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AO JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE

ITABAIANA/SE.

URGENTE

SEGREDO DE JUSTIÇA

NICIA DA CRUZ SILVA, brasileira, maior, capaz,


convivente, faxineira, portadora do RG nº 23521021 SSP/SE e
inscrita no CPF sob o nº 038.657.075-21, residente e
domiciliada na Rua Josival Nunes dos Santos, nº 302, bairro
Marianga, em Itabaiana/SE, CEP 49500-00, por si, e
representando RYAN GUILHERME SILVA BERTOZO, menor impúbere,
ora intermediada por seu patrono ao final firmado –
instrumento procuratório acostado -, esse com endereço
profissional inserto na referida procuração, o qual em
obediência à diretriz fixada no art. 106, inc. I c/c art.
287, ambas do CPC, indica-o para as intimações que se
fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença
de Vossa Excelência, com suporte no art. 693 e segs. do
Código de Processo Civil, ajuizar a presente

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C


PARTILHA DE BENS E FIXAÇÃO DE ALIMENTOS

Em face de ZAQUIEL BERTOZO DOS SANTOS, brasileiro,


maior, capaz, feirante, residente e domiciliado na Rua
Josival Nunes dos Santos, nº 302, bairro Marianga, em
Itabaiana/SE, CEP 49500-00, pelas seguintes razões de fato
e direito.

I. GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A requerente não possui condições financeiras para


arcar com as custas processuais e honorários advocatícios,
sem prejuízo do seu sustento e de sua família, tendo em
vista ser diarista e receber a quantia de meio salário
mensalmente. Nesse sentido, junta-se a declaração de
hipossuficiência (Doc. xx), e certidão de nascimento do
filho (Doc. xx).

Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça


Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º,
LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes.

II. DOS FATOS

A requerente conviveu com o Requerido por


aproximadamente 8 (oito) anos, com início no final de 2014
e termino em 2021, onde na constância da união tiveram 1
filho menor impúbere conforme certidão de nascimento em
anexo.

Durante essa convivência more uxorio, os conviventes


adquiriram os seguintes bens: 1. Imóvel em que ambos
residem, mas em quartos separados; 2. Imóvel localizado na
“Lata Velha”; sendo que ambos valem cerca de R$ 70.000,00
(setenta mil reais).

Além disso, os companheiros tiveram uma relação


duradoura, pública e com a finalidade de constituir
família, requisitos exigidos pelo código civil em seu
artigo 1.723, e por isso deve ser reconhecido por esse D.
Juízo.

III. DO DIREITO

FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA PARA RECONHECIMENTO DA UNIÃO A


DISSOLUÇÃO

É induvidoso, pela legislação aplicável à espécie e


mesmo pela pacífica jurisprudência, que a “união estável”,
com todos os seus reflexos, patrimoniais inclusive, goza de
proteção legal e pode ser reconhecida e dissolvida
judicialmente.
“Art. 1.723. É reconhecida como entidade
familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família.”

Destarte, conforme consta, a “união estável” de


companheiros, comprovada pela convivência prolongada sob o
mesmo teto como se casados fossem e a existência do filho,
é um fato jurídico incontroverso irradiador de direitos e
obrigações, legalmente protegido pelo estado.

DA PARTILHA

Em relação à formação do patrimônio que se quer ver


partilhado, é indubitável que a REQUERENTE colaborou na
constituição do mesmo. Ao longo desses 8 (oito) anos de
convivência, sempre trabalhou em prol do crescimento
econômico da família constituída no curso da união estável.
Argumenta-se para tanto, a aplicabilidade do artigo 5º da
Lei n. 9.278/96, abaixo transcrito:
Art. 5º Lei 9.278/96 - Os bens móveis e imóveis
adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na
constância da união estável e a título oneroso, são
considerados fruto do trabalho e da colaboração
comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e
em partes iguais, salvo estipulação contrária em
contrato escrito.

No presente caso, como também já fora mencionado junto


aos fatos, as partes adquiriram os seguintes bens, quando
da existência da união estável: 1. Imóvel em que ambos
residem, mas em quartos separados; 2. Imóvel localizado na
“Lata Velha”; sendo que ambos valem cerca de R$ 70.000,00
(setenta mil reais). De tal forma que a Requerente pretende
ficar com o imóvel que reside atualmente, uma vez que foi
adquirido na constância da união estável com o Requerido,
bem como é o imóvel que constitui sua família e seu lar.

