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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA Xª VARA FEDERAL DA

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CIDADE – UF

NOME DA PARTE, já cadastrada eletronicamente,


vem com o devido respeito perante Vossa Excelência, por
meio de seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE


BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL


(INSS), pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que
passa a expor:

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Parte Autora requereu, junto à Autarquia Previdenciária, a concessão de benefício por


incapacidade, que foi indeferido, conforme comunicado de decisão anexo.

Com efeito, o (único) motivo da negativa ao pedido foi a suposta falta de qualidade de
segurada da Autora, quando do início da incapacidade fixado pelo Perito Administrativo (DII –
07/05/2014). Neste sentido, pertinente destacar trechos da perícia médica do INSS, que
demonstra cabalmente a satisfação do requisito de incapacidade, veja (com grifos):

(TRECHOS PERTINENTES DA PERÍCIA MÉDICA ADMINISTRATIVA)

De mesmo modo, os atestados e laudos médicos em anexo corroboram o quadro


incapacitante apresentado pela Autora.

Ocorre que, em que pese demonstrada a incapacidade na esfera administrativa, a Autora teve
sua pretensão indevidamente negada, por suposta falta da qualidade de segurada, em 07/05/2014.
Tal decisão equivocada motiva a presente demanda.
Dados sobre o requerimento administrativo:

1. Número do benefício XXX.XXX.XXX-X

2. Data do requerimento 17/04/2014

3. Razão do indeferimento Suposta falta de qualidade de segurada

Dados sobre a enfermidade:

1. Doença/enfermidade: Patologias Cardiológicas

2. Limitações decorrentes: Apresenta incapacidade para as atividades laborativas habituais

A parte Autora postula a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença, visto que


não apresenta condições de desempenhar sua atividade laborativa habitual.

Caso venha a ser apontada sua total e permanente incapacidade, postula a concessão de
aposentadoria por invalidez, a partir da data de sua efetiva constatação. Nessa circunstância,
importante se faz a análise das situações referentes à majoração de 25% sobre o valor do benefício,
independentemente de seu enquadramento no anexo I do Regulamento da Previdência Social
(Decreto nº 3.048/99), conforme art. 45 da Lei 8.213/91.

Ainda, na hipótese de restar provado nos autos processuais que as patologias referidas tão
somente geraram limitação profissional à parte Requerente, ou seja, que as sequelas implicam em
redução da capacidade laboral e não propriamente a incapacidade sustentada, postula a concessão
de auxílio-acidente, com base no art. 86 da Lei 8.213/91.

No que se refere aos requisitos legais exigidos no caso em testilha, do extrato do CNIS anexo
se exprime que a Demandante verteu contribuições ao RGPS entre 04/2010 e 03/2011, na condição
de empregada, de modo que satisfez a carência mínima de doze meses. Posteriormente, verteu
novas contribuições à Previdência, sem perder a qualidade de segurada, em 05/2012 e 06/2012,
na qualidade de empregada doméstica.
E que não ouse o INSS alegar que a Requerente perdeu a qualidade de segurada no
interregno de tais períodos contributivos, entre 03/2011 e 05/2012. Isto, pois, conforme
inteligência do § 4º, do artigo 15 da Lei 8.213/91, o prazo da manutenção da qualidade de segurado
(período de graça) vai até o 15º dia do 14º mês após a cessação das contribuições. Assim,
necessário destacar a lição de Simone Barbisan Fortes e Leandro Paulsen, em sua obra de Direito
Previdenciário1, cuja contribuição torna ainda mais claro este ponto, veja (grifei):

A despeito dos prazos fixados pelos incisos do referido art. 15, a efetiva perda da
qualidade de segurado não ocorre imediatamente após sua fluência, mas sim, consoante
previsão do § 4º do dispositivo, no dia seguinte ao do término do prazo fixado na Lei
8.212/91 para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente
posterior ao do final dos prazos fixados.
Dada a diversidade de prazos para os respectivos recolhimentos das contribuições
previdenciárias, variando conforme a classe de segurado, o Decreto 3.048/99, em seu art.
14, tomou como prazo aquele fixado para os contribuintes individuais (dia 15 do mês
seguinte à competência a que se refere o recolhimento). Assim, prevê que a perda da
qualidade de segurado ocorrerá no dia dezesseis do segundo mês seguinte ao
término dos prazos fixados pelo caput do art. 15 da Lei 8.213/91.

Portanto, diante da inteligência normativa e doutrinária, observa-se que a Demandante não


perdeu a qualidade de segurada entre os períodos contributivos supracitados.

Ato contínuo, tendo a Demandante vertido seu último aporte em 06/2012, o prazo simples de
manutenção de sua qualidade de segurada seria até 15/08/2013. Ocorre que, considerando que
desde a última contribuição (06/2012) a Autora vivencia situação de desemprego, a prorrogação
do período de graça por mais doze meses é medida que se impõe, por força do artigo 15, § 2º da Lei
8.213/91, sendo, portanto, prolongada a qualidade de segurada da Autora até 15/08/2014.

Nesta senda, cumpre salientar que é escusável o registro da condição de desemprego


perante o Ministério Do Trabalho e Previdência Social. Desde 2010, foi dada nova interpretação
pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, por ocasião do julgamento da Petição 7.115/PR, no que
consta à necessidade de comprovação da situação de desemprego, referindo que a mera ausência de
novo registro (em CTPS/CNIS) não basta para tanto, contudo sendo aceitos quaisquer outros

1
FORTES, S. B.; PAULSEN, L. Direito da Seguridade Social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. 528 p.
meios que demonstrem a condição de desemprego do segurado, inclusive a prova
testemunhal. Veja:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO DO DE CUJUS.


