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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/04/2023

Número: 1085386-38.2022.4.01.3300
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 23ª Vara Federal de Juizado Especial Cível da SJBA
Última distribuição : 23/12/2022
Valor da causa: R$ 67.131,05
Assuntos: RMI - Renda Mensal Inicial, Alteração do coeficiente de cálculo do benefício
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LETICIA MARIA DE JESUS (AUTOR) DJALMA DA SILVA LEANDRO (ADVOGADO)
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (REU)
Central de Análise de Benefício - Ceab/INSS (TERCEIRO
INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15579 03/04/2023 08:51 Réplica Réplica
37379
EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 23ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA– JEF -SALVADOR-
/BA.

PROCESSO Nº PJEC 1085386-38.2022.4.01.3300

LETICIA MARIA DE JESUS, já qualificado nos autos da queixa que move contra INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL-INSS, instado a se pronunciar sobre a defesa, vem falar em
REPLICA, enaltecendo A NULIDADE PRIMÁRIA PROMOVIDA PELA AUTARQUIA, afastando
data máxima vênia, a PRESCRIÇÃO, em quaisquer espécies (prescrição ou decadência) como
se exaure em argumentos:

1) DA PRELIMINAR DE FALTA DE INTERESSE DE AGIR.

Dar-se-á a carência de ação, quando ausente: a legitimidade de parte, a possibilidade


jurídica do pedido, e o interesse de agir. A legitimidade é a pertinência subjetiva de parte,
abstratamente analisada. A simples alegação do autor de que a Requerida é causadora do dano
que sofrera, invocado em Juízo, por si só já a legitima a responder a ação, se é ou não
devedora, isto é matéria de fundo. Em não havendo vedação legal para que o Judiciário
conheça dos pedidos do autor, e sendo estes decorrentes de danos sofridos, em decorrência da
relação de emprego, possíveis são os pedidos alijados na inicial. Quanto ao interesse de agir,
se traduz pela necessidade da parte na entrega da tutela jurisdicional, com a definição e solução
do conflito de interesse. Sendo certo que a prestação jurisdicional será útil às partes, quando
aplicará a vontade concreta da lei, presentes, pois o binômio necessidade-utilidade, atualmente
adotado pelo nosso CPC. Logo, conclui-se que estão presentes todas as condições da ação, não
havendo carência a ser declarada.

DA NULIDADE PRIMÁRIA – VICIO NA APURAÇÃO E CONCESSÃO – INTRINSECO AO ATO


CONCESSÓRIO – GERANDO POIS NULIDADE – IMPRESCRITÍVEL, eis que da essência do
ato.

Venerando Julgador, quando da concessão do benefício, o INSS, não observou o PRINCIPIO


CONSTITUCIONAL, quando deveria ter orientado, informado e concedido o melhor benefício, não o
fazendo, deu azo a NULIDADE PRIMÁRIA, não gerando assim quaisquer efeitos o benefício
concedido, pelo manifesto prejuízo ao Recorrido, que obrigou-se a continuar trabalhando para manter
sua família, quando deveria gozar de seu jubilamento, pelo desgaste de sua profissão, com os riscos
inerentes ao exercício de seus misters, poeiras respiráveis, e produtos químicos e cancerígenos , e
tantos outros agentes nocivos que findou por lhe negar o benefício, mesmo tendo discutido
judicialmente, de modo que não fora observado o MOMENTO DA CONCESSÃO, onde surgiu a
NULIDADE, permissa vênia, prejudicando inclusive a discussão judicial, que não adentrou a este
questionamento.

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A não observância do prescrito em Lei, acarretou e vem acarretando sobremaneira prejuízos ao
segurado, pelo fato de ter direito a concessão de uma aposentadoria especial, espécie B46, à época
da DER, ou pelo menos a conversão em tempo comum os períodos que deveriam ter sido
reconhecidos, haja vista terem sido laborados em condições especiais, devidamente enquadráveis nas
leis respectivas, negligenciadas pela Recorrente, sendo pois justa e totalmente equilibrada a douta
decisão, que espera ver mantida em todos os seus termos.

Venerando Julgador, não há que se falar em prescrição e/ou decadência, quando deveria a
Contestante, ter concedido o melhor benefício, eis que já com direito adquirido quando da postulação
administrativa, de modo que feriu o quanto disposto na IN 77 Art. 621. (O INSS deve conceder o
melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido).

Assim, não poderá agora, querer modificar ou mesmo fazer proveito de sua própria torpeza, eis que
foi quem gerou a “nulidade primária” não incidindo, portanto, qualquer decadência e/ou prescrição,
pois deu “azo” à nulidade do seu ato, portanto, deverá sim ressarcir o segurado, nos termos que fora
proposta a ação.

Não há prescrição ou decadência a ser pronunciada, como afirma em sede de REPERCUSSÃO


GERAL, a ministra Ellen Gracie no RE-630.501 RS (sic):

(...) APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO – Cumpre observar o quanto mais


favorável ao beneficiário, pouco importando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento
das condições legais. Considerações sobre o instituto do direito adquirido, na voz abalizada da relatora
– ministra Ellen Gracie – subscritas pela maioria.(...)

Venerando Julgador, a relação tributária existe no exato momento em que se tem um “retorno” do
quanto é “tributado”, ou seja, tem que obrigatoriamente existir uma relação de pagamento x
retorno dos serviços. Acontece que a lei trabalhista, é clara no sentido de que não extingue mais
o contrato de trabalho, a aposentadoria (art. 453 da CLT), de modo que inexistindo a extinção do
contrato de trabalho, passou-se a entender a continuidade do vínculo, portanto a UNICIDADE do
vínculo, logo, foi pago a maior, os encargos sociais a título de INSS, já que não existia mais a
“necessidade” de efetuar um pagamento, quando já se tinha o direito adquirido.

