Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA

CURSO SUPERIOR TECNÓLOGICO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CSTSP

RODRIGO QUEIROZ MACHADO

A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL

Artigo a ser apresentado à Banca do Exame do


Curso Superior de Tecnólogo em Segurança
Pública da Universidade Estácio de Sá –
CSTSP/UNESA, como requisito para aprovação
na disciplina de TCC em Segurança Pública.

ORIENTADOR

Professora Katia De Mello Santos

João Pessoa – PB
Novembro de 2021
2

A SEGURANÇA PÚBLICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

[Rodrigo Queiroz Machado]1


[Katia De Mello Santos]2

RESUMO

O presente artigo tem como escopo central debater de forma conceitual sobre o
problema de segurança pública no território brasileiro, marcado pela truculência e
crescimento desenfreado dos crimes, e pelo sistema defasado. A justificativa para a
escolha do tema paira sobre as dificuldades atuais da sociedade para com esta
questão, bem como contribuir no âmbito acadêmico. A metodologia utilizada na
pesquisa foi do tipo bibliográfica e descritiva. O estudo chegou à conclusão que, a
segurança pública não se faz apenas com polícia na rua e encarceramento sem
ressocialização, mas com políticas governamentais, possibilitando assim o
desenvolvimento humano e socioeconômico do país para preservar a segurança de
todos.

Palavras-chave: Segurança pública; Constituição Federal; Política Pública; Políticas


Públicas; Ordem pública; Sociedade

1
Graduando em Tecnólogo em Segurança Pública pela UNESA – Universidade Estácio de Sá. E-mail:
rodrigomachado0@gmail.com

2
Professora orientadora Katia De Mello Santos UNESA – Universidade Estácio de Sá.
3

ABSTRACT

The central scope of this article is to conceptually discuss the problem of public
security in Brazil, marked by truculence and rampant growth of crimes, and by an
outdated system. The justification for choosing this theme lies in the current difficulties
that society faces with this issue, as well as contributing to the academic field. The
methodology used in the research was bibliograpich and descriptive. The study
reached the conclusion that public security is not only made with police in the streets
and incarceration without re-socialization, but with government polices, thus enabling
the human and socieconomic development of the country to preserve the safety of all.

Keywords: Public security; Federal Constitution; Public policy; Public order; Society
4

1. INTRODUÇÃO

Direito e o desenvolvimento são dois temas de grande relevância para a


sociedade, e conseguem explicar a discussão acerca do problema na segurança
pública. No entanto, é imprescindível que seja apresentada questões e ideias
precisas, que no momento são mostradas na sociedade e relaciona-los com as
circunstâncias atuais.
Diante da temática é importante lembrar que perante a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 144, é dever do Estado, assim como direito e
responsabilidade de todos que a compõe, preservar a ordem pública, e garantir a
integridade de todos, a fim de que se exista o devido desenvolvimento social.
Analisando diante do tema as principais instituições vinculadas à Segurança,
tais como: Polícia, Ministério Público, Judiciário e Sistema Penitenciário; perante a
abordagem do respectivo tema, será possível fazer a devida observação de
funcionamento desses setores, no quesito de cumprimento das suas funções de
proteger e assegurar o bem-estar físico e moral da sociedade.
Essa respectiva analise permite com que haja uma compreensão acerca da
altíssima complexidade das relações entre essas quatro instituições, as quais são
dependentes entre si, além do mais, sendo possível também, entender o porquê dos
níveis de violência terem um aumento drástico.
É uma responsabilidade do Estado também além de ofertar um ambiente
seguro à população, criar condições mínimas de desenvolvimento social e humano
por meio das políticas públicas, visando trazer benefícios àqueles que mais
necessitam do olhar atento estatal.
Isto posto, o artigo em questão tem como objetivo analisar a segurança
pública no Brasil, identificando os seus desafios e discutindo como o Estado pode
agir para assegurar os direitos de toda a população.
Diante dos objetivos desta pesquisa, foi utilizado como metodologia a
pesquisa bibliográfica que segundo Marconi e Lakatos (2003) é aquela em que se
5

utiliza materiais publicados em artigos, teses e livros; foi utilizado também a pesquisa
na modalidade descritiva, na qual é feito o estudo e analise dos fatos sem manipula-
los, utilizando-se consultas nas fontes referentes ao tema como Hely Lopes Meirelles
e Yussef Said Cahali. Esta pesquisa tem características essencialmente qualitativa.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Segurança Pública e Ordem Pública

