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06/04/2023
Número: 1085386-38.2022.4.01.3300
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 23ª Vara Federal de Juizado Especial Cível da SJBA
Última distribuição : 23/12/2022
Valor da causa: R$ 67.131,05
Assuntos: RMI - Renda Mensal Inicial, Alteração do coeficiente de cálculo do benefício
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LETICIA MARIA DE JESUS (AUTOR) DJALMA DA SILVA LEANDRO (ADVOGADO)
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (REU)
Central de Análise de Benefício - Ceab/INSS (TERCEIRO
INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15579 03/04/2023 08:51 Réplica Réplica
37379
EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 23ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA– JEF -SALVADOR-
/BA.
LETICIA MARIA DE JESUS, já qualificado nos autos da queixa que move contra INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL-INSS, instado a se pronunciar sobre a defesa, vem falar em
REPLICA, enaltecendo A NULIDADE PRIMÁRIA PROMOVIDA PELA AUTARQUIA, afastando
data máxima vênia, a PRESCRIÇÃO, em quaisquer espécies (prescrição ou decadência) como
se exaure em argumentos:
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A não observância do prescrito em Lei, acarretou e vem acarretando sobremaneira prejuízos ao
segurado, pelo fato de ter direito a concessão de uma aposentadoria especial, espécie B46, à época
da DER, ou pelo menos a conversão em tempo comum os períodos que deveriam ter sido
reconhecidos, haja vista terem sido laborados em condições especiais, devidamente enquadráveis nas
leis respectivas, negligenciadas pela Recorrente, sendo pois justa e totalmente equilibrada a douta
decisão, que espera ver mantida em todos os seus termos.
Venerando Julgador, não há que se falar em prescrição e/ou decadência, quando deveria a
Contestante, ter concedido o melhor benefício, eis que já com direito adquirido quando da postulação
administrativa, de modo que feriu o quanto disposto na IN 77 Art. 621. (O INSS deve conceder o
melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido).
Assim, não poderá agora, querer modificar ou mesmo fazer proveito de sua própria torpeza, eis que
foi quem gerou a “nulidade primária” não incidindo, portanto, qualquer decadência e/ou prescrição,
pois deu “azo” à nulidade do seu ato, portanto, deverá sim ressarcir o segurado, nos termos que fora
proposta a ação.
Venerando Julgador, a relação tributária existe no exato momento em que se tem um “retorno” do
quanto é “tributado”, ou seja, tem que obrigatoriamente existir uma relação de pagamento x
retorno dos serviços. Acontece que a lei trabalhista, é clara no sentido de que não extingue mais
o contrato de trabalho, a aposentadoria (art. 453 da CLT), de modo que inexistindo a extinção do
contrato de trabalho, passou-se a entender a continuidade do vínculo, portanto a UNICIDADE do
vínculo, logo, foi pago a maior, os encargos sociais a título de INSS, já que não existia mais a
“necessidade” de efetuar um pagamento, quando já se tinha o direito adquirido.
A relação jurídica tributária continuativa é peculiar aos tributos relacionados a ocorrências que se
repetem, formando uma atividade mais ou menos duradoura. Por isso mesmo os contribuintes,
sujeitos passivos desta relação, inscrevem-se em cadastro específico, que se faz necessário
precisamente em virtude da continuidade dos acontecimentos relevantes do ponto de vista
tributário. Na relação jurídica continuativa, ou continuada, muitas vezes, até a determinação do
valor a ser pago pelo contribuinte depende não apenas de um fato tributável, mas do
encadeamento dos fatos que a integram.
Tanto são distintas essas relações jurídicas que para o funcionário a aposentadoria é custeada,
integralmente, pelo Tesouro (v., v.g., art. 231, § 2º, Lei 8.112/90), vencendo proventos sem
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redução, ao passo que para o empregado a aposentadoria está às expensas do órgão gestor da
Previdência (INSS), sendo custeada por contribuições do próprio segurado e do seu empregador,
sujeitando-se aos limites da legislação própria (o segurado sofre redução de ganhos na
inatividade).
