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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA

___ª VARA DO TRABALHO DE REGISTRO/SP.

RECLAMANTE, qualificação

AÇÃO RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

pelo rito ordinário, em face da reclamada

AMERICANAS S.A inscrita no CNPJ/MF sob o nº 00.776.574/0574-


25, devendo ser citada na Avenida Fernando Costa 222, Centro, Cajati/SP, CEP 11950-
000, destaca-se, ainda, que este foi o último local da prestação de trabalho do reclamante, e
conforme o artigo 651 da CLT a competência das Varas do Trabalho será determinada pelo
último local de trabalho, assim, o presente foro é o competente para dirimir a lide ora
apresentada.

1. DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

A presente demanda não foi submetida à Comissão de Conciliação


Prévia, em razão da mesma não ter sido constituída. Com efeito, foram criadas para a categoria
apenas algumas comissões de conciliação voluntária de caráter facultativo. Releva que, mesmo
na hipótese de que tivesse sido constituída a Comissão de Conciliação Prévia prevista em lei, a
jurisprudência sintetizada na Súmula nº 2 do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da
2ª Região, deu a melhor interpretação ao dispositivo em tela e estabeleceu que o
comparecimento perante a Comissão não constitui condição da ação, ou pressuposto processual,
face ao disposto no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal.

2. DA ADOÇÃO DO JUÍZO 100% DIGITAL

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Prezando pela celeridade processual, a reclamante imputou ao cadastramento
da tramitação do feito sob a modalidade do Juízo 100% digital, conforme as diretrizes fixadas
na Resolução do CNJ n. 345/2.020.

3. DADOS FUNCIONAIS

A reclamante foi admitida aos quadros da reclamada em 04/05/2018,


exercendo por último a função de Gerente. Sendo que em 20/08/2022, houve a dispensa sem
justa causa, pelo empregador, porém, não recebeu corretamente seus direitos.

4. REMUNERAÇÃO

A última remuneração mensal da reclamante foi no importe de R$


2.950,00 (dois mil, novecentos e cinquenta reais).

5. DAS HORAS EXTRAS

A reclamante, trabalhava, em média, no período de 04/05/2018 até


01/08/2021, de segunda à sábado, das 09h20min às 18h50min, com 1 (uma) hora de intervalo
para refeição e descanso.

E, trabalhava, em média, no período de 01/08/2021 até 20/08/2022, de


segunda à sábado, das 09h00min às 18h30min, com 30 (trinta) minutos de intervalo para
refeição e descanso.

Ocorre, por todo pacto laboral, o Reclamado nunca realizou o


pagamento correto dos valores referentes às horas extras.

A fim de comprovar que nunca recebeu corretamente pelas horas


extras, o reclamado deve acostar aos autos os controles de ponto e os holerites da reclamante,
sob pena de confissão.

Nessa esteira, a prestação de labor em caráter extraordinário pelo


empregado deve ocorrer excepcionalmente e sua necessidade deve ser comprovada pelo
empregador. O entendimento cristalizado na Súmula 85, item IV do TST é no sentido de que
as horas extras prestadas habitualmente DESCARACTERIZAM eventual acordo de
compensação de jornada, vejamos:

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“Súmula nº 85 do TST

COMPENSAÇÃO DE JORNADA (inserido o item VI) - Res. 209/2016, DEJT


divulgado em 01, 02 e 03.06.2016

IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de


compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a
jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e,
quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o
adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ nº 220 da SBDI-1 - inserida
em 20.06.2001).”

Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, cumpre


destacar que, pelo excesso de demanda, jamais foi permitido que a reclamante compensasse sua
jornada corretamente, ensejando, assim, o pagamento das horas extras.

Conforme análise dos horários de trabalho declinados, faz jus a


reclamante às horas extras, que deverão ser pagas a partir da 44ª semanal, observando-se o
divisor 220, com o acréscimo de 60%, nos moldes da Convenção Coletiva e sucessivamente, de
50%, conforme previsto no artigo 7º, inciso XVI da Constituição Federal.

Diante do exposto, requer a reclamante a declaração de nulidade do


acordo de compensação de horas com base na súmula 85 do TST, bem como pelo fato de que
nunca lhe foi permitida a compensação.