A segurança pública é a garantia de continuidade da vida humana e a garantia


de desenvolvimento social de um país. Para Noberto Bobbio (1995), esta deve ser
respaldada pela transparência e pelo efetivo controle do poder público. Os valores
democráticos e formas de uma gestão eficiente devem estar intrínsecos a todas as
instituições do Sistema Criminal de Justiça, no qual é composto pelo Ministério
Público, Judiciário, Polícia Militar, Civil e Federal, e pelo sistema penitenciário, todos
em um objetivo: garantir a ordem pública.
Meirelles (2006), trata a ordem pública como uma “situação de tranquilidade e
normalidade que o Estado assegura, ou deve assegurar, às instituições e a todos os
membros da sociedade, consoante as normas jurídicas legalmente estabelecidas.”
Sendo assim, é notório observar que os direitos devem ser exercidos com mansidão,
e com o equilíbrio das instituições de segurança pública para toda a sociedade.
É indispensável a ordem pública na sociedade, uma vez que é basilar para a
vida do cidadão. Isso porque com a segurança pública as pessoas terão o seu
patrimônio e a sua segurança garantida pelo Estado, por meio das instituições
policiais, as quais combatem os atos que infringem a lei que são cometidos contra a
população pelos indivíduos que são meros sobreviventes de um ambiente social
menos desenvolvido, os quais socorrem-se ao crime para suprir as necessidades,
indo de encontro com a paz e boa convivência social.
O Estado é tem como uma de suas responsabilidades zelar pela garantia da
ordem, tendo uma atuação dentro da sociedade de maneira preventiva contra os
6

atos ilícitos. Quanto à repressão ao crime cometido contra a ordem, cabe ao Estado
puni-los e criar métodos para frear a violência contra o cidadão. Esse combate contra
os atos ilícitos deve ser feito por agentes de segurança pública, quais sejam os
policiais, a fim de que se evite o crime de lesão aos direitos das pessoas,
restaurando a ordem pública, e garantindo que a sociedade possa viver na sua forma
natural. (RAWLS, 2008)
Vale lembrar que perante o dicionário da língua portuguesa, o conceito de
segurança pública diz que é “estado, qualidade, condição de quem ou do que está
livre de perigos, incertezas, assegurado de danos e riscos eventuais; situação em
que nada há a temer.”
Diante do breve conceito no dicionário, percebe-se que não é normal com que
o ser humano se sinta inseguro, pois, se sentir seguro é se sentir normal, e é não se
sentir ameaçado diante do convívio com os outros seres humanos da sociedade.
Nas palavras de Plácido e Silva, ele menciona acerca da Segurança Pública o
seguinte:
Segurança: derivado de segurar, exprime, gramaticalmente, a
ação e efeito de tornar seguro, ou de assegurar e garantir alguma
coisa. Assim, segurança indica o sentido de tornar a coisa livre de
perigos, de incertezas. Tem o mesmo sentido de seguridade que é a
qualidade, a condição de estar seguro, livre de perigos e riscos, de
estar afastado de danos ou prejuízos eventuais. E Segurança
Pública? É o afastamento, por meio de organizações próprias, de
todo perigo ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em
prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade de cada
cidadão. A segurança pública, assim, limita a liberdade individual,
estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer
aquilo que a lei não lhe veda, não pode turbar a liberdade assegurada
aos demais, ofendendo-a.
7

