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AO JUÍZO DA 3° VARA CÍVEL DA COMARCA DE PEDREIRAS/MA.

ERIONES DOS SANTOS SILVA, brasileiro, convivente, lavrador, portador do RG


nº 012663081999-6 – SSP/MA, inscrito no CPF sob o nº 672.605.513-72, residente e
domiciliado na Rua do Sossego, nº 32, Bairro do Diogo, em Pedreiras/MA, CEP 65725-
000, por seu advogado que esta subscreve procuraçã o anexo, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 226, § 3º da Constituiçã o Federal,
artigos 1º e seguintes, todos da Lei nº 9.278/96, 1.723 e seguintes, todos do Có digo
Civil, e 319 e seguintes, todos do Có digo de Processo Civil, ajuizar a presente:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C


PARTILHA DE BENS

em face de JOSELITA LISBOA BARBOSA, brasileira, convivente, zeladora, inscrita no


CPF sob o nº 012.999.393-09, residente e domiciliada na Rua 6, nº 8, Bairro Parque
Henrique em Pedreiras - MA, CEP 65725-000, pelos seguintes fatos e fundamentos:

I - DA JUSTIÇA GRATUITA
O requerente nã o possuindo condiçõ es financeiras para arcar com à s custas
processuais e honorá rios advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família.
Por tais razõ es, pleiteia-se, os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela
Constituiçã o Federal artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015, art. 98 e seguintes.

II - DA AUDIÊNCIA PRÉVIA DE CONCILIAÇÃO


Nos termos do art. 319, VII, do atual Có digo de Processo Civil, o autor informa
que tem interesse em resolver a lide de forma consensual, pois pretende dirimir o
litígio de forma célere.

III - DOS FATOS


O autor e a parte requerida mantiveram união estável durante 24 (vinte e
quatro) anos e 2 (dois) meses, ou seja, desde meados do mês de janeiro do ano
de 1999, até a metade do mês de fevereiro do ano corrente (2024).
Nesse viés, para melhor entender a situaçã o, é imperioso frisar, Excelência, que
o autor e a parte requerida iniciaram o namoro no mês de janeiro de 1999, onde
viajaram para Minas Gerais, e retornaram no ano de 2008, adquirindo logo em seguida
a residência pró pria do casal.
No momento em que foram residir em casa pró pria, no endereço: Rua do
Sossego, nº 32, Bairro do Diogo, em Pedreiras/MA, CEP 65725-000, onde viveram
cerca de 24 anos convivendo em Uniã o Está vel. Quando, no início do mês de fevereiro
do presente ano, a parte requerida saiu de casa.
É importante ressaltar, ainda, que o autor e a requerida sempre se
comportaram como se casados fossem, pois frequentaram durante anos, ambientes e
locais pú blicos, demonstrando estabilidade no relacionamento de forma afetiva e
mú tua, que notadamente era visível ao pú blico, seus vizinhos, amigos e parentes.
Além disso, o autor, quando passou a conviver com a requerida, sempre foi um
companheiro dedicado, cuidadoso, zeloso, amoroso e ainda sempre sustentou o lar.
De tal uniã o resultou o nascimento de dois filhos: José Paulo Barbosa da Silva e
Ana Paula Barbosa da Silva. Importante ressaltar que ambos já atingiram a maior
idade.
O autor solicitou os documentos pessoais dos seus filhos, porém, os
mesmos não quiseram disponibilizar.
No entanto, as partes, na constâ ncia da uniã o está vel, adquiriram um imó vel
com os mó veis/utensílios/eletrô nicos e eletrodomésticos que guarnecem a residência,
além de 2 (dois) veículos, quais sã o:
a) Um terreno localizado na Rua do Sossego, 32 - Diogo, situado na zona urbana da
cidade de Pedreiras, Estado do Maranhã o, com á rea total de 136,00 m²: sendo 8,00m
de frente, 8,00m de fundo, 17,00m do lado direito e 17,00m do lado esquerdo. Sob o
qual foi edificada a construçã o da residência do casal encontrando-se tal imó vel
devidamente registrado junto ao Cartó rio de Registro de Imó veis da Comarca de
Pedreiras/MA.
b) Dois veículos:
 Moto biz 100, cor verde, placa HPS - 0474, gasolina, adquirido no mês de
novembro do ano de 2021.
 Moto Honda 150 – Vermelha – modelo 2015- Comprada em 2017 – Placa PSJ
2695.
C) Box nº 47 – Localizado no Mercado do Peixe
O Sr. Raimundo Nonato Lameu de Sousa, cedeu para o Sr. Eriones dos
Santos Silva, o direito que tinha sobre o Box nº 47, que é destinado a venda de peixe,
e que está localizado no mercado do peixe, praça saturnino Belo, de propriedade da
Prefeitura Municipal de Pedreiras/MA.
Destarte, em virtude de não existir qualquer possibilidade de
reconciliação entre as partes, devido à incompatibilidade de gênios e,
principalmente, pelo fato da requerida ter abandonado o lar, não resta outra
alternativa ao autor, senão buscar a tutela jurisdicional, para ter reconhecida e
dissolvida a união estável que vivenciou com a requerida, com a devida partilha
dos bens anteriormente descritos, os quais foram adquiridos na constância da
união estável.

