O documento é uma defesa prévia de um auto de infração por recusa ao teste do bafômetro. O condutor alega que: (1) não havia ingerido bebida alcoólica e o policial o coagiu a recusar o teste; (2) se ofereceu para fazer exame de sangue mas não foi permitido; (3) o policial não observou sinais claros de alteração da capacidade psicomotora como exige a lei. Dessa forma, a infração deveria ser cancelada.
O documento é uma defesa prévia de um auto de infração por recusa ao teste do bafômetro. O condutor alega que: (1) não havia ingerido bebida alcoólica e o policial o coagiu a recusar o teste; (2) se ofereceu para fazer exame de sangue mas não foi permitido; (3) o policial não observou sinais claros de alteração da capacidade psicomotora como exige a lei. Dessa forma, a infração deveria ser cancelada.
O documento é uma defesa prévia de um auto de infração por recusa ao teste do bafômetro. O condutor alega que: (1) não havia ingerido bebida alcoólica e o policial o coagiu a recusar o teste; (2) se ofereceu para fazer exame de sangue mas não foi permitido; (3) o policial não observou sinais claros de alteração da capacidade psicomotora como exige a lei. Dessa forma, a infração deveria ser cancelada.
AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO DETRAN DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO
DEFESA PRÉVIA DO AUTO DE INFRAÇÃO C-38541362
Prezado senhor,
MARCELO FERREIRA DA SILVA, brasileiro, portador do RG nº.
201124260/DICRJ, e CPF nº. 105.322.117-74, residente à Rua Manoel Carvalho Amorim, 23, Caju, Silva Jardim, 28820-000, condutor no momento da abordagem do veículo FIAT/UNO MILLE ECONOMY, Placa LLS2801, RENAVAM 478298390 na data da infração, vem respeitosamente requerer que a partir dos argumentos apresentados, seja cancelado o auto, bem como a pontuação correspondente.
DA SINTESE DOS FATOS
O notificado conduzia o seu veículo cautelosamente pela Avenida
Getulio Vargas, a caminho de sua residência, dentro dos limites de velocidade permitida na via e respeitando as normas de trânsito como o uso de cinto de segurança, após o término da aula na academia onde é professor de artes marciais, quando foi surpreendido pela equipe de fiscalização de trânsito, sendo submetido à realização de teste de alcoolemia no equipamento etilômetro.
O requerente foi aconselhado de forma hostil pelo policial que o
abordou a não realizar o teste do bafômetro, devido à enorme desconfiança dos agentes de que todos os condutores estariam sob a influência de álcool (procedimento esse que o policial que o abordou repetiu com todos os condutores abordados pelo mesmo, presenciado pelo requerente).
Com a sua negativa ao exame, mesmo não tendo ingerido qualquer
bebida alcoólica naquele dia, o agente de trânsito do DETRAN aplicou multa tipificada no art. 277, paragrafo 3º c/c art. 165, ambos do código nacional de trânsito, tendo sido a sua carteira nacional de habilitação retida no local, bem como o seu veículo que posteriormente foi retirado do local por outro motorista devidamente habilitado.
Ressalta-se que o recorrente se negou a ASSOPRAR O
ETILOMETRO, todavia se dispôs a realizar o exame sanguíneo de alcoolemia, não sendo este permitido pelos agentes de transito, razão pela qual, pelo principio constitucional da presunção de inocência, não deve prevalecer a infração.
O requerente se surpreendeu ao ser infracionado, devido sua
afirmação ao policial de que não havia ingerido bebida alcoólica e o mesmo o coagir a recusa, alegando que em qualquer índice de álcool no sangue o requerente seria encaminhado a delegacia se baseando no art. 306 da lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997, onde prevê detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Informação equivocada passada pelo policial, já que para se enquadrar no Art. 306 necessitaria que a medição realizada excedesse a 0,33 mg/l.
Tal informação que ocasionou a negativa do requerente, no entanto,
diante da ausência do exame no aparelho pericial e também do exame de sangue, sem ainda qualquer sinal claro de que o notificado estava sob efeito de álcool ou outra substancia psicoativa, resta evidente que há vícios insanáveis presente naquela operação rotineira, não devendo assim ocorrer penalidade administrativa ou sequer penal, como será demonstrado a seguir.
