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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA

COMARCA DE AMARANTE/MA.

SEGREDO DE JUSTIÇA

Art. 189, II, da Lei nº 13.105/2015

Dione Soares Machado, brasileiro, união estável, lavrador, inscrito no RG


nº 0037002062009-2 SSP/MA e CPF n° 035.050.503-93, residentes e
domiciliados Rua Frei Tranquelino, 110, Industrial, Amarante/MA, vem,
respeitosamente perante Voa Excelência, por seu advogado legalmente
constituído, com fulcro no   Estatuto da Criança e do Adolescente, e
art. 693 e ssss. do CPC mover a presente

AÇÃO DE GUARDA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face de LUANA CRUZ DA SILVA, brasileira, solteira, portador do RG nº


058147662016-5 SSP/MA, inscrito no CPF nº 083.999.753-11, residente e
domiciliado na Rua Castelo Branco,s/n Vila Ribamar, Amarante/MA, ( ao
lado da casa de n° 02) pelas alegações de fato e de direito a seguir
aduzidas.

1. DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA INTEGRAL E GRATUITA


De acordo com o ordenamento jurídico vigente, qualquer pessoa com
insuficiência de recursos para pagar as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça.

No mesmo sentido, o art. 99, § 4º, do CPC, garante ao postulante que não
impede a concessão da gratuidade da justiça, a assistência do requerente
por advogado particular.

Portanto, o requerente, pessoa natural, lavrador e de baixa renda,


portanto pobre na forma da Lei, requer o pedido de gratuidade da justiça,
por não dispor de recursos para pagar as despesas processuais.

2. DOS FATOS

O requerente é o pai biológica das menores E.S.S.M, com 7 anos de


idade, e M.E.S.M, com 5 anos de idade e a requerida, a mãe, conforme
comprova a cópia da certidão de nascimento anexa.

O Requerente e Requerida mantiveram uma união estável durante


aproximadamente 04 (quatro anos).

Desde que o casal se separou há aproximadamente 03 (três anos), a


criança permaneceu sob a guarda compartilhada de fato com pai e
completamente adaptada à convivência com ele, manifestando o desejo
de assim permanecer em definitivo.

Acontece que, nos últimos dias a requerida vem informando de forma


irredutível ao requerente que vai para o Garimpo e que deixaria as filhas
com suas tias ou levaria consigo, caso o requerente não deixasse ficar
com suas tias, ignorando a vontade das filhas e as ponderações do
requerente.

Ora Excelência, como provado nos documentos em anexo à presente


inicial, a mãe não possui capacidade psicológica e financeira alguma de
cuidar das filhas, tendo em vista que as filhas estavam morando cada uma
na casa de umas das tias, ambas parentes da Requerida, enquanto a
Requerida vivem bêbeda e diuturnamente em festas, sem dar atenção,
cuidados e educação às filhas e inclusive o pai descobriu que as menores
não estão matriculada em nenhuma escola.

Por tal razão, o Requerente foi ao conselho tutelar que o autorizou a


pegar as crianças da casa das tias e mantê-las sob sua guarda e
responsabilidade até que uma decisão judicial conceda a guarda
definitiva.

Quanto ao direito de visita da mãe, o requerente nada tem a se opor,


inclusive já o faz, levando a criança para vê-la, sendo certo que todas as
despesas ficam por conta do próprio requerente.

II – DO DIREITO

É salutar para toda criança conviver em ambiente familiar, devendo ser


protegida de qualquer situação que a exponha a qualquer tipo de risco e
exploração, sendo mandamento constitucional a seguridade, pela família,
pelo Estado e pela sociedade, da dignidade, do respeito, além da proteção
a qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.

Sendo assim, estatui o artigo 227, da Constituição Federal, direitos da


criança e adolescente que devem ser observados:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.

