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ROBERTO DE JESUS SANTOS ADVOCACIA – OAB-BA - 55.

375 / OAB-SE 1585A

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA


VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS DA COMARCA DE ITAPETINGA -BA.

Viver honestamente, não lesar a outrem


e dar a cada um o que é seu’’ (Ulpiano).

ALVINO VIANA DOS SANTOS, brasileiro, casado, aposentado, IDOSO, portador


do RG 08.193.642-74, SSP-BA, e CPF 223.384.035-68, residente e domiciliado na Rua
Rio Pardo, 41 – Bairro Camacã – Itapetinga - BA, CEP – 41.750-000, vem muito
respeitosamente, por seu advogado abaixo assinado, instrumento de mandato anexo
(procuração anexa), à presença de Vossa Excelência propor:

AÇÃO DECLARATORIA DE INEXISTENCIA DE VÍNCULO C/C INDÉBITO E


REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS

Em face de CAIXA DE ASSISTENCIA AOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS,


pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 04721637000128, com endereço na Rua R
PEDRO BORGES – 30 – 1001, CENTRO – FORTALEZA-CE, CEP: 60.055-110 -
endereço eletrônico: CAAP.BRASIL@GMAIL.COM,, Telefone: (85) 3067-0768, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

Rua das Araras, S/N, Imbui – Parque do Imbui, 4º andar, 402 - Telefone: (71) 993007920
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JUSTIÇA GRATUITA

Requer os benefícios da assistência judiciária, com arrimo na Lei nº 1.060/50 e


diplomas posteriores, bem como na forma dos artigos 98 e 99, § 3º e § 4º, da Lei
13.105/2015, e do art. 5.º, LXXIV, da Constituição Federal tendo em mira que não é
possível, o pleiteante, custear processo judicial, sem prejuízo do sustento próprio ou de
seus familiares.

“O pedido de assistência judiciária gratuita, para ser


autorizado, não exige a comprovação da situação financeira
de estado de pobreza da parte que solicita a assistência, mas,
apenas, a afirmação de que vive nesse estado e necessita do
benefício. A conclusão é da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ). Os integrantes da Turma,
seguindo o voto do ministro Humberto Gomes de Barros,
rejeitaram o recurso do Banco do Brasil contra a decisão
que reconheceu o direito de Miriam Caram à gratuidade da
assistência”.

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO – PESSOA IDOSA

Requer a prioridade na tramitação do processo, com base na lei 13.105/2015 (Código de


Processo Civil) e com o art. 6º da Resolução nº 520/2023 (Política Judiciária sobre
Pessoas Idosas), do Conselho Nacional de Justiça, será concedida prioridade para a
prática de todos os atos processuais relativos à partes ou interessados com 60
(sessenta) anos ou mais.

DA INVERSAO DO ONUS DA PROVA

Preliminarmente, com base na Legislação Consumerista e antes de adentrar no mérito


da questão propriamente dita, desde já, o Autor, requer o pronunciamento judicial
acerca da inversão do ônus da prova, art. 6º, VIII, CDC, eis que é parte manifestamente

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hipossuficiente na relação negocial com a Ré, requerendo seja a mesma, devidamente


alertada sobre essa possibilidade, “ab initio’’.

DOS FATOS E FUNDAMENTOS

1. O Requerente é beneficiário de APOSENTADORIA POR TEMPO DE


CONTRIBUIÇAO, conforme imagem abaixo e documento juntado nos autos:

2. Ocorre que o autor, pessoa idosa e com dificuldades de locomoção, ao retirar o


valor de sua aposentadoria, junto com a sua sobrinha, observaram que o valor
que havia na conta e que foi entregue pelo atendente, foi o valor de R$ 1.370,00,
valor diferente do valor do benefício que é de R$ 1.412,00.

3. Em reclamação com o atendente da agência, este orientou o aposentado à


procurar a agencia do INSS e realizasse a consulta através do extrato de
pagamento.

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4. Na agência do INSS o idoso recebeu o histórico de pagamento, onde foi


constatado que a ré, encaminhou ordem de DESCONTO INDEVIDO no valor
de R$ 42,36, referente à uma SUPOSTA CONTRIBUIÇÃO CONTRATADA,
sob a rubrica de nº 267, conforme imagem abaixo e nos autos em documento:

5. Visto que o idoso JAMAIS AUTORIZOU ou SOLICITOU QUALQUER


CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO COM A RÉ, bem como INEXISTIR
QUALQUER VÍNCULO CONTRATUAL COM A REQUERIDA, o idoso e
sua sobrinha, entrou em contato com a central da ré (com áudio de ligação
nos autos), onde foi constatado pelo atendente, que o referido DESCONTO
HAVIA SIDO FEITO, sem, contudo, informar os motivos pelo qual a ré
encaminhou ordem de DESCONTO INDEVIDO no benefício do autor.

