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ESTADO DE MATO GROSSO

PODER JUDICIÁRIO
2ª VARA DE CHAPADA DOS GUIMARÃES

DECISÃO

Processo: 1001248-94.2021.8.11.0024.

AUTOR: FLORAMAP PROJETOS, CONSULTORIA E MAPEAMENTOS LTDA - EPP,


LEONARDO JOSE FERNANDES PINHEIRO, ELAINE LARISSA BARROS FERREIRA DA SILVA,
RICARDO LUIS FERNANDES PINHEIRO, MARCELA MARQUES MELO, JAIME ULISSES
PETERLINI, MARILISE ANA DEON PETERLINI, JOACIR JOLANDO NEVES, MEIRE SELMA
ANDRADE NEVES, HENRIQUE LUIZ DE SOUZA CARVALHO DOMINGUES, MARIANA LUNA
SILVEIRA DOMINGUES, GEORGES BOHRER KABOUK, SYLVANIA DE MORAIS, CESAR
BORGES DE SOUSA, NORMA SUELY TATESUZI DE SOUSA, ARIEL SERRA, ADALGISA
ALAVARES BOZELLI SERRA, MARCELO COSTA CAMPOS, PRISCILLA BORGES TIAGO
CAMPOS, DANISON PESSANHA DOS REIS, PATRICIA STRUTZ RAMOS, DANILO ALBERTO
ZANETTI, RHAYANNA BORGES TIAGO, JOHN ALBERTO LEHNEN, FABIO MACIEL GAMA
LOPES, ZIAD ADNAN FARES

REU: CONDOMINIO MALAI MANSO RESORT IATE GOLF CONVENTION & SPA

Trata-se de ação anulatória de assembleia condominial c/c pedido de tutela de urgência ajuizada
por FLORAMAP PROJETOS, CONSULTORIA E MAPEAMENTOS LTDA – EPP, LEONARDO
JOSE FERNANDES PINHEIRO, ELAINE LARISSA BARROS FERREIRA DA SILVA e OUTROS
em face de CONDOMÍNIO MALAI MANSO RESORT IATE GOLF CONVENTION & SPA, todos
qualificados no processo.

Aduz a parte autora, em síntese, que são condôminos e legítimos proprietários de 133 (cento e
trinta e três) unidades autônomas que compõem a massa condominial do Condomínio requerido.

Requerem, em tutela de urgência, a suspensão dos efeitos de deliberações supostamente


firmadas em assembleia condominial realizada no dia 12/02/2021, e, no mérito, que a declare
nula, em razão de vício formal por falta de convocação inequívoca de todos os condôminos, bem
como por inexatidão da pauta do edital de convocação.

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Com a inicial, juntou documentos.

É o breve relato dos fatos.

Fundamenta-se e Decide-se.

O art. 300 do Código de Processo Civil disciplina dois pressupostos para a concessão da tutela
de urgência (cautelar ou antecipatória), consubstanciado na probabilidade do direito, perigo de
dano (satisfativa) e no risco ao resultado útil do processo (assecuratório).

Além disso, é incabível a concessão de tutela de urgência quando se verificar o perigo da


irreversibilidade dos efeitos da decisão, conforme sedimentado no art. 300, §3º do Código de
Processo Civil.

In casu, não se verificam os requisitos necessários para a concessão da medida pretendida.

Isso porque, não obstante o art. 1.350 do Código Civil dispor acerca da necessidade de
convocação dos condôminos, na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o orçamento das
despesas, as contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe
o substituto e alterar o regimento interno, bem como constar na Convenção do condomínio a
necessidade de convocação encaminhada no endereço do representante da unidade hoteleira (id.
58179924), a parte autora deixou de comprovar a forma pela qual teria tomado conhecimento
acerca da assembleia realizada, tampouco a data em que foram cientificados acerca do ato ora
impugnado, já que não teria sido convocados inequivocamente para participarem.

Ademais, em que pese a alegação de que teria ocorrido inexatidão da pauta do edital de
convocação, veja-se que o aludido documento, juntado no id. 58179904, especifica as matérias
que seriam objeto de deliberação na assembleia condominial e, depois, o documento de id.
58179909 retrata as matérias deliberadas na aludida solenidade, de acordo com cada tópico
constante da pauta descrita no edital de convocação.

Em outras palavras, salvo melhor juízo, em uma análise sumária do que fora apresentado,
verifica-se que as matérias deliberadas constaram expressamente na pauta inserida no edital de
convocação.

Logo, não se depara, a priori, com a probabilidade do direito invocado, suficiente para que seja
declara a suspensão do ato objeto de impugnação.

Como se não bastasse, não foram apresentados quaisquer argumentos que justificassem o
perigo de dano, no caso de se manterem vigentes as deliberações constantes da assembleia
condominial.