A relação jurídica tributária continuativa é peculiar aos tributos relacionados a ocorrências que se
repetem, formando uma atividade mais ou menos duradoura. Por isso mesmo os contribuintes,
sujeitos passivos desta relação, inscrevem-se em cadastro específico, que se faz necessário
precisamente em virtude da continuidade dos acontecimentos relevantes do ponto de vista
tributário. Na relação jurídica continuativa, ou continuada, muitas vezes, até a determinação do
valor a ser pago pelo contribuinte depende não apenas de um fato tributável, mas do
encadeamento dos fatos que a integram.

Venerando Julgador, se um empregado se aposentar e mantiver o mesmo emprego ou iniciar


outro, terá dois vínculos: um de contrato de trabalho (empregado - empregador); outro de
aposentadoria (segurado - Previdência Social). E aí existirá apenas um liame com a
Administração (empregado - empregador), não se podendo cogitar de acumulação! São relações
jurídicas que podem ser sobrepostas, na medida em que distintas e compatíveis.

Tanto são distintas essas relações jurídicas que para o funcionário a aposentadoria é custeada,
integralmente, pelo Tesouro (v., v.g., art. 231, § 2º, Lei 8.112/90), vencendo proventos sem

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redução, ao passo que para o empregado a aposentadoria está às expensas do órgão gestor da
Previdência (INSS), sendo custeada por contribuições do próprio segurado e do seu empregador,
sujeitando-se aos limites da legislação própria (o segurado sofre redução de ganhos na
inatividade).

E mais. A relação previdenciária pode independer de relação funcional ou de trabalho; basta o


segurado aportar contribuições ao sistema para que se torne partícipe deste vínculo (v. art. 201, §
1º, da Constituição).

A consequência do entendimento da DUALIDADE DE CONTRATO DE TRABALHO, ou sua


UNICIDADE, está justamente nos efeitos da RESCISÃO, eis que adquire direitos gradualmente a
cada PRESTAÇÃO CONTINUADA a título de salário diferido, justamente para “garantir” o futuro,
quando se presume não tenha mais “forças” para continuar trabalhando. Ora se é devido a multa
de 40% sobre o FGTS, é devida também a “aposentadoria” já que não se permite a
CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS do mesmo órgão. Seria a continuidade dos “descontos” uma
“extorsão” já que nada terá em troca do pagamento.

“APOSENTADORA ESPONTÂNEA - EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO - A aposentadoria


espontânea implica, necessariamente, a extinção do contrato de trabalho. Nas readmissões após a
aposentadoria espontânea, ocorrendo a dispensa sem justa causa, a multa de 40% deverá ser calculada
com base nos depósitos do FGTS efetuados no período pós-aposentadoria e não sobre a totalidade do
período trabalhado na empresa. Orientação Jurisprudencial nº 177. Embargos não conhecidos.” (TST-E-
RR-628.600/2000.3, SESBDI, Rel. Min. CARLOS ALBERTO REIS DE PAULA, DJU 13.02.2004)

Todavia, o inciso I, do art. 7º da Constituição Federal, que garante a indenização de 40% do


FGTS, não a exclui no caso de aposentadoria espontânea. Também não existe qualquer
disposição legal compatível com a Constituição, reconhecendo a aposentadoria espontânea como
motivo de extinção do contrato de trabalho, sem indenização para o trabalhador. Assim,
aposentado por tempo de serviço, pode o trabalhador continuar trabalhando na empresa
normalmente, salvo se o empregador não mais o quiser, quando terá, então, que rescindir o
contrato por sua iniciativa, sem justa casa, e arcar com o pagamento das consequentes verbas
rescisórias.

II – DIREITO – DECADÊNCIA

Entende a Ré o Autor não faz jus a revisão do benefício, tendo em vista ter ocorrido a decadência
do direito de revisão, pois já se passaram mais de 10 (dez) anos do ato concessório do benefício
por incapacidade em questão.

Todavia, na presente demanda não ocorreu a decadência, pois a Ré reconheceu o direito à


revisão do benefício do Autor antes de decorrer os 10 anos de sua concessão.

Isto porque, em 15/04/2010, o INSS publicou o Memorando-Circular Conjunto nº


21/DIRBEN/PFEINSS que acarretou o efetivo reconhecimento do direito de revisão dos
benefícios para exclusão dos 20% menores salários de contribuição, porquanto afirmou
expressamente que "são passíveis de revisão os benefícios e pensões derivadas destes, assim

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como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, no Período Básico de Cálculo -
PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendo revisa-los
para que sejam considerados somente os 80% (oitenta pro cento) maiores salários-de-
contribuição."

Desta forma, como a Autarquia Previdenciária reconheceu expressamente o direito a revisão o


prazo decadencial, deve ser computado a partir da data da edição do Memorando-Circular
Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de modo que, somente ocorre a contagem do prazo
decadencial em relação aos benefícios concedidos antes de 15/04/2000.

