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ILUSTRÍSSIMO (A) SENHOR (A) DA SUPERINTENDÊNCIA DE TRÂNSITO DE

RECIFE

Auto de Infração de Trânsito (AIT) nº ****

RODRIGO JOSÉ DOS SANTOS CAMELO brasileiro, solteiro, inscrito no


CPF/MF sob nº. *******, residente e domiciliado na Rua ********** CEP: ******
********, na qualidade de proprietário da motocicleta particular, ano 2010/2011,
de placa PFP/5311 vem, perante Vossa Excelência, respeitosa e
tempestivamente, apresentar RECURSO ADMINISTRATIVO ao Auto de Infração
em epígrafe, nos termos das disposições constantes no Código Nacional de
Trânsito e demais diplomas pertinentes, pelos fatos e fundamentos abaixo
elencados:

DA SUPOSTA INFRAÇÃO COMETIDA

Art. 165 do Código de Trânsito Brasileiro - Lei 9503/97. Dirigir sob a influência de
álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por


12 (doze) meses;

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação


e retenção do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da
Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito
Brasileiro.

DO VEÍCULO

Modelo:

Ano:

Marca:

Placa:

Renavam:

DOS FATOS E FUNDAMENTOS


Nesta oportunidade, o Recorrente, vem, dentro do prazo legal, interpor o
presente recurso, pois a multa em questão foi feita injustamente, conforme
os motivos que abaixo expõe e junta as respectivas provas de suas
alegações.

O Requerente foi autuado por dirigir sob suposta influência de álcool, nos
termos do AIT supra mencionado. Porém, segundo a legislação vigente, nos
termos do artigo165 do CTB, é necessário que o motorista esteja realmente
sob influência de álcool.

No entanto, não merece prosperar a aplicação da referida penalidade, uma vez


que não foram cumpridas todas as formalidades essenciais para a configuração
da embriaguez supostamente alegada pelo agente de trânsito, razão pela qual
não devem produzir efeitos conforme será demostrado a seguir.

III – DA AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO E EXPEDIÇÃO DE NOTIFICAÇÃO DE


AUTUAÇÃO APÓS 30 DIAS DA DATA DO FATO

O mencionado auto de Infração deverá ser considerado nulo, uma vez que já se
passaram mais de (30) trinta dias e o recorrente não recepcionou qualquer
notificação. Tomando ciência apenas quanto foi consultar o veículo junto ao sit
do Detran/PE.

Art. 281 - A autoridade de trânsito, na esfera da competência


estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição,
julgará a consistência do auto de infração e aplicará a
penalidade cabível.

Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu


registro julgado insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;

II -  se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a


notificação da autuação. (Redação dada pela Lei nº 9.602, de
1998).

Assim, o período de 30 dias é decadencial para expedição da


notificação após a autuação, ex lege:

Resolução nº 619/16 do Contran, art. 4º, dispõe que:

Art. 4º - À exceção do disposto no § 5º do artigo anterior, após


a verificação da regularidade e da consistência do Auto de
Infração de Trânsito, a autoridade de trânsito expedirá, no
prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data do
cometimento da infração, a Notificação da Autuação dirigida ao
proprietário do veículo, na qual deverão constar os dados
mínimos definidos no art. 280 do CTB.

§ 1º - Quando utilizada a remessa postal, a expedição se


caracterizará pela entrega da notificação da autuação pelo
órgão ou entidade de trânsito à empresa responsável por seu
envio.

§ 2º - Quando utilizado sistema de notificação eletrônica, a


expedição se caracterizará pelo envio eletrônico da notificação
da atuação pelo órgão ou entidade de trânsito ao proprietário
do veículo.

§ 3º - A não expedição da notificação da autuação no prazo


previsto no caput deste artigo ensejará o arquivamento do
Auto de Infração de Trânsito.

Outro não é o entendimento da jurisprudência, que tona indiscutível que o


presente processo está eivado de vício forma, portanto ilegal, tornando
passível de nulidade.