II – DIREITO – DECADÊNCIA
Entende a Ré o Autor não faz jus a revisão do benefício, tendo em vista ter ocorrido a decadência
do direito de revisão, pois já se passaram mais de 10 (dez) anos do ato concessório do benefício
por incapacidade em questão.
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como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, no Período Básico de Cálculo -
PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendo revisa-los
para que sejam considerados somente os 80% (oitenta pro cento) maiores salários-de-
contribuição."
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PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. ART. 29, II, DA LEI 8.23/91. AUXÍLIO-DOENÇA TRANSFORMADO
EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INTERESSE DE AGIR. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. 1.
Já tendo transcorrido mais de dez anos da concessão do auxílio-doença precedente da aposentadoria
por invalidez que se pretende revisar, resta evidenciada a pretensão resistida do INSS para
ajuizamento da ação que postula a revisão do benefício com base no entendimento preconizado no
Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010. 2. O prazo
decadencial previsto no artigo 103, caput, da Lei 8.213/91, não afasta o direito de revisão do benefício
transformado ainda que tenha que ser recalculado o salário-de-benefício do auxílio-doença
precedente concedido há mais de dez anos. Prazos decadenciais diversos (PEDILEF
2008.50.51.001325-4, Rel. Juiz ADEL AMÉRICO DIAS DE OLIVEIRA, D.D. 27/06/2012). 3.
Ilegalidade expressamente reconhecida pela autarquia previdenciária antes do transcurso do
prazo decadencial de revisão pelo Decreto nº 6.939, de 18/08/2009, o que configura direito
adquirido do segurado de pleitear referido direito a qualquer tempo (artigo 5º, XXXVI, da CF). 4.
Interrupção da prescrição quinquenal pelo Memorando Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de
15/04/2010 (5018503-64.2012.404.7000, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/
Acórdão Paulo Paim da Silva, D.E. 25/06/2012). 5. Recurso da parte autora provido. ( 5010654-
93.2012.404.7112, Terceira Turma Recursal do RS, Relatora p/ Acórdão Marina Vasques Duarte de
Barros Falcão, julgado em 12/12/2012)
Destaca-se ainda trecho do voto da Relatora Marina Vasques Duarte de Barros Falcão, o qual
nos esclarece de modo simples e didático:
Essa revisão deveria ter sido feita pela administração inclusive de ofício, pois todo
ato de concessão de benefício é vinculado à lei e não está sujeito a critérios
discricionários da administração. Uma vez reconhecido o erro administrativo, a ilegalidade
no seu procedimento, tem a administração a obrigação legal e constitucional de revisar de
ofício seus próprios atos. A manutenção eterna da reconhecida ilegalidade administrativa,
em benefício prestacional com nítido caráter alimentar, destinado à preservação das
condições mínimas existenciais do indivíduo e diretamente vinculado à ideia de dignidade
da pessoa humana, não se coaduna com o sistema constitucional pátrio”.
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Desta forma, ante o reconhecimento expresso do direito a revisão do benefício da parte Autora
por meio do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, somente ocorre a
decadência do direito de revisão pela aplicação do art. 29, II, da Lei 8.213/91 em relação aos
benefícios concedidos antes de 15/04/2000.
Quanto a prescrição tem-se que, o parágrafo único do art. 103 da Lei n.º 8.213/91 assevera que "
prescreve em 5 (cinco) anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer
ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela
Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil".
Entretanto, é de suma importância analisar caso a caso as condições que impedem, suspendem
e interrompem o curso do prazo prescricional, bem como se há renuncia expressa ou tácita
prescrição.
PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/91.
CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO DE 2010, EXPEDIDO PELO INSS,
DECLARANDO O DIREITO. CAUSA INTERRUPTIVA DA PRESCRIÇÃO EM CURSO. RENÚNCIA
AO PRAZO JÁ CONSUMADO. ENTENDIMENTO DO STJ EM PROCESSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA (RESP N. 1.270.439/MG). APLICAÇÃO DO DIREITO À ESPÉCIE. ART. 257 DO
REGIMENTO INTERNO DO STJ. SÚMULA 456 DO STF. INEXISTÊNCIA DE SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.