Ainda, o reclamado deixou de pagar os salários decorrentes das


integrações das horas extras nos repousos semanais remunerados (RSR’s), bem como as
integrações dessas verbas à remuneração, notadamente, nas férias proporcionais, acrescidas de
1/3, gratificações natalinas, aviso prévio indenizado, saldo de salário, FGTS mais multa 40%,
em conformidade com a jurisprudência uníssona dos Tribunais Trabalhistas, ex vi a SÚMULA
nº 172 do E. TST.

Considerando que as horas extras eram prestadas durante toda a


semana, a reclamante faz jus ao valor correspondente ao repouso semanal remunerado,
inclusive, sábados e feriados.

Nos termos da Súmula 264 do C. TST, as horas extras citadas deverão


ser calculadas com base na remuneração total da reclamante. Além disso, a Reclamada deixou

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de pagar os salários decorrentes das integrações das horas extras nos repousos semanais
remunerados (RSR’s), bem como as integrações dessas verbas à remuneração, notadamente, nas
férias proporcionais acrescidas de 1/3, gratificações natalinas vencidas e proporcionais, FGTS e
demais verbas rescisórias, em conformidade com a jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas, e
a SÚMULA nº 172 do E. TST e artigo 7º, “a”, da Lei nº 605/49.

6. DO INTERVALO INTRAJORNADA

A reclamante, trabalhava, em média, no período de 04/05/2018 até


01/08/2021, de segunda à sábado, das 09h20min às 18h50min, com 1 (uma) hora de intervalo
para refeição e descanso.

E, trabalhava, em média, no período de 01/08/2021 até 20/08/2022, de


segunda à sábado, das 09h00min às 18h30min, com 30 (trinta) minutos de intervalo para
refeição e descanso.

Apesar da sua jornada sempre ultrapassar o limite legal, conforme já


descrito, não gozou do intervalo de 1 (uma) hora, como de direito, durante o segundo
período, de 01/08/2021 até 20/08/2022.

Assim, considerando que a Reclamante laborava mais que 6 (seis)


horas diárias deve ser indenizado pelos trabalhos prestados no horário destinado a repouso e
alimentação, a teor das disposições contidas no caput e parágrafo 4º, do art. 71, da CLT, na
proporção de 30 (trinta) minutos diários. Ainda, deverá ser remunerado como horas extras
os minutos destinados a alimentação e descanso, o qual a Reclamante permaneceu
laborando.

Tal entendimento foi sedimentado pela súmula 29 do C. TRT da 2ª


região, vejamos:

SÚMULA 29 - Prorrogação habitual da jornada contratual de 06 (seis)


horas. Intervalo intrajornada de uma hora. Devido.

É devido o gozo do intervalo de uma hora, quando ultrapassada


habitualmente a jornada de seis horas. A não concessão deste intervalo
obriga o empregador a remunerar o período integral como extraordinário,
acrescido do respectivo adicional, nos termos do art. 71, § 4º da CLT.
(Resolução TP nº 02/2015 - DOEletrônico 26/05/2015)

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Destarte, faz jus a Reclamante ao recebimento de 30 (trinta) minutos
diários, devidamente acrescidos do adicional de 60%, nos moldes da convenção coletiva de
trabalho e, sucessivamente, de 50% (cinquenta por cento) sobre a hora normal.

E também por sua habitualidade, devem também integrar a


remuneração da Reclamante em todos os títulos do contrato de trabalho, com os reflexos e
incidentes inerentes, repercutindo sobre DSR’s e seus acréscimos constitucionais; gratificações
natalinas; aviso prévio; trezenos proporcionais e férias proporcionais acrescidas do terço
constitucional, depósitos fundiários e multa respectiva de 40% (quarenta por cento), a teor das
disposições contidas no art. 457 consolidado e Súmulas nº 172, 45 e 63 do Colendo Tribunal
Superior do Trabalho.

Nos termos da Súmula 264 do C. TST, as horas extras deverão ser


calculadas com base na remuneração total da reclamante. Além disso, a Reclamada deixou de
pagar os salários decorrentes das integrações das horas extras nos repousos semanais
remunerados (RSR’s), bem como as integrações dessas verbas à remuneração, notadamente, nas
férias proporcionais acrescidas de 1/3, gratificações natalinas vencidas e proporcionais, FGTS e
demais verbas rescisórias, em conformidade com a jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas, e
a Súmula nº 172 do E. TST e artigo 7º, “a”, da Lei nº 605/49.