I – DA  AUSÊNCIA DE SINAIS DE EMBRIAGUEZ

Em que pese a redação do art. 165 no sentido de que a infração é verificada


mediante a presença de álcool ou qualquer outra substância psicoativa,
levando ao entendimento de que a quantidade de substância é irrelevante,
a interpretação do dispositivo deve prezar pelo principio da razoabilidade

Cabe observar que momentos antes de efetuar o teste do bafômetro, o


recorrente estava voltado de um jantar na residência de um casal de
amigos, onde havia tomado suco de uva (puro) e alguns bombons
sofisticados de sobremesa e ao se submeter ao mencionado teste foi
surpreendido com a quantidade de álcool no importe de 0,8mg/1,
quantidade insuficiente para causar quaisquer tipos de alterações
psicomotoras. Prova esta que não foi relatada qualquer característica
de embriaguez no auto de infração, bem como o recorrente não teve
sua motocicleta recolhida e foi liberado normalmente.

Assim, não basta que o condutor tenha ingerido bebida alcóolica, mas
precisa DEMONSTRAR que estava dirigindo com alguma alteração na sua
capacidade psicomotora para que a infração realmente ocorra.
Há de se destacar que o requisito essencial para aplicação da penalidade é
dirigir sob a INFLUÊNCIA de álcool, ou seja, o motorista deve apresentar
claros sinais desta influência.

Não é razoável punir o condutor/recorrente se, após a verificação pessoal


do agente de trânsito, restar comprovado que o condutor não apresenta
sinais de embriaguez.

A alteração da capacidade psicomotora é um destes requisitos e sinais que


devem ser levados em consideração no momento da autuação, caso
contrário não pode o condutor ser penalizado, uma vez que esta alteração
é essencial para que o agente de trânsito possa autuar o cidadão. Este é o
texto descrito na Resolução nº. 432/13 do CONTRAN, que dispõe sobre os
procedimentos a serem adotados pelas autoridades de trânsito e seus
agentes na fiscalização do consumo de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência, para aplicação do disposto nos arts.
165, 276, 277 e 306 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de
Trânsito Brasileiro (CTB). Vejamos:

Art. 5º Os sinais de alteração da capacidade psicomotora poderão ser


verificados por:

I – exame clínico com laudo conclusivo e firmado por médico perito; ou

II – constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsito, dos sinais de alteração


da capacidade psicomotora nos termos do Anexo II.

 1º Para confirmação da alteração da capacidade psicomotora pelo agente da


Autoridade de Trânsito, deverá ser considerado não somente um sinal, mas um
conjunto de sinais que comprovem a situação do condutor.
 2º Os sinais de alteração da capacidade psicomotora de que trata o inciso
IIdeverão ser descritos no auto de infração ou em termo específico que contenha as
informações mínimas indicadas no Anexo II, o qual deveráacompanhar o auto de
infração.

Anexo II em anexo a este recurso.

Ora, é evidente que esses sinais de que trata o parágrafo segundo


supra mencionado, não vieram anexados ao auto de infração, estando
o mesmo irregular.

Ainda a mesma Resolução 432/13 do CONTRAN ensina os requisitos para


que seja caracterizada a infração, e para que o condutor possa ser autuado
pelo art. 165:

Art. 6º (Res. 432) A infração prevista no art. 165 do CTB será caracterizada por:
I – exame de sangue que apresente qualquer concentração de álcool por litro
de sangue;

II – teste de etilômetro com medição realizada igual ou superior a 0,05


miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado (0,05 mg/L), descontado o
erro máximo admissível nos termos da “Tabela de Valores Referenciais para
Etilômetro” constante no Anexo I;

III – sinais de alteração da capacidade psicomotora obtidos na forma do art. 5º.

É cediço que a interpretação literal, aplicada isoladamente, é insuficiente


para atingir o "espirito da Lei".

Apesar de a autuação constituir um ato admirativo vinculado, é necessário


que seja observado o caso concreto para determinar a presença ou não do
risco que o condutor ofereça naquele determinado momento.