DA GUARDA UNILATERAL

Após a ruptura do relacionamento, a Requerente ficou


com a guarda provisória de seu filho, uma vez que o
Requerido não tem contribuído com as contas do lar nem com
as responsabilidades de pai. Assim almeja que desta forma
permaneça haja vista o histórico de violência do Requerido.

Diante dos fatos já transcritos resta demonstrado que


a mãe biológica doravante Requerente atende a determinação
legal do art. 19 da Lei nº. 8.069/90 que “toda criança ou
adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da
sua família e, excepcionalmente, em família substituta,
assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente livre da presença de pessoas dependentes de
substâncias entorpecentes”.
E deixando os pais de viver sob o mesmo teto, ainda
que haja situação de conflito entre eles sobre a guarda dos
filhos sujeitos ao poder familiar, é necessário definir a
guarda, se conjunta ou unilateral.

O Artigo 1.583, § 1º e § 2º, I, II e III do Código


Civil diz que: Compreende-se por guarda unilateral a
atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua
(artigo 1.584, § 5º) e, (...). A guarda unilateral será
atribuída ao genitor que revele melhores condições para
exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos
filhos os seguintes fatores: I – afeto nas relações com o
genitor e com o grupo familiar; II – saúde e segurança; III
– educação.

No momento não há interesse pela guarda compartilhada


haja vista o Requerido estar levando o menor para bares,
sendo que este apesar da pouca idade ter começado a falar
“palavrões” por conta do convívio com o pai, pugna-se pela
concessão da guarda a Requerente, fazendo jus a justiça e
ao bem maior, ao interesse das menores.

Assim, requer a Requerente para si a guarda provisória


do seu filho, o menor impúbere RYAN GUILHERME SILVA BERTOZO
por possuir condições afetivas, emotivas e psicológicas
para ampara-lo.

DA REGULAMENTAÇÃO DO DIREITO DE VISITAS

Toda criança necessita do apoio familiar, o que inclui


a presença dos pais, para que possa crescer mental e
emocionalmente perfeita. O direito do pai, ora requerido,
que não convive com a criança, de lhe prestar visita é um
direito fundamental, em razão de a convivência familiar ser
um direito tanto para o pai como para os filhos que vivem
distantes, visto que, apesar de seus genitores não
conviverem mais juntos, o vínculo afetivo permanece e
encontra proteção jurídica contra potenciais agressões.
Assim se posiciona o ordenamento jurídico, conforme o
disposto no Art. 19 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e
do Adolescente).

O Artigo 1.583, parágrafo 3º, do Código Civil diz que


àquele que não detenha a guarda tem a obrigação de
supervisionar os interesses do filho.

Diante do conteúdo explicitado, a Requerente acha


conveniente regulamentar neste juízo as visitas e
assistência que o requerido venha a exercer com relação ao
filho, sendo que no que diz respeito as visitas que estas
sejam supervisionadas.

DOS ALIMENTOS

O dever de alimentar dos pais está expressamente


previsto na Constituição Federal de 1988, em seu artigo
229. No mesmo sentido, o artigo 1.634, I, do Código Civil
dispõe que a criação e a educação dos filhos menores
competem aos pais. Este dever de sustento, criação e
educação também é previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8.069/90), em seu artigo 22, que leciona:
Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos
filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a
obrigação de cumprir as determinações judiciais.

Verifica-se, portanto, que compete também ao Requerido


a prover o sustento do menor, e não só a sua mãe, cabe
frisar que o Requerido não tem arcado com as despesas da
casa nos últimos 4 (quatro) meses, como vem ocorrendo
atualmente, afinal, são prestações para a satisfação das
necessidades vitais de quem não pode provê-las por si.
O Código Civil, por sua vez, confere a quem necessita
de alimentos, o direito de pleiteá-los de seus parentes, em
especial entre pais e filhos, nos termos do art. 1.694 e
1.696: Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir
uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de
modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação. [...] O direito à
prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos
mais próximos em grau, uns em falta de outros.

