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AUDIÊNCIAS NO PROCESSO DO TRABALHO

01 – Realização das audiências.


Conforme se depreende da sistemática trabalhista, a audiência revela-se
extremamente importante no curso da ampla maioria dos dissídios individuais no processo
do trabalho.

Registre-se que as audiências são públicas, devendo ocorrer entre 8hs e 18hs em
dias úteis, conforme prevê o art. 813 da CLT.

02 – Audiência e publicidade.
A publicidade dos atos processuais encontra fundamento não apenas no art. 770 da
CLT, mas no próprio art. 93, IX da Constituição Federal.

Todavia, em determinadas circunstâncias ditadas pelo interesse público, pode haver


a decretação de segredo de justiça, o que se admite por aplicação do art. 770 da CLT.

03 – Abertura da audiência.
Na hora designada, o juiz declarará aberta a audiência, sendo que as partes serão
apregoadas.

04 – Tolerância de espera pelo juiz.


A norma legal, no parágrafo único do art. 815 da CLT, estabelece, a contrario senso,
uma tolerância de 15 minutos para o comparecimento do magistrado (Se, até 15 (quinze)
minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes
poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências).

O mesmo não ocorre com a parte, eis que a lei não prevê qualquer tolerância.
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OJ-SDI1-245 REVELIA. ATRASO. AUDIÊNCIA. Inserida em 20.06.01. Inexiste


previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na audiência.

Alguns precedentes do TST vão na linha da razoabilidade, admitindo a tolerância de


poucos minutos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI


13.015/2014. REVELIA. ATRASO ÍNFIMO NA AUDIÊNCIA INAUGURAL.
COMPARECIMENTO DO PREPOSTO DA RECLAMADA. AUSÊNCIA DE PRÁTICA
DE ATO PROCESSUAL RELEVANTE. CONFISSÃO FICTA AFASTADA. A
jurisprudência desta Corte tem excepcionado a aplicação rigorosa da Orientação
Jurisprudencial 245 da SBDI-1 do TST e afastado a confissão ficta nas hipóteses em
que o atraso na audiência seja mínimo e o comparecimento da parte devidamente
representada ocorra antes da prática de atos processuais relevantes, como os
instrutórios. No caso dos autos, o Tribunal Regional afastou a revelia consignando
que o preposto da Reclamada ingressou na sala de audiência minutos após o pregão
(mais precisamente 5 minutos após a abertura da audiência) e determinou a
anulação da sentença e a designação de nova audiência inaugural. Observa-se,
ademais, que não há registro de que houve a prática de qualquer ato processual
relevante antes do comparecimento da Reclamada. Nesse cenário, a decisão
regional encontra-se em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior,
incidindo na hipótese o óbice da Súmula 333 do TST ao processamento do recurso
de revista. Precedentes. Agravo de instrumento não provido. (AIRR - 379-
88.2013.5.02.0038 , Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de
Julgamento: 21/06/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 23/06/2017)

I - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. 1. REVELIA. ATRASO ÍNFIMO.


"De acordo com a disciplina legal aplicável, devem as partes comparecer à
audiência, independentemente da presença de seus representantes, sob pena de -
arquivamento- ou revelia e confissão ficta, caso ausente, respectivamente, o
Reclamante ou o Reclamado (CLT, art. 844). Nesse sentido, não havendo tolerância
legal expressa para ausências injustificadas ou eventuais atrasos das partes à
audiência, atrasos que não sejam resultantes de razões de força maior, a aplicação
das sanções legais cominadas será imperativa, sob pena de violação à literalidade
do art. 844, -caput-, da CLT. A aplicação dessas sanções legais, entretanto, quando
em discussão atrasos de inexpressiva duração - no caso, um minuto -, há de se
processar com bom senso e razoabilidade, tendo presente o fins visados pela norma
jurídica considerada (LICC, art. 5°) e o próprio objetivo maior da jurisdição, que
consiste em conferir a cada um o que lhe pertence. Mas a jurisdição, enquanto
expressão da soberania do Estado, há de ser exercitada com ponderação,
razoabilidade e equilíbrio (CF, art. 5º, LIV), não se mostrando aceitável que o
processo - método oficial de solução de conflitos - possa se prestar à construção de
situações iníquas, absolutamente divorciadas do próprio sentido ético de justiça.
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Assim, verificado o comparecimento da parte demandada e de seu advogado quando


ainda não praticado qualquer ato processual que pudesse configurar a preclusão do
instante processual para o oferecimento da resposta, não há contrariedade à OJ 245
da SBDI-I do TST e consequentemente revelia a ser decretada." (Desembargador
Douglas Alencar Rodrigues). Precedentes da Eg. SBDI-1 desta Corte. Recurso de
revista não conhecido. (...) (RR - 1529-83.2011.5.12.0010 , Relator Ministro: Alberto
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 22/04/2015, 3ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 30/04/2015)

RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. REVELIA. ATRASO À AUDIÊNCIA
INAUGURAL. POUCOS MINUTOS. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO ITER
PROCEDIMENTAL. Não obstante o disposto no artigo 844 da CLT e o entendimento
contido na Orientação Jurisprudencial da SBDI-1 nº 245 desta Corte, nos casos em
que o tempo de atraso à audiência inaugural seja de poucos minutos e, ainda, não
implique prejuízo ao iter procedimental, ou seja, desrespeito a ordem legal dos atos
processuais, a revelia deverá ser afastada. Trata-se da denominada ponderação de
valores constitucionalmente assegurados (princípio do devido processo legal x
princípio da razoabilidade) e efetivação dos princípios da informalidade e
simplicidade que regem o processo do trabalho. Na hipótese, o registro fático contido
no acórdão recorrido revela que a reclamada atrasou apenas seis minutos e
apresentou sua defesa antes da realização de qualquer ato processual pelo Juízo a
quo. Dessa forma, não se há de falar em preclusão. Recurso de revista de que não
se conhece. (...) (RR - 85-65.2011.5.15.0128 , Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
Brandão, Data de Julgamento: 04/03/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
13/03/2015)

EMBARGOS. REVELIA. ATRASO DE TRÊS MINUTOS NA AUDIÊNCIA. Não há se


falar em contrariedade aos termos da OJ 245 da c. SDI, nos termos do art. 894, II, da
CLT, pois não se depreende que a c. Turma tenha simplesmente desrespeitado os
seus termos, mas sim equacionado o tema levando em consideração caso concreto
em que houve ínfimo atraso, em momento em que nenhum ato processual fora
praticado, e observando a nuance específica do caso. Não há como conhecer do
apelo por contrariedade aos termos da referida OJ, sem que a parte logre
demonstrar divergência jurisprudencial na apreciação da matéria, levando em
consideração as mesmas premissas fáticas registradas pela c. Turma. Embargos
não conhecidos. (E-RR - 202900-52.2007.5.12.0006 , Redator Ministro: Aloysio
Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 22/06/2010, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 06/08/2010)

A regra limitativa dos 15 minutos refere-se ao comparecimento do magistrado.


Assim, por exemplo, havendo 8 audiências seguidas marcadas para o período vespertino,
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eventual atraso superior a 15 minutos em relação ao início da segunda em virtude de


demora na realização da primeira não gera qualquer conseqüência processual.

05 – Quinquídio para elaboração da defesa.


A audiência inaugural ou a audiência una será a primeira desimpedida depois de
cinco dias após a notificação (art. 841, caput).

Eventual descumprimento do qüinqüídio importa em nulidade relativa.

Assim, havendo a inobservância do qüinqüídio devido a um atraso na citação, deve o


juiz designar outra audiência.

Em se tratando de entes estatais, autarquias e fundações públicas, o prazo entre a


citação e a audiência deve ser contadoem quádruplo (art. 1º, II do Decreto-Lei 779/69).

06 – Dever de comparecimento.

O art. 843 prevê:

Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o


reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo,
nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os
empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria.
§ 1º - É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro
preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente.
§ 2º - Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado,
não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se
representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu
sindicato.
§ 3º - O preposto a que se refere o § 1º deste artigo não precisa ser empregado da
parte reclamada. REFORMA TRABALHISTA - TEORIA DO ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS -
AUDIÊNCIAS REALIZADAS APÓS A REFORMA, O PREPOSTO NÃO MAIS PRECI-
SA SER EMPREGADO DA EMPRESA.
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Assim, o autor e o réu devem estar presentes na referida audiência, ressalvado os


casos de reclamatórias plúrimas ou ações de cumprimento, eis que se admite nestas a
representação pelo Sindicato da Categoria.

Considerando a nova competência introduzida pela EC 45/2004, a melhor leitura não


seria a de que o empregador possa se fazer substituir por preposto, mas que o empregador,
tomador de serviços ou qualquer pessoa física ou jurídica que receba esta prestação laboral
pode se fazer substituir por preposto. Tal se explica pelo fato de que, por exemplo, sendo o
réu mero tomador de serviços e o autor um autônomo, deve o tomador também comparecer
ou fazer-se substituir por preposto.

Note-se que a lei não exige que o preposto tenha presenciado os fatos apontados na
petição inicial ou tenha trabalhado com o reclamante. Basta o mero conhecimento dos fatos,
não importando o meio. Assim, revela-se comum a presença de empregados do
departamento de pessoal na condição de prepostos.

07 – Preposto e condição de empregado.

Quanto à necessidade de que o preposto fosse empregado, o TST perfilhava o


entendimento de que o preposto deveria ostentar tal condição, salvo quando se tratar de
relação de emprego doméstica.

Todavia, neste ponto, surgiu a previsão da Lei Complementar 123/2006, a qual


expressamente preceitua que o preposto não necessita manter vínculo trabalhista com a
empresa quando se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte:

Art. 54. É facultado ao empregador de microempresa ou de empresa de pequeno


porte fazer-se substituir ou representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros
que conheçam dos fatos, ainda que não possuam vínculo trabalhista ou societário.

Neste contexto, a Súmula 377 do TST foi readequada, passando a contar com a
seguinte redação:

Nº 377 PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova


redação) - Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 05 .05.2008. Exceto quanto à
reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o
preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art.
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843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de


2006.

O preposto pode ser empregado de empresa integrante do grupo econômico ao qual


esteja vinculada a reclamada.

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 11.496/2007.


REVELIA E CONFISSÃO FICTA. SÚMULA N.º 377 DESTA CORTE
UNIFORMIZADORA. PREPOSTO EMPREGADO DE EMPRESA DO MESMO
GRUPO ECONÔMICO DE QUE FAZ PARTE A RECLAMADA. 1. Esta Corte
superior tem-se pronunciado no sentido de que as empresas de um mesmo grupo
econômico podem ser representadas em juízo por preposto que seja empregado de
qualquer uma das empresas, desde que tenha conhecimento dos fatos
controvertidos. Tal entendimento encontra amparo no artigo 843, § 1º, da CLT,
conjugado com o disposto no § 2º do artigo 2º da CLT. 2. A jurisprudência desta
Corte uniformizadora é firme no sentido de que, em razão da solidariedade
decorrente da formação de grupo econômico, o empregado pode ajuizar ação contra
qualquer um dos responsáveis solidários. Afigura-se consentânea com tal
entendimento a admissão da representação da empresa reclamada, em audiência,
por preposto empregado de uma das empresas integrantes do grupo econômico.
Imperioso frisar que, nos termos da lei, as declarações do preposto obrigarão o
preponente. 3. Não há cogitar, na hipótese, em contrariedade à Súmula n.º 377 desta
Corte uniformizadora, cuja tese genérica não contempla o cerne da controvérsia
revelada nos autos, relacionada com a possibilidade de representação da reclamada,
em audiência, por preposto empregado de empresa do mesmo grupo econômico da
reclamada. 4. Recurso de embargos a que se nega provimento. CONFISSÃO FICTA.
DESCONHECIMENTO DOS FATOS PELO PREPOSTO. PEDIDO SUCESSIVO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. ARTIGO 894, II, DA CONSOLIDAÇÃO DAS
LEIS DO TRABALHO. A ausência de transcrição de arestos para a configuração do
dissenso de teses acarreta o reconhecimento da insuficiência de fundamentação do
recurso de embargos, ante o disposto no artigo 894, II, da Consolidação das Leis do
Trabalho. Recurso de embargos não conhecido. (E-ED-RR - 25600-
66.2007.5.10.0004 , Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, Data de Julgamento:
29/05/2014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação:
DEJT 13/06/2014)

Tal entendimento está superado pela Reforma Trabalhista, conforme § 3º do art. 843
da CLT, acima transcrito. Neste ponto, por aplicação da teoria do isolamento dos atos
processuais, lembro que para as audiência realizadas após 11/11/2017, na vigência da Lei
nº 13.467/2017, o preposto não precisará ser empregado, ainda que a ação tenha sido
proposta antes da Reforma.
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08 – Apresentação de carta de preposto.

