Você está na página 1de 7

ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA JUNTA ADMINISTRATIVA DE

RECURSO DE INFRAÇÃO (DESCREVER O ÓRGÃO ESPECÍFICO)

RECURSO À JARI

AUTO Nº xx

RENAVAM xx

PLACAS xx

XXXXXX, CPF nº XXXXX, RG nº XXXXX, brasileira, casada, administradora,


residente e domiciliada na Rua XXXX, apto 01, centro, município de Fraiburgo
(SC). Não conformada com a Imposição de Penalidade cadastrada em seu
desfavor, vem propor o presente:

RECURSO À JARI (AUTO DE INFRAÇÃO INCONSISTENTE) COM PEDIDO


DE EFEITO SUSPENSIVO

em face do auto de infração nº XXXXXX lavrado contra o veículo XXXXXXX,


placas XXXXXXX, emplacado em Fraiburgo (SC), mediante fatos e
fundamentos adiante expostos:
1. DOS FATOS

A requerente acima qualificada teve o veículo de sua propriedade autuado sem


abordagem na data de XXXXXXXX, quando em tese teria cometido uma
infração de trânsito “deixar de manter acesa a luz baixa, de dia, nas rodovias.

2. DOS DIREITOS

De direito, requer o cancelamento da presente Penalidade. Desta forma, a


decisão imposta pela autoridade de trânsito deve ser arquivada. Eis que
desprovida de fundamentos válidos.

O agente fiscalizador no uso de suas atribuições legais, ao lavrar o auto de


infração deverá descrevê-la de forma pormenorizada no campo de
observações, o detalhamento da infração. Ao contrário disso, torna o auto de
infração irregular.

Por outro lado, foi notificada e apenas descrito no CAMPO OBSERVAÇÕES “O


VEÍCULO FOI FLAGRADO NA RODOVIA XXXX, COM OS FARÓIS
APAGADOS. NÃO SENDO ABORDADO POR QUESTÕES DE SEGURANÇA.
FLUXO INTENSO DE VEÍCULOS”. Tal relato não faz prova nenhuma contra a
requerente.

O ato administrativo por parte do agente é um documento público e deve seguir


a forma legal prevista em lei, pois se trata de um efeito mandamental do direito
administrativo. Não cabe ao administrador escolher outra, ou substituir a
indicada na norma administrativa, ainda que ambas colimem fins público. Por
fim, que provenha de agente competente, com finalidade pública e revestido
forma legal.

Com isso, o auto de infração deve estar devidamente motivado/fundamentado


por se tratar de Ato Administrativo vinculado na Lei. Ao contrário disso, resta
nulidade absoluta (art. 50 da Lei 9.784/99), conforme abaixo mencionado:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos quando:

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de


pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; (grifamos)

§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em


declaração de concordância com o fundamento de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do
ato.

Portanto, não paira qualquer dúvida que a decisão que julgar o auto de infração
de trânsito deverá ser fundamentada, devendo, inclusive ser explícita, clara e
congruente essa fundamentação.

Versa o presente parecer, sobre a obrigatoriedade de narrar no auto de


infração de trânsito o explícito motivo da não abordagem. É imperioso assinalar
que a subjetividade com que muitos agentes de trânsito escrevem no auto de
infração não é compatível com a administração pública e seus deveres.

A propósito importa destacar que para que resulte em infração de avançar sinal
de parada obrigatória faz-se necessário que antes tenha existido uma
sinalização no local.

O auto de infração encontra-se omisso, obscuro e contradito. Podemos


perceber no campo preenchido do auto de infração.

REITERAMOS AINDA QUE, a simples e corriqueira descrição no AIT de que


“O VEÍCULO FOI FLAGRADO NA RODOVIA XXXX, COM OS FARÓIS
APAGADOS. NÃO SENDO ABORDADO POR QUESTÕES DE SEGURANÇA.
FLUXO INTENSO DE VEÍCULOS NO LOCAL”, não faz prova contra ninguém
muito menos faz parte dos tipos infracionais.
3. DA NULIDADE DA INFRAÇÃO

A conduta lícita do recorrente é acobertada pela legalidade. Mesmo no caso


em que o Agente de Trânsito ao lavrar o auto de infração possui presunção de
legitimidade, sendo de caráter de veracidade. Porém, o caso em tela trata-se
de equivoco (achismo) do Agente que não considerou que o condutor usava o
cinto de segurança no momento em que solicitou a parada do veículo na Blitz.

