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JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
Gab Des Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva
Av. Presidente Antonio Carlos, 251 10º andar - Gab. 28
Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ
RELATÓRIO
Irresignado com a decisão da 01ª Vara do Trabalho de Itaboraí
(fls. 949/951), complementada às fl. 958, de lavra do Juiz do Trabalho Andre
Corrêa Figueira, que julgou procedentes em parte os pedidos, recorre o
reclamante (fls. 961/966).
Postula, em síntese, a reforma da sentença quanto às horas
extras, ao repouso semanal remunerado, à diferença de vale-refeição, ao
adicional de quebra de caixa e ao adicional de periculosidade.
Devidamente notificada, a ré apresentou contrarrazões (fls.
995/1007).
Não houve remessa dos autos ao d. Ministério Público do
Trabalho, por não se vislumbrar qualquer das hipóteses previstas no anexo do
Ofício PRT/1ª Reg. Nº 214/13-GAB, de 11/03/2013.
É o relatório.
VOTO
ADMISSIBILIDADE
Conheço do recurso, por preenchidos os pressupostos de
admissibilidade.
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MÉRITO
HORAS EXTRAS
O reclamante pleiteia horas extras do período de novembro de
2005 a janeiro de 2008, quando a empresa adotou a escala de 12x36, com
“sábado invertido”. Assevera que em “uma semana trabalhava, 2ª/4ª/6ª/sábado
e domingo, em escala de 12x36, portanto, trabalhava 60 horas semanais, e na
outra trabalhava apenas 36 horas” (fl. 961).
A norma coletiva pode, em situações excepcionais, instituir a
jornada de 12x36. E pode instituir, em todos os setores, a semana espanhola,
que alterna o trabalho no módulo de 48h numa semana com 40h em outra,
tudo consoante jurisprudência consolidada do Tribunal Superior do Trabalho,
conforme pode ser observado na Orientação Jurisprudencial da SDI-I nº 323 e
na Súmula nº 444, textualmente:
“OJ - SDI-I nº. 323. ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE
JORNADA. “SEMANA ESPANHOLA”. VALIDADE
É válido o sistema de compensação de horário quando a
jornada adotada é a denominada "semana espanhola",
que alterna a prestação de 48 horas em uma semana e
40 horas em outra, não violando os arts. 59, § 2º, da CLT
e 7º, XIII, da CF/1988 o seu ajuste mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho.”
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INTERVALO INTRAJORNADA
O juízo monocrático condenou a reclamada ao pagamento do
intervalo intrajornada, porém, limitou o pagamento até 31 de janeiro de 2008.
O autor almeja a reforma da sentença sob o argumento de que
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Pois bem.
O acervo probatório, em especial os contracheques da Sra.
Vivian Nunes (fl. 77) e do Sr. Ricardo Morsch (fl. 125), demonstra que havia
empregados da reclamada que recebiam as gratificações de quebra de caixa e
de atingimento de metas. Ora, se o autor era responsável por manuseio de
valores arrecadados nas praças de pedágio (fls. 78/121), nos mesmos termos
da Sra. Vivian Nunes, e se possui o mesmo cargo do Sr. Ricardo Morsch, nada
justifica, à luz do princípio da isonomia, que o mesmo não recebesse as
gratificações respectivas.
Estamos diante de um claro tratamento não isonômico levado a
cabo pela Concessionária Rota 116 S.A., isto é, pelo que está evidenciado no
conjunto probatório carreado aos autos, chega-se à conclusão que foi
dispensado um tratamento diferenciado ao empregado em relação a outros
dois empregados da empresa, a Sra. Vivian Nunes (fl. 77) e o Sr. Ricardo
Morsch (fl. 125).
É precisa a lição de Alfredo Ruprecht sobre o princípio da
igualdade, textualmente:
“Quanto ao conteúdo, o princípio da igualdade de
tratamento não significa uma completa igualação. Não
atenta contra nenhuma proibição o fato de uma pessoa
ser tratada especialmente, mas o empregador, enquanto
procede de acordo com pontos de vista gerais e atua
segundo regulamentações estabelecidas por ele mesmo,
não deve excetuar arbitrariamente, de tais regras, um
trabalhador individual. É arbitrário o tratamento
desigual em casos semelhantes por causas não
objetivas.” (grifei) (RUPRECHT, Alfredo J. Os Princípios
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DIFERENÇAS DO VALE-REFEIÇÃO
Pleiteia o autor o pagamento da diferença do valor do vale
refeição a partir de 01 de março de 2008 até a data da rescisão do contrato de
trabalho.