2.2 Direito à segurança garantido pela Constituição de 88

Diante da atual situação no Estado democrático de direito, o fato de ter as


garantias de direitos básicos, no tocante à segurança pública, esta deve ter um
significado de proteção à dignidade da pessoa humana bem como aos direitos
fundamentais com o objetivo principal de proteger o bem jurídico da vida, e em
consequência disso, à proteção ao patrimônio, isso porque em tese, quando é falado
de segurança pública, uma de suas ações são exercidas a fim de garantir a proteção
da vida e dos bens.
A segurança pública faz parte de um conjunto de elementos que são
essenciais para o bem comum da população; bem comum este que é o fim de maior
importância do Estado, do qual justifica as suas ações por meio das instituições
policiais para que a ordem seja mantida. É um dever de proteção a todos ofertado
pelo Estado, proteção esta que trará em seu objetivo final a garantia de estabilidade
social, a qual implicará em ações enérgicas quando necessárias para que a
manutenção da ordem possa ser exercida.
Uma vez que toda e qualquer ameaça deve ser prontamente excluída pelo
Estado, a fim de que seja gerada uma condição segura ao cidadão para ter uma boa
convivência social, estando protegida das arbitrariedades que confrontam a boa
convivência. Neste ditame, Mário Pessoa (1971), retrata que a segurança pública é
um estado contra o crime que resulta à observância dos mandamentos da legislação
penal. As ações que promovem a segurança pública são chamadas de ações
policiais repressivas. Sendo nesta mais comum aquela que reprime o crime que
atenta contra a vida e a propriedade (PESSOA, 1971)
Com a redemocratização e a promulgação da Constituição Federal Brasileira
de 1988, passou a ter prioridade perante a sociedade, uma vez que durante a época
do regime militar, este assunto não era prioritário, pois no quesito da segurança
pública, essa era norteada pela Segurança nacional, visando apenas um combate
interno e não externo, todavia, após a promulgação da CF, este termo de “Segurança
Nacional” fora substituído pela Segurança Pública, fazendo assim com que houvesse
8

o aparelhamento da máquina policial e do ordenamento jurídico, no quesito de


segurança pública, a fim de que houvesse a proteção aos cidadãos, ao Estado e a
manutenção da paz.
Com o advento da CF/88, infelizmente, esta não conseguiu incorporar por total
os valores democráticos e nem muito menos as mudanças estruturais mesmo com o
devido funcionamento sobre as instituições voltadas para garantir a eficácia da lei,
uma vez que a ausência das políticas públicas voltadas para a área da segurança
são escassas e corroboram para o insucesso da gestão de segurança.

2.3 A segurança pública e o Poder de Polícia com as suas ferramentas

Primeiramente, segundo o autor Silva (2008, p.780), o conceito de segurança


pública é: “uma situação de preservação ou restabelecimento dessa convivência
social que permite que todos gozem de seus direitos e exerçam suas atividades sem
perturbação de outrem, salvo nos limites de gozo e reivindicação de seus próprios
direitos e defesa de seus legítimos interesses”.
As ferramentas utilizadas pela segurança pública a fim de garantir a paz social
e o direito de ir e vir do cidadão se dá por meio dos agentes de segurança pública,
no qual são revestidos do poder estatal, ou seja, estão na persona do Estado,
imbuído nos parâmetros da legalidade e revestido com suas respectivas atribuições,
sendo estes os garantidores e responsáveis a fim de que seja preservada o bem
estar coletivo, bem como preservado os respectivos patrimônios alheios.
Nessa perspectiva, o Estado possui a obrigação de prestar um serviço de
segurança de qualidade aos cidadãos de forma ampla e irrestrita. Para que haja essa
efetiva prestação de serviços, se faz presente na sociedade as forças de segurança
pública, como por exemplo: polícia militar, bombeiros, polícia civil, polícia federal,
polícia rodoviária federal, exército brasileiro, marinha brasileira e aeronáutica
brasileira, etc. Cada uma com o seu respectivo objetivo: proteger o direito de ir e vir
da população e garantir o bem jurídico mais importante destes: a vida.
9