A jurisprudência já se pronunciou no sentido de que a quantidade


irrelevante de álcool, incapaz de atingir a capacidade psicomotora do
indivíduo, não devem ser punidas. Neste sentido:

Inexistência de provas atestando indícios de ingestão de bebida alcoólica, bem como de atos
perpetrados de modo a colocar em risco a incolumidade física do autor, de outros condutores
de veículo ou transeuntes. Inquestionável discrepância no tocante à proporcionalidade e
razoabilidade na punição aplicada ao administrado. Simples afirmativa quanto à ingestão de
um “bombom de licor”, que não pode ser considerada conduta violadora dos dispositivos
legais previstos no CTB, se desacompanhada de prova concreta a respeito da presença de
álcool na corrente sanguínea do motorista....

II – DO PREENCHIMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE FORMA PRECÁRIA

O Auto de Infração de imposição de penalidade deverá ser considerado nulo,


haja vista, que o mesmo não está em conformidade com o artigo 280, III, do CTB,
in verbis:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de


trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:

I – tipificação da infração;

II – local, data e hora do cometimento da infração;


III – caracteres da placa de identificação do veículo,
sua marca e espécie, e outros elementos julgados
necessários à sua identificação;

IV – o prontuário do condutor, sempre que possível;

V – identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou


agente autuador ou equipamento que comprovar a
infração;

VI – assinatura do infrator, sempre que possível, valendo


esta como notificação do cometimento da infração.

Assim, entendo que o referido Auto de Infração é nulo de pleno direito, tendo em
vista a não observância do artigo 280, III, do CTB e demais previsões legais.

Vale mencionar que eu estava em pleno uso e gozo de minhas faculdades


mentais, não havia ingerido nem uma gota de álcool sequer, em momento algum
apresentei sinais de embriaguez e não desrespeitei a legislação de trânsito.

Desta forma, solicito que sejam desconsiderados o auto de infração, haja vista
nunca ter sido autuado como incurso no artigo 165 do CTB, sendo que no
momento das supostas e injustas autuações era impossível expor riscos a
terceiros

IV - DA FALTA DE INDICAÇÃO DOS DADOS OBRIGATÓRIOS SOBRE O


APARELHO ETILÔMETRO

cc não há qualquer descriminação das características do aparelho etilômetro.

A RESOLUÇÃO DO CONTRAN Nº 432/2013, ACERCA DO AUTO DE


INFRAÇÃO, em seu art. 8º norteia que além da exigências estabelecidas em
regulamentação específica, o auto de infração lavrado em decorrência da
infração prevista no art. 165 do CTB deverá conter: no caso em teste de
etilômetro, a marca, modelo e nº de série do aparelho, nº do teste, a medição
realizada, o valor considerado e o limite regulamentado em mg/L

DO AUTO DE INFRAÇÃO
Art. 8º. Além das exigências estabelecidas em regulamentação
específica, o auto de infração lavrado em decorrência da infração
prevista no art. 165 do CTB deverá conter:
I - no caso de encaminhamento do condutor para exame de
sangue, exame clínico ou exame em laboratório especializado, a
referência a esse procedimento;
II - no caso do art. 5º, os sinais de alteração da capacidade
psicomotora de que trata o Anexo II ou a referência ao
preenchimento do termo específico de que trata o § 2º do art. 5º;
III - no caso de teste de etilômetro, a marca, modelo e nº de série
do aparelho, nº do teste, a medição realizada, o valor considerado
e o limite regulamentado em mg/L;
IV - conforme o caso, a identificação da (s) testemunha (s), se
houve fotos, vídeos ou outro meio de prova complementar, se
houve recusa do condutor, entre outras informações disponíveis.
§ 1º Os documentos gerados e o resultado dos exames de que
trata o inciso I deverão ser anexados ao auto de infração.
§ 2º No caso do teste de etilômetro, para preenchimento do
campo "Valor Considerado" do auto de infração, deve-se observar
as margens de erro admissíveis, nos termos da "Tabela de
Valores Referenciais para Etilômetro" constante no Anexo I.

