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Drª. Lucia da Silva OAB/SP 365.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª


VARA CÍVEL DA COMARCA DE ITANHAÉM/SP

Processo nº 1005822-33.2020.8.26.0266

RAFAEL AUGUSTO COSTA PIRES DE CAMPOS, já qualificado nos autos em


epígrafe, por sua advogada que a esta subscreve, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, expor e requerer o que segue:

O autor não foi instado a se manifestar acerca da ausência de Contestação e/ou


Justificativa/Impugnação da Requerida, o que se faz, nos seguintes termos:

A Requerida foi devidamente citada, na data de 04 de Fevereiro do corrente ano,


conforme certidão do Sr. Oficial de Justiça, nas fls. 138 dos autos, após diversas tentativas de
citação, logrou exito em sua intimação, decorrendo o prazo para
Contestação/Justificativa/Impugnação.

Consoante o disposto nos artigos 336 e 344, do Código de Processo Civil, incumbe ao réu
alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que
impugna o pedido do autor, presumindo-se verdadeiros os fatos afirmados, caso não conteste a
ação.

A revelia é ato-fato processual que produz os seguintes efeitos:

a) efeito material: presunção de veracidade das alegações de fato feitas pelo demandante (artigo
344, CPC);

b) os prazos contra o réu revel que não tenha advogado fluem a partir da publicação da decisão
(artigo 346, CPC);

c) preclusão em desfavor do réu do poder de alegar algumas matérias de defesa (efeito


processual, ressalvadas aquelas previstas no artigo 342, CPC);

d) possibilidade de julgamento antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito material


da revelia (artigo 355, inciso II, CPC).

Destarte, o réu revel somente poderá deduzir matérias de direito e as matérias de defesa
previstas no artigo 342, do Código de Processo Civil, quais sejam, relativas:

(I) A direito ou a fato superveniente,

(II) As que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz, e

(III) Aquelas que, por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e
grau de jurisdição.

Ora Excelência, as partes estão separadas de fato, sem chances de reconciliação, segundo
o autor, sem manifestação contrária da Requerida. Portanto, nada arguido de forma a propiciar o
indeferimento do pleito formulado.

Na decisão de fls. 150/153, este douto juízo prolatou a sentença, na qual julgou
IMPROCEDENTE o pleito inicial, mesmo sem contestação da Requerida, que intimada poderia
ter contestado caso tivesse interesse, e não o fez, demonstrando assim a veracidade dos fatos
alegados pelo autor.

A revelia produz presunção relativa da veracidade dos fatos alegados, podendo seus
efeitos serem mitigados, sobretudo nos casos de alimentos devidos à menor de idade, cabendo ao
julgador, como destinatário das provas, realizar a análise dos fatos e documentos apresentados.

Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE


ALIMENTOS - INEXISTÊNCIA DE CONTESTAÇÃO -
APLICAÇÃO DOS EFEITOS DA REVELIA -
IMPOSSIBILIDADE - ARTIGO 345, INCISO II, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL EM VIGOR ÂÂ-
DIREITOS INDISPONÍVEIS - AUSÊNCIA DE PROVAS -
ANULAÇÃO DA SENTENÇA - PROSSEGUIMENTO DO
FEITO. 1. Nas ações em que o litígio versar sobre direitos
indisponíveis, não se aplicam os efeitos da revelia. 2. Não há
óbice para que seja julgado procedente o pedido de alimentos
quando o réu for revel, sendo imprescindível, contudo, que as
provas produzidas nos autos sejam conclusivas no sentido do
acolhimento do pedido inicial. Se não foram produzidas
provas nos autos, deve ser anulada a sentença, a fim de que o
feito seja devidamente instruído. 3. Recurso conhecido e
provido. (TJ-PI - AC: 00019580720068180140 PI, Relator:
Des. Raimundo Nonato da Costa Alencar, Data de
Julgamento: 24/10/2017, 4ª Câmara Especializada Cível)

Nos termos do artigo 7º, segunda parte, da Lei 5.478/1968, “a ausência do réu importa em
revelia, além da confissão quanto à matéria fática”.

Levando-se em conta que a Requerida tomou conhecimento dos alimentos fixados, bem
como o pedido de revisional e não formulou inconformismo a respeito, tendo sido inclusive
revel.

O art. 15 da Lei 5.478/68 prescreve que: “a decisão judicial sobre alimentos não transita
em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira
dos interessados”. O dispositivo, claramente, se aplica ao caso em tela, uma vez que o autor
continua com o mesmo salário e constituiu novo enlace familiar, e vindo a ter dois filhos com sa
esposa, os quais por sua vez, menores e necessitados tambem de ajuda do genitor, que com seus
provimentos salariais não tem a menor possibilidade de sustentar sua familia, arcar com aluguel
para garantir um lar estruturado para sua prole e ainda manter uma pensão de quase meio salário
minímo.

Para fins de esclarecimento, os alimentos, segundo a lição de Orlando Gomes, “são


prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. Têm por
finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua subsistência.
Quanto ao conteúdo, os alimentos abrangem, assim, o indispensável ao sustento, vestuário,
habitação, assistência médica, instrução e educação”. Sendo assim, os filhos do autor, que
nasceram após a relação com a Requerida, também são necessitados de todos os direitos que a
mesma.

Logo, para revisão dos alimentos é necessário a demonstração da mudança na situação


financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, sendo os novos alimentos fixados com
base na necessidade e proporcionalidade.

Outrora a Requerida passou a perceber maiores rendimentos após conseguir emprego


fixo, conforme se demonstra na certidão do Oficial de Justiça as fls. 138 dos autos.

Corroborando que tal dispositivo, o art. 1.699 do Diploma Civil também afirma que se,
fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem
os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração,
redução ou majoração do encargo.

Observa-se também o binômio necessidade/possibilidade, como preceitua o art. 1.694,


CC, em seu primeiro parágrafo:

§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das


necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.

Pelo exposto, requer:

a) A fixação dos alimentos definitivos em 12% (dez) dos rendimentos líquidos em caso de
vínculo empregatício, abatidos os descontos obrigatórios e, em caso de ausência de vínculo
empregatício, fixados R$300,00 (trezentos reais).

Termos em que pede deferimento.

Itanhaém, 23 de Março de 2022.


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Rua Expedicionário Poitena, 41– Sala 01 - Centro –
Itanhaém – SP Tel. (13) 997960-340

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