Revela-se comum a apresentação de carta de preposição para comprovar a


condição de preposto. Todavia, tal exigência não possui previsão em lei.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO.


PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. 1. ARGUIÇÃO DE
IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO DA RECLAMADA. AUSÊNCIA DE
APRESENTAÇÃO DA CARTA DE PREPOSIÇÃO. CONFISSÃO FICTA. NULIDADE
INEXISTENTE. 2. NULIDADE POR CERCEAMENTO DE DEFESA.
INDEFERIMENTO DE DILAÇÃO DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE
DEMONSTRATIVO CONTÁBIL. NÃO CONFIGURAÇÃO. A juntada da carta de
preposição decorre da prática forense, uma vez que não há imposição legal para que
seja exigida a sua apresentação. Assim, a não apresentação do referido documento
não implica, por si só, na aplicação dos efeitos da revelia e confissão ficta de que
trata o art. 844 da CLT. Julgados desta Corte. Agravo de instrumento desprovido.
(AIRR - 1694-81.2014.5.17.0012 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data
de Julgamento: 29/03/2017, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/03/2017)

(...) IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO DA RECLAMADA. REVELIA E


CONFISSÃO FICTA. 1. A Turma afastou a revelia e os efeitos da confissão ficta
aplicada à reclamada, asseverando que é -despicienda a exigência de juntada de ato
constitutivo da empresa ou qualquer outro documento, para se ter por regular a
representação da reclamada, configurando-se em rigor por demais excessivo o não-
conhecimento do recurso ordinário por irregularidade de representação-. 2. Não se
constata contrariedade à Orientação Jurisprudencial 255 da SDI-1 desta Corte. 3. Os
arestos transcritos a fls. 617/621 são inespecíficos, porquanto abordam a questão da
irregularidade de representação sob o enfoque do não cumprimento de determinação
judicial de apresentação da procuração e da carta de preposição, enquanto que a
decisão ora embargada está fundamentada na prescindibilidade da apresentação
dos atos constitutivos da empresa para o fim de se aferir a regularidade de
representação da reclamada, quando configurado o mandato tácito e quando não
contestada a condição de empregado do preposto (Súmula 296 desta Corte) (E-ED-
RR - 206600-55.1992.5.01.0010 , Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, Data
de Julgamento: 20/02/2014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 14/03/2014)

09 – Apresentação do contrato social.


Do mesmo modo, é comum que o magistrado exija a apresentação do contrato social
da empresa, o que, em regra, seria ilegal, conforme dita a jurisprudência do TST.
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OJ-SDI1-255 MANDATO. CONTRATO SOCIAL. DESNECESSÁRIA A JUNTADA.


Inserida em 13.03.02. O art. 12, VI, do CPC não determina a exibição dos estatutos
da empresa em juízo como condição de validade do instrumento de mandato
outorgado ao seu procurador, salvo se houver impugnação da parte contrária.

10 – Representação do empregado ausente.


O autor, por sua vez, pode se fazer representar por outro empregado da mesma
profissão ou pelo seu sindicato, desde que sua ausência seja por motivo de doença ou outro
importante. De toda forma, o motivo deve ser justificado.

Neste ponto, cabe uma reflexão.

Sendo a sistemática adotada una, eventual representação prevista no § 2º provoca


fracionamento da audiência. Isto porque o representante não pode prestar depoimento
pessoal no lugar do reclamante.

11 – Arquivamento pela ausência do reclamante.


Quanto à ausência sem qualquer justificativa, o art. 844 da CLT indica:

O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da


reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de
confissão quanto à matéria de fato.

A ausência injustificada do autor gera o arquivamento, o que nada mais é do que a


extinção do processo sem julgamento de mérito.

O arquivamento nunca impediu a concessão de gratuidade da justiça.

RECURSO DE REVISTA. ARQUIVAMENTO DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA.


CUSTAS PROCESSUAIS. CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA GRATUITA. Nos termos dos artigos 2º e 3º da Lei nº 1.060/50, os
benefícios da assistência judiciária gratuita, dentre os quais está a isenção das
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custas processuais, alcançam a todos os necessitados, assim entendidos aqueles


cuja situação econômica não permita arcar com os custos do processo sem prejuízo
do sustento próprio e de sua família. Com efeito, a concessão dos benefícios em
questão condiciona-se tão somente à miserabilidade econômica do requerente,
sendo irrelevante o fato de haver ou não o arquivamento da reclamação trabalhista
por três vezes em razão da ausência injustificada do reclamante. Recurso de revista
conhecido e provido. (RR - 208-78.2013.5.09.0025 , Relatora Ministra: Maria Helena
Mallmann, Data de Julgamento: 04/03/2015, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
13/03/2015)

Com a Reforma Trabalhista, foram acrescentados os §§ 2º e 3º ao art. 844 da CLT:

§ 2o Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento


das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que
beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a
ausência ocorreu por motivo legalmente justificável. NÃO HÁ PREVISÃO EM LEI DO QUE SEJA
ESSE MOTIVO LEGALMENTE JUSTIFICÁVEL.
o o
§ 3 O pagamento das custas a que se refere o § 2 é condição para a propositura
de nova demanda. SEVERO REVÉS DO ACESSO À JUSTIÇA - ADIN PROPOSTA.

Pela regra, de constitucionalidade duvidosa, por sinalizar pagamento de custas por


beneficiário da justiça gratuita, o legislador cria as seguintes regras:
a) ausente o reclamante e arquivado o processo, será aberto o prazo de 15 dias para
comprovação de motivo legalmente justificável para o não-comparecimento;
b) não comprovado o motivo, haverá fixação de custas, mesmo que o autor seja beneficiário
da justiça gratuita;
c) fixadas as custas no arquivamento, a nova ação só será proposta mediante comprovação
do recolhimento das custas do processo arquivado.

12 – Revelia e confissão pela ausência do réu.


A ausência do réu, por sua vez, gera revelia, além da confissão quanto à matéria de
fato.
OBS: REVELIA NÃO É PENA. É UMA CONSTATAÇÃO DE UM FATO PROCESSUAL, CONSTANTE NA AUSÊNCIA DO
RÉU À AUDIÊNCIA. A CONFISSÃO SIM, PODERIA SER CONSIDERADA UMA PENA.

Embora a lei não preveja justificativa para a ausência do réu, não se pode negar que
tal pode na prática ocorrer, como no caso de enfermidade que impeça sua locomoção. O
próprio TST editou súmula a respeito:
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SÚM 122. REVELIA. ATESTADO MÉDICO (incorporada a Orientação


Jurisprudencial nº 74 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. A
reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda
que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia
mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente,
a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da
audiência. (primeira parte - ex-OJ nº 74 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996;
segunda parte - ex-Súmula nº 122 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03)

Evidentemente qualquer justificativa da ausência deve ser razoável e devidamente


comprovada.

Assim, verificado que a empresa possui vários empregados com conhecimento do


fato, eventual enfermidade do empregador não elide a revelia, porquanto poderia ter
assinado preposto para a audiência.

Ademais, o atestado que não indica a impossibilidade de locomoção não elide a


revelia.

Com a Reforma Trabalhista, o entendimento da súmula 122 do TST está


prejudicado, quanto à impossibilidade de produção de defesa pelo advogado, sem o réu
presente. Deste modo, o legislador inseriu os §§ 4º e 5º ao art. 844 da CLT, indicando
situações nas quais não haverá revelia ou os efeitos decorrentes. Assim:

§ 4o A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se: CÓPIA DA REGRA DO CPC:
I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere
indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com prova constante dos autos.

§ 5o Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão


aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados.
NAO CONFUNDIR ATO PROCESSUAL COM ATO DE SISTEMA. ESTE É CONSIDERADO ATO DE JUNTADA E INTERAÇÃO DO ADVOGA-
ADO COM O PJE. NO CASO DA PETIÇÃO INCIAL E NO CASO DE RECURSO, O ATO DE SISTEMA COINCIDE COM O ATO PROCESSUAL
CORRESPONDENTE. NO CASO DA DEFESA, ESSA CORRESPONDENCIA NAO EXISTE, POIS A DEFESA É APRESENTADA EM
AUDIÊNCIA. SE O ADV E O PREPOSTO NÃO ESTIVEREM PRESENTES NA AUDIÊNCIA, A JUNTADA DA CONTESTAÇÃO NO PJE ANTES
DA AUDUÊNCIA É APENAS UM ATO DE SISTEMA.
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13 – Revelia e Fazenda Pública.


Admite-se os efeitos da revelia contra a Fazenda Pública, considerando que no
processo do trabalho, na condição de empregador ou de tomador de serviços, seus
interesses não seriam indisponíveis. É a conclusão a que chega o TST.
FAZENDA PUBLICA, NA CONDIÇÃO DE EMPREGADOR, SE ASSEMELHA AO EMPREGADOR DE DIR PRIVADO.

OJ-SDI1-152 REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL.


(ART. 844 DA CLT). Inserida em 27.11.98 (inserido dispositivo, DJ 20.04.2005).
Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.

14 – Fracionamento da audiência.
Na sistemática una, após a rejeição da tentativa conciliatória, da apresentação da
defesa e da apresentação de réplica, passa-se geralmente à prova oral.

Neste ínterim, partindo da premissa de que eventual ausência do reclamante importa


em arquivamento e eventual ausência do réu em revelia, não há possibilidade de se colher,
na mesma audiência, o depoimento pessoal da parte ausente.

Todavia, na sistemática fracionada (ou na própria una quando houve a necessidade


de fracionamento como explicado no item próprio), havendo a designação de audiência de
instrução, as partes estão cientes do dever de comparecimento para prestar depoimento
pessoal.

Note-se que a ciência é dada na audiência anterior, quando as parte também ficam
sabendo a data da audiência de instrução.

15 – Ausência do reclamante.
A ausência de comparecimento de qualquer das partes à audiência de instrução
provoca a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte contrária.

Seria uma espécie de confissão, geralmente chamada de confissão ficta.

Assim, a ausência do reclamante na audiência em prosseguimento importará em


confissão ficta, e não em arquivamento, como se dá na audiência inaugural.
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SUM-9 AUSÊNCIA DO RECLAMANTE - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A


ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em
audiência, não importa arquivamento do processo.

TRATADO DE PROCESSO DO TRABALHO DE COQUEIJO COSTA.

16 – Confissão e intimação pessoal para depor.


A confissão apenas ocorre quando a parte está claramente ciente do dever de
comparecimento:

SUM-74 CONFISSÃO (nova redação do item I e inserido o item III à redação em


decorrência do julgamento do processo TST-IUJEEDRR 801385-77.2001.5.02.0017)
- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela
cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.
(ex-Súmula nº 74 - RA 69/1978, DJ 26.09.1978) (...)
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a
confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o
indeferimento de provas posteriores. (ex-OJ nº 184 da SBDI-1 - inserida em
08.11.2000)
III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela se
aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o
processo.

17 – Tentativas conciliatórias.
Existem duas tentativas obrigatórias de conciliação, sendo que a primeira delas
ocorre logo após o início da audiência (art. 846 da CLT).

