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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA __ VARA FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE [NOME DA CIDADE] – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO [ESTADO].

NOME DO AUTOR, nacionalidade, estado civil, profissão,


portador da cédula de identidade com RG n° [...], inscrito no CPF/MF sob n° [...],
residente e domiciliado à Rua [...], n° [...], CEP [...], [Município], [Estado], vem, por
intermédio de seu advogado signatário, cujo endereço eletrônico é [endereço de e-
mail do advogado], com endereço profissional à Rua [...], n° [...], Bairro [...], CEP [...],
[Município], [Estado], local onde recebem citações e intimações, muito
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA CONDENATÓRIA DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS,


autarquia federal com representação jurídica à Rua [...], n° [...], Bairro [...], CEP [...],
[Município], [Estado], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1. DOS FATOS

O autor é portador de [nome da(s) doença(s)] Tendinopatia,


Osteoartropatia e Bursite, (CID XXX, YYY e ZZZ, respectivamente, doenças que causam
[explicar brevemente] a inflamação dos tendões, alterações sistêmicas nos ossos,
articulações e tecidos moles e alteração da bolsa sinovial, causando muitas dores e
desconforto.

Em virtude dessas doenças, o autor percebeu o benefício de


auxílio-doença no período de [data em que começou a perceber possível benefício] a
[data de cessação] (NB n° ...). Após a cessação desse benefício, encontrando-se ainda
incapaz para o exercício das atividades laborativas que lhe garantem a subsistência, o
autor dirigiu-se ao INSS em [nova DER] no intuito de requerer novamente o benefício
de auxílio-doença.

O requerimento foi identificado sob o NB [...], com perícia


médica administrativa realizada em [data da perícia], na qual o autor informou ser
portador das doenças acima citadas. O médico perito, no entanto, concluiu pela
capacidade do autor, motivo pelo qual o seu benefício restou indeferido.

Contudo, Excelência, esta não é a melhor solução ao caso


concreto, porquanto o autor de fato apresenta incapacidade laborativa em virtude da
Tendinopatia, da Osteoartropatia e da Bursite que lhe acometem.

Portanto, verifica-se que o indeferimento do benefício pelo


INSS afigura-se equivocado, o que merece ser retificado, conforme se passa a
demonstrar.

2. DO DIREITO SUBJETIVO À APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

A concessão do benefício de aposentadoria por invalidez é


condicionada ao preenchimento de três requisitos: qualidade de segurado do Regime
Geral de Previdência Social – RGPS, carência, e incapacidade total e permanente para o
exercício da atividade habitual.

A diferenciação entre os benefícios de aposentadoria por


invalidez e auxílio-doença, por sua vez, se encontra na permanência da incapacidade.
Nesse sentido, será devido o auxílio-doença naqueles casos em que a incapacidade,
embora seja total, é apenas temporária, sendo possível o retorno às atividades em
momento posterior.

Na impossibilidade de aferição do termo final da incapacidade,


é devido o deferimento da aposentadoria por invalidez, em detrimento do auxílio-
doença, considerando a natureza jurídica assemelhada das prestações, que se
diferenciam, tão somente, no aspecto temporal.
Superado esse ponto, verifica-se que o autor faz jus à
aposentadoria por invalidez, tendo em vista que não há quaisquer chances de melhora
em seu quadro de saúde, pelo contrário. Constata-se ainda que o autor cumpre a
todos os requisitos à concessão da benesse, consoante se demonstra.

2.1 DA QUALIDADE DE SEGURADO E DA CARÊNCIA

A qualidade de segurado e a carência não são pontos


controvertidos, uma vez que a parte autora percebeu benefício de auxílio-doença até
[...] e se encontra empregada, conforme cópia da CTPS anexa.

Desse modo, considerando que, na data de entrada do


requerimento (DER), o autor apresentava incapacidade para o trabalho e, igualmente,
ostentava qualidade de segurado e a carência necessária, o reconhecimento do direito
ao benefício de aposentadoria por invalidez é medida que se impõe.

2.2 DA INCAPACIDADE LABORATIVA

[Relatar o quadro de saúde do autor]

Como exposto, o autor apresenta quadro de Tendinopatia,


Osteoartropatia e Bursite, o que vem lhe provocando diversas complicações, as quais
associadas lhe causam incapacidade laborativa e o impede de se manter no mercado
de trabalho.

Nos termos da documentação médica anexa, o autor apresenta


sérios problemas, como a inflamação dos tendões, alterações sistêmicas nos ossos,
articulações e tecidos moles e alteração da bolsa sonivial.

Não bastassem os problemas de saúde, o autor já se encontra


com idade avançada (... anos). A sua idade somada aos seus problemas de saúde
dificultam ainda mais o exercício de seu labor.