Em que pese, com a reforma trabalhista LEI 13.467/2017, tenha dado


nova redação ao §4º, do artigo 71 da CLT, considerando que que deve ser pago somente a o
tempo suprimido, com acréscimo de 90%, nos moldes da convenção coletiva de trabalho e,
sucessivamente, de 50% (cinquenta por cento), e considerando de natureza indenizatória, é uma
total afronta ao inciso I da súmula 437 do TST, do qual está em pleno vigor, a saber;

INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO.


APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012,
DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

 I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão


parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período
correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no
mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho

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(art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para
efeito de remuneração.

II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho


contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este
constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por
norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988),
infenso à negociação coletiva.  

III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com
redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não
concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada
para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras
parcelas salariais.

No mais, ao colocar a verba como natureza indenizatória do


pagamento do intervalo suprimido, traz novamente afronta ao que já foi pacificado pelo C.TST
no inciso III da súmula 437 do TST e trazendo prejuízos incalculáveis ao trabalhador.

Devendo, portanto, ser considerado para fins de apuração 30 (trinta)


minutos diários, com os devidos acréscimos, até a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, de 11
de novembro de 2018, para que não haja prejuízos aos fatos pretéritos, ao direito adquirido, bem
como segurança jurídica.

Considerando que as horas extras eram prestadas durante toda a


semana, a Reclamante faz jus ao valor correspondente ao repouso semanal remunerado,
inclusive, sábados e feriados, consoantes às convenções coletivas de trabalho.

7. DA DEVOLUÇÃO DO VALOR DESCONTADO DE VALE TRANSPORTE

Conforme possível observar no Termo de Rescisão do Contrato de


Trabalho, foi descontado equivocadamente o valor do “Vale Transporte” da Reclamante, no
montante de R$646,38 (seiscentos e quarenta e seis reais e trinta e oito centavos).

Ocorre que, a reclamada não demonstrou o cálculo efetivo do valor


proporcional para a reclamante e, tendo em vista a distribuição dinâmica do ônus da prova, deve
fazê-lo em juízo, sob pena de ressarcir integralmente descontado.

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Desta feira, é medida que se impõe sua devolução à Reclamante, uma
vez que tal valor é devido.

8. DA DEVOLUÇÃO DO VALOR DESCONTADO DE VALE ALIMENTAÇÃO

Conforme possível observar no Termo de Rescisão do Contrato de


Trabalho, foi descontado equivocadamente o valor do “Vale Alimentação” da Reclamante, no
montante de R$118,00 (cento e dezoito reais).

Ocorre que, a reclamada não demonstrou o cálculo efetivo do valor


proporcional para a reclamante e, tendo em vista a distribuição dinâmica do ônus da prova, deve
fazê-lo em juízo, sob pena de ressarcir integralmente descontado.

Desta feira, é medida que se impõe sua devolução à Reclamante, uma


vez que tal valor é devido.

9. DO ASSÉDIO/DANO MORAL

Preliminarmente, a reclamante informa que todos os documentos em


mídia poderão ser acessados por meio do link abaixo:

https://drive.google.com/drive/folders/
1IMnuzGeESj8vevW1EpY97D9NrIRnFe9B?usp=sharing

Durante toda a contratualidade, a autora prestou serviços ao reclamado


com total diligência e dedicação, com o devido respeito aos seus colegas de trabalho, aos seus
superiores hierárquicos e à Instituição.

Todavia, tal conduta não foi recíproca, uma vez que a reclamada, por
diversas vezes, desrespeitou a Reclamante, senão vejamos:

Com o intuito de esclarecer os diversos assédios cometidos pela


Reclamada, esta Reclamante passa a expor os acontecimentos de forma sintetizada e
organizada, diante das inúmeras abusividades cometidas.

I) Limpeza:

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O Estabelecimento não possuía funcionários contratados
especificamente para tratar da limpeza do ambiente, tampouco havia terceirização do referido
serviço.

Assim, era “comum” que fosse ordenado, pela gerente distrital, Sra.
Marcia Solange Lira, que a limpeza da loja fosse realizada pelos próprios funcionários.

Inclusive, conforme será demonstrado, os funcionários tinham que


ficar além do horário de expediente para realizar a limpeza do local, que consistia, inclusive, na
limpeza da calçada frontal ao estabelecimento e utilização de produtos químicos de limpeza.

