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EXMO(A). SR(A). DR(A).

JUIZ(A) FEDERAL DA 11ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA


DE SANTANA DO IPANEMA – AL.

Everaldo de Oliveira Reis, brasileiro(a), casado(a), betoneiro(a), portador(a) do CPF nº


870.483.104-72 e RG nº 21.637.977-67 SSP/BA, residente e domiciliado no Sítio Maria Bode,
s/nº, Zona Rural, Delmiro Gouveia - AL, vem a presença de Vossa Excelência propor a

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR


presente:
Visando proteger direito líquido e certo seu, indicando como coator o Sr. Gerente-Executivo
da Agência da Previdência Social de Delmiro Gouveia - AL, a ser encontrado na R. Sete de
Setembro, 135, Delmiro Gouveia - AL, 57480-000, pelos seguintes fundamentos fáticos e
jurídicos que passa a expor:

PRELIMINARMENTE – PEDIDO DE HIPOSSUFICIÊNCIA

Em primeiro plano cabe aquilatar, que o Impetrante não detém condições financeiras
suficientes, para arcar com as custas advindas do presente procedimento, sem afetar a sua
subsistência.

Pois, requer-se, desde já o benefício da gratuidade na forma legal ao art. 1.124-A, do CPC,
§3º.

I – DOS FATOS

Excelência, o impetrante requereu um Benefício de Auxílio por Incapacidade


Temporária (N.B.: 638.737.004-7) em 06/04/2022, que restou concedido com pagamento
até 22/11/2022.
Ocorre que, em 08/11/2022 foi realizado um pedido de prorrogação do
benefício, todavia, O REQUERIMENTO SAIU SEM DATA DA PERÍCIA e o INSS prorrogou
automaticamente o benefício por mais 30 dias sem realizar qualquer tipo de comunicação
formal ou informal, posteriormente cessando-o indevidamente, vejamos:

Destaca-se, que a parte impetrante é pessoa ANAFALBETA FUNCIONAL, não


sabendo ler ou escrever, sabe apenas assinar seu próprio nome.

Destarte, faz juntar aos autos a documentação que comprova as alegações


expostas, e, em tempo, vem requerer o reestabelecimento imediato do benefício (N.B.:
638.737.004-7) como medida de direito que faz jus.

O direito líquido e a manutenção do benefício estão garantido quando não


houver comunicação, pela autarquia do segurado, da data de cessação (DCB). Constitui
flagrante de ilegalidade a cessação administrativa de benefício sem a efetivação do
comunicado ao segurado, a fim de inviabilizar eventual pedido de prorrogação.
DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

Conforme o Artigo 5º LXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil,


conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
Nesse mesmo sentido é a redação do artigo 1º da Lei 12.016 de 2009 ao
assegurar que conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso
de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.

No caso em tela, o direito líquido e certo está sendo violado por ato ilegal do
INSS – na figura do Gerente da APS de Delmiro Gouveia/AL eis que não assiste razão ao INSS
cessar o benefício sem comunicar o impetrante tempestivamente, inviabilizando o pedido de
prorrogação.

DO INTERESSE DE AGIR

No presente caso o interesse processual da Impetrante assenta-se na ilegalidade


cometida pelo Gerente da APS que cessou o benefício da Impetrante sem comunicar
tempestivamente, inviabilizando o pedido de prorrogação.

Nessa esteira, considerando a decisão do Gerente do INSS, evidente a presença


do trinômio necessidade-utilidade-adequação que caracteriza o interesse de agir, na medida
em que o ato ilegal emanado pelo Administrador somente poderá ser reparado pela atuação
do Poder Judiciário, por meio do processo, instrumento útil e adequado para persecução
deste fim.

Pelo exposto, denota-se que a ilegalidade, que implica em grave prejuízo ao seu
direito, e assim configura o interesse de agir.

DO MÉRITO
No que se refere ao mérito da presente ação, é desnecessário grandes debates
acerca do tema, na medida em que o art. 59 da Lei n.º 8.213/91, que regula o RGPS, é muito
clara ao estabelecer os requisitos para concessão do benefício.

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando
for o caso, o período de carência exigida nesta Lei, ficar incapacitado para o seu
trabalho ou para a sua atividade habitual; por mais de 15 (quinze) dias
consecutivos.