O art. 764, caput e parágrafo primeiro, preceituam:

Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do


Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão
sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória
dos conflitos. (...)
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Assim, cumpre ao magistrado aplicar seus bons ofícios em busca de uma tentativa
conciliatória, a qual pode surgir a qualquer tempo, conforme indica o § 3º da mesma regra.

18 – Limitação da cláusula penal.

Efetuada a conciliação, lavra-se termo assinado pelo juiz e pelas partes, fazendo-se
constar as condições de pagamento.

Registre-se que se estipula multa por eventual descumprimento (art. 846, parágrafo
segundo), multa esta limitada a 100% do valor da própria avença, dada sua natureza típica
de cláusula penal (art. 412 da CC).

O tema está tratado na OJ 54 da SDI-I do TST:

OJ-SDI1-54 MULTA. CLÁUSULA PENAL. VALOR SUPERIOR AO PRINCIPAL.


(título alterado, inserido dispositivo e atualizada a legislação, DJ 20.04.2005). O valor
da multa estipulada em cláusula penal, ainda que diária, não poderá ser superior à
obrigação principal corrigida, em virtude da aplicação do artigo 412 do Código Civil
de 2002 (art. 920 do Código Civil de 1916).

19 – Acordo e contribuições previdenciárias.


Havendo acordo, o juiz o homologará, descrevendo quais as parcelas envolvidas,
indicando aquelas sobre as quais há incidência de contribuição previdenciária.

Art. 832, § 3º - As decisões cognitivas ou homologatórias deverão sempre indicar a


natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado,
inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da
contribuição previdenciária, se for o caso.

A rigor, se o acordo for homologado sem reconhecimento do vínculo empregatício,


não seria possível discriminar as parcelas, dada a inexistência do reconhecimento de um
contrato de trabalho entre os litigantes.
P á g i n a | 14

Neste caso, a jurisprudência esclarece ser devida a contribuição previdenciária sobre


o valor integral da avença, conforme consta das OJs 368 e 398 da SDI-I do TST:

OJ-SDI1-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. ACORDO HOMOLOGADO EM


JUÍZO. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PARCELAS
INDENIZATÓRIAS. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE O
VALOR TOTAL. DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008. É devida a incidência
das contribuições para a Previdência Social sobre o valor total do acordo
homologado em juízo, independentemente do reconhecimento de vínculo de
emprego, desde que não haja discriminação das parcelas sujeitas à incidência da
contribuição previdenciária, conforme parágrafo único do art. 43 da Lei nº 8.212, de
24.07.1991, e do art. 195, I, “a”, da CF/1988.

OJ-SDI1-398. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMO-LOGADO EM


JUÍZO SEM RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. CONTRIBUINTE
INDIVIDUAL. RECOLHIMENTO DA ALÍQUOTA DE 20% A CARGO DO TOMADOR
E 11% A CARGO DO PRESTADOR DE SERVIÇOS. (DEJT divulgado em 02, 03 e
04.08.2010). Nos acordos homologados em juízo em que não haja o reconhecimento
de vínculo empregatício, é devido o recolhimento da contribuição previdenciária,
mediante a alíquota de 20% a cargo do tomador de serviços e de 11% por parte do
prestador de serviços, na qualidade de contribuinte individual, sobre o valor total do
acordo, respeitado o teto de contribuição. Inteligência do § 4º do art. 30 e do inciso III
do art. 22, todos da Lei n.º 8.212, de 24.07.1991.

20 – O juiz pode recusar a homologação de acordo.

Para homologação do acordo, o juiz deverá verificar a inexistência de vícios formais


que prejudiquem sua formação ou validade.

Além disso, a homologação extingue o processo com resolução do mérito, sendo,


então, a decisão estatal adotada para o caso concreto.

Nesta linha, o juiz deverá verificar se a avença é justa, podendo recusar caso
conclua não ser a solução adequada ao feito.

A jurisprudência definiu, por meio da súmula 418 do TST, que as partes não tem
direito líquido e certo à homologação, não cabendo mandado de segurança contra a decisão
que a nega:
P á g i n a | 15

Súmula nº 418 do TST - MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO


À HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (nova redação em decorrência do CPC de
2015) - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017 - A homologação
de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela
via do mandado de segurança.

SÚMULA 418 - A HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO É UMA FACULDADE DO JUIZ, NÃO EXISTINDO DIREITO LIQUIDO E CERTO
ATACÁVEL PELA VIA DO MANDADO DE SEGURANÇA.

21 – Acordo e intimação da União.


A União deve ser intimada dos acordos homologados conforme a alteração dada
pela novel Lei 11.457/07 ao art. 832 da CLT:

§ 4º A União será intimada das decisões homologatórias de acordos que contenham


parcela indenizatória, na forma do art. 20 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de
2004, facultada a interposição de recurso relativo aos tributos que lhe forem devidos.
§ 5º Intimada da sentença, a União poderá interpor recurso relativo à discriminação
de que trata o § 3º deste artigo.
§ 6º O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a
elaboração dos cálculos de liquidação de sentença não prejudicará os créditos da
União.
§ 7º O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado,
dispensar a manifestação da União nas decisões homologatórias de acordos em que
o montante da parcela indenizatória envolvida ocasionar perda de escala decorrente
da atuação do órgão jurídico.

22 – Acordo após a formação da coisa julgada.


Interpretando o § 6º do art. 832 da CLT, o TST definiu que em caso de acordo após o
trânsito em julgado da sentença condenatória, a inexistência de prejuízo aos créditos da
União importa na apuração das contribuições previdenciárias na proporcionalidade
observada na decisão e no desconto que o credor tenha dado ao devedor.

Ou seja, se o reclamante aceita dar quitação ao objeto da lide por valor equivalente a
80% do que foi deferido na sentença, os recolhimentos previdenciários seguiriam tal
proporção, conforme o cálculo original das parcelas previdenciárias.
P á g i n a | 16

OJ-SDI1-376 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO EM


JUÍZO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.
INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR HOMOLOGADO (DEJT divulgado em 19, 20 e
22.04.2010). É devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acordo
celebrado e homologado após o trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a
proporcionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e indenizatória
deferidas na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo.

23 – impossibilidade de indenização das contribuições pelo empregador.

Na prática forense, é comum os trabalhadores alegarem que o empregador deveria


ser responsável pela integralidade dos recolhimentos fiscais e previdenciários, sob
argumento de que não pagaram as verbas salariais no prazo legal.

Esta tese é rechaçada pela jurisprudência, tendo provocado a edição da OJ 363 da


SDI-I do TST. A OJ foi cancelada e incorporada à súmula 368 do TST:

SÚMULA 368: DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA.


COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE
CÁLCULO. FATO GERADOR. (aglutinada a parte final da Orientação
Jurisprudencial nº 363 da SBDI-I à redação do item II e incluídos os itens IV, V e VI
em sessão do Tribunal Pleno realizada em 26.06.2017)
I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das
contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das
contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que
proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de
contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998).
II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições
previdenciárias e fiscais, resultantes de crédito do empregado oriundo de
condenação judicial. A culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas
remuneratórias, contudo, não exime a responsabilidade do empregado pelos
pagamentos do imposto de renda devido e da contribuição previdenciária que recaia
sobre sua quota-parte. (ex-OJ nº 363 da SBDI-1, parte final)
III – Os descontos previdenciários relativos à contribuição do empregado, no caso de
ações trabalhistas, devem ser calculados mês a mês, de conformidade com o art.
276, § 4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991,
aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário
de contribuição (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em
14.03.1994 e 20.06.2001).
P á g i n a | 17

IV - Considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de


créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em juízo, para os serviços
prestados até 4.3.2009, inclusive, o efetivo pagamento das verbas, configurando-se a
mora a partir do dia dois do mês seguinte ao da liquidação (art. 276, “caput”, do
Decreto nº 3.048/1999). Eficácia não retroativa da alteração legislativa promovida
pela Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº
11.941/2009, que deu nova redação ao art. 43 da Lei nº 8.212/91.
V - Para o labor realizado a partir de 5.3.2009, considera-se fato gerador das
contribuições previdenciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou
homologados em juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as
contribuições previdenciárias não recolhidas a partir da prestação dos serviços
incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos previdenciários, aplica-se
multa a partir do exaurimento do prazo de citação para pagamento, se descumprida
a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.460/96).
VI – O imposto de renda decorrente de crédito do empregado recebido
acumuladamente deve ser calculado sobre o montante dos rendimentos pagos,
mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade
de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela
progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito, nos termos
do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988, com a redação conferida pela Lei nº
13.149/2015, observado o procedimento previsto nas Instruções Normativas da
Receita Federal do Brasil.

Com a Reforma Trabalhista, o entendimento consubstanciado na súmula 368 está


consolidado quanto ao alcance da execução previdenciária. Assim, temos a nova redação
dada ao parágrafo único do art. 876 da CLT:

Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais


previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição
Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante das
sentenças que proferir e dos acordos que homologar.

24 – Ação rescisória e conciliação homologada.

A possibilidade das partes recorrerem do acordo homologado restou suplantada pela


Súmula 259 do TST.

SÚM 259 TERMO DE CONCILIAÇÃO. AÇÃO RESCISÓRIA (mantida) - Res.


121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Só por ação rescisória é impugnável o termo de
conciliação previsto no parágrafo único do art. 831 da CLT.
COM O NCPC CABERIA AÇÃO ANULATÓRIA E NÃO AÇÃO RESCISÓRIA.
P á g i n a | 18

A súmula terá que ser revista, haja vista que o art. 966, § 4º do novo CPC prevê ação
anulatória, e não mais ação rescisória para retirar a eficácia da sentença homologatória.

A União, que não é parte, pode questionar a respeito das contribuições


previdenciárias que entende devidas através de recurso e não de ação rescisória.

A conciliação pode extravasar os limites da lide, como forma de prevenir litígios


futuros.

Caso o reclamante dê quitação plena não só do objeto da inicial, mas de todo o


extinto contrato de trabalho, a rigor nada mais poderá reclamar na Justiça do Trabalho, sob
pena de violar a coisa julgada.

OJ-SDI2-132 AÇÃO RESCISÓRIA. ACORDO HOMOLOGADO. ALCANCE.


OFENSA À COISA JULGADA. DJ 04.05.2004. Acordo celebrado - homologado
judicialmente - em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem qualquer
ressalva, alcança não só o objeto da inicial, como também todas as demais parcelas
referentes ao extinto contrato de trabalho, violando a coisa julgada, a propositura de
nova reclamação trabalhista.

Rejeitada a conciliação, passa-se à instrução.

25 – Regra celetista da defesa trabalhista.


Inexistindo conciliação, o réu deverá apresentar defesa escrita ou oral, sendo que
seu tempo será de 20 minutos (art. 847 da CLT). E, com a Reforma Trabalhista, o parágrafo
único do art. 847, passou a prever expressamente a possibilidade de apresentação da
defesa escrita pelo PJe.

Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir
sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por
ambas as partes.
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de
processo judicial eletrônico até a audiência.
P á g i n a | 19

26 – Modalidades de resposta do réu.


As modalidades de resposta do réu são a contestação, a reconvenção e a exceção.

27 – Efeito da ausência de resposta.


A apresentação de resposta é momento preclusivo, de modo que a inércia da parte
provoca a revelia e confissão ficta.

No litisconsórcio, mesmo facultativo, a defesa aproveita-se, no que couber, ao revel.

(...) REVELIA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CONTESTAÇÃO GENÉRICA DA


TOMADORA DE SERVIÇOS. EFEITOS. Embora seja simples o litisconsórcio
passivo firmado entre a prestadora de serviços, empregadora do reclamante, e a
tomadora de serviços, visto que há possibilidade de decisão diversa para cada um
dos litisconsortes, a revelia da prestadora de serviços induz os efeitos da confissão
ficta à tomadora de serviços apenas em relação aos pedidos que não foram
contestados especificamente por esta última. Assim, tendo o eg. TRT estendido os
efeitos da confissão ficta aplicada à prestadora de serviços porque a contestação da
reclamada foi genérica, não se constata ofensa ao artigo 320, I, do CPC. Recurso de
revista não conhecido. (...) (RR - 846-46.2011.5.05.0461 , Redator Ministro: Aloysio
Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 27/05/2015, 6ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 08/06/2015)

Na ação rescisória, a ausência de resposta gera a revelia e confissão ficta?