Nesse diapasão, destaca-se a seguinte jurisprudência:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. MEMORANDO-CIRCULAR-


CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS. AUXÍLIO-DOENÇA. ARTIGO 29, II DA LEI 8.213/91. 1.
Diante do reconhecimento do direito por meio do Memorando-Circular-Conjunto nº
21/DIRBEN/PFEINSS de 15/04/2010, que autorizou a revisão dos benefícios concedidos com
data de início posterior a 29/11/1999, mediante a aplicação do artigo 29, II da Lei 8.213/91, a
decadência deve ser contada a partir desta data 2. O mesmo Memorando-Circular Conjunto
constitui marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo
29, II, da Lei 8.213/91. Essa interrupção garante o recebimento das parcelas anteriores a cinco anos
da publicação do normativo para pedidos que ingressarem administrativa ou judicialmente em até
cinco anos após a mesma data, uma vez que houve reconhecimento administrativo do direito. 3. Em
relação aos fatores de atualização do débito, a partir de julho de 2009, impõe-se: a) a observância do
que decidido com efeito "erga omnes" e eficácia vinculante pelo STF nas ADIs 4.357 e 4.425,
restabelecendo-se a sistemática anterior à Lei nº 11.960/09, ou seja, incidência de correção monetária
pelo INPC; b) para fins de apuração dos juros de mora haverá a incidência, uma única vez (ou seja,
sem capitalização dos juros moratórios), até o efetivo pagamento, do índice oficial de juros aplicado à
caderneta de poupança, conforme entendimento firmado pelo STJ. (TRF4, AC 5010117-
75.2013.404.7205, Sexta Turma, Relator p/ Acórdão (auxílio João Batista) Paulo Paim da Silva,
juntado aos autos em 28/08/2014)

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. INTERESSE DE AGIR. DECADÊNCIA.


MEMORANDO-CIRCULAR-CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS. AUXÍLIO-DOENÇA. ARTIGO 29, II
DA LEI 8.213/91. 1. Em se tratando de revisão de benefício previdenciário na qual se questiona
cálculo equivocado da RMI, não se exige o prévio ingresso na via administrativa, pois a pretensão
resistida configura-se no momento em que a Previdência Social quantifica o valor a ser pago, daí
derivando o interesse de agir. 2. Decorrendo a pretensão de revisão do Memorando-Circular-Conjunto
nº 21/DIRBEN/PFEINSS, que autorizou a revisão dos benefícios por invalidez, mediante a aplicação
do artigo 29, II da Lei 8.213/91, não se cogita de decadência. 3. Os Decretos 3.265/99 e 5.545/05, que
modificaram o artigo 32 do Decreto 3.048/99 (RBPS), incidiram em ilegalidade ao restringir a
sistemática de cálculo do salário-de-benefício dos benefícios por incapacidade, pois contrariaram as
diretrizes estabelecidas pelos artigos 29 da Lei 8.213/91 e 3º da Lei 9.876/99. 4. No caso de
benefícios por incapacidade concedidos após a vigência da Lei nº. 9.876/99, o salário-de-benefício
consistirá na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80%
do período contributivo considerado, independentemente do número de contribuições mensais
vertidas. (TRF4, AC 0011181-68.2013.404.9999, Quinta Turma, Relator Ricardo Teixeira do Valle
Pereira, D.E. 22/10/2013)

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PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. ART. 29, II, DA LEI 8.23/91. AUXÍLIO-DOENÇA TRANSFORMADO
EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INTERESSE DE AGIR. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. 1.
Já tendo transcorrido mais de dez anos da concessão do auxílio-doença precedente da aposentadoria
por invalidez que se pretende revisar, resta evidenciada a pretensão resistida do INSS para
ajuizamento da ação que postula a revisão do benefício com base no entendimento preconizado no
Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010. 2. O prazo
decadencial previsto no artigo 103, caput, da Lei 8.213/91, não afasta o direito de revisão do benefício
transformado ainda que tenha que ser recalculado o salário-de-benefício do auxílio-doença
precedente concedido há mais de dez anos. Prazos decadenciais diversos (PEDILEF
2008.50.51.001325-4, Rel. Juiz ADEL AMÉRICO DIAS DE OLIVEIRA, D.D. 27/06/2012). 3.
Ilegalidade expressamente reconhecida pela autarquia previdenciária antes do transcurso do
prazo decadencial de revisão pelo Decreto nº 6.939, de 18/08/2009, o que configura direito
adquirido do segurado de pleitear referido direito a qualquer tempo (artigo 5º, XXXVI, da CF). 4.
Interrupção da prescrição quinquenal pelo Memorando Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de
15/04/2010 (5018503-64.2012.404.7000, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/
Acórdão Paulo Paim da Silva, D.E. 25/06/2012). 5. Recurso da parte autora provido. ( 5010654-
93.2012.404.7112, Terceira Turma Recursal do RS, Relatora p/ Acórdão Marina Vasques Duarte de
Barros Falcão, julgado em 12/12/2012)

Destaca-se ainda trecho do voto da Relatora Marina Vasques Duarte de Barros Falcão, o qual
nos esclarece de modo simples e didático:

Ademais, o caso em apreço apresenta peculiaridade a ser considerada. O


próprio INSS reconheceu a ilegalidade do Decreto que afastava a aplicação do
artigo 29, II, da Lei 8.213/91, determinando, inclusive, a revisão administrativa dos
benefícios assim concedidos.

O Decreto nº 6.939, de 18/08/2009, já alterara as disposições anteriores que


contrariavam frontalmente as normas legais.

Ainda, em 15 de abril de 2010, o Instituto editou o Memorando-Circular


Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, pelo qual passou a conceder administrativamente
os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez já com a correta
observância do artigo 29, II, da Lei nº 8.213/91, reconhecendo o direito do segurado
à revisão administrativa dos benefícios em manutenção. Constava no referido
Memorando expressamente o reconhecimento da ilegalidade do Decreto revogado.