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sentença, julgou procedente a demanda e o condenou a revisar o benefício de auxílio-doença
percebido pelo autor, nos termos do art. 29, II, da Lei 8.213/91. Sustenta o recorrente, em suma, a
incidência da prescrição qüinqüenal, conforme Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça. O incidente
foi admitido na origem.
4. Aplicação ao presente caso, do disposto no art. 257 do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça, por analogia, e da Súmula 456 do Supremo Tribunal Federal, que prescrevem a possibilidade
de aplicação do direito à espécie pelo Colegiado, quando superado o juízo de admissibilidade
recursal. Assim, o incidente deve ser conhecido para, no mérito, aplicando o direito, negar-lhe
provimento.
6. Incidente conhecido e desprovido, devendo ser fixada a tese de que: (i) a publicação do
Memorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-4-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos
segurados à revisão pelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos
prazos prescricionais em curso, que voltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii)
para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentro do período de 5 (cinco) anos da
publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitos financeiros
da revisão à data de concessão do benefício revisando.
(PEDLEF 0012958-85.2008.4.03.6315, Relator Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU
14/03/2014)
E, conforme a TNU tenha referido que esta causa interruptiva da prescrição da prescrição
aproveita a todos que efetuarem pedido administrativo ou judicial de revisão até 15/04/2015,
sendo que o prazo prescricional teria voltado a correr a partir da data do Memorando
21/DIRBEN/PFE/INSS fato é que aquela Egrégia Turma não analisou detidamente a matéria
referente ao reinicio do computo do prazo prescricional (até mesmo por falta de
provocação das partes) e, assim, deixou de manifestar-se sobre a suspensão do prazo
prescricional entre a data do memorando e a apuração dos valores devidos e efetivo
pagamento.
Nesse diapasão, tem-se que o Decreto nº 20.910/32, que trata da contagem do prazo
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prescricional contra a Fazenda Pública, prevê, em seu art. 4º, que a prescrição fica
suspensa durante o prazo utilizado pela administração para estudar e apurar o valor da
dívida. Confira-se o texto legal:
Ora Excelências, o INSS reconheceu o direito a revisão dos benfícios por incapacidade e
pensões por morte não precedidas de outros beneficio através do Memorando-Circular Conjunto
nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15/04/2010 deteminando que seus servidores efetuassem a revisão
dos benefícios em questão.
Nessa esteira, a partir do reconhecimento ao direito de revisão deveria a Ré ter efetuado todas as
revisões e procedido ao pagamento, não podendo o beneficiário ser prejudicado pela lentidão dos
servidores do INSS em efetuar os cálculos do valor correto da renda e dos valores devidos, nem
pela demora da Autarquia em providenciar o pagamento dos valores que já reconhecidos como
devidos, motivo pelo qual o prazo prescricional ficou suspenso a partir do instante em que a
Autarquia Previdenciária reconheceu o direito à revisão do benefício em questão, por meio
do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS e ainda ficará supenso até o
momento do efetivo pagamento dos valores atrasados.
Sendo assim, reconhecendo que o prazo prescricional ficou suspenso após a edição do
Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, trazemos ainda o seguinte trecho do
voto da Relatora Susana Sbrogio' Galia, ao julgar o recurso cível nº 5006761-
60.2013.404.7112/RS:
“No que se refere à prescrição, a questão foi pacificada pela Turma Nacional de
Uniformização no seguinte sentido:
"(...)
(...)
6. Incidente conhecido e desprovido, devendo ser fixada a tese de que: (i) a publicação do
Memorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-4-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos
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segurados à revisão pelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos
prazos prescricionais em curso, que voltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii)
para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentro do período de 5 (cinco) anos da
publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitos financeiros
da revisão à data de concessão do benefício revisando." (TNU, PEDILEF N. 0012958-
85.2008.4.03.6315, Rel. Juiz Federal Gláucio Maciel, julgado em 14.02.2014).