As forças de segurança pública devem prevenir os delitos e reprimi-los, com o


objetivo de proteger a quem segue as regras jurídicas estabelecidas pelo Estado, e
àqueles que sentem-se lesionados com atos delituosos desrespeitosos às leis
penais, e tiram o direito de outrem. (MELO,2013).
Nesta toada, a população dispõe de ferramentas para granjear a defesa social,
e é justamente por meio das forças de segurança pública, um dos meios efetivos do
Estado para assegurar essa questão, o qual também tem atividades com relação aos
serviços de segurança e defesa civil.
Com isso, o Ministro Alexandre de Moraes (2010) trata da segurança pública
da seguinte forma:
A Constituição Federal preceitua que a segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, sem contudo reprimir-se abusiva e
inconstitucionalmente a livre manifestação do pensamento (MORAES, 2010, pg.
812).
Alexandre de Moraes (2010), faz uma conclusão a respeito da segurança
pública para com os órgãos que exercem a proteção da ordem pública:
Polícia Federal: É uma instituição, definida por lei como órgão permanente,
organizada e mantida pela união, com estruturação em carreira. Destinada a realizar
apuração das infrações penais contra a ordem política e social, ou em detrimento de
bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas
públicas, e também outras infrações que tenham repercussão interestadual ou
internacional, e exija repressão uniforme, segundo dispõe a lei.
Polícia Rodoviária Federal: É também uma instituição permanente, organizada
e mantida pela união, de carreira, com destinação na forma da lei ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais do brasil
Polícia Ferroviária Federal: É instituição permanente, organizada e mantida
pela união, com estrutura em carreira, tem destinação na forma da lei ao
patrulhamento ostensivo das ferrovias do brasil.
Policias Civis: Instituição que é dirigida por meio dos delegados, tendo a
10

incumbência, ressalvadas as competências da união, à função de polícia judiciária


com a apuração de infrações penais, com exceção as das militares.
Polícia Militar: Instituição organizada e mantida pelo Estado, tem atribuição de
polícia ostensiva, a fim de que se mantenha a preservação da ordem pública.
Corpo de Bombeiros Militares: Além das atribuições que estão definidas em
lei, são incumbidas da execução de atividades de defesa civil (MORAES, 2010, pg.
813)
A constituição federal em seu artigo 144 é que menciona a segurança pública,
sendo um dever do Estado, exercida de modo que possa preservar a ordem pública,
a fim de que proteja-se patrimônios e vidas.
Quando o assunto é acerca da segurança pública, Alexandre de Moraes trata
de um ponto interessante sobre as Forças Armadas:
As forças armadas, instituídas pela Aeronáutica, Exército e Marinha, são
instituições nacionais e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob autoridade suprema do Presidente Da República (Constituição
Federal, art. 84, XIII) e destinadas à defesa da pátria, à garantia dos poderes
constitucionais, e por iniciativa de qualquer destes, da lei e ordem. Os membros que
compõe as Forças Armadas, são militares, e estão sob a chefia do presidente
(MORAES, 2010, pg. 811).
Já no quesito do poder de polícia, este é um instituto criado para dar
possibilidade a convivência em toda sociedade com a plena harmonia. E é por meio
do poder de polícia que o Estado, na pessoa de seus agentes públicos de
segurança, podem garantir a ordem pública. Sendo por meio dela a limitação e a
justificativa para esta limitação dos direitos e liberdades individuais dos cidadãos, a
fim de que haja a preservação do bem-estar coletivo. Com isso, é notório o entender
de que é por meio do poder de polícia que se é garantido a segurança pública. Maria
Sylvia Zanella Di Pietro, aponta o seguinte:

Pelo conceito clássico, ligado à concepção liberal do século


XVIII, o poder de polícia compreendia a atividade estatal que limitava
o exercício dos direitos individuais em benefício da segurança. Pelo
11

conceito moderno, adotado no direito brasileiro, o poder de polícia é a


atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos
individuais em benefício do interesse público.

Tal entendimento, corrobora para que o poder de polícia é a forma que o


Estado encontrou de atuar, para que restrinja os direitos dos cidadãos, “a fim de
assegurar conveniente proteção aos interesses públicos, instrumentando os órgãos
que os representam para um bom, fácil, expedito e resguardado desempenho de sua
missão.”

2.4 O dever do Estado quanto à segurança

O Estado tem consigo o dever de proteger a todos da sociedade, e para isso,


possuem mecanismos para efetivação da segurança pública. A efetivação ocorre por
meio das forças de segurança pública elencadas no artigo. 144 da CF, a exemplo:
Polícia militar. Sendo por meio destas forças de segurança pública o combate ao
ilícito penal.
Com a ajuda do poder judiciário, poder este que controla a segurança pública,
tem a incumbência de julgar os atos ilícitos que são trazidos ao âmbito do judiciário
para apreciação, para que exista diante disso a discussão entre: condenação ou não
condenação daqueles que são envolvidos nas práticas penais elencadas no Código
Penal Brasileiro. Todas essas forças: policiais e judiciária, corroboram para que
possa existir uma qualidade de vida melhor ao povo do Brasil.
A Segurança pública está nos preceitos básicos da grande parte dos países,
principalmente naqueles países que preservam o seu estado democrático de direito,
a fim de que exista um bem social para sua população.