Assim, independentemente de o segurado ter requerido esta revisão em juízo


apenas em período posterior, a verdade é que já havia adquirido o direito a ela, pouco
importando quando passou a exercer sua prerrogativa. Interpretação diversa fere
frontalmente o direito individual previsto no artigo 5º, XXXVI, da CF, não sendo de se
admitir que dispositivo legal impeça o exercício de direito previsto constitucionalmente.

Essa revisão deveria ter sido feita pela administração inclusive de ofício, pois todo
ato de concessão de benefício é vinculado à lei e não está sujeito a critérios
discricionários da administração. Uma vez reconhecido o erro administrativo, a ilegalidade
no seu procedimento, tem a administração a obrigação legal e constitucional de revisar de
ofício seus próprios atos. A manutenção eterna da reconhecida ilegalidade administrativa,
em benefício prestacional com nítido caráter alimentar, destinado à preservação das
condições mínimas existenciais do indivíduo e diretamente vinculado à ideia de dignidade
da pessoa humana, não se coaduna com o sistema constitucional pátrio”.

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Desta forma, ante o reconhecimento expresso do direito a revisão do benefício da parte Autora
por meio do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, somente ocorre a
decadência do direito de revisão pela aplicação do art. 29, II, da Lei 8.213/91 em relação aos
benefícios concedidos antes de 15/04/2000.

II.2 – DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Quanto a prescrição tem-se que, o parágrafo único do art. 103 da Lei n.º 8.213/91 assevera que "
prescreve em 5 (cinco) anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer
ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela
Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil".

Entretanto, é de suma importância analisar caso a caso as condições que impedem, suspendem
e interrompem o curso do prazo prescricional, bem como se há renuncia expressa ou tácita
prescrição.

E, no caso em questão, há causa causa interruptiva e supensiva da prescrição, que assegura


ao Autor o pagamento de todas as parcelas vencidas decorrentes da revisão do art. 29, II, da Lei
8.213/91.

Isto porque, conforme já afirmamos acima, em 15/04/2010, a Ré publicou o Memorando-Circular


Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS o qual implicou o efetivo reconhecimento do direito de revisão
dos benefícios por incapacidade a fim de excluir os 20% menores salários de contribuição,
porquanto asseverou que "são passíveis de revisão os benefícios por incapacidade e pensões
derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, no
Período Básico de Cálculo - PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-
contribuição, cabendo revisa-los para que sejam considerados somente os 80% (oitenta pro
cento) maiores salários-de-contribuição."

Ainda, importante frisar que a Turma Nacional de Uniformização já se posicionou no sentido de


que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15/04/2010 interrompeu a
prescrição do direito de revisão pela aplicação do art. 29, II, da Lei 8.213/91, devendo serem
pagas todas as parcelas vencidas a partir da concessão do benefício:

PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/91.
CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO DE 2010, EXPEDIDO PELO INSS,
DECLARANDO O DIREITO. CAUSA INTERRUPTIVA DA PRESCRIÇÃO EM CURSO. RENÚNCIA
AO PRAZO JÁ CONSUMADO. ENTENDIMENTO DO STJ EM PROCESSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA (RESP N. 1.270.439/MG). APLICAÇÃO DO DIREITO À ESPÉCIE. ART. 257 DO
REGIMENTO INTERNO DO STJ. SÚMULA 456 DO STF. INEXISTÊNCIA DE SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.

1. O INSS, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, reformando os termos da

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sentença, julgou procedente a demanda e o condenou a revisar o benefício de auxílio-doença
percebido pelo autor, nos termos do art. 29, II, da Lei 8.213/91. Sustenta o recorrente, em suma, a
incidência da prescrição qüinqüenal, conforme Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça. O incidente
foi admitido na origem.

2. Sem razão a autarquia previdenciária. O Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, de 15-4-2010,


enquanto ato administrativo de reconhecimento do direito à revisão do ato de concessão do
benefício, pela aplicação da regra do art. 29, II, da Lei 8.213/91, interrompeu o prazo
prescricional eventualmente em curso (art. 202, VI, do Código Civil), importando sua renúncia
quando já consumado (art. 191 do Código Civil). Ele somente voltaria a fluir, pela metade do prazo
(art. 9º do Decreto 20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com
o interesse de saldar a dívida, o que definitivamente não ocorreu no caso em comento. A propósito do
assunto, embora referente a servidor público, o julgamento da 1ª Seção do Superior Tribunal de
Justiça proferido no REsp 1.270.439/PR (recurso especial repetitivo), de que foi relator o Sr. Ministro
Castro Meira, com acórdão publicado no DJ de 2-8-2013.

3. Assim, não há que se falar em prescrição, devendo retroagir os efeitos financeiros da


revisão à data de concessão do benefício revisando, para os pedidos administrativos ou
judiciais que tenham sido formulados dentro do período de 5 (cinco) anos contados da
publicação do ato normativo referenciado.

4. Aplicação ao presente caso, do disposto no art. 257 do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça, por analogia, e da Súmula 456 do Supremo Tribunal Federal, que prescrevem a possibilidade
de aplicação do direito à espécie pelo Colegiado, quando superado o juízo de admissibilidade
recursal. Assim, o incidente deve ser conhecido para, no mérito, aplicando o direito, negar-lhe
provimento.

5. Julgamento de acordo com o art. 46 da Lei 9.099/95

6. Incidente conhecido e desprovido, devendo ser fixada a tese de que: (i) a publicação do
Memorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-4-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos
segurados à revisão pelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos
prazos prescricionais em curso, que voltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii)
para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentro do período de 5 (cinco) anos da
publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitos financeiros
da revisão à data de concessão do benefício revisando.