Prova de que o policial se enganou é fato de que, o carro estava em baixíssima


velocidade, por motivo de o condutor ter avistado o policial ordenando a parada
do veículo. O policial deveria chegar-se ao condutor e falar com o mesmo que
logo ali chegou, sobre tal infração, mas não o fizestes.

Em razão de todo o descrito acima, venho solicitar a atenção especial desta


autoridade para que se possa arquivar o auto em questão.

a) Da lâmpada queimada x faróis apagados

De início, veremos agora os tipos descritos no Código de Trânsito Brasileiro:

Lâmpada queimada (inc. XXII do art. 230 do CTB) ou deixar de manter acesa a
luz baixa de dia nas rodovias (art. 250, I, b, do CTB).

O tipo infracional do ilícito descrito no inciso XXII do art. 230 do CTB exige para
a sua configuração, conduzir o veículo com defeito no sistema de iluminação,
de sinalização ou com lâmpadas queimadas.

Por outro lado, apresentamos o art. 250, I, b, do CTB que prevê a seguinte
conduta, quando o veículo estiver em movimento, deixar de manter acesa a luz
baixa, de dia, nas rodovias. (Redação dada pela Lei nº 13.290, de 2016).
A abordagem do infrator é imprescindível para a constatação dos ilícitos dos
artigos acima descritos. Se o agente de trânsito não consegue identificar a
tipicidade da conduta, deve se abster de lavrar a autuação. Considerando que
existe previsão legal para proceder na autuação sem abordagem (art. 280, §
3º, do CTB).

Se a ausência de luz no farol é ocasionada por defeito no sistema de


iluminação (lâmpada queimada), a infração passa a ser aquela tipificada no
inciso XXII do art. 230 do CTB. Se a omissão de luz no farol é causada por
esquecimento no momento de conduzir o veículo na rodovia, a conduta é a do
art. 250, I, b, do CTB.

Isso significa que, segundo os ditames legais de regência, a materialidade dos


ilícitos das infrações dos artigos acima, não está na falta de luminescência do
farol do veículo, mas sim no fato de um lado não ocorrer o acionamento do
farol e no outro, apresentar defeito no sistema de iluminação ou lâmpada
queimada.

Partindo dessa premissa é fácil concluir que, sem abordar o condutor cujo farol
não esteja irradiando luz fica impossível discernir se o veículo está com os
faróis apagados ou com defeito no sistema de iluminação.

Se o agente de trânsito não consegue identificar a tipicidade da conduta, fica


manifestamente prejudicada a autuação pois, como bem observa Geraldo de
Faria Lemos Pinheiro citando Waldir de Abreu, é necessário que a aplicação
das leis de trânsito seja do máximo rigor, a começar pelo irrepreensível
procedimento das autoridades de trânsito e seus agentes pois as autuações
hão de merecer a máxima lisura e credibilidade, razão pela qual “o agente de
trânsito deve abster-se de autuar em casos duvidosos” (Código de trânsito
brasileiro interpretado, São Paulo: J de Oliveira, 2000).

Por fim, não cabe ao Agente da Autoridade de Trânsito tentar profetizar se os


faróis veículo estão apagados ou com as lâmpadas queimadas.

4. DOS PEDIDOS
Em face ao exposto, respeitosamente requer:

a) Seja julgado totalmente procedente os pedidos da requerente;

b) Seja o AIT declarado inconsistente em razão de que é obrigatória a


abordagem do condutor infrator para fins de constatação, se o condutor estava
dirigindo o veículo com lâmpada queimada ou faróis apagados;

c) Que de ofício, julgue a regularidade e consistência do documento, nos


termos do art. 281, parágrafo único, I, do CTB;

d) Que o auto em questão seja arquivado em razão da ausência de


fundamentação na peça acusatória contra a requerente;

e) O efeito suspensivo caso a presente demanda não seja julgada dentro do


prazo legal;

f) (outros pedidos adicionais)

Assim, requer a análise e a decretação do arquivamento, caso cabível, nos


termos do art. 281, Parágrafo único, I do CTB.
Nestes termos,
Pede deferimento

CIDADE/UF, XX de Abril de 20XX.

Assinatura e Nome Completo.

Você também pode gostar