V - DA DESCRIÇÃO DO LIMITE LEGAL EM CAMPO ESPECÍFICO DE


PREENCHIMENTO DO AIT.

A infração em comento deverá ser anulada, haja vista que além do recorrente
não ter sido notificado da suposta infração, tomando conhecimento da aplicação
da penalidade apenas quanto foi consultar seu veiculo junto ao sit do Detra/PE,
não foi identificado qualquer informação referente ao limite permitido, informação
esta que é obrigatória, para infrações verificadas por equipamentos de
fiscalização conforme preceitua a portaria 59/2007 do Contran.

PORTARIA DENATRAN Nº 59 DE 25/10/2007

O DIRETOR DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE


TRÂNSITO - DENATRAN, no uso da atribuição que lhe foi
conferida pela Resolução nº 217, de 14 de dezembro de 2006,
do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN , resolve:
Art. 1º Estabelecer os campos de informações que deverão
constar do Auto de Infração, os campos facultativos e o
preenchimento, para fins de uniformização em todo o território
nacional, conforme estabelecido nos anexos I, II, IV, V e VI
desta portaria.

VI - DOS DOCUMENTOS E RESULTADOS DO EXAME QUE DEVEM SER


ANEXADOS AO AIT

Novamente, o CONTRAN, pela Resolução nº 432/13, determina que os documentos


gerados e resultado dos exames deverão ser anexados ao auto de infração. Como
não foi localizado qualquer documento anexado na infração, deverá ser nula por se
encontrar em desconforme com a resolução acima mencionada.
VII - DAS INFORMAÇÕES ACERCA DO APARELHO ETILÔMETRO SOBRE SUA

O Auto de Infração de imposição de penalidade deverá ser considerado nulo, O


CONTRAN (RESOLUÇÃO nº 432/2013) determina que o etilômetro deve atender
aos seguintes requisitos:

I - Ter seu modelo aprovado pelo INMETRO;

II - Ser aprovado na

verificação metrológica inicial, eventual, em serviço e anual realizadas pelo


Instituto Nacional de Metrologia, qualidade e Tecnologia - INMETRO ou por
órgão d Rede Brasileira de metrologia Legal e qualidade - RBMLO.

IX – DA UTILIZAÇÃO DO VEÍCULO PARA TRABALHO

O recorrente vem informar que faz uso da sua motocicleta para trabalho
como entregador da empresa ifood, conforme pode ser verificado no
cadastro, a fim de poder levar o sustento par sua família

DOS PEDIDOS

Pelo exposto, vem respeitosamente requerer:

a) vossa excelência ao receber a defesa ora apresentada, para, ao final, julgá-la


procedente, declarando-se a insubsistência do auto de infração nº.********,
sustando todos os seus efeitos legais e procedendo-se o seu imediato
arquivamento, haja vista a perda do objeto da infração.

b) que o auto em questão seja arquivado em razão – da ausência de notificação e


expedição de notificação de autuação após 30 dias da data do fato;

c) que o auto em questão seja arquivado em razão da ausência de  ausência de


sinais de embriaguez;

d) que o auto em questão seja arquivado em razão da precariedade no ato de


preenchimento;

e) que o auto em questão seja arquivado em razão da falta de indicação dos


dados obrigatórios sobre o aparelho etilômetro;
f) que o auto em questão seja arquivado diante da ausência na descrição do
limite legal em campo específico de preenchimento do ait.

g) que o auto em questão seja arquivado diante da ausência dos documentos e


resultados do exame que deveriam ser anexados ao ait

i) - que o auto em questão seja arquivado diante da ausência da ausência nas


informações acerca do aparelho etilômetro sobre sua

l) - que o auto em questão seja arquivado diante da necessidade de utilizar o


veículo para trabalho

c) o efeito suspensivo caso a presente demanda não seja julgada dentro do


prazo legal;

Nestes termos,

Pede e espera Deferimento.

Recife,_____/_____________ de 2019.

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RODRIGO JOSÉ DOS SANTOS CAMELO

CPF DE Nº 057.993.034-31

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