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AO JUÍZO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PANAMBI/RS

Processo nº ...

DIOGO SCHMIDT, já qualificado no processo em


epígrafe, por sua procuradora signatária (procuração em
anexo), que recebe intimações no endereço profissional
sito à Rua do Comércio, nº 1.110, Bairro Centro, na
cidade de Ijuí/RS, CEP 98700-000, com fundamento nos
arts. 335 e seguintes do CPC, vem respeitosamente
perante Vossa Excelência apresentar

CONTESTAÇÃO

nos autos da ação de investigação de paternidade c/c


alimentos, guarda e regulamentação de visitas, ajuizada
por LILIANE K. DA SILVA, já qualificada nos autos, pelos
fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

I. DOS FATOS:

As partes mantiveram um breve relacionamento amoroso, que resultou


no nascimento de Charles John da Silva, porém o requerido ao ficar sabendo
da gravidez e da probabilidade de ser o genitor de Charles, isto em
Setembro/2020, afastou-se, não mais procurando a genitora desde então. Ou
seja, abandonou a requerente, grávida e em situação de desemprego, sem
nunca ao menos ter buscado informações acerca da gestação ou da
necessidade de algo para auxiliar na manutenção financeira da gestante.
Conforme relato em anexo, a requerente contatou o requerido por meio
de ligação telefônica em 07/04/2021, avisando a cerca do nascimento da
criança e reiterando que ele é o pai do menino. Ainda, em tentativa de solução
extrajudicial do conflito, agendou uma conversa com o requerido em sua
residência, para tratar dos alimentos devidos, da forma como seria exercida a
guarda e o direito de visitação. Contudo, o requerido não compareceu na
reunião marcada.
II – DA PRELIMINAR
II. 1 – Da Incorreção do Valor da Causa
A autora ajuizou a presente ação de Investigação de Paternidade c/c
Alimentos, Guarda e Regulamentação de Visitas, que tramita perante este
douto juízo de Panambi/RS.
Data vênia, houve um equívoco no valor da causa, devendo ser
modificado, tendo em vista que não foram observadas as regras legais do art.
292, inciso III, do CPC, in verbis:
Art. 292. O valor da causa constará da
petição inicial ou da reconvenção e será:
III – na ação de alimentos, a soma de 12
(doze) prestações mensais pedidas pelo
autor;
Ainda, o art. 337, III, do mesmo diploma legal, aduz:
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o
mérito, alegar:
III – incorreção do valor da causa.
III – DO MÉRITO
III. 1- Da Investigação de Paternidade
Não nega o Réu ter tido um relacionamento com a Autora, porém, cabe
ressaltar que durante este período houve alguns desentendimentos durante o
relacionamento, o que ocasionou no término da relação. Tendo conhecimento
de que a autora possuía outros relacionamentos enquanto estavam juntos,
estava então o réu convencido de que não era o pai da criança.
Destarte, mostra-se totalmente incerta a paternidade, fazendo-se mister
a prova cabal do fato articulado, na espécie de exame de DNA, instrumento
hábil para confirmação da origem biológica, conforme entendimento deste
tribunal, veja-se:
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
CUMULADA COM PEDIDO DE
ALIMENTOS – INICITIVA PROBATÓRIA
DO JUIZ – EXAME DE DNA –
NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO –
CASSAÇÃO DO DECISUM. – Na
investigação de paternidade, o magistrado
deve-se valer da iniciativa probatória, com o
objetivo de apurar a verdade dos fatos
postos à sua apreciação, evitando-se,
assim, o prolongamento indefinido da
discussão em torno do vínculo familiar. (TJ-
MG XXXXX12921860011 MG XXXXX-6/01,
Relator: SILAS VIEIRA, Data de
Julgamento: 10/04/2008, Data de
Publicação: 31/05/2008).
Corroborando com este entendimento o art. 2º A da Lei nº 8.560 diz que
“na investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos”.

III. 2 – Dos Alimentos


Na Petição Inicial a autora pleiteou pela fixação de alimentos na
porcentagem de 30% (trinta por cento) sobre o salário-mínimo atual, entretanto
este valor não é satisfatório para o pagamento das despesas do menor, tendo
em vista os inúmeros gastos mensais, especialmente com fraldas, leite e
consultas médicas deste.
Por ora, o réu não tem a se opor quanto à prestação de alimentos
deferida por este juízo em sede de alimentos provisório, assim, caso seja
comprovada a paternidade, deseja auxiliar na porcentagem de 30% (trinta por
cento) sobre o salário-mínimo vigente, que deverá ser pago até o dia 10 de
cada mês, com depósito em conta bancária, de titularidade da genitora do
menor, requerendo que oportunamente os mesmos sejam convertidos em
alimentos provisórios.
Mister, faz-se observar que o dever de sustento dos filhos é obrigação a
ser desempenhada pelos pais, ou seja, tal atribuição também compete à
genitora de forma igualitária. A respeito desta temática posicionam-se os
tribunais no seguinte sentido:
TJ - MG – Apelação Cível AC
XXXXX20082007001 MG (TJ – MG). Data
de Publicação: 16/06/2014. Ementa: AÇÃO
DE ALIMENTOS. FILHO MENOR.
FIXAÇÃO DO MONTANTE.
PROPORCIONALIDADE. CAPACIDADE
DO ALIMENTANTE E NECESSIDADE DO
ALIMENTADO. São devidos alimentos, nos
moldes do art. 1.695 do Código Civil,
quando que os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu
trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem
desfalque do necessário ao seu sustento.
Para a fixação de alimentos, o Magistrado
deve avaliar os requisitos estabelecidos pela
lei, considerando-se a proporcionalidade
entre a necessidade do alimentado e a
possibilidade de pagamento pelo requerido
a fim de estabilizar as micro relações
sociais. (Processo: AC XXXXX20082007001
MG. Órgão Julgador. Câmaras Cíveis/5ª
CÂMARA CÍVEL. Publicação: 16/06/2014.
Julgamento: 5 de Junho de 2014. Relator:
Fernando Caldeira Brant).
Portanto, ante ao exposto, provando-se a paternidade, e demonstrada a
impossibilidade de arcar com o valor pretendido pela autora, o réu se
compromete ao pagamento do valor de 30% do salário-mínimo vigente, pois,
valor superior a este coloca em risco a sua sobrevivência.