SÚMULA 398: AÇÃO RESCISÓRIA. AUSÊNCIA DE DEFESA. INAPLICÁVEIS OS


EFEITOS DA REVELIA. (alterada em decorrência do CPC de 2015) - Na ação
rescisória, o que se ataca é a decisão, ato oficial do Estado, acobertado pelo manto
da coisa julgada. Assim, e considerando que a coisa julgada envolve questão de
ordem pública, a revelia não produz confissão na ação rescisória. (ex-OJ nº 126 da
SBDI-2 - DJ 09.12.2003)

28 – Quais as exceções admitidas no processo do trabalho?


P á g i n a | 20

Existem três tipos de exceção no ordenamento jurídico: exceção de incompetência,


exceção de suspeição e exceção de impedimento. O NCPC está eliminando a exceção de
incompetência, passando a matéria a ser arguida como preliminar à contestação.

Muito embora a CLT aduza, no art. 799, que “Nas causas da jurisdição da Justiça do
Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição
ou incompetência”, não se pode negar a possibilidade de exceção de impedimento, eis que
tanto a suspeição quanto o impedimento revelam-se matérias de interesse público.

29 – Exceção de suspeição.
Quanto à suspeição, dispõe o art. 801 da CLT:

Art. 801 - O juiz, presidente ou vogal, é obrigado a dar-se por suspeito, e pode ser
recusado, por algum dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos litigantes: a)
inimizade pessoal; b) amizade íntima; c) parentesco por consangüinidade ou
afinidade até o terceiro grau civil; d) interesse particular na causa.
Parágrafo único - Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja
consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo
sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida, se do processo
constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a conhecia, ou
que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de
propósito o motivo de que ela se originou.

As causas de suspeição descritas no art. 135 do CPC também são aplicáveis.

Quanto ao impedimento, havendo lacuna na CLT, devem as causas previstas no


CPC serem aplicáveis, por se tratar de uma condição de acesso à jurisdição de modo
adequado.

30 – Competência para julgamento da exceção de suspeição.


Embora exista divergência doutrinária sobre a competência para se julgar a exceção
de suspeição/impedimento em relação ao juiz que não reconhece a alegação, os Tribunais
têm reconhecido que a competência do colegiado, por meio de seus Regimentos Internos.
P á g i n a | 21

Há precedente do TST, porém, validando o julgamento pelo juiz tido por suspeito.

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. EXCEÇÃO DE


SUSPEIÇÃO. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA
(ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 92 DA SBDI-2). A exceção de suspeição
oposta perante o juízo de primeiro grau na Justiça do Trabalho deve ser por ele
decidida, sendo facultado à parte interessada alegá-la novamente por ocasião da
interposição do recurso que couber contra a decisão final. O supracitado
entendimento encontra-se em harmonia com os artigos 799, § 2º, e 893, § 1º, ambos
da Consolidação das Leis do Trabalho. Dessa forma, a impetração do presente
mandamus não é o meio adequado para o conhecimento da matéria, ante a
existência de recurso próprio, razão pela qual deve ser aplicado o entendimento
contido na Orientação Jurisprudencial nº 92 da SBDI-2, que é no sentido de que "não
cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante
recurso próprio, ainda que com efeito diferido". Precedentes da SBDI-2. Recurso
ordinário conhecido e não provido. (RO - 1000701-74.2014. 5.02.0000 , Relatora
Ministra: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 02/06/2015, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 05/06/2015)

NÃO CABE RECURSO DE IMEDITADO DA DECISÃO QUE JULGA A EXCEÇÃO - TANTO A MONOCRATICA QUANTO A JULGADA PELO
TRIBUNAL.

31 – Exceção de incompetência.
Quanto à exceção de incompetência, resta patente que a mesma se refere à
incompetência relativa, porquanto a incompetência absoluta deve ser alegada como
preliminar da contestação.

O art. 800 da CLT previa a apresentação da exceção de incompetência em


audiência. Tal regra, porém, foi alterada pela Reforma Trabalhista, que conferiu a seguinte
redação ao referido artigo:

Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco


dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência
desta exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido neste artigo.
§ 1o Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a
audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a
exceção.
§ 2o Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o
reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de
cinco dias.
P á g i n a | 22

§ 3o Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará


audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem
ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente.
§ 4o Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará
seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução
processual perante o juízo competente.

Ressalte-se que a exceção de incompetência deve ser apresentada em 5 dias, após


o recebimento da notificação, sob pena de preclusão.

Há precedente validando o local da sede do sindicato, e não do local da prestação de


serviços, para a ação coletiva.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE


NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Incide o óbice da
preclusão, se a omissão apontada no recurso de revista não foi objeto de embargos
de declaração contra o acórdão de recurso ordinário. EXCEÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA. LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DISTINTO DO
DOMICÍLIO DO EMPREGADO. No caso concreto dos autos é certo que o
empregado trabalhou para a empresa em local diverso (SP) daquele do ajuizamento
da reclamação trabalhista (PR). Considerada esta premissa em confronto com os
critérios objetivos para o ajuizamento da ação trabalhista previstos no § 3º do artigo
651 da CLT (local da contratação ou da prestação de serviços), não há viabilidade de
aforamento da reclamação trabalhista em local diverso do da contratação e do da
prestação de serviço, tendo o reclamante promovido o ajuizamento da ação no local
de seu domicílio, onde a empresa não promove atividade. O devido processo legal
tem em vista permitir às partes em litígio exercerem amplamente seus direitos de
acesso à justiça, ao contraditório e à defesa. As regras específicas de competência
trabalhista em razão do lugar visam e devem beneficiar, antes de tudo, ao tratamento
processual isonômico, sem retirar dos litigantes (empregado e empresa) a
possibilidade efetiva de acesso à justiça e de defesa dos seus interesses. Assim, não
se pode admitir, tão só pela hipossuficiência do empregado, em desatenção, que o
processo seja irregular, dispendioso e injusto para a empresa sem lhe assegurar
paridade de condições e plenitude de defesa. Desse modo, não se pode dar ampla
faculdade ao empregado de sempre eleger o foro de seu domicílio para ajuizar a
demanda quando a regra do artigo 651 da CLT não lhe for mais favorável, porque a
observância aos princípios da proteção do trabalhador deve ser ponderada com o
também direito do empregador de acesso à Justiça. Sob esta ótica não se constata a
violação do artigo 5º, XXXV, LV e LXXVIII, da Constituição Federal. Precedentes.
Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (AIRR - 1614-92.2012.5.09.0018 ,
P á g i n a | 23

Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:


03/06/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/06/2015)

No precedente seguinte, recusa-se a competência do local do domicílio do


trabalhador, já que tal faculdade não está expressamente autorizada pelo art. 651 da CLT.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE


NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Incide o óbice da
preclusão, se a omissão apontada no recurso de revista não foi objeto de embargos
de declaração contra o acórdão de recurso ordinário. EXCEÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA. LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DISTINTO DO
DOMICÍLIO DO EMPREGADO. No caso concreto dos autos é certo que o
empregado trabalhou para a empresa em local diverso (SP) daquele do ajuizamento
da reclamação trabalhista (PR). Considerada esta premissa em confronto com os
critérios objetivos para o ajuizamento da ação trabalhista previstos no § 3º do artigo
651 da CLT (local da contratação ou da prestação de serviços), não há viabilidade de
aforamento da reclamação trabalhista em local diverso do da contratação e do da
prestação de serviço, tendo o reclamante promovido o ajuizamento da ação no local
de seu domicílio, onde a empresa não promove atividade. O devido processo legal
tem em vista permitir às partes em litígio exercerem amplamente seus direitos de
acesso à justiça, ao contraditório e à defesa. As regras específicas de competência
trabalhista em razão do lugar visam e devem beneficiar, antes de tudo, ao tratamento
processual isonômico, sem retirar dos litigantes (empregado e empresa) a
possibilidade efetiva de acesso à justiça e de defesa dos seus interesses. Assim, não
se pode admitir, tão só pela hipossuficiência do empregado, em desatenção, que o
processo seja irregular, dispendioso e injusto para a empresa sem lhe assegurar
paridade de condições e plenitude de defesa. Desse modo, não se pode dar ampla
faculdade ao empregado de sempre eleger o foro de seu domicílio para ajuizar a
demanda quando a regra do artigo 651 da CLT não lhe for mais favorável, porque a
observância aos princípios da proteção do trabalhador deve ser ponderada com o
também direito do empregador de acesso à Justiça. Sob esta ótica não se constata a
violação do artigo 5º, XXXV, LV e LXXVIII, da Constituição Federal. Precedentes.
Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (AIRR - 1614-92.2012.5.09.0018 ,
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:
03/06/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/06/2015)

No precedente seguinte, porém, foi admitido, em prol do acesso à justiça, a fixação


da competência pelo domicílio do trabalhador.

PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE


PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Deixa-se de apreciar a prefacial titulada, nos termos
do artigo 249, § 2º, do CPC, por se verificar, no mérito, possível decisão favorável à
P á g i n a | 24

recorrente. Recurso de revista não conhecido. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO


TRABALHO EM RAZÃO DO LUGAR. AJUIZAMENTO DA AÇÃO NO DOMICÍLIO
DA RECLAMANTE. PREVALÊNCIA DO DIREITO FUNDAMENTAL DE ACESSO À
JUSTIÇA SOBRE A INTERPRETAÇÃO MERAMENTE LITERAL DO ARTIGO 651,
§ 3º, DA CLT. No caso, ficou incontroverso que a reclamante, residente e domiciliada
em Porto Alegre - RS, foi contratada e prestou serviços no Estado do Rio de Janeiro.
A trabalhadora, pretendendo o pagamento de parcelas salariais e rescisórias
decorrentes dessa contratação, ajuizou esta reclamação trabalhista na Vara do
Trabalho de Porto Alegre, que possui jurisdição no local de domicílio e residência da
autora. A oferta de emprego é escassa e o desemprego é realidade social neste
país, o que obriga vários trabalhadores a se mudarem para regiões diversas, ainda
que provisoriamente, deixando para trás seus familiares, em condições precárias,
com o intuito de procurar trabalho para suprir necessidades vitais de subsistência,
própria e de sua família. É realidade, ainda, que esses trabalhadores se submetem a
condições de emprego precárias e a empregos informais. Dessa forma, tem-se cada
vez mais firmado o entendimento, neste Tribunal superior (como demonstram os
precedentes citados na fundamentação), de que, em casos como este ora em
exame, o direito fundamental de acesso à Justiça das partes trabalhistas deve
preponderar sobre a interpretação meramente literal do artigo 651, § 3º, da CLT,
apontado como violado pelo recorrente. Além disso, é possível aplicar à hipótese, por
analogia, a exceção prevista no § 1º do artigo 651 da CLT, que atribui competência à
Vara do Trabalho do domicílio do reclamante, quando inviabilizado o ajuizamento da
reclamação trabalhista no foro da celebração do contrato ou da prestação dos
serviços. Essa interpretação, além de mais bem corresponder à letra e ao espírito do
artigo 651, caput e §§, da CLT, mostra-se mais consentânea com princípio
constitucional de acesso à Justiça, previsto no artigo 5º, inciso XXXV, da
Constituição Federal, e com a constatação prática de que, em muitos casos, a
exigência legal de que o trabalhador ajuizasse a sua reclamação no lugar em que
prestou serviços, mesmo quando voltou a residir no lugar de seu domicílio, acabaria
por onerar excessivamente o exercício do direito de ação pela parte hipossuficiente.
Assim, o Regional, ao reconhecer a competência exclusiva do foro do Estado do Rio
de Janeiro para apreciar e julgar este feito, subverteu a finalidade da lei e obstruiu o
livre acesso da reclamante ao Judiciário. Recurso conhecido e provido. (RR - 20240-
42.2013.5.04.0026 , Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de
Julgamento: 18/05/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/06/2015)

A SDI do TST admite fixar a competência pelo domicílio do reclamante, desde que tal
não implique em prejuízo do exercício do direito de defesa.