6. A ré de forma LEVIANA, DESONESTA e ILEGAL, a fim de se beneficiar


pela própria torpeza, REALIZOU DESCONTO INDEVIDO na
aposentadoria do idoso, sem jamais ter dado ciência ao mesmo, acerca da
possibilidade deste desconto, nem informar do que se tratava o referido
DESCONTO INDEVIDO.

7. Diante do FLAGRANTE ABUSO perpetrado pela ré e em virtude do abalo


moral sofrido por conta do DESRESPEITO, da SENSACAO DE

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IMPOTÊNCIA e do DESCASO na forma como a questão tem sido tratada


pela Requerida, e eis que o Requerente é idoso, com dificuldades de
locomoção por conta da cegueira, bem como ser o único recurso para
sustento de sua família, tendo feito o possível para que não viesse a ter passado
pelo que vem passando, única e exclusivamente por culpa da Requerida, e, não
tendo obtido nenhum êxito na solução do problema.

O Requerente vem perante o Poder Judiciário requerer seja DECLARADA:

✓ A inexistência de vínculo contratual com a Ré;


✓ A inexistência e inexigibilidade dos descontos de um serviço não
contratado;
✓ Devolução em dobro dos valores descontados indevidamente;
✓ Bem como seja indenizado pelo dano moral suportado.

DO DIREITO

DA INEXISTENCIA DE QUALQUER SERVICO CONTRATADO

A lide posta em juízo evidencia a inexecução relativa, em um suposto contrato que


jamais existiu, bastando que a Ré através de uma simples tarefa, vale dizer, alterar seus
sistemas (quiçá apertando um simples botão), de maneira que o Requerente passe a ter
declarada inexistir qualquer serviço contratado com a Requerida, bem como a
inexistência de qualquer desconto a ser realizado no benefício do idoso, reparando
assim um defeito na prestação do serviço (CDC 14).

Com efeito, a documentação carreada aos autos, reveladora de manifesto descaso,


demonstra que a Requerida não cumpriu, não cumpre e não cumprirá sua obrigação de
forma espontânea, devendo ser compulsada a tanto, nos termos do artigo 84 do CDC, in
verbis:

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“Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação


de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento.”

No mesmo sentido, a propósito, dispõe o artigo 497 do novel Código de Processo


Civil, também in verbis:

‘’Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de


não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela
específica ou determinará providências que assegurem a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente’’.

Com efeito, diante da tentativa pela Requerente para fazer com que Requerida levasse a
efeito a declaração de não existir nenhuma contratação de serviço descontado
indevidamente, muito menos algum motivo que ensejasse a recusa em cancelamento
dos descontos habilitados de forma UNILATERAL.

Como não logrou êxito, nas busca de uma solução, caminho outro não lhe restou senão
a tutela judicial.

DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL

Entre os direitos básicos do consumidor está “a efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos” (art. 6º, inciso VI, do Código de
Defesa do Consumidor). Cuida-se de regra protetiva que reverbera o disposto no artigo
5º, inciso X da Constituição Federal, e artigo 186 do Código Civil, no tocante à
reparação dos danos por aquele que comete ato ilícito ou abusa do direito.

No caso vertente, não é forçoso reconhecer que o Requerente experimentou muito mais
que mero aborrecimento decorrente de uma ativação de um serviço em seus dados
pessoais, quando jamais solicitou, configurando uma conduta arbitraria e ilícita por

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parte da Requerida, que com tal conduta, causou ao Requerente manifesta lesão aos seus
direitos fundamentais, notadamente à sua dignidade.

Basta se colocar no lugar do Requerente (a isso se chama empatia), para perceber


que houve descaso/negligência no trato do problema por ela enfrentado, ainda
mais que o mesmo ser IDOSO, com dificuldades de locomoção e ainda por cima ter
de se ver subindo e descendo em agências bancárias e do INSS, a fim de tentar
resolver um problema causado ÚNICA e EXCLUSIVAMENTE POR CULPA DA
CONDUTA DA RÉ.

Ora, é inaceitável que um consumidor se esforce por dar cabo a um problema, que foi
dado causa única e exclusivamente pela Requerida, e, não ver esse problema resolvido.
Isso vai além de meros transtornos que uma pessoa experimenta no dia a dia.

Em casos tais é natural que qualquer pessoa experiente sentimento de tristeza, angustia,
humilhação, amargura e, sobretudo, impotência diante de uma pessoa jurídica de grande
poder econômico.

Em verdade, o descaso da Requerida malferiu a boa-fé objetiva, assim definida como a


necessidade de se observar uma conduta leal entre as partes, que pressupõe a
observância de deveres anexos ou laterais, vale dizer, dever de cuidado, respeito,
informação, confiança, probidade, honestidade, colaboração e cooperação para a
solução do problema.

Tudo isso passou ao largo da relação contratual havida entre as partes, causando à
Requerente aborrecimento relevante, notadamente pela perda de tempo útil.