(PEDLEF 0012958-85.2008.4.03.6315, Relator Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU
14/03/2014)

E, conforme a TNU tenha referido que esta causa interruptiva da prescrição da prescrição
aproveita a todos que efetuarem pedido administrativo ou judicial de revisão até 15/04/2015,
sendo que o prazo prescricional teria voltado a correr a partir da data do Memorando
21/DIRBEN/PFE/INSS fato é que aquela Egrégia Turma não analisou detidamente a matéria
referente ao reinicio do computo do prazo prescricional (até mesmo por falta de
provocação das partes) e, assim, deixou de manifestar-se sobre a suspensão do prazo
prescricional entre a data do memorando e a apuração dos valores devidos e efetivo
pagamento.

Nesse diapasão, tem-se que o Decreto nº 20.910/32, que trata da contagem do prazo

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prescricional contra a Fazenda Pública, prevê, em seu art. 4º, que a prescrição fica
suspensa durante o prazo utilizado pela administração para estudar e apurar o valor da
dívida. Confira-se o texto legal:

Art. 4º Não corre a prescrição durante a demora que, no estudo, ao


reconhecimento ou no pagamento da dívida, considerada líquida, tiverem as
repartições ou funcionários encarregados de estudar e apurá-la. (destacamos)

Ora Excelências, o INSS reconheceu o direito a revisão dos benfícios por incapacidade e
pensões por morte não precedidas de outros beneficio através do Memorando-Circular Conjunto
nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15/04/2010 deteminando que seus servidores efetuassem a revisão
dos benefícios em questão.

Nessa esteira, a partir do reconhecimento ao direito de revisão deveria a Ré ter efetuado todas as
revisões e procedido ao pagamento, não podendo o beneficiário ser prejudicado pela lentidão dos
servidores do INSS em efetuar os cálculos do valor correto da renda e dos valores devidos, nem
pela demora da Autarquia em providenciar o pagamento dos valores que já reconhecidos como
devidos, motivo pelo qual o prazo prescricional ficou suspenso a partir do instante em que a
Autarquia Previdenciária reconheceu o direito à revisão do benefício em questão, por meio
do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS e ainda ficará supenso até o
momento do efetivo pagamento dos valores atrasados.

Sendo assim, reconhecendo que o prazo prescricional ficou suspenso após a edição do
Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, trazemos ainda o seguinte trecho do
voto da Relatora Susana Sbrogio' Galia, ao julgar o recurso cível nº 5006761-
60.2013.404.7112/RS:

“No que se refere à prescrição, a questão foi pacificada pela Turma Nacional de
Uniformização no seguinte sentido:

"(...)

2. Sem razão a autarquia previdenciária. O Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, de 15-4-


2010, enquanto ato administrativo de reconhecimento do direito à revisão do ato de concessão
do benefício, pela aplicação da regra do art. 29, II, da Lei 8.213/91, interrompeu o prazo
prescricional eventualmente em curso (art. 202, VI, do Código Civil), importando sua renúncia
quando já consumado (art. 191 do Código Civil). Ele somente voltaria a fluir, pela metade do prazo
(art. 9º do Decreto 20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível
com o interesse de saldar a dívida, o que definitivamente não ocorreu no caso em comento. A
propósito do assunto, embora referente a servidor público, o julgamento da 1ª Seção do Superior
Tribunal de Justiça proferido no REsp 1.270.439/PR (recurso especial repetitivo), de que foi relator o
Sr. Ministro Castro Meira, com acórdão publicado no DJ de 2-8-2013.

(...)

6. Incidente conhecido e desprovido, devendo ser fixada a tese de que: (i) a publicação do
Memorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-4-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos

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segurados à revisão pelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos
prazos prescricionais em curso, que voltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii)
para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentro do período de 5 (cinco) anos da
publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitos financeiros
da revisão à data de concessão do benefício revisando." (TNU, PEDILEF N. 0012958-
85.2008.4.03.6315, Rel. Juiz Federal Gláucio Maciel, julgado em 14.02.2014).

Consignamos, por derradeiro, que suspensa a prescrição, não voltou a contar o prazo
prescricional visto que, enquanto pendente o pagamento da dívida já reconhecida
administrativamente pelo INSS, a contagem não deve ser reiniciada, nos termos do artigo
4º do Decreto 20.910/32.

A própria Autarquia Ré reconheceu a ilegalidade do decreto que afastava a aplicação


do artigo 29, II, da Lei 8.213/91, ordenando, inclusive, a revisão administrativa dos
benefícios concedidos sob esta égide. Inclusive, o Decreto n. 6.939, de 18/08/2009, já
alterara as disposições anteriores que contrariavam frontalmente as normas legais.”

(5006761-60.2013.404.7112, Terceira Turma Recursal do RS, Relator p/ Acórdão


Susana Sbrogio Galia, julgado em 31/03/2016) (grifado)

Da mesma forma, o voto do relator Osório Ávila Neto ao julgar o Recurso Cível Nº 5003976-
51.2015.404.7114/RS:

Contudo, segundo entendimento da TRU da 4ª Região, a interrupção do prazo


prescricional deu-se com a edição do Memorando-Circular Conjunto nº
21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, garantindo ao segurado o recebimento das
parcelas anteriores a cinco anos da publicação do normativo para pedidos que
ingressarem administrativa ou judicialmente em até cinco anos:

REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO DE


RECONHECIMENTO DO DIREITO. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. 1. O Memorando-
Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, constitui marco interruptivo do
prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei 8.213/91.
2. Essa interrupção garante o recebimento das parcelas anteriores a cinco anos da
publicação do normativo para pedidos que ingressarem administrativa ou judicialmente em
até cinco anos após a mesma data, uma vez que houve reconhecimento administrativo do
direito. 3. Pedido de uniformização provido. ( 5018503-64.2012.404.7000, Turma Regional
de Uniformização da 4ª Região, Relator p/ Acórdão Paulo Paim da Silva, D.E. 25/06/2012)

Interrompida a prescrição, não se operou o recomeço do cômputo do prazo prescricional pela metade,
visto que, enquanto pendente o pagamento da dívida já reconhecida administrativamente pelo INSS, a
contagem não deve ser reiniciada, nos termos do artigo 4º do Decreto 20.910/32.”