PERÍODO DE GRAÇA. SITUAÇÃO DE DESEMPREGO. MEIOS DE COMPROVAÇÃO. ANULAÇÃO
DO FEITO. 1. A concessão do benefício de pensão depende do preenchimento dos seguintes
requisitos: 1º) a ocorrência do evento morte; 2º) a demonstração da qualidade de segurado
do de cujus; 3º) a condição de dependente de quem objetiva a pensão. 2. O prazo de
manutenção da qualidade de segurado é majorado em doze meses no caso de situação de
desemprego. 3. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça consolidado em
incidente de uniformização de interpretação de lei federal (Pet 7115/PR, Rel. Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho, 3ª Seção, julgado em 10/03/2010, DJe 06/04/2010), o
registro da situação de desemprego no órgão próprio do Ministério do Trabalho e
Previdência Social "não deve ser tido como o único meio de prova da condição de
desempregado do segurado, especialmente considerando que, em âmbito judicial,
prevalece o livre convencimento motivado do Juiz e não o sistema de tarifação legal de
provas. Assim, o registro perante o Ministério do Trabalho e da
Previdência Social poderá ser suprido quando for comprovada tal
situação por outras provas constantes dos autos, inclusive a
testemunhal". Não obstante, "a ausência de anotação laboral na CTPS do requerido não é
suficiente para comprovar a sua situação de desemprego, já que não afasta a possibilidade do
exercício de atividade remunerada na informalidade". 4. Tendo sito encerrada
prematuramente a instrução, sem que possibilitado à parte autora a comprovação, por outros
meios, da alegada situação de desemprego do segurado, impõe-se a anulação do feito, com a
reabertura da instrução. (TRF4 5035455-12.2012.404.7100, Quinta Turma, Relator p/
Acórdão Ricardo Teixeira do Valle Pereira, juntado aos autos em 15/06/2015, com grifos
acrescidos)

Neste sentido, caso Vossa Excelência entenda necessário, REQUER, desde já, a realização de
audiência de instrução e julgamento, para fins de se demonstrar a situação de desemprego da Autora,
após o término do último vínculo empregatício, ocorrido em 16/06/2012.

Desta forma, restará claro, após a instrução processual, que o marco inicial da
incapacidade evidenciado pelo Perito Administrativo (07/05/2014) está abarcado pelo
prazo de manutenção da qualidade de segurada da Autora, tornando tal requisito superado.

A pretensão exordial vem amparada nos artigos 42, 59 e 86 da Lei 8.213/91 e a data de início
do benefício deverá ser fixada nos termos dos artigos 43 e 60 do mesmo diploma legal.
TUTELA DE URGÊNCIA

A parte Autora necessita da concessão do benefício em tela para custear a sua vida, tendo em
vista que não reúne condições de executar atividades laborativas e, consequentemente, não pode
patrocinar a própria subsistência.

Assim, após a realização da perícia pertinente ao caso, ficará claro que a parte Autora
preenche todos os requisitos necessários para o deferimento da Antecipação de Tutela, tendo em
vista que o laudo médico fará prova inequívoca quanto à incapacidade laborativa, tornando, assim,
todas as alegações verossímeis. O periculum in mora se configura pelo fato de que se continuar
privada do recebimento do benefício, a Demandante terá seu sustento prejudicado.

De qualquer modo, as moléstias incapacitantes e o caráter alimentar do benefício traduzem


um quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciário, tendo em vista que nos benefícios
por incapacidade resta intuitivo o risco de ineficácia do provimento jurisdicional final, exatamente
em virtude do fato da parte estar afastada do mercado de trabalho e, consequentemente,
desprovida financeiramente, motivo pelo qual se tornará imperioso o deferimento deste pedido
antecipatório em sentença.

PEDIDOS

EM FACE DO EXPOSTO, REQUER a Vossa Excelência:

1) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem como o deferimento da


Assistência Judiciária Gratuita, pois a parte Autora não tem condições de arcar com as custas
processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;

2) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, apresentar defesa;

3) A produção de todos os meios de prova, principalmente pericial, documental e testemunhal;

4) O deferimento da Antecipação de Tutela, com a apreciação do pedido de implantação do


benefício em sentença;

5) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

5.1) Subsidiariamente:
5.1.1) Conceder aposentadoria por invalidez e sua eventual majoração de 25% à parte
Autora, a partir da data da efetiva constatação da incapacidade total e permanente;

5.1.2) Conceder auxílio-doença à parte Autora, a partir da data da efetiva constatação


da incapacidade;

5.1.3) Conceder auxílio-acidente, na hipótese de mera limitação profissional;

5.2) Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo


vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a data do pagamento.

5.3) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, eis que cabíveis em
segundo grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.

Nesses Termos;
Pede Deferimento.

Dá à causa o valor2 de R$ XX.XXX,XX.

Santa Maria, 17 de Dezembro de 2015.

NOME DO ADVOGADO
OAB/UF XX.XXX

2
Valor da causa = 12 parcelas vincendas (R$ X.XXX,XX) + parcelas vencidas (R$ XX.XXX,XX).

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