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I - DA JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente, tem-se que a autora atualmente se encontra desempregada, como se pode
visualizar da sua Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS anexa, na qual consta
que o seu ú ltimo emprego foi na funçã o de serviços gerais, percebendo a quantia mensal de
R$ 867,00 (oitocentos e sessenta e sete reais), até o mês de julho do ano de 2017.
Além disso, a autora nã o possui bens imó veis ou mó veis em seu nome, como se pode
auferir da certidã o negativa de aquisiçã o de bens imó veis e do documento emitido pelo
DETRAN/xxx, ambos anexos.
Logo, Excelência, a autora faz jus ao benefício da justiça gratuita, nos termos da
documentaçã o anexa (CTPS, certidã o negativa de aquisiçã o de bens imó veis, documento
emitido pelo DETRAN/xxx e declaraçã o de hipossuficiência), conforme disposiçã o do art.
98, do Có digo de Processo Civil.
II - DA AUDIÊNCIA PRÉVIA DE CONCILIAÇÃO
Nos termos do art. 319, VII, do atual Có digo de Processo Civil, a autora informa que tem
interesse em resolver a lide de forma consensual, pois pretende dirimir o litígio de forma
célere.
Logo, a relaçã o da autora e do réu era de convivência pú blica, contínua e duradoura, bem
como possuíam o objetivo de constituiçã o de família, nos termos do artigo mencionado, ou
seja, de uniã o está vel.
Isso porque, como já fora dito, no mês de abril de 2011, a autora e o réu decidiram residir
juntos na casa dos pais da autora, quais sã o, o Sr. xxx e a Sra. xxx, no endereço: Rodovia xxx,
nº xxx, Bairro xxx, em xxx/xx, CEP xxx, ou seja, na casa em que a autora já residia
juntamente com seus pais.
E em tal residência, permaneceram até meados do ano de 2017, momento em que foram
residir em casa pró pria, quando, no início do mês de agosto do presente ano, o réu
MANDOU a autora sair de casa. Com certo receio, diante da postura daquele, a autora foi
para a casa dos seus pais e lá se encontra até a presente data.
Nesse sentido, a relação de união estável existente entre a autora e o réu, é notória
entre os amigos, vizinhos e parentes, como se pode auferir das declarações anexas.
Assim sendo, resta plenamente configurada a existência de união estável entre as
partes, devendo ser reconhecida tal união desde o período de abril do ano de 2011,
até o início do mês de agosto do ano corrente (2018) e, posteriormente, dissolvida.
IV.II – DA PARTILHA DOS BENS
No caso em tela, incide o regime da comunhã o parcial de bens, uma vez que, nos termos do
art. 1.725, do Có digo Civil, esse é o regime a ser aplicado na uniã o está vel, quando inexiste
contrato escrito entre os companheiros.
Veja-se:
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no
que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Assim, uma vez verificada a existência de uniã o está vel, os bens adquiridos na constâ ncia
da relaçã o deverã o ser partilhados ao término do vínculo, nos termos do art. 1.658, do
Có digo Civil.
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do
casamento, com as exceções dos artigos seguintes.
No presente caso, como também já fora mencionado junto aos fatos, as partes adquiriram
os seguintes bens, quando da existência da uniã o está vel:
a) Um lote de terras, situado na zona urbana da cidade de xxx, Comarca de xxx, Estado de
xxx, (descrever o lote), sob o qual foi edificada uma construção residencial em alvenaria,
com xxx m² (xxx metros e sxxx quadrados) de á rea construída, encontrando-se tal imóvel
devidamente registrado junto ao Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de
xxx/xx, de matrícula nº xxx, alienado fiduciariamente à Caixa Econômica Federal, em
razão do contrato de nº xxx, conforme se verifica da Matrícula anexa, cujo valor para
fins de venda é de R$ xxx (xxx mil reais).
Em relaçã o a esse bem, a autora nã o pretende ficar com o imó vel e nem adimplir as
parcelas restantes do financiamento, até porque nã o reside mais no imó vel, pois o réu
mandou que ela saísse. Logo, o interesse da autora é a partilha das parcelas do
financiamento já quitadas junto ao Banco, nos termos da planilha de evoluçã o do
pagamento do imó vel anexa, da seguinte forma:
(colocar planilha de evoluçã o do pagamento do imó vel)
Contudo, tais parcelas já adimplidas, deverão ser atualizadas de acordo com o INPC
até a data do efetivo pagamento, as quais, até o dia xxx/xxx/2018, perfazem o total
de R$ xxx (xxx), conforme se verifica da tabela abaixo:
(colocar tabela com valores atualizados)
Nesse viés, a autora requer a partilha dos valores já quitados do imó vel financiado, o qual,
nos termos da soma das parcelas já adimplidas, devidamente corrigidas monetariamente,
nos termos do INPC, perfazem o total, até o dia xxx/xxx/2018, de R$ xxx (xxx), dos quais
R$ xxx (xxx), pertencem à autora, a título de partilha.