De acordo com o parágrafo 1º do Artigo 1.694


supracitado, os requisitos para a sua concessão são:
necessidade do alimentando e capacidade do alimentante, as
quais restaram sobejamente demonstradas nos autos. Ora, as
filhas do Requerido são menores impúberes, não apresentando
quaisquer condições de prover os seus sustentos sozinhos, e
sua mãe enfrentando dificuldades, não pode continuar a
fazê-lo sozinha. Além da relação de parentesco, é
imperativo que haja necessidade do alimentando, conforme
preconiza o art. 1.695 do Código Civil.

Assim, uma vez constatado o grau de parentesco e a


necessidade, reconhece-se o dever de prestar alimentos
requer desde já a fixação por Vossa Excelência em 30% do
salário em vigor, atualmente essa quantia sendo R$ 300,00
(trezentos reais), já que não há qualquer dúvida sobre
a paternidade do Requerido, o que demonstra que a inércia
do mesmo se dá, tão somente, por má-fé, o que priva o menor
de alguns bens necessários.

DA FIXAÇÃO IN LIMINE LITIS DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS

A criança é um ser em desenvolvimento e, justamente


por isso, deve ser atendida com prioridade (Art. 4º, da Lei
nº 8.069/90) nos pleitos que formular ao ente público, aqui
considerado o Poder Judiciário.  Como o interesse social é
a razão mais imperiosa deste tipo de demanda, a lei,
antecipando qualquer alegação das partes, de forma
imperativa para não permitir ao juiz perda de tempo na
análise da questão, determina que deverão ser fixados
alimentos provisórios em benefício do requerente, quando
despachar o pedido, ou seja, no primeiro momento em que
tiver o processo em mãos.

Nas ações de alimentos, o douto Magistrado deve,


desde logo, fixar os alimentos provisionais, nos termos do
art. 4º da Lei 5.478/68, serem pagos pelo devedor, salvo se
o credor expressamente declarar que deles não necessita.

No caso sub examine, resta translúcida a necessidade


de fixação de tal provisão legal, face à dificuldade
financeira enfrentada pela Requerente, tendo em vista que
essa é diarista e só recebe a quantia de meio salário por
mês, não sendo suficiente para arcar com as despesas da
casa e também com as necessidades do menor.

Assim, almeja a Requerente, de plano, que sejam


fixados a título de alimentos provisórios o importe de 30%
do salário em vigor, qual sendo R$ 300,00 (trezentos
reais). Assim, os alimentos provisórios têm caráter
irrefutavelmente urgentes, pelo que os mesmos deverão ser
fixados de forma imediata.

IV. PEDIDOS

Diante do exposto, a procedência dos pedidos e assim


requerer:

a) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, nos


termos da Lei 1.060/50;
b) a designação de audiência de conciliação, nos termos do
art. 319, VII, do CPC;

c) a citação do requerido por carta de aviso de recebimento


para, querendo, apresentar resposta no prazo legal, sob
pena de confissão e revelia;

d) a procedência do pedido inicial em todos os seus termos


com o reconhecimento e dissolução da união estável havida
entre as partes, a declaração judicial dos direitos da
autora relativos aos bens havidos durante união, a partilha
dos referidos bens, que seja julgada procedente o pedido,
regulamentando-se a guarda unilateral do menor impúbere em
favor da genitora; bem como a fixação de alimentos
provisórios no importe de 30% do salário em vigor, ou seja,
no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), os quais requer
que, ao final, tornem-se definitivos;

e) A intimação do Ministério Público (art. 82, I, do CPC)


para que apresente as manifestações que julgar pertinentes.

Protesta a requerente pela produção de provas em direito


admitidas, especialmente depoimento pessoal de ambas as
partes, ouvida de testemunhas, e juntada de documentos, se
necessários para contrapor eventual alegação do requerido.

Dá-se à causa o valor de R$ 143.600,00 (cento e quarenta e


três mil e seiscentos reais), para os efeitos legais.

Termos em que pede e aguarda deferimento.


Itabaiana/SE,
31 de agosto de 2021.

ADVOGADO
OAB

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