(5003976-51.2015.404.7114, Quarta Turma Recursal do RS, Relator p/ Acórdão Osório Ávila Neto, julgado em
06/04/2016) (grifado)

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Deste modo, restou claro que a prescrição foi interrompida pelo Memorando-Circular
Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15/04/2010 e que o prazo prescricional somente
voltará a ser contado caso a Ré pratique ato incompatível com o pagamento

Por outro lado, na remota possibilidade de se entender que o Memorando-Circular Conjunto nº


21/DIRBEN/PFEINSS, não implica em renuncia, interrupção suspensão do prazo prescricional é
necessário que se reconheça que houve momento interruptivo de prazo prescrição em 17 de abril
de 2012, quando o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical
e o Ministério Público Federal ingressaram com a Ação Civil Pública (ACP) n°
0002320.59.2012.4.03.6183/SP contra a Ré, com o intuito de revisão dos benefícios por
incapacidade com data de inicio a partir de 29/11/1999, por meio da aplicação do art. 29, II, da Lei
8.213/91, o INSS reconheceu cabalmente o direito à revisão e ao pagamento das parcelas
atrasadas a partir de 17/04/2007.

Sendo assim, a prescrição foi interrompida pela citação válida da Ré na ação civil pública
citada acima e permaneceu suspensa durante toda a tramitação da Ação Civil Pública que
versava sobre a mesma hipótese de revisão aplicada ao benefício da parte Autora.

Nesse sentido, adotando que o ingresso de ação civil pública sobre a mesma matéria interrompe
o prazo prescricional trazemos à discussão a seguinte jurisprudência do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO


ESPECIAL.PROCESSUAL CIVIL. PROCESSO CIVIL. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. AÇÃO DE
COBRANÇA. PRESCRIÇÃO. AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA QUE INTERROMPE O
PRAZO PARA AS AÇÕES INDIVIDUAIS. AGRAVO IMPROVIDO.

1. A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que a citação válida em


ação coletiva configura causa interruptiva do prazo de prescrição para o ajuizamento da ação
individual.

2. Se a parte agravante não apresenta argumentos hábeis a infirmar os fundamentos da decisão


regimentalmente agravada, deve ela ser mantida por seus próprios fundamentos.

3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg nos EDcl no REsp 1426620/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 05/11/2015, DJe 18/11/2015) (grifado)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO


CONFIGURADA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. REVISÃO. TEMPO RURAL.
TEMPO ESPECIAL. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. OCORRÊNCIA.
PRECEDENTES.

1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535
do CPC. Os Embargos Declaratórios não constituem instrumento adequado para a rediscussão da
matéria de mérito.

2. Devidamente comprovado, nos termos da legislação aplicável, o tempo de serviço rural, procede
o pedido de revisão de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição, com o consequente

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recebimento das prestações vencidas.

3. O STJ consolidou o entendimento de que a citação válida, excepcionando-se as causas do art.


267, II e III, do Código de Processo Civil, interrompe a prescrição.

4. De acordo com a jurisprudência do STJ, a Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério
Público objetivando a nulidade dos atos normativos expedidos no sentido de não admitir
prova de tempo de serviço rural em nome de terceiros interrompeu a prescrição quinquenal
das ações individuais propostas com a mesma finalidade (art. 219, caput e § 1º do CPC e art.
203 do CCB).

5. Recurso Especial não provido.

(REsp 1449964/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em


05/08/2014, DJe 13/10/2014) (grifado)

Também, compete cotejar o entendimento da Turma Nacional de Uniformização:

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO.


PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. INOCORRÊNCIA. INTERRUPÇÃO DA
PRESCRIÇÃO PELA CITAÇÃO VÁLIDA DO INSS EM AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PROVIDO. 1. Atendidos os
pressupostos processuais, merece conhecimento o presente Pedido de
Uniformização, cujo cerne é a aplicação da prescrição na espécie – ação de
cobrança de diferenças devidas a título de revisão de benefício
previdenciário (correção dos 24 salários-de-contribuição, anteriores aos 12
últimos, pela variação OTN/ORTN) – considerando-se a interrupção havida
por força da citação do INSS na ação civil pública nº 2001.71.00.038536-8,
ainda não transitada em julgado. 2. Uma vez interrompida a prescrição
decorrente de citação na ação civil pública, o prazo somente volta a
correr a contar do seu trânsito em julgado, ficando suspenso durante o
curso do processo. Precedentes do STJ (EDcl no REsp 511.121/MG e
REsp 657.993/SP). 3. No caso dos autos não há de se falar em
prescrição de quaisquer parcelas cobradas pela parte autora, que
correspondem, nos termos de sua inicial, às diferenças da especificada
revisão do benefício vencidas nos cinco anos anteriores ao
ajuizamento da ação civil pública. Isso porque à época do ajuizamento da
presente ação (abril/2006), não havendo que se falar em trânsito em julgado
da ação civil pública nº 2001.71.00.038536-8, ainda estava suspenso o
transcurso do prazo extintivo. 4. Pedido de Uniformização provido.
(PEDILEF 200671570008202, Relator Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo
Bezerra Filho, DJ 15/12/2010) (grifado)

