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E DWA R DS
A Carruagem
Fantasma
TRA D U ÇÃO DE
K A R EN A LVA R E S
1
DAS
BY E D ITO R A WIS H
Tradução:
Karen Alvares
Preparação:
Karine Ribeiro
Revisão:
João Rodrigues
Capa e projeto gráfico:
Marina Avila
Ilustração de capa:
Marcela Lois
2023 ISBN
Copyright 2022 Editora Wish. Este material possui direitos
de tradução e publicação e, ao não divulgá-lo sem prévia
autorização da editora, você está nos ajudando a continuar
publicando raridades para os leitores. Agradecemos por isso.
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86
UMA RELÍQUIA DE
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Sinopse
Jamais esquecerei aquele olhar
enquanto viver. Meu coração
gelou, e gela até mesmo agora,
ao recordar.
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Sua única chance de voltar para a
amada esposa é buscar transporte
em uma estrada que todos sabem
ser abandonada e perigosa. Ele
só não esperava encontrar uma
estranha carruagem.
Publicada originalmente em
1864, A Carruagem Fantasma
é uma clássica história
sobrenatural da Era Vitoriana,
escrita por Amelia Edwards.
6
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ano é delas!
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7
A Carruagem
Fantasma
Amelia B. Edwards, 1864
O
s acontecimentos que es-
tou prestes a lhe relatar
têm a verdade para re-
comendá-los. Aconteceu
comigo, e as lembranças que tenho
são tão vívidas como se tivessem
ocorrido ainda ontem. No entanto, já
se passaram vinte anos desde aquela
noite. Ao longo desse tempo, contei a
8
história a apenas uma pessoa. Conto-a
agora com uma relutância que me é
difícil superar. Tudo o que suplico,
entrementes, é que se abstenha de
impor suas próprias conclusões so-
bre minha pessoa. Não quero dar ne-
nhuma desculpa, tampouco desejo
discussões. Minha opinião sobre esse
assunto já está feita e, levando em
conta a confiança em meus instintos,
prefiro respeitá-la.
Bem… Foi há apenas vinte anos,
no intervalo entre um ou dois dias, no
fim da temporada de caça aos tetra-
zes. Estive fora o dia todo com minha
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arma, e não tinha nenhum camarada
com quem conversar. O vento so-
prava do leste; o mês era dezembro; o
lugar, uma ampla charneca desolada
no extremo norte da Inglaterra1.
E eu havia me perdido.
Não era um lugar agradável no
qual se perder, com os primeiros
flocos macios de uma nevasca vin-
doura pairando sobre as urzes, e a
noite, escura como chumbo, caindo
1 No Reino Unido, a charneca é uma extensão de terreno
aberto coberto por vegetação rasteira; seu elemento mais
característico são as urzes, arbustos perenes cujas flores
exibem tons de rosa, branco e roxo. No Brasil, entretanto,
o termo tem significado oposto, sendo sinônimo de “pân-
tano” ou “brejo”. [N. T.]
10
ao redor. Protegi meus olhos com a
mão e fiquei parado, cheio de ansie-
dade, na escuridão crescente, onde a
charneca purpúrea se dissolvia em
uma cadeia de montanhas baixas,
a cerca de quinze ou vinte quilôme-
tros. Não divisei nem a mais tênue
coroa de fumaça, nem a mais ínfima
terra cultivada, ou cerca, ou sequer
uma trilha de ovelhas, em nenhuma
direção. Não havia nada a ser feito
além de andar e tentar encontrar um
abrigo qualquer, aliás. Então, mais
uma vez guardei minha arma sobre
o ombro e segui adiante, cansado; afi-
nal, estava de pé desde uma hora após
11
o amanhecer e, desde o desjejum, não
havia comido nada.
Enquanto isso, a neve passou a
cair com uma constância agourenta,
assim como o vento a soprar. Depois
disso, o frio se tornou mais intenso e a
noite se aproximou depressa. Quanto
a mim, minhas perspectivas escure-
ceram com o céu cada vez mais som-
brio, e meu coração pesou ao pensar
em minha jovem esposa, já esperando
por mim ao pé da janela na recepção
de nossa pequena hospedaria, ante-
vendo todo o sofrimento que estava
por vir no curso de toda aquela noite
12
cansativa. Estávamos casados havia
quatro meses e, tendo passado o ou-
tono nas Terras Altas, agora nos hos-
pedávamos em um vilarejo remoto
situado bem à margem das grandes
charnecas inglesas. Estávamos muito
apaixonados e, é claro, muito felizes.