IV - DO DIREITO
IV.I - DO RECONHECIMENTO E DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
Conforme já foi amplamente mencionado nos fatos, a autora e o réu
conviveram em união estável por aproximadamente 24 (vinte e quatro) anos e 2
(dois) meses.
Sobre a uniã o está vel, versam, respectivamente, os arts. 226, § 3º, da
Constituiçã o da Republica Federativa do Brasil, e o 1.723, do Có digo Civil:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
[...]
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar
sua conversão em casamento.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

Logo, a relaçã o do autor e da requerida era de convivência pú blica, contínua e


duradoura, bem como possuíam o objetivo de constituiçã o de família, nos termos do
artigo mencionado, ou seja, de uniã o está vel.
Isso porque, como já fora dito, no mês de janeiro de 1999, o autor e a requerida
decidiram residir juntos na casa dos pais do autor.
Viajaram para Minas Gerais, e retornaram para Pedreiras/MA em março de
2008, momento em que foram residir em casa pró pria. Quando, no do meio do mês de
fevereiro do ano de 2024, a requerida saiu de casa. Com certo receio, diante da
postura daquela, o autor vem com o intuito de resolver a lide de forma consensual.
Nesse sentido, a relaçã o de uniã o está vel existente entre o autor e a requerida,
é notó ria entre os amigos, vizinhos e parentes, como se pode auferir pela foto
anexada, e pelas testemunhas que serão posteriormente arroladas.
Assim sendo, resta plenamente configurada a existência de união estável
entre as partes, devendo ser reconhecida tal união desde o período de janeiro
do ano de 1999, até a metade do mês de fevereiro do ano corrente (2024) e,
posteriormente, dissolvida.
IV.II – DA PARTILHA DOS BENS
No caso em tela, incide o regime da comunhã o parcial de bens, uma vez que,
nos termos do art. 1.725, do Có digo Civil, esse é o regime a ser aplicado na uniã o
está vel, quando inexiste contrato escrito entre os companheiros.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o
regime da comunhão parcial de bens.

Assim, uma vez verificada a existência de uniã o está vel, os bens adquiridos na
constâ ncia da relaçã o deverã o ser partilhados ao término do vínculo, nos termos do
art. 1.658, do Có digo Civil.
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que
sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos
artigos seguintes.