RECURSO DE EMBARGOS. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DO


LUGAR - APRESENTAÇÃO DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA EM FORO
DIVERSO DAQUELE ONDE O RECLAMANTE FOI CONTRATADO E PRESTOU
SERVIÇO. Não se nega que o critério de fixação da competência da Justiça do
Trabalho tem a clara diretriz de proteção ao hipossuficiente, como se observa do
artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho. Em atendimento a este primado, a
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CLT faculta ao empregado optar entre apresentar reclamação trabalhista no foro da


celebração do contrato ou no local da prestação de serviços, nas situações em que o
empregador realiza atividades fora do lugar do contrato de trabalho (art. 651, §3º).
No caso, contudo, a hipótese é outra: o reclamante foi contratado e prestou serviços
na cidade de Brusque/SC, local diverso do seu atual domicílio, Pelotas/RS, aonde
ajuizou a presente reclamatória. Assim, a situação atrai a aplicação da regra geral da
competência territorial do foro da prestação dos serviços. Até porque, a competência
territorial, nas hipóteses em que há oposição de exceção nos moldes do disposto
supracitado, deve ser fixada de maneira objetiva, obedecendo aos critérios estritos
previstos no artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho. Todavia, nos termos
da jurisprudência do TST, em observância ao princípio constitucional do amplo
acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV), é competente para o julgamento da demanda
trabalhista o foro do domicílio do empregado, quando lhe for mais favorável que a
regra do art. 651 da CLT, nos casos em que ficar inconteste que a empresa
reclamada regularmente presta serviços em diversas localidades do território
nacional. Essa interpretação, repita-se, na hipótese de tratar-se de empresa de
grande porte, prestadora de serviços em distintas localidades do país, além de não
cercear o direito de defesa da demandada dado o seu vasto âmbito de atuação,
mostra-se consonante ao princípio da proteção, ínsito ao Direito do Trabalho,
atendendo ao objetivo da facilitação do acesso do hipossuficiente à justiça. Tratando-
se, pois, de empresa de âmbito nacional, que realiza contratação e presta serviços
em localidades distintas do país, é possível a aplicação ampliativa do § 3º do artigo
651 da CLT, permitindo ao reclamante o ajuizamento da reclamação trabalhista no
local do seu domicílio, se mais favorável. Em tal situação o reconhecimento da
competência da Vara do Trabalho com jurisdição no local do domicílio do reclamante
atende de forma harmônica aos fins sociais do artigo 651 da CLT e do já citado art.
5º, inciso XXXV, da Carta Constitucional, que garante o livre acesso ao Judiciário. No
caso, não há notícia nos autos que a empresa demandada preste serviços em
diferentes localidades do país. Nesse contexto, não há que se cogitar na aplicação
da exceção firmada por esta Corte em relação ao artigo 651 da CLT. Precedentes da
SDI12 e de Turmas do TST. Recurso de embargos conhecido e desprovido. (E-RR -
420-37.2012.5.04.0102 , Relator Ministro: Renato de Lacerda Paiva, Data de
Julgamento: 19/02/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 06/03/2015)

Nas sentenças coletivas, a liquidação observa o CDC, e não a CLT.

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE EXECUÇÃO INDIVIDUAL


DE SENTENÇA ORIUNDA DE AÇÃO COLETIVA. APLICAÇÃO DO ART. 21 DA
LEI Nº 7.347/85 E DOS ARTS. 98, § 2º, I, E 101, I, DA LEI Nº 8.078/90.
POSSIBILIDADE DE ELEIÇÃO DO FORO PELO EXEQUENTE. Considerando que
a hipótese dos autos é de jurisdição coletiva e que a CLT não possui regra própria
quanto à matéria (arts. 651 e 877 da CLT), viável a incidência da Lei da Ação Civil
Pública (art. 21 da Lei nº 7.347/85) e do Código de Defesa do Consumidor (arts. 98,
§ 2º, I, e 101, I, da Lei nº 8.078/90), os quais facultam ao exequente eleger o foro
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para ingressar com a ação individual de cumprimento de sentença proferida em ação


coletiva. Assim, deve ser respeitada a vontade individual do exequente, que tanto
pode promover a execução individual no juízo da liquidação da sentença, quanto no
juízo em que proferida a sentença condenatória ou no de liquidação dessa decisão.
Na hipótese dos autos, o autor da ação de cumprimento de sentença proferida em
ação coletiva, cujo domicílio é situado no município de Santo André/SP, optou por
propor a ação no local de seu domicílio, conforme lhe autoriza o ordenamento
jurídico, razão pela qual deve ser reconhecido esse como o juízo competente.
Precedentes da SBDI-2 do TST. Conflito de Competência a que se julga procedente.
(CC - 5103-60.2014.5.01.0481 , Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data de
Julgamento: 28/04/2015, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 30/04/2015)

Havendo prestação de serviços em diversas localidades, o reclamante poderá optar


pelo foro de qualquer um destes.

EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA


DA LEI Nº 11.496/2007. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. CRITÉRIO DE FIXAÇÃO.
Registra a r. sentença (fls. 30 e 85) que o autor iniciou sua prestação laboral em
Goiânia (local da contratação), atendendo à região de Ceres/GO, tendo sido
transferido para diversas outras localidades e, por último, para Brasília, onde
permaneceu até a ruptura do contrato. E o e. TRT entendeu que se -o empregado for
reclamante, poderá demandar o empregador tanto no foro onde tiver sido contratado
como em quaisquer dos outros onde tiver trabalhado, inclusive o do último lugar, se
assim lhe convier- (fls. 121-122). Vê-se, assim, que o Colegiado a quo agiu com
acerto, pois decidiu em conformidade com o § 3º do artigo 651 da CLT, que confere
ao empregado o direito de eleição de foro. Doutrinando sobre a interpretação do § 3º
da norma consolidada em referência, Délio Maranhão e João de Lima Teixeira Filho
esclarecem que -A disposição do § 3º do art. 651, (...) é a que melhor espelha o
sentido do critério da fixação da competência ratione loci no processo do trabalho:
facilitar ao litigante economicamente mais fraco o ingresso em juízo de condições
mais favorável à sua defesa, seja qual for sua posição processual- (Instituições vol.
II, 20ª ed. LTr, 2002, p. 1314). Logo, tendo o reclamante sido contratado em
Goiânia/GO e também ali prestado serviços, além de Brasília/DF, o ajuizamento da
ação naquela cidade está em conformidade com o dispositivo consolidado
disciplinador da matéria, que não determina a obrigatoriedade de que o ajuizamento
da ação seja no último local em que prestado o serviço. Recurso de embargos a que
se nega provimento. (E-ED-RR - 175840-44.2004.5.18.0006 , Relator Ministro:
Horácio Raymundo de Senna Pires, Data de Julgamento: 11/11/2010, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 03/12/2010)

32 – Recorribilidade das decisões sobre exceções.


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O art. 799, § 2º deve, contudo, ser analisado com vagar: § 2º - Das decisões sobre
exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não
caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber
da decisão final.

Primeiramente, registre-se que o termo “terminativas do feito” não pode ser aplicado
em relação a uma exceção de suspeição ou incompetência. No caso da incompetência,
sendo a mesma reconhecida, os autos serão remetidos ao juízo competente, não havendo
qualquer extinção processual.

Na verdade, o artigo deve ser interpretado de forma que, havendo o reconhecimento


da exceção de incompetência com a consequente remessa dos autos ao juízo competente,
caberá a interposição de recurso caso o feito seja remetido a outro Tribunal Regional.

SÚM Nº 214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação)


- Res. 127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art.
893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo
nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou
Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de
impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de
incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto
daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, §
2º, da CLT.

33 – Reconvenção no processo do trabalho.

A reconvenção apresenta-se como uma ação incidental movida pelo réu, ora
reconvinte, em relação ao autor, reconvindo.

A reconvenção não é apenas possível no processo do trabalho, como também é


comum. Com a Reforma Trabalhista, o cabimento está consolidado, na medida em que o §
5º do art. 791-A da CLT passou a mencionar o cabimento de honorários advocatícios na
reconvenção trabalhista.

Exemplo seria quando a empresa ajuíza ação de consignação em pagamento,


fundamentando que houve recusa do trabalhador em assinar o termo rescisório por não ter
o mesmo concordado com a justa causa imputada.
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Por outro lado, o obreiro, réu na consignatória apresenta reconvenção, pretendendo


o recebimento das parcelas referentes à dispensa sem justa causa, além de horas extras e
dano moral.

Tal tipo de resposta deve ser apresentado no momento próprio para a defesa.

Admite-se a apresentação da reconvenção na mesma peça processual que registra a


contestação.

(...) RECONVENÇÃO. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO NA PEÇA


CONTESTATÓRIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES. DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADA. A Turma, interpretando o art. 299 do
CPC, entendeu ser possível a apresentação da contestação e da reconvenção numa
mesma peça processual, em razão dos princípios da instrumentalidade das formas,
da celeridade e da economia processual. Nesse contexto, não é possível reconhecer
a aludida divergência jurisprudencial, visto que os arestos apresentados ao
confronto, embora sustentem que a reconvenção tem natureza de ação e, em razão
disso, possui autonomia, não consignam ter havido a apresentação da contestação e
da reconvenção numa mesma peça processual, e tampouco interpretam o art. 299
do CPC, dispositivo invocado pela Turma, mas sim o art. 317 do CPC, o qual não foi
objeto de pronunciamento. Incidência da Súmula 296, I, do TST. Recurso de
embargos não conhecido. (E-RR - 49000-37.2008.5.12.0031 , Relator Ministro:
Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 11/09/2014, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 19/09/2014)

O CPC de 2015 admite expressamente a apresentação de reconvenção contra o


autor e terceiro (art. 343, § 3º), bem como a proposição em litisconsórcio com terceiro (art.
343, § 4º), além de esclarecer que a apresentação de reconvenção independe do
oferecimento da contestação (art. 343, §6º).

Apresentada a reconvenção, o juiz dará prazo para o reconvindo apresentar defesa,


deixando consignado, na ata, o prazo para a réplica da contestação da reconvenção.

Assim, a audiência de instrução a ser designada abrangerá tanto a matéria da ação


quanto da reconvenção.

34 – Reconvenção no rito sumaríssimo.


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Há divergências acerca da possibilidade de reconvenção no procedimento sumário e


no sumaríssimo.

Aqueles que defendem sua inaplicabilidade baseiam-se na aplicação analógica do


art. 31 da Lei 9.099/95.

Outros aduzem que não é possível a aplicação analógica, reconhecendo a


possibilidade de reconvenção.

Esclareça-se, contudo, que os que negam a possibilidade admitem o pedido


contraposto na própria contestação.

35 – Reconvenção no processo de execução.

A reconvenção não é aplicável no processo de execução.

A um porque inexiste sentença de conhecimento em tal processo.

A dois porque o art. 16, § 3º da Lei de Execução Fiscal prevê:

§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as


de suspeição, incompetência e impedimentos, serão argüidas como matéria
preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

E a LEF aplica-se subsidiariamente no processo de execução trabalhista, na forma


do art. 889 da CLT.

36 – Autonomia e desistência da ação principal.


Eventual desistência da ação ou a extinção desta por outra causa não obsta ao
prosseguimento da reconvenção (art. 343, § 2º, do CPC).
P á g i n a | 30

Se o trabalhador for condenado, a jurisprudência tende a dispensar o depósito


recursal.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. SUMARÍSSIMO.