Consignamos, por derradeiro, que suspensa a prescrição, não voltou a contar o prazo
prescricional visto que, enquanto pendente o pagamento da dívida já reconhecida
administrativamente pelo INSS, a contagem não deve ser reiniciada, nos termos do artigo
4º do Decreto 20.910/32.
Da mesma forma, o voto do relator Osório Ávila Neto ao julgar o Recurso Cível Nº 5003976-
51.2015.404.7114/RS:
Interrompida a prescrição, não se operou o recomeço do cômputo do prazo prescricional pela metade,
visto que, enquanto pendente o pagamento da dívida já reconhecida administrativamente pelo INSS, a
contagem não deve ser reiniciada, nos termos do artigo 4º do Decreto 20.910/32.”
(5003976-51.2015.404.7114, Quarta Turma Recursal do RS, Relator p/ Acórdão Osório Ávila Neto, julgado em
06/04/2016) (grifado)
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Deste modo, restou claro que a prescrição foi interrompida pelo Memorando-Circular
Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15/04/2010 e que o prazo prescricional somente
voltará a ser contado caso a Ré pratique ato incompatível com o pagamento
Sendo assim, a prescrição foi interrompida pela citação válida da Ré na ação civil pública
citada acima e permaneceu suspensa durante toda a tramitação da Ação Civil Pública que
versava sobre a mesma hipótese de revisão aplicada ao benefício da parte Autora.
Nesse sentido, adotando que o ingresso de ação civil pública sobre a mesma matéria interrompe
o prazo prescricional trazemos à discussão a seguinte jurisprudência do STJ:
(AgRg nos EDcl no REsp 1426620/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 05/11/2015, DJe 18/11/2015) (grifado)
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535
do CPC. Os Embargos Declaratórios não constituem instrumento adequado para a rediscussão da
matéria de mérito.
2. Devidamente comprovado, nos termos da legislação aplicável, o tempo de serviço rural, procede
o pedido de revisão de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição, com o consequente
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recebimento das prestações vencidas.
4. De acordo com a jurisprudência do STJ, a Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério
Público objetivando a nulidade dos atos normativos expedidos no sentido de não admitir
prova de tempo de serviço rural em nome de terceiros interrompeu a prescrição quinquenal
das ações individuais propostas com a mesma finalidade (art. 219, caput e § 1º do CPC e art.
203 do CCB).
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Juiz Federal Leonardo Castanho Mendes, D.E. 19/03/2015; e IUJEF nº 5038329-76.2012.404.7000, Rel. Juiz Federal
Gerson Luiz Rocha, D.E. 15/12/2014). 2. Pedido provido, com o retorno dos autos à Turma de origem para juízo de
adequação. ( 5018550-72.2011.404.7000, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora p/ Acórdão
Jacqueline Michels Bilhalva, juntado aos autos em 13/08/2015) (grifado)
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PROVA MATERIAL CORROBORADO POR TESTEMUNHAS. CONTAGEM A PARTIR DOS 12 ANOS.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AÇÃO DE COBRANÇA. PARCELAS VENCIDAS NO LAPSO TEMPORAL
QUE MEDEIA A DATA DA ENTRADA DO REQUERIMENTO E O INÍCIO DO PAGAMENTO NA VIA
ADMINISTRATIVA. 1. A citação válida, ainda que realizada em processo intentado por meio de substituto processual,
interrompe a prescrição, sob pena de esvaziar a prestimosa colaboração da lide coletiva em termos de diminuição da
sobrecarga do Poder Judiciário. 2. O marco inicial da interrupção da prescrição retroage à data do ajuizamento
da ação civil pública na qual o INSS foi validamente citado e cuja matéria nela controvertida é a determinação do
reconhecimento de documentos em nome de terceiros para fins de provar o trabalho rural. 3. O pronunciamento da