II) Recusa no auxílio aos procedimentos:

A Gerente Distrital, Sra. Marcia Solange Lira, ainda se recusava a


orientar e ensinar os procedimentos para a equipe e para a Reclamante, deixando a reclamante
sem saber o que fazer e tendo que “descobrir" sozinha os procedimentos que deveriam ser
adotados em cada tarefa, muitas vezes tirando dúvidas com outros funcionários que também não
sabiam muito bem como as atividades deveriam ser realizadas, por não serem suas respectivas
funções.

III) Localizar nota cancelada no lixo:

Sim, Excelência, até em REVIRAR O LIXO a Reclamante foi


submetida.

A responsável pela central ordenou que a Reclamante localizasse uma


nota fiscal cancelada, por outra funcionária, no lixo.

Todavia, Excelência, beira o absurdo tal imposição da Reclamada,


uma vez que, é notório e de amplo conhecimento, que é possível obter a segunda via de nota
fiscal por meios eletrônicos, afinal, é fato notório que, tanto o sistema interno do reclamado,
quanto os sistemas das Fazendas Municipais, Estaduais e Federais disponibilizam a
segunda via de qualquer documento emitido pelo reclamado, em especial as notas fiscais.

IV) descarregar caminhão

A reclamante, mesmo ocupando cargos comerciais e, posteriormente,


gerenciais, era obrigada a descarregar caminhões que traziam mercadoria para o reclamado,

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uma vez que o reclamado não disponibilizava empregados ou prestadores de serviço para
realizar tal serviço.

Denota-se, em todos os tópicos supra, a intenção do reclamado de


diminuir despesas a qualquer custo e contratar pessoas para “fazer tudo”, sem qualquer respeito
ao cargo que o próprio reclamado contratou a reclamante.

Porém, com o intuito mais uma vez VEXATÓRIO e de PURO


DESCASO, a Reclamada ordenou tais ABSURDOS.

Assim, os danos de caráter moral, causados pelo Reclamado, são


EVIDENTES, devendo ser compensados por indenização pecuniária, conforme preconizam os
artigos 186 e 927 do Código Civil:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.”

Ainda, diante do ocorrido, não há dúvida da caracterização do dano


moral causado pela reclamada. A indenização pelo dano moral está prevista no art. 5º, V e X, a
indenização específica pelo dano moral causado nas relações de trabalho está prevista, no art.
114, VI, da Constituição da República e ainda o Código Civil trata do assunto nos artigos 186 e
927, conforme segue:
Art. 5º, CF. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:”
(...)
V- “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;”
(...)
X- “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;”
Art. 114, CLT. “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:”
(...)

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VI – “ as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes
da relação de trabalho;”
Art. 186, CC. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

A conduta da reclamada trouxe todo o tipo de sofrimento, privações e


humilhações para a reclamante, portanto, estão presentes os pressupostos para que a indenização
por danos morais seja concedida, o dano, o ato ilícito e o nexo causal.

Seguindo essa corrente é vasto o entendimento jurisprudencial:


TRT-9 - 3592120073908 PR 35921-2007-3-9-0-8
Data de publicação: 15/05/2012
Ementa: TRT-PR-15-05-2012 ASSÉDIO MORAL. MEIO AMBIENTE DE
TRABALHO. INDENIZAÇÃO. O assédio moral caracteriza-se com
repetidas perseguições a alguém, devendo haver por parte do empregador o
ânimo de depreciar a imagem e o conceito do empregado perante si próprio
e seus pares, fazendo diminuir sua autoestima. Tal conduta abusiva do
empregador ou de superior hierárquico se dá através da repetição diária,
por longo tempo, de gestos, atos, palavras, comentários e críticas hostis e
depreciativas a um empregado específico, expondo-o a uma situação
vexatória, incômoda e humilhante, incompatível com a ética e com o respeito
à dignidade da pessoa humana. Inequívoco que esta é a situação retratada
nos autos, pois demonstrado de maneira robusta que o preposto agia de
forma inadequada em "várias" oportunidades, adotando uma conduta
específica principalmente contra A reclamante. De todo modo, é direito do
empregado e dever do empregador, um meio ambiente de trabalho saudável,
sendo que tal conceito deve ser entendido em sua mais ampla acepção,
contemplando o equilíbrio e respeito que devem existir no ambiente laboral,
de forma a resguardar, além da saúde física, também a psicológica do
empregado. O empregador detém, desse modo, responsabilidade na
preservação da saúde e da integridade física e psicológica de seus

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empregados, vez que é um direito de todos possuir um meio ambiente
ecologicamente equilibrado e que propicie uma sadia qualidade de vida, nos
exatos termos do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, sendo que na
definição de meio ambiente enquadra-se o meio ambiente de trabalho,
conforme inc. VIII do artigo 200 da mesma Carta Magna. Portanto, atitudes
desrespeitosas do preposto do empregador, que além de entendidas como
assédio moral são atentatórias ao direito do empregado a um saudável meio
ambiente de trabalho, devem ser coibidas.

