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PETIÇÃO INICIAL

Art. 319 do CPC

AO JUÍZO DE DIREITO 1ª DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE PANAMBI

ANA RIBEIRO, brasileira, em união estável, servidora pública,


CPF e RG não identificados, residente e domiciliado Rua São
Tomé, nº 1.281, Bairro Esperança, na cidade de Panambi/RS
CEP 98280-000, telefone número (55) 99872-4265; por suas
procuradoras signatárias, com endereço profissional na Rua
Progresso, nº 980, na cidade de Panambi/RS, CEP 98280-000,
telefone nº (55) 99116-1915, onde recebem intimações; vem,
respeitosamente, ajuizar

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO


ESTÁVEL CUMULADA COM FIXAÇÃO DE ALIMENTOS E
GUARDA E PARTILHA DE BENS em face de;

ANDERSON DIAS, brasileiro, em união estável, servidor


público, CPF e RG não identificados, residente e domiciliado
Rua São Tomé, nº 800, Bairro Zona Norte, na cidade de
Panambi/RS, CEP 98280-000, telefone número (55) 99784-
2551; pelos fatos e fundamentos jurídicos e legais a seguir
expostos

I. DOS FATOS.

A Autora e o Réu Anderson Dias possuem relacionamento há


aproximadamente seis anos e meio, sendo conviventes por aproximadamente quatro
anos e meio. Sempre se comportaram como se casados fossem, uma vez que ao
longo desses anos demonstraram instabilidade no relacionamento de forma afetiva e
mútua, que, inclusive, era visível ao público, seus vizinhos, seus amigos e seus
parentes.
Passaram a conviver em união more uxório, inicialmente numa residência
localizada na Rua X, e, posteriormente na residência localizada à Rua Y, nº 1281,
bairro H na cidade de Panambi – RS. O referido imóvel foi adquirido em comunhão
de esforços, na constância da união estável, tendo sido entregue o antigo imóvel
onde moravam como parte do pagamento.
Além do referido imóvel, durante a união também foi requerido um automóvel
Fiesta ano/modelo 2013/2014, de placas XYJ 9000. Ressalva-se que o imóvel não
está no nome das partes, isso, pois, conforme os documentos em anexo, o casal
adquiriu o imóvel sito a Rua Y, e, como forma de pagamento entregou o imóvel sito
a Rua X. Porém, o segundo imóvel está alienado, e fora transacionado que a
transferência formal somente seria realizada após o pagamento do financiamento e
liberação do referido imóvel.
Quanto ao veículo, igualmente não se encontra em nome das partes, uma vez
que fora adquirido recentemente. Contudo, através de prova testemunhal e das
imagens em anexo será possível comprovar a propriedade do veículo como sendo
do requerido.
O casal, durante a união, teve um filho de nome João Pedro que conta com 5
anos de idade (certidão de nascimento em anexo), apenas adquiriu alguns bens
móveis, a casa e o automóvel. Apesar da convivência ter sido, durante a maior parte
do tempo, respeitosa e pacífica, nos últimos meses a convivência se tornou
insuportável.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS E LEGAIS.

II.1 - Da União Estável


Conforme já mencionado nos fatos, a Autora e o Réu conviveram em união
estável por aproximadamente 11 anos.
A Constituição Federal confere status de entidade familiar à união estável,
gozando, portanto, de tutela estatal, é o que estabelece em seu art. 226, §3º,
vejamos:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem
especial proteção do Estado.
§3º Para o efeito da proteção do Estado, é
reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento.
Por seu turno, afirma o Código Civil Brasileiro:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a
união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito
entre os companheiros, aplica-se às relações
patrimoniais, no que couber, o regime da
comunhão parcial de bens.
No caso em tela, está caracterizada a união estável, pois estão presentes
todos os elementos intrínsecos ao instituto, como anteriormente descrito. Logo, a
relação da Autora e do Réu era de convivência pública, contínua e duradoura, bem
como possuíam o objetivo de constituição de família, nos termos do artigo
mencionado, ou seja, união estável.
Ademais, é inegável e evidente do objetivo de constituição de família que
existiu na união das partes. Somado a isso, não se pode esquecer que foram mais
de 11 (onze) anos de vida comum e que, dessa união, nasceu um filho, João Pedro
que conta com 5(cinco) anos de idade. Assim sendo, resta plenamente configurada
a existência de união estável entre as partes, devendo ser reconhecida tal união de
11 (onze) anos e, posteriormente, dissolvida.