“E a segurança, por sua vez, é proporcionada pelo Estado por


meio de: a) um conjunto de normas que determinam o que é
permitido e o que é pr oibido; b) políticas públicas que buscam
12

promover os direitos dos cidadãos com equidade, igualdade e


oportunidades além de prevenir atos violentos e manter a convivência
harmoniosa na sociedade (programas, projetos e ações dos governos
federal, estaduais e municipais); c) procedimentos que asseguram o
direito a um julgamento justo (juízes imparciais, defesa ampla e o
processo juridicamente correto); d) um conjunto de instituições
responsáveis por aplicar medidas preventiv2as e as sanções
determinadas pelos juízes (instituições policiais, prisionais, fiscais
etc.)” (SCABÓ, I.; RISSO, M., 2018, p. 11).

A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, está definida na Lei


nº 13.675 de 11 de Junho de 2018, sendo uma união de princípios, diretrizes e
objetivos que condicionam uma estratégia de segurança pública a ser aplicada de
forma integrada e coordenada.
Essa política Nacional, tem em seu escopo à preservação da vida,
manutenção da ordem, meio ambiente, incolumidade do ser humano e do seu
respectivo patrimônio, enfrentamento e ações preventivas quanto à criminalidade e
violência, e consequentemente à transparência de todos os atos da segurança
pública para que possa ser divulgada as boas práticas.
É de suma importância que exista ações coordenadas e estratégicas, a fim de
que o Estado utilize dos meios necessários para garantir uma segurança com plena
eficácia a sua população. De fato, garantir uma segurança pública não se trata
apenas de colocar polícia em ruas, mas, de garantir políticas públicas para que as
mudanças possam ocorrer no seio da sociedade.
Perante a constituição, é observado que a responsabilidade não é tão
somente do Estado e dos seus entes, mas, além de ser um dever, é um direito de
todos, sendo os respectivos cidadãos, responsável pela segurança do seu próximo.
Embora o Estado não deva ser excluído desta responsabilidade, e não estando
isento disto, não se isenta também o cidadão de sua responsabilidade.

Diogo de Figueiredo Moreira Neto elucida que, na segurança


pública, o que se garante é o inefável valor da convivência pacífica e
13

harmoniosa, que exclui a violência nas relações sociais; quem


garante é o Estado, já que tomou para si o monopólio do uso da força
na sociedade e é, pois, o responsável pela ordem pública; garante-se
a ordem pública contra a ação de seus perturbadores, e garante-se a
ordem pública por meio do exercício, pela Administração, do Poder de
Polícia.

O dever do estado no tocante à segurança pública é um assunto sensível, e


que merece destaque, pois só por meio desta que poderá ocorrer o pleno
desenvolvimento social e humano. Não há como garantir um desenvolvimento
humano, se não há meios efetivos que preservem a vida.
Isso porque, o artigo 3º da Constituição Federal, retrata o seguinte tema:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República


Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Com isso, é de notório saber que o Estado possui em seu escopo a garantia
do desenvolvimento nacional, construindo assim uma sociedade livre, a fim de que
promova-se o bem da coletividade. Todavia, estes objetivos só poderão ser
efetivados com a plena segurança jurídica, se houver a presença estatal da garantia
da ordem pública e o pleno desenvolvimento da segurança pública.

