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1. PRELIMINARES
I - DA TEMPESTIVIDADE DA CONTESTAÇÃO
Tem-se que a audiência de conciliação realizou-se em 17 de agosto de 2023,
considerando os termos do art. 335, I do CPC, o termo inicial do prazo da
contestação se dá na data posterior da audiência de conciliação. E considerando
que a contagem dos prazos, nos termos do art. 219 do CPC, ocorrerá somente nos
dias úteis, tem-se plenamente tempestiva a presente contestação.
II - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente, por ser a demandada, pessoa carente na acepção jurídica do termo,
não tendo condições de arcar com o pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios, sem prejuízo de seu próprio fim, conforme declaração
anexa e com fulcro no artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil, se requer
a concessão de justiça gratuita.
Em face do que foi anteriormente relatado, faz-se relevante respaldar o pedido nos
diplomas legais, sendo os mesmos, a Constituição Federal, que em seu artigo 5º,
inciso LXXIV, garante o acesso à justiça gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos.
Menciona-se que no momento, a demandada aufere para sua sobrevivência o valor
de R$1.650,00 (um mil, seiscentos e cinquenta reais) por mês, sendo R$: 600,00
(seiscentos reais) referente ao recebimento do Auxílio Brasil ofertado pelo Governo
Federal aos inscritos no Cadastro Único que identifica famílias de baixa renda.
2. DO MÉRITO
II- DA GUARDA
Atesta o Código Civil em seu artigo 1584, I o seguinte:
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: (Redação dada
pela Lei nº 11.698, de 2008).
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em
ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou
em medida cautelar; (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
Dessa maneira, estando findada a união estável entre as genitoras da menor, sem
chances de retorno, faz-se necessário a regulamentação da guarda, a fim de
garantir a consonância do convívio da criança com ambas as genitoras. É de
completo desejo de Patrícia, como mãe, a guarda compartilhada a fim de participar
conjuntamente do processo de criação, educação e desenvolvimento total da filha,
efetuando a verificação do desempenho escolar, garantindo a participação da
infante em eventos e reuniões familiares, escolares e sociais, bem como garantindo
um saudável desenvolvimento psicossocial da criança, dentre outras.
No mesmo sentido, atesta o artigo 19 da Lei nº 8.069/90 bem como o artigo 227 da
CF/88:]
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de
sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu
desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016).
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
Dessa forma, pleiteia-se mútua responsabilidade do exercício do poder familiar
(guarda compartilhada), possibilitando que a requerida possa conviver com Yasmim
com a mesma qualidade de tempo da outra genitora, exercendo seu direito e
obrigação de poder também criar vínculo de mãe e filha, participando de todas as
fases de crescimento e desenvolvimento de sua filha.
O caput do artigo 227 da Constituição Federal é claro quando assegura à criança e
ao adolescente, com absoluta prioridade:
“Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores”.
Adicionalmente, dispõe o art. 1.634, II, do Código Civil Brasileiro, que ter a
companhia e a guarda dos filhos é complemento do dever de educá-los e criá-los,
eis que a quem incumbe criar, incumbe igualmente guardar; e o direito de guardar é
indispensável para que possa, sobre o mesmo, exercer a necessária vigilância,
fornecendo- lhes condições materiais mínimas de sobrevivência, sob pena de
responder pelo delito de abandono material, moral e intelectual.
Ainda, conforme se verifica do artigo 1583 do Código Civil, § 2º e § 3º, alterado pela
lei 13.058/2014, referente a guarda compartilhada, vejamos:
Art. 1583. A guarda será unilateral ou compartilhada. [...]
§ 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser
dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista
as condições fáticas e os interesses dos filhos:
Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte
a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou
incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
1. ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
2. estipular multa ao alienador;
3. determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
4. determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
5. determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
6. declarar a suspensão da autoridade parental
Parágrafo único; “Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou
obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar
para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das
alternâncias dos períodos de convivência familiar.
Também, neste sentido os Tribunais de Justiça de Minas Gerais e do Rio Grande do
Sul, senão vejamos:
DIREITO DE FAMÍLIA. MODIFICAÇÃO DE GUARDA. REQUISITOS LEGAIS PARA
DETERMINAÇÃO. PRINCÍPIO DO MELHOR
INTERESSE DA CRIANÇA. - O instituto da guarda foi criado com o objetivo de
proteger o menor, salvaguardando seus interesses em relação aos pais que
disputam o direito de acompanhar de forma mais efetiva e próxima seu
desenvolvimento, ou mesmo no caso de não haver interessados em desempenhar
esse munus. - O princípio constitucional do melhor interesse da criança surgiu com
a primazia da dignidade humana perante todos os institutos jurídicos e em face da
valorização da pessoa humana em seus mais diversos ambientes, inclusive no
núcleo familiar. (TJ-MG - AC: XXXXX10426635001 MG, Relator: Dárcio Lopardi
Mendes, Data de
Julgamento: 04/04/2013, Câmaras Cíveis / 4ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
10/04/2013).
Por fim, em razão da narrativa fática que envolve o presente caso, com amparo nos
dispositivos legais preambularmente invocados, requer seja deferida a regularização
da guarda da menor para a modalidade COMPARTILHADA, expedindo-se assim o
respectivo termo.
III- DA REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS
É direito fundamental da criança e do adolescente ter consigo a presença dos pais,
o cuidado e o amor, e não se pode negar que é direito do Requerida como mãe
poder desfrutar da convivência com a menor.
Maria Berenice Dias (Manual de Direito das Família, 2011, p. 447) esclarece que:
“ (...) Consagrado o princípio proteção integral, em vez de regulamentar as
visitas, é necessário estabelecer formas de convivência, pois não há
proteção possível com a exclusão do outro genitor.”
De acordo com o acatado e no melhor interesse da menor, o requerida
entende e requer que seja regulamentada a visita da seguinte forma:
A requerida buscará a filha todas as semanas, ao final das tardes das quintas-feiras
e levando de volta para a outra genitora no final das tardes dos domingos. Os dias
poderão ser alterados em eventuais trocas por dias de semana, à
conveniência/necessidade de ambas, desde que justificadas e previamente
combinadas entre elas.
-Ferias: Requer que o tempo/período das férias de meio de ano e entre um ano
letivo e outro seja dividido de forma igualitária entre as genitoras (50% do período
com cada uma), resguardada a outra o direito de contato por meio eletrônico
(aplicativos de conversa, redes sociais, aplicativos de vídeo chamadas, etc.) e
visitação pessoal previamente ajustada;
-Feriados: Pede-se que sejam alternados entre as genitoras, a exemplo: Carnaval,
Semana Santa, Festejos Juninos, Natal, Réveillon, Feriados prolongados e outros
durante o ano, devem ser ajustados com antecedência, respeitando a alternância da
convivência de um feriado para o outro e alternado também entre um ano e outro;
- Aniversário da filha: Propõe que ocorra de forma alternada (anos pares com a
Patrícia, anos ímpares com Jaqueline ou vice versa) e previamente ajustada entre
as genitoras;
- Aniversário de Jaqueline: Passará com Jaqueline;
- Aniversário de Patrícia – Passará com Patrícia.