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EXMO(A). SR(A). JUIZ(A).

FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL PREVIDENCIÁRIO DE $


{processo_cidade}

${cliente_nomecompleto}, já cadastrado eletronicamente, vem com o devido respeito perante


Vossa Excelência por meio de seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE REVISÃO DE BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO
 em face do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelos fundamentos fáticos e jurídicos
que passa a expor:

1 - FATOS
A parte Autora recebe o benefício de pensão por morte nº ${informacao_generica} desde $
{data_generica}.

O benefício fora concedido considerando o óbito do seu cônjuge, o Sr. ${informacao_generica}, o


qual percebia a aposentadoria por tempo de contribuição nº ${informacao_generica}, concedida
em ${data_generica}.

Ocorre que por ocasião da definição da base de cálculo do benefício originário não foram
considerados o décimo terceiro salário e o adicional de férias, implicando em redução do salário
de benefício.

Por este motivo, se ajuíza a presente ação.

2 - DIREITO
2.1 –  DA DECADÊNCIA
Inicialmente, imperioso destacar que não ocorreu a decadência em relação ao pedido de revisão
da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição pela inclusão
do 13º salário e adicional de férias na base de cálculo.

Isto porque, em se tratando de pensão por morte derivada de benefício objeto da revisão, aplica-
se o princípio da actio nata, de forma que o prazo decadencial deve ser contado da data do
primeiro dia do mês seguinte ao primeiro pagamento da pensão por morte, e não do benefício
originário.

Este foi o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do
REsp 1571465/RS:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO DE BENEFÍCIO. PENSÃO POR MORTE.


DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. ART. 535, II, DO CPC.
O recorrente sustenta que o art. 535, II, do CPC foi violado, mas deixa de apontar, de forma clara,
o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Assim, é inviável o conhecimento do
Recurso Especial nesse ponto, ante o óbice da Súmula 284/STF.

O início do prazo decadencial se deu após o deferimento da pensão por morte, em


decorrência do princípio da actio nata, tendo em vista que apenas com o óbito do segurado
adveio a legitimidade da parte recorrida para o pedido de revisão, já que, por óbvio, esta
não era titular do benefício originário de seu marido, direito personalíssimo.

Em se tratando de benefício previdenciário, incide na hipótese de revisão do ato de


concessão/indeferimento de benefício o disposto no art. 103 da Lei 8.213/1991: "É de dez anos o
prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a
revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do
recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento
da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo". Como a concessão da pensão que
a recorrida pretende ver recalculada se deu no dia 17.8.2008 e o ajuizamento da ação ocorreu em
8.9.2010, não houve a decadência do direito à revisão dos benefícios previdenciários.

Recurso Especial não provido.

(REsp 1571465/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2016,
DJe 31/05/2016 - grifado)

Portanto, considerando que o benefício de pensão por morte foi concedido em ${data_generica},
não há o que se falar em decadência, em que não se decorreram mais de dez anos desde então.

2.2 - DO MÉRITO
Até o advento da Lei 8.870/94 o décimo terceiro salário e adicional de férias integravam o salário
de contribuição, de forma que deveriam ser considerados na apuração do salário de benefício.

Consoante a redação original do art. 28, §7º da Lei 8.212/91:

Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição:

7º O décimo terceiro salário (gratificação natalina) integra o salário-de-contribuição, na


forma estabelecida em regulamento. (grifado)

Em harmonia com o referido dispositivo, o art. 29, §3º da Le 8.213/91 em sua redação original:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste:

3º Serão considerados para o cálculo do salário-de-benefício os ganhos habituais do segurado


empregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais
tenha incidido contribuição previdenciária.

Nesse sentido, verifica-se que a gratificação natalina, sobre a qual incidiu contribuição
previdenciária, deve ser considerada para os efeitos de cálculo do salário de benefício até a
entrada em vigência da Lei 8.870/94.
E reconhecendo a incidência do 13º salário até a entrada em vigência da Lei 8.870/94, a tese
firmada pelo STJ no Tema 904 (REsp 1546680/RS):

O décimo terceiro salário (gratificação natalina) somente integra o cálculo do salário de


benefício, nos termos da redação original do § 7º do art. 28 da Lei 8.212/1991 e § 3º do art.
29 da Lei n. 8.213/1991, quando os requisitos para a concessão do benefício forem preenchidos
em data anterior à publicação da Lei n. 8.870/1994, que expressamente excluiu o décimo terceiro
salário do cálculo da Renda Mensal Inicial (RMI), independentemente de o Período Básico de
Cálculo (PBC) do benefício estar, parcialmente, dentro do período de vigência da legislação
revogada.