Encontrado em: 7A. TURMA 15/05/2012 - 15/5/2012 3592120073908 PR


35921-2007-3-9-0-8 (TRT-9) UBIRAJARA CARLOS MENDES

O reclamado desrespeitou a personalidade moral da empregada na sua


dignidade absoluta de pessoa humana, infringindo, deste modo, o disposto nos incisos III e IV
do artigo 1º, e artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal de 1988, e artigo 927 do Código Civil
Brasileiro.

Essa obrigação de respeito à dignidade da pessoa humana e aos


valores sociais do trabalho decorrem do princípio geral da execução de boa-fé do contrato, que
está na base da disciplina contratual. Assim, ao deixar de dar um tratamento compatível com a
dignidade da sua pessoa, impingiu a reclamante uma situação vexatória e humilhante, e incorreu
na prática de ato ilícito caracterizado pelo dano moral praticado para com a reclamante.

Portanto, é a presente para, com base no artigo 5º, incisos V e X, da


Constituição Federal, e os artigos 186 e 187 c/c 927 do Código Civil Brasileiro, requerer a
condenação do reclamado por prática de dano moral causado à reclamante, com a consequente
indenização pecuniária reparadora da agressão moral sofrida, na forma dos artigos 944 e
seguintes do Código Civil, considerando-se no arbitramento do respectivo “quantum”, as
condições das partes; a gravidade da lesão e sua repercussão; e as circunstâncias fáticas
envolvidas, no valor que não seja inferior a 5 (cinco) vezes o último salário da Reclamante,
podendo este ser majorado pelo MM Juízo, em face ao indubitável Assédio Moral.

10. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS

O reclamado não pagou à reclamante as referidas verbas nas épocas


próprias.

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Via de consequência, em sendo devidas à reclamante as verbas
discorridas nesta exordial, nos termos do artigo 791-A DA Lei 13.467/2017, corroborado com o
entendimento do artigo 85 do CPC/2015, a parte perdedora no processo deverá arcar com os
honorários do advogado da parte vencedora, entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o
máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação.

Desta feita, requer a condenação da reclamada ao pagamento de


honorários advocatícios, em razão da mera sucumbência, à luz do artigo 791-A DA Lei
13.467/2017, bem como artigo 85, § 2º, do CPC/2015.

11. DA JUSTIÇA GRATUITA

Encontra-se a reclamante impossibilitada de arcar com as custas e


despesas processuais, sem prejuízo de seu sustento e de seus dependentes, requerendo a
concessão dos benefícios da justiça gratuita.

Primordialmente, sobreleva notar-se que a Lei nº 13.467/2017 fere o


princípio constitucional da isonomia. Isso porque o legislador ordinário pretendeu instituir
tratamento mais gravoso, restritivo e prejudicial ao demandante na Justiça do Trabalho do que o
dispensado ao litigante na Justiça Comum, submetido às regras do CPC. Esse tratamento mais
gravoso não é constitucionalmente permitido, tendo em vista o princípio da isonomia (art. 5º,
caput, da Constituição), eis que ignora as exigências relativas ao tratamento judicial dos créditos
trabalhistas, inclusive em termos de acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da Constituição).

No que tange aos princípios que gerem a Justiça do Trabalho,


encontra-se por pressuposto a facilitação do acesso à justiça, o que inclui a noção de “jus
postulandi” e de assistência judiciária gratuita, ou seja, a gratuidade, inclusive, é um princípio
do processo do trabalho, como se sabe, e deve abranger todas as despesas do processo.

Neste certame, o devido processo legal e o direito à ampla defesa, na


Justiça do Trabalho, têm contornos historicamente bem definidos, tendo como norte o princípio
do amplo acesso à Justiça do Trabalho, pelo qual busca-se facilitar ao trabalhador a defesa
judicial de seus direitos.