Naquela manhã, quando nos despe-
dimos, ela havia implorado para que
eu retornasse antes do anoitecer, e
prometi que o faria. O que não teria
dado para cumprir minha promessa!
Mesmo naquele momento, exausto
como estava, senti que, com uma re-
feição, uma hora de repouso e um
13
guia, ainda poderia voltar para mi-
nha esposa antes da meia-noite, isso
se encontrasse um guia e um abrigo.
Durante todo esse tempo, a neve
caía e a noite ficava mais densa. De
vez em quando, eu parava e gritava,
mas meus gritos apenas pareciam
aprofundar o silêncio ainda mais.
Então uma vaga sensação de inquie-
tação me inundou e comecei a me
lembrar de histórias de viajantes
que caminharam e caminharam
sobre a neve até que, exauridos, dei-
taram-se de bom grado e adormece-
ram até partirem desta vida. Seria
14
possível, questionei-me, continuar
dessa maneira durante toda a longa
noite escura? Será que não chegaria
um momento em que meus membros
falhariam e minha determinação ce-
deria? Quando eu, da mesma forma,
deveria cair no sono da morte. Morte!
Estremeci. Como era difícil morrer
então, quando a vida assomava tão
brilhante diante de mim! Quão cruel
para minha amada, de coração tão
apaixonado, mas tal pensamento eu
não deveria carregar! Para eliminá-lo,
gritei mais uma vez, mais e mais alto,
e depois ouvi com muita atenção.
Teria sido meu clamor respondido,
15
ou talvez apenas tivesse imaginado
um grito distante? Voltei a berrar, e
mais uma vez o eco se sucedeu. Em
seguida, de súbito, uma manchinha
trêmula de luz apareceu em meio à
escuridão, movendo-se, desapare-
cendo; por um instante ficando mais
clara e próxima. Correndo naquela
direção a toda velocidade, para mi-
nha enorme alegria, deparei-me com
um velho e um candeeiro.
— Obrigado, meu Deus! — Foi a
exclamação que irrompeu de meus
lábios sem que me desse conta disso.
Piscando e franzindo a testa, ele
16
ergueu o candeeiro e espiou meu
rosto.
— Pelo quê? — rosnou, zangado.
— Bem… por você. Comecei a te-
mer estar perdido na neve.
— Pois, então, é bem verdade que
tem quem se perca por aqui às vezes,
e o que te impede de ter o mesmo fim,
se este for o desígnio do Senhor?
— Se for essa a vontade do Senhor,
de que fiquemos perdidos juntos,
amigo, então devemos aceitar, mas
não tenho a intenção de ficar perdido
sem você — retruquei. — Qual é a dis-
tância daqui até Dwolding?
17
— Uns bons trinta quilômetros,
mais ou menos.
— E o vilarejo mais próximo?
— O vilarejo mais perto daqui é
Wyke, e isso dá uns trinta quilôme-
tros pro outro lado.
— É lá que você mora, então?
— Um pouco mais pra lá — res-
pondeu ele, com um leve balançar do
candeeiro.
— Presumo que esteja indo para
casa?
— Talvez esteja.
— Então irei acompanhá-lo.
18
O velho balançou a cabeça e esfre-
gou o nariz com o cabo do candeeiro,
como se refletisse.
— Não adianta — resmungou ele.
— Ele não vai deixar você entrar…
não vai.
— Veremos — retruquei, depressa.
— Quem é Ele?
— O mestre.
— E quem é o mestre?
— Isso não é da tua conta — res-
pondeu ele, sem cerimônia.
— Bem, bem… Vá à frente, e eu
me encarregarei de garantir que o
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mestre me dê abrigo e uma refeição
esta noite.
— É, você pode tentar — sussur-
rou meu relutante guia.
E, ainda balançando a cabeça, foi
mancando tal qual um gnomo pela
neve a cair. Logo, uma forma grande
e maciça surgiu em meio à escuridão,
e um cão enorme correu para fora,
latindo, furioso.
— Esta é a casa? — perguntei.
— Pois é, a própria. Deita, Bey! —
E ele vasculhou o bolso à procura da
chave.