2.5 Os desafios da segurança pública

Um dos fatores de grande peso no pleno desenvolvimento social, e no fator de


14

segurança estão relacionados à ausência de políticas públicas mais efetivas, sendo


um problema considerado gravíssimo para toda sociedade. Segundo o POLITIZE
(2018), 71% das vítimas de homicídios no Brasil são negras, e o perfil daqueles que
matam e morrem, também são negras, com perfis de baixa escolaridade e baixa
renda, e moradores de periferias com idade até 29 anos.
Com isso, é notável que há um tipo de direcionamento a ser traçado a fim de
que as políticas públicas sejam auxiliadas e assim possam se fazer presentes a
estes que necessitam de um olhar mais atento. A construção social do país está
interligada com os fatores de segurança, corroborando para que haja pontos
positivos e pontos negativos. Desde a abolição da escravidão do Brasil, não se foram
criadas tantas políticas que viessem a favorecer as comunidades negras, podendo
com isso dar mais oportunidades de escolaridade e condições profissionalizantes, e
consequentemente, com a ausência de políticas públicas que pudessem favorecer a
essa comunidade, denota-se a partir dos dados expostos anteriormente de 71%
serem negros a matarem e a morrerem de que algo de fato precisa ser feito nessa
área.
A falha estatal no tocante a essa comunidade é cristalina a toda sociedade,
favorecendo assim que reforce a criminalização. O poder estatal por não fornecer
condições de moradia digna, serviços educacionais e serviços básicos que são
direitos de todos, fazem com que isso reflita diretamente na criminalização dessas
pessoas, fazendo com que seja natural, e que o abrigo dessas pessoas esquecidas,
sejam na periferia.
Todas as falhas que existem perante a sociedade, no sentido de ausência
estatal, corroboram para que a criminalização seja fomentada pelos menos
favorecidos, àqueles que vivem à margem da pobreza, os quais vivem na margem da
pobreza, buscando refúgio nas periferias e na criminalidade.
Um dos fatores de desafio da segurança pública está relacionado à Polícia
Militar, estes servidores do Estado, possuem uma imagem negativa profissional
perante a sociedade brasileira. Observando o POLITIZE (2018), os números indicam
que cerca de 70% da população do país não confia na instituição militar, e 63% não
15

estão satisfeitas com a sua atuação. Isso porque é atribuído à polícia a imagem de
que: cabem a estes exterminarem por completo com a criminalidade e devolver a
sensação de segurança a toda coletividade social.
Dito isto, para que possa acabar a famigerada criminalidade, não é só apenas
e tão somente colocar polícia no meio da rua, e esperar com que isto possa vir a
acabar repentinamente. É um processo lento, no qual necessita de políticas públicas
que possam vir a contribuir no pleno desenvolvimento social, corroborando para que
aqueles que são menos favorecidos, e alvos daquelas políticas, possam vir a ser
favorecidos, para que assim tenha oportunidade, e somente para que a partir daí, as
mudanças possam vir.
Dizer que a criminalidade está presente apenas nas periferias não é tão
absoluto, isso porquê esta se faz presente em todos os lugares. O assunto da
política pública deve ser levado à frente, com a finalidade de que venha a ser
implementado de forma inteligente, englobando investimentos não só na força
policial, mas em políticas que possam beneficiar a sociedade, e principalmente
naqueles que mais necessitam das políticas públicas, direcionando àqueles
investimentos em educação, esportes, saúde e oportunizando o acesso ao emprego.

2.6 A segurança Pública brasileira precária

Fica totalmente claro de que atualmente o brasil convive com um sistema


totalmente precário, haja vista que houveram os apontamentos anteriores com
relação a problemas sociais, econômicos e políticos, fazendo com que o sistema seja
cada vez mais repleto de falhas continuadamente.
No quesito das reformas do plano nacional de segurança, estas também
contribuem para que haja um insucesso da segurança pública, uma vez que inexiste
recursos direcionados às políticas públicas e a frustração da inexistência de
movimentações quanto à reforma do CP (Código Penal), uma vez que este poderia
16

vir a possibilitar reformas positivas na sociedade, que poderiam iniciar novos tempos
e apresentar melhorias para a sociedade.
À medida que a criminalidade aumenta de forma expressiva o numeral de
violência na sociedade, fica notável com isso que há um descaso com a segurança
pública, tornando a violência como algo normal e já de rotina para toda sociedade.
As nossas políticas de segurança pública sequer possuem perspectiva que
possa vir integrar ações com objetivos de repreensão qualificada e ações de
prevenção, advindas de um serviço público de qualidade.
Um dos problemas da segurança pública está ligado a questão carcerária,
pois é um país que encarcera mal os seus presos, não lhes dando sequer condições
mínimas sanitárias, educacionais e de ressocializações, permitindo que haja uma
proliferação de facções criminosas a fim de dominar territórios dentro e fora dos
presídios, para que assim impere o crime diante da sociedade.
O ordenamento jurídico brasileiro em conjunto com as forças de segurança
pública, estão preocupadas em punir, e acabam por esquecer o fator de ressocializar,
fazendo com que a partir daí, o brasil tenha uma das maiores populações de presos,
sem ofertar condições de dignidade, contribuindo para o índice de reincidência de
crimes por parte destes.