Outrossim, trata-se de meio inerente à ampla defesa (art. 5º, LV, da


Constituição) no âmbito da Justiça Especializada, de modo que o critério da gratuidade de
justiça se justifica diante da natureza alimentar dos créditos trabalhistas e encontra respaldo,

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ainda, nos princípios do valor social do trabalho (art. 1º, IV, da Constituição) e da função social
da propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição).

Vale ressaltar que corrobora com o referido entendimento os


termos dos enunciados aprovados na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do
Trabalho, em sua Comissão 7, Enunciado 3.

Não obstante a tais princípios, o artigo 790, § 3º da CLT dispõe que:

CLT - Art. 790 - § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes


dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou
de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e
instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
(quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

Neste sentido, verifica-se que a lei se refere àqueles que perceberem


salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social, no presente caso, em cenário atualizado, a reclamante encontra-
se desempregada, desprovida de qualquer recebimento, sendo, portanto, inferior aos
limites impostos.

Nessa esteira, além da juntada da CTPS da reclamante que faz prova


inequívoca de que está desempregada, vale destacar o entendimento cristalizado pelo C. TST na
Súmula 463 expressamente diz que basta a juntada de declaração de hipossuficiência dos autos
para que os benefícios de gratuidade de justiça sejam concedidos, vejamos:

“Súmula nº 463 do TST

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.


COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da
SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017,
DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 – republicada - DEJT divulgado
em 12, 13 e 14.07.2017

I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita


à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada
pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com
poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);“

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Ainda, vale destacar que o STF, na ADIn 5766, declarou
inconstitucionais os arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, ambos da CLT, vejamos:

“Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o


pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os arts.
790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto Barroso (Relator), Luiz Fux
(Presidente), Nunes Marques e Gilmar Mendes. Por maioria, julgou
improcedente a ação no tocante ao art. 844, § 2º, da CLT, declarando-o
constitucional, vencidos os Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e
Rosa Weber. Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário,
20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução
672/2020/STF).”

Portando, uma vez deferido o pedido de justiça de justiça gratuita, a


reclamante deve ficar isento dos honorários periciais e honorários advocatícios sucumbenciais.

Portanto, requer a reclamante os benefícios da Justiça Gratuita, haja


vista, esta não possuir condições financeiras de demandar sem prejuízo do próprio sustento e da
sua respectiva família. Observa-se que a isenção de custas atende aos ditames da Lei 7.117/83,
no art. 1º e da Lei 1.060/50, uma vez que informa seu estado de pobreza através da declaração
acostada aos autos.

DOS PEDIDOS

Isto posto é a presente para reclamar o pagamento das seguintes


verbas e direitos (cujo quantum deverá ser apurado em liquidação de sentença):

a) A tramitação do feito pelo juízo 100% do digital, em cumprimento aos princípios da


celeridade e economia processual, consoante item “2” retro;

b) Horas extras a partir da 8h diária e 44ª semanal, observando-se o divisor o divisor


220, com o acréscimo de 60%, nos moldes da convenção coletiva de trabalho e, sucessivamente,
de 50%, conforme previsto no artigo 7º, inciso XVI da Constituição Federal, consoante o item
“5”......................................................................................................R$ 33.469,09;

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c) Integrações das horas extras nos RSR’s, nos termos da convenção coletiva de trabalho e
acordos judiciais, consoante ao item “5”
retro............................................................................................................R$ 14.974,53

d) Integrações da verba pleiteada na alínea “b” e “c”, em epígrafe, nas gratificações


natalinas, férias acrescidas de 1/3, aviso prévio e eventuais direitos legais e oriundos do contrato
de trabalho, em conformidade com as SÚMULAS DO E. TST, consoante o item “5”, conforme
discriminado abaixo:

I.13o. salário (2018) 08/12 R$ 429,09

II.13o. salário (2019) 12/12 R$ 643,64

III.13o salário (2020) 12/12 R$ 643,64

IV.13o salário (2021) 12/12 R$ 643,64

V.13o salário (2022) 09/12 R$ 482,73

VI.Férias indenizadas (2019) 12/12 R$ 598,92

VII.Abono de férias indenizadas (2019) 12/12 R$ 199,64

VIII.Férias indenizadas (2020) 12/12 R$ 594,13

IX.Abono de férias indenizadas (2020) 12/12 R$ 198,04

X.Férias indenizadas (2021) 12/12 R$ 594,13

XI.Abono de férias indenizadas (2021) 12/12 R$ 198,04

XII.Férias indenizadas (2022) 12/12 R$ 594,13

XIII.Abono de férias indenizadas (2022) 12/12 R$ 198,04

XIV.Férias proporcionais (2022) 05/12 R$ 261,69

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XV.Abono de férias proporcionais (2022) 05/12 R$ 87,23

XVI.Aviso Prévio (2022) 42 dias R$ 858,61

e) Pagamento das integrações das horas extras e consectários legais, postulada supra, no
FGTS, do § 1º, do art. 18 da Lei n.º
8.036/90.......................................................................................................R$ 4.453,50

f) Pagamento das integrações das horas extras e consectários legais, postulada supra, na
multa de 40% do FGTS, do § 1º, do art. 18 da Lei n.º
8.036/90.......................................................................................................R$ 1.781,40

g) Horas extras referentes ao intervalo intrajornada, nos termos do §4º do art. 71 da CLT e
Súmula 118 do E.TST, a serem pagas nos termos do artigo 7º, inciso XIII, da Constituição
Federal, calculadas com base na remuneração total do reclamante, consoante Súmula 264 do C.
TST, nos termos do item “6”
retro........................................................................................................R$ 3.625,81

h) Devolução do valor descontado de Vale Transporte, conforme item


“7”...........................................................................................................R$ 646,38

i) Devolução do valor descontado de Vale Alimentação, conforme item


“8”...........................................................................................................R$ 118,00

j) Pagamento da indenização por “Dano Moral”, nos termos do item “9”


retro.....................................................................................................R$ 14.750,00

k) A condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios em razão da mera


sucumbência, entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento)
sobre o valor da condenação, à luz do artigo 791-A DA Lei 13.467/2017, bem como artigo 85, §
2º, do CPC/2015, conforme item “10” retro;

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l) A concessão do benefício da justiça gratuita, certo de que o Reclamante preenche os
requisitos da lei nº 1060/50, e artigo 790, § 3º, da CLT, consoante faz prova a declaração em
anexo, consoante o item “11” retro.

DEMAIS REQUERIMENTOS

a) Requer a notificação da Reclamada de todos os termos da presente para, ao final, julgada


procedente ação, ser condenada ao pagamento do principal, acrescido de juros, correção
monetária (que deverão ser calculados a partir do índice de correção monetária advindo da
cumulação do IPCA-E – CORREÇÃO PELO INDICE IPCA-E, REFERÊNCIA
PROCESSO/TST: ARGINC – 479-60.2011.5.04.0231) e demais cominações de direito.

b) Requer ainda o depoimento pessoal do Representante Legal da Reclamada, sob pena de


confissão, nos termos do Enunciado nº 74, do Colendo TST;

c) Requer a aplicação da sumula 368, II do Colendo TST;

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

a) Requer ainda, por todos os meios de provas em Direito admitidos, a fim de se provar o
alegado, especialmente, depoimentos pessoais, principalmente da Reclamada, pena da aplicação
do Enunciado 74 do C. TST., testemunhais, juntada de novos documentos, bem como os
documentos comuns às partes e de posse exclusiva da Reclamada e tudo o mais que necessário
se fizer, a fim de se provar o alegado.

b) Requer seja a empresa reclamada, CITADA para que, querendo, CONTESTE a


presente reclamatória, sob pena de REVELIA E CONFISSÃO, para que ao final seja esta
julgada PROCEDENTE, condenando a Reclamada ao pagamento do principal acrescido de
juros e correção monetária e demais cominações legais de praxe, principalmente, custas
processuais, honorários advocatícios e periciais, e outras verbas que do processo emergirem.

Que todas as publicações, intimações, notificações e citações sejam


realizadas em nome do advogado Dr. Renatho Fernandes Ribeiro, OAB/SP 406.996, sob
pena de nulidade.

Dá-se à presente causa, o valor de R$ 81.450,15 (oitenta e um mil,


quatrocentos e cinquenta reais e quinze centavos), para os efeitos de alçada.

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Nestes termos,
pede deferimento.
São Paulo, 20 de setembro de 2022.

Renatho Fernandes Ribeiro


OAB/SP 406.996

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