Fiquei bem atrás dele, preparado
20
para não perder nenhuma oportuni-
dade de entrar, e vi, no pequeno cír-
culo de luz do candeeiro, que a porta
estava cravada de pregos de ferro, tal
qual a de uma prisão. Mais um mi-
nuto se passou, e ele virou a chave,
enquanto eu me lançava logo atrás,
para dentro da casa.
Uma vez lá dentro, olhei ao redor
com curiosidade e encontrei-me num
grande salão com vigas, que, ao que
parecia, serviam para uma variedade
de usos. A um canto, havia uma pi-
lha de milho que ia até o teto, como
num celeiro. O outro canto estava
21
abastecido com sacos de farinha,
equipamentos agrícolas, barris e todo
tipo de tábuas variadas; ao mesmo
tempo, das vigas, de uma altura
acima da cabeça, pendiam fileiras
de presunto, mantas de toucinho e
ervas secas para o inverno.
No meio do chão, havia um ob-
jeto enorme, embrulhado de forma
descuidada em um pano sujo, alcan-
çando metade da altura até as vigas.
Levantando um canto do tecido, para
minha surpresa, vi um telescópio
de tamanho bastante considerável,
montado em uma plataforma móvel
22
grosseira, com quatro rodas peque-
nas. O tubo era feito de madeira
pintada, preso com anéis de metal
grosseiramente moldados; o espelho
primário, até onde eu conseguia esti-
mar sob a luz fraca, media pelo menos
quarenta centímetros de diâmetro.
Enquanto ainda estava examinando
o instrumento, pensando se não se-
ria obra de algum óptico autodidata,
uma sineta tocou de repente.
— É para você — disse meu guia,
com um sorriso cheio de malícia. — O
quarto dele fica mais para lá.
Ele apontou para uma porta preta
23
e baixa, do lado oposto do corredor.
Atravessei-o e bati na porta, um
pouco alto demais, entrando sem
esperar por um convite. Um homem
velho e enorme, de cabelos brancos,
levantou-se de uma mesa coberta de
livros e papéis, encarando-me com
severidade.
— Quem é você? — perguntou ele.
— Como chegou aqui? O que quer?
— James Murray, advogado con-
tencioso. Atravessei a charneca a pé.
Carne, bebida e repouso.
Ele curvou as sobrancelhas espes-
sas em uma carranca agourenta.
24
— Minha casa não é um lugar de
entretenimento — retrucou ele, com
desdém. — Jacob, como se atreve a
deixar este estranho entrar?
— Eu não deixei — resmungou o
outro velho. — Ele me seguiu por toda
a charneca e invadiu bem na minha
frente. Não sou páreo para alguém
com um metro e noventa de altura.
— E posso saber, senhor, com que
direto invadiu minha casa?
— O mesmo com que eu me agar-
raria ao seu barco, se estivesse me
afogando. O direito da autopreserva-
ção.
25
— Autopreservação?
— Já há uma camada de quase dois
dedos de neve no chão — respondi
apenas. — E ela ficará alta o sufi-
ciente para cobrir meu corpo antes
do amanhecer.
Ele caminhou até a janela a passa-
das largas, afastou uma grossa cor-
tina preta e olhou para fora.
— De fato — disse. — Pode ficar,
se quiser, até a manhã. Jacob, sirva o
jantar.
Com isso, indicou-me um assento
e voltou a sentar-se, imediatamente
26
absorvido pelos estudos dos quais eu
o havia interrompido.
Coloquei minha arma em um
canto, puxei uma cadeira para perto
da lareira e examinei meus arredores
com calma. Embora fosse menor e os
objetos não estivessem tão desorga-
nizados quanto no salão, o cômodo
despertou bastante minha curiosi-
dade. O chão estava sem carpete. As
paredes caiadas tinham partes ra-
biscadas com estranhos diagramas,
enquanto outras estavam cobertas
com prateleiras repletas de instru-
mentos filosóficos, muitos dos quais
27
me era desconhecida a finalidade.
De um lado da lareira, havia uma es-
tante cheia de volumes desbotados;
do outro, encontrava-se um pequeno
órgão, decorado de maneira fantás-
tica com entalhes coloridos de santos
e demônios medievais. Através da
porta entreaberta de um armário no
canto mais distante da sala, divisei
uma extensa gama de espécimes geo-
lógicos, preparativos cirúrgicos, cadi-
nhos, retortas e jarros com produtos
químicos; enquanto isso, na prate-
leira da cornija bem ao meu lado, em
meio a uma variedade de pequenos
objetos, havia um modelo do sistema
28
solar, uma pilha galvânica de tama-
nho reduzido e um microscópio. Cada
cadeira tinha sua carga, e cada canto
estava amontoado até o teto com li-
vros. O próprio chão estava repleto de
mapas, moldes, papéis, riscos e rascu-
nhos de todas as espécies concebíveis.