Como é sabido, o autor faz serviços de (Ex:limpeza/serviços


gerais), nos quais deve (Ex: subir em escadas, ajoelhar, se agachar, varrer, passar pano
no chão, entre outras atividades que demandam grande esforço físico e movimentação
dos ombros, braços e pernas).

Logo, em virtude das doenças que o acometem, o autor não


consegue exercer seu labor adequadamente e o pouco que tenta fazer lhe causa
muitas dores.

Sendo assim, diante desse complexo quadro clínico do autor,


nota-se que está totalmente incapaz para o desempenho de sua atividade laborativa
habitual ou qualquer outra que lhe garanta a subsistência, o que fica demonstrado
pela documentação médica anexa e restará devidamente corroborado por meio da
prova técnica a ser realizada nos autos.
Por essas razões, há de se concluir que o autor faz jus à
prestação de aposentadoria por invalidez requerida, devendo, pois, ser retificado o ato
denegatório do INSS, materializando-se, assim, a proteção previdenciária legalmente
garantida.

3. DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE E POSSIBILIDADE DE


CONCESSÃO DE OUTRO BENEFÍCIO NÃO PROGRAMÁVEL

Em se tratando de matéria previdenciária, a qual possui caráter


de direito social da previdência e assistência social, consoante artigo 6°, da
Constituição Federal de 1988, sendo esses direitos vinculados à concretização da
cidadania e ao respeito do princípio à dignidade humana, é sabido que algumas
formalidades legais podem ser mitigadas a fim de garantir uma sociedade livre, justa e
solidária, objetivando uma proteção eficaz aos segurados, seus dependentes e demais
beneficiários.

Nessa toada, em face da natureza pro misero do Direito


Previdenciário, calcado nos princípios da proteção social e fungibilidade dos pedidos, o
autor requer, ainda que este não seja seu pedido principal, que, caso seja constatada
incapacidade temporária, lhe seja concedido o benefício de auxílio-doença.

Do mesmo modo, caso a perícia médica judicial constate


incapacidade parcial, porém permanente, fazendo jus o autor ao benefício de auxílio-
acidente (neste caso, considerando suas patologias, de maneira geral, como acidente
de qualquer natureza), desde já, requer-se a concessão de tal benesse.

Frisa-se que o princípio da fungibilidade é comumente utilizado


nos casos de benefício por incapacidade, levando-se em consideração o caso concreto
do autor e não, necessariamente, o pedido realizado nos autos, cabendo ao julgador a
concessão daquele benefício que melhor se aperfeiçoa ao quadro fático, não sendo
considerado tal ato julgamento extra petita.

Em convergência com esse entendimento é a jurisprudência


recente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. PROVA


PERICIAL. LESÃO NÃO CONSOLIDADA. FUNGIBILIDADE DOS BENEFÍCIOS.
NECESSIDADE DE NOVA CIRURGIA. AUXÍLIO-DOENÇA. CONCESSÃO. 1.
Tratando-se de benefício por incapacidade o julgador firma a sua convicção,
via de regra, por meio da prova pericial. 2. Diante da fungibilidade dos
benefícios por incapacidade, é possível a concessão do benefício
previdenciário mais adequado à situação do segurado, ainda que a
denominação atribuída ao benefício seja diversa. 3. Hipótese em que,
ausentes os requisitos para a concessão do benefício de auxílio-acidente
- em especial as seqüelas decorrentes da consolidação das lesões do
acidente - diante da constatação da necessidade de nova cirurgia, é devida
a concessão do benefício de auxílio-doença. (TRF4, AC 5014597-
12.2020.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Relator JAIRO
GILBERTO SCHAFER, juntado aos autos em 09/10/2020)- Grifou-se

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. FUNGIBILIDADE DOS BENEFÍCIOS POR