RECURSO ORDINÁRIO DO TRABALHADOR CONDENADO EM AÇÃO JUDICIAL
NA QUAL FIGURA COMO RÉU. INEXIGÊNCIA DE DEPÓSITO RECURSAL.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO EM LEI. DESERÇÃO NÃO CONFIGURADA. 1. O fato
de o empregado ser executado na ação não faz com que fique obrigado ao depósito
recursal, quando a lei assim dele não exige. 2. Diante de afronta ao art. 5º, LV, da
CF, o processamento do recurso de revista é medida que se impõe. 3. Agravo de
instrumento de que se conhece e a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA.
SUMARÍSSIMO. RECURSO ORDINÁRIO DO TRABALHADOR CONDENADO EM
AÇÃO JUDICIAL NA QUAL FIGURA COMO RÉU. INEXIGÊNCIA DE DEPÓSITO
RECURSAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO EM LEI. DESERÇÃO NÃO
CONFIGURADA. 1. Ao referir que o depósito seja feito na conta vinculada, a
legislação direciona à isenção do trabalhador de tal incumbencia para fim de preparo
recursal, pela simples qualificação da parte como trabalhador, independentemente
de sua condição de credor ou devedor na ação. 2. O fato de o empregado ser
executado na ação não faz com que fique obrigado ao depósito recursal, quando a
lei assim dele não exige. 3. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá
provimento. (RR - 2718-56.2011.5.02.0081 , Relatora Desembargadora Convocada:
Rosalie Michaele Bacila Batista, Data de Julgamento: 04/03/2015, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 06/03/2015)

37 – Noção de contestação.

A contestação revela-se a resposta mais usual do réu, que se justifica por ser a
modalidade através da qual o mesmo se insurge contra os pleitos aduzidos na petição
vestibular, bem como em relação à própria relação processual.

O art. 336 do CPC preceitua que “Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a
matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do
autor e especificando as provas que pretende produzir”.

A contestação pode envolver preliminares, prejudiciais de mérito e mérito.

Há uma corrente que defende que as prejudiciais de mérito estão inseridas no


próprio mérito.
P á g i n a | 31

38 – Preliminares à contestação.
Quanto às preliminares, o CPC aponta:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação
anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa
de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão
transitada em julgado.
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz
conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma
prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo
arbitral.
P á g i n a | 32

Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a
alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e
pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e
cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo
da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com
as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta
de indicação.
§ 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à
alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o
parágrafo único do art. 338.
§ 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para
incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação


poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente
comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico.
§ 1o A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado
por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua
imediata remessa para o juízo da causa.
§ 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for
distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento.
§ 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a realização da
audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada.
§ 4o Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a
audiência de conciliação ou de mediação.

Necessário, neste ponto, fazer algumas ponderações acerca da compatibilidade de


algumas das mesmas com o processo do trabalho.

A preliminar deve ser bem utilizadas, pois, em razão do efeito devolutivo em


profundidade do recurso ordinário, a questão processual pode ser examinada pelo Regional,
mesmo que não reiterada em contrarrazões na situação de julgamento pela improcedência
do pedido.
P á g i n a | 33

RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007. EFEITO


DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE. SENTENÇA QUE REJEITOU AS
PRELIMINARES ARGUIDAS EM CONTESTAÇÃO, MAS JULGOU
IMPROCEDENTES OS PEDIDOS DO AUTOR. PRELIMINARES RENOVADAS EM
CONTRARRAZÕES E NÃO APRECIADAS PELO REGIONAL. A Turma consignou
na decisão embargada que a sentença, conquanto tenha julgado improcedentes os
pedidos exordiais, rejeitou expressamente as preliminares arguídas em contestação -
de inépcia da inicial, interesse de agir, carência de ação, ilegitimidade ativa e
impossibilidade jurídica do pedido. Registrou, ainda, que referidas preliminares foram
renovadas nas contrarrazões apresentadas pela reclamada ao recurso ordinário
interposto pelo autor. Diante de tal contexto, de fato, cumpria ao Regional o exame
das aludidas preliminares, por força do efeito devolutivo em profundidade que se
extrai do art. 515, §§ 1º e 2º, do CPC. Destaque-se que a jurisprudência pacificada
no âmbito desta Corte, por meio a Súmula 393, preconiza devido o exame em debate
por parte da Corte Regional, ainda que não tenha havido renovação respectiva em
contrarrazões. Logo, na ocorrência da aludida renovação em sede de contrarrazões,
com maior razão impõe-se a necessidade de análise da matéria pelo Tribunal
Regional. Recurso de embargos conhecido e provido. (E-ED-RR - 35000-
06.2008.5.03.0056 , Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de
Julgamento: 04/09/2014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 12/09/2014)

39 – Vício de citação.
Inexistente a citação ou sendo a mesma irregular (ex. houve citação por edital
quando o réu não se encontrava em lugar incerto e não sabido), tal matéria deve ser
alegada em preliminar.

Cabe lembrar, porém, que a citação é impessoal na Justiça do Trabalho.

RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. RITO


SUMARÍSSIMO. PRELIMINAR DE NULIDADE POR CERCEAMENTO DE DEFESA.
AUSÊNCIA DE CITAÇÃO VÁLIDA. ENDEREÇO DIVERSO. Na Justiça do Trabalho
a citação não necessita ser feita na pessoa do empregador ou de seu representante
legal; o sistema para entrega de citação e notificação nesta Justiça Especializada é o
de via postal, tendo em vista que a regra geral é a citação trabalhista impessoal em
face dos princípios da simplificação dos atos processuais e da instrumentalidade das
formas, como disposto no artigo 841 da Consolidação das Leis do Trabalho. Desse
modo, não há exigência de citação pessoal, bastando que ela seja entregue no
endereço da Parte. No entanto, na hipótese de envio para endereço diverso daquele
em que se situa a Parte, a jurisprudência reconhece a nulidade processual.
P á g i n a | 34

Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 781-21.2013.5.05.0222 ,


Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 06/05/2015, 3ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 12/06/2015)

40 – Incompetência.

Havendo incompetência absoluta, deve a mesma ser alegada em preliminar. Por ser
matéria de ordem pública, nada impede que a mesma seja levantada a qualquer tempo ou
grau de jurisdição.

O CPC preceitua:

Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar
de contestação.
§ 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de
jurisdição e deve ser declarada de ofício.
§ 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação
de incompetência.
§ 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao
juízo competente.
§ 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de
decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso,
pelo juízo competente.

Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência


em preliminar de contestação.
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público
nas causas em que atuar.

Porém, nos recursos de índole extraordinária, o TST exige o prequestionamento


relacionado à incompetência, como condição de processamento e exame do recurso.

EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EMBARGOS. AUSÊNCIA DE TESE NO ACÓRDÃO DA TURMA.
IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DO RECURSO POR DISSENSO DE
TESES. SÚMULA 296/TST. Esta e. Corte pacificou o entendimento, nos termos da
P á g i n a | 35

Orientação Jurisprudencial nº 62 desta Subseção, de que "é necessário o


prequestionamento como pressuposto de admissibilidade em recurso de natureza
extraordinária, ainda que se trate de incompetência absoluta". Assim, conforme
decidido no acórdão embargado, o reconhecimento da divergência jurisprudencial -
pressuposto de admissibilidade do recurso de embargos (art. 894, II, CLT) -
depende, necessariamente, da manifestação da Turma a respeito da tese objeto do
recurso, a fim de que se possa estabelecer o necessário confronto entre o
entendimento adotado no acórdão recorrido e aquele revelado nos acórdãos
paradigmas colacionado no recurso. Não observados os pressupostos intrínsecos de
admissibilidade do recurso interposto, revela-se inviável o exame do pedido nele
veiculado, relativo ao tema -Incompetência da justiça do trabalho. Lei 8112/90.
Transformação do Regime Jurídico. Limitação da execução-. Embargos de
declaração conhecidos e desprovidos. (ED-AgR-E-ED-ED-RR - 66800-
53.1992.5.14.0041 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de
Julgamento: 30/10/2014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 07/11/2014)

41 – Inépcia da inicial.
Quanto à inépcia da inicial, o CPC preceitua:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o
pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de
empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de
inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
P á g i n a | 36

§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo


e modo contratados.

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no
prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará
a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença.

Verificando o magistrado a ocorrência de inépcia, deverá o mesmo determinar a


emenda da inicial, exceto quando ocorrem as hipóteses do CPC na forma da Súmula 263 do
TST.

Súmula nº 263 do TST: PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO


OBRIGATÓRIA DEFICIENTE (nova redação em decorrência do CPC de 2015) –
Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016 - Salvo nas hipóteses do
art. 330 do CPC de 2015 (art. 295 do CPC de 1973), o indeferimento da petição
inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura
da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada
para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do que
deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015).

Pode ser pronunciada, inclusive de ofício, a inépcia nas hipóteses do CPC.

RECURSO DE EMBARGOS DA RECLAMANTE. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA


DA LEI 11.496/2007. HORAS EXTRAS. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. 1. Hipótese em que a
Turma entendeu que -Não há falar em ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT, porquanto,
efetivamente, revela-se inepta a Reclamação Trabalhista, uma vez que da narração
dos fatos não decorre logicamente a conclusão (art. 295, parágrafo único, inc. II, do
CPC), haja vista a reclamante afirmar: que abria o estabelecimento e passava o
cartão; que as horas extras eram anotadas em ficha separada; que somente poderia
ser anotada sobrejornada superior a trinta minutos; que a reclamada somente
pagava as horas extras anotadas nas fichas, sendo necessária a verificação dos
cartões de ponto para aferição dos minutos anteriores e posteriores à jornada
contratual. Todavia, finaliza, requerendo a exibição das anotações. Ora, se a
reclamante afirma que não era anotada nas fichas sobrejornada inferior a trinta
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minutos e que as horas extras anotadas nas fichas eram pagas, revela-se ilógico o
pedido de recebimento dos minutos residuais com base no exame dessas fichas-. 2.
Trata-se de recurso de embargos interpostos em 07/11/2011, sob a égide, portanto,
da Lei 11.496/2007, em que foi conferida nova redação ao art. 894, II, da CLT,
segundo o qual cabe recurso de embargos apenas quando demonstrada divergência
entre decisões proferidas por Turmas desta Corte superior, ou destas com julgados
da Seção de Dissídios Individuais. Nesse contexto, inviável a análise do recurso por
violação do art. 840, § 1º, da CLT. 3. Os arestos apresentados são inespecíficos, à
luz da Súmula 296, I, TST. O primeiro deles, oriundo da Oitava Turma, decide pela
inexistência da inépcia da petição inicial na hipótese de haver pedido expresso de
reflexos de horas extras, sendo diverso do caso em análise, em que discute inépcia
em relação às horas extras e não a seus reflexos. O segundo, oriundo da Quarta
Turma, decide genericamente pelo enfoque da inexistência de inépcia da petição
inicial na hipótese em que é possibilitada a defesa pelo réu, aspecto não apreciado
na decisão recorrida. Recurso de embargos não conhecido, no tema. HORAS
EXTRAS. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. CONCESSÃO DE PRAZO. SÚMULA
263/TST. IMPOSSIBILIDADE. 1. A Turma entendeu que -(...) tratando-se das
hipóteses do art. 295 do CPC não há falar em concessão de prazo. A propósito
dessa matéria, a Súmula 263 desta Corte dispõe o seguinte: (...) Realizando-se uma
interpretação 'a contrario sensu' desse verbete sumular se chega a idêntica
conclusão, isto é, em se tratando de alguma das hipóteses do art. 295 do CPC, não
se exige a concessão do prazo de 10 dias para a supressão de irregularidade na
petição inicial. Nesse sentido, vale lembrar o seguinte precedente da SDI-1 desta
Corte: (...)- 2. Trata-se de recurso de recurso de embargos interposto sob a égide da
Lei 11.496/2007, em que foi conferida nova redação ao art. 894, II, da CLT, segundo
o qual cabe recurso de embargos apenas quando demonstrada divergência entre
decisões proferidas por Turmas desta Corte superior, ou destas com julgados da
Seção de Dissídios Individuais. Nesse contexto, inviável a análise do recurso por
violação do art. 284 do CPC. 3. Nos termos da Súmula 263/TST, -Salvo nas
hipóteses do art. 295 do CPC, o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se
desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não
preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a
irregularidade em 10 (dez) dias, a parte não o fizer-. 4. Nesse contexto, estando a
decisão recorrida em conformidade com a primeira parte do referido Verbete
sumular, inviável o recurso de embargos, por óbice da parte final do art. 894, II, da
CLT. Precedentes desta Subseção. Recurso de embargos não conhecido, no tema.
(...) (E-RR - 41700-46.2008.5.17.0011 , Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann,
Data de Julgamento: 06/11/2014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Data de Publicação: DEJT 14/11/2014)

Considerando que muitas vezes tal verificação apenas ocorre em audiência na


prática, entendendo o réu que a emenda altera sua contestação e não querendo o
reclamado aditar a defesa oralmente, deverá o magistrado designar nova audiência
inaugural (na sistemática fracionada) ou nova audiência una.
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Há precedente validando o pedido formulado no corpo da narrativa.