Da mesma forma, a jurisprudência da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ESTÍMULO À DOCÊNCIA NO


MAGISTÉRIO SUPERIOR - GED. AÇÃO CIVIL PÚBLICA INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. AÇÃO INDIVIDUAL. 1.
A Turma Regional uniformizou o entendimento de que "o ajuizamento de ação coletiva interrompe o curso do
prazo prescricional para o ajuizamento das ações individuais, desde que efetivada a citação válida da Ré
naqueles autos, retroagindo a interrupção da prescrição à data da propositura da ação" (IUJEF nº 5023962-
47.2012.404.7000, Rel. Juiz Federal Claudio Gonsales Valerio, D.E. 27/09/2012). Precedentes (vg, IUJEF nº 5023340-
65.2012.404.7000, Rel. Juiz Federal Osório Ávila Neto, D.E. 05/05/2015; IUJEF nº 5027164-32.2012.404.7000, Rel.

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Juiz Federal Leonardo Castanho Mendes, D.E. 19/03/2015; e IUJEF nº 5038329-76.2012.404.7000, Rel. Juiz Federal
Gerson Luiz Rocha, D.E. 15/12/2014). 2. Pedido provido, com o retorno dos autos à Turma de origem para juízo de
adequação. ( 5018550-72.2011.404.7000, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora p/ Acórdão
Jacqueline Michels Bilhalva, juntado aos autos em 13/08/2015) (grifado)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. AÇÃO


INDIVIDUAL. 1. Matéria uniformizada por esta Turma Regional da 4a.Região. 2. A citação válida na ação coletiva
aproveita a todos os substituídos na ação individual que venham a posteriormente propor, para fins de
interrupção do prazo prescricional, que só volta a correr com o trânsito em julgado da sentença coletiva. 3.
Pedido provido. (5053415-53.2013.404.7000, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/ Acórdão
Susana Sbrogio Galia, juntado aos autos em 20/03/2015) (grifado)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO SÚMULA Nº 02 DO TRF4. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. REINÍCIO DO PRAZO PRESCRICIONAL. MATÉRIA UNIFORMIZADA.
PRECEDENTE DA TNU. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. 1. Esta Turma Regional tem entendimento de
que a interrupção do prazo prescricional pela citação válida em ação civil pública só volta a correr com o
trânsito em julgado da sentença coletiva (IUJEF 5000673-37.2012.404.7113, relatora Juíza Federal Maria Cristina
Saraiva Ferreira e Silva, D.E. 02/08/2012). 2. Precedente da TNU no mesmo sentido (PEDILEF 200671570008202,
relator Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 15/12/2010). 3. Incidente conhecido e provido.
(5000527-77.2013.404.7107, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/ Acórdão Ricardo Nüske, D.E.
28/06/2013) (grifado)

Ainda, o entendimento do TRF-4:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RENDA MENSAL INICIAL. RECUPERAÇÃO DOS EXCESSOS


DESPREZADOS NA ELEVAÇÃO DO TETO DAS ECS 20 E 41. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. O prazo decadencial do art. 103 da Lei nº 8.213/1991
incide sobre alterações no ato de concessão ou denegação do benefício e, na espécie, isto não é buscado. 2. Em
regra, a prescrição é qüinqüenal, contado o prazo concernente a partir da data do ajuizamento prescrição da ação.
Sem embargo, restam ressalvadas as situações em que a ação individual é precedida de ação civil pública de
âmbito nacional. Nessas hipóteses, a data de propositura desta acarreta a interrupção da prescrição. 3. As
prestações em atraso serão corrigidas pelos índices oficiais, desde o vencimento de cada parcela, ressalvada a
prescrição quinquenal, e, segundo sinalizam as mais recentes decisões do STF, a partir de 30/06/2009, deve-se
aplicar o critério de atualização estabelecido no art. 1º-F da Lei 9.494/97, na redação da Lei nº 11.960/2009. 4. Este
entendimento não obsta a que o juízo de execução observe, quando da liquidação e atualização das condenações
impostas ao INSS, o que vier a ser decidido pelo STF em regime de repercussão geral (RE 870.947), bem como
eventual regramento de transição que sobrevenha em sede de modulação de efeitos. 5. Os juros de mora são devidos
a contar da citação, à razão de 1% ao mês (Súmula nº 204 do STJ e Súmula 75 desta Corte) e, desde 01/07/2009 (Lei
nº 11.960/2009), passam a ser calculados com base na taxa de juros aplicáveis à caderneta de poupança (RESP
1.270.439), sem capitalização. (TRF4, APELREEX 5085850-37.2014.404.7100, Sexta Turma, Relatora p/ Acórdão
Vânia Hack de Almeida, juntado aos autos em 14/04/2016) (grifado)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE VINCULAÇÃO