II.2 – Da Partilha de Bens


No caso em tela, incide o regime da comunhão parcial de bens, uma vez que,
nos termos do art. 1.725, do Código Civil, esse é o regime a ser aplicado na união
estável quando inexiste contrato escrito entre os companheiros. Assim, uma vez
verificada a existência de união estável, os bens adquiridos na constância da relação
deverão ser partilhados ao término do vínculo, nos termos do art. 1.658, do Código
Civil.
Portanto, segundo o que reza o artigo supramencionado, tomou-se como
modelo, para fins patrimoniais, o mesmo regime adotado no casamento, sendo a
hipótese o tratamento concedido à comunhão parcial de bens.
Assim, resta saber que a Autora e o Réu adquiriram onerosamente, durante a
convivência, os bens a seguir relacionados:

1 – Imóvel residencial sito na Rua São Tomé, nº1.281, Bairro


Esperança – Panambi/RS, CEP 98280-000, valor atualmente
estimado em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais);

2 – Um carro Fiesta ano/modelo 2013/2014, de placa XYJ 9000,


valor conforme tabela FIPE R$50.000,00 (cinquenta mil reais)

3 – Móveis, eletrodomésticos e utensílios que guarnecem a


residência, no valor aproximado de R$50.000,00 (cinquenta mil
reais)

Assim, o valor dos bens adquiridos na constância da união soma o valor de


R$300.000,00 (trezentos mil reais), descontando o valor do débito junto à Caixa
Econômica Federal, referente ao financiamento do imóvel, o saldo a partilhar é de
R$250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), os quais deverão ser partilhados de
forma igualitária entre os ex-conviventes, cabendo à autora 50% do valor, o qual
importa em R$125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais).

II. 3 – Das Dívidas

Requer a autora a partilha igualitária da dívida junto a Caixa Econômica


Federal, que tem como montante o valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais),
sendo que fica sob responsabilidade de cada parte o pagamento de R$25.000,00
(vinte e cinco mil reais).

Quanto às demais dívidas em nome dos ex-conviventes, requer que cada um


se responsabilize com as dívidas constantes em seu nome.

II. 4 - Da Guarda Unilateral

É inegável a importância da proteção existente em relação à criança e ao


adolescente. Tanto é que, a própria Carta Magna de 1988, no seu artigo 227, aduz
ser dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar em benefício deles,
diversos direitos. Veja-se:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do
Estado, assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.

Nesse sentido, Excelência, tem-se que o anseio da Autora, no presente caso,


é a decretação da guarda unilateral do menor João Pedro, bem como sejam fixados
alimentos em favor deste, e, ainda, seja fixado o direito de visitas ao Réu, a cada 15
(quinze) dias, tudo para a garantia dos direitos do menor, observando-se o melhor
interesse, conforme será destacado a seguir:

Destaca-se que a pretensão da Autora, em relação a guarda unilateral do


menor, encontra-se nos artigos 1.583 e seguintes, ambos do Código Civil. Veja-se:

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou


compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698,
de 2008)

§1º Compreende-se por guarda unilateral a


atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o
substitua (art. 1.54, §5º) e, por guarda
compartilhada a responsabilização conjunta e i
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe
que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao
poder familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei
nº 11.698, de 2008). §5º A guarda unilateral obriga
o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar
os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal
supervisão, qualquer dos genitores sempre será
parte legítima para solicitar informações e/ou
prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em
assuntos ou situações que direta ou indiretamente
afetem a saúde física e psicológica e a educação
de seus filhos. (Incluído pela Lei nº 13.058, de
2014)
Tal pretensão é relacionada, inicialmente, ao fato de que a Autora já detém,
efetivamente, a guarda do menor João Pedro e possui condições para a educação,
manutenção e criação do menor.