2.7 Responsabilidade do poder público para com os agentes

É sabido por todos que é um dever do Estado a responsabilidade de manter a


segurança. Todavia, a responsabilidade em questão é amplamente distribuída aos
membros da sociedade para que estes agentes públicos da força de segurança
garantam a ordem pública, no intuito de que preservem vidas e bens alheios.
O estado diante das modificações históricas e ao longo do tempo, obteve um
crescimento do seu poderio, podendo assim estar controlando mais a sociedade e os
seus respectivos setores, como o da segurança pública por exemplo.
17

Quando o assunto é da responsabilidade, segundo o autor Yussef Said Cahali


(1992), no sentido material, além da preservação da vida, representa uma obrigação
legal que é imposta de ressarcir os danos causados por suas atividades a um
terceiro da sociedade. Isto posto, o Estado detém a obrigação inquebrantável com a
sociedade, para que responda pelos atos de omissão e consequências de uma ação
de seus agentes no exercício das suas atividades que por ventura vieram a
ocasionar algum dano colateral daquela ação efetuada. No caso de ser obrigação, é
entendida como um dever do Estado em responder, uma vez que os agentes estão
revestidos do Estado, e são os representantes do Estado (CAHALI, 1992).
Já na questão da responsabilidade civil estatal em consequência das
atividades ou das omissões ocasionadas pelos agentes, segundo a Constituição de
88, no artigo 37, no seu parágrafo 6º, estabelece que “as pessoas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos de
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
No caso em questão, a responsabilidade tem base jurídica na concepção de
que aquele agente atua como um órgão da pessoa jurídica, estando presente assim
o entendimento de que é a partir daí, que nasce o motivo de que o Estado deve
responder pelos danos ocasionados pelos agentes.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando o assunto é segurança pública brasileira, esta de fato é um assunto


sensível que requer bastante atenção, uma vez que se faz presente a desigualdade
social, há milhares de outros fatores que possuem um peso enorme para contribuir
negativamente no seu pleno desenvolvimento. Além do mais, envolve uma série de
fatores que envolvem também juízos de valores para toda a sociedade, e que é
torna-se inevitável não aborda-lo. Por um lado, acha-se por todos os lados um ar de
revolta por parte da população acerca da segurança pública, pois, diariamente faz
18

milhares de vítimas, por outro lado, encontra-se uma outra parcela que deduz que
um dos fatores que assevera o aumento da insegurança pública está ligada a má
prestação de serviços públicos, que envolvem diretamente a educação, esportes e
acesso ao emprego. E é justamente pela inacessibilidade de acesso ao emprego, por
falta de investimentos do Estado no tocante à profissionalização, que muitos
socorrem-se aos ilícitos para suprirem as necessidades, embora não justifique.
Do outro lado, a legislação antiquada e ineficaz, em consonância com um
sistema carcerário falho, permite com que não exista a ressocialização destes que
vivem à margem da criminalidade, atentando contra a ordem pública.
Já na questão da ressocialização, o Brasil possuí uma das populações
carcerárias expansiva, isso porque a preocupação está mais para prender, do que
em ressocializar, e ao invés de dar dignidade humana, e condições em que a
realidade daquele que está em uma situação vulnerável possa vir mudar com ações
ligadas às políticas públicas, não o faz.
Um ponto bastante chamativo diante da temática é que ligam a polícia militar a
uma expectativa de que cabe a esta instituição exaurir todos os crimes cometidos
diante da sociedade, a fim de que se garanta a segurança pública de toda forma,
sendo que, infelizmente não cabe somente a esta instituição de proteger a
população.
Nasce também do poder do Estado, o dever de fomentar política pública, no
sentido de salvaguardar a segurança pública coletiva, fazendo com que favoreça a
toda população. Não cabe somente as instituições de segurança pública, as quais
estão previstas no artigo 144º da Constituição, reforçar a segurança, mas, o Estado
tem sim a obrigação para com as políticas públicas, possibilitando a criação
mecanismos legislativos que possam trazer benefícios legais e que possam diminuir
a sensação de insegurança.
Os números expostos anteriormente, apontam que pelo fato do Estado
esquecer aquela população que carece de um olhar mais atento, obrigando a estes
para que vivam à margem da criminalidade e da pobreza pelo fato da omissão,
contribui fortemente para o insucesso da segurança pública, isto porque o estado não
19

