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Belo horizonte
2020
Esio Junio Batista Viana
Belo Horizonte
2020
Esio Junio Batista Viana
Prof. Dr.
Prof. Dr.
Prof. Dr.
O presente trabalho visa abordar o instituto do juiz das garantias, com desempenho
na fase de investigação, criado pelo projeto de Reforma do Código de Processo Penal,
e sua compatibilidade frente ao sistema acusatório e aos princípios constitucionais,
sobretudo a imparcialidade do juiz. Para isso, será feito um estudo de caráter
pluridisciplinar, com elementos consignados do Direito Penal, Direito Processual
Penal e Direito Constitucional. Inicialmente, serão apresentados os sistemas
processuais clássicos, abordando o descompasso do ordenamento jurídico patente
no texto constitucional com os resquícios inquisitivos do Código atual. Posteriormente,
adentrar-se-á no Inquérito Policial, demostrando a estigma na imparcialidade do
magistrado acrescida da regra processual da prevenção e dos dispositivos que
concedem poderes investigatórios ao magistrado. Ademais, será apresentada os
aspectos do juiz de garantias, suas funções, efeitos jurídicos e entendimento
contrários ao instituto. Por fim, será ratificado a compatibilidade do instituto do juiz das
garantias com a Constituição Federal, de maneira a avalizar a atuação imparcial do
julgador no Estado Democrático de Direito.
The present work aims to approach the guarantee judge's institute, with performance
in the investigation phase, created by the Penal Procedure Code Reform project, and
its compatibility with the accusatory system and with the constitutional principles,
especially the judge's impartiality. For this, a multi-disciplinary study will be carried out,
with elements of Criminal Law, Criminal Procedural Law and Constitutional Law.
Initially, the classic procedural systems will be presented, addressing the mismatch of
the legal order patent in the constitutional text with the inquisitive remnants of the
current Code. Subsequently, it will enter the Police Inquiry, showing the stigma in the
magistrate's impartiality plus the procedural rule of prevention and the devices that
grant investigative powers to the magistrate. In addition, the aspects of the guarantor
judge, their functions, legal effects and understanding contrary to the institute will be
presented. Finally, the compatibility of the guarantee judge's institute with the Federal
Constitution will be ratified, in order to guarantee the impartial performance of the judge
in the Democratic Rule of Law.
CF – Constituição Federal
CP- Código Penal
CPP- Código de Processo Penal
PL- Projeto de lei
PLS- Projeto de lei do Senado
STF – Supremo Tribunal Federal
STJ – Superior Tribunal de Justiça
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 21
6- REFERÊNCIAS .................................................................................................... 49
21
1 INTRODUÇÃO
1
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva ,2014, p. 92.
2
Ibidem, p. 93.
3
LOPES JR., Aury. Introdução Crítica ao Processo Penal – Fundamentos da Instrumentalidade
Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 153.
4
Ibidem, p. 155.
24
5
LOPES JR., Aury. Introdução Crítica ao Processo Penal – Fundamentos da Instrumentalidade
Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 157.
6
Ibidem, p. 161
25
Por fim, mas não menos importante, destaca-se o sistema misto ou francês, no
Code d’Instruction Criminalle- o Código de Instrução Criminal francês de 1808, gerado
sob o Império Napoleônico- caracterizado pela associação dos dois primeiros
sistemas, divido em dois momentos. No primeiro momento inquisitório, sigiloso e
limitado de garantias, fase esta, destinada à investigação de crimes e em um segundo
momento, marcada pela publicidade e pelo princípio da oralidade e destinado á
acusação, defesa e eventual condenação do réu.
É indubitável, que ao analisar as características de cada modelo processual
clássico, os sistemas processuais penais não são identificados por apenas
características referentes à separação de suas funções, seja ela de defender, acusar
e julgar. É importante observar que a atuação instrutória do magistrado criminal figura
como uma peça primordial para o reconhecimento do sistema processual. Neste
sentido, conforme Lopes Júnior (apud COUTINHO,2001)7 o sistema processual pode
se basear em dois informadores: princípio dispositivo, marca do acusatório, no qual a
produção de provas é colocada à disposição das partes; princípio inquisitivo- marca
do inquisitório, no qual tem um juiz em envolvimento com a atividade probatória.
7
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda Introdução aos Princípios Gerais do Processo Penal
Brasileiro. In: Revista de Estudos Criminais, Porto Alegre: Nota Dez Editora, nº01,2001, p.28.