52
Observei a luz de seu candeeiro
até desaparecer e, assim, virei-me
para seguir meu caminho, agora so-
zinho. Isso não representava mais a
menor dificuldade, pois, apesar da
escuridão mortal acima, a linha da
barreira de pedras mostrava-se de
maneira distinta contra o brilho pá-
lido da neve. Quão silencioso parecia
então, com apenas meus passos para
serem ouvidos; que silêncio e que iso-
lamento! Uma estranha e desagradá-
vel sensação de solidão tomou conta
de mim. Caminhei mais rápido, can-
tarolei o fragmento de uma melodia,
calculei enormes somas de cabeça e
53
acumulei-as a juros compostos. Em
suma, fiz o meu melhor para esque-
cer as conjecturas alarmantes que
havia acabado de ouvir e, até certo
ponto, consegui.
Enquanto isso, o ar noturno pare-
cia estar mais e mais frio e, embora
eu andasse rápido, comecei a achar
que era impossível me manter aque-
cido. Meus pés eram como gelo. Perdi
a sensibilidade nas mãos e segurei a
arma de forma mecânica. Até respirar
era difícil, pois, em vez de atravessar
uma autoestrada tranquila do norte,
estava escalando os mais altos picos
54
nevados de imensas colinas. Este úl-
timo sintoma logo se tornou tão an-
gustiante que fui forçado a parar por
alguns minutos e inclinar-me contra
a barreira de pedras. Assim que o fiz,
tive a oportunidade de olhar para
trás, estrada além, e lá, para meu in-
finito alívio, vi um ponto de luz dis-
tante, como o brilho de um candeeiro
a se aproximar. No início, pensei que
Jacob havia refeito os próprios passos
e me seguido; mas, assim que tal con-
jectura apareceu, uma segunda luz
brilhou à vista, e ficou claro que essa
luz se encontrava em paralelo com a
primeira, aproximando-se na mesma
55
velocidade. Não precisei pensar duas
vezes para compreender que deve-
riam pertencer aos faróis de algum
veículo particular, embora parecesse
estranho que qualquer veículo do
tipo tomasse uma estrada que todos
sabiam ser abandonada e perigosa.
TH E E N D
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E X TR A: BIOGR AFIA
Amelia B. Edwards
Amelia Edwards foi uma mulher
com múltiplas facetas e talentos, com
uma história digna de ser lembrada.
73
A escrita esteve presente nos basti-
dores de personalidades bem interes-
santes ao longo da história e Amelia é
um exemplo de alguém que usou seu
dom com as palavras e sua sensibili-
dade para advogar por pautas que lhe
eram importantes.
A mel ia Edwa rds nasceu em
Londres, em 1831, filha única de um
soldado aposentado que se tornou
banqueiro. Amelia foi alfabetizada
em casa por sua mãe e, desde cedo,
demonstrou talento para a arte e a
música, mas foi sua escrita que se
destacou desde nova.
74
Sua carreira começou em 1850
como jornalista e escritora. Seu pri-
meiro romance, My Brother’s Wife,
foi publicado em 1855 e, nos anos se-
guintes, ela publicou diversos contos
e histórias.
Após a morte de seus pais, em
1860, Amelia Edwards começou uma
série de viagens que mudariam sua
vida. No século XIX não era comum
ou bem visto que mulheres viajas-
sem sozinhas, mas Amelia não dei-
xou que isso a impedisse. Ao lado de
Lucy Renshaw, uma amiga próxima,
viajou para as Dolomitas, uma cadeia
75
de montanhas nos Alpes do norte da
Itália.
Juntas, as duas mulheres enfren-
taram insetos, lama, frio, calor, estra-
das precárias, aldeões hostis e outras
dificuldades e privações, mas nada
seria demais para elas. Suas aventu-
ras e dificuldades foram contadas em
Untrodden Peaks and Unfrequented
Valleys, livro publicado por Amelia
em 1873. Entretanto, uma viagem
específica mudaria os rumos de sua
carreira.