A propósito, já decidiu o colendo Superior Tribunal de Justiça que:

‘’é cabível a reparação de danos morais quando o


consumidor de veículo zero quilômetro necessita retornar à
concessionária, por diversas vezes, para reparar defeitos
apresentados no veículo ((REsp 1443268/DF, Rel. Ministro

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SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em


03/06/2014, DJe 08/09/2014)’’.

Em um cotejo analítico do inteiro teor do aresto supra com o fato em comento, é


possível ver que, na essência, o fundamento para a reparação do dano moral se presta
para ambos, ou seja, considerável perda de tempo útil do consumidor.

TARTUCE (2017, p. 552), ao citar GUGLINSKI[2], anota que:

“a ocorrência sucessiva e acintosa de mau atendimento ao


consumidor, gerando a perda de tempo útil, tem levado a
jurisprudência a dar seus primeiros passos para solucionar
os dissabores experimentados por milhares de
consumidores, passando a admitir a reparação civil pela
perda do tempo livre”.

No caso em comento, não é forçoso reconhecer que o Requerente, por negligência e


descaso da Requerida, perdeu considerável tempo útil, e de forma angustiante e
perturbadora, na medida em que seu esforço foi em vão, pois a Requerida não buscou
resolver o problema de cancelar o desconto reconhecido tão somente por ela, e ainda
por cima ter comunicado ao Requerente que tratariam de imediato e não ter
realizado.

Quanto ao valor da indenização, sabe-se que sua fixação deve ser pautada pela
proporcionalidade e razoabilidade, de modo que o valor arbitrado, além de servir como
forma de compensação do dano sofrido, deve ter caráter sancionatório e inibidor da
conduta praticada.

No caso concreto, a reprovabilidade da conduta foi alta em face da conduta arbitraria,


leviana, desrespeitosa, negligente, carreada de má fé e ilícita, culminando no descaso da
Requerida no trato do problema, que sequer foi solucionado, levando o Requerente e
IDOSO, a suportar considerável sofrimento e significativa perda de tempo.

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Há necessidade de que o quanto indenizatório represente algum efeito pedagógico na


Requerida, para que ela possa, no mínimo, observar as regras da boa-fé e seus corolários
do dever de respeito, cuidado, probidade e cooperação, evitando-se assim a repetição de
demandas dessa natureza.

De forma sutil, a Requerida pretende ter o tempo ao seu lado, como forma de manter
seu lucro, prestando um serviço que lhe é menos oneroso, locupletando-se
indevidamente, o que pode não ser um caso isolado entre seus clientes.

Em verdade, a Requerida aproveita nosso sistema jurídico, que prima pelo princípio da
modicidade na reparação de casos tais, para não resolver desde logo danos ao
consumidor.

Demais disso, dos consumidores lesados, poucos buscam a tutela de seu direito no
Judiciário. E é com isso que estas empresas contam.

Quanto às condições econômicas das partes, é sabido que a Requerida é uma empresa
de grande porte e não há notícias de que esteja em situação financeira precária.

O Requerente, por seu turno, é UM IDOSO, APOSENTADO, COM


DIFICULDADES POR CONTA DA SAÚDE PRECÁRIA, sustentado pelo salário-
mínimo de seu benefício, com o qual sustenta a si mesmo e a sua família, sendo
certo que ajuíza a presente ação de reparação de danos morais contra alguém por
entender que a ofensa foi muito além do mero dissabor.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer de Vossa Excelência:

a) O deferimento da GRATUIDADE DE JUSTIÇA;

b) A tramitação prioritária processual, por ser pessoa idosa;

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c) Ordenar a CITAÇÃO DA REQUERIDA no endereço inicialmente


indicado, quanto à presente ação, para que, perante esse Juízo, apresente
defesa que tiver, dentro do prazo legal, sob pena de confissão ou pena de
revelia;

d) Seja julgada PROCEDENTE A PRESENTE AÇÃO, com a condenação ao


pagamento de indenização a título de DANOS MORAIS no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais), como forma de punição e de caráter pedagógico, a
fim de casos como estes não aconteça mais;

e) A condenação na devolução dos valores em dobro, no importe de R$ 84,72,


diante dos descontos indevidos no benefício de aposentadoria do autor;

f) A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA em favor da Requerente, conforme


autoriza Art. 6º, Inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor;

g) Determinar que a ré seja impelida à não mais realizar qualquer desconto no


benefício do autor;

h) Condenar a Requerida ao pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios em valor arbitrado por este respeitável Juízo.

Protesta o Requerente pela produção de todas as provas admissíveis em juízo, juntada


de novos documentos, depoimento pessoal do representante legal da Requerida, ou seu
preposto designado, sob pena de confissão, oitiva testemunhal e demais provas
necessárias para todos os efeitos de direito.

Dá-se a presente o valor de R$ 10.084,72 (dez mil oitenta e quatro reais e setenta e
dois centavos ).

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
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Itapetinga-BA, 28 de março de 2024.

ROBERTO DE JESUS SANTOS


OAB/BA. 55.375
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