Nesse sentido, caminha os entendimentos majoritários jurisprudências:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO. REALIZAÇÃO DE


PERÍCIA MÉDICA. Incabível a cessação do benefício por incapacidade sem a
realização de perícia médica administrativa, independentemente de pedido de
prorrogação do segurado perante a Autarquia.(TRF-4 - AC: 50244248120194049999
5024424-81.2019.4.04.9999, Relator: JORGE ANTONIO MAURIQUE, Data de
Julgamento: 06/11/2019, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC)
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL E TEMPORÁRIA.
CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA. 1. Quatro são os
requisitos para a concessão do benefício em tela: (a) qualidade de segurado do
requerente; (b) cumprimento da carência de 12 contribuições mensais; (c)
superveniência de moléstia incapacitante para o desenvolvimento de qualquer
atividade que garanta a subsistência; e (d) caráter temporário da incapacidade. 2. O
fato de a incapacidade temporária ser total ou parcial para fins de concessão do
auxílio-doença não interfere na concessão desse benefício, uma vez que, por
incapacidade parcial, deve-se entender aquela que prejudica o desenvolvimento de
alguma das atividades laborativas habituais do segurado. 3. Comprovada a
incapacidade parcial e temporária para o trabalho, é devido o auxílio-doença. 4.
Incabível a cessação do benefício por incapacidade sem a realização de perícia
médica administrativa, independentemente de pedido de prorrogação do
segurado perante a Autarquia. (TRF-4 - AC: 50228935720194049999 5022893-
57.2019.4.04.9999, Relator: JORGE ANTONIO MAURIQUE, Data de Julgamento:
06/11/2019, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC)

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. AUXÍLIO-DOENÇA.


PEDIDO DE PRORROGAÇÃO. ERRO NO SISTEMA. É indevido o cancelamento de
benefício previdenciário por incapacidade quando não foi oportunizado ao
segurado requerer ao INSS, em tempo hábil, a sua prorrogação, nos termos da
legislação vigente, para o fim de verificar a continuidade ou não da incapacidade
laboral em nova perícia médica administrativa. Precedente. (TRF4, AC 5011501-
17.2020.4.04.7112, SEXTA TURMA, Relator JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, juntado
aos autos em 05/08/2021)

Assim, requer desde já que seja determinado o restabelecimento imediato do


benefício da Impetrante, tendo em vista que o mesmo foi cessado ilegalmente devido a
ausência de comunicação tempestiva, inviabilizando o pedido de prorrogação.
IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA

O novo Código de Processo Civil estabelece em seu art. 300 que “A tutela de
urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

No presente caso, o direito está manifestamente comprovado, uma vez que foi
cessado o benefício da Impetrante sem haver comunicação tempestiva, inviabilizando o
pedido de prorrogação.

O periculum in mora, de outra banda, se dá pelo caráter alimentar do benefício,


sobretudo no presente caso, em que está acometida de graves enfermidades e não possui
renda para sua mantença, dependendo de ajuda de terceiros.

Portanto, imperioso seja determinada, liminarmente, o imediato


restabelecimento do benefício de auxílio por incapacidade temporária.

V – DOS PEDIDOS

ISSO POSTO, requer:

1. O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural;


2. O deferimento do benefício da Gratuidade da Justiça, por ser a Impetrante pobre na
acepção legal do termo;
3. A concessão liminar de tutela de urgência para determinar o restabelecimento imediato
do benefício de auxílio por incapacidade temporária da Impetrante;
4. A notificação da autoridade coatora, Sr. Gerente-Executivo da Agência da Previdência
Social de Delmiro Gouveia - AL, a ser encontrado na R. Sete de Setembro, 135, Delmiro
Gouveia - AL, 57480-000;
5. A CONCESSÃO DA SEGURANÇA a fim de determinar confirmar a tutela de urgência,
sendo restabelecido o benefício por incapacidade temporária.

Nestes termos,
pede e espera deferimento.

Dá à causa o valor de R$ 1.312,00 (um mil trezentos e doze reais).

Delmiro Gouveia – AL, 2 de abril de 2024.


RENATO DAVID TORRES DE OLIVEIRA
Advogado - OAB/AL nº 8.025

ROBERTA ASSIS CALIXTO TORRES


Advogada – OAB/AL n° 12.895

SERGIO DAVID TORRES DE OLIVEIRA


Advogado – OAB/AL nº 9.904

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