Ademais, como a autora não possui os comprovantes dos pagamentos das parcelas,
encontrando-se todos em poder do réu, requer, desde logo, seja expedido ofício à
Caixa Econômica Federal para a comprovação do adimplemento das parcelas do
contrato de financiamento nº xxx.
Sobre a respectiva partilha, tem-se o entendimento jurisprudencial do Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado de Santa Catarina:
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C PARTILHA DE BENS. [...]
PARTILHA DE IMÓVEL. CONJUNTO PROBATÓRIO DEMONSTRANDO A AQUISIÇÃO DA RESIDÊNCIA À ÉPOCA DA
UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA LIMITADA AOS VALORES DO CONTRATO DE FINANCIAMENTO QUITADOS ATÉ A
DATA DO TÉRMINO DA UNIÃO [...]. Demonstrada a aquisição de imóvel residencial durante a união estável
mantida pelas partes, pertinente a sua partilha, já que aplicável às relações patrimoniais, o regime de comunhão
parcial de bens. Todavia, a partilha do imóvel financiado deve abranger somente o valor quitado quando da
separação do casal [...] (TJSC, Apelação Cível n. 0005593-18.2013.8.24.0064, de São José, rel. Des. João Batista
Góes Ulysséa, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 08-02-2018). (grifei).
Diante de todo o explanado, em razã o do fim da relaçã o de uniã o está vel existente entre as
partes, devem-se partilhar os bens anteriormente descritos, bem como ser reconhecida e
posteriormente dissolvida a uniã o está vel em tela.
V – DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer:
a) O recebimento e o processamento da presente demanda, com a autuaçã o e registro dos
autos;
b) Seja a presente açã o julgada TOTALMENTE PROCEDENTE para:
I - Reconhecer a existência de uniã o está vel entre a autora e o réu no período de abril do
ano de 2011, até o início do mês de agosto do ano corrente (2018), bem como seja esta
dissolvida;
II – Partilhar os valores já quitados do imóvel financiado, qual seja o imó vel já descrito
no decorrer da presente, de nº xxx, da Rua xxx, Loteamento xxx, Bairro xxx, em xxx/xx, CEP
xxx, encontrando-se devidamente registrado junto ao Cartório de Registro de
Imóveis da Comarca de Urussanga/SC, sob a matrícula nº xxx, alienado
fiduciariamente à Caixa Econômica Federal, em razão do contrato de nº xxx,
conforme se verifica da Matrícula anexa, os quais, nos termos da soma das parcelas já
adimplidas, devidamente corrigidas monetariamente, nos termos do INPC, perfazem o
total, até o dia xxx/xxx/2018, de R$ xxx (xxx), que deverá ser corrigido monetariamente
até a data do efetivo pagamento;
III – Partilhar os valores pagos ao corretor de imó veis, a título de “entrada” do imó vel
descrito no item anterior, nos termos da Clá usula IV do contrato anexo, os quais perfazem o
total de R$ xxx (xxx);
IV – Em caso de, apó s decretada a partilha, através de sentença, o réu continuar residindo
no imó vel sem adimplir a parte da autora, referente a partilha, seja arbitrado o valor de R$
xxx (xxx) mensais a título de aluguel, em favor da autora;
V – Partilhar os valores referentes ao pagamento da entrada do veículo xxx, cor xxx,
placa xxx, renavam xxx, á lcool-gasolina, adquirido no mês de novembro do ano de 2017,
conforme o dossiê do DETRAN/xxx anexo, qual seja, o valor de R$ xxx (xxx), bem como as
parcelas do financiamento do veículo já adimplidas, desde o mês posterior a aquisiçã o,
devido a presunçã o de vencimento no mês posterior, ou seja, desde novembro de 2017,
até a data da separação de fato do casal, ocorrida em agosto de 2018, quais são, 10
(dez) parcelas do financiamento do veículo, no valor de R$ xxx (xxx), cuja soma dos
valores pagos é de R$ xxx (xxx);
VI – Partilhar os bens que guarnecem a residência da autora e do réu, nos termos
descritos no decorrer da presente.
c) Seja expedido ofício à Caixa Econômica Federal para a comprovação do
adimplemento das parcelas do contrato de financiamento nº xxx, uma vez que os
comprovantes de pagamento encontram-se em poder do réu;
d) Seja expedido Ofício à Receita Federal, para que acoste aos autos a declaração do
Imposto sobre a Renda do réu, especificamente a discriminação de bens, do exercício
do ano de 2018, ano-calendário de 2017, ou entendendo de forma diversa o MM. Juíz,
que então seja intimado o réu para acostar tal documento aos autos;
e) A intimaçã o do réu para comparecimento em audiência de conciliaçã o a ser designada
por este Juízo;
f) A citaçã o do réu, para, querendo, contestar a presente açã o no prazo legal;
g) A produçã o de todos os meios de prova em direito admitidas;
h) A condenaçã o do réu ao pagamento das custas processuais e dos honorá rios
advocatícios;
i) Seja deferido o benefício da Justiça Gratuita à autora.
Dá-se à causa o valor de R$ xxx (xxx).
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Local, data.
OAB/XXX