No presente caso, como também já fora mencionado junto aos fatos, as partes
adquiriram os seguintes bens, quando da existência da uniã o está vel:
a) Um terreno localizado na Rua do Sossego, 32 - Diogo, situado na zona urbana da
cidade de Pedreiras, Estado do Maranhã o, com á rea total de 136,00 m²: sendo 8,00m
de frente, 8,00m de fundo, 17,00m do lado direito e 17,00m do lado esquerdo. Sob o
qual foi edificada a construção da residência do casal, encontrando-se tal imó vel
devidamente registrado junto ao Cartó rio de Registro de Imó veis da Comarca de
Pedreiras/MA.
Excelência, o autor solicita que a residência que o casal residiu por tanto
tempo, venha a ser vendida, no intuito de haver a divisão dos valores entre os
ex-companheiros.
b) 02 veículos:
 Moto biz 100, cor verde, placa HPS - 0474, gasolina, adquirido no mês de
novembro do ano de 2021.
 Moto Honda 150 – Vermelha – modelo 2015- Comprada em 2017 – Placa PSJ
2695.
É importante ressaltar, Excelência, que os veículos em questã o sã o divididos entre
o autor e a requerida, sendo que a “Biz 100” fica com a requerida, e a “Honda 150”
com o autor. Ambas motocicletas adquiridas na constâ ncia da uniã o está vel.
Excelência, em relação as motocicletas, o autor solicita que continue como
estar, que a Sra. JOSELITA LISBOA BARBOSA (requerida) continue fazendo uso
de sua “Moto biz 100”, e o Sr. ERIONES DOS SANTOS SILVA continue fazendo uso
de sua motocicleta “Honda 150”.
C) Box nº 47 – Localizado no Mercado do Peixe
Acontece que, o Sr. Raimundo Nonato Lameu de Sousa, cedeu para o Sr.
Eriones dos Santos Silva, o direito que tinha sobre o Box nº 47, que é destinado a
venda de peixe, e está localizado no mercado do peixe, praça saturnino Belo, de
propriedade da Prefeitura Municipal de Pedreiras/MA.
É importante ressaltar, Excelência, que o autor não é proprietário do Box,
o mesmo só tem a permissão de funcionamento cedida pelo Sr. Raimundo
Nonato Lameu de Sousa, (conforme declaração anexo).
Mesmo assim, o imóvel é de propriedade do Município, tornando-se
impossível a venda, e a posterior partilha. Além do mais, o box em questão, é o
único meio de sustento do autor, que trabalha no Box, e cumpre a finalidade
exigida pelo município.
Os valores acima mencionados perfazem o total de R$ 75.000,00 (setenta e
cinco) mil reais, sendo R$ 37.500,00 (trinta e sete mil e quinhentos) do autor, a título
de partilha.
Demais disso, o autor requer, também, que a apó s a partilha, caso a requerida
continue residindo no imó vel, sem dispender os valores pertencentes ao autor, a título
de partilha ou sem realizar a venda do imó vel para o pagamento dos valores da
partilha da presente açã o, seja arbitrado a requerida, o valor de R$ 600,00
(seiscentos) reais mensais a título de aluguel, em seu favor.
d) Os móveis, utensílios, eletrônicos e eletrodomésticos que guarnecem o imó vel
constante no item a:
- Um guarda-roupa;
- Uma cama;
- Um ventilador;
- Uma televisã o;
- Uma pia;
- Um fogã o;
- Uma geladeira;
- Um liquidificador;
- Pratos, copos, talheres, panelas;
- Uma mesa;
- Um sofá ;
- Um "rack".
Em relaçã o aos referidos bens acima discriminados, o autor propõ e que a
partilha seja realizada da seguinte forma:
1) Para a requerida, os seguintes bens:
O autor propõ e que a requerida fique com todos os mó veis, utensílios,
eletrô nicos e eletrodomésticos constante na casa.
Diante de todo o explanado, em razã o do fim da relaçã o de uniã o está vel
existente entre as partes, devem-se partilhar os bens anteriormente descritos, bem
como ser reconhecida e posteriormente dissolvida a uniã o está vel em tela.

V – DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer:
a) O recebimento e o processamento da presente demanda, com a autuaçã o e registro
dos autos;
b) Seja a presente açã o julgada TOTALMENTE PROCEDENTE para:
I - Reconhecer a existência de uniã o está vel entre o autor e a parte requerida no
período de janeiro do ano de 1999, até a metade do mês de fevereiro do ano corrente
(2024), bem como seja esta dissolvida;
II – Partilhar os valores obtidos pela venda da residência do casal, que fica localizada
Rua do Sossego, 32 - Diogo, situado na zona urbana da cidade de Pedreiras, Estado do
Maranhã o, com á rea total de 136,00 m²: sendo 8,00m de frente, 8,00m de fundo,
17,00m do lado direito e 17,00m do lado esquerdo. Sob o qual foi edificada a
construçã o da residência do casal;
III – Em caso de, apó s decretada a partilha, através de sentença, a requerida continuar
residindo no imó vel sem adimplir a parte do autor, referente a partilha, seja arbitrado
o valor de R$ 600,00 (seiscentos) reais mensais a título de aluguel, em favor do
autor;
IV – Que continue como estar no presente momento, que a Sra. JOSELITA LISBOA
BARBOSA continue fazendo uso de sua “Moto biz 100”, e o Sr. ERIONES DOS SANTOS
SILVA continue fazendo uso de sua motocicleta “Honda 150”. Caso nã o for aceita a
proposto oferecida, Partilhar os valores obtidos pela venda das motocicletas entre os
ex-companheiros;
V – Que seja decretada que é ilegal a venda, e a posterior partilha do Box nº 43,
localizado no mercado do peixe, praça saturnino Belo, de propriedade da Prefeitura
Municipal de Pedreiras/MA, na qual o autor só tem a permissã o para trabalhar;
b) A intimaçã o da requerida para comparecimento em audiência de conciliaçã o a ser
designada por este Juízo;
c) A citaçã o da requerida, para, querendo, contestar a presente açã o no prazo legal;
d) A produçã o de todos os meios de prova em direito admitidas;
e) A condenaçã o da requerida ao pagamento das custas processuais e dos honorá rios
advocatícios;
f) Seja deferido o benefício da Justiça Gratuita ao autor.

Dá-se à causa o valor de R$ 75.000,00 (setenta e cinco) mil reais.

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Pedreiras - MA, 27/02/2024.
THIAGO DA SILVA VIEIRA
OAB/MA 25.848

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