8
GREGO, Leonardo. Garantias fundamentais do processo: O processo justo. Novos Estudos
Jurídicos – Ano VII – Nº 14, abril/202, p. 46.
26
Assim, fica claro, que a Carta Magna, em síntese, procura levar em conta no
ramo do Direito Processual Penal o risco a liberdade de locomoção ou outro direito
fundamental, tanto é que visa impedir que o investigado/acusado seja reduzido a um
objeto de perseguição criminal, estabelecendo, portanto, regras mínimas de garantia
a fim de que todos os indivíduos sejam tratados como sujeitos de direito.
Neste aspecto, verifica-se claramente que o sistema inquisitório é integralmente
incompatível com os direitos e garantias individuais previsto na Constituição Federal,
uma vez que viola a legitimidade das decisões estatais por meio de um exercício
ilegítimo e, portanto, ilegal do julgador, o que viola a dignidade da pessoa humana,
em especial, a do acusado.
É neste campo que a Carta magna, afasta os traços inquisitórios, apoia-se no
sistema acusatório, como um importante princípio do devido processo legal, marcado
por garantias como a imparcialidade, a motivação, a oralidade, o contraditório e a
publicidade.
No que tange ao conteúdo acusatório previsto na Constituição Federal, é
importante ressaltar dois elementos do sistema em questão, sendo esses, a divisão
dos sujeitos processuais e, talvez a mais importante, a imparcialidade do magistrado.
9
O caráter triangular do processo penal significa que a justiça penal só poderá apurar um caso
concreto se o fizer por um processo constituído por três sujeitos que desempenham funções específicas
e distintas. MARQUES, José Rodrigo. Elemento de direito processual penal, São Paulo: Forense,
1997. V.1, p. 62.
27
10
GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antônio Scarance; GOMES FILHO, Antônio Magalhães.
As nulidades no processo penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 44.
28
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus
direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer
natureza.
Logo, conclui-se que não somente o julgamento criminal deve ser proferido por
órgão competente e independente, mas acima de tudo absolutamente imparcial.
Assim, o princípio da imparcialidade do magistrado, compatível com o sistema
acusatório e indispensável para obtenção de um processo jurisdicional justo, afasta a
discricionariedade e o subjetivismo do agente estatal na hora de empregar uma
decisão, além de limitar seus poderes na atividade probatória. Neste entendimento,
afirma Nestor Távora e Rosmar Alencar11 “a proatividade do julgador em determinar
a produção de provas encontra limites na imparcialidade exigida para o julgamento do
feito”.
Tal isenção é dividida em subjetiva, efetiva tendência do juiz, quando, por
exemplo, passa a determinar várias provas de ofício, e objetiva, examinada sob o
âmbito externo, aquela que figura na esperança de haver imparcialidade, ou seja, é a
aparência de imparcialidade. Neste aspecto, contamos com dispositivos no atual
Código de Processo Penal nos artigos 252 a 256 que ressarçam o interesse do juiz
no processo.
Assim, necessário se torna o afastamento máximo do magistrado da
persecução penal, para que sua neutralidade e independência não seja
comprometida, afastando-se assim, a macula no exercício da jurisdição.
11
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processo Penal. 10. Ed.
Salvador: Jus PODIVM, 2015, p.594.
29
12
NUCCI, Guilherme de Souza, Provas no Processo Penal. São Paulo: RT, 2009, p. 25.
30
possibilitando, assim por dizer, que o sistema atual é claramente inquisitório, do início
ao fim.
Entretanto, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, conforme já
apresentado, houve a transição de um sistema visto como inquisitório, para um
modelo claramente acusatório, a partir da previsão da separação das funções de
investigar, acusar, defender e julgar, o que abre caminho para um processo marcado
pelo contraditório e ampla defesa, assim como, pela presença de diversos princípios
relacionados às diversos direitos e garantias fundamentais de matéria constitucional.
Neste aspecto, não existe dúvidas que um sistema dominantemente inquisitório
está em total dissonância com a Constituição Federal de 1988 e do modelo processual
acusatório, acarretando inconstitucionalidade a todos os dispositivos dos quais
atribuem poderes instrutórios e investigativos aos magistrados. Neste campo, leciona
Renato Brasileiro de lima 13.
13
LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. 1.Ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2013, p. 5-
6.
31
14
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2010, v. 1. p. 240.
15
LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. 1. Ed. Rio de janeiro: Impetus, 2013, p. 74.
32
uma a outra”, e também o artigo 39, §5º, ao estabelecer que “o órgão do Ministério
Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos
que o habilitem a promover a ação penal e, neste caso, oferecerá a denúncia no
prazo de 15 dias”.