AGRAVO EM RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INÉPCIA


DA PETIÇÃO INICIAL AFASTADA NO ACÓRDÃO TURMÁRIO. PEDIDO
FORMULADO NO CORPO DA PETIÇÃO INICIAL. DENEGAÇÃO DE
SEGUIMENTO AO RECURSO DE EMBARGOS. INESPECIFICIDADE DO ARESTO
PARADIGMA. APLICAÇÃO DO ÓBICE DA SÚMULA 296, I, DESTA CORTE. 1. O
acórdão turmário afastou a inépcia da petição inicial relativamente à pretensão de
indenização por danos morais, porque o pedido estava formulado no corpo da
petição inicial, exarando tese de que "no processo do trabalho vigoram os princípios
da simplicidade e da informalidade. Havendo, portanto, no corpo da petição inicial a
causa de pedir e o pedido, não há falar em inépcia da petição inicial". 2. Já o aresto
paradigma, apesar de tratar da inépcia da petição inicial, examinou situação fática
distinta, em que da petição inicial não se podia extrair uma sequencia lógica entre os
fatos narrados e os pedidos formulados. 3. Manutenção do bem lançado despacho
monocrático do Presidente da Turma, que denegou seguimento ao recurso de
embargos da reclamada, ante o óbice da Súmula 296, I, do TST. Agravo regimental
conhecido e não provido. (Ag-E-ED-RR - 35600-70.2007.5.17.0121, Relator Ministro:
Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 14/05/2015, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 22/05/2015)

42 – Perempção.
Interessante questão ocorre com a perempção prevista no processo civil, segundo a
qual se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo por abandonar a mesma
sem promover atos que lhe competem, não poderá intentar nova ação com o mesmo objeto.

Art. 268, parágrafo único do CPC - Se o autor der causa, por três vezes, à extinção
do processo pelo fundamento previsto no n o III do artigo anterior, não poderá intentar
nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

Tal perempção não ocorre no processo do trabalho.

Na seara especializada, há uma penalidade prevista para os autores que são


responsáveis pelo arquivamento da ação (extinção do processo sem julgamento do mérito)
em face da ausência do reclamante à audiência inaugural (na sistemática fracionada) ou à
audiência una (art. 732 c/c art. 844 da CLT).
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RECURSO DE REVISTA. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO


MÉRITO. PEREMPÇÃO. ARQUIVAMENTO CONSECUTIVO DE DUAS
RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS POR AUSÊNCIA DO RECLAMANTE EM
AUDIÊNCIA. AJUIZAMENTO DE UMA TERCEIRA AÇÃO ANTES DO DECURSO
DO PRAZO DE SEIS MESES. A CLT, em seu art. 844, preceitua que o não
comparecimento do Reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação.
Já a leitura conjunta dos arts. 731 e 732 da CLT indica que incorrerá na perda do
direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho, pelo prazo de seis meses, o
Reclamante que, por duas vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata
o art. 844 da CLT. Trata-se de perempção trabalhista, que se dá apenas de forma
temporária no processo do trabalho, punindo o empregado com a impossibilidade de
comparecimento à Justiça do Trabalho, na condição de reclamante, pelo prazo de
seis meses. Ou seja, somente após seis meses do trânsito em julgado da sentença
de arquivamento da segunda reclamação é que poderá o Reclamante ajuizar uma
terceira reclamação. Não há falar em incompatibilidade do instituto da perempção
com a garantia constitucional de acesso ao Judiciário, uma vez que não se trata o
direito de ação de um direito absoluto, permitindo-se a aplicação de sanção àquele
que o exercita de forma abusiva. Ademais, é de se ressaltar que, nos termos da
Súmula 268/TST, a ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição
em relação aos pedidos idênticos. Nos termos do art. 202, caput, do Código Civil, a
interrupção da prescrição só se dá uma única vez. Recurso de revista não
conhecido. (RR - 335-06.2012.5.09.0654 , Relator Ministro: Mauricio Godinho
Delgado, Data de Julgamento: 03/12/2014, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
05/12/2014)

A penalidade seria a “perda, pelo prazo de seis meses, do direito de reclamar


perante a Justiça do Trabalho” (art. 732 c/c art. 731 da CLT).

Na realidade, não há perda do direito de ação, porquanto a ação é direito público


abstrato.

Assim, havendo o ajuizamento da terceira ação no prazo de seis meses contados do


trânsito da segunda, deve o magistrado extinguir o processo sem julgamento de mérito.

43 – Arbitragem.
Quanto à convenção de arbitragem, tal revela-se inaplicável, o que se justifica pelo
fato de que a arbitragem não se aplica no direito individual do trabalho em virtude do
princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
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O desequilíbrio na relação material de trabalho e o contingenciamento da vontade


obreira não autorizam tal possibilidade de solução de conflitos.

Registre-se apenas que a arbitragem, todavia, mostra-se possível no direito coletivo


em virtude do princípio da equivalência dos seres coletivos e encontra-se inclusive prevista
na Constituição (art. 114, §§ 1º e 2º).

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. CÂMARA DE


ARBITRAGEM. IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER. ABSTENÇÃO DA
PRÁTICA DE ARBITRAGEM NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES DE EMPREGO 1.
Controvérsia estabelecida nos autos de ação civil pública ajuizada pelo Ministério
Público do Trabalho, em que se busca impor a pessoa jurídica de direito privado
obrigação de abster-se de promover a arbitragem de conflitos no âmbito das relações
de emprego. 2. Acórdão proferido por Turma do TST que, a despeito de prover
parcialmente recurso de revista interposto pelo Parquet, chancela a atividade de
arbitragem em relação ao período posterior à dissolução dos contratos de trabalho,
desde que respeitada a livre manifestação de vontade do ex-empregado e garantido
o acesso irrestrito ao Poder Judiciário. Adoção de entendimento em que se sustenta
a disponibilidade relativa dos direitos individuais trabalhistas, após a extinção do
vínculo empregatício. 3. Seja sob a ótica do artigo 114, §§ 1º e 2º, da Constituição
Federal, seja à luz do artigo 1º da Lei nº 9.307/1996, o instituto da arbitragem não se
aplica como forma de solução de conflitos individuais trabalhistas. Mesmo no tocante
às prestações decorrentes do contrato de trabalho passíveis de transação ou
renúncia, a manifestação de vontade do empregado, individualmente considerado,
há que ser apreciada com naturais reservas, e deve necessariamente submeter-se
ao crivo da Justiça do Trabalho ou à tutela sindical, mediante a celebração de válida
negociação coletiva. Inteligência dos artigos 7º, XXVI, e 114, caput, I, da Constituição
Federal. 4. Em regra, a hipossuficiência econômica ínsita à condição de empregado
interfere no livre arbítrio individual. Daí a necessidade de intervenção estatal ou, por
expressa autorização constitucional, da entidade de classe representativa da
categoria profissional, como meio de evitar o desvirtuamento dos preceitos legais e
constitucionais que regem o Direito Individual do Trabalho. Artigo 9º da CLT. 5. O
princípio tuitivo do empregado, um dos pilares do Direito do Trabalho, inviabiliza
qualquer tentativa de promover-se a arbitragem, nos moldes em que estatuído pela
Lei nº 9.307/1996, no âmbito do Direito Individual do Trabalho. Proteção que se
estende, inclusive, ao período pós-contratual, abrangidas a homologação da
rescisão, a percepção de verbas daí decorrentes e até eventual celebração de
acordo com vistas à quitação do extinto contrato de trabalho. A premência da
percepção das verbas rescisórias, de natureza alimentar, em momento de particular
fragilidade do ex-empregado, frequentemente sujeito à insegurança do desemprego,
com maior razão afasta a possibilidade de adoção da via arbitral como meio de
solução de conflitos individuais trabalhistas, ante o maior comprometimento da
vontade do trabalhador diante de tal panorama. 6. A intermediação de pessoa
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jurídica de direito privado - "câmara de arbitragem" - quer na solução de conflitos,


quer na homologação de acordos envolvendo direitos individuais trabalhistas, não se
compatibiliza com o modelo de intervencionismo estatal norteador das relações de
emprego no Brasil. 7. Embargos do Ministério Público do Trabalho de que se
conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento. (E-ED-RR -
25900-67.2008.5.03.0075 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de
Julgamento: 16/04/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 22/05/2015)

Com a Reforma Trabalhista, a CLT passa a admitir arbitragem nos casos em que o
empregado perceba salário superior ao dobro do teto de benefícios da Previdência Social.

Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a
duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem,
desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa,
nos termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)

44 – Caução ou outra prestação.


Considerando que não há exigência de caução ou de outra prestação, descabe a
referida preliminar no processo do trabalho, exceto se considerada como prestação
preliminar a necessidade de depósito prévio a que se refere o art. 836 da CLT quando trata
de ação rescisória.

45 – Carência da ação.
No que atine à carência de ação, deve-se fazer uma ponderação. As condições da
ação devem ser analisadas de forma abstrata, considerando os termos em que a inicial foi
proposta.

Entendimento diverso importaria em adotar a teoria concretista, o que se revela


descabido em sede de ordenamento processual brasileiro.

Logo, alegando o autor ser empregado de determinada empresa e esta, em defesa,


tendo negado totalmente qualquer prestação de serviço, decidindo o juiz que razão assiste à
ré, o caso cuida de improcedência, e não de ilegitimidade.
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O sistema processual anterior não impedia a repetição da ação quando o processo é


extinto sem resolução do mérito por ausência de uma das condições da ação.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. COISA JULGADA


FORMAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ANTERIOR QUE EXTINGUIU O
PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO POR ILEGITIMIDADE DA PARTE.
ART. 268, DO CPC. PROVIMENTO DO APELO. Ante a razoabilidade da tese de
violação ao art. 268, do CPC, na forma do art. 896, "c", da CLT, recomendável o
processamento do Recurso de Revista, para melhor análise das suas razões. Agravo
de Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA. COISA JULGADA
FORMAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ANTERIOR QUE EXTINGUIU O
PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO POR ILEGITIMIDADE DA PARTE.
VIOLAÇÃO AO ART. 268, DO CPC CONFIGURADA. POSSIBILIDADE DE
AJUIZAMENTO DE NOVA DEMANDA. PROVIMENTO DO APELO. Uma vez
consignado no Acórdão Regional que a Reclamação Trabalhista anterior foi extinta
sem resolução de mérito, porque constatada a ilegitimidade ativa do sindicato autor
para a defesa de direitos individuais ali considerados heterogêneos, é de se concluir
que tal decisão não forma coisa julgada material, mas apenas formal, ou
endoprocessual, de modo que, nos termos do art. 268, do CPC, não há óbice para
que o autor intente de novo a ação. Assim, o Acórdão Regional que acolheu a
preliminar de coisa julgada arguida pela Ré, com fundamento no reconhecimento de
ilegitimidade ativa do Sindicato em ação anterior, violou o art. 268, do CPC, pelo que
merece provimento o apelo revisional, para que, afastado o reconhecimento da coisa
julgada, o E. TRT prossiga no julgamento das demais matérias dos Recursos
Ordinários interpostos. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 1594-
06.2012.5.09.0664 , Relator Desembargador Convocado: Cláudio Armando Couce
de Menezes, Data de Julgamento: 20/05/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
29/05/2015)

No atual CPC, a renovação do processo extinto sem resolução do mérito, depende


da retirada do obstáculo processual.