Ainda, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 33, prevê


que a guarda implica obrigações, conferindo a seu detentor o direito de
opor-se a terceiros, inclusive aos pais. Veja-se:

Art. 33. A guarda obriga à prestação de assistência


material, moral e educacional à criança ou adolescente,
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
inclusive aos pais.
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção
por estrangeiros.[...]

O critério norteador na atribuição da guarda é a vontade dos genitores,


tendo sempre em vista os interesses do menor, visando atender suas
necessidades.

Na ausência de consenso entre os genitores, já decidiu o Superior


Tribunal de Justiça, que é aconselhável a guarda unilateral, a fim de
preservar o menor do conflito entre os pais, representando o melhor
interesse da criança, com vista na sua proteção integral:

DIREITO DE FAMÍLIA. APELAÇÃO CÍVEL. GUARDA E


RESPONSABILIDADE. MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA.
ADEQUAÇÃO AO LAR PATERNO. MUDANÇA PARA A
RESIDÊNCIA MATERNA. NOVA ADAPTAÇÃO.
MODIFICAÇÃO DESACONSELHÁVEL. CRIAÇÃO DAS
INFANTES PELA GENITORA DO PAI. EXERCÍCIO DIGNO DA
GUARDA. MANUTENÇÃO DA SITUAÇÃO DE FATO
CONSOLIDADA.
1. A guarda tem como parâmetro primário o melhor
interesse da criança, ou seja, deve ser deferida àquele que
tiver melhores condições de prover-lhe o sustento material
e formação psicológica, promovendo educação e
proporcionando desenvolvimento sadio e digno.
2. Encontrando-se as crianças adaptadas às rotinas do lar
paterno, e lá vivendo felizes, é desaconselhável a mudança
para adequação à nova residência da mãe, quando
demonstrado qualquer fato que macule a guarda exercida
pelo pai.
3. O fato de a criação das infantes se dar, na maior parte do
tempo, pela avó mesmo que o pai seja o guardião legal,
não implica em retirar a qualidade do seu exercício como
apto à concessão da guarda exclusiva para a mãe.
4. Recurso desprovido.
(...)
Processo: AREsp 662993 DF 2015/0033587-5 Relator:
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Julgamento:
30/11/2010, Órgão Julgador: DECISÃO MONOCRÁTICA,
Publicação: Dj 01/07/2015,ACÓRDÃO.
Assim, Ex.a, conclui-se que tanto a Lei e quanto a jurisprudência autorizam
a transferência da guarda da criança e do adolescente ao Requerente,
quando observado o melhor interesse do infante.

Não restam dúvidas de que a instituição da guarda em favor da


requerente representa o melhor interesse dos menores, considerando
que promove o cuidado destes desde seu nascimento, o que já foi
demonstrado.

Por isso é necessária a concessão judicial da guarda dos menores em favor


da requerente.

4. DA TUTELA DE URGÊNCIA

O art. 300 do CPC estabelece como requisitos para a concessão da tutela


de urgência a existência, no caso concreto, de probabilidade do direito e
de perigo de dano.

Com efeito, no que tange à probabilidade do direito alegado, o CPC exige


elementos de convicção que evidenciem sua probabilidade, entendida
como uma fumaça do bom direito. Para os ilustres Luiz Guilherme
Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero, o legislador inovou
quando determinou que a probabilidade que autoriza a utilização de
técnica antecipatória no processo consiste na probabilidade lógica, erigida
da confrontação das alegações e das provas com os elementos disponíveis
nos autos. Vejamos:
No direito anterior a antecipação da tutela estava condicionada à
existência de "prova inequívoca" capaz de convencer o juiz a respeito da
"verossimilhança da alegação", expressões que sempre foram alvo de
acirrado debate na doutrina. O legislador resolveu, contudo, abandoná-
las, dando preferência ao conceito de probabilidade do direito. Com isso,
o legislador procurou autorizar o juiz a conceder tutelas provisórias com
base em cognição sumária, isto é, ouvindo apenas uma das partes ou
então fundado em quadros probatórios incompletos (vale dizer, sem que
tenham sido colhidas todas as provas disponíveis para o esclarecimento
das alegações de fato). A probabilidade que autoriza o emprego da técnica
antecipatória para a tutela dos direitos é a probabilidade lógica -que é
aquela que surge da confrontação das alegações e da-s provas com os
elementos disponíveis nos autos, sendo provável a hipótese que
encontra_maior grau de confirmação e menor grau de refutação nesses
elementos. [...]. (MARINONI, L. G., et. Al. Código de Processo Civil
Comentado. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 394).
Grifamos.