Afinal, embora mencionada a possibilidade de cobrança de taxa, em razão de eventual


inadimplemento, os autores deixaram de demonstrar que estariam em débito com a parte
requerida ou que aquela situação aprovada na assembleia em questão, de alguma forma, poderia
trazer prejuízos à parte autora.

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Assim, este juízo não vislumbra, neste momento, o alegado risco iminente de dano irreparável da
parte autora.

Nesse sentido:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. CIVIL. CONDOMÍNIO. AÇÃO ANULATÓRIA


DE ASSEMBLEIA CONDOMINIAL C/C PERDAS E DANOS E PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA. PLEITO DE ANULAÇÃO DE ASSEMBLEIA DIANTE DAS IRREGULARIDADES
DA CONVOCAÇÃO – REJEIÇÃO – DOCUMENTOS QUE NÃO DEMONSTRAM QUALQUER
IRREGULARIDADE OU ILEGALIDADE DA CONVOCAÇÃO – REPROVAÇÃO DE CONTAS QUE
PODE ENSEJAR EM CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA COM URGÊNCIA. DEMAIS
QUESTÕES QUE NECESSITAM DA DILAÇÃO PROBATÓRIA PARA SUA VERIFICAÇÃO –
MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - ES:
00459987220208160000 PR 0045998-72.2020.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Desembargador
Roberto Portugal Bacellar, Data de Julgamento: 20/03/2021, 9ª Câmara Cível, Data de
Publicação: 24/03/2021)

Com efeito, para o deferimento da tutela de forma antecipada, é necessário o preenchimento dos
dois requisitos anteriormente explicitados.

No caso em tela, em juízo perfunctório da petição inicial e dos documentos juntados pelos
requerentes, não restaram demonstrados, de forma inequívoca, a probabilidade do direito ou o
perigo da demora, o que poderá ser revisto, caso os subsídios fáticos e jurídicos probatórios
apontem para sentido diverso.

1 – Forte em tais fundamentos, este juízo INDEFERE a liminar pleiteada.

2 - Tratando-se a demanda em destaque de direitos disponíveis, estando preenchidos os


requisitos da petição inicial estabelecido no art. 319 do Código de Processo Civil, não sendo
hipótese de rejeição liminar da pretensão (ar. 332 do CPC), conforme o art. 334 do Código de
Processo Civil, DESIGNA-SE audiência de conciliação a ser realizada no Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania de Chapada dos Guimarães/MT (CEJUSC), devendo as partes
comparecer acompanhadas de seus respectivos advogados ou pela Defensoria Pública,
conforme determina o art. 334, §9º do mesmo diploma processual.

3 – EXPEÇA-SE carta de citação e intimação do réu, nos termos do art. 248 do CPC,
observando-se que o ato deverá ser cumprido com antecedência mínima de 20 (vinte) dias para o
comparecimento da audiência de conciliação acima designada, conforme determina o art. 334 do
Código de Processo Civil.

4 – O réu poderá oferecer contestação no prazo de 15 (quinze) dias contados da data de


audiência de conciliação, observando-se as normas dos artigos 336 e 337 do CPC, sem prejuízo
de ajuizamento de reconvenção, conforme autoriza o art. 343 do CPC, devendo ser certificado o

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prazo destes instrumentos pela Secretaria deste Juízo.

5 – Na hipótese de o réu alegar em sua contestação fato impeditivo, modificativo, extintivo do


direito do autor ou quaisquer das matérias mencionadas no art. 337 do CPC, INTIME-SE o
advogado deste via DJE para que, no prazo de 15 (quinze) dias, manifeste-se a respeito,
conforme preceituam os artigos 350 e 351 do CPC.

6 – INTIME-SE o advogado do autor, via DJE, para o comparecimento na audiência de


conciliação designada (art. 334, §3º do CPC).

7 – CONSIGNE-SE no expediente de comunicação das partes advertência de que a ausência


delas na audiência de conciliação referida no item 2 irá acarretar multa por ato atentatório à
dignidade de justiça na proporção de 2 % sobre o valor da causa ou da vantagem econômica
pretendida, conforme determina o art. 334, §8º do CPC, exceto se ambas as partes em conjunto
manifestarem o desinteresse na realização da audiência (art. 334, §4º, inciso I do CPC).

8 – Por fim, após a realização da audiência de conciliação, sendo obtida ou não a conciliação que
deverá ser lavrado termo num ou noutro sentido, havendo ou não contestação e réplica, o que
deverá ser certificado nos autos, CONCLUSO para os fins do artigo 347 do CPC.

autora com espeque no artigo 98 do CPC.

9 – CUMPRA-SE.

Chapada dos Guimarães, data da assinatura no sistema PJE.

RAMON FAGUNDES BOTELHO

Juiz de Direito

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