oferece condições mínimas de acesso à educação, à saúde, ao emprego, ao


esporte, ficando totalmente claro o entendimento de que, aquele grupo que necessita
de atenção por parte do Estado, deve ter ações imediatas para que ao menos o
desenvolvimento social brasileiro possa mudar, para que a segurança pública possa
transmitir os efeitos positivos para toda coletividade.
Dito isto, para existir uma real chance de melhorias na segurança pública,
mirando a redução da criminalidade, e dando suporte aos que necessitam da da
atenção, o governo deve empreender mais esforços focados naquela parcela menos
favorecida, assim como também em sua legislação, tornando-a mais rigorosa, e
criando mecanismos efetivos para que assim traga benefícios a toda população,
buscando reestruturar toda a sociedade, com possibilidades de mais empregos,
dando acesso à educação, saúde e esporte.
Com a questão de dar oportunidade de emprego, o Estado deve ofertar
políticas que favoreçam a profissionalização e meios para que o empregador possa
gerar mais emprego. Devendo criar mais acesso também à saúde e ao esporte, pois
é somente por meio disto, que de fato possa existir uma potencialização do
desenvolvimento social, pois é por meio dessas medidas que aqueles indivíduos que
estão sem oportunidades poderão se profissionalizar, reduzindo drasticamente as
possibilidades de entrar no mundo do crime, e com isso os números de
criminalidade, poderão reduzir não de forma drástica, mas, lentamente, de acordo
com o desenvolvimento.
Conclui-se o presente artigo, crendo que o objetivo geral quanto aos
específicos foram atendidos com todo o empenho necessário, bem como a
problemática aqui exposta e trazida à baile, pôde ser solucionada. Embora o tópico
em questão não tenha sido exaurido, devido a sua imensidão infinita, mas foi dado
um ponta pé inicial para houvesse o conhecimento do assunto e também o estímulo
para um maior aprofundamento na temática, que pode vir a ser feito em estudos
mais à frente com visibilidade na complementação das constatações aqui trazidas.
20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico Houaiss. Disponível em: <


http://houaiss.uol.com.br/> Acesso em: nov. 2021.

L’ APICCIRELLA, Carlos Fernando Priolli. Segurança Pública. Revista Eletrônica de


Ciências. São Carlos, n.20, outubro de 2010. Disponível em:
http://cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_20/seguranca.html Acesso em: nov. 2021.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro:


Malheiros Editores, 2006.

CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do estado. São Paulo: Revista dos
tribunais, 1992.

SCABÓ, I.; BARROSO, L.; RISSO, M., Segurança Pública para virar o jogo.1 ed.
Brasília: Zahar, 2018.

RAWLS, John. Teoria da Justiça. Editora Martins. 2008.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MELO, Felipe. Elementos da Fundamentação do Controle Judicial. Saraiva. 2013


21

POLITIZE. Segurança Pública brasileira: responsáveis, números e desafios.


2018. Disponível em: <http://www.politize.com.br/seguranca-publica-brasileira-
entenda>. Acesso em: nov. 2021.

MARCONI,Marina de Andrade;LAKATOS,Eva Maria. Fundamentos de Metodologia


Cientifica.5 Edição. São Paulo:Editora Atlas S.A,2003.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 5 de outubro de 1988.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso em: nov. 2021

CARVALHO, apud MOREIRA NETO, 2004, p.630.

PESSOA, Mário. O direito da segurança nacional. São Paulo: Revista dos


Tribunais, 1971.

CARVALHO FILHO, apud MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo. 17. Ed. rev. E atual. São Paulo: Malheiros, 2004.p.8.

Você também pode gostar