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a
parte proponha de novo a ação.
§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI
e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou
à sentença sem resolução do mérito.
§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou
do depósito das custas e dos honorários de advogado.
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§ 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da


causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe
ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

46 – Prejudiciais de mérito.

Ultrapassadas as preliminares, passa-se à prejudicial de mérito.

Neste ponto, cuida-se das matérias que, embora não sejam preliminares, impedem o
julgamento do mérito, como, por exemplo, a prescrição e a decadência.

Lembramos que a partir do atual Código Civil, a prescrição é interrompida uma única
vez.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO.


PROTESTO. INTERRUPÇÃO UMA ÚNICA VEZ. ART. 202, CAPUT, DO CÓDIGO
CIVIL. NÃO PROVIDO. Conforme declinado pelo Acórdão do Tribunal Regional, a
relação de emprego fora encerrada em 02/08/2006, tendo o reclamante ajuizado
protesto interruptivo da prescrição em 31/08/2007. Em 31/08/2009 apresentou
reclamação trabalhista, que fora julgada extinta sem resolução do mérito em
03/11/2009. Sendo esse o quadro processual encontrado no presente feito,
evidencia-se a impossibilidade de se reconhecer contrariedade da decisão que
declarou a prescrição ao conteúdo da Súmula 268 do TST. Com efeito, a pretensão
recursal no sentido de que se atribua à reclamação trabalhista ajuizada em
31/08/2009 o caráter de interruptiva da prescrição esbarra no art. 202, caput, do
Código Civil, de aplicação subsidiária, segundo o qual a interrupção da prescrição
somente poderá ocorrer uma vez. Agravo de instrumento não provido. (AIRR - 1349-
19.2011.5.02.0019 , Relator Desembargador Convocado: José Rêgo Júnior, Data de
Julgamento: 29/04/2015, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/05/2015)

Estando a parcela pretendida prescrita, a mesma torna-se inexigível, sendo


desnecessário perquirir sobre o direito demandado.

No processo do trabalho, outro exemplo de prejudicial de mérito seria a eficácia


liberatória geral dos termos de conciliação firmados perante a CCP (art. 625-E, parágrafo
único do CLT).
P á g i n a | 44

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 11.496/2007.


QUITAÇÃO. ACORDO FIRMADO PERANTE A COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO
PRÉVIA. 1. A colenda SBDI-I deste Tribunal Superior do Trabalho, em sessão
realizada com a presença da totalidade de seus integrantes, consagrou
entendimento no sentido de que "não há como limitar os efeitos liberatórios do termo
de conciliação firmado perante a comissão de conciliação prévia quando não há nele
qualquer ressalva expressa, sob pena de se negar vigência a dispositivo de lei (CLT,
artigo 625-E, parágrafo único)" (E-RR-17400-43.2006.5.01.0073, Rel. Min. Aloysio
Corrêa da Veiga, DEJT de 17/05/2013). 2. Dessa forma, o termo de conciliação
lavrado no âmbito da respectiva comissão de conciliação prévia, regularmente
constituída, sem notícia de vício de consentimento, tem eficácia liberatória geral,
excetuando-se apenas as parcelas ressalvadas expressamente. 3. Recurso de
embargos conhecido e provido. (E-RR - 190440-40.2004.5.15.0043 , Relator
Ministro: Lelio Bentes Corrêa, Data de Julgamento: 21/05/2015, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 29/05/2015)

A jurisprudência do TST não confere eficácia liberatória geral ao ato de adesão do


empregado a Plano de Demissão Voluntária, em que conste que o exercício de tal faculdade
pelo empregado implica em quitação de todos os direitos decorrentes do contrato.

AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELA VOLKSWAGEN DO BRASIL


INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTIVOS LTDA. ADESÃO A PLANO DE
DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. TRANSAÇÃO. EFEITOS. COMPENSAÇÃO.
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 356 DA SBDI-1 DESTA CORTE. No que
concerne à transação ocorrida em razão da adesão do reclamante ao Plano de
Demissão Voluntária, salienta-se que a jurisprudência desta Corte sobre a matéria
está sedimentada no disposto na Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1,
segundo a qual a adesão ao programa de demissão incentivada não importa em
quitação total dos direitos advindos do extinto contrato de trabalho, restringindo-se
apenas àquelas verbas especificadas no termo de rescisão. Esse entendimento é
aplicado até mesmo nas hipóteses em que o citado plano de demissão voluntária
tem origem em acordo coletivo. Ademais, o Tribunal Regional, ao posicionar-se pela
impossibilidade de compensação, decidiu em consonância com o disposto na
Orientação Jurisprudencial nº 356 da SBDI-1: "PROGRAMA DE INCENTIVO À
DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). CRÉDITOS TRABALHISTAS RECONHECIDOS
EM JUÍZO. COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DJ 14.03.08. Os créditos
tipicamente trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetíveis de compensação
com a indenização paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de
Incentivo à Demissão Voluntária (PDV)". Agravo de instrumento desprovido. (...)
(ARR - 127800-25.2005.5.02.0464 , Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta,
Data de Julgamento: 03/06/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/06/2015)
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Porém, ao julgar o Tema 152 da Tabela de Repercussão Geral, o STF validou a


cláusula de quitação geral do contrato por adesão ao PDV, desde que a matéria tenha
previsão em norma coletiva.

DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE DISPENSA


INCENTIVADA. VALIDADE E EFEITOS.

1. Plano de dispensa incentivada aprovado em acordo coletivo que contou com


ampla participação dos empregados. Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem
como quitação de toda e qualquer parcela decorrente de relação de emprego.
Faculdade do empregado de optar ou não pelo plano.
2. Validade da quitação ampla. Não incidência, na hipótese, do art. 477, § 2º da
Consolidação das Leis do Trabalho, que restringe a eficácia liberatória da quitação
aos valores e às parcelas discriminadas no termo de rescisão exclusivamente.
3. No âmbito do direito coletivo do trabalho não se verifica a mesma situação de
assimetria de poder presente nas relações individuais de trabalho. Como
consequência, a autonomia coletiva da vontade não se encontra sujeita aos mesmos
limites que a autonomia individual.
4. A Constituição de 1988, em seu artigo 7º, XXVI, prestigiou a autonomia coletiva da
vontade e a autocomposição dos conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência
mundial ao crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação coletiva,
retratada na Convenção n. 98/1949 e na Convenção n. 154/1981 da Organização
Internacional do Trabalho. O reconhecimento dos acordos e convenções coletivas
permite que os trabalhadores contribuam para a formulação das normas que regerão
a sua própria vida.
5. Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as repercussões sociais das
dispensas, assegurando àqueles que optam por seu desligamento da empresa
condições econômicas mais vantajosas do que aquelas que decorreriam do mero
desligamento por decisão do empregador. É importante, por isso, assegurar a
credibilidade de tais planos, a fim de preservar a sua função protetiva e de não
desestimular o seu uso.
7. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da
seguinte tese: “A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de
trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do
contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo
coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado”.
(RE 590415, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
30/04/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-101
DIVULG 28-05-2015 PUBLIC 29-05-2015)
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A Reforma Trabalhista integrou na CLT a eficácia liberatória da adesão ao PDV


estipulado em negociação coletiva.

Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual,


plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho,
enseja quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia,
salvo disposição em contrário estipulada entre as partes. (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)

47 – Contestação de mérito.

No mérito, deve o réu apresentar a defesa indireta ou direta.

A defesa indireta cuida de fatos modificativos, impeditivos e extintivos do direito


alegado pelo autor.

Assim, ilustrativamente, pretendendo o reclamante a equiparação salarial, o réu pode


contestar, informando a existência de quadro organizado em carreira ou de existência de
diferença de perfeição técnica entre o trabalho do paradigma e do reclamante (art. 461, §§
1º e 2º da CLT).

Na defesa direta, o réu contesta os pedidos negando os fatos constitutivos


apontados pelo autor. Assim, por exemplo, pleiteando o autor indenização por danos morais
decorrentes de assédio moral, seria direta a defesa que negasse a ocorrência de qualquer
conduta relacionada ao assédio moral.

48 – Compensação.
A compensação deve ser alegada em defesa sob pena de preclusão.

Na compensação, o réu é credor de determinada parcela e pretende ver seus


créditos compensados com eventuais créditos deferidos ao autor.

Assim, ao pedir demissão, não tendo o empregado pré-avisado o empregador, surge


ao último direito ao valor referente ao aviso prévio (art. 487, § 2º da CLT).
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A respeito da compensação, o TST já se manifestou através de súmulas:

Nº 48 COMPENSAÇÃO - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A compensação


só poderá ser argüida com a contestação.

Nº 18 COMPENSAÇÃO - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A compensação,


na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza trabalhista.

49 – Compensação x dedução.
Não se pode confundir a compensação com a dedução.

A compensação não se dá com parcelas de mesma rubrica.

RECURSO DE REVISTA. COMPENSAÇÃO DAS HORAS EXTRAS COM A


GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DA JORNADA DE OITO HORAS. À luz dos
arts. 9.º, 224 e 444 da CLT, é nula a opção mediante a qual o bancário, no exercício
de função técnica, se dispôs a trabalhar por mais duas horas além da jornada
normal, em contrapartida ao recebimento de determinada gratificação. Devido, na
espécie, o pagamento das 7.ª e 8.ª horas extras diárias, tal como reconhecido pela
Turma. Deve ser deduzida da condenação, entretanto, a diferença entre a
gratificação decorrente da jornada de 8 (oito) horas de trabalho e a que
eventualmente o Reclamante percebesse pela jornada de 6 (seis) horas, em
homenagem ao princípio da boa-fé, com base na Orientação Jurisprudencial
Transitória n.º 70 da SBDI-1. (...) (RR - 1367-22.2012.5.04.0028 , Relatora Ministra:
Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 03/06/2015, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 12/06/2015)

A dedução é o desconto que deve ser imposto em virtude do réu já ter quitado parte
de determinada parcela.

Tal pode ser reconhecido de ofício e valoriza o princípio que veda o enriquecimento
sem causa. Ex. Deferido ao autor o direito às horas extras e verificada que houve o
pagamento de algumas horas extras nos recibos (embora não todas), deve ser autorizada a
dedução da parcela.
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(...) COMPENSAÇÃO DE VALORES PAGOS. NÃO LIMITAÇÃO AO MÊS DE


COMPETÊNCIA DO FATO GERADOR DA PARCELA. APLICAÇÃO ANALÓGICA
DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 415 DA SBDI-1 DO TRIBUNAL
SUPERIOR DO TRABALHO. Especificamente quanto ao tema das horas extras, a
SBDI-1 desta Corte, com ressalva do posicionamento pessoal em contrário do
Relator, pacificou o entendimento de que o abatimento das horas extras já pagas não
se limita ao mês da apuração, devendo ser integral, aferido pelo total das horas
extras quitadas durante o período imprescrito do contrato de trabalho, conforme se
extrai do teor da Orientação Jurisprudencial nº 415 da SBDI-1 do TST: "A dedução
das horas extras comprovadamente pagas daquelas reconhecidas em juízo não
pode ser limitada ao mês de apuração, devendo ser integral e aferida pelo total das
horas extraordinárias quitadas durante o período imprescrito do contrato de trabalho."
Dessa forma, o abatimento de valores efetivamente pagos pelo empregador a título
de horas extraordinárias deve ser efetuado pela totalidade dos créditos,
independentemente do mês de pagamento e ainda que o seu pagamento tenha
ocorrido em momento posterior ao mês em que foram prestadas. O mesmo
raciocínio se aplica, por analogia, às demais verbas postuladas na demanda, sob
pena de incorrer em enriquecimento ilícito da reclamante, na forma prevista no art.
884 do Código Civil. Recurso de revista conhecido e provido. (...) (RR - 1612-
65.2010.5.09.0965 , Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de
Julgamento: 10/06/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/06/2015)

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