Ademais, tendo em vista que na guarda o interesse do menor é priorizado,


conforme interpretação do artigo 6º do ECA, e em consonância com o artigo 28, §3º
do mesmo diploma legal, viceja o melhor juízo no sentido de o menor permanecer
residindo com sua genitora, ora a Autora.

Assim, Excelência, para atender os melhores interesses do menor, a guarda


unilateral em favor da Autora, é a medida mais justa no presente caso, uma vez que
a genitora poderá resguardar da melhor forma possível os interesses de seu filho,
como já vem fazendo.

II. 5 – Dos Alimentos

É sabido que a cumulação de dissolução de união estável com alimentos em


favor do filho em comum se afigura perfeitamente possível. No caso em comento, a
obrigação alimentar do Réu decorre do fato dele ser pai do menor, conforme
Certidão de Nascimento anexa.

Com efeito, o dever de alimentar dos pais para com os filhos está
expressamente previsto no artigo 229 da Carta Magna, bem como nos artigos 1.694
e 1.696 do Código Civil. Neste diapasão, uma vez reconhecida a obrigação, faz-se
necessário determinar o quantum a ser pago, devendo-se observar o binômio
necessidade do alimentado e a possibilidade do alimentando.

Salienta-se que a Autora tem conhecimento de que o Réu recebe, em média,


R$2.000,00 (dois mil reais) mensais. De outro lado temos o alimentado, ora o filho
do casal, que atualmente tem 5 (cinco) anos de idade, demandando gastos como
alimentação, vestuário, educação, saúde, lazer.

Confrontando este binômio e não havendo dúvida quanto a obrigação


alimentar do Réu, aparenta ser plenamente razoável a fixação de pensão alimentícia
em favor do menor no patamar de 25% (vinte e cinco por cento) dos atuais
rendimentos do Réu, inclusive sobre as férias, décimo terceiro, etc.
Requer-se ainda que, em caso de desemprego ou ausência de renda do Réu,
os alimentos devidos ao menor passem a ser correspondentes a 30% (trinta por
cento) do salário-mínimo vigente e sendo por este corrigido.

III. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA.

De acordo com o atual Código de Processo Civil, em seu art. 300:


Art. 300. A tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou
risco ao resultado útil do processo.
§1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz
pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a
outra parte vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§2º A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia.
§3º A tutela de urgência de natureza antecipada
não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
No presente caso, a intenção da Autora, no que concerne a uma tutela de
urgência antecipada, diz respeito à fixação da guarda unilateral do menor, além de,
como já fora mencionado no tópico anteriormente descrito, a fixação de alimentos
em desfavor do Réu, desde logo.
Vê-se, então, que os requisitos necessários para a concessão da tutela de
urgência antecipada são presentes no caso em questão. No que tange ao requisito
da probabilidade do direito, está visivelmente estampado nos autos, haja vista que
tal possibilidade existe junto à jurisprudência e artigos de Lei. Além disso, a genitora
(Autora) está exercendo a guarda de fato do menor, prestando todo o auxílio
necessário ao desenvolvimento deste.
Por sua vez, o perigo de dano consiste na situação da possível demora na
prestação jurisdicional postulada, situação, esta, que dificultaria o exercício da
guarda e a manutenção do menor pela genitora, tendo em vista que, sozinha não
consegue arcar com todos os custos daquele, uma vez que, em caso de concessão
da antecipação dos efeitos da tutela, os direitos da criança poderão ser da melhor
forma resguardados e amparados.
Com isso, pleiteia a Autora que, seja concedida a tutela de urgência
antecipada, para que seja deferida, desde logo, a guarda provisória unilateral do
menor em seu favor, bem como para que sejam fixados alimentos em desfavor do
Réu, e em favor da criança, no patamar de 25% (vinte e cinco por cento) dos atuais
rendimentos do Réu (inclusive sobre as férias, décimo terceiro, etc), devendo tal
valor ser depositado na conta da genitora do menor, até o dia 10 de cada mês.
Requerendo ainda que, em caso de desemprego ou ausência de renda do
Réu, os alimentos devidos ao menor passem a ser correspondentes a 30% (trinta
por cento) do salário-mínimo vigente e sendo por este corrigido.

