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VITÓRIA - PARANÁ
O quadro limitante também foi observado nos exames periciais realizados pelo INSS nos
dias 27/07/2016, 05/10/2016 e 14/02/2017. Por sinal, o profissional que o avaliou nessa última data
ressaltou que havia desarranjo articular e subluxação da tíbio-társica associada a ostemielite crônica pós-
tratamento cirúrgico de fratura de tornozelo direito.
Por sinal, a data da doença coincide com a primeira fixada, ou seja, 08/07/2015, doa do
acidente que traz até hoje consequências negativas ao segurado, porque o quadro jamais se resolveu,
evoluindo de maneira negativa desde então. Portanto, essa é data do início da incapacidade a ser
considerada e não aquela indicada pelo profissional no exame realizado em 01/06/2021.
Por outro lado, o perito reconheceu que houve agravo do quadro com ISENÇÃO DA
CARÊNCIA, porque o fato gerador tem origem em acidente de qualquer natureza. Assim, se prevalecer a
data do início da incapacidade fixada em 17/02/2021, o requerente ostentava qualidade de segurado e a
concessão do benefício não dependia do cumprimento de carência. Essa conclusão é facilmente verificada
em dois momentos do laudo, assim destacados:
Portanto, mesmo que não se retroaja a DII para o dia 08/07/2015, em 17/02/2021 o
requerente ostentava qualidade de segurado e não dependia do cumprimento de carência para a concessão
do benefício pretendido.
Ainda, na esteira da Súmula 47 da TNU, a conclusão de que faz jus ao benefício permanente
decorre das condições pessoais e sociais do segurado, o que impossibilitam a participação em eventual
processo de reabilitação profissional.
O auxílio por incapacidade temporária, nome dado ao antigo auxílio-doença pela Emenda
Constitucional 103/2019, encontra-se previsto no artigo 59, da Lei 8.213/91, senão vejamos:
Artigo. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o
período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.
Tais benefícios são devidos mesmo no caso do segurado, incapacitado, ter retornado a
exercer atividade remunerada, em que pese os artigos 60, § 6º, da Lei 8.213/91 e artigo 73, § 5º, do
Decreto 3.048/1991, estabelecerem o contrário.
A interpretação dos dispositivos comporta temperamentos. No caso de atrasados, é possível
o pagamento relativo a períodos nos quais tenha o segurado efetivamente trabalhado, se demonstrado que
se encontrava incapaz para suas atividades habituais. Isso porque, de um lado, não se pode punir aquele
que, por desconhecimento, deixa de procurar a Previdência. De outro, tampouco se pode premiar a falta
de cuidado do INSS nas situações em que obriga o segurado a ingressar em juízo para fazer valer seu
direito e, durante a tramitação do processo, trabalha mesmo incapacitado por necessidade de sua
subsistência ou daqueles que dele dependem.
Esse é o entendimento cristalizado no âmbito da Turma Nacional de Uniformização,
conforme Súmula 72: É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que
houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as
atividades habituais na época em que trabalhou.
No mesmo sentido, ao apreciar o Tema Repetitivo 1.013, o Superior Tribunal de Justiça, no
bojo do REsp 1.786.590/SP e do REsp 1.788.700/SP, firmou a seguinte tese:
Tema 1.013. No período entre o indeferimento administrativo e a efetiva implantação de auxílio-
doença ou de aposentadoria por invalidez, mediante decisão judicial, o segurado do RPGS tem
direito ao recebimento conjunto das rendas do trabalho exercido, ainda que incompatível com sua
incapacidade laboral, e do respectivo benefício previdenciário pago retroativamente.
Sobre a qualidade de segurado, uma vez cumprida a carência, a mantém, em regra, pela
continuidade na realização das contribuições ao RGPS ou, no caso de cessação destas, da observância dos
períodos de graça estabelecidos no artigo 15, da Lei n.º 8.213/91. Da leitura de tal dispositivo, os períodos
de graça variam conforme a espécie de qualidade de segurado de que se trate, além do que se admite,
também de acordo com este critério, em determinadas circunstâncias, a extensão de tal período.
Assim, na forma do artigo 15, inciso II e §§1º e 2º da Lei 8.213/91, há possibilidade de
prorrogação da qualidade de segurado por: a) 12 (doze) meses ao deixar de exercer atividade
remunerada abrangida pela Previdência Social ou; b) 24 (vinte e quatro) meses se já tiver pago
mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da
qualidade de segurado; c) mais 12 (doze) meses quando comprovada a situação de desemprego
involuntário.
No que toca especificamente à exigência para que o segurado possa valer-se do benefício do
§2° do art. 15 da Lei nº 8.213/91, de que haja registro da situação de desempregado junto ao " órgão
próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social", é preciso consignar que ela pode ser vista
como satisfeita com a juntada de outros documentos. Nesse sentido, o teor da súmula 27 da TNU: "A
ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do desemprego por
outros meios admitidos em Direito".
Quanto à existência de mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais, é de se ressaltar
que, uma vez cumprida a exigência, esse direito se incorpora ao patrimônio jurídico do segurado,
podendo valer-se dele mais de uma vez, conforme orientação da Turma Nacional de Uniformização.
Vejamos:
Tema 255 - O pagamento de mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais, sem interrupção que
acarrete a perda da qualidade de segurado, garante o direito à prorrogação do período de graça,
previsto no parágrafo 1º, do art. 15 da Lei 8.213/91, mesmo nas filiações posteriores àquela na qual
a exigência foi preenchida, independentemente do número de vezes em que foi exercido.
Logo, preenchido os requisitos previstos na legislação, faz jus a parte autora à concessão do
benefício por incapacidade.
3. DO ADICIONAL DE 25%
4. REAFIRMAÇÃO DA DER
Desde já, requer que, entendo o juízo que as provas são insuficientes para comprovar o
direito alegado, seja aplicado o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça ao julgar o Tema
629, submetido ao rito do artigo 543-C, do Código de Processo Civil. Segundo a tese firmada, “A
ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC,
implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo sua
extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor
intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa”.
7. DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, o autor vem, respeitosamente, requerer a Vossa Excelência:
1) A citação do réu INSS, para, querendo, responder a presente ação no prazo legal, sob pena
de revelia, sendo desnecessária a designação de audiência de conciliação, nos termos do artigo 334,
Código de Processo Civil.
8) Por fim, condenar o INSS a pagar honorários advocatícios no percentual de 20% e nas
custas processuais.