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Clara Beatriz Vieira Galhardo 214001

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

CLAUDOMIRO CASTANHO, brasileiro, auxiliar administrativo, casado,


portador da cédula de identidade RG nº 36.923.541-1 SSP/SP, inscrito no CPF/MF nº
209.832.312-23, residente e domiciliado na rua Silva Jardim, 1.234, Centro, CEP: 16123-
321, na cidade de Araçatuba-SP, por sua advogada devidamente constituído pelo
instrumento de mandato anexo, que recebe intimação em seu Rua Itamar Martinez
Álvares, 230, Lago Azul, CEP 16022-500, Araçatuba-SP, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 1.015 e seguintes do Código
de Processo Civil, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO
DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL, tendo em vista a r.
decisão de fls. (...), proferida pelo Meritíssimo Juízo da 2ª Vara de Família e Sucessões
da Comarca de Araçatuba-SP, nos autos da AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE
ALIMENTOS COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA
ANTECIPADA, Processo nº 0123456-78.2021.8.26.0032, proposta em face de BRUNO
ANDRADE CASTANHO, brasileiro, contador, solteiro, portador da cédula de
identidade RG nº 45.789.435-7, inscrito no CPF/MF nº 451.345.680-72, residente e
domiciliado na rua Elvis Seixas, 317, Condomínio França, Casa 12, Jardim Esperança,
CEP: 16003-567, na cidade de Araçatuba-SP, pelas razões de fato e de Direito a seguir
aduzidas:
Informa que deixa de realizar o devido preparo, pois um dos motivos do presente
recurso é discutir o direito de gratuidade da justiça, nos termos do art. 99, § 7º do NCPC.
A fim de cumprir o disposto no artigo 1.016, IV, Código de Processo Civil, devem
ser intimados:
a) POR PARTE DA AGRAVANTE: Clara Beatriz Vieira Galhardo, inscrito na
Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado de São Paulo, sob o nº. 214001, com
escritório profissional sito na Rua Itamar Martinez Álvares, 230, Lago Azul, CEP 16022-
500, Araçatuba-SP, endereço eletrônico clabeatrzut@gmail.com.
b) POR PARTE DO AGRAVADO: Deixa de indicar, porquanto ainda não
formada a relação processual;
Nos termos do artigo 1.017, do Código de Processo Civil lista as peças integrantes
do translado, no qual consta a integralidade dos autos originários, podendo-se verificar as
peças essenciais, como adiante listado:
1) Procuração aos advogados das partes;
2) Decisão impugnada;
3) Certidão da publicação da decisão agravada;
4) Demais documentos essenciais para compreensão da causa.

Termos em que,
Pede deferimento.

Araçatuba, 30 de maio de 2022.

CLARA BEATRIZ VIEIRA GALHARDO

OAB/SP Nº 214001
MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

ORIGEM: 2ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE


ARAÇATUBA-SP
PROCESSO N.°: 0123456-78.2021.8.26.0032
AGRAVANTE: CLAUDOMIRO CASTANHO
AGRAVADO: BRUNO ANDRADE CASTANHO

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Eminentes Julgadores.

I – TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO
Nos termos do artigo 1003, §5º do Código de Processo Civil, o prazo para interpor
o presente recurso é de 15 (quinze) dias úteis.
Desta forma, considerando que a decisão fora pública no Diário Oficial na data de
(...), tem-se por tempestivo o presente recurso, devendo ser acolhido.
A parte recorrente é legítima, já que foi vencida na presente demanda consoante
preceito do artigo 996 do Código de Processo Civil.

II – BREVE RELATO DO PROCESSO


O Agravante ingressou com Ação de Exoneração de Alimentos com Pedido de
Tutela de Urgência de Natureza Antecipada em face do Agravo para que seja extinto a
obrigação de prestar alimentos, correspondente a 30% dos seus rendimentos, devido a
maioridade de seu filho e a formação no curso de Ciências Contábeis.
Foi demonstrado durante o processo que seu filho se encontra empregado e
recebendo um salário cerca de R$ 3.500,00, sendo superior a renda do genitor.
Além do mais, o Agravante encontra-se com a saúde debilitada devido a um
tratamento de câncer que vem realizando, comprovado através de laudos médicos,
receitas de medicamentos, notas fiscais de gastos mensais e declaração do imposto de
renda, juntados ao processo. Tendo em vista que sua renda mensal é de apenas R$
2.000,00, fez o pedido de justiça gratuita com base na legislação, sendo indeferido seu
pedido pelo nobre julgador no despacho inicial.
Por fim, foi negado o pedido de exoneração de alimentos, alegando que seu filho,
mesmo sendo maior e formado, com emprego fixo, não é capaz de se sustentar, mormente
em razão da idade que o impossibilita de trabalhar e se manter.

III – DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO (CPC, ART 1.016, III)

DA JUSTIÇA GRATUITA
O M.M. Juiz a quo julgou a questão da Justiça Gratuita sem legar em consideração
os altos gastos que o Agravante está tendo com o tratamento de sua doença e indeferiu o
pedido da gratuidade da justiça.
A Constituição Federal, em seu art 5º, LXXIV, afirma que tal benefício passou a
constituir-se em verdadeira garantia constitucional, com isso, deve ser observado o
devido processo legal. Como exposto nos fatos acima, o Agravante não vislumbra de
qualquer indício de boa situação financeira e econômica, o que faria jus a esse benefício
constitucional.
A remuneração do Recorrente é equivalente de 1,5 (um e meio) salários mínimos,
não tendo como arcar nem com as despesas do seu tratamento médico, além disso, tendo
que pagar uma pensão alimentícia de 30%.
De outro compasso, é notável que a decisão atacada é carente de fundamentação.
Assim, necessária a indicação precisa da irrelevância dos documentos, afirmados como
indicativos da hipossuficiência (CPC, art. 99, § 2º c/c art. 5º, caput, da Lei 1.060/50).
Assim não o fez.
Ao contrário disso, sob pena de ferir-se princípios constitucionais, como os da
razoabilidade e o da proporcionalidade, a restrição de direitos deve ser vista com bastante
cautela, o que não foi feito pelo nobre julgador a quo. Tão somente poderia indeferir o
pedido, quando absolutamente seguro que a parte, em verdade, teria condições de arcar
com as custas e despesas judiciais. Não foi o caso.
Diante de todos os fatos expostos, o Agravante comprovou não ter condições de
arcar com as despesas processuais. É entendimento da jurisprudência:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CONSTITUCIONAL E
PROCESSUAL CIVIL. INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO DA
GRATUIDADE DE JUSTIÇA. IRRESIGNAÇÃO DO EMBARGANTE. O
direito à gratuidade de justiça é garantia constitucional reservada àqueles
que efetivamente não possuem suficiência de recursos para pagar as custas,
as despesas processuais e os honorários advocatícios. Não basta a
afirmação de pobreza, devendo haver prova da insuficiência de recursos. O
recorrente demonstrou a miserabilidade jurídica e, em sendo assim, merece
ser deferida a assistência judiciária gratuita. Recurso CONHECIDO e
PROVIDO.
(TJ-RJ - AI: 00092793920228190000, Relator: Des(a). CEZAR AUGUSTO
RODRIGUES COSTA, Data de Julgamento: 10/05/2022, DÉCIMA SÉTIMA
CÂMARA CÍVEL)

DA NECESSÁRIA EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS


O M.M Juiz a quo alegou na sua nobre decisão que a parte Agravada não tem
condições de se sustentar e está impossibilitada de trabalhar. Não é o caso.
O Agravado é jovem, formado em Ciências Contábeis, atualmente com emprego
fixo ganhando cerca de R$ 3.500,00, renda superior à de seu genitor, portanto tem
recursos próprios para se manter.
Impõe-se, segundo os ditames da lei, a comprovação da real necessidade de
percebê-la, sob pena, ao contrário disso, do pensionamento servir tão somente como
“prêmio à ociosidade”. A parte Agravada pode muito bem se manter com subsistência do
seu trabalho.
De igual modo, dispõe o doutrinador Washington de Barros Monteiro que:
Verifica-se, por esse artigo, que não pode requerer alimentos nem viver a
expensas de outro quem possui bens, ou está em condições de subsistir com o
próprio trabalho. Consequentemente, só pode reclamá-los aquele que não
possuir recursos próprios e esteja impossibilitado de obtê-los por menoridade,
doença, idade avançada, calamidade pública ou falta de trabalho...

