas à autoridade competente com vistas à
apuração.

Assim, em regra, as responsabilidades civil e administrativa


são independentes da criminal.

Exceções:
1) Se o juízo criminal decidir sobre a existência ou a autoria
do fato, essas questões não poderão mais ser questionadas
nas esferas civil e administrativa.
2) Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no
administrativo disciplinar, a sentença penal que reconhecer
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito.

Em caso de falta funcional, o órgão correcional deverá ser


informado. As notícias de crimes previstos na Lei nº 13.869/2019
que descreverem falta funcional deverão ser informadas à
autoridade competente com vistas à apuração.

Os elementos subjetivos especiais ou dolos específicos ou


elementos subjetivos do injusto trarão a gravidade necessária para
justificar a tipificação das condutas mas, ao mesmo tempo,
dificultarão, e muito, a comprovação da parte subjetiva da conduta.

São finalidades específicas previstas na lei, alternativas, as


seguintes: prejudicar outrem; beneficiar a si mesmo; beneficiar
terceiro; por mero capricho; por satisfação pessoal.
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos
previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Percebe-se da análise da redação do art. 39 da Nova Lei de


Abuso de Autoridade, que o legislador optou por não trazer um
procedimento específico, de modo que, aplicar-se-á as disposições
do Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Para os denominados crimes de menor potencial ofensivo,


observar-se-á a Lei n.9.099/95. Noutra banda, aplicar-se-á o CPP,
nas demais infrações. Dessa forma, temos que legislador optou em
não criar um procedimento próprio para a apuração de crimes de
abuso de autoridade, devendo ser aplicado o CPP e a Lei dos Juizados
Especiais no que couber.

A depender da situação será aplicada a lei 8.038/90, nos


casos em que o sujeito ativo possui foro por prerrogativa de função,
por exemplo.

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