demanda coletiva que determinou a possibilidade de comprovação da atividade campesina com a utilização de
documentos em nome de terceiros não vincula a decisão administrativa acerca do reconhecimento do labor rural em
determinado período, uma vez que dependerá da existência de provas bastantes para a sua admissão pela autarquia
previdenciária, não sendo suficiente para tanto a tutela genérica obtida na aludida demanda. 4. A existência de Ação
Civil Pública não impede a interposição de ação individual, ainda que a respeito da mesma matéria. 5. O início
razoável de prova material prescrito pela Lei 8.213/91 como condição para o reconhecimento da atividade rural,
corroborado por qualquer outro meio de prova idôneo, dentre eles o testemunhal, é suficiente para comprovar a
condição de segurado especial. 6. Comprovado o tempo de serviço, é devido o pagamento dos proventos desde a
data da entrada do requerimento. 7. Até 30.06.2009, a atualização monetária, incidindo a contar do vencimento de
cada prestação, deve-se dar pelos índices oficiais, e jurisprudencialmente aceitos, quais sejam: ORTN (10/64 a 02/86,
Lei nº 4.257/64), OTN (03/86 a 01/89, Decreto-Lei nº 2.284/86, de 03/86 a 01/89), BTN (02/89 a 02/91, Lei nº
7.777/89), INPC (03/91 a 12/92, Lei nº 8.213/91), IRSM (01/93 a 02/94, Lei nº 8.542/92), URV (03 a 06/94, Lei nº
8.880/94), IPC-r (07/94 a 06/95, Lei nº 8.880/94), INPC (07/95 a 04/96, MP nº 1.053/95), IGP-DI (05/96 a 03/2006, art.
10 da Lei nº 9.711/98, combinado com o art. 20, §§5º e 6º, da Lei n.º 8.880/94) e INPC (04/2006 a 06/2009, conforme
o art. 31 da Lei nº 10.741/03, combinado com a Lei nº 11.430/06, precedida da MP n.º 316, de 11.08.2006, que
acrescentou o art. 41-A à Lei n.º 8.213/91, e REsp. n.º 1.103.122/PR). Nesses períodos, os juros de mora devem ser
fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3º do Decreto-Lei n.º 2.322/87, aplicável
analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar, consoante
firme entendimento consagrado na jurisprudência do STJ e na Súmula 75 desta Corte. A contar de 01.07.2009, data
em que passou a viger a Lei nº 11.960, de 29.06.2009, publicada em 30.06.2009, que alterou o art. 1º-F da Lei nº
9.494/97, para fins de atualização monetária e juros haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos
índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Omissão da sentença suprida de
ofício. (TRF4, APELREEX 2008.72.01.003612-4, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 13/09/2010)
(grifado)
Como se não satisfizesse, além do já fiel entendimento dos tribunais e da doutrina sobre o tema,
faz-se necessário atentar para o fato de que o PL nº. 5.139/2009 que trata da ação civil pública
(ainda em tramite perante a Câmara dos Deputados) prevê expressamente a interrupção da
prescrição da pretensão individual pela citação válida na ação coletiva em seu art. 15 – “Art. 15.
A citação válida nas ações coletivas interrompe o prazo de prescrição das pretensões individuais
direta ou indiretamente relacionadas com a controvérsia, desde a distribuição até o final do
processo coletivo, ainda que haja extinção do processo sem resolução do mérito”. Tal
circunstância endossa a posição de admitir a interrupção da prescrição no atual sistema.
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regra de transição contida no artigo 3º da Lei nº 9.876/99, aos segurados que ingressaram
no Regime Geral de Previdência Social antes da publicação da referida Lei nº 9.876/99,
ocorrida em 26/11/99.
Há Repercussão?
Sim
(...)
Destarte, louva no entendimento deste venerando e douto Juízo, não tgendo outras PROVAS A
PRODUZIR, ratificando todas já existentes, principalmente a pacificação de repercussão geral,
havida no TEMA 1102 do STF, pugnando pela não prescrição.
JUSTIÇA!
OAB/BA-10702
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