Outrossim, em relação as outras características típico ao inquérito policial, vale
ressaltar que na fase pré-processual, sem dureza processual, vigora a
discricionariedade da autoridade policial, delegado, dentro dos limites legais, indicar
as diligências de acordo com a relevância do caso em concreto, conforme elenca os
dispositivos dos artigos 6º e 7º do CPP. O Delegado, ainda, deve atuar de ofício
quando há crime de ação incondicionada e, mediante anuência da parte, nas ações
públicas condicionadas à representação e nas ações privadas.
Os outros elementos observados, diferentes do que ocorre no curso do
processo, dizem respeito ao procedimento escrito, sem prevalecer a oralidade, sigilo
e publicidade, a fim de assegurar o sigilo necessário á elucidação do fato exigido pelo
interesse da sociedade, bem como guardar o investigado da estigmatização social
previa ao processo, conforme preceitua o art. 20 do Código de Processo Penal. Além
do mais, vigora a indisponibilidade na fase pré-processual, vez que, por ser de ordem
pública, a autoridade policial não poderá dispor da persecução penal, conforme
disposto no artigo 17 CPP.
Portanto, prevalece na jurisprudência e na doutrina, o entendimento do caráter
inquisitorial do inquérito policial, haja vista a ausência da ampla defesa e contraditório,
fase em que “não existem partes, apenas uma autoridade investigando e o suposto
autor da infração normalmente na condição de indiciado”16 .
16
TÁVORA, Nestor, ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 10. Ed.
Salvador: Jus PODIVM, 2015, p. 116.
33
17
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do Garantismo penal. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2002, p. 38.
18
BASTOS, Marcus Vinícius Reis. Poderes introdutórios do juiz e o anteprojeto do Código de
Processo Penal. Brasília: Revista CEJ, Ano XIV, n. 51, out/dez. 2010.p. 93.
19
PRADO, Geraldo. Sistemas acusatório. A conformidade Constitucional das Leis Processuais
Penais. 3. Ed. Rio de Janeiro. Editora Lumen Juris, 2005, p. 198-199.
34
20
LOPEZ JR, Aury. Sistemas de investigação preliminar no processo penal. Rio de Janeiro:
Lumen Juirs, 2001. P. 156-157.
21
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 18ª. Ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011, p.
455.
35
22
LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de processo penal. 1. Ed. Rio de janeiro. Impetus, 2013, p. 89.
36
23
LOPES JR. Aury. Sistemas de investigação preliminar no processo penal. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2001. p. 153.
24
SCHREIBER, Simone. O juiz de garantias no projeto do Código de processo Penal. Boletim
do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, São Paulo, ano 18, nº 213, agosto 2010, p. 2.
37
25
LOPES JR, Aury. Sistemas de investigação preliminar no processo Penal. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2001. p. 156.
38
Por isso, é utópico acreditar e pensar que a atuação do julgador na fase pré-
processual não irá macular seu parecer quanto aos fatos, mormente porque seu ato é
racional e humano. Dessa forma, o texto infraconstitucional, ao permitir em suas
disposições tal prática do julgador, não evolui com a Constituição e tão pouco com o
sistema acusatório adotado, o que inviabiliza a efetivação de um devido processo
equânime e justo.
Portanto, conclui-se que para garantir a atuação imparcial do julgador em um
Estado Democrático de Direito, torna-se imprescindível afastar qualquer sombra de
possível mácula na imparcialidade do magistrado, por clara ofensa á ordem
constitucional.
26
GRECO, Leonardo. Garantias fundamentais do processo: O processo justo. Novos estudos
jurídicos- Ano VII- nº 14, abril/2002. P. 6-8.
39
27
Originado no Senado Federal e elaborado por uma comissão de juristas o Projeto de lei 156/2009,
visa a reforma geral do Código de processo Penal diante a necessidade de adaptação à nova ordem
constitucional.
Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=490263.
Acesso em: 27 de maio de 2020.
40
III – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que
este seja conduzido a sua presença;
IV – Ser informado sobre a abertura de qualquer investigação criminal; V –
decidir sobre o pedido de prisão provisória ou outra medida cautelar;
VI – Prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como
substituí-las ou revogá-las;
VII – decidir sobre o pedido de produção antecipada de provas consideradas
urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa;
VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso,
em vista das razões apresentadas pelo delegado de polícia e observado o
disposto no parágrafo único deste artigo;
IX – Determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver
fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento;
X – Requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia
sobre o andamento da investigação;
XI – decidir sobre os pedidos de:
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de
informática e telemática ou de outras formas de comunicação;
b) quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico;
c) busca e apreensão domiciliar;
d) acesso a informações sigilosas;
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais
do investigado.
