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AO JUÍZO DA 90ª VARA DO TRABALHO DE TERESINA/PI

Requerente: MORADA ETERNA LTDA.

Requerido: DÉBORA PIMENTA

Processo de origem nº: 0050000-80.2019.5.22.0090

RAZÕES RECURSAIS

Egrégio Tribunal Regional do Trabalho

Colenda Turma

Nobres Julgadores

DOS FATOS

Alega a recorrida Débora Pimenta, que trabalhou como auxiliar de coveiro na


sociedade empresária Morada Eterna LTDA, de 30/02/2018 a 07/01/2019,
quando foi dispensada sem justa causa, recebendo, por último, o salário de R$
1.250,00 mensais, conforme anotado na CTPS. Em razão disto, ajuizou
reclamação trabalhista em face da recorrente.

A ação foi distribuída ao juízo da 90ª Vara do Trabalho de Teresina/PI,


recebendo o número 0050000-80.2019.5.22.0090. Débora formulou vários
pedidos, dos quais foram julgados procedentes:

a) deferimento de intervalo por período integral;

b) indenização por dano extrapatrimonial;

c) deferimento da cesta básica mensal;

d) redução dos honorários advocatícios ao limite legal

e) Cerceamento de defesa
f) Pagamento de horas extras pelos feriados

Neste caso, a referida decisão não merece prosperar, motivo pelo qual deve a
sentença ser reformada, conforme os fundamentos que a segui serão expostos:

PRELIMINARMENTE

Inicialmente, cumpre observar que, na instrução o magistrado indeferiu a oitiva


de duas testemunhas trazidas pela empresa, que seriam ouvidas para provar
que a recorrente entregava o valor da passagem em espécie diariamente à
trabalhadora. Vale ponderar que a prova testemunhal, constituiria único meio de
prova de que a Recorrente dispõe para confirmar o pagamento do valor da
passagem em espécie diariamente à trabalhadora, dessa forma, o cerceamento
de defesa, consoante dispõe o art. 5º, inciso LV, da CRFB/88.

Outrossim, a Lex Fundamentalis, em seu art. 5º, LV, assegura aos litigantes o
direito ao contraditório e à ampla defesa, com meios e recursos a elas inerentes.
Dentre propalados meios está incluída a produção de provas.

O indeferimento à solicitação da Recorrente seria essencial para esclarecer o


ponto crucial sobre a existência da excessiva sobre jornada, impõe derradeira a
nulidade do processo, por cerceamento e retorno à Vara de origem para oitiva
delas e prolação de nova sentença, conforme art. 369 do CPC.

Inépcia da inicial em relação aos feriados

o magistrado deferiu o pagamento de horas extras pelos feriados, conforme


requerido pela trabalhadora na inicial, que pediu extraordinário em “todo e
qualquer feriado brasileiro”, tendo sido rejeitada a preliminar suscitada na
defesa, motivo pelo qual reitera a preliminar de inépcia da inicial, uma vez que
os feriados foram indicados de forma genérica no pedido, conforme os art. 330,
inciso I e inciso II do CPC e art. 840, §1º, da CLT.

Dessa forma, requer a reforma da sentença para que seja reconhecida a inépcia
da inicial, com consequente extinção do feito sem resolução do mérito, conforme
o art. 485, inciso I, do CPC.
DO MÉRITO

a) Do descabimento do deferimento de intervalo por período integral –


Necessidade de apenas período suprimido de natureza indenizatória

A recorrida desenvolvia jornada de 2ª a 6ª feira, das 10 às 16 horas, com


intervalo de 10 minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em
interrogatório, sendo, então, deferido pelo magistrado o pagamento de 15
minutos com adicional de 50%, em razão do intervalo desrespeitado, e reflexos
nas demais verbas salariais.

Razão não lhe assisti, uma vez que é indevido o pagamento integral do valor,
consoante dispõe o art. 71, §4º, da CLT, a não concessão ou a concessão parcial
do intervalo intrajornada mínima, para repouso e alimentação, a empregados
urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do
período suprido, com acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração hora
normal de trabalho, não tendo que se falar em reflexos nas demais parcelas.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que seja considerado
apenas o intervalo suprimido, de natureza indenizatória, no caso em apreço.

B) Da indevida indenização por dano extrapatrimonial – doença


degenerativa não considerada como doença do trabalho

O juízo a quo deferiu indenização de R$ 6.000,00 a título de dano moral por


acidente de trabalho em razão de doença degenerativa da qual a trabalhadora
foi vítima, conforme laudos médicos juntados aos autos.

Não obstante consoante previsto no art. 20, §1º, alínea a da Lei nº 8.213/91 não
são consideradas como doença de trabalho a doença degenerativa, não tendo
que se falar em responsabilidade do empregador ao pagamento de indenização
por dano extrapatrimonial.

Desta forma, requer a reforma da sentença para que seja indeferida a


indenização por danos materiais em decorrência de acidente de trabalho por
conta da doença degenerativa.
C) Do descabimento da devolução a reclamante dos descontos em dobro
pelas faltas justificadas – ausência de previsão legal

O magistrado julgou procedente o pedido de devolução em dobro, como


requerido na exordial, de 5 dias de faltas justificadas por atestados médicos, pois
a preposta reconheceu que a empresa se negou a aceitar os atestados porque
não continham a CID (Classificação Internacional de Doenças).

Insurge-se a recorrente quanto à devolução dos descontos em dobro, uma vez


que não existe previsão legal na CLT para tanto, e ainda consoante previsto no
art. 5º, inciso II da CF deve-se observar o principio da legalidade.

Dessa forma, requer a reforma da sentença para que seja indeferida a devolução
em dobro pelas faltas justificadas, por falta de previsão legal.

D) Do não preenchimento dos requisitos para deferimento da cesta básica


mensal – ultratividade admissão da reclamante em período posterior ao
término da CCT

Foi deferido pagamento correspondente a 1 cesta básica mensal, pois a sua


entrega era prevista na Convenção Coletiva que vigorou no ano anterior (de
janeiro de 2017 a janeiro de 2018) e, no entendimento do julgador, uma vez que
não houve estipulação de uma nova norma coletiva, a anterior foi
automaticamente prorrogada no tempo.

Razão não lhe assiste, uma vez que a norma coletiva não tem ultratividade, na
forma do art. 614, § 3º da CLT, motivo pelo qual é indevida para a trabalhadora,
pois ela foi admitida após o término da Convenção Coletiva anterior.

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que seja indeferido o


pagamento a reclamante a título de cesta básica mensal.

E) Da necessária redução dos honorários advocatícios ao limite legal

Foram deferidos honorários advocatícios em favor do advogado da autora na


razão de 20% da liquidação.
Razão não lhe assiste, uma vez que suplanta o limite legal estabelecido, que é
de 15%, conforme o art. 791-A da CLT, motivo pelo qual deve ser reduzido.

Dessa forma, requer a reforma da sentença, para que seja o percentual deferido,
reduzido, observando os limites legais da CLT.

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Diante o exposto, requer a admissibilidade do presente recurso, a renovação das


preliminares e, no mérito, o provimento do recurso.

Nestes termos, pede deferimento

Rio de janeiro – RJ, 10 de novembro de 2023

Advogado

OAB n°

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