Em 1873, ao lado de Lucy, Amelia
viajou para o Egito e pôde passar
76
algumas semanas explorando o
Cairo, navegando pelo Nilo e teste-
munhando algumas escavações em
sítios arqueológicos, incluindo o tem-
plo de Ramesses II. A viagem a deixou
encantada pelo país e sua história,
mas ao mesmo tempo despertou
em Amelia o desejo de denunciar ao
mundo a degradação desses sítios e
de diversos artefatos históricos por
parte de turistas europeus.
Em 1877, movida pelo que viu,
publicou Thousand Miles up the
Nile, um best-seller que continua
sendo reeditado e impresso até hoje.
77
Preocupada com a preservação da
história e cultura do Egito, Amelia
Edwards dedicou o resto de sua vida
à causa, deixando a ficção de lado.
Em meio às ameaças aos monu-
mentos e artefatos egípcios, Amelia
Edwards se tornou uma potente
voz pela preservação da história do
Antigo Egito. Foi responsável, em
1882, por fundar o Egypt Exploration
Fund, atual The Egypt Exploration
Society.
Em um período em que as mu-
lheres tinham pouco ou nenhum
es pa ço pa r a e x pressa re m s u a
78
individualidade, Amelia Edwards
também abriu caminhos. Ela se tor-
nou vice-presidente da Bristol West
of England National Society for
Women's Suffrage e foi uma das pri-
meiras colaboradoras do periódico
English Woman's Journal, lançado
em 1858, uma publicação importante
na história feminista.
Sua sexualidade também foi
motivo de especulação. Segundo
Jonathan Rowe, "descrita como uma
mulher charmosa e inteligente,
Amelia Edwards tinha uma enorme
gama de talentos e interesses e foi
79
bastante aberta sobre sua sexua-
lidade em uma época em que isso
era incomum". Segundo Rowe, no
OutStories Bristol, Amelia Edwards
teve diversos relacionamentos com
outras mulheres e não escondia sua
sexualidade nas cartas apaixonadas
que escrevia.
Em abril de 1892, Amelia Edwards
morreu de inf luenza, mas deixou
para a posteridade não apenas uma
pequena marca na literatura, mas um
legado sobre a importância da preser-
vação histórica e da luta por causas
sociais. Em 2015, Amelia Edwards foi
80
prestigiada com uma Blue Plaque na
19 Wharton Street, em Londres. A
placa azul é uma honraria dedicada
a figuras importantes para a história
britânica.
A Carruagem Fantasma é uma
relíquia literária de 1864 e é a prova
de que uma mulher incrível pode ser
muitas em uma. Antes de mergulhar
nas pautas que defenderia até o fim
da vida, Amelia Edwards nos presen-
teou com uma instigante e arrepiante
história de fantasmas.
81
Profissionais
que trabalharam
neste conto
Karen Alvares
TR A DUÇÃO
82
Karine Ribeiro
PRE PA R AÇÃO
Escritora premiada,
tradutora e revisora,
graduanda em Tradução
pela UFMG. @karineescreve
João Rodrigues
RE V ISÃO
Bacharel em Tradução
e especialista em
Produção e Revisão
Textual.
@jojsrodrigues
83
Marcela Lois
ILUSTR AÇÃO
25 anos, é ilustradora,
capista e designer
gráfica nascida em
Belford Roxo/RJ.
@marcelalois.art
Marina Avila
PROJE TO G R Á FICO
Produtora editorial e
fundadora da Wish. Mãe
de gatos e de livros.
@marinalivros
Valquíria Vlad
COMUNICAÇÃO E
COMUNIDA DE
Escritora, pesquisadora
e publicitária formada
pela Universidade
Federal do Ceará (UFC).
@valquiriavlad
Laura Brand
ME DIAÇÃO E
PA R ATE X TOS
Editora, coordenadora
editorial, jornalista e
criadora de conteúdo.
Formada pela PUC-MG
e Columbia Journalism
School. @nostalgiacinza
85
Muito obrigada
por apoiar este
financiamento
coletivo!
Neste mês foi possível viabilizar a cura-
doria, tradução, revisão e ilustração do
conto The Phantom Coach! A cada mês de
assinatura, a Wish continuará resgatando
os tesouros do passado em novas edições
para os caçadores das Relíquias Literárias.
86
N O P R ÓX I M O M Ê S
Mary de Morgan
Um conto de fadas de Arasmon
e Chrysea.
87