XII – julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;
XIII – determinar a realização de exame médico de sanidade mental, nos
termos do art. 452, § 1º;
XIV – arquivar o inquérito policial;
XV – Assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito de que
tratam os arts. 11 e 37;
XVI – deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a
produção da perícia;
XVII – outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste
artigo.
Parágrafo único. Estando o investigado preso, o juiz das garantias poderá,
mediante representação do delegado de polícia e ouvido o Ministério Público,
prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias,
após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será
imediatamente relaxada.
28
Segundo Lenio Streck o “juiz de garantias é – na maior parte das previsões do anteprojeto-
incompatível com o sistema acusatório, eis que, de ofício ele pode determinar a condução do preso à
sua presença; prorrogar a prisão provisória ou a revogar; prorrogar o prazo de duração do inquérito; e,
ainda determinar, de ofício, o trancamento do inquérito, além de requisitar documentos, laudos e
informações”. STRECK, Lenio Luiz. Novo Código de Processo Penal: o problema dos sincretismos
de sistemas (inquisitorial e acusatórios). Revista de informação Legislativa, Brasília, ano 46, nº 183,
julho/setembro 2009. P. 128.
41
elementos. Dessa forma, as funções citadas, não podem ser considerada atribuições
investigatórias, vez que não violam a separação dos poderes, e assim justificam-se
na proteção do investigado e na sua liberdade individual.
Em resumo, a redação do projeto conferi ao juiz a competência exclusiva para
atuação em fase investigativa, zelando pela tutela dos direitos fundamentais dos
investigados e garantido a legalidade pré-processual, além do que somente estipular
uma regra para o magistrado. Além do mais, afirma Luiz Flávio Gomes 29 importante
frisar que este juiz especializado não cria um juizado de instrução, uma vez que não
tem objetivo de substituir o Inquérito Policial, menos ainda de usurpar da autoridade
policial a competência.
Entretanto, vale mencionar alguns pontos que diverge da finalidade proposta,
sendo eles, o recebimento ou não da peça acusatória pelo próprio juiz do processo e
a presença física dos autos do inquérito30.
Inicialmente, no que tange ao momento de transição de competência entre o
juiz da investigação e o juiz da ação penal, o artigo 15, caput, estabelece que o
recebimento ou não da peça acusatória é feita pelo próprio juiz do processo. Ocorre
que tal dispositivo é completamente incoerente com o próprio fundamento do instituto
o juiz da ação penal avaliar o recebimento da peça de acusação, uma vez que,
claramente, ao decidir, teria que tomar conhecimento da investigação preliminar e
portanto, teria contato com os elementos informativos do Inquérito. Ora, se a intenção
do legislador, reformista, era afastar da investigação o juiz da ação penal, garantido a
imparcialidade dele, tal dispositivo joga por terra o mencionado instituto. Dessa forma,
não se verifica nada mais correto do que o juiz de garantias ser o responsável pelo
recebimento da peça acusatória, findando, assim sua competência.
Outro problema, refere-se à presença do inquérito policial, pois estabelece o
artigo 15, parágrafo 3º, que os autos do inquérito serão apensados aos autos do
processo. Contudo, verifica-se, novamente, outra incoerência do legislador reformista,
pois tal disposição permite o acesso do juiz da causa aos elementos informativos,
podendo assim, influenciar na formação do convencimento daquele que julga. Assim
29
GOMES, Luiz Flávio. O juiz de [das] garantias projetado pelo novo Código de Processo
Penal. Disponível em http://www.lfg.com.br - 19 janeiro. 2010. Acesso em: 27 de abril de 2020.
30
Estes pontos divergentes foram abordados pelo autor, que frisou a necessidade de reforma
referentes as aludidas questões para aperfeiçoamento do instituto. MORAES, Maurício Zanoide de.
Quem tem medo do “juiz das garantias”? Boletim do Instituto Brasileiro de Ciência Criminais, São
Paulo, ano 18, edição especial, agosto de 2010, p.22.
42
verifica-se mais adequado a exclusão dos autos do inquérito, devendo constar apenas
no processo as provas cautelares, realizadas no curso da investigação.