Aduz que, desde novembro de 2005, o valor pago pela
empresa é de R$ 128,00, todavia, a partir da Convenção Coletiva de Trabalho
(2008/2009) ficou estabelecido o valor mínimo de R$154,00 para o vale
refeição.
Em sua defesa, a reclamada argumentou que “o valor diário do
ticket foi mantido, ocorre que, (...), o reclamante passou a laborar na escala
13x36, ou seja, passou a receber o mesmo valor por dia trabalhado, descabido
o pleito sob pena de enriquecimento sem causa.” (fl. 239)
A questão, a partir de 01 de março de 2008, não passa por
quantos dias o empregado trabalhou, posto que ficou definido na CCT
(2008/2009) que o valor mínimo para o pagamento de “ticket refeição” ou
“ticket alimentação” seria de R$ 154,00 (Cláusula 20ª – Refeição/Alimentação -
fl. 61).
Destarte, dou provimento ao recurso para reformar a sentença
e condenar a reclamada a pagar a diferença de R$ 26,00 por mês de trabalho,
referente ao vale-alimentação, de 01 de março de 2008 até o término da
relação de trabalho, com base na fundamentação supra.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
O autor não se conforma com a sentença que, com fundamento
na conclusão do laudo pericial, julgou improcedente o pedido de adicional de
periculosidade.
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Sem razão.
Sobre a questão, dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho,
in verbis:
“Art. 195 - A caracterização e a classificação da
insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do
Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a
cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho,
registrados no Ministério do Trabalho. (...)
§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade,
seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo
de associado, o juiz designará perito habilitado na forma
deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao
órgão competente do Ministério do Trabalho.”
Pois bem.
O perito designado pelo juízo, Sr. José Carlos Braga
Guimarães, em uma consistente análise (fls. 829/837) concluiu textualmente:
“À vista do exposto, com base nos levantamentos
realizados nas dependências da ré, Concessionária Rota
116 S/A, nas informações prestadas pelas partes durante
o ato pericial e na legislação trabalhista vigente, concluo
que as tarefas realizadas pelo autor Luciano Marques dos
Reis durante seu período laboral na referida empresa não
estão tipificadas na NR 16 – Atividades e Operações
Perigosas ou no Decreto nº 93.412/86 e, portanto, do
ponto de vista legal, não podem ser consideradas
periculosas para efeito da percepção do adicional de
periculosidade” (grifei) (fl. 837).
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CONCLUSÃO
Ante o exposto, CONHEÇO do recurso e, no mérito, DOU-LHE
PARCIAL PROVIMENTO para condenar a reclamada ao pagamento
acrescendo ao já decidido na sentença (i) de horas extras que excederam a
40/48ª semanal, conforme semana espanhola, adotada no acordo coletivo,
tomando-se como referência o divisor 220 (Cláusula 8ª das CCTs - fl. 46/57),
de novembro de 2005 a janeiro de 2008, com adicional de 50% e reflexos,
conforme pedido, a serem apuradas em liquidação de sentença; (ii) de uma
hora extra por dia de efetivo serviço em decorrência da supressão do intervalo
intrajornada por todo o período não prescrito; (iii) da gratificação de quebra de
caixa, no valor de 10% sobre a parcela “Horas Normais”, durante todo período
não prescrito de trabalho, a ser apurado em liquidação de sentença; (iv) da
gratificação por atingimento de metas, referente ao ano de 2007, no valor de
R$ 3.183,37; e (v) de R$ 26,00 por mês de trabalho, referente ao vale
alimentação, de 01 de março de 2008 até o término da relação de trabalho, na
forma da fundamentação supra.
DISPOSITIVO
Vistos e examinados,
A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Sétima
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade,
CONHECER do recurso e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO para
condenar a reclamada ao pagamento acrescendo ao já decidido na sentença (i)
de horas extras que excederam a 40/48ª semanal, conforme semana
espanhola adotada no acordo coletivo, tomando-se como referência o divisor
220 (Cláusula 8ª das CCTs - fl. 46/57), de novembro de 2005 a janeiro de
2008, com adicional de 50% e reflexos, conforme pedido, a serem apuradas
em liquidação de sentença; (ii) de uma hora extra por dia de efetivo serviço em
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