INCAPACIDADE. AUXÍLIO-ACIDENTE. DOENÇA DEGENERATIVA.
INCABIMENTO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS PARA
CONCESSÃO ATENDIDOS. INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL E
DEFINITIVA. ATIVIDADE HABITUAL. CONDIÇÕES
SOCIAIS. TERMO INICIAL. DATA DA PERÍCIA JUDICIAL. SUPERVENIENTE.
INTERESSE DE AGIR. TUTELA ESPECÍFICA. 1. A jurisprudência deste Regional
consagrou a fungibilidade dos benefícios previdenciários de auxílio-
doença, aposentadoria por invalidez e benefício assistencial ao deficiente,
uma vez que todos possuem como requisito a redução ou supressão da
capacidade laboral. Logo, cabe ao INSS, administrativamente, ou ao
magistrado, conceder o benefício adequado à situação fática, ainda que
tenha sido formulado pedido diverso, sem incorrer em julgamento extra
petita. 2. São três os requisitos para a concessão dos benefícios por
incapacidade: 1) a qualidade de segurado; 2) o cumprimento do período de
carência de 12 contribuições mensais; 3) a incapacidade para o trabalho, de
caráter permanente (aposentadoria por invalidez) ou temporário (auxílio-
doença). 3. Não tendo havido ocorrência acidentária, não há como
conceder o benefício de auxílio-acidente, haja vista ser imprescindível que as
sequelas que reduzem a capacidade de labor decorram de acidente de
qualquer natureza. 4. O segurado portador de enfermidade que o
incapacita ainda que parcial e permanentemente, sem possibilidade de
recuperação e inviável reabilitação profissional, tem direito à concessão da
aposentadoria por invalidez. 5. É imprescindível considerar, além do estado
de saúde, as condições pessoais da parte segurada, como a sua idade, a
presumível pouca instrução, o tipo de labor desenvolvido e, por fim, a
realidade do mercado de trabalho atual, já exíguo até para pessoas jovens
e que estão em perfeitas condições de saúde. Nesse compasso, ordenar
que a parte postulante, com tais limitações, recomponha sua vida
profissional, negando-lhe o benefício no momento em que dele necessita, é
contrariar o basilar princípio da dignidade da pessoa. 6. Ainda que tenha
sido atestada a incapacidade laboral da parte autora em
data superveniente ao seu requerimento administrativo, é possível que lhe
seja concedido judicialmente o benefício por incapacidade, acaso
preenchidos os demais requisitos. 7. O cancelamento/cessação ou
indeferimento do benefício pelo INSS é suficiente para que o segurado
ingresse com a ação judicial, não sendo necessário o exaurimento da via
administrativa. 8. Em relação ao termo inicial, o entendimento que vem
sendo adotado é no sentido de que, evidenciado que a incapacidade laboral
já estava presente quando do requerimento/cessação na via administrativa,
mostra-se correto o estabelecimento do termo inicial do benefício
previdenciário em tal data. Todavia, no caso em comento, restou
comprovada a incapacidade na data da perícia judicial. 9. Determinada a
imediata implementação do benefício, valendo-se da tutela específica da
obrigação de fazer prevista no artigo 461 do CPC/1973, bem como
nos artigos 497, 536 e parágrafos e 537, do CPC/2015, independentemente
de requerimento expresso por parte do segurado ou beneficiário. (TRF4, AC
5025321-12.2019.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR,
Relator FERNANDO QUADROS DA SILVA, juntado aos autos em 16/09/2020)
– Grifou-se

Assim sendo, com base no princípio da fungibilidade e da


dignidade da pessoa humana, o autor requer, subsidiariamente, que, caso não seja
constatado o direito à aposentadoria por invalidez, que lhe seja deferido o benefício
que melhor se enquadrar à sua situação fática.

4. DOS PEDIDOS

Por todo exposto, requer a Vossa Excelência;

a) determinar a citação da autarquia ré, na pessoa de seu


procurador, para que, desejando, apresente contestação,
sob pena de confissão quanto à matéria de fato e revelia;

b) julgar integralmente procedentes os pedidos, condenando o


INSS a conceder ao autor o benefício de aposentadoria por
invalidez, desde a data de entrada do requerimento
administrativo [DER ...];

c) subsidiariamente, pelo princípio da fungibilidade, não


entendendo Vossa Excelência pela concessão da
aposentadoria por invalidez, que seja concedido ao autor o
benefício que melhor se enquadra à sua situação fática;

d) Condenar o INSS a pagar, em única parcela, as prestações


devidas, compreendidas entre a data do início do benefício e
a data do efetivo pagamento, acrescidas de correção
monetária e juros da mora;

e) Pagar honorários advocatícios à razão em que Vossa


Excelência achar por bem em arbitrar, bem como custas
processuais porventura devidas.

f) O autor é pobre na acepção jurídica do termo, não reunindo


condições econômicas de suportar as custas processuais
sem o prejuízo de sua própria manutenção, motivo pelo qual
requer, desde já, sejam deferidos os benefícios da Justiça
Gratuita, conforme poderes específicos conferidos a este
procurador no instrumento de mandato anexo
[ou..conforme declaração de hipossuficiência anexa].

Pretende-se provar o alegado com todos os meios de provas


admitidos no direito, como a documental e testemunhal, bem como aquelas que o
contraditório vier a exigir.

Por fim, o autor informa que tem interesse na realização de


audiência de conciliação, nos termos do art. 334 do CPC, no entanto, a
autocomposição resta prejudicada no caso, em decorrência da indisponibilidade do
direito do INSS, aplicando-se o disposto no § 4°, inciso II, do mesmo artigo.
Dá-se à presente causa o valor de R$ [...] (escrever valor por
extenso), conforme planilha de cálculo anexa.

Nestes termos,
Pede deferimento.

[Cidade], [Sigla do Estado], [...] de 2020.

ADVOGADO
OAB

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