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PARECER Nº 67/2007
ASSUNTO: OBRIGATORIEDADE DE CONTER NO AUTO DE INFRAÇÃO DE
TRÂNSITO O RELATO SOBRE QUAL TIPO DE ORDEM EMANADA PELO AGENTE
DE TRÂNSITO FOI DESOBEDECIDA E DE QUE FORMA OCORREU A
DESOBEDIÊNCIA
CONSELHEIRO RELATOR: EDUARDO BARTNIAK FILHO
I. Consulta:
5. Com esse breve introito passa-se então, à questão buscada no presente estudo,
que é a análise do caput do artigo 195 do CTB, sobre a obrigatoriedade em constar no Auto de
Infração de Trânsito o registro da ordem emanada do agente.
11. Assim, é importante ressaltar, ainda que pesem graves acusações quanto a
confecção do auto de infração de trânsito, (assunto não relevante nesta análise), existe a
necessidade da administração proceder de forma adequada e eficaz, para que desse ato,
possam se originar direitos para o Estado fiscal. Ademais, de atos falhos não se originam
direitos conforme preceitua a Súmula 473 do STF.
12. É imperioso assinalar que a subjetividade com que muitos agentes de trânsito
escrevem no auto de infração não é compatível com a administração pública e seus deveres.
13. Descrever num auto de infração simplesmente que não foi possível abordar o
veículo é ato inadmissível que precisa ser afastado da boa administração. O auto de infração é
a peça mais importante da lavratura do delito de trânsito e, portanto, deve estar devidamente
preenchido e bem relatado para que encontre amparo no manto legislativo e para que haja a
legítima outorga à administração pública do direito dever de fiscalizar, disciplinar e penalizar
quando for o caso.
14. Convém anotar que cumprirá sempre ao usuário da via pública o dever
inequívoco de obedecer às ordens do agente de trânsito desde que, logicamente ordens lícitas,
e, de outra feita, cumprirá sempre ao agente da autoridade de trânsito relatar no auto de
infração a ordem emanada e o motivo pela qual, se assim o for, restou desobedecida.
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15. A propósito importa destacar que para que resulte em infração de
desobediência faz-se necessário que antes tenha existido uma interpelação, um chamado, um
comando. A desobediência não existe por si só, não é elemento autônomo de ação, ou seja,
para que se caracterize uma desobediência é preciso que haja precedido uma ordem e que a
partir desse feito houve a vontade deliberada do agente interpelado em não cumprir o que lhe
estava sendo imposto por autoridade competente.
17. Há que se pensar que o veículo pode ter se evadido por uma série de razões,
como por exemplo, ver o agente e se assustar, não ver o agente, não entender suas ordens,
enfim, trata-se de questão deveras subjetiva que depende de um relato capaz de demonstrar
para a autoridade o que, de fato, ocorreu. Sem esse procedimento não há que se imputar ao
usuário da via a infração de desobediência sob pena de grave afronta aos preceitos
constitucionais.
É o entendimento.