Posto isto, com exceção as falhas mencionadas, o que se pretendeu demostrar,
primeiramente, foi o propósito em adequar o novo código a nova realidade brasileira,
diante, especialmente, a obsoleta legislação vigente.
31
MAYA, André Machado. Outra vez sobre o juiz de garantias: entre o ideal democrático e os
empecilhos de ordem estrutural. Boletim do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, São Paulo, ano
18, nº 215, outubro 2010, p. 14.
32
LOPES JR, Aury: Sistemas de investigação preliminar no processo penal. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2001, p. 203.
33
_______. Introdução Crítica ao Processo Penal – Fundamentos da Instrumentalidade
Garantista. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2006, p. 91-92.
43
34
DELMAS-MARTY, Mireille (org.). Processos Penais da Europa. Tradução de Fauzi Hassan
Choukr, com a colaboração de Ana Cláudia Ferigato Choukr. Rio de Janeiro. Lumen Juris, 2005, p.
359-364.
35
ZUANAZZI, Guilherme. A Importância do “juiz das garantias” na (re)construção do processo
penal brasileiro. Direito e Sociedade. Revista de Estudos Jurídicos e Interdisciplinar/faculdades
Integradas Padre Albino, Curso de Direito. Vol. 6, n.1 (jan/dez. 2011) – Catanduva: Faculdades
Integradas Padre Albino, Curso de Direito, 2006. P. 64.
44
36
ANDRADE, Mauro Fonseca. O juiz das garantias na interpretação do Tribunal Europeu dos
Direitos dos Homens. Porto Alegre: Revista de Doutrina da 4º Região, nº 40, fev. 2011, p.3.
37
Maurício Zanoide de Moraes e André Machado Maya desconstituem em seus artigos para o Boletim
do IBCCrim as críticas referentes á falta de estrutura judiciária para a introdução do juiz de garantias.
(MORAES, Maurício Zanoide. Quem tem medo do “juiz de garantias”? Boletim do Instituto Brasileiro
de Ciência Criminais, São Paulo, ano 18, edição especial, agosto 2010; MAYA, André Machado. Outra
vez sobre o juiz de garantias: entre o ideal democrático e os empecilhos de ordem estrutural.
Boletim do Instituto Brasileiro de Ciência Criminais, São Paulo, ano 18, n. 215, outubro 2010).
38
SCHREIBER, Simone. O juiz de garantias no projeto do código de processo penal. Boletim do
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, São Paulo, ano 18, nº 213, agosto 2010. P. 3.
45
39
VALLE, Gustavo Henrique Moreira do. A recente reforma processual penal e a questão criminal.
Boletim do Instituto de Ciência Criminais, São Paulo, ano 18, nº 210, agosto 2010. P. 18.
40
ZUANAZZI, Guilherme. A importância do “juiz das garantias” na (re)construção do processo
penal brasileiro. Direito e Sociedade. Revista de Estudos Jurídicos e Interdisciplinar/ Faculdades
Integradas Padre Albino, Curso de Direito. Vol. 6, n. 1 (jan./dez.2011) – Catanduva: Faculdades
Integradas Padre Albino, Curso de Direito, 2006. P. 65-66.
46
41
GREGO, Leonardo. Garantias fundamentais do processo: O processo justo. Novos Estudos
Jurídicos – Ano VII – Nº14, abril /2002, p. 11.
47
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do Garantismo penal. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2002.
GOMES, Luiz Flávio. O juiz de [das] garantias projetado pelo novo Código de
Processo Penal. http://www.lfg.com.br- 19 janeiro. 2010.. Acesso em: 27 de abril de
2020.
LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. 1.Ed. Rio de Janeiro: Impetus,
2013.
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 2014.
MAYA, André Machado. Outra vez sobre o juiz de garantias: entre o ideal
democrático e os empecilhos de ordem estrutural. Boletim do Instituto Brasileiro
de Ciências Criminais, São Paulo, ano 18, nº 215, outubro 2010.
NUCCI, Guilherme de Souza, Provas no Processo Penal. São Paulo: RT, 2009.
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 18ª. Ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen
Juris, 2011.
SARNEY, José. Projeto de lei do Senado 156/09, que visa reformar o Decreto-lei
3.689 de outubro de 1941. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=831788&fil
ename=PL+8045/2010. Acesso em 28 de maio de 2020.
STRECK, Lenio Luiz. Novo Código de Processo Penal: o problema dos sincretismos
de sistemas (inquisitorial e acusatórios). Revista de informação Legislativa, Brasília,
ano 46, nº 183, julho/setembro 2009. P. 117-140.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2010,
1. V.