Também é entendimento do Tribunal de Justiça de São Paulo:


Agravo de Instrumento – Exoneração de Alimentos – Decisão que indeferiu
a tutela pleiteada – Binômio necessidade x possibilidade que deve ser
observado – Implemento da maioridade pelos filhos atinge a obrigação
alimentar, entretanto, não enseja, por si só, a exoneração da obrigação
alimentar – Súmula 358 do C. STJ – Agravante, entretanto, que
demonstrou, além da maioridade do filho, que este casou-se, está
trabalhando em empresa regularmente e não está estudando – Presentes
os requisitos que autorizam a concessão da tutela de urgência (art. 300 do
CPC)– Decisão reformada – Recurso provido, na parte conhecida.
(TJ-SP - AI: 21019776920218260000 SP 2101977-69.2021.8.26.0000,
Relator: Luiz Antonio Costa, Data de Julgamento: 01/07/2021, 7ª Câmara
de Direito Privado, Data de Publicação: 01/07/2021) (GRIFO NOSSO)

Portanto, o Agravante não necessita mais de prestação de alimentos, pois


consegue seu próprio sustento.
Por tais fundamentos, é inescusável que a decisão deve ser reformada, posto que
há elementos probatórios suficientes a comprovar a desnecessidade de pagamento de
alimentos ao Recorrido e o Recorrente faz jus a gratuidade da justiça, conforme
comprovado.

IV – DO PEDIDO LIMINAR

DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA


O art. 300 do Código de Processo Civil dispõe que a tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
O presente caso apresenta tais requisitos, vejamos:
A PROBABILIDADE DO DIREITO é caracterizado diante da demonstração
inequívoca de que o Agravante não possui condições para arcar com as despesas
processuais diante de todos os gastos com sua saúde, comprovados no processo. Além
disso, a parte Agravada não tem mais necessidade de recebimento de 30% a título de
alimentos.
O doutrinador Luiz Guilherme Marinoni destaca que:
Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em obrigar o autor
a esperar o tempo necessário à produção das provas dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se desincumbiu do ônus da
prova e a demora inerente à prova dos fatos, cuja prova incube ao réu
certamente o beneficia.
O RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pelo fato de o autor estar em
tratamento médico, precisando de qualquer dinheiro que possui para pagar os custos, ou
seja, tal circunstância confere grave risco de perecimento do resultado útil do processo.
E por fim, o pedido NÃO CARACTERIZA CONDUTA IRREVERSÍVEL, logo,
não confere nenhum dano ao Agravado.
É inegável a existência de fundado receio de dano irreparável, sendo
imprescindível a concessão de exoneração de alimentos, nos termos do artigo 300 do
NCPC.

DA ATRIBUIÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO


Com base no artigo 1.019, I do NCPC, é possível pleitear o efeito suspensivo do
recurso:
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído
imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o
relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua
decisão;

A Agravante demonstrou o requisito da fundamentação relevante e ficou


comprovado a situação de desequilíbrio da possibilidade-necessidade quanto ao
pagamento da verba alimentar. Além do mais, preenche o requisito do risco de lesão grave
e difícil reparação.
Pede-se tutela de maneira a suspender os efeitos de decisão interlocutória,
conferindo-se efeito suspensivo no presente recurso.

V – DO PEDIDO
Pelo exposto, requer:
1. Que seja admitido o presente recurso;
2. Que seja reformada a decisão do julgador a quo a fim de que:
a. Seja deferido o pedido da gratuidade processual, com isenção ao
pagamento de custas por ser o requerente pobre no sentido da lei, juntando
declaração de hipossuficiência e outros documentos plausíveis ao pedido;
b. Seja concedida a tutela antecipada de urgência, para cessar a obrigação de
alimentos do autor ao requerido, imediatamente;
c. Seja suspensa a decisão interlocutória;
3. Que o requerido seja intimado para, querendo, responder em 15 (quinze) dias
(CPC, art. 1.019, II).
4. O agravante irá cumprir com o determinado no artigo 1.018 do NCPC.

Termos em que,
Pede deferimento.

Araçatuba, 30 de maio de 2022.

CLARA BEATRIZ VIEIRA GALHARDO


OAB/SP Nº 214001

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