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I - DA JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente, tem-se que o segundo Requerente, devidamente representado por
sua genitora, é menor de idade, conforme se extrai da certidã o de nascimento
acostadas aos autos. Logo, possui a garantia do acesso ao Poder judiciá rio sem o
pagamento de quaisquer custas processuais e emolumentos, nos termos do art.
141 e pará grafos, da Lei nº 8.069/90. Veja-se:
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério
Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor
público ou advogado nomeado.
[...]. (grifei).
Além disso, atualmente a primeira Requerente é pessoa autô noma e labora como
manicure, percebendo mensalmente, em média, a quantia de R$ 700,00
(setecentos reais). Ademais, nã o possui qualquer bem imó vel no seu nome,
tampouco bem mó vel, conforme certidõ es anexas.
É importante ressaltar, ainda, que o MM. Juiz, ao nomear a procuradora que
subscreve, conforme documento anexo, já entendeu serem os Requerentes,
hipossuficientes.
Dessa forma, os Requerentes fazem jus ao benefício da justiça gratuita, nos termos
da documentaçã o anexa (CTPS, requerimento de advogada nomeada, declaraçã o
de hipossuficiência, certidã o negativa do DETRAN e certidõ es negativas de bens
imó veis), conforme disposiçã o do artigo 98 do Có digo de Processo Civil.
IV – DO DIREITO
IV.1 – Da união estável
Conforme já mencionado nos fatos, a primeira Requerente e o Requerido
conviveram em união estável por aproximadamente xxx (xx) anos.
A Constituiçã o Federal confere status de entidade familiar à uniã o está vel, gozando,
portanto, de tutela estatal, é o que estabelece em seu artigo 266, § 3º, vejamos:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
[...]
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
No caso em estudo, está caracterizada a uniã o está vel, pois estã o presentes todos
os elementos intrínsecos ao instituto, como já anteriormente descrito.
Logo, a relaçã o da primeira Requerente e do Requerido era de convivência pú blica,
contínua e duradoura, bem como possuíam o objetivo de constituiçã o de família,
nos termos do artigo mencionado, ou seja, de uniã o está vel.
Ademais, é inegá vel e evidente do objetivo de constituiçã o de família que existiu na
uniã o das partes. Somado a isso, nã o se pode esquecer que foram mais de xxx (xxx)
longos anos de vida comum e que, dessa uniã o, nasceu um filho, xxx, ora segundo
Requerente.
Assim sendo, resta plenamente configurada a existência de união estável
entre as partes, devendo ser reconhecida tal união desde o período do ano de
xxx até o ano de xxx e, posteriormente, dissolvida.
O Có digo Civil, no seu artigo 1.725, afirma que se aplicam as uniõ es está veis o
mesmo regime da comunhã o parcial de bens, conforme acima já destacado.
Por isso, é desejo da primeira Requerente que lhe seja deferida a meaçã o em
relaçã o à s cotas do estabelecimento comercial acima mencionado, eis que este fora
construído com os frutos de trabalho da uniã o de mais de xxx (xxx) anos, bem
como a devoluçã o da metade do valor lá investido, pois, pelo que tem
conhecimento, o carro que adquiriram durante a uniã o está vel, o qual já foi
anteriormente descrito, foi ofertado como parte do pagamento para a compra da
loja, além de mais um valor em espécie, nã o sabendo quantificar o valor exato, por
ser fato da mais lídima justiça.
Nesse instante, importante mencionar que a primeira Requerente não
participou da negociação e instalações da referida empresa. Por isso, não
possui qualquer documentação que possa comprovar os investimentos que
lá foram feitos, tampouco tem posse do contrato social da empresa.
Todavia, mesmo nã o tendo participado diretamente da constituiçã o da empresa, é
indubitá vel que a primeira Requerente colaborou na construçã o da mesma, visto
que sempre trabalhou de forma remunerada, contribuindo pra a manutençã o e
despesas familiares. Ainda, trabalhando nos afazeres domésticos ao longo desses
xxx (xxx) anos de convivência, em prol do crescimento econô mico da família
constituída no curso da uniã o está vel.
Ressalta-se que a primeira Requerente, cumpriu ainda, em conjunto com o
Requerido, as obrigaçõ es inerentes a guarda, sustento e educaçã o de seu filho,
além de ter se empenhado na conduçã o e manutençã o da família, zelando para que
permanecesse íntegra.
Assim, deverá receber a meaçã o dos bens que tem direito, quais sejam:
- metade das cotas sociais e dos valores investidos na empresa Agropecuária xxx,
inscrita no CNPJ sob o nº xxx, localizada na Rodovia xxx, nº xxx, Bairro xxx,
em xxx/xx, CEP xxx;
- metade do valor do veículo adquirido durante a uniã o está vel, qual seja, um
veículo xxx, placa xxx, renavam xxx, ano/modelo xxx/xxx, cor xxx, o qual,
conforme tabela FIPE, está avaliado em R$ xxx;
- a divisã o dos bens que guarnecem a residência do casal.
Portanto, em virtude dos fatos acima elencados, o Requerido deverá ser intimado
para apresentar nos autos có pia do contrato social da empresa Agropecuária xxx,
inscrita no CNPJ sob o nº xxx, localizada na Rodovia xxx, nº xxx, Bairro xxx,
em xxx/xx, CEP xxx, bem como recibos e informações quanto aos
investimentos que lá foram feitos, a fim de que se possa auferir o que fora
investido no estabelecimento e, assim, proceder com a divisã o dos bens e valores
despendidos.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão. (grifei).