DA INCONSTITUCIONALIDADE DA INFRAÇÃO
Em primeiro lugar, evidente é a contrariedade ao princípio da não
incriminação, aquele que tem até um provérbio latino que o designa desde os tempos do direito romano (nemo tenetur se detegere), segundo o qual ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo e, no Brasil, é alçado à categoria de direito fundamental (art. 5º, LXIII, CF) e de baliza do ordenamento jurídico pátrio .
Podemos observar que pela redação da infração fica conjugado o
abuso ao direito fundamental de cada cidadão, que cada motorista se encontra em uma encruzilhada: ou se nega (tendo seu veículo e seu documento apreendidos, seu direito de dirigir suspenso, além da multa, conforme o art. 165-A do CTB) ou se submete (podendo responder pelo crime do art. 306 do CTB se, por exemplo, acabou de fazer um bochecho com um enxaguante bucal com álcool).
DOS FUNDAMENTOS
Como falado anteriormente, o notificado não foi submetido a nenhum
ato pericial, sequer foi analisado pelos agentes de trânsito.
Nessa trilha, diz o art. 3º da resolução do CONTRAN nº 432/2013:
Art. 3º. A confirmação da alteração da capacidade
psicomotora em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência dar-se-á por meio de, pelo menos, um dos seguintes procedimentos a serem realizados no condutor de veículo automotor:
I - exame de sangue;
II - exames realizados por laboratórios
especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras substâncias psicoativas que determinem dependência;
III - teste em aparelho destinado à medição do teor
alcoólico no ar alveolar (etilômetro);
IV - verificação dos sinais que indiquem a alteração
da capacidade psicomotora do condutor.
§ 1º Além do disposto nos incisos deste artigo,
também poderão ser utilizados prova testemunhal, imagem, vídeo ou qualquer outro meio de prova em direito admitido.
O artigo 5º da mesma resolução é incisivo ao dizer que os agentes da
autoridade de transito, neste caso o agente do DETRAN, poderá constatar de sinais claros de alteração da capacidade psicomotora que o condutor do veiculo apresentar e os mesmos deverão ser especificados no auto de infração, vejamos:
Art. 5º. Os sinais de alteração da capacidade
psicomotora poderão ser verificados por:
I - exame clínico com laudo conclusivo e firmado por médico perito; ou
II - constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsito, dos sinais de alteração da capacidade psicomotora nos termos do Anexo II.
§ 1º Para confirmação da alteração da capacidade psicomotora pelo agente da Autoridade de Trânsito, deverá ser considerado não somente um sinal, mas um conjunto de sinais que comprovem a situação do condutor.
§ 2º Os sinais de alteração da capacidade psicomotora de que trata o inciso II deverão ser descritos no auto de infração ou em termo específico que contenha as informações mínimas indicadas no Anexo II, o qual deverá acompanhar o auto de infração. Percebe-se que a única menção do agente de transito quanto ao estado físico, mental e psicológico, seria o “hálito etílico”. Porem o agente de transito de nem sequer analisou ou conversou com o requerente antes do auto de infração estar finalizado e lhe entregar. O agente não pode prever uma evidencia de alcoolemia.
Além do art. 5º acima, conforme o manual brasileiro de fiscalização
de transito, aprovado pela resolução n º 371/2010 do CONTRAN:
“O agente de trânsito, ao presenciar o cometimento
da infração, lavrará o respectivo auto e aplicará as medidas administrativas cabíveis, sendo vedada a lavratura do AIT por solicitação de terceiros.”
O agente de transito apesar de presenciar a recusa ao teste do interior
da barraca da operação leis seca, onde além da distancia, separados dos abordados por correntes, não teria como constatar qualquer hálito do requerente.
Crível nobre julgador que o agente de transito, ao atuar em
conformidade com a norma jurídica, teve inúmeras opções para cumpri-la e não cumpriu.
Limitou-se a somente aplicar a multa e a medida administrativa ao
notificado sem observar o que a legislação de transito o manda fazer. Por isso, fica sob suspeita a referida multa.
