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AO DOUTO JUIZO DA JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO

JUDICIÁRIA DE URUAÇU–GOIÁS

JOSE ALVES DE ALMEIDA, brasileiro, recebe benefício assistencial, inscrito no CPF:


243.603.411-72, residente e domiciliado na Av. Tiradentes, Q 28, L 10, Centro, CEP nº 76560-000,
Alto Horizonte-GO, já cadastrado eletronicamente, vem com o devido respeito perante Vossa
Excelência, por meio de sua procuradora, propor:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL C/C AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO

Face o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes


fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:

I. FATOS;  

A parte autora requereu, junto à Autarquia Previdenciária, a concessão de Benefício


Assistencial, que foi deferido e implantado em 30/07/2007.

Posteriormente, em meados de junho de 2021 ao realizar a revisão administrativa, entendeu o


INSS pela cessação do benefício, por entender que o Requerente não se enquadra no art. 20, § 3º da
Lei 8.742/93.

Douto juízo, a Autarquia Previdenciária aponta que a suposta irregularidade consiste na


superação das condições iniciais do benefício, que a mãe do autor SENHORA VERA LUCIA DE
SOUZA SANTOS, fora contribuinte individual e empregada, ocorre que a parte autora não conhece a
SENHORA VERA LUCIA DE SOUZA SANTOS.

Conforme documentos anexo a exordial sua genitora chama-se ALMERINDA ALVES


FERREIRA, desta feita é possível notar o erro grotesco por parte da autarquia previdenciária.

No CNIS da SENHORA VERA LUCIA DE SOUZA SANTOS consta que sua data de
nascimento é 25/08/1957, ou seja, possui atualmente 65 anos de idade. Nota-se que a senhora VERA
LUCIA é 15 anos mais nova que a parte autora, vez que o senhor JOSÉ ALVES nasceu em
30/07/1942, possuindo atualmente 80 anos.

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Analisando os documentos ora acostados nos autos, observa-se que a parte autora vive em
situação de vulnerabilidade social. Por esses motivos, os argumentos da Autarquia não merecem
prosperar, fazendo-se imperativo o restabelecimento do Benefício de Prestação Continuada.

II.  Dados sobre o requerimento administrativo:

 Número do benefício 521.377.201-0

Data de início do benefício 30/07/2007

Data de cessação do benefício 01/06/2021

Razão do indeferimento Não enquadramento no Art. 20, § 3º da Lei 8.742/93.

III. FUNDAMENTOS JURÍDICOS;

A pretensão da parte Autora vem amparada no art. 203, inciso V, da Constituição Federal de
1988, na Lei 8.742/93 e demais normas aplicáveis. Tais normas dispõem que para fazer jus ao
Benefício Assistencial, o Requerente deve possuir impedimento de longo prazo ou ser pessoa com
idade igual ou superior a 65 anos, além de comprovar a impossibilidade de ter seu sustento provido
pela família.

Tem-se que o requerente é idoso, pois além dos documentos que comprova sua idade, o
INSS reconheceu ao deferir administrativamente a benesse. 

IV. Da vulnerabilidade social

O autor satisfaz o critério etário previsto no artigo 20 da LOAS. Além disso, no que se refere
ao requisito socioeconômico, destaca-se que o grupo familiar é composto somente pelo autor, não
possui nenhuma outra fonte de renda além da benesse que foi indevidamente cessada.

Não possui outro integrante no seu grupo familiar, a genitora do autor senhora
ALMERINDA ALVES FERREIRA é falecida e, o requerente desconhece a genitora apontada
pela autarquia.

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Nesse sentido, vale lembrar que o limite mínimo previsto no art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93
gera presunção absoluta de miserabilidade, conforme tese jurídica fixada no IRDR 12:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI Nº 8.742/93.


PESSOA IDOSA. IRDR 12. REQUISITOS ATENDIDOS. TUTELA
ANTECIPADA. [...] 2. Hipótese que se enquadra na tese jurídica estabelecida no
IRDR 12 (5013036- 79.2017.4.04.0000/RS): o limite mínimo previsto no art. 20, §
3º, da Lei 8.742/93 ('considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um
quarto) do salário-mínimo') gera, para a concessão do benefício assistencial, uma
presunção absoluta de miserabilidade. [...] (TRF4, AC 5005667-05.2020.4.04.9999,
TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR, Relator FERNANDO QUADROS
DA SILVA, juntado aos autos em 16/09/2020, com grifos acrescidos)

Dessa forma, diante das peculiaridades do presente caso, é imperiosa a necessidade do


restabelecimento do benefício pleiteado, eis que a condição econômica evidenciada é claramente
incapaz de promover a subsistência do Demandante

Pelo exposto, comprova-se que em momento algum houve irregularidade no recebimento da


prestação pelo Demandante, e que o INSS deveria fazer estudo mais amplo para analisar o direito ao
benefício. A Autarquia Previdenciária diz que a SENHORA VERA LUCIA DE SOUZA SANTOS é a
mãe do autor: IMPOSSÍVEL, uma vez que a senhora VERA LUCIA porta idade menor que a do
autor.

Assim, ao longo da instrução processual a parte autora demonstrará seu direito ao benefício
de prestação continuada, para que venha o Poder Judiciário a reparar a lesão sofrida quando da
cessação do pedido elaborado na esfera administrativa.