DA DECISÃO ACERCA DO RECONHECIMENTO DA ATIVIDADE RURAL. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE

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PROVA MATERIAL CORROBORADO POR TESTEMUNHAS. CONTAGEM A PARTIR DOS 12 ANOS.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AÇÃO DE COBRANÇA. PARCELAS VENCIDAS NO LAPSO TEMPORAL
QUE MEDEIA A DATA DA ENTRADA DO REQUERIMENTO E O INÍCIO DO PAGAMENTO NA VIA
ADMINISTRATIVA. 1. A citação válida, ainda que realizada em processo intentado por meio de substituto processual,
interrompe a prescrição, sob pena de esvaziar a prestimosa colaboração da lide coletiva em termos de diminuição da
sobrecarga do Poder Judiciário. 2. O marco inicial da interrupção da prescrição retroage à data do ajuizamento
da ação civil pública na qual o INSS foi validamente citado e cuja matéria nela controvertida é a determinação do
reconhecimento de documentos em nome de terceiros para fins de provar o trabalho rural. 3. O pronunciamento da
demanda coletiva que determinou a possibilidade de comprovação da atividade campesina com a utilização de
documentos em nome de terceiros não vincula a decisão administrativa acerca do reconhecimento do labor rural em
determinado período, uma vez que dependerá da existência de provas bastantes para a sua admissão pela autarquia
previdenciária, não sendo suficiente para tanto a tutela genérica obtida na aludida demanda. 4. A existência de Ação
Civil Pública não impede a interposição de ação individual, ainda que a respeito da mesma matéria. 5. O início
razoável de prova material prescrito pela Lei 8.213/91 como condição para o reconhecimento da atividade rural,
corroborado por qualquer outro meio de prova idôneo, dentre eles o testemunhal, é suficiente para comprovar a
condição de segurado especial. 6. Comprovado o tempo de serviço, é devido o pagamento dos proventos desde a
data da entrada do requerimento. 7. Até 30.06.2009, a atualização monetária, incidindo a contar do vencimento de
cada prestação, deve-se dar pelos índices oficiais, e jurisprudencialmente aceitos, quais sejam: ORTN (10/64 a 02/86,
Lei nº 4.257/64), OTN (03/86 a 01/89, Decreto-Lei nº 2.284/86, de 03/86 a 01/89), BTN (02/89 a 02/91, Lei nº
7.777/89), INPC (03/91 a 12/92, Lei nº 8.213/91), IRSM (01/93 a 02/94, Lei nº 8.542/92), URV (03 a 06/94, Lei nº
8.880/94), IPC-r (07/94 a 06/95, Lei nº 8.880/94), INPC (07/95 a 04/96, MP nº 1.053/95), IGP-DI (05/96 a 03/2006, art.
10 da Lei nº 9.711/98, combinado com o art. 20, §§5º e 6º, da Lei n.º 8.880/94) e INPC (04/2006 a 06/2009, conforme
o art. 31 da Lei nº 10.741/03, combinado com a Lei nº 11.430/06, precedida da MP n.º 316, de 11.08.2006, que
acrescentou o art. 41-A à Lei n.º 8.213/91, e REsp. n.º 1.103.122/PR). Nesses períodos, os juros de mora devem ser
fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3º do Decreto-Lei n.º 2.322/87, aplicável
analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar, consoante
firme entendimento consagrado na jurisprudência do STJ e na Súmula 75 desta Corte. A contar de 01.07.2009, data
em que passou a viger a Lei nº 11.960, de 29.06.2009, publicada em 30.06.2009, que alterou o art. 1º-F da Lei nº
9.494/97, para fins de atualização monetária e juros haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos
índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Omissão da sentença suprida de
ofício. (TRF4, APELREEX 2008.72.01.003612-4, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 13/09/2010)
(grifado)

Como se não satisfizesse, além do já fiel entendimento dos tribunais e da doutrina sobre o tema,
faz-se necessário atentar para o fato de que o PL nº. 5.139/2009 que trata da ação civil pública
(ainda em tramite perante a Câmara dos Deputados) prevê expressamente a interrupção da
prescrição da pretensão individual pela citação válida na ação coletiva em seu art. 15 – “Art. 15.
A citação válida nas ações coletivas interrompe o prazo de prescrição das pretensões individuais
direta ou indiretamente relacionadas com a controvérsia, desde a distribuição até o final do
processo coletivo, ainda que haja extinção do processo sem resolução do mérito”. Tal
circunstância endossa a posição de admitir a interrupção da prescrição no atual sistema.

ADEMAIS A DECISÃO DO TEMA 1102 com repersussão geral, de relatoria do Ministro


MARCO AURELIO no RE 1276977, também neste sentido, pondo fim a controversia (sic):
Tema

1102 - Possibilidade de revisão de benefício previdenciário mediante a aplicação da regra


definitiva do artigo 29, incisos I e II, da Lei nº 8.213/91, quando mais favorável do que a

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regra de transição contida no artigo 3º da Lei nº 9.876/99, aos segurados que ingressaram
no Regime Geral de Previdência Social antes da publicação da referida Lei nº 9.876/99,
ocorrida em 26/11/99.

Relator: MIN. MARCO AURÉLIO

Leading Case: RE 1276977

Há Repercussão?
Sim

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(...)

Destarte, louva no entendimento deste venerando e douto Juízo, não tgendo outras PROVAS A
PRODUZIR, ratificando todas já existentes, principalmente a pacificação de repercussão geral,
havida no TEMA 1102 do STF, pugnando pela não prescrição.

Logo, tendo ocorrido a citação do INSS na ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP,


ocorreu a interrupção do prazo prescricional tanto para o pedido de revisão quanto para a
cobrança dos valores atrasados, pelo que espra a procedência dos pedidos, quando se estará
fazenda a mais lídima,

JUSTIÇA!

Pede e espera deferimento,

Salvador, 03, abril, 2023

DJALMA DA SILVA LEANDRO

OAB/BA-10702

Assinado eletronicamente por: DJALMA DA SILVA LEANDRO - 03/04/2023 08:51:13 Num. 1557937379 - Pág. 14
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23040308504586100001543985062
Número do documento: 23040308504586100001543985062

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