IV. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

A parte autora é economicamente hipossuficiente, não podendo arcar com as


custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios e periciais sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família. Assim, faz jus ao benefício da
gratuidade de justiça, forte no art. 98 do CPC, o que desde já requer.

Junta aos autos comprovantes de renda, bem como Declaração de


Hipossuficiência assinada.

V. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.

A parte autora manifesta interesse na realização da audiência preliminar de


conciliação.

VI. DAS PROVAS.

Requer demonstrar o alegado por meio de todas as provas em direito


admitidas, especialmente, a prova documental, depoimento especial do menor e
depoimento pessoal do réu.
VII. DOS PEDIDOS.

Ante ao exposto, Pede:

a) O deferimento liminar da Tutela de Urgência Antecipada,


pleiteada para que seja deferida, desde logo, a guarda provisória
unilateral do menor João Pedro em favor da Autora, bem como para
que sejam fixados alimentos em desfavor do Réu, e em favor da
criança, no patamar de 25% (vinte e cinco por cento) dos atuais
rendimentos do Réu (inclusive sobre as férias, décimo terceiro, etc.),
o qual recebe em média R$2.000,00 (dois mil reais) mensais,
devendo tal montante ser depositado na conta bancária da genitora
do menor, até o dia 10 (dez) de cada mês;

b) A procedência dos pedidos formulados na presente Ação para:

I – Reconhecer a união estável entre a Autora e o Réu, bem como a


dissolução desta;
II – Declarar o direito da Autora à meação dos bens descritos nesta
Ação, bens estes adquiridos na constância da união estável, a título
oneroso;
III – Regulamentar e confirmar, em definitivo, a guarda unilateral do
menor João Pedro, permanecendo a morar com a Autora,
expedindo-se, para tanto, o componente mandado de guarda
definitiva em favor da Autora;
IV – Fixar os alimentos em desfavor do Réu e em favor da criança,
no patamar de 25% (vinte e cinco por cento) dos atuais rendimentos
do Réu (inclusive sobre as férias, décimo terceiro, etc.), o qual
recebe em média R$2.000,00 (dois mil reais) mensais, devendo tal
montante ser depositado na conta bancária da genitora do menor,
até o dia 10 (dez) de cada mês. E, em caso de desemprego ou
ausência de renda do Réu, que os alimentos devidos ao menor
passem a ser correspondentes a 30% (trinta por cento) do salário-
mínimo vigente e sendo por este corrigido;
V – Confirmar, em definitivo, a tutela de urgência antecipada
pleiteada, nos termos já expostos;

c) A condenação do Requeridos aos pagamentos de custas


processuais e honorários advocatícios sucumbenciais;

d) Caso o MM. Juiz entenda, ao final da instrução processual, pela


aplicação da guarda compartilhada no caso em tela, que então seja
fixada a residência da Autora como a residência fixa do menor.

VIII. DOS REQUERIMENTOS.

Diante do exposto, Requer:

a) A citação do Réu para, querendo, contestar no prazo legal, sob


pena de revelia;

b) A intimação do Ministério Público par acompanhar o feito;

c) A designação de Audiência de tentativa de conciliação, nos


termos do art. 319, VII do CPC;

d) O deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita.

IX. DO VALOR DA CAUSA.

Dá-se à causa o valor de R$306.000,00 (trezentos e seis mil reais).

Ijuí, 28 de março de 2023.

Advogado(a) – OAB

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