Note-se que o fato de não fazer o exame de sangue e o teste no
etilômetro não quer dizer que o condutor do veiculo esta de fato com a sua capacidade psicomotora danificada.
Por esse motivo a resolução nº 423/13 veio para esclarecer e
determinar que o agente de transito DEVE VERIFICAR (caso contrario estaria difamando o requerente) e descrever os sinais de alteração da capacidade psicomotora, sob pena de estarmos violando o principio constitucional do devido processo legal e o da presunção de inocência.
Assim vem entendendo o egrégio tribunal de justiça do nosso estado
sobre o assunto, vejamos:
“Apelação. Ato administrativo. Direito do transito. Aplicação das
sanções e medidas do art.165 do CTB (multa, suspensão do direito de dirigir e retenção do veiculo) ao condutor que, alvo de fiscalização policial, recusou-se a submeter-se a exame de alcoolemia, vulgarmente chamado de “teste do bafômetro”. A incidência do $3º do art. 277 do código de transito brasileiro, o qual determina a aplicação dessas penalidades ao condutor recalcitrante, estava limitada, antes do advento da lei nº 12.760/2012, à condição de estar ele “sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool”. Não podendo haver na lei expressão inútil ou inócua, essa clausula impunha à policial de transito ônus de, no mínimo, relatar pormenorizadamente as razoes por que suspeitava do condutor. Ainda que a referida suspeita envolve juízo consideravelmente subjetivo, e portanto discricionário, dai não segue que possa ser infundada. Na mingua de quaisquer elementos que permitam sequer indicar razoes que justificassem pesar sobre o apelante a suspeita de embriaguez, o ato deve ser declarado nulo, porque praticado fora dos limites que a lei atribui ao poder de policia de transito. Provimento do recurso.”
Cumpre salientar ainda que o recorrente, de boa fé, entregou sua
carteira nacional de habilitação no momento da abordagem a fim de não haver mais transtornos e resolver de pronto a situação.
Frise que a multa é indevida, já que a forma duvidosa do agente
analisar o estado alcoólico do requerente estava em desacordo com as normas estabelecidas na lei.
Por todo exposto, não deve incorrer em medida administrativa de suspensão da
habilitação contida no artigo 165 do CTB.
ENDEREÇO INCOERENTE
Nota-se no auto de infração lavrado pelo agente de transito que o
condutor foi abordado na Rua Bernardo Vasconcellos nº 438, porém conforme imagem abaixo, podemos constatar que a operação de fiscalização de Lei Seca estava montada em frente a unidade do DETRAN-RJ desta cidade localizado na Avenida Getulio Vargas, s/n esquina com a Rua Baster Pilar. Analisando o Código de Trânsito Brasileiro, no seu art. 280, onde trata dos requisitos e procedimentos a serem observados pelo agente de trânsito quando da lavratura do auto de infração:
“Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação
de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:
I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;”
Podemos concluir que se tratando o endereço de uns dos requisitos
básicos do auto de infração, a lavratura de um auto com o endereço incorreta invalida o mesmo e por fim prevê o seu cancelamento.
DOS PEDIDOS
Posto isso, requer:
Seja recebido o presente recurso para não imputar a penalidade
administrativa contida no art. 165 do CTB pela falta de comprovação de seu estado alcoólico;
Seja o presente recurso julgado totalmente procedente, declarando o
auto de infração objeto da lide insubsistente, gerando assim a anulação e arquivamento do mesmo e de suas penalidades, por medida da mais lídima e salutar justiça, uma vez que não restou comprovado que o requerente estava sob efeito de álcool, e considerando o descaso do agente ao indicar um sinal que o requerente não possuía no momento de abordagem;
Caso não seja julgado em até 30 dias da data de seu protocolo, na
conformidade do art. 285, $ 3º do CTB, requer que seja atribuído efeito suspensivo, abstendo-se de lançar qualquer restrição, inclusive para fins de licenciamento e transferência, nos arquivos do órgão ou entidade executivo de transito responsável pelo registro do veiculo até que a presente demanda seja julgada. Nesses termos,