No caso em apreço, a PROBABILIDADE DO DIREITO atinente à pretensão


da requerente encontra respaldo no art. 227 da Constituição Federal, bem
como no art. 33, caput e § 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

De outra banda, o perigo de dano deve ser evidenciado a partir da


possibilidade de o requerente da medida vir a sofrer algum prejuízo
decorrente do decurso do feito. Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz
Arenhart e Daniel Mitidiero, apontam que o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil ao processo se referem ao prejuízo sofrido pela parte
requerente do pedido, vez que o processo não possui um fim em si
mesmo. Outrossim, consta que há urgência quando a demora pode
comprometer a realização imediata ou futura do direito. Vejamos:

A fim de caracterizar a urgência capaz de justificar a concessão de tutela


provisória, o legislador falou em "perigo de dano" (provavelmente
querendo se referir à tutela antecipada) e "risco ao resultado útil do
processo" (provavelmente querendo se referir à tutela cautelar). Andou
mal nas duas tentativas. Em primeiro lugar, porque o direito não merece
tutela tão somente diante do dano. O próprio Código admite a existência
de uma tutela apenas contra o ilícito ao ter disciplinado o direito à tutela
inibitória e o direito à tutela de remoção (do ilícito (art. 497, parágrafo
único, CPC). Daí que falar apenas em perigo de dano é recaii1 na proibição
de retrocesso na proteção do direito fundamental à tutela adequada, já
que o Código Buzaid, depois das Reformas, utilizava-se de uma expressão
capaz de dar vazão à tutela contra o ilícito ("receio de ineficácia do
provimento final"). Em segundo lugar, porque a tutela cautelar não tem
por finalidade proteger o processo, tendo por finalidade tutelar o direito
material diante de um dano irreparável ou de difícil reparação. O
legislador tinha à disposição, porém, um conceito mais apropriado,
porque suficientemente versátil, para caracterizar a urgência: o conceito
de perigo na demora (periculum in mora). A tutela provisória é necessária
simplesmente porque não é possível esperar, sob pena de o ilícito ocorrer,
continuar ocorrendo, ocorrer novamente, não ser removido ou de dano
não ser reparado ou reparável no futuro. Assim, é preciso ler as
expressões perigo de dano e risco ao resultado útil do processo como
alusões ao perigo na demora. Vale dizer: há urgência quando a demora
pode comprometer a realização imediata ou futura do direito.

No caso concreto, o RISCO DE DANO decorre da vulnerabilidade social


decorrente do falecimento da genitora dos menores. Insta novamente
apontar que os menores convivem junto à requerente desde que
nasceram.

Com efeito, o menor KLRS não possui pai biológico ou socioafetivo


registrado em sua certidão de nascimento. Por seu turno, o pai biológico
da menor LJC não se opõe concessão da guarda judicial à requerente.
Ainda, os menores estão sendo acompanhados pelo Conselho Tutelar
desde o falecimento do de cujus, não tendo encontrado nenhuma
irregularidade no cuidado da requerente com os menores, pelo contrário,
indicam a requerente como a melhor opção para ser a titular da guarda.

Logo, se faz urgente e necessária a concessão da tutela de urgência, a fim


de instituir a guarda provisória dos menores à requerente.

5. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer que Vossa Excelência determine:


1) a conceão da assistência judiciária gratuita, na forma do art. 98 e ssss.
Do CPC, por ser a requerente hipossuficiente na forma da Lei;

2) a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, determinando a instituição da


GUARDA PROVISÓRIA dos menores LJC e KLRS à requerente, que já possui
a guarda de fato dos menores desde seu nascimento;

3) a intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público na


forma do art. 698 do Novo Código de Processo Civil, para manifestar-se no
feito em razão de haver interesse de incapaz;

4) a citação do requerido para, querendo, contestar o feito, sob pena dos


efeitos da revelia.

5) A TOTAL PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS, confirmando e deferindo a


guarda definitiva à requerente, que já possui a guarda de fato dos
menores;

Pugna pela produção de todos os meios de prova em Direito admitidos,


notadamente a prova documental, testemunhal e depoimento pessoal
dos menores.
Dá-se à causa o valor de R$998,00 (novecentos e noventa e oito reais)
para fins de alçada.

Termos em que, pede e espera deferimento.

Medicilândia-PA, 08 de março de 2020.

NOME ADVOGADO

Advogado – OAB/__

Rol de Testemunhas:

1)___

2)___

AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE GUARDA COM PEDIDO DE TUTELA DE


URGÊNCIA
em face de XXXXX XXXXX XXXXXX, nacionalidade, estado civil, profissão,
residente na Rua (endereço completo), e em favor de sua filha XXXXX
XXXXX XXXXX, nacionalidade, menor impúbere, atualmente sob a guarda
de fato do pai, pelos seguintes motivos.

I – DOS FATOS

1. O requerente é o pai de XXXXX XXXXX XXXXX, e a requerida, a mãe,


conforme comprova a cópia da certidão de nascimento anexa. XXXXX e
XXXXX mantiveram uma união estável durante aproximadamente 02 (dois
anos).

2. Desde que o casal se separou há aproximadamente 02 (dois anos), a


criança permaneceu sob a guarda de fato do pai e completamente
adaptada à convivência com ele, manifestando o desejo de assim
permanecer.

3. Acontece que, nos últimos dias a requerida vem informando de forma


irredutível ao requerente que vai se mudar para XXX XXX/XX e levará XXXX
consigo, ignorando a vontade da filha e as ponderações do requerente.
4. Ora Excelência, como provado nos documentos em anexo à presente
inicial, a mãe não possui capacidade psicológica e financeira alguma de
cuidar da filha, (DISCORRER SOBRE OS FATOS).

5. Quanto ao direito de visita da mãe, o requerente nada tem a se opor,


inclusive já o faz, levando a criança para vê-la, sendo certo que todas as
despesas ficam por conta do próprio requerente.

IV – DOS PEDIDOS

13. Pelo exposto, requer a Vossa Excelência:

a) A concessão dos benefícios da assistência judiciária, em razão da sua


hipossuficiência financeira (declaração anexa);

b) o deferimento da guarda provisória da menor XXXXX XXXXX XXXXX à


parte requerente a título de tutela de urgência, tendo em vista a
verossimilhança das alegações e o perigo de dano grave à criança
(consistente em eventual alteração da situação de fato em que se
encontra);

c) a citação da requerida para tomar conhecimento da presente ação, e,


querendo, contestá-la, no prazo legal, sob pena de revelia;

d) a intimação do Ministério Público para atuar no feito, conforme


determina o artigo 178, inciso I do Código de Processo Civil;

e) seja realizado estudo social do caso, pela equipe interprofissional deste


Juízo e do Juízo da Comarca onde reside o requerida;

f) seja julgado procedente o pedido, regulamentando-se a GUARDA


UNILATERAL da menor XXXXX XXXXX XXXXX em favor do autor.

g) A condenação da requerida ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios.

Para demonstrar o alegado, o autor valer-se-á de prova testemunhal,


documental, pericial, estudo social e outras que eventualmente se fizerem
necessárias.
Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), para os efeitos legais.

Termos em que,

Pede e aguarda deferimento.

Local e data.

ADVOGADO/OAB

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