III. 3 – Da Guarda
Conforme preceitua a segunda parte do §1º, do art. 1.583, do Código
Civil, a guarda compartilhada é a responsabilização conjunta e o exercício de
direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam no mesmo teto,
concernentes ao poder familiar dos filhos.
Em outras palavras, é quando os pais respondem simultaneamente
sobre o filho menor, ou prioriza-se o engajamento de ambos os genitores no
crescimento e desenvolvimento dos filhos, que passarão a dividir a
responsabilidade para tomada de decisões, e, ainda que o filho resida somente
com um dos genitores, os dois possuem o mesmo poder familiar sobre ele.
Ocorre que para a fluida ocorrência da guarda compartilhada as partes
devem possuir minimamente uma boa relação, - não confundindo-se com
cumplicidade – mas uma relação de respeito entre ambos, pois as decisões
devem ser tomadas em comum acordo, para que distorções não afetem o
crescimento mental e psicológico da criança.
No caso em tela, tal situação é possível, uma vez que o réu apenas quer
a prova de que seja o legítimo pai do menor, pede então que seja julgada
procedente a guarda compartilhada, permitindo assim que o menor desfrute
tanto da companhia paterna, como da materna, em um regime de visitação
muito amplo e flexível.

III.4 – Da Regulamentação do Direito de Visitas


O art. 1.589 do Código Civil Brasileiro e o art. 19 do Estatuto da Criança
e do Adolescente, versam que é direito da criança e do adolescente ser criado
e educado com a sua família, sendo assegurada a convivência familiar, e que
aquele que não detém a guarda, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia,
veja:
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda
não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-
los em sua companhia, segundo o que
acordar com o outro cônjuge, ou for fixado
pelo juiz, bem como fiscalizar sua
manutenção e educação.
Art. 19. É direito da criança e do
adolescente ser criado e educado no seio
de sua família e, excepcionalmente, em
família substituta, assegurada a convivência
familiar e comunitária, em ambiente que
garanta seu desenvolvimento integral.
Nesse sentido, é a lição de Sílvio Neves Baptista (in A Família na
Travessia do Milênio, Anais do II Congresso Brasileiro de Família, IBDFAM,
2000, pg. 294):
O direito de visita – melhor seria direito à
visita – consiste no direito de ser visitado, e
não do direito de ir visitar o outro. A
expressão ‘direito de visita’ deve ser
interpretada como a faculdade que alguém
tem de receber visita, quer de pais, quer de
parentes e amigos. Não é, pois, um direito
do pai em relação ao filho, de acordo com o
generalizado entendimento, mas um direito
do filho em relação ao pai que não tem a
guarda, ou em relação a toda e qualquer
pessoa cuja conveniência lhe interessa. Não
pode assim ser entendido como uma
extensão do poder parental.
É cediço que o direito de visita deve ser sempre estimulado, visando
manter acesso ao vínculo da paternidade, pois tais contatos contribuem em
muito para que os filhos superem a situação dos pais separados, amenizando
as sequelas que são deixadas, e evitando que tenham problemas de ordem
emocional e psicológica.
Contudo, caso seja verificada a paternidade e definida a guarda, desde
já pugna pela regulamentação, também do direito de visitação do réu em
relação ao menor, propondo que as visitas ocorram de forma livre, desde que
com aviso prévio a genitora.

IV – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Ante o exposto, requer:

a) A improcedência dos pedidos


formulados na petição inicial;
b) O reconhecimento da preliminar de
incorreção do valor da causa, conforme
art. 337, inciso III, do Código de Processo
Civil;
c) A oportunidade de, servindo-se de
todos os instrumentos probatórios em
direito admitidos, em especial exame de
DNA, produzir prova quanto ao fato
apontado;
d) Seja deferido o direito de visitas
conforme fundamentação explanada no
item III.4, propondo-se que as visitas
sejam de forma livre, mas com aviso
prévio a genitora do menor;
e) Provando-se que o réu não é pai do
menor seja julgado totalmente
improcedente o pedido feito na inicial,
sendo condenada a autora ao pagamento
das custas processuais e honorários
advocatícios;
f) Sendo comprovada a paternidade, seja
julgado parcialmente procedente o
pedido, descontando-se o valor pleiteado
de alimentos, para garantir a
sobrevivência do menor, atribuindo-se o
valor de 30% do salário-mínimo vigente,
devendo ser pago até o dia 10 de cada
mês.

Nestes termos, pede deferimento.

Ijuí, 23 de maio de 2023.

ADVOGADO

OAB/RS 00.000

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