Ainda, é amplamente reconhecida a inclusão do adicional de férias na apuração do salário de


benefício:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RENDA MENSAL INICIAL. 13º SALÁRIO E ADICIONAL DE


FÉRIAS. CÔMPUTO NOS SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO. 1. A inflação a ser considerada na
atualização monetária dos salários-de-contribuição considerados no cálculo do salário-de-
benefício é aferida até o mês imediatamente anterior ao mês do início do benefício. 2. Concedido
o benefício antes do advento da Lei n. 8.870/94, é devida a inclusão da gratificação natalina no
cálculo do salário-de-benefício. 3. O adicional de férias deve ser acrescido aos salários-de-
contribuição considerados no cálculo do salário-de-benefício. (TRF4, AC 2003.71.00.061668-5,
SEXTA TURMA, Relator para Acórdão JOÃO BATISTA LAZZARI, D.E. 30/09/2009)

E no presente caso verifica-se que no INSS não considerou o 13º salário e tampouco o adicional
de férias do segurado instituidor por ocasião da apuração do salário de benefício originário.

Nesse seguimento, uma vez considerados, por óbvio que incidem reflexos financeiros no
benefício do de cujus, e consequentemente na pensão por morte da Autora.

Portanto, considerando que na apuração do salário de benefício da aposentadoria do falecido


segurado instituidor não foram considerados o 13º salário e o adicional de férias, plenamente
devida a revisão do benefício de aposentadoria concedido ao de cujus e consequentemente do
benefício derivado de pensão por morte, mediante recálculo da RMI.

3 - DO IMEDIATO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER


Conforme inteligência do artigo 43 da Lei 9.099/95 c/c artigo 1º da Lei 10.259/01, no âmbito dos
Juizados Especiais Federais o recurso inominado interposto, via de regra, não possui efeito
suspensivo. Por este motivo, eventual deferimento do presente petitório compele o INSS a
cumprir de forma imediata a decisão de primeiro grau, para o efeito de revisar o benefício em
favor da Parte Autora.

4 –  DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO


Considerando o notório e reiterado posicionamento do INSS em sentido contrário ao pedido
apresentado na presente demanda, a parte Autora vem manifestar, em cumprimento ao art. 319,
inciso VII, do CPC/2015, que não há interesse na realização de audiência de conciliação ou
mediação, haja vista a iminente ineficácia do procedimento e a necessidade de que ambas as
partes dispensem a sua realização, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do CPC/2015.
  5 – PEDIDOS
ANTE O EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1. A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, tendo em vista que a parte Autora


não tem como suportar as custas judiciais sem o prejuízo de seu sustento e de sua
família;
2. O recebimento e deferimento da presente peça inaugural;
3. A citação da Autarquia, por meio de seu representante legal, para que, querendo,
apresente defesa;
4. O julgamento antecipado da lide, com fulcro no art. 355 do Código de Processo Civil,
haja vista que o processo trata de matéria exclusivamente de direito. Caso não seja este
o entendimento de Vossa Excelência, requer a produção de todos os meios de provas em
direito admitidos, em especial o documental;
5. O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:
0. Revisar o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição nº $
{informacao_generica}, mediante recálculo da RMI, integrando o décimo
terceiro salário e o adicional de férias ao salário de contribuição na apuração do
salário de benefício, e consequentemente, revisar o benefício de pensão por
morte nº ${informacao_generica};
1. Pagar as diferenças que se formarem em decorrência da revisão aqui pleiteada,
com o adimplemento de todas as parcelas vencidas desde a data da concessão
da pensão por morte e, corrigidas desde a época da competência de cada
parcela até o efetivo pagamento, respeitada a prescrição quinquenal;

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Dá à causa o valor de R$ ${processo_valordacausa}[1].

${processo_cidade}, ${processo_hoje}.

${advogado_assinatura}

[1] Valor da causa = Parcelas Vencidas  + Parcelas Vincendas 

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