V. Da inexistência de débito

Após verificar a suposta irregularidade na concessão do benefício à parte Autora, o INSS a


oficiou informando da cobrança de devolução dos valores aos cofres da Previdência no montante de
R$ 43.041,99 (quarenta e três mil e quarenta e um reais e noventa e nove centavos), correspondente
aos períodos considerados irregulares, no período de 01/02/2017 a 30/04/2017, 01/07/2017 a
31/08/2017, 01/02/2018 a 31/01/2020, e de 01/03/2020 a 31/12/2020 conforme art. 175 do decreto n°
3048/99

A Autarquia Previdenciária manteve a decisão de cobrança dos valores, mesmo ciente do


equívoco utilizado na fundamentação da cessação.

Fato é que o Requerente, em momento algum, agiu no intuito de fraudar a Previdência, visto

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que a sua miserabilidade se encontra comprovada, e dentro dos parâmetros legais. O INSS incorreu
em erro ao alegar a irregularidade do recebimento do benefício, e foi de encontro à lógica
jurídica ao cobrar valores recebidos de boa-fé e amparados pela legislação vigente!

Desta forma, reafirma-se: o Autor agiu em boa-fé ao perceber os rendimentos oriundos do


benefício assistencial, e NÃO HÁ IRREGULARIDADE NA CONCESSÃO.

Outrossim, a parte Autora não “enriqueceu indevidamente”, usufruindo do benefício sobre o


qual tem direito, tendo em vista que se utilizou dos valores que recebia para fim exclusivamente
alimentar. Tanto é verdade esta afirmação que, em razão da cessação da benesse, o Requerente ajuíza a
presente demanda no intuito de restabelecer o benefício.

Embora o art. 115 da Lei 8.213/91 permita ao INSS efetuar descontos diretamente do
benefício do segurado em certos casos, como se evidencia quando efetuado o pagamento indevido – o
que não é o caso presente –, a jurisprudência é pacífica ao entender pela impossibilidade de efetuar
descontos sobre benefícios previdenciários percebidos de boa-fé, principalmente em razão de seu
caráter alimentar.

Sobre a questão, importa salientar o posicionamento jurisprudencial. Senão, vejamos:

 PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. REVISÃO DE


BENEFÍCIO. ERRO ADMINISTRATIVO. DESCONTO DOS VALORES PAGOS
INDEVIDAMENTE. IMPOSSIBILIDADE. VERBA ALIMENTAR.
IRREPETIBILIDADE.1. Apesar de não ser ignorado que a Administração pode e
deve rever os atos, se eivados de ilegalidade, também não pode ser ignorada a
segurança jurídica que deve escudar aqueles mesmos atos, em especial se o segurado
percebe, de boa-fé, benefício em valor superior ao devido, como decorrência de erro
administrativo devidamente reconhecido nos autos. 2.  Prestações alimentícias,
assim entendidos os benefícios previdenciários, percebidas de boa-fé, não estão
sujeitas à repetição. Precedentes.(TRF4, APELREEX 2008.72.11.001548-9,
Quinta Turma,Relatora Maria Isabel Pezzi Klein, D.E. 18/02/2010, com grifos
acrescidos)

Deste modo, resta cristalino que as cobranças realizadas em face do Requerente acerca do
benefício percebido são, deveras, equivocadas, pois além de ter cumprido os requisitos legais
necessários, não houve sequer erro administrativo na concessão do benefício, tendo o Demandante
agido de boa-fé.

Assim, se faz imperativa a declaração judicial de que inexiste débito da parte Autora para
com a Previdência Social, determinando, inclusive liminarmente, que o INSS não proceda com a
cobrança ou inscrição do Autor em qualquer cadastro de dívida.

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VI. PEDIDOS;

EM FACE DO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1. A liminar determinação para que o Réu SUSPENDA a cobrança a cobrança do valor


de R$ 43.041,99 (quarenta e três mil e quarenta e um reais e noventa e nove centavos),
correspondente aos períodos 01/02/2017 a 30/04/2017, 01/07/2017 a 31/08/2017,
01/02/2018 a 31/01/2020, e de 01/03/2020 a 31/12/2020 referente ao benefício não a
incluindo em cadastro de Dívida Ativa nem o executando, até que a decisão de Vossa
Excelência venha a se tornar definitiva;

2. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, para, querendo, apresentar


defesa;

3. A produção de todos os meios de prova, principalmente a documental e a pericial;

4. O deferimento da antecipação de tutela, com a apreciação do pedido de


restabelecimento do benefício em sentença;

5. Renúncia ao valor do crédito que exceder a 60 salários mínimos, procedimento


necessário para o devido ajuizamento e prosseguimento do pleito perante o Juizado
Especial Federal.

6. O julgamento da demanda com total procedência, para que Vossa Excelência:

(1) Condene o INSS a restabelecer o benefício assistencial à PARTE Autora, pagando as


parcelas vencidas (a partir da cessação - 01/06/2021) e vincendas, monetariamente
corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios,
incidentes até a data do efetivo pagamento;

(2) Declare a inexistência do débito relacionado ao benefício NB 521.377.201-0 para


que o INSS cancele definitivamente (sendo mantida a antecipação de tutela) eventual
guia de pagamento que já tenha sido emitida/lançada, bem como se abstenha de lançar
a Autora em qualquer cadastro de dívida ativa da União, Fazenda Pública, ou de
devedor em geral

(3) A produção de todos os meios de prova, principalmente documental, testemunhal e

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pericial. Com relação à última, REQUER seja observada a Resolução nº 2.183/2018
do CFM e Manual de Perícias do INSS;

Dá à causa o valor de R$ 57.585,99(cinquenta e sete mil e quinhentos e oitenta e um reais e


noventa e nove centavos).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Alto Horizonte, 09 de novembro de 2022.

Fariston Monterello Rodrigues da Cruz


OAB/GO 49.841

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